boletim informativo da educaÇÃo do campo£o... · o foco principal do grupo era desenvolver a...
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BOLETIM INFORMATIVO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO
EDIÇÃ O Nº 7 - ÃNO 2017
Com muita satisfação apresentamos a 7ª.
Edição do Jornal MovEcampo, que iniciou
em 2010, a partir do trabalho da turma de
Licenciatura em Educação do Campo, tor-
nando-se, em 2013, o jornal do Laboratório
de Educação do Campo, da Universidade
Estadual do Centro Oeste (Guarapuava/PR).
Socializamos nessa edição especial os traba-
lhos desenvolvidos em agroecologia, por seis
escolas itinerantes/de assentamento vincula-
das ao Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra, do estado do Paraná. O trabalho
tem envolvido a juventude e as comunidades
das referidas escolas. O objetivo da divulga-
ção é socializar as experiências e fazê-las
referências para a realização em outros lo-
cais, outras escolas, outras comunidades.
Afinal, é hora de preservar a natureza, de
melhorar a qualidade de vida e de produzir
alimentos saudáveis.
Editorial
Em 2014, a equipe do Laboratório de Educação do Cam-
po participou da chamada MCTI/MDA-INCRA/CNPq n°
19/2014 - fortalecimento da juventude RURAL e aprovou o
projeto intitulado “Formação em Agroecologia dos jovens no
Ensino Médio das Escolas Itinerantes do Paraná: do saber po-
pular ao conhecimento cientifico para o cuidado com a terra e
com a vida”, que tem por objetivos: inserir a juventude de es-
colas itinerantes, nas comunidades de acampamentos, por
meio de estudo, pesquisa e implementação de práticas que
contribuam para a compreensão crítica da realidade do campo
e para sua transformação em direção a um novo paradigma
fundamentado no desenvolvimento agrário sustentável; reali-
zar aprofundamento teórico, por meio de atividades de estudo
e pesquisa, sobre a produção agroecológica; promover práti-
cas de auto-organização da juventude; experimentar e difundir
conhecimentos sobre a agroecologia, bem como planejar a
produção de alimentos saudáveis, para a melhoria da qualida-
de e da produtividade das unidades familiares, organizações
de cadeias de produção; disseminar o uso de metodologias
participativas aplicadas à pesquisa, assistência técnica e ex-
tensão rural; sistematizar o resultado do processo de estudo,
pesquisa e experimentação na perspectiva de socializar o conhecimento produzido. As ações são realizadas
junto às comunidades nas quais estão inseridas as escolas itinerantes, vinculadas ao MST, no Paraná e que
ofertam Ensino Médio. As metas centrais da proposta são: criação de seis Grupos de Estudo, Pesquisa e Expe-
rimentação Jovem –GEPEJOVEM; realização de encontros anuais de Pesquisa e Iniciação Tecnológicas ; reali-
zação de encontros de Formação dos professores de química, física e Biologia; realização de visitas técnicas
dos estudantes a locais nos quais são implementadas experiências de agroecologia; intervenção em campos
experimentais de agroecologia; sistematização dos conhecimentos adquiridos e produzidos que serão organiza-
dos em forma de cartilhas, na perspectiva de disseminá-los. Participam do Projeto as escolas/colégios: Cami-
nhos do Saber (Ortigueira); Herdeiros da Luta de Porecatu (Porecatu); Valmir Motta de Oliveira (Jacarezinho);
Herdeiros do Saber (Rio Bonito do Iguaçu); Aprendendo com a terra e com a vida (Cascavel) e 1º. De Setembro
(Rio Branco do Ivaí). As atividades do Projeto também estão vinculadas à "Jornada Cultural Nacional: Alimenta-
ção Saudável, um direito de todos!", organizada pelo MST. As próximas páginas desse jornal apresentam parte
das atividades realizadas no Projeto. A última página apresenta a contribuição de Valdemar Arl, integrante do
Projeto, Mestre e Doutor em Agroecologia, fundador da Rede Ecovida de Agroecologia.
PÁGINA 2- MovEcampo
O debate acerca da Nascente de água no Acampa-
mento é muito anterior ao surgimento do Projeto de Agroe-
cologia. A Escola Itinerante já havia feito este debate em
vários momentos, mais forte com a iniciativa do professor
Welington Taques, que juntamente com duas educandas do
9º ano construíram um Projeto de Preservação da Mina
(como é chamada), porém este projeto não se efetivou, pois
os planos do Acampamento, na época, foram outros e não
houve oportunidade de socializar e discutir a preservação
da Nascente de Água naquele momento.
Isso aconteceu em 2014. No ano seguinte, com a
chegada do Projeto de Agroecologia - Formação em Agroe-
cologia dos jovens no Ensino Médio das Escolas Itinerantes
do Paraná: do saber popular ao conhecimento científico
para o cuidado com a terra e com a vida - as duas educan-
das que tiveram a iniciativa na realização dos trabalhos na
Nascente de Água entraram no Projeto e desde o início, do
planejamento do mesmo, a preocupação com a Nascente
(Mina) do Acampamento foi inserida.
A Mina abastece a maioria das famílias do Acampa-
mento, destas as que moram abaixo do nível da Mina a utili-
zam por gravidade, e as que moram acima do nível da mina
são abastecidas pelo bombeamento que leva a água até
uma caixa geral que depois distribui pelo encanamento no
acampamento.
Para iniciar as atividades e as discussões sobre a
Nascente de Água, uma parte dos/as bolsistas do projeto
foram até o espaço da mesma, onde tiraram fotos e fizeram
um mapeamento das condições, foi encontrado muito lixo,
inclusive embalagem não reutilizável. Também foi constata-
do que havia circulação de muitas pessoas e animais no
local.
Neste mesmo tempo, houve um encaminhamento do
Setor da Saúde e do Setor de Infraestrutura na Coordena-
ção para que fossem cortadas todas as bananeiras do local,
devido ao surgimento de uma lesma preta e esta, segundo
as discussões feitas nestes setores, transmitia doenças.
Como algumas pessoas do projeto participam da coordena-
ção e a monitora do Projeto levantou a questão que não
eram as bananeiras que traziam essas lesmas para a Nas-
cente e sim a falta de cuidados e o fato da própria circula-
ção de pessoas e animais neste espaço, o que gerava resí-
duos que prejudicavam, inclusive na qualidade da água.
E como não havia uma proteção em volta para delimi-
tar a passagem e permitir que a mata ciliar crescesse era
claro que estes problemas seriam visíveis. Para encaminha-
mento nesta reunião foi marcada uma outra para que se
averiguassem os fatos e a situação.
A reunião foi marcada com integrantes do Projeto,
Setor de Saúde e Setor de Infra. Como o Setor da Infra é
responsável pela distribuição da água e manutenção da
mesma no Acampamento, e este Setor tem uma pessoa
responsável para isso, foi aproveitado para debater várias
questões.
A primeira delas que as bananeiras não seriam retira-
das, pelo contrário, seriam plantadas mais mudas e outras
variedades de árvores nativas seriam introduzidas. Tam-
bém se definiu que o Projeto, o Setor de Infraestrutura e da
Saúde faria uma cerca de proteção no espaço. Foram duas
semanas de trabalho entre o Projeto e o Setor de Infra. Esta
cerca foi feita com bambus e a reutilização de arames, pois
não se dispunha de recursos financeiros.
As melhorias com esta cerca foram visíveis, pois esta
possibilitou o isolamento do espaço da Nascente, proporcio-
nando o crescimento de árvores nativas e também sendo
introduzidas ali outras espécies, também nativas, mas que
vieram de fora, como a Palmeira Jussara. A cerca impediu
o acesso direto de pessoas e animais.
Hoje está sendo feita a manutenção permanente. Es-
se debate rendeu outras conversas em torno da melhoria
da qualidade e quantidade de água no Acampamento, tanto
que em julho de 2016, com a visita dos técnicos do projeto
PRESERVÃÇÃ O DÃ MINÃ DO ÃCÃMPÃMENTO E DRENÃGEM: ÃÇO ES DO PROJETO DE ÃGROECOLOGIÃ
Encerramento da 1ª Drenagem
Construção da 2ª Drenagem
PÁGINA 3- MovEcampo foi realizada a drenagem de uma das nascentes menores.
Para realizar esse trabalho primeiramente foram
muitas semanas de conscientização e diálogo sobre o que
é essa drenagem na coordenação para permitir a ação, e,
então, a escolha do espaço. Havia a preocupação de que
se mexesse na Nascente e ela poderia secar, por isso foi
indicado que fosse escolhida uma menor, fora do espaço
da Nascente principal, a qual abastecia cinco famílias e
seus animais.
O trabalho foi realizado em um dia de chuva, com a
contribuição do Pedrinho, responsável pela água no Acam-
pamento, os e as Bolsistas do Projeto e os técnicos Pedro
e Odair.
O resultado de todo este trabalho foi muito positivo,
fomos procurados para realizar mais uma drenagem em
uma Nascente pouco maior que a primeira, esta que abas-
tece 12 famílias, na qual foram realizados os trabalhos pa-
ra a Drenagem no mês de Setembro e aconteceu em con-
junto com as famílias.
Agora fomos novamente procurados para ver a pos-
sibilidade de realizar uma drenagem na Nascente geral, ou
seja, na Nascente que abastece a maioria das famílias do
Acampamento. Estamos aguardando este debate ser feito
em todo o Acampamento, para que toda a população do
mesmo fique ciente e que também participe dos processos.
Ainda são muitos os desafios, mas o trabalho de
conscientização e de preservação da Nascente de Água
vai continuar e aos poucos todas as famílias se beneficia-
rão de suas melhorias. Isso traz mais saúde, mais qualida-
de da água consumida e preservação e cuidado da Água e
do Meio Ambiente.
Horta-floresta (Escola Itinerante Valmir Motta)
Setembro 2015. A escola itinerante Valmir Motta de
Oliveira recebeu o desafio de desenvolver um Projeto em
agroecologia, com o pagamento de bolsas para estudan-
tes. Após a equipe composta deu-se início à proposta. A
equipe de bolsistas junto à coordenação da escola, mais,
parte do setor de produção selecionou e concluiu que a
melhor proposta de projeto a ser desenvolvido seria a pro-
dução no sistema de horta-floresta.
O local escolhido para o desenvolvimento da horta-
floresta foi ao lado da escola, onde já tinha uma horta
abandonada. O solo da região é predominante arenoso,
então a primeira atividade desenvolvida na área foi a pro-
dução de compostagem e adubação, a partir de esterco
bovino, pois além do solo are-
noso também se encontrava
em estágio de degradação.
Todas as atividades propostas
e desenvolvidas na horta-
floresta foram pensadas nas
seguintes linhas. Primeiro: se-
guir os parâmetros agroecoló-
gicos; segundo: inserção dos
educandos da escola itineran-
te; terceiro: recuperação e ma-
nutenção do solo utilizando
apenas os recursos naturais, sem gastos financeiros; quar-
to: produção de alimentos saudáveis para a escola consu-
mir; quinto: a prática pedagógica sobre a importância da
agroecologia em sala de aula e a campo com todos os
educandos, desde as séries iniciais ate o ensino médio.
Foram realizadas diversas atividades e as respostas
foram motivadoras. O projeto conseguiu trazer à área de
cultivo uma melhoria significativa na estrutura do solo, uma
visão positiva dentro da escola acerca da produção agroe-
cológica e os educandos já vem consumindo a produção
da horta-floresta.
PÁGINA 4- MovEcampo
As atividades do projeto “Formação em Agroecologia
dos jovens no Ensino Médio das Escolas Itinerantes do
Paraná: do saber popular ao conhecimento científico para o
cuidado com a terra e com a vida” foram iniciadas na Escola
Itinerante Caminhos do Saber em setembro de 2015. De
início eram 18 participantes, sendo esses educandos do
Ensino Médio da escola, educandos universitários, técnico e
alguns jovens da comunidade e como cada escola itinerante
assumiu a partir do projeto uma prática agroecológica
específica, esse coletivo se propôs a construir uma horta
mandala em conjunto com uma agrofloresta. À coordenação
da escola coube o trabalho de acompanhamento do grupo e
do trabalho a ser realizado.
O foco principal do grupo era desenvolver a horta
mandala e, com o tempo, ir trabalhando a ideia da
agrofloresta. O planejamento das atividades iniciou-se já
com a escolha do local no qual seria construída a horta e
para a decisão foram consideradas algumas questões
importantes, tais como: a distância do local da horta com a
comunidade e com a escola, as características de solo
(fertilidade, nivelamento, possibilidade de manejo, etc.), a
existência e disponibilidade de água nas proximidades da
horta, enfim, foram realizadas
muitas discussões até que se
chegasse a um consenso. Foram
pensados e propostos diversos
espaços, mas nenhum era
perfeitamente apropriado, assim,
concordou-se que o terreno a ser
utilizado seria o que se encontra
na parte superior da escola, pois
além de cumprir parte dos
requisitos básicos considerados
de início, possibilitaria um
acompanhamento cotidiano e a
contribuição do
núcleo setorial de
Agropecuária, o
que ocorreu em
várias
oportunidades.
O desenho
da horta mandala
foi elaborado a
partir do
conhecimento
que os componentes do grupo possuíam dessa prática e a
partir de algumas informações conseguidas através de
pesquisas na internet, cartilhas e outros materiais. Assim,
estabeleceu-se que a mandala teria 10 m de diâmetro, 78, 5
m² de área, seria dividida ao meio com um espaço para
circulação, além de que cada lado teria três canteiros de
diferentes tamanhos, estando os menores ao centro e os
maiores nas extremidades. Dessa forma, o desenho dos
canteiros acompanharia o formato circular apresentado pela
horta mandala e entre eles haveria também espaços para
livre circulação sem a necessidade de pisoteá-los.
Desde o início da construção da horta, a maior
problemática enfrentada, e que ainda se mostra atual, foi a
fertilidade do solo. Na verdade, por precisar de um terreno
que apresentasse um nivelamento adequado, a horta foi
construída em um local com pouca cobertura vegetal e que
apresentava características rochosas. O espaço havia sido
nivelado tempos antes com o propósito de se construir um
campo de futebol para a escola, porém essa ideia foi
deixada de lado e o espaço ficou sem utilização até que
foram iniciadas as atividades do projeto. No momento em
que foi nivelado, foi removida do solo sua parte fértil
restando apenas a parte rochosa, dessa forma,
considerando que o processo natural de recuperação leva
um período extenso dependendo das condições, foi
necessária a reposição de
nutrientes no local para que
houvesse um resultado mais
imediato de recuperação. Para
tal, foi transportada terra para os
canteiros, adicionado adubo e
dado um período de descanso
até que estivesse possibilitado o
inicio da produção. Quando isso
ocorreu, observando que os
canteiros apresentavam as
condições necessárias, foi
realizado o plantio de hortaliças
e temperos que foram
Experie ncia de horta mandala agroecolo gica em conjunto com agrofloresta do coletivo de agroecologia da Escola Itinerante Caminhos do Saber
Coletivo do projeto de agroecologia da Escola Itinerante Caminhos do Saber, do acampamento Maila Sabrina, município de Ortigueira-PR
Construção da mandala e reposição do solo
Construção da mandala e reposição do solo
Área destinada para a agrofloresta
PÁGINA 5- MovEcampo
Deu-se inicio no dia 1°de maio de 2014 o acampa-
mento Herdeiros da terra em Rio Bonito do Iguaçu Paraná,
com aproximadamente 2.500 famílias com objetivo principal
a conquista da terra, e também buscar o fim do latifúndio
denominado Araupel S/A Empresa que por muitos anos ex-
plorou e explora os bens naturais e a biodiversidade.
No ano de 2015 deu-se inicio na escola itinerante
Herdeiros do Saber o projeto de agroecologia coordenado
pela Unicentro de Guarapuava e o MST, com objetivos es-
pecíficos de desenvolver práticas agroecológicas nas esco-
las dos acampamentos e assentamentos.
O nosso acampamento está localizado em seis espa-
ços estratégicos definido pelo conjunto da coordenação.
Desses espaços, quatro deles têm escolas municipais e
somente aqui na sede dos Herdeiros, a escola estadual.
Nesse espaço temos a experiência da agrofloresta, nela há
algumas culturas de produção, árvores frutíferas, banana,
mamão, laranja e algumas frutíferas nativas e variedades
de coberturas verdes entre elas mocuna, feijão de porco,
feijão guandu e ervilhaca. Um dos objetivos da agro floresta
é a recuperação do solo, pois era uma área degradada pelas
máquinas e monocultura de pinus e eucalipto. Outro objeti-
vo, ter como referencia para os futuros assentados desen-
volverem em seus lotes.
No Herdeiros Dois há uma horta agroecológica, de-
senvolvida pelos educandos e bolsistas. Nela desenvolve-
mos algumas experiências: cobertura de solo com palhadas
de feijão pois é rica em nitrogênio e segura umidade do solo,
o que vem dando bons resultados. Também é feito o plantio
de coberturas verdes que ajuda no desenvolvimento das
hortaliças e serve como alimento para muitos insetos. Por
fim, usamos algumas caldas desenvolvidas no acampamen-
to como a sufocálcica, bordalesa entre outras, também a
urina de vaca, pois conseguimos a um custo zero, ter exce-
lentes resultados.
Experie ncias agroecolo gicas na Escola Itinerante Herdeiros
do Saber do acampamento Herdeiros da Terra de 1° de maio
destinados para a alimentação na escola e, nos casos de
excedentes, distribuídos para os componentes do grupo e
pessoas da comunidade. Desde então, para evitar o
esgotamento dos recursos repostos com o processo de
recuperação do solo e manter a fertilidade, vem sendo feito a
rotatividade de culturas e adubação.
No fim de 2016 assumimos com mais ênfase o desafio
da construção da agrofloresta. Tratava-se de uma das
intencionalidades do grupo desde o início, mas ainda não
havia sido implementada efetivamente. Para isso,
aproveitando um espaço próximo à horta mandala que
estava à disposição, viu-se o local apropriado para a equipe
do projeto desenvolver seu trabalho, iniciado com a
elaboração de um esboço de como essa seria concebida.
O trabalho na agrofloresta ainda está em fase inicial,
uma vez que não estão à disposição todas as mudas
necessárias para o plantio. Foi feita uma busca pela
comunidade no intuito de se conseguir algumas variedades
de frutíferas e árvores nativas para serem utilizadas no
projeto, sendo que, o que foi conseguido foi levado a um
pequeno viveiro no próprio espaço da agrofloresta no qual as
mudas ficarão até que se estabeleça a demarcação das
linhas onde será realizado o plantio. A expectativa é a de que
consigamos ainda em fevereiro concluir o plantio das mudas
e já iniciarmos o manejo do espaço.
Realizamos um grande trabalho até o momento e
estamos cientes de que o maior desafio ainda esta por vir.
Temos grandes expectativas de deixar para a escola e para
a comunidade o fruto de um trabalho que represente o
compromisso que
assumimos e o
esforço que
fizemos ao longo
desse processo.
Estamos muito
animados pela
nossa capacidade
e pelo vislumbre do
que o esforço
conjunto pode
construir e até que
estivermos com Mudas cedidas pela comunidade
PÁGINA 6- MovEcampo
Na construção de novos saberes
entre escola e produção, um pouco da ex-
periência e compreensão acerca das refle-
xões sobre Educação do Campo e conhe-
cimento científico/popular em agroecolo-
gia. Estes são, portanto, indissociáveis do
debate sobre a geração de outro projeto de
sociedade, de desenvolvimento e do papel
do campo nesse modelo.
O Colégio Estadual do Campo
Aprendendo Com a Terra e Com a Vida
está localizado no Assentamento Valmir
Mota de Oliveira, Cascavel/PR. Conta atu-
almente com aproximadamente 246 estu-
dantes que compreendem desde a Educa-
ção Infantil ao Ensino Médio. A origem da escola remonta ao
processo de luta pela terra no Paraná, sendo a fazenda Cajati
ocupada pelo MST, em 1999. A escola teve seu início no
Acampamento Dorcelina Folador, no cenário, o processo de
implantação da Escola Itinerante.
Discutir no conjunto da escola o projeto da agroecolo-
gia como uma nova proposta de produzir e viver no campo é
um desafio permanente. Desenvolver práticas e estudos em
torno do tema que envolva educandos (as), educadores
acampados e assentados na construção da agroecologia é o
objetivo dos grupos formados pelo projeto. Na escola a partir
da definição do espaço a ser desenvolvida a experiência, o
grupo iniciou as atividades no local com estudo da área e so-
bre agrofloresta. Seguimos com a construção do mapa da
área identificando as espécies de árvores existentes, as plan-
tas espontâneas presentes no local e o tamanho da área jun-
to com o planejamento das atividades a serem desenvolvidas.
Produzir alimentos saudáveis para complemento da merenda
escolar como hortaliças, tubérculos e frutas tem sido prioriza-
do como atividade principal, já que os alimentos vindos pelo
estado e município na sua maioria são produtos industrializa-
dos, enlatados e contaminados com agrotóxicos. Em uma
área de 2064 m² havia um pomar com algumas árvores frutí-
feras exóticas e nativas, que há muito tempo estava sem ma-
nutenção. Para recuperar esse espaço iniciamos com algu-
mas práticas como roçadas, capina seletiva, plantio de plan-
tas chamadas adubos verdes (feijão guandu, feijão de porco,
mucuna anã). A relação entre teoria e prática na produção do
conhecimento tem contribuído significativamente na experiên-
cia dos estudantes e com isso provoca, por sua vez, a neces-
sidade de avançarmos em nossas reflexões sobre as possibi-
lidades e desafios no debate da Agroecologia relacionado à
Educação do Campo. O processo de organização cotidiano
da escola possibilita a participação direta e indireta dos estu-
dantes, a partir dos Núcleos Setoriais, quanto às atividades
práticas, tudo isso numa relação intrínseca entre ciência e
conhecimento popular.
Entre os resultados obtidos estão além do aprendizado
cotidiano, a busca por novas práticas e experiências entre os
agricultores das comunidades, quais fazem parte os jovens
integrantes do processo estão inseridos. Outro aspecto im-
portante a ressaltar está na obtenção de frutas, verduras e
legumes de qualidade, resultante da atividade produtiva tanto
por parte da equipe, quanto dos estudantes que participam a
partir das atividades organizadas pelos professores responsá-
veis pelas áreas do conhecimento. O que está em desenvolvi-
mento é a experiência de agroflorestal. Destacamos como
importante no processo, o desafio de prosseguir com o proje-
to, com isso ampliar a participação e formação cotidiana dos
sujeitos envolvidos, bem como, a defesa permanente de um
projeto soberano, sem agressão ao meio ambiente, para a
agricultura.
Saberes e experie ncias em uma escola do campo
Núcleo setorial agrícola dos anos iniciais, outubro 2016
PÁGINA 7- MovEcampo
Projeto de Agroecologia do saber popular ao conhecimento cientifico para o cuidado com a terra e com a vida
Conhecendo o Colégio Estadual
do Campo 1º de Setembro
O Colégio Esta-
dual do Campo 1º
de Setembro, es-
tá localizado no
Assentamento
Egídio Brunetto,
município de Rio Bran-
co do Ivaí, no Estado
do Paraná. Esta insti-
tuição foi criada no
ano de 2008, como
escola Itinerante e se tornou Colégio Estadual no ano
de 2015, fruto de muita resistência e luta das famílias
residente neste local. No início do acampamento as cri-
anças, adolescentes e jovens estudavam em um distrito
vizinho, onde sofreram descriminação ocasionando eva-
são escolar e desta dificuldade iniciou o interesse de
constituir uma escola dentro
do acampamento. Com a
transição para Assentamen-
to, o nome do Colégio foi
em homenagem ao dia da
ocupação desta fazenda,
dia 1º de setembro de
2007. A estrutura física do
Colégio, ainda esta restrita
ao que a comunidade cons-
truiu e alguns espaços já
existente da antiga fazenda, mas há uma grande luta
em torno da construção de uma nova unidade para que
haja mais potencialidade e conforto no processo educa-
tivo.
Projeto na escola
Atualmente a equipe do projeto em nossa escola,
é composta por doze pessoas, sendo cinco monitores e
sete estudantes. Reunimo-nos semanalmente, geral-
mente nas segunda feiras, para realizarmos as ativida-
des de práticas na horta e para momentos de estudos,
quando necessário nos encontramos mais que uma vez
na semana.
A atividade desenvolvida neste Colégio está no
âmbito da produção de hortaliças, priorizando o formato
de horta mandala e cultivo
de mudas por meio de um
viveiro. Atualmente con-
tamos com um espaço onde
produzimos diversas espé-
cies de verduras e legumes e
doamos para o Colégio toda
nossa produção.
Temos o espaço da horta
como um local em que reali-
zamos vários experimentos,
como o controle de insetos com caldas, o controle de
plantas indesejadas com o processo de abafamento,
aproveitamento de canteiros com mais de uma espécie
de hortaliça dentre outros. Tudo isso alicerçado na estu-
do teórico da importância e viabilidade de produzir sem
o uso de agrotóxicos.
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Edição e Produção: Marlene Lúcia Siebert Sapelli
Diagramação: Eduardo Maciel Ferreira
Distribuição: Universidades e Escolas do Campo
Tiragem: 1000 exemplares
Cidade: Guarapuava
Expediente Realizaça o:
Um modelo perverso e destruidor No modelo agroindustrial e agroquímico do agronegócio amplia-se a concentração e integração entre a agri-
cultura, a produção de insumos, grandes complexos agroindustriais, redes de supermercados e o capital finan-ceiro.
Trata-se de modelo é exercido por grandes corporações multinacionais, formando «impérios agro alimenta-res» que passam a controlar a produção e o consumo, reduz a base alimentar, contamina os alimentos, con-centra as terras, explora e excluí as pessoas.
Nesse modelo também a relação da espécie humana na natureza torna-se cada vez mais negativa, pois faz re-gredir os ecossistemas, desequilibra, contamina, diminui a biodiversidade, degrada o solo, contamina e diminui a água, etc.
É portanto, uma necessidade e um grande desafio res-tabelecer uma interação positiva na natureza para nossa própria qualidade de vida e continuidade. Nesse modelo também a relação da espécie humana na natu-reza torna-se cada vez mais negativa, pois faz regredir os ecossistemas, desequilibra, contamina, diminui a bio-diversidade, degrada o solo, contamina e diminui a água, etc.
É portanto, uma necessidade e um grande desafio res-tabelecer uma interação positiva na natureza para nossa própria qualidade de vida e continuidade.
estabilidade - segurança - autonomia
A agroecologia como base A agroecologia é uma forma de
interagir positivamente no meio ambiente, pois possibilita a melhoria da funcionalidade (capacidade de se auto regular) e fertilidade dos sistemas, aumenta a biodiversidade, aumenta a resistência e resiliência (capacidade de continuidade) dos sistemas e possibilita produzir alimentos saudáveis.
Por
Vald
em
ar
Arl
Uma proposta de interação positiva no meio ambiente e entre as pessoas
O campo como um modo de vida A agricultura familiar/camponesa é um modo
de viver, pensar, criar e produzir sustentado na família. Essa forma de ser, produzir e viver, que não cabe de todo no capitalismo, é importante na construção de uma nova sociedade.
A organização e articulação são condições bá-sicas para afirmação dessa resistência campone-sa como parte da classe trabalhadora na oposição ao agronegócio (capitalismo) e transformação social.
A aliança estratégica entre o campo e a cida-de é fundamental tanto na produção de ali-mentos saudáveis como na construção de um projeto popular (da classe trabalhadora) para os municípios e para o Brasil.
Também a unificação das pautas de luta pelos direitos sociais, reforma agrária popular, reforma política e outras bandeiras são uma luta dos traba-lhadores do campo e da cidade, e são condições importantes na transformação social.
Pois um outro mundo melhor é necessário e possível.