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16 de Outubro de 2008 16 de Outubro de 2008 16 de Outubro de 2008 16 de Outubro de 2008 Abertura simbólica das Abertura simbólica das Abertura simbólica das Abertura simbólica das “Comemorações dos 100 anos do edifício Camões” “Comemorações dos 100 anos do edifício Camões” “Comemorações dos 100 anos do edifício Camões” “Comemorações dos 100 anos do edifício Camões” Colocação de uma faixa na fachada principal da Escola Projecção de fotografias (Ginásio) Divulgação do projecto “Lyceu Camões 100 Anos a Aprender” Exposições & Conferências Um Retrato de Vida Eventos & Espectáculos No próximo número (Janeiro/Fevereiro 2009) daremos conta do Programa das Comemorações Uma iniciativa do departamento de Românicas Coordenação de António Souto e Manuel Gomes Nesta edição: Centenário Camões 1909—2009 100 anos a aprender BOLETIM ESCOLAR Confluências Número IV Novembro / Dezembro 2008 Confluências Contigo Contigo Contigo Contigo Connosco Connosco Connosco Connosco Por uma Escola Participativa e de Qualidade! 1909-2009 Lyceu de Camões 100 anos a Aprender VAMOS TODOS (CO)MEMORAR Centenário “Edifício Camões” 1 Scriptomanias e Encontros ao fim da... 2/3 Espaço das Línguas, Leituras e Protocolo SPA 4/5 Conto (Mª Judite de Carvalho 6 Prémios de Mérito e À Descoberta na ... 7 Memórias e Conferências 8 Com o apoio do Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal PRÉMIOS DE MÉRITO Instituídos pelo Ministério da Educação com o objectivo de distinguir, em cada estabelecimento de ensino, o melhor aluno do secundário dos cursos científico-humanísticos e dos cursos tecnológicos, foram este ano entregues na nossa escola a Mari- sa Ferreira e a Chefali Chunilal Samgi, respectivamente.

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16 de Outubro de 200816 de Outubro de 200816 de Outubro de 200816 de Outubro de 2008

Abertura simbólica dasAbertura simbólica dasAbertura simbólica dasAbertura simbólica das

“Comemorações dos 100 anos do edifício Camões”“Comemorações dos 100 anos do edifício Camões”“Comemorações dos 100 anos do edifício Camões”“Comemorações dos 100 anos do edifício Camões”

Colocação de uma faixa na fachada principal da Escola Projecção de fotografias (Ginásio)

Divulgação do projecto “Lyceu Camões 100 Anos a Aprender”

E x p o s i ç õ e s & C o n f e r ê n c i a s U m R e t r a t o d e V i d a

E v e n t o s & E s p e c t á c u l o s

No próximo número (Janeiro/Fevereiro 2009) daremos conta do Programa das Comemorações

Uma iniciativa do

departamento de

Românicas

Coordenação

de

António Souto

e

Manuel Gomes

Nesta edição:

Centenário Camões

1909—2009

100 anos a aprender

BOLETIM ESCOLAR

Confluências Número IV Novembro / Dezembro

2008

Confluências

ContigoContigoContigoContigo

ConnoscoConnoscoConnoscoConnosco

Por uma Escola

Participativa e de

Qualidade!

����

1909-2009

Lyceu de Camões

100 anos

a

Aprender

VAMOS

TODOS

(CO)MEMORAR

Centenário “Edifício Camões”

1

Scriptomanias e Encontros ao fim da...

2/3

Espaço das Línguas, Leituras e Protocolo SPA

4/5

Conto (Mª Judite de Carvalho

6

Prémios de Mérito e À Descoberta na ...

7

Memórias e Conferências

8

Com o apoio do

Grupo

Desportivo

e

Cultural

do

Banco

de

Portugal

P R É M I O S D E M É R I T O Instituídos pelo Ministério da Educação com o objectivo de distinguir, em cada estabelecimento de ensino, o melhor aluno do secundário dos cursos científico-humanísticos e dos cursos tecnológicos, foram este ano entregues na nossa escola a Mari-sa Ferreira e a Chefali Chunilal Samgi, respectivamente.

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Confluências

SCRIPTOMANIAS

As minhas manhãs O sol brilha, entra pelo meu quarto como um raio, como se quebrasse a minha

janela só para me ver. Assim me acorda todas as manhãs. Ao levantar-me da cama componho o cabelo, dou uma espreitadela no espelho, para ver se estou razoável (hoje), assim faço todos os dias. Abro as cortinas e a janela, sento-me à varanda com o livro na mão e uma taça de cereais sobre a mesinha que se encontra diante de mim.

São dez da manhã e, tal como nos outros dias, vejo-te, olho-te e amo-te… Tal como sempre, olhas para a minha varanda, à minha procura, e quando finalmente os nossos olhos se cru-

zam num longo instante (que parece tão curto), tu sorris-me e eu retribuo esse sorriso com todo o amor que sin-to por ti. À medida que te vais afastando, o dia e a minha vida vão-se aproximando do fim, um fim interminável que transporta uma dor demorada, permanente e insuportável, a dor de te ver partir, a dor de te perder.

Mas pelo menos sei que apesar de ser longa a espera, na manhã seguinte voltarei a ter-te… Catarina Costa, 11º G

Contos de Terror do Homem-Peixe (vários, com ilustrações de João Maio Pinto), Edições Chimpanzé Intelectual. O Terror é, de facto, um género maldito em Portugal. No cinema, os filmes são injustamente catalogados de “estupidamente-violentos-para-impressionar-miúdos-no-Halloween” e, na lite-ratura, bem, no fundo sofre do mal da literatura em geral, em maior grau: o oblívio. A publicação de Contos de Terror do Homem-Peixe visa romper este preconceito em relação ao Horror. Este livro é composto por onze contos da autoria de gente tão diferente como o jornalista Bap-tista Bastos e Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell. Entre estes autores, a maioria é veterana nestas andanças do Fantástico, outros são escritores conhecidos do público em geral,

e um terceiro grupo é composto pelos vencedores dos primeiro prémio e menção honrosa do 1º concurso de contos de Terror do Cineclube de Terror de Lisboa (CTLX), a quem se deve a iniciativa deste livro e cuja mascote dá o nome `a obra (o Homem-Peixe). Tudo o que une estes escribas é a gosma ranhosa e peganhenta do Terrorífico!

Quanto ao conteúdo, há um pouco de tudo: lobisomens, dragões, mortos-vivos, casas assombradas, assassí-nios, amputações, enfim, uma saraivada de horrores, geralmente descritos com um pendor bastante escatológi-co, violento e, por vezes, mesmo sexual. Esta panóplia mostra-nos o quão versátil é o género do Terror. Agrada a todos. O problema é que já muito se fez neste género. Por exemplo, o conto Broadmoor, de João Tordo, que nar-ra a história de um lobisomem e que, apesar de entreter, acrescenta pouco ao universo dos lobisomens. É mais do mesmo. Isto ainda passa para quem não está familiarizado com o tema, agora para quem já leu ou viu mui-tas histórias de lobisomens, até o Teenwolf com o Michael J. Fox é mais original!

O problema do Fantástico é este: são criados universos demasiado vastos de que é complicado descolarmos (como no caso de Tolkien). Uma boa maneira de contornar este problema é o exemplo de João Barreiros com “Se acordar antes de morrer”, que aproveitou o tema criado por George Romero, o mundo invadido por zom-bies canibais, e cria um belíssimo ponto de vista neste cenário distópi-co: o de um robot humanóide que só quer cumprir o seu dever!

Outro exemplo de um bom conto nesta colectânea é “Tentáculos”, de Guilherme Trindade Filipe, o vencedor da menção honrosa. E perce-be-se porquê. Não estamos perante um conto de terror propriamente dito, mas, sim, de uma hilariante comédia sobre um pobre desgraçado que tem medo de lulas, polvos, chocos… cefalópodes em geral!

Resumindo, aconselho vivamente este livro! Apesar de ter contos genuinamente maus, como é o do vocalista dos Moonspell, acaba por ser uma mostra de algo de diferente. A mim, particularmente, mostrou-me o Terror escrito em português.

Espero, por último, que desperte em todos os que o lerem, pelo menos, a curiosidade de descobrir o Terror como forma de arte.

Dinis Campos Costa Lourenço, 11º I

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Confluências

“E ponde na cobiça um freio duro,

E na ambição também, que indignamente Tomais mil vezes, e no torpe e escuro

Vício da tirania infame e urgente;”

Camões (IX,93)

Relação entre W. Whitman e F. Pessoa Walt Whitman foi um poeta norte-americano muito polémico, natural de Nova Iorque, que chocou a sociedade dos E.U.A. no séc. XIX ao exaltar o corpo acima da alma na sua obra poética e ao revelar as suas tendências homossexuais. Levou uma vida totalmente ligada à literatura — foi tipógrafo, jornalista, professor, escritor — e à sua obra poética, muito à imagem de F. Pessoa. Aliás, também Whitman publicou obras sem assinatura… Portanto, podemos considerar que este poeta foi uma das grandes influências de Fer-nando Pessoa, tanto ao nível temático como ao nível estético: Whitman elevou a catego-ria poética a condição do homem moderno, celebrando a natureza humana e a vida em geral em termos pouco convencionais, identificando-se com os ideais democráticos e lou-vando o futuro, introduzindo assim uma nova subjectividade totalmente de ruptura na concepção poética — os seus versos eram um hino à vida. Este apologismo de caracterís-ticas-chave do futurismo e da vanguarda vai influenciar Pessoa — e, em particular, a 2ª fase do seu heterónimo Álvaro de Campos. Não é por acaso que é deste heterónimo o poema “Saudação a Walt Whitman” (título inspirado na contracapa da 2ª edição da obra

fundamental de Whitman, Leaves of Grass, onde se encontrava uma saudação de Emerson, importante autor, ao seu início de carreira), uma homenagem de Campos àquele sem o qual ele não existiria e onde se identifica completamente com o poeta americano, com o seu carácter subversivo e provocatório, inconformado e insaciável, demonstrando uma ânsia do absoluto, patente no estilo torrencial, dinâmico, esfuziante e valorizador dos empréstimos. Em suma, para Campos, Whitman é o modelo a seguir, dado que este heterónimo não passa de uma exteriorização do próprio Pessoa, o que faz com que negue o isolamento corporal do ortónimo e exalte Whitman, assumindo um corpo ávido por contacto e a subordinação da alma aos raivosos impulsos físicos, em conjunto com o desejo irresistível de uma liberdade soberana e total.

Porém, a influência de Whitman sobre o génio pessoano não se esgota no heterónimo Álvaro de Campos. Por exemplo, na obra Leaves of Grass, o nova-iorquino exprime em poe-mas visionários um certo panteísmo e um ideal de unidade cósmica que o Eu representa — o que se aproxima bastante de algumas características temáticas da poesia de Alberto Caei-ro.

Para concluirmos, Whitman foi verdadeiramente um homem de vanguarda para a sua época. Precursor do futurismo e autor de uma poesia fracturante, utilizou uma técnica lírica inovadora, em que a ideia de totalidade se traduz no verso livre. Logo, inferimos que Walt Whitman influenciou não só a literatura americana, como todo o lirismo moderno — e, em especial, o poeta português Fernando Pessoa.

(Bibliografia consultada: Diciopédia 2006, Porto Editora, e manual de Português do 12º ano, Abordagens, Porto Editora, 2008)

João Carlos Gramaça, 12º E

Encontros ao fim da tarde Encontros ao fim da tarde Encontros ao fim da tarde Encontros ao fim da tarde ———— Um século de Literatura PortuguesaUm século de Literatura PortuguesaUm século de Literatura PortuguesaUm século de Literatura Portuguesa

Por iniciativa do Departamento de Românicas (com coordenação dos professores Cristina Duarte, Madalena Contente e Manuel Gomes) e no âmbito dos 100 anos do edifício Camões, iniciou-se já o

1º Ciclo de Conferências

Auditório Camões — 18h00 (17h30, a partir de Janeiro 2009) — Entrada Livre

• Aquilino Ribeiro por Serafina Martins (UL) - 29 Outubro 2008 (moderador Manuel Cabeleira Gomes)

• José Rodrigues Miguéis por Teresa Martins Marques (CLEPUL) - 26 Novembro 2008 (moderadora Adelaide Canas)

• José Gomes Ferreira por Carina Infante do Carmo (UA) - 17 Dezembro 2008 (moderador Alberto Afonso)

• Vergílio Ferreira por Hélder Godinho (UN) - 28 Janeiro 2009 (moderadora Madalena Contente)

• António Gedeão por Fernando Pinto do Amaral (UL) - 18 Fevereiro 2009 (moderador António Souto) • Manuel da Fonseca por Fernando J. B. Martinho (UL) - 25 Março 2009 (moderador Isabel Martinez) • Mário Dionísio por Cristina Almeida Ribeiro (UL) - 29 Abril 2009 (moderadora Cristina Duarte • Jorge de Sena por Margarida Braga Neves (UL) - 27 Maio 2009 (moderadora Olga Silva)

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Confluências

Habemos P....resident It was a very long and tiring journey, but the American people have finally chosen a new President, a new

leader that will hopefully guide them towards a better tomorrow. Barack Obama is the first African-American to occupy the Oval Office, the most coveted room in the White

House, and his motto’s appeal lies in its simplicity: “Yes we can!” The world changed considerably since George W. Bush was elected eight years ago. The 9/11 attacks, the

Afghanistan and Iraq Wars and, in the last couple of months, the biggest economic and fi-nancial crisis since the Great Depression have all led this beloved world of ours on the verge of chaos. Obama knows he cannot undo the mistakes and bad calls made by the last Administration, but he believes he can alter the shape of things to come. He can bring change. He also recognizes it is impossible to do it all by himself.

It is irrelevant to approve laws, bailouts, stimulus plans and similar measures if we do not try to achieve a future that can be up- held by the next generations. If we – and when we say this, we really mean everyone – does- n’t make an effort, it will be like trying to fix a water leak with a bit of adhesive tape: at first, it will appear to be mended; shortly after, everything will go back to the way it used to be. And this is where the brilliance of Barack Obama’s campaign resides: the whole idea of a global effort, based on a sustainable develop-ment - a development which. Besides the money-related issues, takes into account environmental matters - in-stead of an institutional-only effort is moving and, to put it simply, engaging.

But the President-Elect needs more than the help of his supporters in these difficult times. That is why he is emulating one of the greatest Presidents in the History of the United States, Abraham Lincoln, and is gather-ing a team composed by allies and former enemies. Senator Hillary Clinton, Senator John McCain, Governor Bill Richardson…: he wants them all board, working by his side. He cannot allow the country to once again di-vide itself in two factions. Democrats and Republicans have to ignore their small disputes and, for once, work together.

Everyone needs to get to work, do what they do best the best they can. Better days can come. It depends en-tirely on us.

Rodrigo Dias, Hugo Rocheteau, 11º A

ESPAÇO DAS LÍNGUAS

Foto Manuel Gomes

HOUSE House is an American TV show that is based on medical drama and it is seen by millions of people all over the world. The main character is Dr. House which is played by Hugh Laurie. House is arrogant, irreverent and has an ironic sense of humor however he is an excellent physician and a very intelligent man. He is the leader of the Diagnostic Department constituted by a group of doctors specialized in different subjects. Cameron, Fore-man and Chase belong to the first team in the TV show. The set is located in Princeton, New Jersey on the Princeton – Plains borough - Hospital. Each episode has new medical cases, generally complicated, for Dr.

House and his team solving. These cases are like puzzles in order to save lives. At the moment House is on the fifth season. Each season is divided in twenty-three episodes. The exception was the fourth season due to the writers’ strike. The season was shortened to seventeen episodes. The duration of each epi-sode is forty minutes. This TV show has a huge impact in the public. Some are so addicted to House that has created forums where they can argue some points of the last episode or give their opinion about the programmed.

Ana Gonçalves Inês Santos

Inês Mendes e Joana Borges, 11ºA

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Confluências

Manoel de Oliveira, Camões, Manet, Baudelaire, Kavafis e até mesmo aos Beatles.

Nas salas seguintes, novos autores e novos tópi-cos – são exibidos poemas e desenhos de Teixeira de Pascoaes, excertos de Clepsidra e cartas de Camilo Pessanha, é-nos mostrado um Sá-Carneiro incom-

preendido, é evidenciada a mistura de géneros na obra de Almada-Negreiros e alguns poemas de Vitorino Nemésio são associados a pinturas holandesas do século XVIII. Descartando a ideia de um progresso em arte, na última sala sur-gem novamente poemas de Pessoa e Pascoaes, segui-dos de um diálogo relatado, onde ambos concordam que os escritores com mais valor são «aqueles de quem toda a gente fala e nin-guém lê». Desde o bilhete da empre-gada de Pessoa, no início, “Weltliteratur” distingue-se pela abordagem que faz da geração portuguesa do Modernismo, projectando-a além-fronteiras. Citando novamente Manuel Aires Mateus, a exposição «é um convite à ideia de ler», de

descobrir as obras dos autores apresentados e os nexos que o comissário, António M. Feijó, pretendeu mostrar.

Vicente, 12º C

LEITURAS

Weltliteratur – Madrid, Paris, Berlim, São Peters-burgo, o Mundo!

Como expor literatura? Esta foi uma das questões que António M. Feijó e a sua equipa se propuseram a responder em “Weltliteratur – Madrid, Paris, Berlim, São Petersburgo, o Mun-do!”, uma singular exposi-ção que a Fundação Calouste Gulbenkian exibe até 4 de Janeiro de 2009.

Se o título “Weltliteratur” (evocando Goethe), e o subtítulo “Madrid, Paris, Berlim, São Petersburgo, o Mun-do!” (de um verso Cesário Verde) nos remetem para uma ideia de produção lite-rária universal, poderá parecer estranho que esta seja uma exposição de lite-ratura portuguesa, tendo Fernando Pessoa e a sua geração como figuras prin-cipais. Porém, a razão para o uso do termo alemão e do verso de Cesário é perti-nente – exalta o carácter simultaneamente paro-quial e cosmopolita dos autores apresentados, «obviamente portugueses e obviamente do mundo», nas palavras do arquitecto Manuel Aires Mateus, que projectou a instalação em conjunto com o seu irmão, o arquitecto Francisco Aires Mateus.

A exposição, que no seu todo se assemelha a um labirinto, é composta por 11 salas interligadas com dife-rentes temáticas estabelecidas, também relacionadas entre si. Os recursos que “Weltliteratur” apresenta são imprevisíveis: para além de diversos textos e documen-tos originais, há fotografias, quadros, esculturas e até filmes, criteriosamente seleccionados e expostos em função de relações lógicas notáveis, que nem sempre são evidentes. Trata-se de uma exposição a visitar mais do que uma vez, pois a descoberta de novos sentidos e interpretações é permanente.

Nas primeiras cinco salas, confrontamo-nos com uma visão invulgar de Pessoa, despida da imagem este-reotipada concebida face aos heterónimos. A literatura, a nação, a diferença sexual, a morte e a religião são temas abordados, associando-se, por exemplo, Pessoa a

Foto M. Gomes

PROTOCOLOPROTOCOLOPROTOCOLOPROTOCOLO

Esc. Sec. de Camões Esc. Sec. de Camões Esc. Sec. de Camões Esc. Sec. de Camões ———— SPASPASPASPA À semelhança de outros parceiros com quem a Esco-la Secundária de Camões mantém uma relação pri-vilegiada, chegou agora a vez de se estreitarem rela-ções com a Sociedade Portuguesa de Autores, tendo-se firmado recentemente um protocolo de coo-peração.

Esta entidade passará igualmente a ter assento no

Conselho Geral Transitório.

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Confluências

NO TÁXI — UM CONTO DE MARIA JUDITE DE CARVALHO

O homem atirou-se para dentro do táxi, bateu com a porta, disse em voz apressada: «Rua tal, número tantos.»

Era médico e estava sem carro desde a véspera, porque os motores são como as pessoas e têm os seus clínicos gerais e até os seus especialistas. Das suas doenças nem é bom falar. Não olhou para a cara do motorista, como é óbvio. Os motoristas de táxi são indivíduos sem cara,

só com olhos às vezes, no espelhinho retrovisor. Aquele, porém, voltou-se um pouco logo que o carro se pôs em andamento, e tinha um vago sorriso aos cantos da boca.

«É o Fulano, não é?» O médico teve um leve sobressalto, não soube logo porquê. Algo, no entanto, estava errado naquele

começo de conversa. Ele não era o Fulano mas o dr. Fulano ou até o sr. Dr. Fulano para u homem como aquele.

«Sou», respondeu em todo o caso. «Eu bem me parecia. Tenho uma destas memórias para caras! Mas talvez o tenha visto, de vez em quando,

ao longo destes anos… Sou o Cicrano, lembra-se? Do Camões! Fomos colegas de carteira no terceiro. Depois o meu pai morreu, desgraças, tive de desistir. Não se lembra?»

Havia uma certa ansiedade na pergunta. Não se lembra? Lembre-se, por favor. No Camões. Colegas de car-teira.

O médico procurava, tacteando. E de súbito lembrou-se. Foi estranho como se lembrou tão bem. Um rapazi-nho moreno, de cabeleira e óculos. O Cicrano, pois.

«Lembro-me, pá!», exclamou. E encontrou a palavra «pá» como que esquecida, também, na carteira que ambos tinham habitado. «Uma destas! Então que tens feito?» A estupidez da pergunta magoou-o de súbito como um soco em pleno peito: «Quero dizer…»

«Para aqui ando. Foi o que se pôde arranjar. Os sonhos que nós temos às vezes… Eu, era para ser enge-nheiro. Formou-se?», perguntou.

«Medicina. Nem sempre é agradável. Vou ver uma pessoa que está a morrer.» O carro aumentou logo de velocidade, e o homem que ia salvar outro, ou ajudá-lo a morrer, disse, desinteres-

sado: «Aparece lá no consultório. Vou dar-te um cartão. Das cinco às sete estou quase sempre.»

O motorista pegou no cartão-de-visita, mas sem entusiasmo, e o médico soube que ele não ia aparecer. Tinha havido entre ambos um «você», um «tu», houve no fim, quando o carro se deteve, aquele momento quase de angústia em que o médico não soube se devia dizer paga-te de tanto» (contando já com a gorjeta), se não devia dar gorjeta , se… se…

Quando entrou em casa do cliente e soube que ele tinha acabado, apeteceu-lhe fugir para muito longe, esque-cer muitas coisas e muitas pessoas. Hibernar talvez como os bichos. Ou ir fazer treze anos e ter como colega de carteira um rapazinho que ambicionava ser engenheiro um dia.

Maria Judite de Carvalho, in O Homem no Arame, Bertrand, Lisboa, 1979

ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES

em

http://www.escamoes.pt A página foi completamente reformulada pelos professores José Sampaio e San-dra Muralha, a quem o Conselho Peda-

gógico de 02 de Dezem-bro de 2008 elogiou a exce lência do trabalho realizado.

100 ANOS A APRENDER

Velha Lisboa

Rugas no rosto, Olhar envelhecido De amargura e tristeza Sábia de palavras Esquecidas por gerações Percorre os caminhos da idade Vagueia entristecida De cega solidão, Na cidade perdida

Lisboa é seu nome, Mulher de glórias, Agora, escura e sem vida

Gonçalo Camões, 11º J

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Confluências

Prémio de Mérito dos Cursos Científico-Humanísticos

Marisa Ferreira do Curso de Ciências e Tecnologias (actualmente no curso de Medicina, em Lisboa). Recuperamos um excerto da entrevista concedida à Academia do Ba calhau de Lisboa, entidade que a premiou em Junho d e 2007.

GAVIÃO DE PENACHO – Estudas muito? Em média, quantas horas estudas por dia? As horas que dedico ao estudo dependem não só da disciplina em causa, mas também de outros trabalhos que me tenham sido propostos e que tenha de entregar, por isso não tenho um número de horas definido de estudo por dia. Tento gerir da melhor forma o meu tempo livre para conci-liar todas as minhas obrigações, fazendo, para isso, um plano de estudo. GAVIÃO DE PENACHO – Quais são as disciplinas de que mais gostas? E quais são as que te dão mais trabalho para aprender? As disciplinas de que mais gosto são: Português, porque tem uma parte criativa, nomeadamente no que respeita à área da escrita, e também pelo facto de ser uma disciplina essencial, já que contribui para o estudo da nossa língua materna; Matemática, pois estimula o raciocínio e é uma disciplina em que a matéria leccionada é mais prática e não teórica e, finalmente, Biologia que é a única que está mais relacionada com a profissão que pretendo exercer no futuro. Relativamente às disciplinas que podem exigir um pouco mais de mim há apenas uma que se destaca, Filosofia. GAVIÃO DE PENACHO – Gostas de Português? Qual foi a tua maior dificuldade em aprender a nossa língua? Inicialmente, a disciplina de Português não me chamou muito a atenção, porque a maior parte da matéria leccionada estava relacionada com a gramática e não focava muito a oralidade, a exposição e também a escrita. No entanto, maioritariamente, no secundário a disciplina de Portu-guês ganhou outras proporções e comecei a interessar-me bastante. A maior dificuldade em aprender a nossa língua reside apenas no facto de a sua estrutura ser mais complexa do que outras línguas estrangeiras. GAVIÃO DE PENACHO – Gostas de ler? Gostas mais de poesia ou de romances? Quais são os teus autores preferidos? Sim, ler faz parte do conjunto de actividades que realizo com mais frequência. Prefiro os romances ou os romances históricos. Gosto muito de ler Camilo Castelo Branco. Recentemente li também a Voz dos Deuses, de João Aguiar, e aprecio realmente a sua maneira de escrever. GAVIÃO DE PENACHO – Escreves um diário? O livro que desejas escrever será um romance, uma novela, ou em que outro estilo? Não, eu não escrevo nenhum diário. Quanto ao livro que desejo escrever gostava que reunisse vários tipos de registo e de narrativa, que tivesse subjacente um retrato da sociedade em que vivemos e, consequentemente, da época contemporânea da sua elaboração. Claro, desejava que fosse um livro de referência na Literatura Portuguesa, mas isso acho que é o objectivo de todos os escritores quando se dedicam a um projecto desta natureza. GAVIÃO DE PENACHO – Dizes que queres formar-te em Medicina. Gostarias de ser médica de clínica geral, ou tens alguma especialidade em que mais gostasses de te especializar? Eu pretendo formar-me em medicina e especializar-me em Cirurgia. É uma área que me atrai, talvez pelo facto de a rotina e a monotonia não existirem.

Prémio de Mérito dos Cursos Tecnológicos

Chefali Chunilal Samgi do Curso Tecnológico de Administração Na impossibilidade de recolhermos em tempo oportuno um depoimento seu, deixamos aqui igualmente a sua identificação. Afinal o esforço, como se vê, seja em que área for, acaba por ser recompensado.

PRÉMIOS DE MÉRITO 2007—2008 NA NOSSA ESCOLA

Oxalis pes-caprae A complexidade da natureza surpreende-nos constantemente, e um exemplo disso é o da arquitectura da flor da Oxalis pes-caprae, vulgarmente conhecida por erva-azeda. Esta singela flor, que pontilha os campos e recantos de um amarelo vivaz, é uma das mais familiares plantas silvestres que podemos encontrar no país. Deve o seu nome comum ao sabor acre do seu caule. Originária da África do Sul, esta espécie constitui-se hoje subespontânea na região mediterrânica. A erva-azeda pode facilmente ser encontrada na nossa escola, encerrando por entre as suas pétalas uma visão que não deixará indiferente o observador.

João Farminhão, 11º E (resenha e foto)

À DESCOBERTA na nossa escola

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Confluências

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Maria Adelaide Canas Depois de toda uma vida dedicada ao ensino e à formação de jovens, leccionan-do Português e Francês, a Profª Adelaide Canas aposentou-se. Com a humildade e a competência que a caracterizavam, na véspera de deixar a Escola (sexta-feira, dia 31 de Outubro) preparava ainda, em recato, na sala Ane-xa, as suas aulas, como se fossem as pri-meiras da sua longa e discreta carreira. Como a todos quantos deixaram uma marca indelével na Escola, a Escola pres-ta-lhe uma grata homenagem.

Este Boletim é

teu.

Colabora!

Confluências

Envia os teus trabalhos para: [email protected]

����

Escola Secundária de Camões Praça José Fontana 1050-129 Lisboa

Telefs.

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Vergílio Ferreira — No dia 8 de Maio de 2008, na Biblioteca da Escola Secundária de Camões, realizou-se uma sessão intitulada “Vergílio Fer-reira – ‘Primeiro é-se. Depois demonstra-se isso que se é.” (Conta Corrente 5, p.387), aberta a toda a comunidade. Esteve presente a viúva de Vergílio Ferreira, a Dra. Regina Kasprzykowski. Foi orador convidado o Dr. Luís Filipe Valente Rosa cuja palestra incidiu sobre o tema “O Pensar de Vergílio Ferreira”. Fernando Mascarenhas e João Santos, alunos do 11º Ano, 6ªT, apresentaram um trabalho sobre a Aparição. As professoras Isabel Martinez, Madalena Contente e Teresa Almeida, por sua vez, abordaram a temática da sessão “Primeiro é-se. Depois demonstra-se isso que se é”.

Encontros ao fim da tarde — Conferência sobre Aquilino Ribeiro (29 de Outubro de 2008) pela Profª Drª Serafina Martins da Faculdade de Letras da Universi-dade de Lisboa que, apoiando-se em slides, apresentou a biografia do escritor. Modera-

do pelo Dr. Manuel Gomes, do Departamento de Românicas, este Encontro contou com a cativante presença do filho e da neta do escri-tor. A propósito da casa onde o pai viveu, para os lados do Campo Grande, enquanto ensinou no Liceu Camões (entre 1915 e 1918), dis-se Aquilino Ribeiro Machado: “não sei se ainda existe ou se já foi demolida pela sanha do camartelo de algum pato-bravo de ocasião”. Recomendou a leitura dos livros do pai, sem esquecer a necessidade de se lhes encontrar o ritmo certo, como os discos que não podem rodar aleatoriamente em 33 ou 75 rotações, não cuidando de uma ou outra dificuldade na compreensão de um vocábulo, porque, como ensinara o seu pai, um muro, quando é

bem feito, pode-se-lhe tirar um ou dois tijolos que ele não desaba.

Encontros ao fim da tarde — Conferência sobre José Rodrigues Miguéis (29 de Outubro de 2008) pela Profª Drª Teresa Martins Marques (CLEPUL), tendo como moderadora a Drª Adelaide Canas. Em ambiente acolhedor, a convidada falou entusiasticamente do escritor, da sua vida e da sua obra, recortando a sua intervenção com alusões específicas a livros e a passagens. Sublinhou, também, lamentando, o facto de a sua obra se encontrar de momento por reeditar. Depois de terminada a sessão, o Departamento de Românicas, pela mão da Drª Madalena Contente, entregou à Colega Adelaide Canas uma lembrança, tendo Filipe Guedes, em representação dos seus ex-alunos, subido ao palco para, num gesto simbólico de agradecimento, lhe dedicar algumas palavras.

Com o generoso apoio do

Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal

BOAS FESTAS E FELIZ ANO 2009 !