boletim da adunirio 11

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Boletim n o 11 | 15 de dezembro de 2014 Boletim da ADUNIRIO filiada ao ADUNIRIO Adunirio comemora 35 anos Adunirio inicia diálogo com Escola Nacional Florestan Fernandes MTST vence batalha em São Gonçalo pág 3 pág 8 pág 5 e 6

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Page 1: Boletim da Adunirio 11

Boletim no 11 | 15 de dezembro de 2014

Boletim daADUNIRIO

filiada ao

ADUNIRIOAdunirio comemora 35 anos

Adunirio inicia diálogo com Escola Nacional Florestan

Fernandes

MTST vence batalha em São Gonçalo

pág 3

pág 8pág 5 e 6

Page 2: Boletim da Adunirio 11

Diretoria: Presidente: Viviane B. Narvaes | Vice-Presidente: Camila M. Moraes | Secretário Geral: Carla Sartor| 1º Secretário: Bruno oliveira | 2º Secretário: Leonardo Villela de Castro | 1º tesoureiro: rodrigo Castelo | 2º tesoureiro: rafaela de Souza ribeiro CoNSeLho FiSCaL titulares: Willian G. Soares, Dayse Martins hora, enedina Soares | Suplentes: Íris abdallah Cerqueira CoNSeLho De rePreSeNtaNteS: alexandre Magno Carvalho, Clarisse t. Gurgel, elisabeth orletti, Jadir anunciação de Brito, Janaína Bilate Martins, Natália ribeiro Fiche, Pedro rocha de oliveira, rafael Forte Soares e renato almeida de andrade aDMiNiStratiVo: Claudinea Gonçalves CoMUNiCaÇÃo: Bruno Marinoni

Boletim no 11 | 15 de dezembro de 2014

Que venha 2015!

Seminário Nacional da Comissão da Verdade do Andes-SN será realizado em fevereiro

ADUNIRIO A data do Seminário Nacional da Comissão da Verdade do ANDES-SN, previsto para ocorrer entre os dias 9 e 10 de dezembro, foi alterada para os dias 21 e 22 de fevereiro de 2015, antecedendo o 34º Congresso em Brasília (DF).A decisão, divulgada em Circular 238/14 pela Secretaria do ANDES-SN, seria em decorrência da intensificação da agenda de atividades do Sindicato, no período após o 59º Conad, o que gerou dificuldades na programação e realização do Seminário Nacional da Comissão da

Índice

Que venha 2015! página 2

Seminário Nacional da Comissão da Verdade do Andes-SN será realizado em fevereiro

página 2

Festa de fim de ano comemorou 35 anos da aduniriopágina 3

Programa busca articular democracia universitária e política socioambiental

página 4

MtSt vence batalha por moradia em São Gonçalopágina 5

Por que a luta territorial? Notas a partir do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto

página 6

“Com passos de formiga e sem vontade”: a necessidade de uma educação ambiental

desde nós mesmos página 7

Adunirio se reúne com Associação de Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes

página 8

Assembleia elege delegados para o 34º Congresso do Andes-SN

página 8

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Terminamos o ano de 2014 com uma bela caminhada. Não se pode dizer que tudo são flores, mas acreditamos que, apesar do arenoso canteiro, conseguimos cultivar as sementes do amanhã. Dentre as principais vitórias que nós professores conquistamos, podemos destacar os avanços na regulamentação interna da Carreira Docente, mesmo depois de o governo federal ter editado em 2012 uma lei que desestrutura a nossa vida profissional. Conseguimos, dessa forma, impor um certo freio à precarização do trabalho docente e impulsionar alguns avanços que, embora pontuais, fazem reluzir princípios fundamentais pelos quais lutamos.Barramos também a proposta do governo federal de reduzir o nosso hospital universitário à condição de sucursal de uma empresa que nada tem a ver com saúde e educação. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares é uma administradora estatal de negócios na área da saúde. A Ebserh tentou algumas vezes sequestrar o HUGG da Unirio durante o ano, mas foi impedida por uma atenta mobilização. Conseguiu-se, a partir daí, dar início à produção de um diagnóstico

dos fatores que têm levado o hospital à crise e a elaboração de uma proposta autônoma que garanta a democracia universitária e a interação entre o projeto educacional, a assistência e o serviço de saúde.Outro ponto positivo foi a regularização da situação das Retribuições por Titulação. Por pressão da Adunirio, a reitoria agilizou a solução desse e de outros problemas, que estavam atolados na morosidade burocrática, na precariedade estrutural e na negligência administrativa.Variados são os pontos a se citar aqui, mas como o espaço é curto e as enumerações extensas destacamos apenas mais um, que nos deixa felizes e orgulhosos: sentimo-nos mais próximos e solidários.Nessa breve e inicial caminhada, conhecemos muitas pessoas e vimos aos poucos ser construída uma solidariedade fundamental. Reconhecemo-nos como colegas que, embora bem diferentes, compartilhamos as mesmas condições e temos um interesse comum: um desejo de mudar e transformar nossa realidade na direção de um mundo mais justo para todos e todas. Que venha o dia de amanhã!

Verdade do ANDES-SN. “A alteração de data leva em conta ainda o exíguo tempo para convite e confirmação de convidados para as mesas-redondas do evento, assim como o fato de estarmos em final de período letivo”, afirma a nota.A Comissão da Verdade do ANDES-SN realizou este ano três encontros regionais preparatórios – Norte e Centro Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul -, o primeiro na cidade de Belém (PA), o segundo em Fortaleza e, por último, no Rio de Janeiro, respectivamente. *Com informações do Andes-SN

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Boletim no 11 | 15 de dezembro de 2014

Que venha 2015!

O ano de 2014, no qual a Adunirio comemora o seu 35º aniversário, foi marcado por muitos desafios, por várias lutas e por importantes conquistas. Nada mais justo, então, que os professores tenham se reunido ao término dessa etapa para celebrar, relaxar e confraternizar. Fizemos, então, uma noite de 29 de novembro de muita alegria, bate-papo e dança na Lapa, famoso reduto carioca do festejo.Professores da Unirio, diretoria da Adunirio e amigos em geral se fizeram presentes no espaço do Bistrô Multifoco, dividido entre um pequeno e confortável salão de recepção e uma pista de dança animada pelos DJs Buchecha e Fukô, que comandam mensalmente a festa Reconvexo. Confira alguns momentos dessa confraternização e aguarde que ano que vem tem mais.

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Realizada no dia 29 de novembro, a festa da Adunirio, desta vez teve como tema a celebração dos 35 anos de atuação do sindicato dos docentes da Unirio. A comemoração reuniu muitos associados, amigos e ex-diretores

desta seção sindical do Andes-SN.

Festa de fim de ano comemorou 35 anos da Adunirio

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É provável que a maioria de nós não associe facilmente democracia universitária a temas socioambientais. Na contramão desse estra-nhamento comum, porém, o programa Rede Colaborativa Solidária - Recosol (conjunto de atividades de extensão, pesquisa e ensi-no voltadas para o tema socioambiental em funcionamento há 3 anos) tem defendido a importância de se implementar mecanismos de participação da comunidade acadêmica na definição dessas políticas na Unirio.Política socioambiental “não se trata apenas da gestão de lixeiras”, brinca a professora do curso de Engenharia de Produção Heloísa Borges, coordenadora do Recosol. O tema envolve questões bastante sensíveis para a universidade, como a democracia universi-tária, as condições de trabalho, contratação de pessoal, as licitações com empresas de venda de equipamento e de serviços e a im-plementação da política nacional definida para órgãos federais.Borges lembra que a abrangência do tema pode ser melhor compreendida se levarmos em consideração uma prática essencial de-senvolvida pelas empresas capitalistas a par-tir dos anos 30 conhecida como “obsolescên-cia programada”. Além de todos os resíduos produzidos “normalmente” pelo consumo, a indústria define um curto tempo de vida útil para os seus produtos, forçando o consumi-dor a comprar mais e, assim, descartar mais objetos. Tal conduta deixa evidente como a política industrial, voluntariamente con-cebida, participa de forma fundamental da deterioração do ambiente e como isso deve estar submetido à regulação por parte de instâncias democráticas de participação.

Programa busca articular democracia universitária e política socioambiental

Democracia universitáriaJá existem na Unirio algumas comissões empenhadas na implementação da política obrigatória para órgãos federais, definida pelo Decreto 5.940/06, de separação de resíduos recicláveis e sua destinação a cooperativas de catadores. A coordenadora do Recosol afirma, porém, que está previsto no plano de ação do programa realizar uma audiência pública até o início do próximo ano para que a politica socioambiental da Unirio passe a se tornar debate recorrente em instâncias de natureza participativa amplas. No mesmo sentido, foi promovido nos dias 2 e 3 de outubro o V Encontro de Iniciativas Ambientais Internas e Externas da Unirio.

Condições de trabalhoA política socioambiental institucional deve englobar também - além de questões mais óbvias como a da gestão de resíduos, o que é fundamental no cotidiano de qualquer ambiente de trabalho - a adequação às certificações e a elaboração dos mapeamentos de risco dos laboratórios. Segundo a professora Heloísa Borges, estes têm sido, no geral, precários ou inexistentes na Unirio e as comissões responsáveis pela adequação à legislação socioambiental, que incorporaram também essa tarefa, têm enfrentado dificuldades.

Contratos de trabalhoPara a implementação da política socioambiental é necessária a contratação de pessoal especializado e treinamento. No dia 5 de setembro aconteceu a última capacitação do pessoal terceirizado da empresa CNS, responsável pela limpeza na Unirio. Funcionários e instâncias institucionais de gerenciamento específicos ainda não existem, porém são fundamentais para o funcionamento da política, defende a coordenadora do Recosol. Segundo ela, a composição da equipe deve ser interdisciplinar envolvendo diferentes perfis como engenheiro ambientais, antropólogos e técnicos de nível médio.

Condições para licitaçãoA regulamentação que versa sobre a forma de tratamento dos resíduos sólidos recicláveis por órgãos públicos define como obrigatória a “coleta seletiva solidária”, feita por associações e cooperativas de catadores. Na Unirio, esse trabalho é realizado pela Cooperangel e pela Recooperar. Além disso, a limpeza é, desde 2013, feita de forma terceirizada pela empresa CNS. Sendo esses serviços realizadas por entes privados, é de fundamental importância que eles sejam monitorados pela comunidade acadêmica para que a intromissão dos interesses da propriedade no espaço público possam, na medida do possível, ser reduzidos. As licitações precisam prever também, dentro de uma política de gestão socioambiental, compras sustentáveis e a “obrigatoriedade da logística reversa”, na qual as empresas que fornecem equipamento se responsabilizam pelo recolhimento do lixo decorrente da inutilização do material e da sua produção de resíduos.

Implementação da normaO Decreto 5.940/06 obriga os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta a implantar a separação dos resíduos recicláveis descartados, destinando-os para a coleta seletiva solidária. Sua implementação deve ser observada pela comunidade acadêmica e se encontra compreendida dentro da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), definida pela Lei nº 12.305/10, regulamentação que sofreu forte lobby do setor empresarial (como o da indústria de pneus). Esse tem sido um dos principais pontos de atuação do Recosol, que tem coordenado as atividades das comissões responsáveis pela implementação da política socioambiental. A professora Heloísa Borges afirma que tem cobrado também da reitoria a adesão à Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P), principal programa da administração pública de gestão socioambiental, sujeito à manifestação de interesse por parte da instituição.

Coordenadora do Recosol, Heloísa Borges quer audiência pública para discutir a política socioambiental na Unirio

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Centenas de famílias organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocuparam, no dia 31 de outubro, um terreno abandonado há décadas na região do Jardim Catarina, um dos maiores e mais precários bairros de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Trata-se de pessoas que sofrem com o aluguel abusivo, com moradias precárias e baixa renda. Sob ameaças e, vítimas de um atentado criminoso na madrugada, os ocupantes seguiram firmes e contaram com apoio nacional de pessoas e organizações que aderiram à campanha “Menos ódio, mais moradia”. Entre os apoiadores, professores universitários e seções sindicais docentes. Na Unirio, foi aprovada, inclusive, uma nota de solidariedade pelo Conselho Universitário.O terreno ocupado ganhou nova vida e a ocupação foi batizada “Zumbi dos Palmares”. Primeiro realizou-se um ato ecumênico com lideranças católicas, evangélicas e de matriz africana em apoio e benção à luta do povo. No dia seguinte, com apoio de vários coletivos,

um animado sarau, com jongo, fanfarra, rap, exposição fotográfica e oficinas.A luta das famílias de São Gonçalo forçou um acordo entre Prefeitura, Secretaria da Presidência e MTST para a construção de mil unidades habitacionais, num terreno a ser indicado pela prefeitura e adquirido pelo Governo Federal. A saída do terreno foi festiva e pacífica. Em grande marcha e com fogos, a noite da quarta-feira, dia 12 de novembro, foi histórica para a cidade de São Gonçalo e para as famílias sem-teto. O MTST promoveu também, em 20 de novembro, dia da Consciência Negra, um ato público no Leblon, na cidade do Rio de Janeiro. A atividade foi marcante e destacou a importância de se conceber o lazer como um direito fundamental e relacionado com o direito à cidade. Grupos de famílias de Sem Teto e apoiadores do movimento participaram da manifestação e do banho na praia que tem servido ao longo dos anos de cenário para as novelas estereotipadas da TV Globo.*Com informações do MTST

MTST vence batalha por moradia em São Gonçalo

A maiorira das famílias do MTST nunca havia ido ao leblon

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Centenas de pessoas protestam em frente à pre-feitura de São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, por moradias populares

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

700 famílias ocuparam um terreno abandona-do em São Gonçalo

Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil

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O MTST é um Movimento de atuação territorial, que parte da luta por moradia digna, almejando desencadear um processo mais amplo de luta por uma nova cidade. Partindo do enfrentamento do déficit habitacional, pretende elevar-se ao enfrentamento do déficit de cidade, pois o drama crônico da sonegação do direito à moradia digna insere-se numa dinâmica urbana segregadora, perpassada pela “chibata” econômica da especulação fundiária e imobiliária, cujo resultado é a deterioração das condições básicas de vida de milhões de pessoas.A chamada “base social” do MTST é constituída, em geral, por uma massa de mulheres e homens que, arrastada pela reestruturação produtiva do capitalismo contemporâneo, padece na condição de desemprego e tenta “se virar” nas fileiras híbridas da informalidade e do “empreendedorismo de si mesmo”, “consolidou” uma inserção nessas fileiras (sem dissipar a instabilidade inerente aos modos informais de prover a subsistência) ou, nos últimos doze anos, foi absorvida

pela expressiva geração de postos de trabalho com carteira assinada do “lulo-petismo”, cuja concentração incidiu sobre setor de comércio/serviço, marcado, além da precarização, pela elevada rotatividade. Tal base não é constituída exclusiva ou preponderantemente por pessoas em situação de rua. Além de pessoas nessa condição, constroem a identidade coletiva dos Sem Teto mulheres e homens de variadas faixas etárias que se encontram em habitações erguidas em áreas de risco ou em situação de moradia de favor ou ainda pressionados pelo inflacionamento do preço do aluguel (que compromete imensa fatia da renda mensal). O drama crônico da ausência de moradia digna promove, de fato, uma instabilidade/angústia tamanha, que é capaz de arrancar da inércia mulheres e homens com características subjetivas diversas.Momentos antes do início da Copa do Mundo, os Sem Teto comemoraram uma conquista significativa - o atendimento de importantes pontos da pauta de reivindicação, tais quais: um projeto para a construção de cerca de duas mil moradias no terreno da ocupação

Copa do Povo, abandonado há mais de 20 anos, com uma escandalosa irregularidade tributária e localizado a quatro quilômetros de uma “arena esportiva”, em Itaquera (SP), financiada com dinheiro público; mudanças no Programa Minha Casa Minha Vida, no sentido de viabilizar melhor localização e qualidade das edificações e a ampliação da gestão direta, participativa dos empreendimentos; instalação de uma comissão nacional e interministerial de prevenção de despejos. Por meio da persistente luta, o MTST já havia conseguido ressignificar criticamente o Minha Casa Minha Vida, conquistando a construção de 896 unidades habitacionais em um projeto elaborado pela USINA (assessoria técnica composta por profissionais comprometidos com a Reforma Urbana), que conterá creche, parque infantil, Unidade Básica de Saúde, teatro etc.Em suma, o MTST propõe-se a ressignificar o espaço urbano por meio da luta, acumulando forças para atuar nas políticas públicas, e (re)inventar experiências sociais para além delas. Com isso, o Movimento pretende colaborar para que a massa de mulheres e homens concentrada nos territórios pauperizados das periferias urbanas adquiram a capacidade de refazer a cidade, mas não como um autômato, abstraído das circunstâncias urbanas, e sim como agentes que coletivamente exercitam a dimensão criadora da práxis cotidiana, intervindo, decisiva e ativamente, nas circunstâncias urbanas. A reinvenção da vida social e a criação de novos processos de subjetivações efetivam-se no bojo da transformação das circunstâncias urbanas, que constitui um capítulo importantíssimo da transformação global da realidade que nos cerca. Numa clássica formulação dialética, transformar a realidade é transformar-se, e vice-versa. Pela transformação das relações sociais, viva o MTST!

Por que a luta territorial? Notas a partir do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto

Artigos

Felipe Brito – professor do curso de Serviço Social da UFF/Rio das Ostras

Foto: Mídia Ninja

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Boletim no 11 | 15 de dezembro de 2014

O ano de 2014 encerra a chamada “Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável” anunciada pela UNESCO em 2005. O objetivo era criar um movimento internacional que estimulasse iniciativas de escolas, ONGS, empresas e na sociedade em geral, em torno de ações educativas voltadas para consolidação do desenvolvimento sustentável. No sítio oficial da instituição descreve-se: “O objetivo geral da Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (DEDS) da ONU é integrado aos princípios, valores e práticas de desenvolvimento sustentável em todos os aspectos da educação e da aprendizagem. Este esforço educacional que irá incentivar mudanças de comportamento criando um futuro mais sustentável em termos de integridade ambiental, viabilidade econômica e uma sociedade justa para as gerações presentes e futuras”. (tradução minha). No entanto, passados os dez anos, apesar de um aparente aumento da conscientização ambiental, o quadro de agravamento das condições ambientais tem piorado substancialmente. O recém lançado relatório do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas, o IPCC da ONU, apresenta preocupantes dados a respeito das possíveis mudanças no planeta com o agravamento da crise climática. Em recente entrevista à agência da FAPESP, o professor do instituto de física da USP, Paulo Artaxo, comenta que: “A humanidade nunca enfrentou um problema cuja relevância chegasse perto das mudanças climáticas, que vai afetar absolutamente todos os seres vivos do planeta. Não temos um sistema de governança global para implementar medidas de redução de emissões e verificação. Por isso, vai demorar ainda pelo menos algumas décadas para que o problema comece a ser resolvido”.

“Com passos de formiga e sem vontade”: a necessidade de uma educação ambiental desde nós mesmosCelso Sánchez - professor da Unirio

Artigos

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No Brasil, a educação ambiental é um campo consolidado tanto institucional quanto academicamente. Talvez por isso, educadores ambientais brasileiros, em 2005 se organizaram e lançaram um manifesto contra a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. No manifesto disponível no sitio do Ministério do Meio Ambiente alega-se que: “o tratamento impositivo da proposta que veio a desconsiderar (e pouco consultar) toda uma tradição desta discussão na América Latina (AL), com a construção de referenciais teóricos de uma Educação Ambiental crítica, emancipatória, transformadora, herdeira de uma discussão anterior e contemporânea extremamente forte na AL sobre Educação Popular. Também como reflexo deste tratamento à marcação de uma década, referência temporal da sociedade moderna ocidentalizada, desconsiderando as referências temporais de outras culturas, como as orientais, muçulmanas, judaica, indígenas, entre outras.” Desta forma, educadores ambientais brasileiros apontavam para o risco do discurso de uma educação atenta para o desenvolvimento sustentável e pouco atenta para as pessoas afastarem-se dos marcos referenciais da educação ambiental, numa tentativa de apagar os acúmulos do campo, o qual já contava com documentos construídos em eventos internacionais como a ECO-92, o Fórum Global entre outros, como por exemplo o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis, onde a participação e a construção coletiva, sobretudo de movimentos sociais e populações afetadas por danos ou conflitos ambientais aparece mais evidenciada.O que pode parecer retórico, fica claro quando nos deparamos com situações concretas de nosso cotidiano. Hoje o Estado do Rio de Janeiro conta com uma “escola

sustentável modelo”, realizada em parceria com uma empresa altamente poluidora, cujo funcionamento é questionado por moradores e pesquisadores que avaliam que a mesma vem produzindo conflitos ambientais na região onde opera, inclusive causando impactos ambientais e à saúde da população conforme diversos pesquisadores vêm apontando http://www.fiocruz.br/omsambiental/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=249&sid=13.No entanto, a referida escola pública que conta com a parceria da empresa poluidora recebeu a certificação e reconhecimento internacional LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedida pelo Green Building Council, por conta do uso de lâmpadas do tipo LED, sensores que apagam luzes e ar-condicionado, reutilização de água da chuva, horta orgânica, energia solar e um ‘telhado verde”, conforme pode-se ler no sitio da empresa. Esta contradição evidencia porque a ideia de educação para o desenvolvimento sustentável é tão arriscada, pois ao afastar-se das demandas de movimentos sociais e de populações ou coletivos, organizados ou não em zonas de conflito ambiental ou de sacrifício ambiental, entendidas como áreas onde recaem desproporcionalmente danos ambientais sobre a parcela de habitantes residentes, a educação ambiental despolitiza-se, se torna asséptica e insensível às realidades sociais.Por isso há que se pensar numa educação ambiental desde nós mesmos, desde nossas realidades concretas, deixar-se encharcar pelas diferentes vozes daqueles que vivenciam conflitos e danos ambientais em seus cotidianos para que de fato seja crítica e esteja a serviço da emancipação e da transformação social, para que possa ser capaz de promover a justiça socioambiental e um desenvolvimento sustentável por que sensível e distribuído igualmente para todas e todos.

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Boletim no 11| 15 de dezembro de 2014

A Associação de Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) esteve na sede da Adunirio no dia 1º de dezembro para discutir com a diretoria algumas possibilidades de apoio à instituição construída por trabalhadores sem-terra e simpatizantes. Os professores se dispuseram a se engajar na construção de algumas pontes entre a Unirio e a ENFF.Embora tenha sido o primeiro encontro, a diretoria da Adunirio disse acreditar que existam uma série de possibilidades a serem desenvolvidas e manifestou interesse em buscar efetivá-las. Situada em Guararema (a 70 km de São Paulo), a ENFF tem por missão atender às necessidades da formação de militantes de movimentos sociais e organizações que lutam por um mundo mais justo. Em 2015, a Escola completa seus 10 anos de funcionamento. E grande parte de seu funcionamento depende do apoio de professores voluntários.

Adunirio se reúne com Associação de Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes

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A última assembleia de professores da Adunirio de 2014 elegeu os sete delegados que irão representar os docentes da Unirio no 34º Congresso do Andes-SN. Além dos eleitos, a comissão de representantes, que estará, então, em Brasília no período de 23 a 28 de fevereiro, será composta também por um delegado indicado pela diretoria da seção sindical do Andes na Unirio (a Adunirio) e por uma observadora. Os delegados eleitos são a professora Andréa Thees, Bruno Oliveira, Enedina Soares, Leonardo Castro, Rodrigo Castelo, Terezinha Souza e Viviane Narvaes. A delegada indicada pela diretoria da Adunirio é a professora Carla Sartor. A professora Elisabeth Orletti é a observadora que irá

Assembleia elege delegados para o 34º Congresso do Andes-SN

acompanhar a comissão.O 34º Congresso do Andes-SN terá o seguinte tema: “Manutenção e ampliação dos direitos dos trabalhadores: avançar na organização dos docentes e enfrentar a mercantilização da educação”.Além da escolha dos representantes no 34º Congresso, a assembleia discutiu um pouco do tema pautado pela diretoria da Adunirio nacionalmente no movimento docente: a sindicalização de professores da Educação à Distância (EAD). A reunião tratou ainda de fazer uma avaliação do primeiro ano da atual gestão da diretoria da Adunirio e da atuação do Conselho de Representantes e de algumas comissões, como a de arte e cultura.

Diretoria sugeriu agendar visita de grupos da Unirio à ENFF

Última assembleia do ano aconteceu no dia 3 de dezembro no CCH