boletim da adunirio n.17

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Boletim n o 17| 28 de abril de 2016 Boletim da ADUNIRIO Seção Sindical do ADUNIRIO Eleições para o Andes-SN e para o Conselho Fiscal da Adunirio acontecem em maio Minuta sobre laboratórios e núcleos recebe inúmeras críticas Docentes se mobilizam contra Projeto de Lei 257/2016 pág 5, 6 e 7 pág 4 pág 3 A votação que irá decidir sobre a próxima diretoria do Andes-SN e sobre o Conselho Fiscal da Adunirio será realizada nos dias 10 e 11 de maio.

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Page 1: Boletim da Adunirio n.17

Boletim no 17| 28 de abril de 2016

Boletim daADUNIRIO

Seção Sindical do

ADUNIRIOEleições para o Andes-SN e para o Conselho Fiscal da Adunirio acontecem em maio

Minuta sobre laboratórios e núcleos recebe inúmeras críticas

Docentes se mobilizam contra Projeto de Lei 257/2016

pág 5, 6 e 7

pág 4pág 3

A votação que irá decidir sobre a próxima diretoria do Andes-SN e sobre o Conselho Fiscal da Adunirio será realizada nos dias 10 e 11 de maio.

Page 2: Boletim da Adunirio n.17

Diretoria: Presidente: rodrigo Castelo | Vice-Presidente: Leonardo Vilela de Castro | Secretário Geral: rodrigo Vilani| 1ª Secretária: Giselle Souza | 2º Secretário: igor Silva Gak | 1ª tesoureira: elizabeth Sara Lewis | 2ª tesoureira: andréa thees ConSeLho FiSCaL titulares: Willian G. Soares, Dayse Martins hora, enedina Soares | Suplentes: Íris a. Cerqueira, Viviane narvaes ConSeLho De rePreSentanteS: Carla Daniel Sartor, Carlo romani, José Damiro, Fábio Simas, Marcelo Carneiro de Lima aDMiniStratiVo: Claudinea Castro CoMUniCaÇÃo: Bruno Marinoni

Boletim da adunirio no 17 | 28 de abril de 2016

Índice

É preciso estar atentos e fortespágina 2

Docentes se mobilizam contra Projeto de Lei 257/2016 que retira direitos dos

servidorespágina 3

61° Conad acontece em roraima

página 4

II Encontro Nacional de Educação (ENE) abre inscriçõespágina 4

andes-Sn lança cartilha sobre o “Projeto do Capital para a educação”

página 4

Minuta sobre laboratórios e núcleos recebe inúmeras críticas

página 4

Votação para o Conselho Fiscal da Adunirio acontece nos dias 10 e 11 de maio

página 5

Professores da Unirio participam da eleição para diretoria do Andes-SN (2016-2018)

página 5

entrevistas: eleições andes-Snpágina 6 e 7

Caminhos bloqueados - IIIpágina 8

Demolir para não dialogarpágina 8

2

O golpe contra a presidenta, operado pelas classes dominantes que querem uma direita “puro sangue” no comando do Executivo, atingiu o seu ponto máximo no dia 17 de abril. Naquele domingo, todo o ódio, preconceito e misoginia se materializou na casa legislativa, onde ilustres desconhecidos clamavam pelo impeachment em nome de “Deus” e da “família”. Só faltou a referência explícita à propriedade privada...Sabemos que o impeachment de Dilma nunca foi promessa de mudança para melhor, mas sim de aprofundamento dos cortes nos gastos públicos, dos ajustes fiscais, da repressão e da crise. O legado desses 13 anos de PT no poder, porém, colocou a esquerda em uma encruzilhada. Apesar da compreensão de que o golpe intensifica a ofensiva da direita contra os trabalhadores, as contrarreformas operadas pelo petismo continuam subtraindo direitos conquistados pelo povo com muita luta. Além disso, parte do resultado do projeto de conciliação de classes foi a desmobilização das bases que haviam acumulado força ao redor da estratégia democrático-popular, que hoje se encontra nos seus últimos suspiros.O PSDB nos deixou um legado de privatizações diretas ou por meio das organizações sociais (OS’s), além da primeira rodada da contrarreforma da Previdência. Lula e Dilma aprofundaram essa contrarreforma com medidas como a taxação dos inativos e a criação do Funpresp, além de ter leiloado o patrimônio público sob o discurso das “concessões” e criado mecanismos “não

clássicos” de privatização, como é o caso da Ebserh, que escancara as portas dos hospitais públicos ao mercado sem entregar diretamente a gestão da empresa pública. Para completar, a Lei Antiterrorismo é de autoria do governo Dilma, um mecanismo legal de forte repressão que será usado contra os movimentos sociais nas lutas anunciadas para os próximos anos. A herança maldita só cresceu.Caso o impeachment se concretize e se instale um governo do PMDB, vislumbramos a possibilidade de que nem mesmo as poucas conquistas arrancadas do governo Dilma na greve de 2015 estejam garantidas, como é o caso do reajuste de 5,5% previsto para agosto deste ano. Não nos surpreenderia, pois a recente experiência com os governos do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro nos provam que o PMDB não tem nenhum melindre em cortar o pagamento dos funcionários públicos e dos aposentados.Entendemos que precisamos permanecer “atentos e fortes” e intensificar a mobilização. O primeiro passo nesta direção é termos uma massiva votação na chapa para a direção nacional do Andes-SN, sindicato que tem se mostrado combativo na perspectiva da defesa de uma educação pública e democrática. No plano mais geral, precisamos avançar na construção de um projeto unificado de esquerda, pois uma saída pela esquerda só será possível se estivermos prontos para enfrentar a onda reacionária e, ao mesmo tempo, o governismo que vacila diante da fuga dos aliados fisiológicos que cultivou ao longo desses anos todos.

É preciso estar atentos e fortesEditorial

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Docentes se mobilizam contra Projeto de Lei 257/2016 que retira direitos dos servidoresDocentes federais de 25 seções sindicais do Andes-SN presentes na reunião do Setor das Instituições Federais de Ensino (Setor das Ifes) definiram ações e mobilizações para o período de 25 a 29 de abril contra o Projeto de Lei Complementar (PL) 257/2016, de autoria do Governo Federal. A proposta ataca frontalmente os direitos dos trabalhadores e tramita em regime de urgência na Câmara. A data de 25 de abril foi escolhida para marcar um dia nacional de lutas contra o PL 257/2016, no qual foram feitas atividades nas Ifes, assim como nas Instituições Estaduais de Ensino (Iees) e Instituições Municipais de Ensino (Imes), e se pressionou parlamentares nos estados para votarem contra o PL.O projeto, entre outras medidas, prevê a suspensão dos concursos públicos, o congelamento de salários, o não pagamento de progressões e outras vantagens (como

gratificações), a destruição da previdência social e a revisão dos Regimes Jurídicos dos Servidores. O PL faz parte do pacote de ajuste fiscal iniciado pelo governo, no final de 2014.A proposta foi anunciada pelos ministérios da Fazenda e Planejamento como um pacote de medidas voltadas para a contenção de gastos públicos e no dia 22 de março chegou à Câmara dos Deputados na forma de projeto de lei. Além do possível congelamento salarial, a matéria prevê corte de até 30% em despesas com benefícios pagos a servidores e programas de demissão incentivadas para atingir eventuais metas fiscais que estejam sob risco de não serem alcançadas.“Fizemos uma avaliação do plano de lutas do setor, do PL 257 e tiramos alguns encaminhamentos. O Setor das Federais diante, sobretudo, do PL definiu como ação prioritária uma grande mobilização na

última semana do mês de abril para barrar esse projeto de lei que possibilita a retirada de direitos dos servidores federais, estaduais e municipais”, disse Paulo Rizzo, presidente do Andes-SN.“A Comissão Nacional de Mobilização fará um trabalho integrado com a diretoria do Andes-SN, de conversas com deputados federais e senadores. Mas, o trabalho principal tem que ser feito na base pelas seções sindicais, em conjunto com as regionais do Sindicato para que os docentes se articulem e fortaleçam os fóruns locais dos servidores públicos federais, estaduais e municipais, bem como demais setores dos trabalhadores, para dar visibilidade à precarização do serviço público e construir juntos ações de enfrentamento ao projeto”, esclareceu Paulo Rizzo.*Com informações do Andes-SN e do Portal do Servidor Federal

Charges

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Elaborada pelo Grupo de Trabalho de Política Educacional (GTPE) do Andes-SN, a cartilha “Projeto do Capital para a Educação” foi lançada em março de 2016. O texto se divide em três partes e tem por objetivo fazer uma análise crítica e apresentar a posição do Sindicato Nacional sobre propostas de lei que se encontram no Congresso Nacional. Na primeira parte da cartilha, discute-se “a quem interessa a armadilha da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)”. Nas palavras do texto, tal medida “resultará, se adotada, muito mais em um treinamento para a resolução de certas questões e situações-problema do que em um caminho formativo efetivo”. A segunda parte é dedicada ao projeto conhecido como “Escola sem partido”. O projeto de lei possui uma forte perspectiva conservadora e fere liberdades fundamentais ao exercício da docência e da cidadania. “No âmbito da organização do trabalho pedagógico, o PL limita as possibilidades de construção da proposta coletiva da escola, cuja finalidade deve contemplar as dimensões política e pedagógica (Projeto Político

Pedagógico). O veto à transversalidade que os projetos propõem mata/aniquila todas as chances de que temas não ligados ao conteúdo técnico de cada matéria sejam trabalhados em sala. Aparentemente, temas como ética, saúde, orientação sexual e pluralidade cultural não são pertinentes para a educação escolar”, diz a cartilha.Por fim, o texto trata da Proposta de Emenda à Constituição nº 10/2014. De acordo com a cartilha do Andes-SN, a PEC propõe a reestruturação da Educação na forma de um “Sistema Único de Educação Superior Pública” afinado com o conjunto de políticas regressivas de contrarreforma do Estado que estão em curso, usurpando uma reivindicação histórica do movimento por um sistema nacional de educação. O texto completo pode ser acessado clicando no link “Projeto do Capital para a Educação”.O GTPE possui também uma sessão local na Unirio e se reúne periodicamente. Os interessados em participar devem procurar o professor Leonardo Castro, membro da diretoria da Adunirio.

Andes-SN lança cartilha sobre o “Projeto do Capital para a Educação”

Minuta sobre laboratórios e núcleos recebe inúmeras críticasA reitoria encaminhou uma minuta para a sessão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) marcada para o dia 11 de abril com o objetivo estabelecer uma nova política para os laboratórios e núcleos da Unirio. Diante da ausência do quórum, a apreciação do texto não foi votada e atendendo ao apelo dos conselheiros o reitor Jutuca se comprometeu publicamente a não encaminhá-la ad referendum (ao contrário do que se tornou uma prática regular na relação da administração da universidade com os Conselhos Superiores).O texto da minuta tem sido objeto de debate em vários fóruns da Unirio. Contribuições foram produzidas no Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCH), no Centro de Letras e Artes (CLA), na Escola de Nutrição, na assembleia

dos professores da Adunirio, na Asunirio, além de terem sido geradas manifestações individuais de diversos docentes. No geral, a proposta tem sido criticada em uma série de pontos, dentre os quais se destaca o excesso de centralização em detrimento da autonomia dos departamentos.Entre as críticas destacadas pela nota pública lançada pela seção sindical docente, aponta-se que “os critérios para aprovação dos laboratórios e núcleos são obscuros e o texto possibilita uma intervenção política das pró-reitorias nos processos decisórios desses núcleos e laboratórios”.A Adunirio se coloca contrária à minuta em conformidade com seu programa e com a luta pela ampliação da democracia na nossa universidade.

O 61º Conad (Conselho das Associações Docentes do Andes-SN) acontecerá entre os dias 30 de junho e 3 de julho na cidade de Boa Vista, em Roraima. O encontro terá como tema central a “Defesa dos direitos sociais, da educação e serviços públicos”.As contribuições ao Caderno de Textos do 61º Conad poderão ser enviadas por correio eletrônico até o dia 20 de maio. Os textos que chegarem após essa data e até 16 de junho integrarão o Anexo ao Caderno.

61° Conad acontece em Roraima

As inscrições para participação no II Encontro Nacional de Educação (ENE) foram abertas no dia 25 de abril. Para se inscrever, o interessado deve acessar a ficha de inscrição disponível no site do evento, preenchê-la, e fazer a transferência do valor da inscrição para a conta indicada. O II ENE ocorrerá em Brasília (DF) de 16 a 18 de junho.Na ficha de inscrição, a organização pede informação sobre a necessidade de creche ou alojamento para os participantes, assim como de adaptações para garantir acessibilidade. Também foram reservados campos não obrigatórios para informações tais como orientação sexual, identidade de gênero e raça.O site do evento: https://ene2016.org/inscricoes/

II Encontro Nacional de Educação (ENE) abre inscrições

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Os docentes das Instituições de Ensino Superior (IES) do país escolherão nos dias 10 e 11 de maio a nova diretoria do Andes-SN, o seu sindicato nacional. A participação e o envolvimento da categoria é de suma importância para o fortalecimento da luta dos professores pela garantia de direitos e contra a precarização das condições de trabalho.A chapa “Unidade na Luta” é a única candidata inscrita. A professora Eblin Farage (UFF) é a candidata à presidência, e Luis Eduardo Acosta (UFRJ), o candidato à primeira vice-presidência, ambos ligados às instituições federais do Rio de Janeiro. Para a ocupação das vagas reservadas à Coordenação Regional do

Rio de Janeiro no Andes-SN participam Bruno José de Oliveira (Unirio, ex-diretor da Adunirio), Juliana Fiúza (UERJ), Cláudio Ribeiro (UFRJ), Mariana Trotta (UFRJ), Lorene Figueiredo (UFF) e Elza Dely Veloso Macedo (UFF).Convidamos nesta edição do Boletim da Adunirio a professora Eblin e o professor Bruno para nos oferecer um pouco da avaliação nacional e local que a chapa candidata faz da atual conjuntura de lutas e das tarefas específicas que estão colocadas para o movimento docente. A resposta segue nas próximas páginas.Na Unirio, a votação acontece simultaneamente à eleição do Conselho Fiscal da Adunirio.

Professores da Unirio participam da eleição para diretoria do Andes-SN (2016-2018)

Votação para o Conselho Fiscal da Adunirio acontece nos dias 10 e 11 de maio Serão realizadas nos dias 10 e 11 de maio as eleições para o Conselho Fiscal da Adunirio 2016-2018. A chapa inscrita é formada por cinco professores e professoras aposentados, dos quais três fazem parte da atual gestão do órgão. São eles o professor William Gonçalves Soares (titular), Enedina Soares (titular), Dayse Martins Hora (titular), Sebastiana Léa Marinho Soares (suplente) e Maria Eunice Anffe Nunes Villar (suplente).O Conselho Fiscal da Adunirio é o órgão que acompanha, fiscaliza e avalia o exercício financeiro da seção sindical dos docentes na Unirio.De acordo com a professora Dayse Martins, o Conselho Fiscal “é um órgão que pode trazer sugestões em eventuais problemas a serem corrigidos, exigir auditorias, etc. Entretanto, o Conselho não deve funcionar apenas na fiscalização[...]. É seu papel garantir a transparência e a confiabilidade da entidade, sendo um suporte à diretoria e mediação entre a associação sindical e os associados”.

Professores e professoras aposentados são candidatos ao Conselho Fiscal da Adunirio.

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Como você avalia a atual conjuntura nacional no contexto da luta dos professores?A conjuntura atual de crise política, econômica e social, que, entre outros aspectos, se materializa nos ataques aos direitos dos trabalhadores, expressa mais um momento do projeto do capital em curso há séculos. Por conseguinte, o cenário atual já era esperado por nós, como produto das crises cíclicas e inerentes ao capital. Por outro lado, era também esperado que as entidades classistas avançassem na construção de um campo de esquerda, o que, infelizmente, não se concretizou na intensidade e na dimensão exigidos para o enfrentamento dessa conjuntura. Nesse sentido, ainda vivenciamos, como lastro do projeto neoliberal, a crise de representatividade em que a legitimidade dos partidos, sindicatos e movimentos sociais é questionada. Temos, então, como desafio a aproximação com a base e a necessidade de diferenciar os projetos de educação, universidade e de sociedade em disputa, qual sejam, aquele imposto pelo capital e de outro lado o defendido pelo Andes-SN.O nosso desafio central nessa conjuntura passa pelo diálogo com a categoria, para darmos visibilidade e capilaridade ao projeto de sociedade, de educação e de universidade que defendemos, reafirmando a imprescindível necessidade de organização de nossa categoria enquanto classe, articulada aos demais segmentos da classe trabalhadora, para que possamos de fato fazer frente ao projeto de sociabilidade imposto pelo capital. Só a construção efetiva de um campo de esquerda e a reafirmação de uma outra forma de sociabilidade, construídas em diálogo efetivo com a categoria, será capaz de criar a mobilização necessária aos enfrentamentos que se impõem.

Quais são os principais pontos apresentados pela chapa que hoje se apresenta para dirigir o Andes-SN?Nosso programa centra-se em duas dimensões que dialogam entre si, uma mais voltada para a categoria docente e para os ataques aos direitos dos trabalhadores e dos servidores públicos, e outra para os desafios que o Andes-SN tem como entidade classista no bojo da luta de classes. Na primeira dimensão nosso principal desafio é intensificar o trabalho de base, fazendo com que nosso sindicato, seus princípios e seu projeto de educação e de Universidade sejam conhecidos pelos professores, em especial aqueles que ingressaram recentemente em nossa categoria e que ainda não tem o sindicato como referência. Na segunda dimensão, nosso desafio é intensificar o diálogo e as alianças com as entidades de organização da classe trabalhadora, com ênfase nos movimentos sindical, popular, estudantil e social, construindo nosso

projeto de educação efetivamente junto com a sociedade. Ainda em articulação com outros segmentos organizados, temos o desafio de lutar contra as retiradas de direitos dos trabalhadores, em especial do serviço público e contra o desmonte dos serviços sociais, apontando para a construção efetiva de um campo classista.Como o sindicato docente pode fortalecer a atuação junto aos seus associados?Nosso principal desafio é chegar aos professores que são recém-ingressos nas Instituições de Ensino Superior, com menos de 10 anos, e que ainda não conhecem o sindicato e nossa proposta para a universidade brasileira. Para isso é necessário fortalecer o trabalho das seções sindicais, impulsionando o funcionamento dos grupos de trabalho local e os demais espaços organizativos. Também daremos início, como definido em nosso último congresso, realizado em Curitiba, a uma nova campanha de sindicalização.

“Temos o desafio de lutar contra as retiradas de direitos dos trabalhadores”

Entrevista

Eblin Farage - professora da UFF, candidata à presidência do Andes-SN

(Foto: Zulmair Rocha)

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Como você avalia o atual momento pelo qual passa o Rio de Janeiro, no qual vemos mobilizações e greves que abrangem a educação.Certamente é um cenário extremamente difícil para os trabalhadores do Rio de Janeiro que estão sendo vítimas de um processo de colapso dos serviços públicos. É importante ressaltarmos que essa crise não inaugura o desmonte da educação pública no Estado. Mesmo com o período de expansão econômica que tivemos entre 2004 e 2012, a educação pública em nenhum momento foi prioridade. Os governos do PMDB apoiados pelo governo federal encabeçado pelo PT avançaram na implementação de projetos educacionais de caráter privatista, buscando parcerias com a iniciativa privada que passou a influenciar diretamente os currículos de formação e até mesmo a gestão das escolas públicas. As escolas municipais do Rio de Janeiro se tornaram verdadeiros laboratórios de desenvolvimento de parcerias público-privadas. No Estado, as FAETEC’s passaram pelo mesmo processo. Ao mesmo tempo, as condições de trabalho dos profissionais da educação permaneceram muito precárias. Baixos salários, superlotação das salas de aula e assédio moral fazem parte da rotina desses companheiros, levando-os, inclusive ao adoecimento físico e psíquico. O que estamos vendo é o aprofundamento desse contexto de precarização que sempre esteve presente na educação púbica no Estado do Rio. Frente a ele, as mobilizações são o único caminho possível. O que você pode dizer sobre os últimos acontecimentos que envolvem a ofensiva da Ebserh nas universidades federais do Rio de Janeiro?É preciso falarmos com todas as letras: trata-se da privatização do complexo hospitalar formado pelos hospitais

“As mobilizações são o único caminho possível”

Bruno José - professor da Unirio, candidato a coordenador regional do Andes-SN

Entrevista

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universitários do Rio de Janeiro. A Ebserh faz parte daquilo que a Professora Maria Inês Bravo caracteriza como “Projeto de Reforma Sanitária Flexibilizada” que se baseia no abandono das bandeiras que parametraram a criação do SUS, como a participação popular via controle social democrático e prevalência do Estado na oferta dos serviços. Um dos seus fundamentos é a ressignificação do conceito de público. De acordo com esse projeto, inspirado pela Contrarreforma do Estado inaugurada pelo ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira durante o governo FHC, público não necessariamente significa ser estatal, abrindo espaço para as chamadas Organizações Sociais e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. A forma autoritária que a Ebserh vem sendo implementada nos HUs é um outro elemento que faz parte desse cenário de desmonte do SUS. Aqui na Unirio, o Reitor, Prof. Jutuca, fez uma campanha onde se posicionou contrariamente à Ebserh e logo após a sua eleição, a impôs através de um ad referendum que foi corroborado em um Conselho Universitário onde parte significativa dos componentes foi por ele indicada. Na UFF, o Reitor fez uma reunião à portas fechadas fora das dependências da Universidade e com a Guarda Municipal de Niterói e a Polícia Militar reprimindo com violência os manifestantes que queriam exercer o seu direito democrático de acompanharem a sessão. Você, como professor da Unirio e candidato a diretoria regional do Andes-SN, pode explicar qual o papel que a Unirio vem desempenhando ou pode vir a ter nos espaços nacionais e regionais de organização do movimento docente? Desde a greve de 2012, o movimento docente vem passando por uma renovação na Unirio. Companheiros novos somaram-se à luta em defesa da Universidade Pública,

gratuita, de qualidade e socialmente referenciada. Em relação às demandas internas da Unirio, destacamos a luta pela adoção de normas referentes às progressões que não prejudiquem os professores, associadas à denúncia das vergonhosas condições de trabalho enfrentadas pelos docentes e técnicos na instituição. Ao mesmo tempo, a luta por uma gestão da universidade baseada na transparência e na democracia tem sido uma prioridade do movimento docente na nossa universidade. Certamente, esse avanço político-organizativo nos projetou regional e mesmo nacionalmente. Somos vanguarda no debate nacional acerca dos direitos dos docentes-tutores do Ensino à Distância. Nossa experiência de solidariedade e organização junto a esses colegas nos permitiu apresentar essa discussão nos últimos congressos do Andes-SN inspirando outros debates como a necessidade da filiação e oganização dos docentes com outros vínculos precários. Além disso, tenho certeza que o cenário de precarização das Universidades no Rio de Janeiro, em função da atual crise, impulsionará lutas com as quais temos muito a contribuir, pois a precariedade é, infelizmente, uma realidade cotidiana na Unirio e contra ela temos lutado permanentemente.

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Em fevereiro e abril do ano passado, este boletim fez uma série de reportagens nas quais se destacava a política de bloqueio que afeta o acesso a lugares e informações, assim como o direito de “ir e vir” da comunidade acadêmica e a transparência na administração da Unirio. Neste ano de 2016, novamente o tema volta à tona com os desdobramentos advindos da prática de limitar o acesso a espaços da universidade pública, do escamoteamento de problemas e do mal encaminhamento dado às questões de manutenção da infraestrutura. Na primeira quinzena de março de 2016, durante uma forte chuva que caiu sobre a cidade do Rio de Janeiro, parte do teto do “Casarão” do Centro de Ciências Jurídicas e Políticas (CCJP) desabou. No lugar, encontra-se sediada a decania, o departamento de Fundamentos em

Ciências Jurídica, Política e Administração e a direção da Escola de Ciência Política. Por sorte, era um fim de semana e ninguém se machucou.Na 12ª edição deste boletim, já havíamos reportado sobre o perigo representado pela fragilidade das estruturas e sobre a falta de um lugar adequado para que os funcionários terceirizados pela universidade pudessem se alojar confortavelmente. A decania, porém, nos havia informado que esperava iniciar em agosto o restauro do Casarão.Nossa reportagem voltou ao local no segundo semestre do ano passado acompanhado de um grupo de filmagem que produzia uma matéria sobre as condições de trabalho nas universidades públicas do Rio de Janeiro, mas a vigilância terceirizada da Unirio interceptou o acesso. Consultada, a decania não autorizou as filmagens.

Caminhos bloqueados - III

Buracos no teto expõem perigo a que estão sujeitos professores, técnicos, estudantes e terceirizados.

A demolição da apelidada “Casa da Bruxa”, no Centro de Letras e Artes (CLA), é outro caso recente de caminhos bloqueados da Unirio. Reivindicada pelos estudantes como espaço de convivência e de alojamento improvisado diante da precariedade da política de assistência estudantil, a construção foi demolida durante o recesso (dezembro de 2015) de modo irregular, sem os trâmites legais necessários para se derrubar estruturas públicas e sem pessoal especializado.A ação da reitoria revela sua indisposição para a busca de soluções dialogadas com os estudantes e a utilização da política de “imposição do fato consumado” como método de gestão.

Demolir para não dialogar

A Casa da Bruxa antes e depois da demolição.

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Os cortes no orçamento da Educação (o MEC perdeu R$10,5 bi só em 2015) têm agravado os problemas com a manutenção da infraestrutura das universidades públicas. A informação sobre as condições dos espaços precisa ser transparente, sendo fundamental para que a sociedade possa ter uma avaliação palpável do tamanho do impacto que a política de ajuste fiscal tem causado e para que a comunidade acadêmica esteja ciente dos riscos aos quais está exposta.Nesse contexto, somado ao excesso de centralização por parte da reitoria, os parcos recursos designados para a administração direta pelas decanias não dão conta de resolver problemas que podem ser considerados “básicos”, compelindo muitas vezes as direções locais a buscarem soluções emergenciais que podem nos desvirtuar do caráter público da universidade.