boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

17
2014 CARTILHA BR BOAS PRÁTICAS DE MANEJO, COMERCIALIZAÇÃO E BENEFICIAMENTO DOS FRUTOS DE AÇAÍ Euterpe precatoria Conservação

Upload: phamnhan

Post on 07-Jan-2017

215 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

2014

CARTILHABR

BOAS PRÁTICAS DE MANEJO, COMERCIALIZAÇÃO EBENEFICIAMENTO DOS FRUTOS DE AÇAÍ Euterpe precatoria

Conservação

Page 2: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

2 1

APRESENTAÇÃOA floresta amazônica é considerada a maior floresta tropical do mun-do, e sua importância para o equilíbrio do planeta é notória. Para sua conservação, é necessária a criação e manutenção de modelos de desen-volvimento econômico que tornem as florestas valorosas em pé e conte-nham o desmatamento desordenado. O principal desafio é diversificar e aumentar a produtividade destas áreas, de modo que as populações tradicionais da floresta no Acre possam obter renda da floresta e zelar pela sua preservação.

Para tornar valorosas as florestas e conter o desmatamento, o desafio das populações tradicionais da floresta no Acre é diversificar e aumentar a produtividade destas áreas e obter sua sustentabilidade.

O manejo de recursos florestais pode ser um dos principais caminhos para se alcançar um desenvolvimento com bases realmente sustentá-veis, sendo economicamente viável, socialmente justo e ambientalmen-te correto.

Se conduzido de maneira racional, o manejo de Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNMs) torna as florestas rentáveis e, em muitos ca-sos, mantém sua estrutura e biodiversidade praticamente intactas. Os PFNMs envolvem uma grande variedade de produtos provenientes de centenas de espécies que trazem benefícios a povos e comunidades da Amazônia e a consumidores em todas as partes do planeta.

Page 3: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

2 3

Introdução 5Colheita e manejo dos frutos 5Debulha 8Pré-armazenamento 9Transporte 10Agroindústria ou despolpador informal de açaí 11

Introdução 12Comercialização 12Agroindústria ou despolpador informal de açaí 13Edifícios e instalações 13Água de abastecimento 18Equipamentos e utensílios 19Higiene dos equipamentos e utensílios 20Saúde e higiene pessoal 21Supervisão 23Higienização e processamento de frutos para obtenção da polpa 24Envase e rotulagem 24Congelamento e armazenagem 26Anexos 27Referências bibliográficas 29

PARTE I BOAS PRÁTICAS DE MANEJO DO FRUTO DE AÇAÍ

PARTE II BOAS PRÁTICAS DE COMERCIALIZAÇÃO E BENEFICIAMENTO

Dentre estes produtos destaca-se o açaí, fruto do açaizeiro (Euterpe pre-catoria), que é uma palmeira típica da Amazônia. Muito apreciado pelo excelente sabor de sua polpa, atualmente o açaí é uma das frutas amazô-nicas mais conhecidas no Brasil e no mundo, e há grandes perspectivas para a conquista de novos mercados.

Considerando que se trata de um produto florestal cuja produção natu-ral tem crescido, e que representa grande potencial econômico para as comunidades extrativistas, é necessário que sejam definidas técnicas de manejo para assegurar a sustentabilidade de seu sistema produtivo.

Este documento é um roteiro sobre boas práticas na coleta de açaí no estado do Acre. Seu objetivo é a conscientização a respeito do uso de boas práticas durante a coleta dos frutos, através da disponibilização de informações técnicas que possibilitem uma exploração que não traga maiores riscos para o coletor, a espécie e a própria cadeia produtiva.

O roteiro é direcionado a coletores/debulhadores e pequenos intermedi-ários da cadeia (produtor/coletor/despolpador), e foi dividido em duas partes: I. Boas práticas de manejo dos frutos de açaí e II. Boas práticas de comercialização e beneficiamento do fruto de açaí.

SUMÁRIO

Page 4: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

4 5

INTRODUÇÃO

O açaizeiro, palmeira tipicamente tropical, é encontrado em estado silvestre em matas de terra firme, várzea e igapó de toda a Amazônia. Seus frutos são usados, principalmente, para produção do tradicional vinho do açaí, cuja principal característica é seu alto valor energético e nutricional. Para coletar, processar e armazenar os frutos de forma adequada e segura é necessário que sejam seguidas seguir algumas re-comendações:

COLHEITA E MANEJO DOS FRUTOS

Para ter melhor controle de sua produção, procure escolher a área de colheita dentro dos limites da sua propriedade.

É importante observar o açaizeiro de onde os frutos serão retirados. Eles devem estar saudáveis, sem brocas, retos e produtivos.

© S

IMO

N R

AWLE

S / W

WF-U

K

PARTE I BOAS PRÁTICAS DE MANEJO DO FRUTO DE AÇAÍ

WWF-BRASIL

Secretária-GeralMaria Cecília Wey de Brito

Superintendente de ConservaçãoMauro José Capossoli Armelin

Coordenação do Programa AmazôniaMarco Lentini e Ricardo Mello

FICHA TÉCNICA

OrganizaçãoKaline Rossi do Nascimento – WWF-Brasil

Edição e revisãoKaline Rossi do Nascimento – WWF-Brasil (Analista de Conservação)Fernanda Melonio da Costa – WWF-Brasil (Analista de Comunicação)Lucas Souza Silva – WWF-Brasil (Assistente Técnico de Conservação)Flavio Quental Rodrigues – WWF-Brasil (Analista de Conservação)

Organizações envolvidas no processoMAPA, SEAPROF, ANVISA, EMBRAPA/AC, UFAC, FUNTAC, SEMA, SEBRAE, ICMBio, INPA

FotografiaSimon Rawles / WWF-UK

IlustraçãoClementino Almeida de Lima / WWF-Brasil

Design gráficoGuilherme K. Noronha – gknoronha.com

Publicado porWWF-Brasil

Edição EletrônicaISBN: 978-85-86440-79-3

Page 5: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

6 7

Mantenha seus equipamentos limpos e conservados. Eles salvam vidas. Descarte os equipamentos danificados.

O binóculo auxiliará na escolha dos frutos, pois o coletor pode-rá visualizar se estão maduros e prontos para coleta. Não se deve cortar o pé de açaí para re-tirar os frutos.

Utilizar equipamento de seguran-ça é fundamental. Colete seu açaí usando: cinto de segurança tala-barte, camisa, luvas, podão e bai-nha para proteger o terçado, que deve ser preso à cintura.

Procure utilizar todos os equi-pamentos indicados. Isso evi-ta acidentes e torna o trabalho mais produtivo.

Coletor de açaí colhendo os cachos com equipamentos de segurança.

Coletor de açaí com equipamentos de segurança.

Visualização dos cachos de açaí bons para colheita

utilizando binóculo.

Page 6: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

8 9

DEBULHA

Depois da coleta dos cachos, os frutos precisam ser debulhados com a lona esticada no chão, o que ajudará a manter a higiene durante o pro-cesso. Lance os frutos ruins na floresta, pois desta forma as sementes da-rão origem a novos pés de açaí que ajudarão na preservação da espécie naquele ambiente. Também devem ser jogados fora quaisquer materiais estranhos como: insetos, talos, folhas, areia, barro e outros resíduos.

É importante que os utensílios usados na coleta sejam guardados em local limpo e organizado e que permaneçam em boas condições de uso. Sempre que for realizar uma nova coleta, verifique a qualidade dos equipamentos, descarte o que estiver danificado e higienize lonas e caixas plásticas. Isso evita contaminação e prolonga a qualidade dos frutos coletados.

O local de depósito dos ma-teriais deve ser sempre lim-po, organizado e sem acesso para animais ou crianças. Não se esqueça de higienizar lonas, caixas plásticas e latas após o uso.

Por medida de segurança, o produtor deve evitar realizar a coleta nas primeiras ho-ras da manhã, quando ainda pode estar chovendo ou os frutos estão cobertos de or-valho ou molhados de chuva, para evitar que acumulem umidade e apodreçam mais rapidamente.

PRÉ-ARMAZENAMENTO

Ao retirar os frutos coletados da floresta, deve-se evitar contato com o corpo do ani-mal ou com o chão das em-barcações e/ou carros/car-roças. Os frutos devem ser comercializados em até dois dias, de modo que seu sabor e sua qualidade não sejam comprometidos.

Limpeza dos utensílios após uso.

Produtor realizando a debulha dos cachos corretamente.

Acondicionar adequadamente o açaí coletado é muito importante. Procure evitar contato com o corpo do animal ou com o chão da embarcação.

Page 7: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

10 11

O ideal é que os estrados sejam de plástico, mas também podem ser utili-zados estrados de madeira que devem ser substituídos a cada três meses.

TRANSPORTE

Forre o barco e/ou caminhão com lona limpa e seca para evitar umi-dade e contaminação da produ-ção. É recomendado que os frutos sejam transportados de manhã, quando estão com a temperatura mais baixa, o que ajuda a retardar o processo de degradação.

Os barcos e/ou caminhões usa-dos para o transporte do açaí de-vem ser limpos periodicamente.

O local de pré-armazenamento dos frutos, antes do transporte para os processadores, precisa ser exclusivo para o açaí, devendo ser evitada a mistura com qualquer tipo de material que possa contaminar a produ-ção. Os sacos de ráfia ou caixas plásticas contendo os frutos devem ser colocados sobre estrados, afastados do chão para proteger contra a umi-dade e evitar o contato com insetos, roedores e animais domésticos.

AGROINDÚSTRIA OU DESPOLPADOR INFORMAL DE AÇAÍ

Acerte o período de entre-ga com o comprador, pois desta forma você garante a comercialização de toda sua produção. Lembre-se: após a colheita e debulha, os frutos de açaí devem ser entregues na fábrica em até 12 horas. Se os frutos estiverem em cachos, a en-trega pode ser feita em até dois dias.

O ambiente de acondiciona-mento de açaí deve ser limpo

e organizado. Evitando acesso para animais e crianças.

Caminhão de transporte do açaí sendo higienizado.

Entrega do açaí na agroindústria.

Page 8: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

12 13

INTRODUÇÃO

A comercialização do açaí sofre restrições por conta da alta perecibi-lidade do seu vinho, que não resiste mais do que 72 horas, mesmo em ambiente refrigerado. Além do mais, como toda fruta tropical, o açaí torna-se escasso no mercado durante a entressafra.

Para eliminar os diferentes riscos de contaminação, garantindo assim a qualidade do produto e a segurança da saúde do consumidor, devem ser observadas algumas recomendações:

COMERCIALIZAÇÃO

Caso tenha contato direto com os frutos, evite o manuseio de dinheiro. Procure manter suas mãos sempre limpas.

AGROINDÚSTRIA OU DESPOLPADOR INFORMAL DE AÇAÍ

O lugar de processamento do fruto deve estar localizado em áreas isentas de odores indesejáveis, fumaça, pó e outros contaminantes que possam representar perigos potenciais ao produto processado (polpa ou bebida açaí). Caso já esteja estabelecido em um local, avalie se o mesmo atende a estes critérios de limpeza.

EDIFÍCIOS E INSTALAÇÕES

O edifício e as instalações para o local de processamento de polpa devem ter construções sólidas e de fácil limpeza e sanificação.

As paredes devem ser pintadas com tintas laváveis, preferencialmente de cor branca. Recomenda-se utilizar um antimofo na tinta. Na área de processamento devem ser utilizados azulejos de cor branca e os ângulos Evite pegar em dinheiro enquanto estiver em contato com o açaí.

PARTE II BOAS PRÁTICAS DE COMERCIALIZAÇÃO E BENEFICIAMENTO

Page 9: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

14 15

entre paredes e piso devem ser abaulados para facilitar a limpeza e sa-nitização.

O teto pode ser de alumínio ou cimento, pintado de branco, forrado com material branco para facilitar a limpeza, dificultar o aparecimento de poeiras, insetos e propiciar melhor aparência. A altura recomendada para o pé direito na área de processamento é de 4,0 m a 4,5 m.

O piso deve ser de material resistente, impermeável, lavável e antider-rapante, além de não possuir frestas e ser de fácil limpeza e desinfecção, devendo ser levemente inclinado para facilitar o escoamento da água, além de ter um ralo (tipo sifão ou similar) para evitar o acúmulo de água na área.

Evite a presença de animais e insetos na área de processamento. To-das as janelas e outras aberturas de acesso ao local devem ser teladas.

As portas devem ter superfícies lisas, não absorventes, com fechamento automático (mola ou sistema eletrônico) e abertura máxima de 1,0 cm de piso. Como complemento para evitar a entrada de insetos, também podem ser utilizadas cortinas de ar entre as áreas.

IluminaçãoA iluminação das áreas de produção de polpa pode ser artificial ou natu-ral, utilizando-se das aberturas das janelas teladas.

As fontes de luz artificial devem: � Ser colocadas diretamente no teto, preferencialmente embutidas

ou não aparentes na área de manipulação dos alimentos; � Estar protegidas, mas sem sombras ou alteração de cor, para evi-

tar perigos no caso de quebras e explosões; � Não devem ser colocadas em cima das linhas de produção ou de

locais que armazenam insumos e/ou ingredientes; � Quando exteriores, as instalações devem ser revestidas por tubu-

lações isolantes; � As conexões elétricas devem ser isoladas para possibilitar fácil

limpeza; � As áreas externas devem ser iluminadas, preferencialmente afas-

tadas das portas para reduzir a atração de insetos noturnos; � A iluminação deve ter padrões mínimos como: 1000 lux - áreas de

inspeção; 250 lux - áreas de processamento; 150 lux - outras áreas.

VentilaçãoA unidade de processamento de polpa deve ter um sistema de ventila-ção adequado, natural ou induzido através de condicionadores de ar. É recomendável também a instalação de exaustores, principalmente na área de produção, para possibilitar a retirada do ar quente e amenizar a temperatura da sala de processamento.

Instalações da área de processamento da agroindústria.

Page 10: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

16 17

Estoque e armazenamentoOs insumos, as matérias-primas e os produtos acabados devem estar lo-calizados sobre estrados e separados das paredes para permitir a correta limpeza e sanitização do local.

Higiene e limpeza do edifício e das instalaçõesRecomenda-se a instalação de lavabos nas áreas de produção, com utilização de sabões ou detergentes neutros, com papel toalha ou com as toalhas tradi-cionalmente utilizadas em cozinhas residenciais. Deve-se conservar reci-pientes contendo uma solução de álcool a 70% para higienizar as mãos do manipulador antes de iniciar qualquer etapa na linha de produção.

Requisitos básicos para banheiros e vestiários: � Ser bem iluminados e ventilados, ter lavabos suficientes para a

higiene dos funcionários;

� Dispor de sabão ou sabonetes líquidos, detergentes e desinfetan-tes, para ajudar na eficiência da limpeza; toalhas descartáveis (papel toalha) para secar as mãos e recomenda-se a utilização de lixeiras com tampas próximas aos lavabos para evitar atração de insetos;

� Limpeza periódica (diária) dos vestiários e dos banheiros. Orien-ta-se fixação de avisos e cartazes com orientações e formas corre-tas sobre hábitos de higiene.

Resíduos e efluentes

As águas residuais devem ser escoadas para fora das instalações e pre-vistas no sistema de saneamento da região.

Os resíduos gerados pelo processamento de polpa devem ser dispostos em locais reservados para o armazenamento de lixo. Recomenda-se con-trole constante do conteúdo das lixeiras e que o lixo seja eliminado em locais onde a coleta é diária, para que não acumule sujeiras na parte externa e interna da área e atraia pragas e microrganismos que possam contaminar os produtos.

Local de estoque e armazenamento.

Lixo e demais resíduos devem sempre estar em locais adequados.

Saiba mais nos anexos 1, 2 e 3.

Page 11: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

18 19

ÁGUA DE ABASTECIMENTO

A água que abastece a agroindústria de pol-pas pode ter várias procedências: abasteci-mento público, poços artesianos e, em alguns casos, fontes naturais. Deve-se conhecer a procedência da água para o preparo da polpa, bem como suas condições físico-químicas. Recomenda-se a análise de potabilidade da água de abastecimento usada. Caso seja uti-lizada água de poço, é necessário instalar um filtro próprio e um dosador de cloro, este úl-timo após o filtro da água.

O reservatório de água deve ser revestido de material que não comprometa a qualidade da água, estar livre de rachaduras, vazamentos, infiltrações, descascamen-tos e em adequado estado de conservação, devendo ser higienizado a cada 6 meses e ser mantido sempre tampado.

EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS

O material dos equipamentos e utensílios utilizados no processamento de polpa de frutas deve ser preferencialmente de aço inoxidável, pois além deste material ser resistente à corrosão, é fácil de limpar e não transmite substâncias tóxicas, odores e sabores aos produtos.

No caso de baldes e tanques de plástico, recomenda-se que sejam utili-zados por pouco tempo, pois este material apresenta alta capacidade de absorção de resíduos e odores, o que compromete a qualidade do pro-duto. Não é recomendado o uso de tanques de azulejos, pois apresentam frestas que facilitam o acúmulo de sujeira, dificultando o processo de limpeza e favorecendo a contaminação.

Batedeiras e tanques plásticos para o beneficiamento do açaí.

Page 12: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

20 21

HIGIENE DOS EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS

A higiene de equipamentos como despolpadora, freezer, geladeira e de-mais utensílios (bacias, conchas, funil, dosador, reservatório de água, piso, parede, porta, banheiro, janela, ralos e outros) deve ser feita la-vando com água e detergente, enxaguando, desinfetando com solução clorada a 200 ppm, usando para cada litro de água uma colher de sopa de água sanitária, deixando em contato por 15 minutos, e deixando se-car ao ar.

Todos os detalhes sobre o padrão para a construção da indústria e a legislação sobre as boas práticas devem ser consultados no Manual de Boas Práticas de Fabricação para Indústria de Alimentos da Socieda-de Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos (SBCTA), Portaria 1.428 do Ministério da Saúde.

O programa de controle de higiene e desinfecção deve ser determinado por meio das Boas Práticas de Fabricação (BPF) por um responsável téc-nico qualificado. A Capacitação em Higiene para os administradores e os funcionários deve levar em consideração os seguintes aspectos:

ü Métodos gerais para limpeza e desinfecção numa indústria de alimentos;

ü Procedimentos gerais de higiene, ordem e desinfecção; ü Definições de higiene e sanificação, seleção dos melhores

detergentes e sanificantes para uma indústria de polpa; ü Papel do manipulador no processamento de polpa e boas

práticas de fabricação e sua relação com as condições higi-ênico-sanitárias do estabelecimento, processos e produtos.

SAÚDE E HIGIENE PESSOAL

Todos os envolvidos no processo de colhei-ta até o beneficiamento devem passar por exames médicos periódicos. No processo de admissão, o candidato deve estar em plena saúde física e sem nenhum tipo de lesão ou doença de pele. Pessoas com ferimentos, afecções cutâneas ou doenças infectoconta-giosas precisam ser tratadas e afastadas das áreas produtivas e de armazenamento.

O exame médico deve ser renovado perio-dicamente ou após afastamento por enfermidade.

Boas práticas básicas de higiene:

ü Evitar coçar a cabeça, introduzir dedos nas orelhas, nariz e boca fora dos banheiros;

ü Sempre cobrir a boca e o nariz com lenço de papel ao tossir e/ou espirrar próximo às operações de produção. Após este ato, lavar e desinfetar as mãos antes de retornar à produção;

ü Tomar banho antes de iniciar a produção do dia; ü Utilizar uniformes preferencialmente de cor branca e lim-

pos. Para processamento de polpa de frutas, recomenda-se utilizar aventais de plástico por cima dos uniformes, pois eles podem ser lavados diariamente;

ü Utilizar gorros, luvas, máscaras e botas de cor branca du-rante a produção de polpas. A máscara e a touca devem ser descartáveis sendo trocadas sempre que mudar de atividade e no final de cada período trabalhado;

ü As botas devem ser de borracha e não podem possuir aber-turas nas pontas e calcanhares;

ü Os homens devem estar sempre bem barbeados;

Page 13: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

22 23

ü As unhas devem ser mantidas curtas, limpas e livres de qualquer tipo de esmalte;

ü Mulheres não devem usar cílios e unhas postiças; ü Evitar o uso de adornos pessoais como brincos, colares, re-

lógios, pulseiras etc.; ü Não manipular o produto se estiver com ferimentos ou doente.

Pessoas que não fazem parte do quadro de funcionários e que visitam as instalações da fábrica também devem cumprir as recomendações de higiene.

SUPERVISÃO

O procedimento de lavagem de mãos dos funcionários deve ser efetuado sempre que:

� entrar na área de produção; � iniciar o processamento; � manipular utensílios e/ou equipamentos sujos; � iniciar nova operação com alimentos; � usar os sanitários.

Lembre-se de sempre usar o uniforme: avental, touca, máscara, botas e luvas durante o manuseio do açaí.

Higiene:Lavar as mãos com sabão sempre.

Os estabelecimentos produtores de polpa devem ter um supervisor capa-citado em processamento e que seja responsável pelas boas práticas de fabricação. Para este cargo, recomenda-se um engenheiro de alimentos.

Page 14: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

24 25

HIGIENIZAÇÃO E PROCESSAMENTO DE FRUTOS PARA OBTENÇÃO DA POLPA

A vida dos frutos do açaizeiro pós-colheita pode ser prolongada mantendo-os em ambiente refrigerado sob temperatura de 10 ºC (câmara fria).

Etapas do processamento dos frutos de açaí 1. Primeira Lavagem: Depois da seleção, os frutos devem ser la-

vados com água potável corrente para a retirada de impurezas provenientes do campo e do transporte;

2. Segunda Lavagem (higienização): os frutos devem permane-cer imersos em uma solução contendo hipoclorito a 150ppm (7,5 ml de água sanitária a 2,5%) durante 20 minutos. Nesta etapa, devem ser feitos vários revolvimentos nos frutos e, com o auxílio de uma peneira, a remoção das partículas ou impurezas em sus-penso;

3. Terceira Lavagem: realizar nova lavagem com água potável para retirar o excesso de cloro;

4. Branqueamento: colocar o açaí em uma peneira de inox e imergi-lo em água a 80 ºC por 10s. Logo em seguida, realizar a imersão em água com gelo por 10s;

5. Despolpamentos: realizado em despolpadora vertical, cilíndri-ca e dotada de peneira na parte inferior, específica para a extra-ção do Açaí. Adicione água constante, cuja quantidade depende do tipo de polpa que se deseja obter.

ENVASE E ROTULAGEM

A polpa do açaí pode ser envasada em diferentes embalagens, depen-dendo do destino da produção: em embalagens plásticas de 100g, 500g e 1.000g, sendo aconselhado que a polpa seja direcionada por meio de tubulações diretamente para as dosadoras.

1

3

5

2

4

Page 15: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

26 27

CONGELAMENTO E ARMAZENAGEM

Após o envase, a polpa de açaí deve ser imediatamente congelada em locais próprios com temperatura de -4ºC. Após o congelamento, pode ser transferida para local de armazenamento congelado, onde é mantida a -18ºC.

As sobras de açaí processado devem ser colocadas em embalagens apropriadas e conservadas refrigeradas à temperatura de 7°C pelo pe-ríodo máximo de 24 horas. Caso falte energia elétrica por mais de três horas ou se o produto descongelar, consumir imediatamente e não voltar a congelar.

Agora o açaí está pronto para ser comercializado.

Qualidade em primeiro lugar!

ANEXO 1Procedimento operacional padrão para sanitizar engradado/caixa de plástico, saco de ráfia, lonas, luvas ou outros utensílios usados na colheita, coleta, pré-armazenagem, embalagem, armazenagem, transporte e beneficiamento do açaí

� Lavar as caixas, sacos, lonas, luvas ou outros utensílios com água e detergente neutro (sabão liquido), utilizando uma esco-va, e enxaguar com água potável corrente limpa;

� Sanitizar/higienizar, após a lavagem e o enxague, cada material acima citado com uma solução clorada a 200 ppm, preparada com agua potável limpa e hipoclorito de sódio (cloro), devendo prepará-la usando uma colher de sopa de agua sanitária a 2,5% de cloro ativo para cada litro de agua potável limpa, e deixar cada utensílio mergulhado durante 15 minutos;

� Retirar o material após os 15 minutos e deixá-lo secar natural-mente para enfim começar a utilizá-lo.

ANEXO 2Procedimento operacional padrão para limpeza e sanitização de caixa d’agua

� Feche o registro e esvazie a caixa d’água; � Feche a saída de água da caixa d’água; � Retire a sujeira com escova; � Lave as paredes e o fundo da caixa d’água com água e sabão. Os

utensílios – como vassoura, escova, rodo e pano – devem ser de uso exclusivo para este fim;

� Abra a saída de água e retire todo o sabão com água corrente; � Feche a saída de água;

Page 16: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução de Diretoria Colegiada - RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. D.O.U de 16/09/ 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov. br/leisref/public/showAct.php?id=12546&word=>. Acesso em: 01 mar. 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução de Diretoria Colegiada – RDC n°18, de 29 de julho de 2005. D.O.U de 1/08/2005. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Higiênico-Sanitários para Manipulação de Alimentos e Bebidas Preparados com Vegetais. 2005. Disponível em: <http://e-legis.bvs.br/leisref/public/showAct.php?id=18094&word>. Acesso em: 10 ago. 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1428, de 26 de novembro de 1993. Regulamento técnico sobre as inspeções sanitárias, boas práticas de produção/prestação de serviços e padrão de identidade e qualidade na área de alimentos. D.O.U, Seção I, pg. 18.412 de 02/12/93.Brasília, DF, 22 dez. 1993.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 326, de 30 de julho de 1997. Estabelece regulamento técnico condições higiênico-sanitárias e de boas práticas de fabricação para estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos. D.O.U, Seção I, de 01/08/97 Brasília, DF, 01 ago. 1997.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Secretaria de defesa Agropecuária. Instrução Normativa nº 5, de 31 de março de 2000. D.O.U, Seção I , p. 10 de 05/04/2000. Aprova o Regulamento Técnico para a fabricação de bebidas e vinagres, inclusive vinhos e derivados da uva e do vinho, dirigido aos estabelecimentos que especifica. Brasília, DF, 08 abr. 2000.

BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Decreto nº 6.871, de 4 de Junho de 2009. D.O.U., Seção 1. 05/06/2009. p. 20. Regulamenta a Lei nº 8.918, de 14 de julho de 1994, que dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas. Brasília, DF, 04 de jun. 2009.

OMS. Organização Mundial de Saúde. Higiene dos Alimentos – Textos Básicos. Organização Pan-Americana da Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária; Food and Agriculture Organization of the United Nations. – Brasília, DF: Organização Pan-Americana da Saúde, 2006. 64 p.

SBCTA. Associação Brasileira dos Profissionais da Qualidade dos Alimentos. Boas práticas de fabricação para empresas processadoras de alimentos. 4. ed. São Paulo: SBCTA, 1995. 30 p. (Manual – Série Qualidade).

WADT, L.H.de O; RIGAMONTE-AZEVEDO, O. N.; FERREIRA, E. J. L.; CARTAXO, C. B. da CUNHA. Manejo de Açaí Solteiro (Euterpe Precatoria Mart) para produção de frutos. SEAPROF: Documento Técnico. Rio Branco, AC: Secretaria de Extrativismo e Produção Familiar, 2004. 34 p.

� Prepare a solução desinfetante, diluindo 1 litro de água sanitária a 2,5 de cloro em 5 litros de água limpa. Este volume é apropria-do para sanitizar uma caixa d’água de 1.000 litros;

� Espalhe a solução desinfetante nas paredes e fundo da caixa d’água com uma broxa ou pano. Aguarde por 30 minutos;

� Enxágue a caixa d’água com água corrente, retirando todo o resíduo de desinfetante;

� Esgote toda a água acumulada; � Agora a caixa d’água está limpa, sanitizada e pronta para ser

cheia com água.

ANEXO 3Procedimento para lavagem correta das mãos do manipulador

� Utilize água corrente para molhar as mãos; � Esfregue a palma e o dorso das mãos com sabonete ou sabão

neutro líquido, inclusive as unhas e os espaços entre os dedos, ate o antebraço, por aproximadamente 15 segundos;

� Enxágue bem com água corrente, retirando todo o sabonete ou sabão;

� Seque com papel toalha ou outro sistema de secagem eficiente; � Esfregue as mãos com um pouco de produto antisséptico, como

álcool a 70%, e deixe secar naturalmente; � Finalmente suas mãos estão limpas e prontas para manipular

alimentos!

Page 17: boas práticas de manejo, comercialização e beneficiamento dos

WWF.ORG.BR· BOAS PRÁTICAS DE MANEJO, COMERCIALIZAÇÃO E BENEFICIAMENTO DOS FRUTOS DE AÇAÍ

Por que existimos.Para interromper a degradação do meio ambiente e construir umfuturo no qual seres humanos vivam em harmonia com a natureza._____________________________________________________wwf.org.br

© 1986 Símbolo Panda WWF® “WWF” é uma marca registrada da rede WWFWWF-Brasil: SHIS EQ QL 6/8, Conjunto E – CEP 71620-430, Brasília, DF – (61) 3364-7400

Sobre o Açaí

40%Da produção de açaí no estado do Acre está na região de atuação do Projeto WWF-Sky Rainforest Rescue.

1.702 t/ano Foi a produção de frutos de açaí oriundos da coleta extrativista no Acre.

80%Da produção de frutos têm origem no extrativismo e açaizais manejados, enquanto os 20% restantes são provenientes de açaizais cultivados em várzea e terra firme na Amazônia brasileira.

129.630 t/anoÉ a demanda brasileira por polpa de açaí. Isso demonstra o amplo espaço onde a produção acriana deverá crescer nos próximos anos.