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Boas práticas agrícolas Uso e conservação da água

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B o a s p r á t i c a s a g r í c o l a s

Uso e conservação da água

RESUMO

A oferta permanente de água depende das características de cada região e de como ela é aproveitada. No Brasil, rios e córregos são mais usados, enquanto poços artesianos custam mais caro e cada um precisa ser registrado nos órgãos ambientais. A contribuição do produtor para o aumento da infiltração de água no solo e sua conservação mantendo-a limpa pode ser muito grande. A preparação da terra para integrar o sistema produtivo pode auxiliar muito com o planejamento das construções longe das Áreas de Preservação Permanente (APPs). Além disso, a formação de pastagens mantendo as distâncias regulamentadas das fontes de água, a escolha do pasto mais adequado ao tipo de solo da propriedade evitando a existência de solos expostos às intempéries e a construção de curvas de nível para evitar a perda da camada mais fértil do solo por erosão laminar, são outras importantes práticas de conservação.

Conservar as matas nas margens de rios, córregos, lagos naturais ou artificiais, lagoas e olhos d’água ajuda a proteger essas fontes e mantém a quantidade e a qualidade da água usada nas propriedades (Figura 1).

Figura 1. Vista geral de curso d’água com mata ciliar.

Uso e conservação da água

Boa prática aplicável em Áreas de Preservação Permanente, Reserva Legal, Áreas de Uso Restrito e de Uso Alternativo do Solo.

Construir açudes corretamente pode fornecer água de boa qualidade para o gado e outros usos nas fazendas e sítios. Mas essas fontes precisam de matas e cercas ao seu redor, evitando que o rebanho beba diretamente nesses locais evitando assim a sua contaminação. Os bebedouros e pilhetas devem ser abastecidos com canais, bombas ou canos. Uma ação importante para aumentar a infiltração da água na terra é construir barragens de captação para onde escorrerão as chuvas com a ajuda de terraços em curvas de nível de base larga e canais mais profundos na parte superior. Essa prática também ajuda a evitar erosões e estragos em estradas rurais, possibilitando a recuperação do solo e trazendo nova vida a córregos e rios em comunidades rurais.

Outro aspecto que merece ser destacado é que os pecuaristas que melhor usarem a água em suas propriedades terão benefícios econômicos, como a valorização de suas propriedades, atrelados a benefícios ambientais, como a conservação do solo e melhoria da sanidade animal. Em diversos países, produtores rurais dividem a quantidade de água disponível em cada região por meio de outorgas concedidas pelos governos e pagamentos de taxas. No Brasil a outorga deve ser solicitada sempre que for usado grande volume de água ou ocorrer lançamento de esgotos ou outros efluentes em rios, córregos ou lagos. Dúvidas sobre a necessidade de uma outorga podem ser resolvidas com os órgãos de meio ambiente. De forma geral, o Brasil tem leis modernas sobre recursos hídricos. A Constituição de 1988 definiu que são geridos pelos estados as águas superficiais ou subterrâneas, mas que elas pertencem à União se estiverem entre pelo menos dois estados, ou servindo de fronteira entre outros países. A Lei das Águas (Lei 9.433/1997) trouxe para o Brasil princípios vigentes em países avançados na gestão de águas, como a adoção da bacia hidrográfica para planejamento e dos usos múltiplos da água, reconhece a água como um recurso finito e vulnerável e com valor econômico, e ainda disciplina a gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos.

Aqueles que precisam recuperar as áreas de preservação permanente devem seguir a “regra da escadinha” que estabelece obrigações de recuperação de áreas de acordo com o tamanho das propriedades, de forma escalonada. Por exemplo, margens de cursos de água de qualquer largura, até 1 módulo rural, devem recuperar 5 metros de matas ciliares; de 1 a 2 módulos, 8 metros; de 2 a 4 módulos, 15 metros. De acordo com essa regra, as propriedades rurais que possuem acima de quatro módulos deverão fazer a recuperação de acordo com o Programa de Recuperação Ambiental (PRA) estabelecido nos estados.

A eficácia da conservação dos recursos naturais como, por exemplo, o hídrico, propicia ao empresário rural várias possibilidades de agregação de valor aos seus produtos, assim como outros benefícios destas práticas de conservação. Um bom exemplo é o produtor de água; se o produtor tem uma boa gestão ambiental do espaço rural que lhe cabe, poderá obter ganhos monetários com os dividendos oriundos de fundos que premiarão aqueles que promovem a recuperação ambiental em suas propriedades. O aumento da vazão de cursos de água em propriedade está perfeitamente alinhado ao Código Florestal Brasileiro na proteção de nascentes,

recuperação da Reserva Legal e conservação da vegetação ciliar, de matas, etc. Dessa maneira, em muitas regiões do nosso país o produtor que consegue aumentar a vazão de água em suas propriedades rurais recebe monetariamente por isso, tornando-se um autêntico produtor de água no Brasil.

Bibliografia

BUNGENSTAB, D.J.; VALLE, E.R. do; DOMINGOS, I.T. 2011. Conservando água e solo: pecuária de corte no Cerrado. Brasília, DF: WWW-Brasil; Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2011. 28 p.

URL http://cloud.cnpgc.embrapa.br/bpa/files/2016/05/cartilha-conservando-agua-e-solo-wwf.pdf.

Autor: Rodiney de Arruda Mauro - Embrapa Gado de Corte