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Manual de outorga 2010

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Manual do Usurio revisado[1]

Manual Tcnico e Administrativo Outorga de Direito de Uso de Recursos Hdricos no Estado de Minas Gerais

Governador do Estado de Minas Gerais Antnio Augusto Junho Anastasia Secretrio de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel - SEMAD Jos Carlos Carvalho Instituto Mineiro de Gesto das guas - IGAM CIDADE ADMINISTRATIVA - Edifcio Minas Rodovia Prefeito Amrico Gianetti, s/n - 1 andar CEP 31.630-900 Diretoria Geral Cleide Izabel Pedrosa de Melo - Diretora Geral E-mail: [email protected] Breno Esteves Lasmar - Procurador Geral E-mail: [email protected] Diretoria de Monitoramento e Fiscalizao - DMFA Marlia Carvalho de Melo - Diretora E-mail: [email protected] Ana Carolina Miranda Lopes de Almeida - Assessora da DMFA E-mail: [email protected] Gerncia de Apoio Regularizao Ambiental - GEARA Tel:(31) 3915 1125 / 3915 1126 Jeane Dantas de Carvalho Tobelem - Gerente E-mail: [email protected] Coordenao da elaborao do Manual Fernanda Mota Fins - Analista Ambiental E-mail [email protected] Patrcia Gaspar Costa - Analista Ambiental E-mail: [email protected] Responsvel pela elaborao do Manual Alberto Simon Schvartzman - consultor E-mail: [email protected] Equipe de Analistas Ambientais Adriana de Jesus Felipe - Analista Ambiental E-mail: [email protected] Anglica de Lacerda Gontijo - Analista Ambiental E-mail [email protected] Cntia Marina Assis Igdio - Analista Ambiental E-mail: [email protected] Geila Batista Coelho- Analista Ambiental E-mail: [email protected] Heitor Soares Moreira - Analista Ambiental E-mail: [email protected] Patrcia Pascal Goulart - Analista Ambiental E-mail: patricia.goulart @meioambiente.mg.gov.br Paulo Srgio Souza Magalhes - Analista Ambiental E-mail: [email protected] Thiago Figueiredo Santana - Analista Ambiental E-mail: [email protected] Sueli Aves Miranda - Analista Ambiental E-mail: [email protected] Admildo Avelino Gualberto - Administrativo E-mail: [email protected] ngela Fernanda de Paula Theodoro - Administrativo E-mail: [email protected] Elias de Jesus - Administrativo E-mail: [email protected] Luiz Carlos da Silva - Administrativo E-mail: [email protected] Marconi Rocha da Silveira - Administrativo E-mail: [email protected] Brbara Lusa Vieira Arajo - Estagiria E-mail: [email protected] Dbora Oliveira Bittencourt - Estagiria E-mail: [email protected] Francine Lorena Rodrigues - Estagiria E-mail [email protected] Guilherme Afonso Santana - estagirio Email: [email protected] Lucas Martins Barbosa - estagirio [email protected] Luiz Henrique Lemos - Estagirio E-mail: [email protected] Luza Pinheiro Rezende Ribas - Estagiria E-mail: [email protected] Raquel dos Santos Ribeiro - Estagiria E-mail: [email protected] Samantha Ninja de Moraes - Estagiria E-mail: [email protected] SUMRIO INTRODUO -----------------------------------------------------------------------------------------------------------1 1. COMO SOLICITAR A OUTORGA ----------------------------------------------------------------------------5 1.1. Usos de recursos hdricos que esto sujeitos outorga ------------------------------------------------------5 1.1.1. Usos que alteram a quantidade da gua em corpo hdrico-----------------------------------------6 1.1.2. Usos que alteram a qualidade de gua em corpo hdrico ------------------------------------------6 1.1.3. Usos que alteram o regime das guas em corpo hdrico-------------------------------------------6 1.1.4. Usos de recursos hdricos que independem de outorga --------------------------------------------8 Cadastro Obrigatrio e Certido de Registro de Uso Insignificante-------------------------------------10 1.2. Documentao e Formulrios necessrios para o pedido de outorga------------------------------------11 1.3. Vigncia da outorga de direito de uso de recursos hdricos-----------------------------------------------13 Prazos de vigncia-------------------------------------------------------------------------------------------------13 Suspenso da outorga---------------------------------------------------------------------------------------------13 Extino da outorga-----------------------------------------------------------------------------------------------14 1.4. Renovao e Retificao de Portaria de Outorga -----------------------------------------------------------14 Renovao da Portaria de Outorga-----------------------------------------------------------------------------14 Retificao da Portaria de Outorga ----------------------------------------------------------------------------15 1.5. Declarao de Reserva de Disponibilidade Hdrica --------------------------------------------------------16 2. MODOS DE USO DA GUA CONSIDERADOS NAS ANLISES DOS PROCESSOS DE OUTORGA DE GUAS SUPERFICIAIS ------------------------------------------------------------------------21

2.1. Captao Direta nos Cursos de gua--------------------------------------------------------------------------21 Anlise da disponibilidade hdrica-----------------------------------------------------------------------------22 Balano hdrico ----------------------------------------------------------------------------------------------------23 2.1.1. Caminho-pipa-------------------------------------------------------------------------------------------24 2.1.2. Derivaes e Regos de gua--------------------------------------------------------------------------25 2.2. Desvios de curso de gua ----------------------------------------------------------------------------------------25 2.3. Canalizaes e Retificaes do curso de gua---------------------------------------------------------------26 Dimensionamento Hidrulico-----------------------------------------------------------------------------------27 2.3.1. Dreno em pilhas de estreis na minerao (ou drenos de fundo) ------------------------------29 2.4. Construo de barramentos do curso de gua----------------------------------------------------------------29 2.4.1. Barramentos sem captao de gua---------------------------------------------------------------------29 Cheia mxima de projeto ----------------------------------------------------------------------------------------30 Estruturas hidrulicas---------------------------------------------------------------------------------------------31 2.4.2. Barramento sem captao de gua para regularizao de vazo ----------------------------------31 2.4.3. Captao de gua em barramento sem regularizao------------------------------------------------33 2.4.4 Captao em barramento com regularizao de vazo----------------------------------------------34

2.4.5 Barramentos em cascata-----------------------------------------------------------------------------------35 2.5. Travessia Rodo-Ferroviria (Pontes e Bueiros) -------------------------------------------------------------36 2.6. Estruturas de Transposio de Nvel (ECLUSA) -----------------------------------------------------------37 2.7. Dragagem, Limpeza e Desassoreamento de Cursos de gua---------------------------------------------38 2.8. Dragagem para fins de Extrao Mineral---------------------------------------------------------------------39 2.9. Lanamento de Efluentes ----------------------------------------------------------------------------------------40 Anlise tcnica-----------------------------------------------------------------------------------------------------42 2.10. Aproveitamento de Potencial Hidreltrico -------------------------------------------------------------------42 3 MODOS DE USO DA GUA CONSIDERADOS NAS ANLISES DOS PROCESSOS DE OUTORGA DE GUAS SUBTERRNEAS --------------------------------------------------------------------48 3.1 Ocorrncia das guas Subterrneas --------------------------------------------------------------------48 Tipos de Aquferos------------------------------------------------------------------------------------------------48 Manual Tcnico e Administrativo Outorga de Direito de Uso de Recursos Hdricos no Estado de Minas Gerais reas de reabastecimento ou de recarga do aqufero-------------------------------------------------------49 Testes de aqufero -------------------------------------------------------------------------------------------------49 Testes de bombeamento------------------------------------------------------------------------------------------50 Testes de recuperao---------------------------------------------------------------------------------------------50 3.2 Captaes de guas Subterrneas-----------------------------------------------------------------------51 3.2.1 Captaes em poos manuais e cisternas --------------------------------------------------------------51 3.2.2 Captaes em nascentes, olhos dgua e surgncias-------------------------------------------------52 3.2.3 Captaes por meio de poos tubulares profundos---------------------------------------------------53 Usos insignificantes isentos de outorga -----------------------------------------------------------------------54 Autorizao de perfurao---------------------------------------------------------------------------------------54 Pedido de outorga -------------------------------------------------------------------------------------------------56 Qualidade das guas captadas-----------------------------------------------------------------------------------56 3.3 Rebaixamento do Nvel de gua ------------------------------------------------------------------------57 3.3.1 Rebaixamento de nvel de gua para a atividade de minerao -----------------------------------57 3.3.2 Rebaixamento de nvel de gua para execuo de obras civis-------------------------------------58 3.4 Captao de gua Subterrneas para fins de Pesquisa Hidrogeolgica -------------------------59

3.5 Interveno em Lenol Fretico Aluvionar para fins de Extrao Mineral ---------------------60 4 FINALIDADES DE USOS DAS GUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRNEAS-----------------63 4.1 Saneamento---------------------------------------------------------------------------------------------------------63 4.2 Criao e dessedentao de animais ---------------------------------------------------------------------------68 4.3 Irrigao de culturas-----------------------------------------------------------------------------------------------70 4.4 Indstrias------------------------------------------------------------------------------------------------------------79 4.5 Minerao-----------------------------------------------------------------------------------------------------------80 4.6 Aquicultura ---------------------------------------------------------------------------------------------------------81 Tanques escavados ------------------------------------------------------------------------------------------------81 Tanques-rede -------------------------------------------------------------------------------------------------------81 5 BASES JURDICO-INSTITUCIONAIS ---------------------------------------------------------------------85 5.1 Leis Federais e Decretos -----------------------------------------------------------------------------------------85 5.2 Resolues do Conselho Nacional de Meio Ambiente-----------------------------------------------------87 5.3 Resolues do Conselho Nacional de Recursos Hdricos -------------------------------------------------88 5.4 Leis Estaduais e Decretos----------------------------------------------------------------------------------------90 5.5 Resolues SEMAD ----------------------------------------------------------------------------------------------94 5.6 Deliberaes Normativas do Copam e do CERH-MG-----------------------------------------------------95 5.7 Portarias Administrativas do IGAM ---------------------------------------------------------------------------96 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS------------------------------------------------------------------------------99 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Consumo de gua no abastecimento pblico e atividades domsticas--------------------------65 Tabela 2 - Caractersticas fsico-qumicas dos esgotos sanitrios. --------------------------------------------66 Tabela 3 - Indicadores de eficincia do abatimento de carga orgnica. --------------------------------------67 Tabela 4 Consumo de gua para dessedentao e criao de animais (Tabela SUDERHSA).--------69 Tabela 5 Consumo de gua na criao e dessedentao de animais (Tabela IGAM) -------------------69 Tabela 6 Valores de Kc (inicial, mdio e final) para diversas culturas-------------------------------------74 Tabela 7 Indicadores de consumo de gua para sistemas de irrigao -------------------------------------78 Tabela 8 Consumo de gua na agricultura, por mtodo e tipo de irrigao. ------------------------------79 Tabela 9 Consumo de gua de indstrias (referncia SUDERHSA).---------------------------------------79 Tabela 10 Consumo de gua por tipo de indstria (Livro guas Doces do Brasil).---------------------80 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Leis e decretos federais relevantes gesto de recursos hdricos -------------------------------85 Quadro 2 - Resolues CONAMA relevantes gesto dos recursos hdricos ------------------------------87 Quadro 3 - Resolues CNRH relevantes gesto dos recursos hdricos -----------------------------------89 Quadro 4 Leis Estaduais e Decretos relevantes gesto dos recursos hdricos --------------------------90 Quadro 5 - Resolues SEMAD -------------------------------------------------------------------------------------94

Quadro 6 - Deliberaes Normativas do COPAM e do CERH-MG------------------------------------------95 Quadro 7 - Portarias do IGAM ---------------------------------------------------------------------------------------97 10

LISTA DE FIGURAS Figura 1 Unidades de Planejamento e Gesto dos Recursos Hdricos

21

Figura 2 Captaes diretas no curso de gua

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Figura 3 Outorgas referentes a intervenes em determinada rea de drenagem

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Figura 4 - Captaes de gua em reservatrios formados por barramentos

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Figura 5 Aplicativo utilizado para simulao da operao dos reservatrios

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Figura 6 Ponte e Bueiro Celular Triplo

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Figura 7 Eclusa

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Figura 8 Dragagem e desassoreamento de cursos de gua

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Figura 9 Dragagem para fins de extrao mineral

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Figura 10 Captaes em poos manuais e cisternas

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Figura 11 Captaes em nascentes e surgncias

54

Figura 12 Captaes por meio de poos tubulares

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Figura 13 Rebaixamento do nvel de gua

60

Figura 14 Interveno em meio aluvionar

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AAF - Autorizao Ambiental de Funcionamento

ANA - Agncia Nacional de guas

ART - Anotao de Responsabilidade Tcnica

CERH - Conselho Estadual de Recursos Hdricos

CGFAI - Comit Gestor da Fiscalizao Ambiental Integrada

CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hdricos

CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente

COPAM - Conselho Estadual de Poltica Ambiental

CREA - Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

DAE/MG - Departamento de guas e Energia Eltrica do Estado de Minas Gerais

DAIA - Documento Autorizativo para Interveno Ambiental

DMFA - Diretoria de Monitoramento e Fiscalizao Ambiental

FCE - Formulrio de Caracterizao do Empreendimento

FEAM - Fundao Estadual de Meio Ambiente

FOB - Formulrio de Orientaes Bsicas

GEARA - Gerncia de Apoio Regularizao Ambiental

IEF - Instituto Estadual de Florestas

IGAM - Instituto Mineiro de Gesto das guas

SEGRH-MG - Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hdricos

SEMAD - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel

SIAM - Sistema Integrado de Informao Ambiental

SISEMA - Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hdricos

SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente

SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza

SUPRAM - Superintendncia Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel

TDR - Termos de Referncia

UPGRH - Unidade de Planejamento e Gesto de Recursos Hdricos

1 INTRODUO Apresenta-se a seguir o Manual Tcnico e Administrativo de Outorga de Direito de Uso de Recursos Hdricos do Estado de Minas Gerais - Verso Usurio A Lei Estadual no 13.199, de 29 de janeiro de 1999, que dispe sobre a Poltica Estadual de Recursos Hdricos no Estado de Minas Gerais, estabelece que a outorga dos direitos de uso de recursos hdricos deva assegurar o efetivo exerccio dos direitos de acesso gua. de responsabilidade do poder pblico assegurar o acesso gua, mediante o uso racional e eficiente das guas, compatibilizando as demandas s disponibilidades hdricas, nas respectivas bacias hidrogrficas, para os diversos usos a que se destinam. A correta aplicao do instrumento da outorga, mais do que um ato de regularizao ambiental, se destina a disciplinar a demanda crescente das guas superficiais e subterrneas entre os diversos usos concorrentes e ainda a indicar aos usurios de recursos hdricos, a necessidade da adoo de prticas modernas e conservacionistas. Nesta verso atualizada at o ms de setembro de 2010 do Manual de Outorga - Verso Usurio foram consideradas as normas legais, tcnicas e administrativas vigentes. Devero sempre ser consultadas as verses atualizadas, visto que a outorga de direito de uso de recursos hdricos um instrumento de gerenciamento que necessita de peridicas avaliaes, considerando-se as mudanas que ocorrem nos usos dos recursos hdricos, no contexto das diferentes bacias hidrogrficas do Estado de Minas Gerais. So apresentados, no Captulo 1 os usos da gua passveis de outorga de direito de uso de recursos hdricos e os usos que independem de outorga, mas que necessitam de cadastramento. So relacionados os documentos e formulrios necessrios para instruo dos processos de outorga de direito de uso de recursos hdricos; no Captulo 2 so descritos os modos de usos de recursos hdricos superficiais passveis de outorga, tais como captaes e derivaes de gua diretamente nos corpos de gua ou em barramentos, canalizaes e retificaes de trechos de rios, dentre outros usos; no Captulo 3 so descritos os principais modos de uso das guas subterrneas, tais como captaes e rebaixamentos de nvel de gua para as diversas finalidades; no Captulo 4, so apresentadas as principais finalidades das guas superficiais e subterrneas captadas, derivadas e acumuladas como, por exemplo, abastecimento domstico, irrigao de culturas, criao de animais, dentre outras; no Captulo 5 so apresentados, em quadros, as principais leis, decretos e normas legais relacionadas gesto das guas, com as respectivas ementas. 1. COMO SOLICITAR A OUTORGA 1. COMO SOLICITAR A OUTORGA A outorga deve ser solicitada antes da implantao de qualquer interveno que venha a alterar o regime, a quantidade ou a qualidade de um corpo de gua. Quando j estiver ocorrendo o uso do recurso hdrico, o processo de solicitao de outorga para regularizao da interveno o mesmo, sem o qual, o usurio estar sujeito s sanes previstas em lei pelo fato de estar utilizando os recursos hdricos sem a respectiva outorga. A outorga para uso de recursos hdricos deve ser solicitada junto ao IGAM, quando se tratarem de corpos de gua de domnio do Estado, e junto Agncia Nacional de guas - ANA, quando se tratarem de corpos de gua de domnio da Unio.

1.1. Usos de recursos hdricos que esto sujeitos outorga So passveis de outorga todos os usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da gua existente em um curso de gua, excetuando-se os usos considerados insignificantes que so, entretanto, passveis de cadastramento junto autoridade outorgante. A outorga de direito de uso de recursos hdricos no definitiva, sendo concedida por um prazo limitado, sendo que a lei j estipulou a sua validade mxima em 35 (trinta e cinco) anos, ainda que possa haver renovao, como tambm a sua suspenso ou seu cancelamento, conforme regulamento. As outorgas so controladas pelo poder pblico e so dependentes das condies de utilizao (quantidade e local de captao ou interveno), o que possibilita o controle e o gerenciamento dos respectivos modos de uso das guas superficiais e subterrneas e das finalidades a que se destinam. A despeito da descentralizao do recebimento dos requerimentos e da anlise dos processos de outorga de direito de uso de recursos hdricos nas Superintendncias Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel - SUPRAMs observa-se, entretanto, a utilizao dos mesmos critrios e procedimentos na tramitao e na anlise jurdica e tcnica dos processos de outorga. Esto sujeitos a outorga pelo Poder Pblico os seguintes usos de recursos hdricos, de acordo com o Art. 18 da Lei no 13.199/99: I - as acumulaes, as derivaes ou a captao de parcela da gua existente em um corpo de gua para consumo final, at para abastecimento pblico, ou insumo de processo produtivo; II - a extrao de gua de aqfero subterrneo para consumo final ou insumo de processo produtivo; III - o lanamento, em corpo de gua, de esgotos e demais efluentes lquidos ou gasosos, tratados ou no, com o fim de sua diluio, transporte ou disposio final; IV - o aproveitamento dos potenciais hidreltricos; V - outros usos e aes que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da gua existente em um corpo de gua. 1.1.1. Usos que alteram a quantidade da gua em corpo hdrico Os usos de recursos hdricos que alteram a quantidade de gua existente em um corpo hdrico so as captaes, derivaes e desvios. Estes usos podero ser realizados dependendo da disponibilidade hdrica existente e considerados os usos j outorgados montante e a jusante de determinada seo do curso de gua. Aps a realizao do balano hdrico na seo considerada e verificada a possibilidade de extrao de gua, tendo-se por base a vazo de referncia adotada pelo IGAM, a Q7,10 (vazo mnima de sete dias de durao e dez anos de recorrncia), devero ser verificadas as finalidades a que se destinam as guas captadas, derivadas ou desviadas quanto racionalidade, avaliada de acordo com procedimentos e critrios definidos, para cada finalidade de uso. 1.1.2. Usos que alteram a qualidade de gua em corpo hdrico Dentre os usos que alteram a qualidade de gua em determinado corpo hdrico, alm dos lanamentos de efluentes lquidos e gasosos, tratados ou no, de origem domstica ou industrial, citam-se o desenvolvimento de atividades como a aqicultura (tanques-rede) e demais atividades e/ou intervenes que modifiquem um estado antecedente em relao a parmetros monitorados. Tais usos devero ser analisados nos processos de outorga de direito de uso de recursos hdricos, e observadas as classes de enquadramento, quanto aos usos a que se destinam os diversos trechos do curso de gua. 1.1.3. Usos que alteram o regime das guas em corpo hdrico Dentre os usos que alteram o regime das guas alm das acumulaes em reservatrios formados a partir da construo de barramentos, citam-se as travessias rodo-ferrovirias (pontes e bueiros), estruturas de transposio de nvel (eclusas), dragagens e demais intervenes que alterem as sees dos leitos e velocidades das guas produzindo alteraes no seu escoamento natural e sazonal. Ressalta-se a necessidade de estudos tcnicos para cada tipo de interveno, que sero levados em conta na tomada de deciso pelo deferimento ou indeferimento de determinado requerimento de outorga. Para a operacionalizao da anlise dos requerimentos e emisso das outorgas de direito de uso de recursos hdricos, no Estado de Minas Gerais, o IGAM publicou a Portaria IGAM no49, de 01 de julho de 2010 - que estabelece os procedimentos para a regularizao do uso de recursos hdricos do domnio do Estado de Minas Gerais. A Portaria no49/2010 resolve no Art.2 classificar as outorgas de direito de uso de recursos hdricos: I - conforme as seguintes modalidades: a) concesso, quando as obras, os servios ou as atividades forem desenvolvidas por pessoa jurdica de direito pblico ou quando destinarem a finalidade de utilidade pblica. b) autorizao, quando as obras, os servios ou as atividades forem desenvolvidas por pessoa fsica ou pessoa jurdica de direito privado e quando no se destinarem a finalidade de utilidade pblica. II- conforme os seguintes modos de uso: a) captao ou derivao em corpo de gua; b) explotao de gua subterrnea; c) construo de barramento ou aude; d) construo de dique ou desvio em corpo de gua; e) rebaixamento de nvel de gua; f) construo de estrutura de transposio de nvel g) construo de travessia rodo-ferroviria; h) dragagem, dessassoreamento e limpeza de corpo de gua; i) lanamento de efluente em corpo de gua; j) retificao, canalizao ou obras de drenagem; k) transposio de bacias; l) aproveitamento de potencial hidroeltrico; m) sistema de remediao para guas subterrneas contaminadas; n) dragagem de cava aluvionar; o) dragagem em corpo de gua para fins de explorao mineral; p) outras intervenes que alterem regime, quantidade ou qualidade dos corpos de gua. III - conforme as seguintes finalidades: a) gerao de energia; b) saneamento: 1- captao para consumo humano, industrial, agroindustrial ou agropastoril; 2- intercepo, depurao e lanamento de esgotos domsticos; 3- drenagem fluvial; 4- veiculao e depurao de efluentes industriais; 5- veiculao e depurao de rejeitos agroindustriais; 6- veiculao e depurao de rejeitos agropastoris e de rejeitos provenientes da aqicultura; 7- outras; c) agropecuria e silvicultura: 1- irrigao de culturas e pastagens; 2- dessedentao de animais; 3- produo de pescado e bitipos aquticos; 4- drenagem e recuperao de reas agricultveis; 5- outras; d) transporte: 1- garantia de tirantes mnimos para navegao hidroviria; 2- extenso e interconexo hidroviria; 3- transposio de nveis; 4- melhoria de calhas navegveis; 5- travessia rodo-ferrovirias; 6- outras; e) proteo de bens e populaes: 1- controle de cheias e atenuao de inundaes; 2- controle de sedimentos; 3- controle de rejeitos de mineraes; 4- controle de salinizao; 5- outras; f) controle ambiental e qualidade de vida: 1- recreao e paisagismo; 2- controle de pragas e insetos; 3- preservao da vida selvagem e da biota natural; 4- recuperao, proteo e controle de aqferos; 5- compensao de impactos ambientais negativos; 6- outras; g) racionalizao e manejo de recursos hdricos: 1- transposio de bacias; 2- recarga de aqferos; 3- perenizao de cursos de gua; 4- drenagem e rebaixamento do nvel de gua em obras civis e mineraes; 5- outros; h) utilizao militar ou de segurana: 1- proteo de objetivos estratgicos; 2- instalaes militares ou de segurana; 3- instalaes para uso em trnsito; i) destinaes especiais: 1- controle alfandegrio; 2- disposio final de substncias especiais; 3- experimento cientfico ou tecnolgico; 4- outras. 1.1.4. Usos de recursos hdricos que independem de outorga A Lei no 13.199/99 estabelece, em seu Art. 18, que independem de outorga pelo Poder Pblico, conforme definido em regulamento, o uso de recursos hdricos para satisfao das necessidades de pequenos ncleos populacionais distribudos no meio rural, bem como as acumulaes, as derivaes, as captaes e os lanamentos considerados insignificantes. Ao isentar de outorga as retiradas ou lanamento de pequenas vazes e as pequenas acumulaes de gua consideradas insignificantes, o legislador busca no dificultar, atravs de procedimentos administrativos, o atendimento a pequenas demandas de gua que no alterem as caractersticas dos corpos de gua. A no obrigatoriedade da expedio da outorga no desobriga o Poder Pblico de inspecionar e fiscalizar tais usos, sendo os mesmos passveis de cadastramento. A Deliberao Normativa CERH-MG n 09, de 16 de junho de 2004, define os usos considerados como insignificantes para os corpos de gua de domnio do Estado de Minas Gerais, que so dispensados de outorga, mas no de cadastro pelo IGAM. Tendo em vista a significativa variao da oferta hdrica entre as diferentes regies do Estado, principalmente quando consideradas as guas superficiais e a sua menor disponibilidade nas regies norte, noroeste e nordeste, os usos insignificantes para guas superficiais apresentam valores distintos conforme a Unidade de Planejamento e Gesto de Recursos Hdricos UPGRH (Figura 1) em que elas ocorrem. De acordo com o Art.1 da DN CERH-MG n 09/2004, as captaes e derivaes de guas superficiais menores ou iguais a 1 litro/segundo so consideradas como usos insignificantes para as Unidades de Planejamento e Gesto de Recursos Hdricos (UPRGH) ou Circunscries Hidrogrficas do Estado de Minas Gerais; para as UPGRH - SF6, SF7, SF8, SF9, SF10, JQ1, JQ2, JQ3, PA1, MU1, Rio Jucuruu e Rio Itanhm, so consideradas como usos insignificantes a vazo mxima de 0,5 litro/segundo para as captaes e derivaes de guas superficiais. De acordo com o Art.2 da DN CERH-MG n 09/2004, as acumulaes de guas superficiais com volume mximo de at 5.000 m3 tambm so consideradas como usos insignificantes para as Unidades de Planejamento e Gesto de Recursos Hdricos (UPGRH) ou Circunscries Hidrogrficas do Estado de Minas Gerais; para as UPGRH - SF6, SF7, SF8, SF9, SF10, JQ1, JQ2, JQ3, PA1, MU1, Rio Jucuruu e Rio Itanhm, o volume mximo a ser considerado como uso insignificante para as acumulaes superficiais de at 3.000 m3. No Art.3 da DN CERH-MG n 09/2004, est estabelecido que as captaes subterrneas, tais como, poos manuais, surgncias e cisternas, com volume menor ou igual a 10 m3/dia, sero consideradas como usos insignificantes para todas as Unidades de Planejamento e Gesto de Recursos Hdricos (UPGRH) ou Circunscries Hidrogrficas do Estado de Minas Gerais. Em 17 de agosto de 2010 foi publicada a DN no 34/2010, Deliberao Normativa do Conselho Estadual de Recursos Hdricos, considerando critrios adicionais para usos insignificantes da gua e, portanto, que independem de outorga. No Art. 1 da DN CERH-MG no 34/2010, est estabelecido que as captaes de guas subterrneas em poos tubulares, em rea rural, menores ou iguais a 14.000 litros/dia, por propriedade, sero consideradas como usos insignificantes nos municpios localizados nas Unidades de Planejamento e Gesto de Recursos Hdricos - UPRH SF6, SF7, SF8, SF9, SF10, JQ1, JQ2, JQ3, PA1 e MU1, nos termos do estabelecido na Deliberao Normativa CERH MG no 6, de 04 de outubro de 2002, ou nas bacias dos rios do Jucuruu e Itanhm. As Deliberaes Normativas do CERH-MG que definem os usos de recursos hdricos considerados como insignificantes e, portanto, que independem de outorga pelo poder pblico, so publicadas tendo em vista as competncias que so atribudas ao Conselho Estadual de Recursos Hdricos pelo inciso VI do art. 41 da Lei no 13.199/99, ou seja, estabelecer os critrios e normas gerais para a outorga dos direitos de uso de recursos hdricos. O art. 36 do Decreto no 41.578/2001 estabelece que a dispensa de outorga de uso para as acumulaes, derivaes ou captaes e os lanamentos considerados insignificantes e para satisfao das necessidades de pequenos ncleos populacionais, respeitar os critrios e demais parmetros normativos fixados pelos comits de bacia hidrogrfica, compatibilizados com as definies de vazo remanescente e vazo de referncia definidas nos respectivos Planos Diretores. O pargrafo nico deste artigo estabelece: os usos e lanamentos a que se refere este artigo devero ser informados ao IGAM para fins de cadastro e atualizao do Sistema Estadual de Recursos Hdricos. Os comits de bacia hidrogrfica devero em suas respectivas regies de abrangncia, fixar expresses prprias para os usos insignificantes dos recursos hdricos. Tais valores, devidamente fundamentados e referenciados nos Planos Diretores, devero ser informados ao IGAM para compatibilizao com as vazes de referncia, usualmente utilizadas para a concesso de outorgas, aps a deliberao e aprovao do Conselho Estadual de Recursos Hdricos. Figura 1 Unidades de Planejamento e Gesto dos Recursos Hdricos Fonte: www.igam.mg.gov.br/geprocessamento/mapas Cadastro Obrigatrio e Certido de Registro de Uso Insignificante O Art. 26 da Portaria IGAM no 49, de 01 de julho de 2010, estabelece que ser obrigatrio o cadastramento, para os casos de usos de recursos hdricos considerados insignificantes, de acordo com critrios aprovados pelo Conselho Estadual de Recursos Hdricos, desde que no haja conflito pelo uso da gua, e dever ser fornecido pelo IGAM ou pela SUPRAM a Certido de Registro de Uso Insignificante da gua Para dar incio ao cadastro de uso insignificante de recursos hdricos, a que se referem a DN CERH-MG n 09/2004 e a DN CERH-MG n 34/2010, de acordo com o estabelecido no Art. 27 da Portaria IGAM no 49/2010, o usurio dever preencher o FCE e protocol-lo em qualquer SUPRAM. O Art. 29 da Portaria IGAM no 49/2010, estabelece os seguintes prazos mximos para a Certido de Registro de Uso Insignificante da gua: I - at 03 (trs) anos, quando no estiver vinculada a empreendimento licenciado ou detentor de Autorizao Ambiental de Funcionamento - AAF e a empreendimento em processo de licenciamento ambiental ou AAF, ou quando estiver vinculada a empreendimentos dispensados de Licenciamento ou de AAF; II - o mesmo prazo da Licena Ambiental ou da AAF, quando estiver vinculada a empreendimento licenciado ou detentor de AAF ou a empreendimento em processo de licenciamento ambiental ou de AAF. De acordo com o Art. 30 da Portaria IGAM no 49/2010, aplicam-se aos pedidos de renovao e de retificao do Cadastro de Uso Insignificante os dispositivos contidos nos Captulos II e III da referida Portaria, no que couber.

1.2. Documentao e Formulrios necessrios para o pedido de outorga O passo inicial para a solicitao da outorga de direito de uso de recursos hdricos o preenchimento do Formulrio para Caracterizao do Empreendimento (FCE). Este formulrio se encontra disponvel do site do IGAM, do IEF, da FEAM e nas Superintendncias Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentvel (SUPRAMs). O FCE um documento que possibilita solicitaes integradas, pois contempla pedido de Licena Ambiental, Autorizao Ambiental de Funcionamento, Outorga de Direito de Uso de Recursos Hdricos e Documento Autorizativo para Interveno Ambiental - DAIA (que substituiu a antiga Autorizao para Explorao Florestal - APEF). Aps o recebimento do FCE pelo Sistema Integrado de Informao Ambiental - SIAM gerado e enviado ao usurio o Formulrio de Orientao Bsico - FOB (antigo FOBI), que informa ao usurio os documentos e estudos tcnicos a serem apresentados para a formalizao do processo integrado para obteno das respectivas autorizaes administrativas. Em maro de 2004 foi criado o Sistema Integrado de Informao Ambiental - SIAM, que o sistema responsvel pelo gerenciamento dos processos integrados em suas diversas etapas: formalizao, anlise, julgamento e publicao. No ano de 2009, a SEMAD iniciou estudos para a substituio do Sistema SIAM por um novo sistema de gerenciamento dos processos integrados, com novos procedimentos para a etapa de formalizao. Como segundo passo para a obteno da outorga de direito de recursos hdricos, necessrio o preenchimento de requerimento juntamente com a documentao solicitada, protocolar tais documentos na SUPRAM mais prxima e aguardar a anlise do requerimento. Para anlise do processo de outorga, so necessrios documentos e informaes que permitam a avaliao tcnica do pleito que poder ser deferido, em funo da disponibilidade hdrica e de outros fatores analisados no contexto da bacia hidrogrfica, de acordo critrios previamente estabelecidos. A seguir so relacionados os documentos a serem anexados para anlise do processo de outorga: Requerimento assinado pelo requerente ou procurador, juntamente com a procurao, conforme modelo fornecido pelo IGAM; Formulrios tcnicos fornecidos pelo IGAM, devidamente preenchidos; Relatrio tcnico modelo fornecido pelo IGAM; Carta geogrfica onde se localiza / croquis; Comprovante de recolhimento dos valores relativos aos custos de anlise e publicaes; Cpias do CPF e da carteira de identidade do requerente ou procurador (pessoa fsica); Cpia do CNPJ do requerente (pessoa jurdica); Cpia do contrato ou estatuto social do requerente (pessoa jurdica); Cpia do termo de posse do representante legal do requerente, se houver (pessoa jurdica); Cpia do CPF e da carteira de identidade do representante legal do requerente ou procurador (pessoa jurdica); Cpia do registro do imvel onde ser efetuada a interveno; Carta de Anuncia do Proprietrio do Imvel, caso o proprietrio no seja o requerente; Anotao de Responsabilidade Tcnica - ART, do responsvel tcnico pela elaborao do processo de outorga, recolhida na jurisdio do Conselho de Classe; Comprovante de recolhimento do valor da taxa de ART (Anotao de Responsabilidade Tcnica); Documento de concesso ou autorizao fornecido pela ANEEL, em caso de Declarao de Reserva de Disponibilidade Hdrica - DRDH; Documento emitido pelo Comit de Bacias contendo as prioridades de uso, caso existente. O Relatrio Tcnico que compe todos os processos de outorga, exceo dos pedidos de licena de perfurao de poo tubular e os de cadastro de uso insignificante, deve ser assinado por profissionais devidamente habilitados: Outorga para uso de gua superficial: profissional registrado no Conselho da Classe, com emisso da ART. Outorga de poo tubular: profissional habilitado, segundo legislao profissional. O Relatrio Tcnico a ser preparado pelo requerente deve conter no mnimo as informaes exigidas nas instrues para a elaborao de processo de outorga, para cada tipo de captao ou interveno e que esto disponveis no site do IGAM.

1.3. Vigncia da outorga de direito de uso de recursos hdricos Prazos de vigncia A Seo II - Dos prazos de outorga de direito de uso dos recursos hdricos -, da Portaria IGAM no 49, de 01 de julho de 2010, estabelece: Art.3 - A outorga de direito de uso de recursos hdricos respeitar os seguintes prazos mximos: I - quando no estiver vinculada a empreendimento licenciado ou detentor de Autorizao Ambiental de Funcionamento AAF e a empreendimento em processo de licenciamento ambiental ou AAF, ou quando estiver vinculada a empreendimentos dispensados de Licenciamento ou AAF: a) at 35 (trinta e cinco) anos para as concesses; b) at 05 (cinco) anos para as autorizaes. II - o mesmo prazo da licena ambiental ou da AAF, quando estiver vinculada a empreendimento licenciado ou detentor de AAF ou a empreendimento em processo de licenciamento ambiental ou de AAF. Art.4 - Os prazos mximos para exercer o direito de uso dos recursos hdricos autorizados ou concedidos por meio de outorga sero os seguintes: I - at 01 (um) ano, quando a outorga no estiver vinculada a empreendimento licenciado ou detentor de AAF e a empreendimento em processo de licenciamento ambiental ou de AAF, ou quando estiver vinculada a empreendimentos dispensados de licenciamento ou de AAF; II quando a outorga estiver vinculada a empreendimento licenciado ou detentor de AAF ou a empreendimento em processo de licenciamento ambiental ou de AAF: a) at o trmino da vigncia da Licena de Instalao LI, nos casos em que a outorga for emitida nesta fase; b) at 01 (um) ano, nos casos em que for emitida na fase de Licena de Operao LO. 1 - Excepcionalmente, mediante anlise tcnico-juridica prvia, podero ser estabelecidos prazos superiores queles referidos neste artigo a requerimento do interessado, desde que comprovada a sua necessidade. 2 - Os prazos referidos neste artigo sero contados a partir da data da publicao da outorga na Imprensa Oficial do Estado. Suspenso da outorga A outorga de direito de uso de recursos hdricos poder ser suspensa parcial ou totalmente, em definitivo ou por prazo determinado, nas circunstncias previstas no Art. 15 da Lei no 9.433/1997, e que foram mantidas no Art. 20 da Lei Estadual no 13.199/1999, quais sejam: I - no cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; II - ausncia de uso por trs anos consecutivos; III - necessidade premente de gua para atender a situaes de calamidade, inclusive decorrentes de condies climticas adversas; IV - necessidade de prevenir ou reverter grave degradao ambiental; V - necessidade de atender a usos prioritrios de interesse coletivo para os quais no se disponha de fontes alternativas; VI - necessidade de serem mantidas as caractersticas de navegabilidade do corpo de gua. O inciso VII, do artigo 24, da Resoluo CNRH no 16/2001 acrescenta ainda possibilidade da suspenso da outorga motivada pelo indeferimento ou cassao da licena ambiental. Extino da outorga A extino da outorga de direito de uso de recursos hdricos ocorre, sem qualquer direito de indenizao ao usurio, de acordo com o disposto no Art. 25 da Resoluo CNRH no 16/2001, nas seguintes circunstncias: I - morte do usurio - pessoa fsica; II - liquidao judicial ou extrajudicial do usurio - pessoa jurdica; III - trmino do prazo de validade da outorga sem que tenha havido tempestivo pedido de renovao. O pargrafo nico do Art. 25 da Resoluo CNRH no 16/2001 estabelece: No caso do inciso I deste artigo, os herdeiros ou inventariantes do usurio outorgado, se interessados em prosseguir com a utilizao da outorga, devero solicitar em at cento e oitenta dias da data do bito, a retificao do ato administrativo da Portaria, que manter seu prazo e condies originais, quando da definio do(s) legtimo(s) herdeiro(s), sendo emitida nova portaria, em nome deste(s).

1.4. Renovao e Retificao de Portaria de Outorga Renovao da Portaria de Outorga A Portaria IGAM no 49, de 01 de julho de 2010 - que estabelece os procedimentos para a regularizao do uso de recursos hdricos do domnio do Estado de Minas Gerais, define em seu Art. 12 que: O processo de renovao de outorga de direito de uso de recursos hdricos dever ser formalizado at a data do trmino da vigncia da Portaria referente outorga anteriormente concedida. No pargrafo primeiro deste artigo, ficou estabelecido que: A formalizao do processo darse- com a entrega de todos os documentos arrolados no FOB dentro do prazo referido no caput. No pargrafo segundo deste artigo, ficou estabelecido que: Quando da formalizao do pedido de renovao de outorga dever ser juntado o comprovante de pagamento dos valores referentes aos custos de anlise tcnico-processual e de publicao dos atos administrativos correspondentes. No pargrafo terceiro deste artigo, ficou estabelecido que: Quando necessrio, O IGAM ou a SUPRAM poder solicitar a complementao documental ao processo de renovao de outorga, fixando prazo para que o usurio a apresente. O no atendimento dos prazos estabelecidos pelo IGAM ou pela SUPRAM na apresentao de complementao documental ao processo de renovao de outorga ou a verificao do descumprimento dos termos da outorga vigente acarretaro o indeferimento do pedido de renovao. Neste caso haver a necessidade de protocolo de novo pedido de outorga de direito de uso de recursos hdricos pelo usurio e a emisso de novo ato administrativo correspondente. O IGAM decidir pela renovao ou pela anlise de novo pedido, podendo suspender ou alterar as condies da outorga prorrogada, caso verifique, quando da anlise tcnica do pedido de renovao, qualquer situao que enseje a tomada desta medida, tais como a alterao da disponibilidade hdrica da bacia hidrogrfica ou nas hipteses previstas no Art. 20, da Lei Estadual n. 13.199, de 29 de janeiro de 1999. De acordo com o estabelecido no Artigo 14 da Portaria IGAM no 49/2010, se o pedido de renovao for formalizado, conforme previsto no Art. 12, at a data do trmino de vigncia da Portaria referente outorga anteriormente concedida, esta ser prorrogada automaticamente at a manifestao final da entidade responsvel. Retificao da Portaria de Outorga A retificao de Portaria de Outorga aplica-se na vigncia da Portaria e dever ser solicitada em qualquer alterao nas condies estabelecidas na mesma. O Art. 15 da Portaria IGAM no 49/2010, estabelece que para a retificao da outorga de direito de uso de recursos hdricos o usurio deve solicitar no prazo de 60 (sessenta) dias da ocorrncia do fato gerador da alterao das condies estabelecidas na portaria administrativa. Para iniciar o processo de retificao o requerente dever preencher o FCE e protocol-lo em qualquer SUPRAM. A SUPRAM dever indicar no FOB todos os documentos necessrios formalizao do processo, bem como o prazo de entrega dos mesmos. A retificao de ordem tcnica considerada qualquer alterao na condio de uso ou interveno nos recursos hdricos. Os pedidos de alterao de outorga recebero as devidas anlises, relativas s modificaes que se pede e devero ser realizadas as avaliaes dos impactos resultantes. A retificao de ordem jurdica pode se referir, por exemplo, a alterao da titularidade no imvel, a qual dever acarretar na retificao imediata da Portaria, caso haja interesse, por parte do novo proprietrio, em continuar o uso outorgado da gua. A retificao referente titularidade da Portaria de outorga dever ser solicitada ao IGAM at 60 (sessenta) dias aps a venda do imvel. A retificao da Portaria de outorga de direito de uso a terceiros dar-se- por ato do IGAM, a pedido do outorgado, mediante preenchimento de formulrios especficos, com a assinatura do outorgado e do novo titular, quando for o caso, apontando os motivos da transferncia. Alm deste caso, cabem retificaes na Portaria de Outorga, outras alteraes como mudana de endereo para correspondncia e outras informaes administrativas do processo. O Art. 17 da Portaria IGAM no 49/2010 prev, no caso do pedido de retificao da portaria administrativa ocorrer nos ltimos 60 (sessenta) dias de vigncia da outorga de direito de uso de recursos hdricos, o pedido de renovao de outorga poder ser cumulado com o pedido de retificao. Nesta situao a retificao e a renovao da outorga podero ser concedidas simultaneamente, mediante a publicao de uma nica Portaria Administrativa, que dever conter a atualizao de todas as informaes.

1.5. Declarao de Reserva de Disponibilidade Hdrica Os grandes reservatrios em geral se destinam ao aproveitamento hidreltrico, o qual est condicionado obteno da outorga de direito de uso de recursos hdricos para a explorao do potencial hidreltrico. No caso de aproveitamentos hidreltricos, dois bens pblicos so objeto de concesso pelo poder pblico: o potencial de energia hidrulica e a gua. Anteriormente licitao da concesso ou autorizao do uso do potencial de energia hidrulica, a autoridade competente do setor eltrico deve obter a declarao de reserva de disponibilidade hdrica - DRDH junto ao rgo gestor de recursos hdricos. A declarao de reserva de disponibilidade hdrica no confere direito de uso de recursos hdricos e se destina, unicamente, a reservar a quantidade de gua necessria viabilidade do empreendimento hidreltrico. Posteriormente, a DRDH convertida em outorga em nome da entidade que receber da autoridade competente do setor eltrico, a concesso ou autorizao para uso do potencial de energia hidrulica, conforme o disposto no pargrafo 1 do Art. 11 da Resoluo CNRH n 16, de 08 de maio de 2001. O pargrafo 1 do Art. 7 da Lei no 9.984, de 17 de julho de 2000, estabelece como atribuio da ANEEL a solicitao de declarao de reserva de disponibilidade hdrica, em articulao com os rgos gestores estaduais. A declarao de reserva de disponibilidade hdrica, ao definir os consumos de gua mximos na bacia, nos trechos a montante de determinado empreendimento, torna-se um critrio de referncia de outorga para outros usos. Ao se definir as regras de operao do reservatrio, so estabelecidas as vazes de referncia a jusante do empreendimento, a serem observadas nas outorgas de outros usos. A Deliberao Normativa CERH-MG no 28, de 08 de julho de 2009, estabelece os procedimentos tcnicos e administrativos para anlise e emisso da declarao de reserva de disponibilidade hdrica e de outorga de direito de uso de recursos hdricos para fins de aproveitamento de potenciais hidreltricos em corpo de gua de domnio do Estado de Minas Gerais. O Art. 2 da DN CERH no 28/2009 estabelece que para licitar a concesso ou autorizar o aproveitamento de potencial hidreltrico superior a 1MW em corpo de gua de domnio do Estado de Minas Gerais, a Agncia Nacional de Energia Eltrica - ANEEL dever solicitar, junto ao IGAM, a declarao de reserva de disponibilidade hdrica. O artigo 4 da DN CERH no 28/2009 estabelece que ao solicitar a DRDH, a ANEEL dever encaminhar ao IGAM cpia dos seguintes documentos: I - ato de aprovao do inventrio publicado pela ANEEL e parecer tcnico com a anlise do estudo hidrolgico, quando houver; II - estudo de inventrio hidreltrico, preferencialmente em meio digital; III - formulrio de dados tcnicos do empreendimento, conforme modelo fornecido pelo IGAM; IV - estudos hidrolgicos referentes determinao: a) da srie de vazes utilizadas no dimensionamento energtico, considerando os usos mltiplos dos recursos hdricos, inclusive para o transporte aquavirio; b) das vazes mximas consideradas no dimensionamento das estruturas extravasoras; c) das vazes mnimas; d) do transporte de sedimentos; V - estudos referentes ao reservatrio quanto definio: a) das condies de enchimento; b) das condies de assoreamento; c) do remanso; d) da curva "cota x rea x volume"; VI - mapa de localizao e de arranjo do empreendimento, georreferenciado e em escala 1: 50.000, no mnimo; VII- descrio das caractersticas do empreendimento, no que se refere: a) capacidade das estruturas extravasoras, inclusive as destinadas descarga de fundo; b) vazo mnima remanescente proposta, quando couber; c) s restries a montante e a jusante; d) ao cronograma de implantao; VIII - Anotao de Responsabilidade Tcnica - ART dos responsveis pelos estudos. IX - comprovante do pagamento das custas de anlise e de publicao da Declarao de Reserva de Disponibilidade Hdrica. Para anlise da solicitao da DRDH, alm dos documentos listados anteriormente, o Art. 5 da DN CERH no 28/2009, recomenda ao IGAM levar em considerao as seguintes informaes: I - os usos dos recursos hdricos na bacia hidrogrfica; II - projees de usos de recursos hdricos na bacia hidrogrfica, visando garantir os usos mltiplos; III - as diretrizes estabelecidas nos Planos Diretores de Recursos Hdricos de Bacias Hidrogrficas e a classe em que o corpo de gua estiver enquadrado, caso existentes, visando a compatibilizao da declarao de reserva de disponibilidade hdrica com estes instrumentos; IV - a vazo de referncia conforme definida em regulamentao. O pargrafo 1 deste artigo indica que na anlise do pedido de declarao de reserva de disponibilidade hdrica, o IGAM poder articular-se com a Agncia Nacional de guas - ANA, visando a garantia dos usos mltiplos na bacia hidrogrfica. O pargrafo 3 deste artigo estabelece que o IGAM deva encaminhar a solicitao da DRDH, juntamente com o parecer tcnico e jurdico conclusivo, para anlise e deliberao dos respectivos Comits de Bacia Hidrogrfica. Observa-se que os empreendimentos com aproveitamento de potencial hidreltrico igual ou inferior a 1MW ficaram dispensados da solicitao de declarao de reserva de disponibilidade hdrica, porm esto sujeitos obrigatoriedade de obter a outorga de direito de uso de recursos hdricos, nos termos do artigo 18, inciso IV da Lei n 13.199 de 29 de janeiro de 1999. Os aproveitamentos hidreltricos que j possuem os documentos autorizativos da ANEEL citados enquadrar-se-o Resoluo Conjunta SEMAD-IGAM n 936/2009, que estabelece os procedimentos tcnicos e administrativos para emisso de outorga para fins de aproveitamento de potenciais hidreltricos em corpo de gua de domnio do Estado de Minas Gerais. De acordo com o estabelecido no Art. 7 da DN CERH no 28/2009, a declarao de reserva de disponibilidade hdrica ser concedida pelo prazo de at 03 (trs) anos, podendo ser renovada por igual perodo, a critrio do IGAM, mediante solicitao da ANEEL. A declarao de reserva de disponibilidade hdrica, de acordo com o Art.8 da DN CERH no 28/2009, dever conter, obrigatoriamente, as seguintes informaes: I - os valores das vazes mdias destinadas ao atendimento dos usos consuntivos a montante, atuais e futuros; II o valor da vazo mnima remanescente a ser mantida no trecho de vazo reduzida; 2. MODOS DE USO DA GUA CONSIDERADOS NAS ANLISES DOS PROCESSOS DE OUTORGA DE GUAS SUPERFICIAIS 2. MODOS DE USO DA GUA CONSIDERADOS NAS ANLISES DOS PROCESSOS DE OUTORGA DE GUAS SUPERFICIAIS Neste Captulo que trata das guas superficiais so descritos a seguir os modos de uso, assim como as intervenes que alterem a quantidade a qualidade e o regime das guas. So apresentados os requisitos bsicos utilizados pelos analistas ambientais para as anlises tcnicas dos pedidos de outorgas. Estes requisitos devero ser complementados com a experincia dos analistas ambientais, e devero ser observadas as especificidades de cada processo que se pretenda analisar. 2.1 Captao Direta nos Cursos de gua Considera-se captao direta no curso de gua toda retirada ou aproveitamento de gua proveniente de qualquer corpo hdrico superficial, destinada a diversas finalidades como, por exemplo, o abastecimento domstico, a irrigao de culturas, o uso industrial, etc. Em geral as captaes diretas se referem a usos consuntivos da gua, representadas pelas extraes de vazes ou volumes de recursos hdricos a serem outorgados.

Figura 2 Captaes diretas no curso de gua Os critrios tcnicos relativos aos processos de outorga em cursos de gua de domnio do Estado so determinados pela Portaria Administrativa do IGAM n 49/2010. Essa Portaria determina que, at que se estabeleam as diversas vazes de referncia a serem utilizadas nas bacias hidrogrficas, a vazo de referncia adotada em todo o Estado de Minas Gerais a Q7,10 (vazo mnima de sete dias de durao e dez anos de recorrncia). A Portaria IGAM n 49/2010 determina ainda o percentual de 30% da Q7,10 como o limite mximo de derivaes consuntivas a serem outorgadas em cada seo da bacia hidrogrfica considerada, devendo ficar garantido, em todos os casos, fluxos residuais mnimos a jusante equivalentes a 70% da Q7,10. No caso de haver regularizao do curso de gua com a construo de barragens, e em casos de uso prioritrio para abastecimento humano, poder haver autorizaes que superem quele limite estabelecido. Para obteno dos valores de Q7,10, tm-se os estudos de regionalizao de Souza (1993) para todo o Estado de Minas Gerais. Pode-se tambm estimar o valor da Q7,10 em determinado ponto, a partir de dados estatsticos obtidos com a srie histrica de vazes e ajuste de uma distribuio de probabilidades. Como referncia bibliogrfica, para determinao da vazo Q7,10, o IGAM recomenda a metodologia de regionalizao de vazes mnimas utilizada no trabalho realizado por Souza (1993) para a Companhia de Saneamento de Minas Gerais - COPASA/MG. Nesse estudo de regionalizao, que utilizado pelos tcnicos do IGAM, tm-se mapas contendo isolinhas de rendimento especfico, em L/s.km, para vazes mnimas e mximas - com 10 anos de perodo de retorno, e mdia de longo termo para todo o Estado. As vazes de referncia Q7,10, em cada seo dos cursos de gua so obtidas atravs de metodologia que associa o rendimento especfico de cada regio, a rea de drenagem em anlise e as caractersticas fsicas, de solo e meteorolgicas das bacias hidrogrficas. Anlise da disponibilidade hdrica Com o ponto da interveno devidamente localizado na respectiva bacia hidrogrfica, cumpre ao analista ambiental do IGAM observar: a insero do novo usurio em rea de restrio de uso (rea de conflito declarada pelo IGAM, rea de restrio definida em Plano Diretor de Recursos Hdricos da respectiva bacia hidrogrfica, reas de preservao permanente, rios ou ainda trechos de rios decretados corpos de gua de preservao permanente); a prioridade de uso de recursos hdricos estabelecido no Plano Diretor de Recursos Hdricos (PDRH) da bacia hidrogrfica; a classe em que o corpo de gua estiver enquadrado, de acordo com a legislao ambiental; as metas progressivas, intermedirias e final de qualidade e quantidade de gua do corpo hdrico; a preservao dos usos mltiplos previstos; e a manuteno das condies adequadas ao transporte aquavirio, quanto couber. Uma vez determinada a rea de drenagem relativa seo considerada do curso de gua, e obtida a vazo outorgvel, deve ser realizada a contabilidade da vazo disponvel para outorga subtrada da somatria das outorgas relativas a usos consuntivos j concedidas (includas as outorgas vencidas e ainda no suspensas em definitivo, com processo de renovao formalizado) e da somatria dos usos considerados insignificantes contabilizados por meio das certides de uso insignificante. Verifica-se a vazo remanescente disponvel para a nova outorga (mantendo-se o fluxo residual para a manuteno do meio bitico). A deciso sobre o deferimento dos pedidos de outorga, condies de uso da gua e prazos de validade das outorgas devero definidas com base em trs fatores. a racionalidade no uso da gua, avaliada de acordo com procedimentos e critrios definidos, para cada finalidade de uso; a magnitude do conflito pelo uso da gua na bacia, avaliada pela relao entre as demandas totais existentes e as vazes de referncia consideradas (podero ser a vazo Q7,10, as vazes com alta probabilidade de ocorrncia ou a vazo regularizada a jusante de um barramento); e a magnitude da participao individual do usurio no comprometimento dos recursos hdricos, avaliada pela relao entre a demanda individual do usurio e a vazes de referncia. As solicitaes de outorga de direito de uso de recursos hdricos podem se destinar a usos consuntivos ou no consuntivos da gua. As demandas para os usos no consuntivos so aquelas que no resultaro em retiradas de vazes ou volumes de gua do corpo hdrico, mas, eventualmente, iro modificar as suas caractersticas naturais (por exemplo, construo de barramentos) e necessitam desta forma, de uma autorizao administrativa da autoridade outorgante. Uma vez verificada a disponibilidade hdrica, dever ser observada a finalidade a que se destina o uso da gua, de acordo com critrios que sero apresentados na sequncia deste Manual. Balano hdrico Para clculo da disponibilidade hdrica, ou seja, a vazo do curso de gua disponvel para atendimento demanda solicitada h a necessidade de se fazer o balano hdrico, computando-se as outorgas j emitidas e as vazes j comprometidas em determinada regio a ser estudada. Devero ser somadas as vazes outorgadas na rea de drenagem a montante da seo considerada e consideradas as vazes outorgadas at ao ponto de captao imediatamente a jusante do pleito em anlise, obtendo-se o resultado da expresso, conforme indicado a seguir. Q MONTANTE + Q SOLICITADA +Q JUSANTE 30% Q 7,10 (Portaria IGAM 49/2010) Na Figura 3 exemplificada uma determinada rea de drenagem onde se verifica a existncia de diversos usurios, cujas coordenadas geogrficas dos respectivos pontos de interveno encontram-se identificados. A presena de um barramento ir requerer uma anlise mais apurada do analista, devendose considerar as regras e condies de operao da infra-estrutura hidrulica existente. Figura 3 Outorgas referentes a intervenes em determinada rea de drenagem Devero tambm ser apuradas as finalidades das outorgas concedidas, verificando-se a capacidade do corpo hdrico receptor quanto assimilao ou quanto autodepurao de parmetros de qualidade outorgveis, avaliando seu impacto sobre o oxignio dissolvido, quando houver lanamento de efluentes; Algumas intervenes realizadas em corpos de gua so consideradas na modalidade de uso das captaes diretas 2.1.1 Caminho-pipa Entende-se como sendo captao direta superficial itinerante ou no, realizada por veculo automotivo com tanque de volume definido. A vazo considerada na anlise do processo de outorga dever ser a vazo mxima instantnea a ser utilizada pelo requerente, para que se possa verificar se o uso considerado insignificante e de pouca expresso ou se realmente passvel de outorga, se ultrapassar os limites estabelecidos na DN CERH no 09/2004 (que define os usos insignificantes para as circunscries no Estado de Minas Gerais). Dever ser informado pelo requerente o ponto ou trecho da captao, para que se possa realizar o balano hdrico, informando ainda: nmero de horas de captao dirias; capacidade do tanque de armazenamento; caracterstica do conjunto moto-bomba; e finalidade a que se destina. O analista ambiental dever verificar a coerncia das informaes prestadas e realizar a anlise tcnica como se fora uma captao convencional, ajustando o prazo de validade da outorga, de acordo com a legislao vigente, compatvel com a data do projeto do empreendimento, associado respectiva captao. 2.1.2 Derivaes e Regos de gua As derivaes ou regos de gua so, em geral, realizados por gravidade, significando a retirada ou aproveitamento de gua superficial desviada do seu curso natural destinada a diversos fins, como por exemplo, consumo humano, criao de animais, piscicultura, irrigao de culturas, uso industrial, paisagismo, etc. As anlises dos requerimentos de outorga devero considerar as derivaes ou regos de gua como captaes diretas nos cursos de gua, quanto ao balano hdrico, verificadas ainda as especificidades das intervenes que se pretenda realizar. Mesmo para aquelas derivaes ou regos j existentes ou realizados haver a necessidade de sua regularizao junto ao IGAM, com a protocolizao do FCE junto SUPRAM na regio da interveno. Quando houver um grupo de usurios que utilizem as guas derivadas (tornados cursos de gua artificiais), haver a necessidade dos seguintes procedimentos iniciais para a regularizao da interveno: a) Dever haver a alocao negociada da gua com todos os usurios, onde o interlocutor do grupo ser o proprietrio da rea onde a interveno (derivao) estiver localizada; b) Dever ser protocolado um nico FCE. Para a formalizao do processo de outorga, dever ser apresentado um formulrio tcnico para cada usurio, bem como os documentos pessoais (CPF, CNPJ, RG, registro do imvel ou anuncia do proprietrio) e um ofcio contendo a assinatura de todos os usurios de gua. 2.2 Desvios de curso de gua Desvio de curso de gua considerado uma alterao do percurso natural do corpo de gua para fins diversos. O desvio em corpo dgua pode ser parcial ou total. O desvio parcial consiste na preservao em parte do curso dgua original e gerao de novos cursos de gua artificiais com vazes inferiores ao do curso original. O desvio total consiste em desviar o leito natural completamente. O analista ambiental dever verificar ainda tecnicamente, mesmo havendo retorno de parte das vazes derivadas, o significado da interveno solicitada, relativamente ao uso racional da gua, manuteno do fluxo residual no curso de gua original, definido na legislao pertinente, manuteno da navegabilidade, se for o caso, dentre outros quesitos tcnicos a serem observados. Para instruo dos pedidos de outorga, devem ser apresentados os seguintes estudos e informaes: a caracterizao e descrio geral do empreendimento; a justificativa da realizao da interveno; as informaes referentes ao curso de gua no trecho da interveno, incluindo as caractersticas fsicas e geomtricas do mesmo; as caractersticas da estrutura referente ao uso; as coordenadas dos pontos de incio e fim do desvio, obtidas preferencialmente por GPS; os estudo hidrolgico utilizado para a definio das vazes transportadas no canal de desvio, com seus respectivos perodos de recorrncia; o dimensionamento hidrulico do canal de desvio para a vazo de projeto; os critrios utilizados para a definio do revestimento das sees do desvio, levando em considerao aspectos, tecnolgicos, operacionais, ambientais e sociais; no caso de desvio parcial, apresentar estudo hidrulico mostrando a interferncia dos pontos de incio e fim do desvio no curso de gua; as informaes sobre a existncia de usurios de recursos hdricos no trecho desviado. O analista ambiental dever verificar tecnicamente, se a interveno pretendida se refere ainda canalizao ou retificao de curso de gua, devendo, portanto proceder anlise do modo de uso, de acordo com critrios apresentados no tpico seguinte a este. 2.3 Canalizaes e Retificaes do curso de gua A canalizao toda obra ou servio que tenha por objetivo dar forma geomtrica definida para a seo transversal do curso d'gua, ou trecho deste, com ou sem revestimento de qualquer espcie nas margens ou no fundo. A retificao do curso de gua obra ou servio que tenha por objetivo alterar, total ou parcialmente, o traado ou percurso original de um curso de gua. As intervenes se referem principalmente necessidade de regularizao de um trecho de curso de gua, visando a melhoria das condies de escoamento ou mudanas na seo natural. A interveno poder modificar as condies do meio hdrico, em seus aspectos quantitativos e de regime de vazes sendo, neste caso, passvel de outorga. As canalizaes podero ser a cu aberto (canais) ou de contorno fechado (galerias). Quanto s sees geomtricas normalmente utilizadas podero ser trapezoidais, retangulares ou circulares. Os revestimentos mais comuns so de terra, enrroncamento de pedras, pedra argamassada, concreto, gabio e terra armada. Na anlise do pedido de outorga, cumpre ao analista ambiental observar recomendaes contidas na Deliberao Normativa do COPAM no 95, de 12 de abril de 2006 , que dispe sobre critrios para o licenciamento ambiental de intervenes em cursos de gua de sistemas de drenagem urbana no Estado de Minas Gerais, verificando as intervenes permitidas. O analista ambiental dever tambm solicitar estudo sobre as alternativas tecnolgicas e locacionais, eventualmente existentes, de forma a verificar se a interveno pretendida condiz com a melhor alternativa que cause a menor perturbao nos corpos de gua, em relao a um estado existente. Observa-se que esta solicitao somente dever ser requerida, se as alternativas locacionais no estiverem contidas no respectivo Licenciamento Ambiental do empreendimento. O analista ambiental tambm dever consultar o Plano Diretor de Recursos da Bacia Hidrogrfica, caso exista, de modo a verificar as restries existentes. Para instruo dos pedidos de outorga, devem ser apresentados os seguintes estudos e informaes: as caractersticas do empreendimento; a justificativa da realizao da interveno; as caractersticas da estrutura referente ao uso; os estudos referentes ao curso de gua no trecho da interveno, incluindo as caractersticas fsicas e geomtricas do mesmo; as coordenadas dos pontos de incio e fim da interveno; o estudo hidrolgico utilizado para a definio das vazes de projeto, com seus respectivos perodos de recorrncia; o estudo hidrulico mostrando o perfil da linha dgua para a vazo de projeto no trecho da canalizao, com e sem a interveno, considerando o efeito da prpria canalizao e de obstculos como curvas, pontes, bueiros etc, a montante e a jusante do trecho em questo; os critrios utilizados para a definio do revestimento da canalizao, levando em considerao aspectos hidrulicos, tecnolgicos, operacionais, ambientais e sociais. preenchimento de formulrio prprio para a modalidade de uso, disponvel no sitio eletrnico do IGAM. Dimensionamento Hidrulico Para o dimensionamento dos canais so utilizadas tcnicas usualmente empregadas nos projetos de drenagem urbana. Apresenta-se a seguir um equacionamento relativo a escoamentos em regime uniforme e permanente, vlido quando as caractersticas hidrulicas (h, Q e V) so constantes no tempo, com o escoamento ocorrendo em condutos livres, nos quais parte do permetro molhado mantm-se em contato com a atmosfera.

Equao de Manning Onde: V = velocidade mdia (em m/s) n = coeficiente de rugosidade de Manning i = declividade mdia (em m/m) RH = raio hidrulico (em m) O raio hidrulico uma grandeza linear caracterstica do escoamento, definida pelo quociente da rea molhada pelo permetro molhado da seo de escoamento, conforme a seguinte expresso: Sendo, RH = raio hidrulico (em m) Am = rea molhada (em m2) Pm = permetro molhado (em m) A declividade mdia do trecho do canal em estudo ser o quociente entre o desnvel do fundo do canal e o seu comprimento, medido no plano horizontal, como mostrado na seguinte expresso: Sendo, i = declividade mdia (em mm)

= diferena de cotas entre montante e jusante (em m) L = comprimento do trecho (em m) Utilizando-se a Equao da Continuidade, conforme a expresso:

Equao da Continuidade Onde: Q = vazo (em m3/s) V = velocidade mdia (em m/s); Am = rea molhada (m2), Tem-se a seguinte expresso que permite a determinao de vazes (em m3/s), em funo do coeficiente de Manning, do raio hidrulico (em m), da declividade mdia(em mm) e da rea molhada (em m2): A tabela a seguir apresenta um resumo dos critrios a serem utilizados para os tipos de intervenes citadas: Desvio parcial e/ou total* e canalizao*

Vazo de projeto (TR >= 50 anos)< 5 km2Mtodo racional

5 a 100 km2Hidrograma unitrio

> 100 km2Mtodos estatsticos

Vazo mnimaVelocidade mnima --> Frmula de Manning --> Evitar deposio de sedimento

Dimensionamento hidrulicoEscolher entre frmula de Manning e simulao hidrulica, alm da borda livre.

f (nmero de Froude)se f 1Checar comprometimento da estrutura.

Perfil de linha d'gua a fim de verificar se ocorre extravasamento do canal em questo.

2.3.1 Dreno em pilhas de estreis na minerao (ou drenos de fundo) So considerados usos passveis de outorga de direito de uso de recursos hdricos e analisados como um modo de uso de Canalizao, os drenos em pilhas de estreis na minerao e drenos de fundo. Devero ser observados ainda os aspectos relacionados qualidade das guas drenadas, tais como slidos em suspenso, etc., que venham comprometer a qualidade das guas do curso de gua receptor. 2.4 Construo de barramentos do curso de gua As barragens ou barramentos so estruturas construdas transversalmente em um corpo de gua, dotados de mecanismos de controle com a finalidade de obter a elevao de seu nvel de gua ou criar um reservatrio de acumulao de gua ou de regularizao de vazes. As barragens com regularizao so, em geral, construdas para evitar grandes variaes do nvel de um curso de gua, para controle de inundaes, para melhoria das condies de navegabilidade ou ainda, para manuteno de fluxos de gua perenes a jusante de seu eixo.

Figura 4 - Captaes de gua em reservatrios formados por barramentos 2.4.1 Barramentos sem captao de gua Determinados empreendimentos, especialmente aqueles destinados ao lazer, recreao e prtica da piscicultura, necessitam formar reservatrios de gua a partir da construo de barragens interpostas no curso de gua. Por se tratar de uma interveno no curso de gua e, portanto passvel de outorga, devero ser apresentados juntamente com o requerimento e a documentao regulamentar os seguintes estudos e informaes: as caractersticas do empreendimento; a justificativa da realizao da interveno; o dimensionamento hidrulico do vertedouro de emergncia e de outras estruturas de descarga existentes, considerando a cheia mxima de projeto; as informaes sobre a existncia de outros usos no barramento (lazer, piscicultura, etc.), inclusive aqueles realizados por terceiros, apresentando consideraes sobre a operao do reservatrio e sua relao com esses mltiplos usos. preenchimento de formulrio prprio para a modalidade de uso, disponvel no sitio eletrnico do IGAM. Cheia mxima de projeto A cheia mxima de projeto deve ser analisada em funo da extenso da srie histrica de dados fluviomtricos. A utilizao de modelos e mtodos (existem vrios modelos disponveis na literatura tcnica) depender da experincia do analista ambiental e de sua habilidade na interpretao dos resultados. Recomenda-se, quando a srie histrica de dados fluviomtricos for superior a 25 anos, a aplicao da anlise estatstica, ajustando-se distribuies de probabilidade srie de dados, como por exemplo o Mtodo LOG-PEARSON TIPO III. Desta forma associa-se probabilidade de ocorrncia de uma vazo mxima, a probabilidade de ocorrncia de um evento de natureza estatstica. Para sries histricas com extenso entre 10 e 25 anos de dados sugere-se o emprego do MTODO GRADEX, que correlaciona os resultados da anlise de frequncia de dados de precipitao intensa com as respectivas vazes mximas. Para sries histricas com extenso entre 3 e 10 anos de dados sugere-se o emprego de metodologias empricas, baseadas na tcnica do HIDROGRAMA UNITRIO. E ainda, em casos em que houver menos de 3 anos de dados fluviomtricos, recomenda-se a utilizao de mtodos sintticos, como por exemplo, o METODO RACIONAL, dependendo da rea de drenagem da bacia estudada. Para bacias com reas de drenagem superiores a 600 km2, recomenda-se a diviso em sub-bacias e a utilizao de mtodos para analisar a propagao das cheias geradas ao longo do sistema hidrogrfico da bacia. O mtodo racional modificado (com coeficiente de retardo) tambm utilizado na determinao da descarga de projetos de bacias hidrogrficas com rea at 10km2, como segue:

Mtodo racional modificado Onde: Q = vazo (em m3/s); C = coeficiente (adimensional) I = intensidade precipitao (mm/h) A = rea (Km2), Sendo: Onde: n = 4, para declividades inferiores a 0,5% n = 5, para declividades inferiores a 1,0% n = 6, para declividades superiores a 1,0% Estruturas hidrulicas As anlises quanto s estruturas hidrulicas devem se prender aos dispositivos (vertedouros, descargas de fundo, sifo, bacias ou estruturas de dissipao, etc.) que garantam a integridade da estrutura quanto s cheias mximas e a garantia de manuteno do fluxo mnimo residual jusante, determinado pelas Portarias Administrativas do IGAM relativas matria. Podero existir em alguns barramentos estruturas que permitam descargas pelo vertedouro na quase totalidade do tempo (vertedouros livres). 2.4.2 Barramento sem captao de gua para regularizao de vazo As variaes naturais do regime hidrolgico fazem com que as disponibilidades hdricas, em um determinado trecho do curso de gua, variem ao longo do tempo em torno de uma mdia, onde se observa a ocorrncia de grandes vazes nos perodos midos e vazes reduzidas nos perodos de estiagem. Considerados vrios perodos de estiagem, o mais crtico aquele que resulta na maior capacidade do reservatrio. Desta forma, pode-se calcular a capacidade do reservatrio para vrios perodos de estiagem e adotar a maior capacidade encontrada (Villela & Mattos, 1975). Para cada perodo de 12 meses, quando se utiliza no mximo a descarga mdia, torna-se necessria a construo de um reservatrio que permita a regularizao anual, distinta da regularizao plurianual. No caso de projetos de pequeno porte, a durao dos perodos crticos de estiagem , geralmente, de alguns meses, no exigindo, portanto, uma regularizao plurianual. A vazo regularizada , normalmente, representada por uma porcentagem da vazo mdia Os mtodos do perodo crtico so aqueles nos quais a necessria capacidade do reservatrio obtida da diferena entre a vazo regularizada de um reservatrio inicialmente cheio e a vazo de entrada, para perodos secos. O perodo crtico definido como sendo o perodo que vai de uma situao em que o reservatrio est cheio e comea a esvaziar, at que se esvazie completamente. Dentre estes mtodos citam-se o mtodo da curva de massa, o mtodo da curva de massa residual, o mtodo da simulao de operao, o mtodo dos picos seqenciais e o diagrama de massa das vazes mnimas. O mtodo da curva de massa das vazes ou diagrama de Rippl bastante conhecido e se encontra descrito em quase todos os livros de hidrologia bsica (Paiva & Paiva, 2003). O analista ambiental poder utilizar o aplicativo computacional para simulao da operao do reservatrio em estudo. Figura 5 Aplicativo utilizado para simulao da operao dos reservatrios Para instruo dos pedidos de outorga, devem ser apresentados os seguintes estudos e informaes: as caractersticas do empreendimento; a justificativa da realizao da interveno; a simulao hidrolgica de operao diria do reservatrio para um perodo crtico de pelo menos 1 (um) ano, obtido a partir de uma srie de dados de pelo menos 10 (dez) anos, considerando os usurios de gua a montante e a jusante do mesmo quando for o caso; o clculo e a justificativa da vazo a ser perenizada ou regularizada; o dimensionamento hidrulico do vertedouro de emergncia e de outras estruturas de descarga existentes, considerando a cheia mxima de projeto; as informaes sobre a existncia de outros usos no barramento (lazer, piscicultura, etc), inclusive aqueles realizados por terceiros, apresentando consideraes sobre a operao do reservatrio e sua relao com esses mltiplos usos. a curva cota x volume do reservatrio; as consideraes sobre a simulao hidrolgica: dados pluviomtricos (os dados de chuva disponveis para a regio do estudo indicando as principais informaes referentes aos mesmos, ou seja: nome do posto e municpio onde o mesmo est instalado; cdigo; latitude e longitude e os perodos de dados); dados fluviomtricos (os dados de vazo da regio do estudo, indicando os postos fluviomtricos com as principais informaes referentes aos mesmos, ou seja: nome do posto; cdigo; nome do manancial; latitude e longitude e os perodos de dados; os estudo de regularizao (deve ser apresentada uma sntese do modelo adotado, detalhando os passos do ajuste obtido e as consideraes realizadas. Deve ser mencionado o levantamento topogrfico e escala que definiram as curvas cota-rea-volume e apresentar o estudo de regularizao de vazes do reservatrio para diferentes garantias com as vazes a serem outorgadas ms a ms. Tambm apresentar em anexo os dados do posto pluviomtrico adotado, como tambm os dados de evapotranspirao e fonte). Neste estudo de regularizao dos reservatrios devem ser consideradas as vazes mnimas defluentes, ou seja, a descarga garantida jusante da barragem para manuteno da vida aqutica e de outros usos; a determinao da cheia de projeto utilizada no dimensionamento hidrulico do vertedouro de emergncia; A tabela a seguir relaciona a metodologia recomendada com a rea de drenagem do ponto. Vazo de projeto (TR >= 25 anos) < 5 km2 Mtodo racional

5 a 100 km2 Hidrograma unitrio

< 5 km2 Mtodos estatsticos

preenchimento de formulrio prprio para a modalidade de uso, disponvel no sitio eletrnico do IGAM. 2.4.3 Captao de gua em barramento sem regularizao Neste caso, a construo do barramento, com a formao do reservatrio visa, em geral, a elevao do nvel de gua de determinado curso, suficiente para instalao de um dispositivo de captao. A captao de gua realizada, em geral, em pequena barragem, desconsiderando-se o volume do reservatrio criado, onde a vazo captada menor que a descarga mnima do rio ou riacho, havendo descargas pelo vertedouro na quase totalidade do tempo. Tambm denominada captao fio dgua. Na anlise do requerimento de outorga tem-se em conta a construo do barramento e a captao de gua para as finalidades a que se destinam. Tais aspectos devem ser considerados em seu conjunto, ou seja, a interposio do barramento no curso de gua, o balano hdrico tal que permita a captao (ou captaes) desejada e as finalidades do uso da gua. Para instruo dos pedidos de outorga, devem ser apresentados os seguintes estudos e informaes: a caracterizao e descrio geral do empreendimento; a finalidade do uso da gua no empreendimento: demanda diria de gua do empreendimento e quais as formas de abastecimento; tipos de consumo (irrigao, consumo humano, consumo industrial, etc); balano do uso da gua no empreendimento (vazes utilizadas para cada finalidade de uso especificando suas fontes de abastecimento); condies de reservao e mtodos de tratamento de gua aplicados, se for o caso; descrio do sistema de recirculao de gua, quando for o caso, apresentando os valores e o percentual de reaproveitamento; justificativa da vazo requerida frente s necessidades do empreendimento. No caso de irrigao, apresentar projeto bsico de irrigao contendo pelo menos: rea irrigada e lmina bruta dirias, turno de rega, manejo de setores irrigados e vazo necessria ao projeto; o clculo da vazo legalmente disponvel, considerando os limites definidos na Portaria IGAM n 49/2010 e, quando for o caso, os usurios de gua a montante e a jusante do ponto de captao. Recomenda-se a referncia: Deflvios Superficiais no Estado de Minas Gerais, Copasa / Hidrosistemas, 1993; o dimensionamento hidrulico da descarga de fundo considerando a vazo mnima residual, informando a lmina de gua mnima a ser mantida no reservatrio para garantia dessa vazo; o dimensionamento hidrulico do vertedouro de emergncia considerando a cheia mxima de projeto; as informaes sobre a existncia de outros usos no barramento (lazer, piscicultura, etc.), inclusive aqueles realizados por terceiros, apresentando consideraes sobre a operao do reservatrio e sua relao com esses mltiplos usos. 2.4.4 Captao em barramento com regularizao de vazo Nesta situao a captao de gua ocorre reservatrio formado a partir da construo de estrutura, construda transversalmente direo do escoamento de um curso de gua, alterando as condicionais naturais de escoamento, tendo como uma de suas finalidades a regularizao das vazes liberadas a jusante, por meio de estruturas controladoras de descargas. O reservatrio de acumulao pode atender a uma ou a mais finalidades como, por exemplo, suprimento de gua para cidades ou indstrias. Para instruo dos pedidos de outorga, devem ser apresentados os seguintes estudos e informaes: a caracterizao e descrio geral do empreendimento; a finalidade do uso da gua no empreendimento: demanda diria de gua do empreendimento e quais as formas de abastecimento; tipos de consumo (irrigao, consumo humano, consumo industrial, etc.); balano do uso da gua no empreendimento (vazes utilizadas para cada finalidade de uso especificando suas fontes de abastecimento); condies de reservao e mtodos de tratamento de gua aplicados, se for o caso; descrio do sistema de recirculao de gua, quando for o caso, apresentando os valores e o percentual de reaproveitamento; justificativa da vazo requerida frente s necessidades do empreendimento. No caso de irrigao, apresentar projeto bsico de irrigao contendo pelo menos: rea irrigada e lmina bruta dirias, turno de rega, manejo de setores irrigados e vazo necessria ao projeto; a simulao hidrolgica de operao diria do reservatrio para um perodo crtico de pelo menos 1 (um) ano, obtido a partir de uma srie de dados de pelo menos 10 (dez) anos, considerando os usurios de gua a montante e a jusante do mesmo quando for o caso; o clculo e a justificativa da vazo mnima a ser mantida a jusante do barramento (vazo mnima residual), considerando os limites definidos na Portaria IGAM n 49/2010. Recomenda-se a referncia: Deflvios Superficiais no Estado de Minas Gerais, Copasa / Hidrosistemas, 1993; o dimensionamento hidrulico da descarga de fundo considerando a vazo mnima residual, informando a lmina de gua mnima a ser mantida no reservatrio para garantia dessa vazo; o dimensionamento hidrulico do vertedouro de emergncia considerando a cheia mxima de projeto; a curva Cota x Volume do reservatrio; os dados mdios mensais de precipitao e evaporao da regio do empreendimento; as informaes sobre a existncia de outros usos no barramento (lazer, piscicultura, etc.), inclusive aqueles realizados por terceiros, apresentando consideraes sobre a operao do reservatrio e sua relao com esses mltiplos usos. 2.4.5 Barramentos em cascata Consiste em obra hidrulica que conjuga dois ou mais barramentos em srie em um curso de gua, com a finalidade de ampliar a capacidade de acumulao e evitar a necessidade da formao de um nico reservatrio que inunde extensa rea. Geralmente, a captao de gua ocorre no barramento localizado mais a jusante dos demais, situados montante, que possuem a finalidade de acumular gua e regularizar as vazes afluentes. Considerando-se que as intervenes devam estar localizadas no mesmo curso de gua, a distncia mxima entre elas dever ser de aproximadamente 1.000 metros (conforme recomendado na Nota Tcnica elaborada pela equipe tcnica da GEARA/IGAM), para serem considerados barramentos em cascata. No processo de outorga devero ser analisadas todas as intervenes (mesmo que seja expedida uma nica Portaria de outorga), verificando a funcionalidade do sistema proposto, para as finalidades a que se destinam. Para o caso em que os barramentos em cascata sejam de proprietrios distintos, a obteno das respectivas outorgas ocorrer a partir do deferimento de processos distintos, sendo que a anlise tcnica dever levar em conta o sistema de barramentos como um todo. Deve ser verificado o modo de uso de cada unidade (barramento sem captao de gua para regularizao, barramento com captao de gua com regularizao de vazo e barramento com captao de gua sem regularizao de vazo), de acordo informaes e estudos anteriormente referidos, e solicitadas informaes adicionais, caso necessrio. Fica a critrio dos analistas ambientais a solicitao de estudos complementares, como por exemplo, curvas de regularizao de vazes para a regio estudada, balanos hdricos e simulao de operao dos reservatrios em cascata. 2.5 Travessia Rodo-Ferroviria (Pontes e Bueiros) As travessias so estruturas que permitem a passagem de uma margem outra de um curso de gua de pessoas, de animais, de veculos, de tubulaes de gua, de gs, de combustvel, ou ainda de cabos e condutos de energia eltrica, dentre outros. Os bueiros podem servir de travessias ou se constiturem em parte do sistema de drenagem de uma rodovia ou ferrovia, tendo como finalidade a passagem livre das guas. A interveno se refere principalmente interposio de estruturas e/ou seus respectivos apoios no leito do curso de gua. A interveno poder modificar as condies do meio hdrico, em seus aspectos quantitativos e de regime de vazes sendo, neste caso, passvel de outorga. O analista ambiental dever verificar, entretanto, o caso de construes de pontes em que os pilares estiverem fora do leito maior do curso de gua. Neste caso a interveno no ser passvel de outorga.

Figura 6 Ponte e Bueiro Celular Triplo O dimensionamento hidrulico de travessias deve seguir as mesmas tcnicas empregadas para as canalizaes, ou seja, anlise em regime uniforme e permanente, utilizando-se as equaes de Manning e da Continuidade para determinar a velocidade mdia e a vazo de projeto. Devem ser observados tambm os coeficientes de rugosidade e as restries quanto s velocidades mximas admissveis para canais em funo do tipo de revestimento (DAEE, 2006) Para instruo dos pedidos de outorga, devem ser apresentados os seguintes estudos e informaes: as caractersticas do empreendimento; a justificativa da realizao da interveno; as caractersticas da estrutura referente ao uso; os estudos referentes ao curso de gua no trecho da interveno, incluindo as caractersticas fsicas e geomtricas do mesmo; as coordenadas dos pontos de incio e fim da interveno; o estudo hidrolgico utilizado para a definio das vazes de projeto, com seus respectivos perodos de recorrncia; o estudo hidrulico mostrando o perfil da linha dgua para a vazo de projeto no trecho de implantao da travessia, com e sem a interveno, considerando o efeito de pilares e demais obstculos, e o efeito de remanso a montante da travessia. preenchimento de formulrio prprio para a modalidade de uso, disponvel no sitio eletrnico do IGAM. A tabela a seguir apresenta um resumo dos critrios a serem utilizados para os tipos de intervenes citadas: Travessia rodo-ferroviria*

Vazo de projeto (TR >= 25 anos)< 5 km2Mtodo racional

5 a 100 km2Hidrograma unitrio

> 100 km2Mtodos estatsticos

Vazo mnimaVelocidade mnima --> Frmula de Manning --> Evitar deposio de sedimento

Dimensionamento hidrulicoEscolher entre frmula de Manning e simulao hidrulica, alm da borda livre.

f (nmero de Froude)se f 1Checar comprometimento da estrutura.

Perfil de linha d'gua a fim de verificar se ocorre afogamento da estrutura em questo.

* Passvel de julgamento da CRH/COPAM2.6 Estruturas de Transposio de Nvel (ECLUSA) A eclusa uma obra da engenharia hidrulica atravs da qual possvel transportar barcos e navios por canais com diferenas de altitude (para jusante ou para montante) atravs de um sistema de comportas. Funcionam como degraus ou elevadores para navios, barcos e outras embarcaes, e apresentam duas comportas separando os dois nveis do rio. Seu objetivo , portanto, permitir a navegao. Figura 7 Eclusa Para instruo dos pedidos de outorga, devem ser apresentados os seguintes estudos e informaes: as caractersticas do empreendimento; a justificativa da realizao da interveno; as coordenadas dos pontos de incio e fim da interveno; os estudos e informaes referentes ao curso de gua no trecho da interveno e estrutura de transposio, incluindo as caractersticas fsicas e geomtricas dos mesmos. Caso a estrutura for implantada em um barramento, apresentar tambm as caractersticas do reservatrio; os estudos hidrulicos utilizados na definio dos seguintes tpicos: posicionamento da eclusa; determinao da elevao dos muros da eclusa; dimensionamento do sistema de enchimento e esvaziamento da eclusa; projeto das estruturas de aproximao da eclusa; dimensionamento de comportas; sistema de fornecimento e retirada de gua da eclusa; os dados sobre as principais embarcaes que trafegam no trecho, incluindo as dimenses bsicas e calado mnimo para a navegao. preenchimento de formulrio prprio para a modalidade de uso, disponvel no sitio eletrnico do IGAM. 2.7 Dragagem, Limpeza e Desassoreamento de Cursos de gua As retiradas de minerais (como areia, pedras, argila, etc.) e materiais diversos do fundo dos cursos de gua, com a utilizao de dragas, geralmente para fins de limpeza e conteno de enchente,