biografia do samuel klein na revista mobile

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048 Novembro/Dezembro 2012 | Móbile Lojista | VAREJO DE PONTA N ão apenas a classe C brasileira vem sendo alvo de atenção como consumidor emergente brasileiro. A melhoria de renda e de poder de compra das classes DE já faz alguns anos que não passa despercebido – especialmente no caso da classe D. Neste sentido, empresas de variados segmentos vêm apostando mais diretamente neste público, buscando inclusive fortalecer os canais de relacionamento, o que abrange a facilitação de acesso às lojas pelo consumidor, por exemplo. Uma das empresas pioneiras a apostar neste tipo de estratégia foi a varejista Casas Bahia, hoje integrante da Viavarejo, divisão de eletromóveis do Grupo Pão de Açúcar. A rede fundada há 60 anos por Samuel Klein, com sede em São Caetano do Sul (SP) e atuante hoje com mais de 550 lojas em todas as regiões do País, abriu neste mês de novembro sua segunda loja em uma comunidade brasileira. A favela da Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ), foi o local escolhido para a inauguração, em 6 de novembro, desta segunda unidade dentro do projeto. Iniciativa | A primeira comunidade a receber a iniciativa foi a de Paraisópolis, em São Paulo (SP), no dia 12 de novembro de 2008. A favela é a segunda maior da capital paulista, com aproximadamente 800 mil metros quadrados de área, ficando atrás apenas de Heliopólis. Já por ocasião desta primeira inauguração, a Casas Bahia anunciou que planejava inaugurar A rede de origem paulista abriu em novembro sua segunda loja em uma comunidade – agora da Rocinha –, e já faz planos para a terceira. A primeira foi aberta em Paraisópolis, na capital paulista, em 2008. A terceira está programada para o ano que vem, no Complexo do Alemão Casas Bahia na Rocinha A Casas Bahia, juntamente com o Ponto Frio e a Nova Pontocom (e-commerce do Pontofrio.com.br, Extra.com.br, Casasbahia.com.br e Atacado Ponto Frio), integra a holding Viavarejo, formada em 2010 pelo Grupo Pão de Açúcar (após a aquisição em 2009 das redes Ponto Frio e Casas Bahia) – que, atualmente, é controlado pelo grupo francês Casino. De acordo com notícia veiculada pelo jornal Valor Econômico com data de 14 e 15 de novembro de 2012, no último dia 13 de novembro, os empresários Michael Klein e Raphael Klein, da família Klein, fundadora das Casas Bahia, hoje acionistas da Viavarejo reuniram-se com Jean- Charles Naouri, presidente do Casino e controlador do Pão de Açúcar desde junho, para confirmar o interesse em comprar o controle majoritário da Viavarejo. De acordo com informações do Valor Econômico, os Klein disporiam de uma linha de R$ 3 bilhões (em torno de 1,2 bilhão de euros) para o pagamento em dinheiro, à vista. A família Klein possui direito de preferência na aquisição da Viavarejo, garantida no acordo de acionistas da companhia. O Pão de Açúcar, que também tem Abilio Diniz como acionista, detém 52,4% das ações da Viavarejo e a família Klein outros 47%. O restante está no mercado. No dia 22 de novembro, ocorre Família Klein faz oferta pela Viavarejo a eleição do novo CEO da Viavarejo, posto ocupado desde a constituição da holding por Raphael Klein, neto do fundador da Casas Bahia, Samuel Klein, que completou neste mês de novembro 89 anos de idade. A reportagem da Móbile Lojista procurou Casino, família Klein e Abilio Diniz a respeito das informações divulgadas, que não se pronunciaram a respeito das intenções de controle societário da Viavarejo até o fechamento desta edição. A assessoria de imprensa do Grupo Pão de Açúcar negou à reportagem a existência de uma disputa pela Viavarejo e alegou que as notícias divulgadas na grande imprensa seriam “meras especulações”. Michael Klein na inauguração da primeira loja Casas Bahia na Rocinha, no início de novembro: pioneirismo na abertura de lojas em comunidades brasileiras DIVULGAÇÃO CASAS BAHIA

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Biografia do Samuel Klein na revista Mobile

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048

Novembro/Dezembro 2012 | Móbile Lojista

| Varejo de Ponta

Não apenas a classe C brasileira vem sendo alvo de atenção como

consumidor emergente brasileiro. A melhoria de renda e de poder de compra das classes DE já faz alguns anos que não passa despercebido – especialmente no caso da classe D. Neste sentido, empresas de variados segmentos vêm apostando mais diretamente neste público, buscando inclusive fortalecer os canais de relacionamento, o que abrange a facilitação de acesso às lojas pelo consumidor, por exemplo.

Uma das empresas pioneiras a apostar neste tipo de estratégia foi a varejista Casas Bahia, hoje integrante da Viavarejo, divisão de eletromóveis do Grupo Pão de Açúcar. A rede fundada há 60 anos por Samuel Klein, com sede em São Caetano do Sul (SP) e atuante

hoje com mais de 550 lojas em todas as regiões do País, abriu neste mês de novembro sua segunda loja em uma comunidade brasileira. A favela da Rocinha, no Rio de Janeiro (RJ), foi o local escolhido para a inauguração, em 6 de novembro, desta segunda unidade dentro do projeto.Iniciativa | A primeira comunidade

a receber a iniciativa foi a de Paraisópolis, em São Paulo (SP), no dia

12 de novembro de 2008. A favela é a segunda maior da capital paulista, com aproximadamente 800 mil metros quadrados de área, ficando atrás apenas de Heliopólis. Já por ocasião desta primeira inauguração, a Casas Bahia anunciou que planejava inaugurar

A rede de origem paulista abriu em novembro sua segunda loja em uma comunidade – agora da Rocinha –, e já faz planos para a terceira. A primeira foi aberta em Paraisópolis, na capital paulista, em 2008. A terceira está programada para o ano que vem, no Complexo do Alemão

Casas Bahia na Rocinha

ACasas Bahia, juntamente com o Ponto Frio e a Nova Pontocom (e-commerce

do Pontofrio.com.br, Extra.com.br, Casasbahia.com.br e Atacado Ponto Frio), integra a holding Viavarejo, formada em 2010 pelo Grupo Pão de Açúcar (após a aquisição em 2009 das redes Ponto Frio e Casas Bahia) – que, atualmente, é controlado pelo grupo francês Casino. De acordo com notícia veiculada pelo jornal Valor Econômico com data de 14 e 15 de novembro de 2012, no último dia 13 de novembro, os empresários Michael Klein e Raphael Klein, da família Klein, fundadora das Casas Bahia, hoje acionistas da Viavarejo reuniram-se com Jean-

Charles Naouri, presidente do Casino e controlador do Pão de Açúcar desde junho, para confirmar o interesse em comprar o controle majoritário da Viavarejo.

De acordo com informações do Valor Econômico, os Klein disporiam de uma linha de R$ 3 bilhões (em torno de 1,2 bilhão de euros) para o pagamento em dinheiro, à vista. A família Klein possui direito de preferência na aquisição da Viavarejo, garantida no acordo de acionistas da companhia. O Pão de Açúcar, que também tem Abilio Diniz como acionista, detém 52,4% das ações da Viavarejo e a família Klein outros 47%. O restante está no mercado. No dia 22 de novembro, ocorre

Família Klein faz oferta pela Viavarejoa eleição do novo CEO da Viavarejo, posto ocupado desde a constituição da holding por Raphael Klein, neto do fundador da Casas Bahia, Samuel Klein, que completou neste mês de novembro 89 anos de idade.

A reportagem da Móbile Lojista procurou Casino, família Klein e Abilio Diniz a respeito das informações divulgadas, que não se pronunciaram a respeito das intenções de controle societário da Viavarejo até o fechamento desta edição. A assessoria de imprensa do Grupo Pão de Açúcar negou à reportagem a existência de uma disputa pela Viavarejo e alegou que as notícias divulgadas na grande imprensa seriam “meras especulações”.

Michael Klein na inauguração da primeira loja Casas Bahia na Rocinha, no início de

novembro: pioneirismo na abertura de lojas em comunidades brasileiras

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Novembro/Dezembro 2012 | Móbile Lojista

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a segunda unidade em comunidade na Rocinha, prevendo a princípio um prazo menor para esta ação, realizada efetivamente quatro anos depois.

Ao inaugurar a unidade de Paraisópolis, a Casas Bahia foi a primeira grande empresa a investir no potencial de consumo de uma comunidade de população de baixa renda, encorajando outras corporações de maior porte a fazer o mesmo. Uma pesquisa divulgada pelo Data Popular dá dimensão do potencial deste público: o instituto projeta que, até 2014, a classe C será representada por 58,3% dos

O livro Samuel Klein e Casas Bahia: uma trajetória de sucesso, escrito pelo jornalista Elias Awad e

publicado pela Novo Século Editora, com primeira edição em 2003, em comemoração aos 80 anos de Samuel, traz a biografia do fundador da varejista. O polonês naturalizado brasileiro Samuel Klein é o terceiro de nove irmãos, filho de um carpinteiro de família judaica. Perdeu contato com a mãe e cinco irmãos aos serem todos mandados para campos de concentração e extermínio na Polônia. Samuel conseguiu fugir em 1944, após um descuido dos guardas, e depois da segunda guerra imigrou para o Brasil, onde em 1952 comprou uma charrete e iniciou

a atividade de mascate. Com a ajuda de um conhecido adquiriu mercadorias (roupas de cama, mesa e banho), que vendia de porta em porta para cerca de 200 clientes em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo.

Em 1957 foi aberta a primeira loja física, da rede, que comemora 60 anos de atividades varejistas neste ano de 2012, no centro de São Caetano do Sul. O nome ‘Casas Bahia’ foi escolhido por Samuel

como uma homenagem aos imigrantes nordestinos que migravam a São Paulo em busca de melhores oportunidades de trabalho. Foi por esta época que Samuel começou a vender móveis, além de colchões de algodão e itens domésticos. Segundo demarca a empresa, o processo de fidelização de clientes já data desse período. Eles aproveitavam o deslocamento até a loja para pagar as prestações para adquirir novos produtos.

brasileiros e a D por nada menos que 26,8% da população.

Rocinha | Considerada a maior favela da América Latina, a Rocinha tem cerca de 60 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A loja recém-inaugurada pela Casas Bahia nesta comunidade tem 1.427 metros quadrados de área, divididos em três pavimentos, e emprega 51 funcionários. Conforme informações da empresa, eles foram recrutados na própria comunidade, e 32 vão integrar a área de vendas.

Para compor o mix, a rede procurou contemplar os itens mais procurados pelas classes CD, com um direcionamento maior para TI e eletros: tablets, notebooks, TVs de LCD e LED e refrigeradores. A expectativa da Casas Bahia é de que a nova loja gere movimento em torno de 30 mil consumidores/mês.

Planos | A Casas Bahia já planeja a abertura de sua terceira loja em comunidades. O próximo passo, segundo informações da rede, é desbravar o

Livro conta a história do fundador da Casas Bahia

Samuel Klein e Casas Bahia: uma trajetória de sucessoAutor: Elias AwadEditora: Novo Séculowww.novoseculo.com.br

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Complexo do Alemão, também no Rio de Janeiro (RJ) – e já em 2013. "Há 60 anos, a Casas Bahia está ao lado dessas pessoas que agora têm mais oportunidade de consumir”, enfatiza Michael Klein, presidente do conselho de Administração da Viavarejo.

“Entendemos muito sobre seus valores, hábitos, necessidades e atitudes”, garante, lembrando que a rede já atendia boa parcela deste público por meio de lojas de bairro e shoppings. “Com a inauguração da Rocinha, estaremos ainda mais próximos delas e de onde elas vivem."

Casas Bahia | Neste ano em que completa 60 anos no mercado, a rede emprega cerca de 57 mil funcionários. A varejista foi uma das primeiras de atuação multirregional a estender sua cobertura ao Nordeste, há cerca de três anos. E tornou sua abrangência nacional em abril deste ano, ao chegar à região Norte com a inauguração de uma filial em Palmas (TO).

O novo empreendimento recebeu da rede R$ 3,9 milhões em

Paraisópolis, segunda maior favela de São Paulo, recebeu a

primeira loja da Casas Bahia em comunidade, inaugurada em 2008

Consumidores aguardam a inauguração da primeira loja da Casas Bahia em Palmas (TO), em abril último: chegada à região Norte demarca a cobertura nacional da rede

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investimentos. Mais de 30 empregos foram gerados diretamente. Os funcionários foram selecionados na própria região e receberam, conforme informações divulgadas à imprensa, 2,9 mil horas de treinamento em técnicas de vendas. "Estamos muito

felizes e otimistas com a chegada a Tocantins. Palmas será a porta de entrada da Casas Bahia no Norte do País. Vamos avaliar o desempenho do mercado local para programar nossa expansão na região”, comentou por ocasião da inauguração Michael Klein. “Em apenas três anos, chegamos a mais de 30 lojas no Nordeste do País. A inauguração em Tocantins representa nosso primeiro passo em direção a um novo ciclo de expansão.”

A unidade de Palmas tem 1,7 mil metros quadrados e foi projetada sob o modelo 'conceito', definido pelo vice-presidente comercial da Viavarejo, Roberto Fulcherberguer, por ocasião da inauguração, como uma loja que “traz a reprodução de ambientes reais, como quartos, salas e cozinhas, com ideias modernas para disposição de móveis e eletrodomésticos na casa, com direito à experimentação de produtos.”

Hoje a Casas Bahia distribui seus mais de 550 pontos de vendas em 14 Estados (SP, RJ, MG, ES, PR, SC, MS, MT, GO, TO, BA, SE, CE, RN e PE), além do Distrito Federal. A primeira loja no Estado de Pernambuco foi inaugurada em 30 de outubro, no shopping RioMar, no Recife, aumentando também a abrangência da rede na região Nordeste.

Faz parte também da estrutura da varejista uma fábrica própria, a Bartira (veja box) e 22 centros de distribuição – que segundo a empresa atingem em meses de pico, como dezembro, a marca de 1,3 milhão de entregas. Ademais das unidades físicas, atua também com loja virtual (www.casasbahia.com.br) e televendas. Além da Casas Bahia a holding Viavarejo atua também com a marca Pontofrio. nPor Franciele Vargas*

* Equipe de conteúdo

Fábrica da Casas Bahia, Bartira completa 50 anos em 2012

Fábrica da Bartira, em São Bernardo do Campo (SP), com produção de 4 milhões de itens por ano: mais de 100 mil dormitórios, 180 mil módulos de cozinha e 30 mil racks e estantes por mês

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Fundada em 1962, a fábrica de móveis Bartira faz parte do grupo da Casas Bahia

desde 1981. Além de adquirir mobiliário de indústrias de várias partes do País, a rede se abastece em grande parte em sua fábrica própria. Outra varejista que atua com este modelo, em abrangência global, é a sueca Ikea.

Localizada na região do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), a Bartira produz dormitórios, cozinhas, estantes e racks em um espaço de 112 mil metros quadrados de área construída, com maquinário de origem japonesa e italiana. Conforme informações da Casas Bahia, a produção anual da Bartira supera a faixa de 4 milhões de móveis. Além de mobiliário, a indústria produz chapas de madeira: são 28 milhões de metros quadrados/ano – indicador que, conforme cálculos da empresa, equivale a “a 200 estádios do Maracanã”.Logística | Segundo a Casas Bahia, mais

de 1,2 mil carretas são carregadas por mês na Bartira para os centros de distribuição da varejista, que somam em torno de 8 milhões de metros cúbicos de área de amarazenagem. A rede tem frota próxima de 3 mil veículos.

Moradores da Rocinha na abertura da loja: estratégia da rede é de estar mais próxima do consumidor emergente

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