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BIOEXPRESSÃO: NOVOS RUMOS PARA UMA EDUCAÇÃO DO SENSÍVEL NO CURSO DE PEDAGOGIA Lucia Helena Pena Pereira - UFSJ Cintia Lucia de Lima UEMG Resumo: Considerando-se a necessidade de, no processo de formação de professores, que o educador, além dos saberes necessários à sua prática, tenha um conhecimento maior de si mesmo, esta pesquisa teve como um de seus objetivos analisar possibilidades que despertem os educadores para o contato com sua própria corporeidade, além do cuidado consigo e com o outro, abrindo caminhos para uma educação que privilegie a sensibilidade e valorize o ser humano de forma integral. O foco deste estudo foi a Bioexpressão, disciplina eletiva do Curso de Pedagogia, que possibilita a vivência da corporeidade, uma vez que trabalha pensamentos sentimentos, ações e inter-relações, tendo seus fundamentos na teoria de Wilhelm Reich, em sua visão de unicidade soma- psique. Considerar a corporeidade significa compreender o ser humano como um ser complexo; um ser racional, mas também envolvido pela afetividade, que age e se inter- relaciona. Os estudos teóricos tiveram como fundamento autores como Freire (2004); Maffesoli (2005); Morin (2000; 2001); Nóbrega (2010) e Reich (1995; 1998) entre outros. Como instrumentos para a coleta de dados no campo, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas e análise dos relatos de experiência da disciplina. Pôde-se concluir que trabalhar a corporeidade é abrir caminhos para ir além da razão instrumental, valorizando as múltiplas nuances da razão sensível. É poder investir em uma escola em que não só o pensamento tenha vez, em que os corpos não fiquem, simplesmente, ocupando as carteiras, imóveis, inexpressivos. Trabalhar a corporeidade é propiciar que a vida pulse nas salas de aula, abrindo um leque de possibilidades. Palavras-chave: Corporeidade; Bioexpressão; Razão sensível. Para começar... Este texto apresenta a síntese de uma pesquisa, que teve como um de seus objetivos analisar possibilidades que despertem os educadores para o contato com sua própria corporeidade, além do cuidado consigo e com o outro, abrindo caminhos para uma educação que privilegie a sensibilidade e valorize o ser humano de forma integral. Para tal, foi analisada a disciplina eletiva Bioexpressão, cuja básica teórica está ancorada nos estudos de Wilhelm Reich. Há muito mais que conhecimentos circulando em uma sala de aula. Através de palavras, gestos, olhares, expressões e atitudes são transmitidos valores e crenças, o que singulariza cada contexto escolar. Faz-se necessário que o educador, além dos saberes necessários à sua prática, tenha um conhecimento maior de si mesmo, considerando sua corporeidade, pois o processo ensino-aprendizagem não se dá somente através da linguagem verbal, todo o corpo do educador está envolvido nesse processo. Em qualquer situação, Didática e Prática de Ensino na relação com a Sociedade EdUECE - Livro 3 01222

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BIOEXPRESSÃO: NOVOS RUMOS PARA UMA EDUCAÇÃO DO SENSÍVEL

NO CURSO DE PEDAGOGIA

Lucia Helena Pena Pereira - UFSJ

Cintia Lucia de Lima – UEMG

Resumo: Considerando-se a necessidade de, no processo de formação de professores,

que o educador, além dos saberes necessários à sua prática, tenha um conhecimento maior

de si mesmo, esta pesquisa teve como um de seus objetivos analisar possibilidades que

despertem os educadores para o contato com sua própria corporeidade, além do cuidado

consigo e com o outro, abrindo caminhos para uma educação que privilegie a

sensibilidade e valorize o ser humano de forma integral. O foco deste estudo foi a

Bioexpressão, disciplina eletiva do Curso de Pedagogia, que possibilita a vivência da

corporeidade, uma vez que trabalha pensamentos sentimentos, ações e inter-relações,

tendo seus fundamentos na teoria de Wilhelm Reich, em sua visão de unicidade soma-

psique. Considerar a corporeidade significa compreender o ser humano como um ser

complexo; um ser racional, mas também envolvido pela afetividade, que age e se inter-

relaciona. Os estudos teóricos tiveram como fundamento autores como Freire (2004);

Maffesoli (2005); Morin (2000; 2001); Nóbrega (2010) e Reich (1995; 1998) entre outros.

Como instrumentos para a coleta de dados no campo, foram utilizadas entrevistas

semiestruturadas e análise dos relatos de experiência da disciplina. Pôde-se concluir que

trabalhar a corporeidade é abrir caminhos para ir além da razão instrumental, valorizando

as múltiplas nuances da razão sensível. É poder investir em uma escola em que não só o

pensamento tenha vez, em que os corpos não fiquem, simplesmente, ocupando as

carteiras, imóveis, inexpressivos. Trabalhar a corporeidade é propiciar que a vida pulse

nas salas de aula, abrindo um leque de possibilidades.

Palavras-chave: Corporeidade; Bioexpressão; Razão sensível.

Para começar...

Este texto apresenta a síntese de uma pesquisa, que teve como um de seus

objetivos analisar possibilidades que despertem os educadores para o contato com sua

própria corporeidade, além do cuidado consigo e com o outro, abrindo caminhos para

uma educação que privilegie a sensibilidade e valorize o ser humano de forma integral.

Para tal, foi analisada a disciplina eletiva Bioexpressão, cuja básica teórica está ancorada

nos estudos de Wilhelm Reich.

Há muito mais que conhecimentos circulando em uma sala de aula. Através de

palavras, gestos, olhares, expressões e atitudes são transmitidos valores e crenças, o que

singulariza cada contexto escolar. Faz-se necessário que o educador, além dos saberes

necessários à sua prática, tenha um conhecimento maior de si mesmo, considerando sua

corporeidade, pois o processo ensino-aprendizagem não se dá somente através da

linguagem verbal, todo o corpo do educador está envolvido nesse processo. Em qualquer

situação,

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[...] o que eu não compreendo em meu corpo não posso compreender em

nenhuma outra parte, por isso o educador precisa adquirir na universidade

conhecimentos que possam ser integrados a sua vida, possibilitando o

desenvolvimento de seus potenciais e descoberta de si mesmo e do mundo que

o cerca (LEPAGNEUR apud PEREIRA, 2011, p. 49).

A partir da necessidade de trabalhar nossos futuros professores para a

compreensão e prática da corporeidade, para que possam ir além da racionalidade, esta

pesquisa se propôs a analisar mais detidamente uma disciplina oferecida regularmente:

Bioexpressão: uma pedagogia do movimento e da expressividade em que o exercício da

razão-sensível se dá de forma sistemática. A razão é uma das dimensões fundamentais

do sujeito, através da qual o ser tem condições de conhecer, aprender, se comunicar e

gerar significados, entretanto há outras dimensões não menos significativas como os

afetos, o cuidado e a sensibilidade nem sempre consideradas.

Maffesoli (2005) aponta dois polos da inteligência humana. “O primeiro, abstrato,

que deriva infalivelmente para o dogmatismo, a intolerância, a escolástica; o segundo,

mais encarnado, atento ao sensível, à criação natural, e que se empenha o mais possível

em evitar a separação” (p. 40-41). E enfatiza que optar pelo segundo não significa abdicar

do intelecto, e sim prevenir-se do “estreitamento da faculdade de compreender”. A razão

sensível é aquela em que o intelecto é desafiado a encontrar um modus operandi que lhe

permita transitar da abstração à imaginação, ao sentimento, ou seja, unir o inteligível e o

sensível.

No âmbito da Educação, a razão sensível se manifesta na proposta da educação

integral, que defende o desenvolvimento das várias dimensões do sujeito, sentir, pensar e

agir. A educação integral implica que o ser seja visto em sua totalidade, o que inclui suas

relações com o seu meio – as interações grupais e com os aspectos socioculturais.

Morin (2000) enfatiza que “uma educação só pode ser viável se for uma educação

integral do ser humano. Uma educação que se dirige à totalidade aberta do ser humano e

não apenas a um de seus componentes” (p. 11). Complementando esta ideia, Pereira

(2011) afirma que a falta de conhecimento e a desvalorização do corpo em relação ao

intelecto têm interferido na relação ensino-aprendizagem e causado limitações ao

desenvolvimento integral do ser humano. Além de uma hipertrofia do pensamento, as

relações sofrem pela ausência da afetividade, do cuidado e do desenvolvimento dos

sentidos e a consequente dificuldade de percepção de si, do outro e do mundo. As

Diretrizes Curriculares para a Educação Básica apontam:

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Cuidar e educar significa compreender que o direito à educação parte do

princípio da formação da pessoa em sua essência humana. Trata-se de

considerar o cuidado no sentido profundo do que seja acolhimento de todos

[...] Educar exige cuidado; cuidar é educar, envolvendo acolher, ouvir,

encorajar, apoiar, no sentido de desenvolver o aprendizado de pensar e agir,

cuidar de si, do outro, da escola, da natureza, da água, do Planeta. Educar é,

enfim, enfrentar o desafio de lidar com gente, isto é, com criaturas tão

imprevisíveis e diferentes quanto semelhantes, ao longo de uma existência

inscrita na teia das relações humanas, neste mundo complexo. Educar com

cuidado significa aprender a amar sem dependência, desenvolver a

sensibilidade humana na relação de cada um consigo, com o outro e com tudo

o que existe, com zelo, ante uma situação que requer cautela em busca da

formação humana plena (BRASIL, 2013, p. 17-18).

Freire (2004, p. 114) enfatiza que “a liberdade de mover-nos, de arriscar-nos vem

sendo submetida a uma certa padronização de fórmulas, de maneiras de ser, em relação

às quais somos avaliados”. Alguns educadores privilegiam a racionalidade para ensinar,

embora a aprendizagem ocorra também através do sensível, do lúdico, do afetivo.

Seguindo essa mesma linha de pensamento, Kenski (2000) concorda que os corpos falam

a linguagem do impedimento e da restrição no espaço da escola; corpos encolhidos,

troncos fechados, braços e pernas cruzadas, corpos caídos, encostados, parados,

sonolentos e cansados e sem muita perspectiva de ação e escolha, revelam a identidade

do indivíduo e sua posição no contexto educativo.

As práticas educativas rotineiras tornam, muitas vezes, as salas de aula palco da

insensibilidade, desarmonia e desprazer. Kenski afirma ser possível modificar a prática

e a linguagem dos corpos na escola, a partir de atividades lúdicas e corporais, à medida

que essas têm a capacidade de tornar os “corpos dóceis” em corpos cheios de vida,

movimentos e coreografias criativas, que dão um significado diferente à trama escolar.

Uma educação integral visa ao trabalho com o ser em sua totalidade, ou seja,

implica uma visão não dicotomizada do ser, um trabalho que integra suas várias

instâncias, implica trabalhar a corporeidade. Mas o que é isto?

Corporeidade e a configuração da complexidade humana

O corpo é nossa possibilidade de existência no mundo, através dele percebemos o

mundo e com ele nos relacionamos. É um espaço de liberdades e proibições, onde se

revelam a sociedade e a cultura de que fazemos parte. O corpo é fonte de potencialidades,

de expressão, de ação e reação.

Na sociedade capitalista, o corpo pode ser comparado a uma máquina, que deve

funcionar a todo vapor para produzir e agir da forma esperada pela sociedade. Monteiro

(2004) ressalta que esses “corpos-máquinas” são aqueles que vivem para executar,

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obedecer ao que lhes é imposto, seguindo um padrão de sociedade, mais preocupados

com a aparência e com os modismos, sem uma autonomia própria, sem possibilidades de

flexibilização. São esses aspectos frutos de uma construção histórica de visão de corpo e

que são enfatizados na sociedade capitalista. O autor ressalta a necessidade de fazer

surgirem os “corpos-vivos’, capazes de se proporem a mudar, leves, flexíveis, autônomos.

Que conseguem integrar o que sentem e pensam com o que fazem. Estes “corpos-vivos”

se relacionam ao conceito de corporeidade.

Considerar a corporeidade significa compreender o ser humano como um ser

complexo, dotado de intenções, vontades e desejos; um ser racional, mas também

envolvido pela afetividade e motricidade. Este conceito “integra tudo que somos: corpo,

mente, espírito, emoções, movimento, relações com o nosso próprio ‘eu’, com outras

pessoas e com o mundo a nossa volta” (FIORENTIN, ROCHA E LUSTOSA, 2004, p.

336). Como aponta Olivier,

O paradigma da corporeidade vem romper com o modelo cartesiano, não

havendo mais distinção entre essência e existência, ou razão e sentimento. O

cérebro não é o órgão da inteligência, tampouco o coração a sede dos

sentimentos, pois o corpo inteiro é sensível. O homem deixou de ter um corpo

e passou a ser um corpo. Por meio do corpo, ele pode aprender, agir e

transformar seu mundo (1995, p. 62).

Pensar a corporeidade, como ressalta Nóbrega (2010), exige atentar para a

multiplicidade de sentidos e saberes do corpo, “buscando não reduzir o fenômeno a

categorias simplificadoras, mas permitir diferentes olhares, diferentes aproximações e

abordagens, primando pelo diálogo, pela comunicação entre elementos que configuram

esse universo multifacetado” (p. 36), o que compõe sua complexidade. Gallo (2007)

enfatiza que “sendo corpo, relacionamo-nos, comunicamo-nos, convivemos e

produzimos nossas organizações e conhecimentos. Ao manter contato com outras

pessoas, revelamo-nos pelos gestos, pelas atitudes, pelo olhar” (p. 65). É através do nosso

corpo que somos e estamos no mundo.

Acreditamos que a prática é fundamental, que as vivências devam ser

possibilitadas porque as experiências trazem um saber que é, de fato, in-corporado, que

manifesta a corporeidade: sentir, pensar, agir e interagir. Uma questão importante a

apreender é que a realidade não é estática, ao contrário, está em permanente mutação, e é

necessário estarmos abertos para analisar, questionar, observar, criticar, pesquisar,

transformar. A cada dia, o novo se manifesta nas mais diferentes áreas com uma rapidez

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que desafia nossa capacidade de adaptação, nossa flexibilidade diante da vida, diante do

mundo em que vivemos. Isso, sem dúvida, é extremamente inquietante e desafiador.

Formar professores sem uma visão dissociada de teoria-prática e do corpo em

relação ao intelecto é um desafio enfrentado hoje pelas universidades. Morin (2000)

enfatiza que o século XXI deverá abandonar a visão unilateral que define o ser humano

pela racionalidade, pois o homem da racionalidade é também o da afetividade, o que

também é manifestado por Freire (2004), que afirma que “a afetividade não se acha

excluída da cognoscibilidade” (p. 141).

À medida que o educador começa a se conhecer melhor, a perceber o seu corpo

e suas próprias dificuldades, a compreender que as emoções fazem parte do seu ser, que

precisam ser olhadas, e não escondidas sob o tapete, alguns entraves de sua prática

podem ser reconhecidos e superados. As dificuldades em compreender o aluno e de se

relacionar com ele são vivenciadas por muitos educadores que ainda não aprenderam a

lidar com suas próprias emoções. Alguns conflitos que acontecem na relação professor-

aluno geram marcas profundas, tanto na vida do professor, quanto na do aluno. Os

educandos por serem submissos ao educador, principalmente as crianças mais novas, são

as mais atingidas por essas marcas. Como afirma Freire,

o professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério,

o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das

gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas,

frio, burocrático, racionalista, nenhum desses passa pelos alunos sem deixar

sua marca (2004, p. 66).

Porém, pode-se afirmar que o professor que tem bom relacionamento com seus

alunos e consigo mesmo, que tem maior percepção de sua corporeidade e da de seus

alunos, facilitará a apreensão mais plena do saber ensinado. E como isso pode ser feito?

Bioexpressão e a vivência da corporeidade

A Bioexpressão, que possibilita a vivência da corporeidade, uma vez que trabalha

pensamentos sentimentos, ações e inter-relações, tem seus fundamentos na teoria de

Wilhelm Reich. Segundo esta teoria, que tem como grande eixo a unicidade soma-psique,

trabalhar o corpo significa atuar no indivíduo em sua totalidade. Corpo e psique são faces

do ser humano em sua totalidade, o que implica que o corpo expressa os afetos da psique

e a psique expressa a fluidez ou rigidez corporal (REICH, 1995).

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Partindo dessa premissa, se permitimos mudanças na relação com o nosso corpo,

tais mudanças reverberam na nossa forma de pensar e sentir. Perceber o próprio corpo,

suas reações, seus avisos, seus queixumes é uma maneira de nos conhecermos mais e de

compreender melhor a realidade que nos cerca. Se a percepção de nós se desenvolve, o

que significa estar em maior contato conosco, é mais fácil desenvolver atitudes de

cuidado. E este é aspecto fundamental tanto em relação a nós mesmos, quanto em nossas

relações com os grupos sociais e a natureza. Cuidar é assumir a responsabilidade pela

própria vida.

A Bioexpressão, através do movimento expressivo e atividades variadas

(exercícios de respiração, relaxamento, meditação ativa, danças circulares, entre outras)

tem como um de seus focos trabalhar a percepção de si e do outro, caminhos para que a

sensibilidade seja estimulada e para que as inter-relações se tornem mais equilibradas, de

forma que o cuidar de si e do outro sejam incentivados, gerando, também, possibilidades

aos futuros educadores de uma prática mais dinâmica, sensível e significativa (PEREIRA,

2011).

A Bioexpressão oferece uma rica possibilidade de trabalhar a corporeidade e a

relação teoria-prática, tendo como recurso fundamental a ludicidade. Através dela, os

educandos têm acesso a vivências e reflexões. Como ressalta Maffesoli,

[...] ater-se à vivência, à experiência sensível, não é comprazer-se numa

qualquer delectatio nescire, ou negação do saber, como é costume crer, por

demais freqüentemente, da parte daqueles que não estão à vontade senão

dentro dos sistemas e conceitos desencarnados. Muito pelo contrário, trata-se

de enriquecer o saber, de mostrar que um conhecimento digno deste nome só

pode estar organicamente ligado ao objeto que é o seu (2005, p. 176).

A ludicidade, contrariamente ao que muitos pensam, não se restringe apenas ao

jogo ou à brincadeira, implica o envolvimento mais profundo do sujeito, um encontro com

ele mesmo. Segundo Pereira (2011), a atividade lúdica propicia uma experiência de

vivenciar plenamente o aqui-agora; quando nos entregamos a ela, nos envolvemos por

completo, integrando pensamentos, sentimentos e ações. Esta visão mais ampla de

ludicidade pode ser mais facilmente entendida quando vivenciada, como o depoimento de

DB, uma de nossas pesquisadas, atesta: “Pra mim, ludicidade envolvia necessariamente

confusão, desordem. Quando tivemos vivências pude compreender as possibilidades

lúdicas e o quanto algumas podem nos envolver, seduzir e sensibilizar”.

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As atividades bioexpressivas, assim como as lúdicas, uma vez que aquelas são

pautadas na ludicidade, são as que nos permitem vivenciar o momento com entrega e

integração com os envolvidos, vivendo o momento presente. Podem ser uma dinâmica,

um jogo ou qualquer outra atividade que possibilite instaurar um estado de inteireza,

unindo pensamento, sentimento e ação: uma dinâmica de integração grupal ou de

sensibilização, exercícios de relaxamento e respiração, uma ciranda, movimentos

expressivos, atividades rítmicas, entre outras.

Santin (1994) considera que a ludicidade é uma ação vivida e sentida, não

definível pelas palavras e, sim, compreendida pela fruição. A ludicidade não está presente

nos prazeres estereotipados, pré-fabricados, que não possuem a marca da singularidade

do sujeito lúdico. É um momento não imposto, onde a espontaneidade se apresenta, e

consequentemente, abre espaço para a expressividade e a criatividade. Luckesi (2007) vai

além, quando considera que esse contato é curativo, na medida em que pode ordenar ou

reordenar o campo energético, estabelecendo experiências que irão se refletir em

transformações ao longo da vida.

A Bioexpressão, priorizando a ludicidade, norteia-se em três eixos: centramento,

grounding e autoexpressão. O centramento envolve vivências que privilegiam a

respiração, levando-se em conta que, a respiração gera uma conexão direta entre o meio

externo e o nosso meio interior, através da absorção do ar e sua expulsão. Quando

respiramos com mais consciência, possibilitamos um contato maior com a nossa

realidade, fortalecendo nossa forma de responder às demandas do nosso meio. Como

frisa Reich (1995), o oxigênio fornece a energia que move o organismo, sendo

fundamental para o equilíbrio orgânico e emocional; logo, quando a respiração é

inadequada, o nível de vitalidade do organismo tem uma queda sensível.

O termo grounding foi criado por Lowen, um dos discípulos de Reich. As

atividades de grounding (atividades de base), conforme Pereira (2011), trabalham a

autoconfiança, aumentam o senso de segurança, descarregam tensões, trazendo-nos para

o aqui-agora. Essas atividades propiciam o fortalecimento de nosso contato com a

realidade. Através de exercícios que priorizam o trabalho com as pernas e os pés, o

indivíduo mantém um contato mais concreto com sua base e com seu eixo. Quando esse

indivíduo pisa mais firme no chão, consegue transportar para a sua vida possibilidades

de lidar com as situações cotidianas com mais firmeza e mais segurança.

A autoexpressão se dá através das possibilidades de vivências que incluam o

contato visual e a linguagem verbal. O contato visual propicia um reconhecimento do

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outro e, assim, abrem-se oportunidades de o outro reconhecer-nos. Daí pode surgir uma

relação que tende a se tornar verdadeira, quando é permitido um diálogo autêntico entre

os envolvidos (PEREIRA, 2011).

Os passos da pesquisa...

A primeira etapa da pesquisa foi de cunho bibliográfico; na segunda etapa, a sala

de aula da disciplina Bioexpressão no Curso de Pedagogia, oferecida pela Profª. Drª.

Lucia Helena Pena Pereira, foi o espaço pesquisado; o tempo, o semestre letivo de 2012;

os sujeitos da pesquisa, 13 alunas que se dispuseram a responder duas entrevistas – uma

inicial e outra final, gravadas em áudio. Além das perguntas da entrevista

semiestruturada, um material muito rico utilizado foram os relatos de experiência, o que

envolveu toda a turma. Estes relatos são um recurso permanente da disciplina usado pela

professora, que tem por finalidade saber o que os alunos têm a dizer sobre o trabalho

teórico e a prática, o que pensam que poderia ser mudado, o que foi mais significativo,

o que foi bom ou o que causou incômodo, o que as atividades geraram: desajeitamento,

alegria, tristeza, incômodo, paz, mãos formigando, calor, ... São uma forma de todos se

colocarem sem o risco de se exporem diante da turma, e de terem respostas sem que seus

nomes sejam identificados pelos colegas.

A Bioexpressão e um pouco dos dados analisados

A partir do conhecimento de que o corpo guarda as marcas do vivido (REICH,

1998) e que o desenvolvimento do ser humano se dá através das experiências vivenciadas

pelo seu corpo, constatamos que as vivências bioexpressivas trouxeram, entre outros

ganhos, maior percepção de si e autocuidado aos seus participantes.

Uma das pesquisadass, dizendo em seu relato inicial que “não adianta forçar o

corpo a querer fazer, quando ele não aguenta”, mostra quantas vezes ultrapassamos o

limite permitido em função das obrigações cotidianas. E isto foi percebido, após as

atividades bioexpressivas, quando nossos educandos em suas falas apontam aspectos

importantes quanto à maior percepção de si, do outro e das inter-relações:

Eu parei de ser muito rigorosa com meu corpo. Inclusive depois daquela

conversa que nós tivemos num dos dias fundamentais da disciplina, que eu

lembro que eu até chorei, né? [...] eu parei, falei assim: Nossa! Eu tenho que

prestar mais atenção em mim, nos limites do meu corpo. Eu estava numa

situação que eu já não estava aguentando mais, o extremo. E eu parei para

pensar e sentir mais. Hoje não estou tão assim, claro que eu me cobro as coisas,

mas eu estou tentando tratar mais do meu corpo (NF).

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No início, ficava o tempo todo preocupado se iria esbarrar em alguém, achava

que o espaço era insuficiente. Percebia minha rigidez corporal, me sentia

limitado. Parecia um robô enferrujado. Aos poucos fui me soltando, me

sentindo mais capaz de me movimentar e interagir... mais feliz (JF).

A gente passa a perceber mais as coisas. Sentir mais as pessoas (...) a gente

vive num mundo muito corrido, muito automático... E quando a gente está na

Bioexpressão, a gente aprende a parar, a perceber, a sentir que a outra pessoa

também sente as coisas... Que a pessoa também tem um sentimento, do mesmo

jeito que a gente tem. Então a gente consegue... dar uma chance pro outro,

sabe? E se dar uma chance também. Achei isso muito bom (FV).

Com base no pensamento que cuidar é um princípio que deve orientar a vida,

pôde-se constatar a pouca preocupação com o cuidado de si e do outro, tendo como

exemplo a fala de CL: “eu não respeito nem os meus limites nem os limites dos outros.

Os meus eu só vou perceber quando não deu tempo, quando não sobrou tempo, no limite

de horário para cumprir, e o dos outros também, você sempre acha que vai dar conta […]”.

Após as atividades bioexpressivas: “cuidar de mim mesma? Acho que sim. Acho que eu

já estou conseguindo fazer isso. Antes, era mais fisicamente, né? Mas agora,

interiormente também é; o corpo mesmo, aliviar as tensões”.

Na busca do autocuidado, nos é permitido ampliar o exercício da liberdade, da

decisão e do próprio equilíbrio, criando assim o espaço da individualidade, de expressão

da subjetividade. Dessa forma, podem-se delinear os contornos dos limites e,

possivelmente, estes serão mais bem respeitados.

Através da prática do cuidado é possível atingir patamares mais concretos de uma

convivência mais equilibrada com os nossos pares, pois vivemos em um mundo onde o

tempo acelera as ações. O corre-corre do dia a dia faz diminuir o contato com as conexões

internas. Pode-se perceber isso nas falas de LP:

[...] reparo as pessoas que estão à minha volta muito pouco, [...] só as que eu

tenho, realmente, uma convivência. E, assim, uma coisa que eu acho muito

ruim é que, às vezes, nossa rotina é tão estressante que a gente vai descontar

nas pessoas que não têm nada a ver com a nossa rotina, com os nossos assuntos

de trabalho, de estudo, né? [...] (Antes da prática bioexpressiva)

Eu acho que eu tenho preocupação com as minhas colegas de sala. Acho que,

agora, percebo muito as coisas. A Bioexpressão deixa a gente muito unida, a

gente percebe as pessoas. Você percebe a pessoa, o dia que ela não está bem.

E preocupa e quer saber o que aconteceu. Quer cuidar! (Após a prática

bioexpressiva)

O cuidado requer respeito e envolve sentimentos. Cuidar supõe colocar-se no

lugar do outro, ser empático. Conforme Pereira (2011, p. 82), “é o cuidado que humaniza,

que faz com que surja o ser humano com toda a sua complexidade, sensibilidade e

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solidariedade. O cuidado, essência da vida humana, precisa ser continuamente

alimentado”. E esta atitude deve ser priorizada no espaço educacional.

Alguns de nossos alunos que já se encontram na prática da sala de aula, assim, se

manifestaram:

A primeira coisa que faço na escola é respirar e procurar soltar o corpo cada

vez que me sinto muito tensa, que tenho vontade de dar uns gritos. É

impressionate como uma parada nos faz “voltar para o próprio corpo” (FF).

Passei a entender melhor meus petitinhos de dois anos. E agora quando eles

estão, assim, agitados, estão nervosos, eu pego e paro tudo. Vamos relaxar! Aí

coloco uma música, no outro dia deitei todo mundo no tapete e quase todo

mundo dormiu. Então, assim, muito significativa a Bioexpressão pra mim e

pras minhas aulas (CR).

O contato com a própria corporeidade favorecido pela Bioexpressão, permite que

cada um, a partir da percepção de si, busque mudanças, possibilidades de se cuidar:

Agora, percebo quando estou mais tensa, percebo o porquê de dores de cabeça

e no pescoço, e faço exercícios pra me soltar, procuro resolver a causa da

melhor maneira possível. Antes vivia com o piloto automático ligado, nem me

olhava, nem sabia o porquê de estar irritada ou zangada, pois não parava pra

refletir sobre o que estava acontecendo (DF).

Morin (2000) afirma que a educação para a compreensão está ausente no ensino.

Isso pode ser observado nas dificuldades de compreensão de si e do outro, enfrentadas

pelo educador na sua prática; o professor só será capaz de vivenciar a compreensão, à

medida que se apropriar dela. A fala de FR aponta para uma situação que pode gerar

muitos atritos se não for entendida, e que pode ter repercussões prejudiciais nas relações

pessoais e profissionais: “Os trabalhos com sons me ajudaram a liberar algo que estava

entalado, preso na minha garganta, que não tinha coragem de expressar, que nem

percebia como me incomodava, como dificultava minhas relações”.

Larrosa (2013) nos ajuda a complementar, enriquecer e iluminar as análises aqui

apresentadas:

A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer

um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que

correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar

mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir,

sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender

o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a

atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos

acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro,

calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço (2002, p. 24).

Finalizando... por enquanto

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É importante percebermos que há momentos em que devemos nos defrontar com

um processo de mudança que exige que abramos mão da segurança das respostas

existentes, que nem sempre podemos ter respostas objetivas, que é necessário buscar

novas soluções, outras explicações. A proposta trazida mostra a construção de um

caminho novo em que está presente a poesia da vida, um caminho que traz múltiplas

possibilidades de trabalhar a razão sensível, à corporeidade. Consideramos fundamental

a aquisição dos conhecimentos teóricos, mas, também, a prática e a vivência do sensível.

O trabalho desenvolvido na Bioexpressão estimula a autonomia, a capacidade de refletir,

de criar possibilidades, sensibilizar-se, abrindo espaços para a formação de um

profissional que não seja reprodutor do que está posto, mas transformador.

A Bioexpressão abre espaços para a vivência da corporeidade. É uma tessitura de

pensamentos, sentimentos e ações, de estímulo à criatividade, à expressão pessoal, ao

contato e cuidado consigo e com o outro. Envolve cada grupo com suas peculiaridades e

necessidades expressivas, gerando entrega e integração, estimulando a percepção

sensorial, possibilitando que se soltem amarras, e preconceitos sejam deixados para trás.

“Corpos-vivos” precisam de experiências sensíveis que os tragam à vivência da

amorosidade, da ética, do cuidado, da alegria e do respeito necessários à compreensão do

outro e de si mesmos. Precisam ir além do intelecto, da objetividade, do repetitivo,

precisam descobrir a poesia e a beleza da vida, trazendo-as para as relações cotidianas.

Precisam, portanto, da imaginação, da criatividade, da possibilidade de transmutar a

dureza do dia a dia; criar saídas, possibilidades de transformação, acender luzes e se

deixarem iluminar de esperanças; se contaminarem com a coragem e a vontade de agir.

Trabalhar a corporeidade é abrir caminhos para a razão sensível. É poder investir

em uma escola em que não só o pensamento tenha vez, e em que os corpos não fiquem,

simplesmente, ocupando as carteiras, imóveis, inexpressivos. Trabalhar a corporeidade é

propiciar que a vida pulse nas salas de aula, abrindo um leque de possibilidades. E é isso

que a Bioexpressão possibilita.

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