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Biodiversidade na Costa Alentejana A Fauna do litoral alentejano é bastante rica e diversificada, conta com 204 espécies, das quais 136 são aves, 38 mamíferos, 17 répteis e 13 anfíbios. As aves são o grupo com maior número de representantes, sendo conhecidas mais de 100 espécies que aqui nidificam. De entre as 136 espécies de aves existentes, entre outras, destacam-se: Principais fatores de ameaça para a fauna • A perturbação direta, consequência do impacte visual e do ruído gerado pela presença humana. Quando ocorre durante o período de reprodução é particularmente grave. Afeta principalmente os mamíferos. Nas po- pulações nidificantes de aves de presa pode levar ao abandono dos locais de nidificação. • O atropelamento, que afeta principalmente cobras, anfíbios de fase terrestre extensa, alguns lagartos e mamíferos. • A degradação biótica: a degradação do coberto vegetal, a expansão de espécies exóticas invasoras, ou de produção florestal, de reduzido valor para a fauna; elevados níveis de erosão diminuem a diversidade das plantas e consequentemente a diversidade e densidade da fauna associada; os elevados níveis de contaminação orgânica em algumas linhas de água afeta o desenvolvimento embrionário dos anfíbios e répteis. • Fragmentação de habitat e isolamento populacional determinado pelos níveis intensos de crescimento urbano junto ao litoral. • A perseguição direta - pilhagem dos ninhos, caça furtiva, controlo ilegal de predadores ou morte - afeta sobretudo répteis, aves de presa e carnívoros. A manutenção do estado de conservação natural da Costa Alentejana, faz dela uma região com características únicas, no território português. As aves são o grupo com maior número de representantes, das quais são conhecidas mais de cem espécies que aqui nidificam. Entre elas destaca-se a cegonha branca por ser este o único local do mundo em que elas nidificam nos rochedos marítimos. A Costa Alentejana é um ponto de estudo de migrações de importância reconhecida internacionalmente, por receber um grande número de espécies de aves migradoras. Ocorrem, aqui, espécies marinhas pertencentes às faunas mediterrânica, oeste-africana e norte atlântica, como alguns crustáceos e uma espécie rara de polvo apenas conhecida nas ilhas de Cabo Verde e na Costa Oeste-africana. Fauna É a única ave de rapina europeia que se alimenta de peixe, mergulhando para capturar as suas pre- sas. É uma espécie em perigo de extinção, que encontra na Costa Alentejana um dos últimos re- fúgios. Ocorrem no nosso país alguns indivíduos durante a passagem de migração e no Inverno, mas sempre em pequenos números e sem se fi- xarem. Águia-pesqueira (Pandion haliaetus) A maioria das gaivotas nidificam no solo e são omnívoros, alimentam-se de comida viva ou rou- bam alimento conforme surja a oportunidade. Ra- ramente se aventuram em mar alto. Gaivota (Laridae) O voo do pato-real é relativamente rápido, é muito característico desta espécie o assobio das asas durante o voo. Pato-real (Anas platyrhynchos) Faz o seu ninho na vegetação densa ou perto da água. Nada prontamente com movimentos vigoro- sos de um lado para o outro. Os pequenos voos são baixos e com as pernas pendentes, parece instável mas gosta de fazer voos circulares. Galinha-de-água (Gallinula chloropus) A Costa Alentejana, único lugar em Portugal e um dos últimos na Europa, onde é possível encontrar lontras em habitat marinho. Lontra (Lutra lutra) Resistente ao veneno de cobras. Com os seus pêlos podem ser fabricados pincéis que são apreciados na pintura a óleo. Antigamente era considerado o ”Gato do Faraó”, devido ao seu carácter enganador e esquivo. Sacarrabos (Herpestes ichneumon) São animais muito úteis na agricultura por come- rem insetos, vermes e caracóis. No entanto, são considerados repelentes e muitas vezes são per - seguidos e espetados em canas, servindo como espantalhos. Como defesa contra predadores, segregam uma substância tóxica, de sabor desa- gradável. Sapo-comum (Bufo bufo) Aparece, em elevadas densidades, em locais com elevado hidrodinamismo, como superfícies rochosas de declive acentuado, frestas mais ou menos estreitas e grutas. Também aparece em zonas diretamente expostas à ondulação domi- nante de noroeste. Percebe ou Perceve (Pollicipes pollicipes) Elemento característico da paisagem desta re- gião. Nidifica nas falésias do Cabo Sardão, único local do mundo onde nidificam em rochedos ma- rítimos. Cegonha-branca (Ciconia ciconia) É uma das espécies mais coloridas e encantado- ras da avifauna portuguesa. Facilmente reconhe- cido pelo dorso e asas azuis e pelo peito e ventre cor-de-laranja. Guarda-rios (Alcedo atthis) O Corvo é uma das espécies mais acrobáticas da nossa avifauna, essa característica é visível nos fantásticos voos que efetua. Os voos em cír - culos e a sua vocalização “kroc-kroc” confirmam a sua identificação. É uma espécie considerada protegida. Corvo-marinho (Phalacrocorax spp.) As gralhas-de-bico-vermelho são bastante vocais, emitindo um som metálico bastante característico e fácil de se identificar. São já escassos os bandos desta peculiar ave de plumagem negra, de bico e patas tingidas de vermelho. Gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) É uma espécie rara em Portugal e na Europa, mui- to sensível à perturbação mostrando preferência por áreas pouco povoadas. Assume o estatuto de Em Perigo, sendo uma espécie de conservação prioritária que todos nós devemos proteger. Águia-de-bonelli (Hieraaetus fasciatus) A cobra-rateira é o ofídio de maiores dimensões da Europa. É venenosa e alimenta-se de peque- nos animais, essencialmente de roedores, sendo por isso bastante útil para a agricultura. Cobra-rateira (Malpolon monspessulanus) Os sargos preferem, de uma forma geral, viver em zonas litorais, quer em zonas rochosas quer arenosas. Destas, preferem as que têm algas, nas quais encontram simultaneamente refúgio dos predadores e grande parte dos seres que constituem a sua alimentação. Sargo (Diplodus sargus) Vive acima de fundos arenosos e rochosos pouco profundos, inclusive na zona de rebentação das ondas e entra em lagoas e estuários. Os juve- nis formam cardumes. É uma das espécies mais apreciadas pelos pescadores desportivos, con- siderado por muitos o rei do mar. A sua beleza e dimensões fazem dele uma das espécies mais procuradas pelos pescadores. Bastante aprecia- do na nossa mesa, já fazia parte da gastronomia dos romanos, que apreciavam a cor branca e a delicadeza da sua carne. Robalo (Dicentrarchus labrax)

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Biodiversidade na Costa AlentejanaA Fauna do litoral alentejano é bastante rica e diversificada, conta com 204 espécies, das quais 136 são aves, 38 mamíferos, 17 répteis e 13 anfíbios. As aves são o grupo com maior número de representantes,

sendo conhecidas mais de 100 espécies que aqui nidificam. De entre as 136 espécies de aves existentes, entre outras, destacam-se:

Principais fatores de ameaça para a fauna

• A perturbação direta, consequência do impacte visual e do ruído gerado pela presença humana. Quando ocorre durante o período de reprodução é particularmente grave. Afeta principalmente os mamíferos. Nas po-pulações nidificantes de aves de presa pode levar ao abandono dos locais de nidificação.• O atropelamento, que afeta principalmente cobras, anfíbios de fase terrestre extensa, alguns lagartos e mamíferos.• A degradação biótica: a degradação do coberto vegetal, a expansão de espécies exóticas invasoras, ou de produção florestal, de reduzido valor para a fauna; elevados níveis de erosão diminuem a diversidade das plantas e consequentemente a diversidade e densidade da fauna associada; os elevados níveis de contaminação orgânica em algumas linhas de água afeta o desenvolvimento embrionário dos anfíbios e répteis.• Fragmentação de habitat e isolamento populacional determinado pelos níveis intensos de crescimento urbano junto ao litoral. • A perseguição direta - pilhagem dos ninhos, caça furtiva, controlo ilegal de predadores ou morte - afeta sobretudo répteis, aves de presa e carnívoros.

A manutenção do estado de conservação natural da Costa Alentejana, faz dela uma região com características únicas, no território português. As aves são o grupo com maior número de representantes, das quais são conhecidas mais de cem espécies que aqui nidificam. Entre elas destaca-se a cegonha branca por ser este o único local do mundo em que elas nidificam nos rochedos marítimos.A Costa Alentejana é um ponto de estudo de migrações de importância reconhecida internacionalmente, por receber um grande número de espécies de aves migradoras. Ocorrem, aqui, espécies marinhas pertencentes às faunas mediterrânica, oeste-africana e norte atlântica, como alguns crustáceos e uma espécie rara de polvo apenas conhecida nas ilhas de Cabo Verde e na Costa Oeste-africana.

Fauna

É a única ave de rapina europeia que se alimenta de peixe, mergulhando para capturar as suas pre-sas. É uma espécie em perigo de extinção, que encontra na Costa Alentejana um dos últimos re-fúgios. Ocorrem no nosso país alguns indivíduos durante a passagem de migração e no Inverno, mas sempre em pequenos números e sem se fi-xarem.

Águia-pesqueira (Pandion haliaetus)

A maioria das gaivotas nidificam no solo e são omnívoros, alimentam-se de comida viva ou rou-bam alimento conforme surja a oportunidade. Ra-ramente se aventuram em mar alto.

Gaivota (Laridae)

O voo do pato-real é relativamente rápido, é muito característico desta espécie o assobio das asas durante o voo.

Pato-real (Anas platyrhynchos)

Faz o seu ninho na vegetação densa ou perto da água. Nada prontamente com movimentos vigoro-sos de um lado para o outro. Os pequenos voos são baixos e com as pernas pendentes, parece instável mas gosta de fazer voos circulares.

Galinha-de-água (Gallinula chloropus)

A Costa Alentejana, único lugar em Portugal e um dos últimos na Europa, onde é possível encontrar lontras em habitat marinho.

Lontra (Lutra lutra)Resistente ao veneno de cobras. Com os seus pêlos podem ser fabricados pincéis que são apreciados na pintura a óleo. Antigamente era considerado o ”Gato do Faraó”, devido ao seu carácter enganador e esquivo.

Sacarrabos (Herpestes ichneumon)

São animais muito úteis na agricultura por come-rem insetos, vermes e caracóis. No entanto, são considerados repelentes e muitas vezes são per-seguidos e espetados em canas, servindo como espantalhos. Como defesa contra predadores, segregam uma substância tóxica, de sabor desa-gradável.

Sapo-comum (Bufo bufo)

Aparece, em elevadas densidades, em locais com elevado hidrodinamismo, como superfícies rochosas de declive acentuado, frestas mais ou menos estreitas e grutas. Também aparece em zonas diretamente expostas à ondulação domi-nante de noroeste.

Percebe ou Perceve (Pollicipes pollicipes)

Elemento característico da paisagem desta re-gião. Nidifica nas falésias do Cabo Sardão, único local do mundo onde nidificam em rochedos ma-rítimos.

Cegonha-branca (Ciconia ciconia)É uma das espécies mais coloridas e encantado-ras da avifauna portuguesa. Facilmente reconhe-cido pelo dorso e asas azuis e pelo peito e ventre cor-de-laranja.

Guarda-rios (Alcedo atthis)

O Corvo é uma das espécies mais acrobáticas da nossa avifauna, essa característica é visível nos fantásticos voos que efetua. Os voos em cír-culos e a sua vocalização “kroc-kroc” confirmam a sua identificação. É uma espécie considerada protegida.

Corvo-marinho (Phalacrocorax spp.)

As gralhas-de-bico-vermelho são bastante vocais, emitindo um som metálico bastante característico e fácil de se identificar.São já escassos os bandos desta peculiar ave de plumagem negra, de bico e patas tingidas de vermelho.

Gralha-de-bico-vermelho(Pyrrhocorax pyrrhocorax)

É uma espécie rara em Portugal e na Europa, mui-to sensível à perturbação mostrando preferência por áreas pouco povoadas. Assume o estatuto de Em Perigo, sendo uma espécie de conservação prioritária que todos nós devemos proteger.

Águia-de-bonelli (Hieraaetus fasciatus)

A cobra-rateira é o ofídio de maiores dimensões da Europa. É venenosa e alimenta-se de peque-nos animais, essencialmente de roedores, sendo por isso bastante útil para a agricultura.

Cobra-rateira (Malpolon monspessulanus)

Os sargos preferem, de uma forma geral, viver em zonas litorais, quer em zonas rochosas quer arenosas. Destas, preferem as que têm algas, nas quais encontram simultaneamente refúgio dos predadores e grande parte dos seres que constituem a sua alimentação.

Sargo (Diplodus sargus)

Vive acima de fundos arenosos e rochosos pouco profundos, inclusive na zona de rebentação das ondas e entra em lagoas e estuários. Os juve-nis formam cardumes. É uma das espécies mais apreciadas pelos pescadores desportivos, con-siderado por muitos o rei do mar. A sua beleza e dimensões fazem dele uma das espécies mais procuradas pelos pescadores. Bastante aprecia-do na nossa mesa, já fazia parte da gastronomia dos romanos, que apreciavam a cor branca e a delicadeza da sua carne.

Robalo (Dicentrarchus labrax)

Biodiversidade na Costa AlentejanaFlora

A Costa Alentejana possui uma flora de alto valor científico e conservacionista que ocorre numa mistura de vegetação predominantemente mediterrânica com norte-atlântica e africana. Das cerca de 750 espécies, 100 são endémicas (existem apenas numa área restrita), raras ou localizadas e 12 não existem em qualquer outro lugar do mundo. Podemos encontrar, entre outras espécies:

Usado em saquinhos de tecido de algodão entre as roupas do armário, dando-lhes uma fragrância agradável e fresca, repelindo insetos e parasitas.O óleo essencial é utilizado em terapias e massa-gens. Quando utilizado externamente, possui pro-priedades antisépticas e pode ser utilizado para lavar feridas.

Rosmaninho(Lavandula luisieri subsp. Lusitanica)

Entre os endemismos há, por exemplo, plantas como: Biscutella vicentina, Scilla vicentina, Centaurea vicentina, Diplotaxis vicentina, Hyacinthoides vicentina, Plantago almogravensis. Outras espécies são consideradas raras, como o samouco (Myrica faya), a sorveira (Sorbus domestica) ou a Silene rotlunaleri.

Camarinha (Corema album)A camarinha produz frutos comestíveis de sabor agridoce de aspeto leitoso, brilhantes como as pérolas, deles confecionam-se geleia e compota. O porte arbustivo da camarinha permite proteger as dunas da erosão.

Estorno (Ammophila arenaria)Conhecido como construtor das dunas. Os seus rizomas de crescimento contínuo e as suas raízes com vários metros de profundidade, permitem que a acumulação de areias atinja dezenas de metros de altura.

Narciso-das-areias(Pancratium maritimum)Planta vivaz, herbácea, de bolbo, encontra-se dormente durante o verão, e de repente em agos-to ou setembro, nasce uma espiga de flores que podem chegar aos 40 cm de comprimento. Plan-ta muito resistente tolera grandes períodos de seca.

Esteva-Vicentina (Cistus palhinhae)Espécie vulnerável, de distribuição restrita à Cos-ta Sudoeste Portuguesa. É uma espécie protegi-da. Entre outras características a Esteva-Vicenti-na distingue-se da Esteva vulgar pelo aspeto mais viscoso da folha.

Sargaço (Cistus salvifolius)Devido à proximidade do mar as folhas do Sar-gaço tornam-se carnudas, adaptação à forte sa-linidade que se faz sentir. O sargaço deixa cair as suas folhas, total ou parcialmente, durante o verão, quando as temperaturas são demasiado altas.

Armeria (Armeria maritima)Também conhecida por “economia do mar ou es-tancadeira” é uma planta rasteira que apresenta floração branca rosada. De folhas finas e lineares apresentam-se sempre verdes todo o ano. Pode crescer em zonas secas, arenosas ou salinas.

Perpétua das areias(Helicrysum angustifolium)Também conhecida por planta do caril devido ao seu aroma, é muito usada na culinária. O óleo tem propriedades anti-hematoma, anti-stress, cal-mante, anti-inflamatório, expectorante, fungicida. Planta anti-coagulante e cicatrizante.

Freixo (Fraxinus angustifolia)Os criadores davam folhas de freixo aos seus animais, diziam que estes não adoeciam se as consumissem. É uma árvore muito resistente à poluição urbana. Fornece madeira resistente e elástica ideal para a marcenaria, interiores e ca-bos de ferramentas.

Do pinheiro-bravo extrai-se a resina que é utiliza-da na indústria das tintas, vernizes e aguarrás. Permite a recuperação de solos pobres e com tendência à erosão, sendo um bom fixador de du-nas.

Pinheiro-bravo (Pinus pinaster)

Amieiro (Alnus glutinosa)

O amieiro prefere locais húmidos com um solo rico em nutrientes. A sua madeira é de baixa den-sidade e resistente à água, sendo muito utilizada na construção de corpos de guitarras sólidas, so-las de sapatos, caixas de charutos e mobiliário de interior.

Choupo-negro (Populus nigra)

Consegue sobreviver a fogos intensos. As suas folhas têm sido utilizadas para combater a febre. De madeira leve, flexível, elástica, forte e resis-tente, é muito apreciada no fabrico de mobiliário. Também utilizada na indústria de pasta de papel.

Medronheiro (Arbutus unedo)

O medronho (fruto) é comestível e com ele po-de-se preparar aguardente, é muito famoso pela capacidade de provocar embriaguez, uma vez que quando maduros, possuem uma certa quan-tidade de álcool. A sua madeira é apreciada para fabricar carvão vegetal. O medronheiro tem a ca-racterística especial de florescer no outono e de os seus frutos apenas amadurecerem no outono seguinte, originando, por isso, a flor e o fruto em simultâneo.

Sobreiro (Quercus suber)

O sobreiro floresce de abril a maio, caindo as bo-lotas em grande quantidade durante todo o outo-no, que servem de alimento para o gado.Em termos ecológicos a cortiça apresenta tam-bém uma importância muito grande, já que por um lado protege a árvore do fogo e por outro serve de abrigo a inúmeros animais, sobretudo insetos, e plantas.