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Clotilde Paul

BERTIOGA - RIO

450 ANOS DEPOIS...

BERTIOGA - RIO

450 ANOS DEPOIS...

Elcio Rogério Secomandi

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2015 _ Cruzeiro Forte São João _ 450 anos da Expedição de Estácio de Sá

_ Bertioga / Rio, 450 anos depois.....

_ Organização: Associação Brasileira de Velejadores de Cruzeiro (ABVC)

Bertioga

Ubatuba

Angra dos Reis Rio de

Janeiro

Santos

São Sebastião

Ilhabela

Ilha Anchieta

Ilha Grande

Apoio em terra

1ª Etapa: Bertioga: 20, 21 e 22/fev

Ilha Anchieta - Angra dos Reis

1ª Etapa: 28/fev e 01/mar

Angra dos Reis – Rio de Janeiro

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propostas, dentre as quais a da realização de um Seminário em Cruzeiro Marítimo regular, mas não se encontrou um roteiro

que atendesse estas duas regiões em épocas e prazos compatíveis. Surgiu, então, o interesse da ABVC – Associação

Brasileira dos Velejadores de Cruzeiro –, que prontamente aderiu a uma ideia germinada por diversos especialistas em

fortificações, no Brasil e no Exterior.

Assim surgiu a parceria entre a ABVC, UFRJ/COPPE/LTDS, com apoio do ICOFORT/Brasil – International Scientific

Committee on Fortifications and Military Heritage– e de outras instituições que foram se agregando ao evento ora

programado, unindo as duas fortificações históricas que marcaram profundamente a fundação da Cidade do Rio de Janeiro.

Coube aos acadêmicos da ASL_ Academia Santista de Letras, Clotilde Paul e Elcio Rogerio Secomandi, 450 anos depois,

a elaboração de um texto justificativo deste resgate histórico de uma epopeia comemorada no dia 1º de Março (1565).

Tudo começou no 7º Seminário de Cidades Fortificadas, promovido

pela UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina - realizado em Bertioga,

em 2011, Colônia de Férias do Sesc – com ênfase no Circuito dos Fortes1 do

sistema defensivo do Porto de Santos –e prosseguiu no 8º Seminário, realizado

no Rio de Janeiro em 2012, Forte Copacabana. A partir destes dois seminários

a UFRJ/COPPE/LTDS – Universidade Federal do Rio de Janeiro – elaborou

o projeto Roteiros dos Fortes da Baía de Guanabara2, contando com os

parceiros indicados na página a seguir.

Em diversos outros encontros sobre fortificações, realizados em 2013 e

2014, discutiram-se formas de unir estes roteiros históricos, com diversas

O CRUZEIRO FORTE SÃO JOÃO _ 450 anos da Expedição de Estácio de Sá

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VELEIROS _ As caravelas dos nossos dias

A Expedição de Estácio de Sá partiu do Forte São Joãode Bertioga rumo ao Rio de Janeiro com o intuito de ocupara região que estava sob o domínio dos índios tamoios ecorsários franceses. A chegada foi em 1º de março de 1565,quando foi iniciada a construção da Fortaleza de São Joãoda Barra da Baía de Guanabara, marco da fundação da Cidadedo Rio de Janeiro, que comemora neste próximo 1º de marçode 2015seus 450 anos.

O Cruzeiro consiste em uma navegação em flotilha, deBertioga ao Rio de Janeiro, reproduzindo a trajetória quefizeram as embarcações da Expedição de Estácio de Sá em1565. A navegação será realizada em duas etapas: a 1ª etapa,

de 20 a 22/fev, de Bertioga à Angra dos Reis, e a 2ª etapa, 28/fev e 1º/mar, de Angra dos Reis ao Rio de Janeiro. O CruzeiroForte São João foi inicialmente apresentado à Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte da Prefeitura de Bertioga, obtendoimportante apoio municipal para o desenvolvimento do projeto.

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O projeto Roteiros dos Fortes: circuitos turísticos em fortes e fortalezas daBaía de Guanabara foi coordenado pelo Laboratório de Tecnologia e DesenvolvimentoSocial (LTDS / Programa de Engenharia de Produção / COPPE / UFRJ), com apoioda FAPERJ – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - EditalPensa Rio 2011. Foi elaborado com a participação ativa das seguintes universidades:Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Universidade Federal Fluminense

O grande diferencial do projeto foi considerar os espaços de visitação como sítios simbólicos de pertencimento dos queos frequentam regularmente – como local de trabalho, de lazer ou de prática desportiva – e procurar criar os roteiros a partirdo diálogo com essas pessoas. Subverte, portanto, a lógica da construção de roteiros turísticos a partir da visão puramentetécnica – desenhados em gabinete – uma vez que coloca a expertise a serviço da população local.

Como objetivo geral, o projeto visou estimular a visitação aos fortes e fortalezas da Baía de Guanabara como patrimôniohistórico fluminense e brasileiro, buscando fortalecer vínculos identitários e a preservação da memória social e cultural.

No intuito de disponibilizar os roteiros criados e alguns conteúdos multimidiáticos que agregassem valor ao acervoartístico e arquitetônico patrimoniados no Exército, foi produzida uma página virtual (www.roteirosdosfortes.com.br), quedisponibiliza as informações sobre o conjunto das fortificações de maneira a ajudar o visitante a construir seu próprioroteiro. Encontram-se também algumas sugestões de passeios, um webdocumentário e o relatório do projeto que detalha ametodologia de Roteirização Dialogal utilizada.

ROTEIROS DOS FORTES - Projeto e Website

Divulgando os resultados do projeto

na Fortaleza de São João de Guanabara, dia 1º de março de 2015

(UFF); Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ); e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).Teve também a parceria do Exército Brasileiro, por meio de sua Diretoria de Patrimônio Histórico e Cultural (DPHCEx).

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Sem pretensões acadêmicas ou de estudos militaresaprofundados, este ensaio aborda as operações navais

conduzidas pelos portugueses na fundação do Rio deJaneiro, a partir da antiga Capitania de São Vicente.

E tudo começou com as Ordenações Afonsinas (D. Afonso V)3, tendo como “escola viva daguerra” as operações militares portuguesas realizadas com o propósito de “assegurar sua sobrevivênciafrente às monarquias vizinhas e às campanhas de reconquista do território lusitano em poder dosmouros”. Mas foi com o seguimento da “política de navegação e descobrimentos marítimos lançadapelo Infante D. Henrique”, no início do século XVI, que novas doutrinas militares foram colocadasem prática, separando os “combatentes de terra dos combatentes do mar”, dentre as quais a criaçãode “unidades táticas denominadas bandeiras, companhias ou ordenanças”.

PERFIL MILITAR DA CAPITANIA DE SÃO VICENTE

Um “briefing” sobre acontecimentos significativos,ocorridos no início do período colonial do Brasil

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Foi nesta época, início do século XVI, que D. João III (1503/ 1557) resolveu explorar as terras doBrasil por meio das capitanias hereditárias, resultado da experiência adquirida na África e nas ilhaspróximas (...): “o donatário era um locotenente do rei e os filhos da terra, os escravos e os agregados,em caso de guerra, ficavam obrigados a servir sob seu comando. As autoridades do reino forneciam-lhes (sic) armas, munições e até mesmo alguns oficiais de linha (...), mantendo, contudo, a defesamarítima a cargo do reino”. Desta forma, “as tropas regulares, pagas pela Coroa, ficaram responsáveispela defesa das rotas mercantis, e as forças não regulares, denominadas serviços de ordenanças,convocadas e mantidas em caso de guerra pelos donatários e capitães, garantiam a defesa da terra”4.

Neste contexto histórico pretende-se inicialmente revisitar o Perfil

Militar da Capitania de São Vicente, região onde Martim Afonso

de Souza aportou no dia 2 de janeiro de 1532, com uma esquadracomposta por “fidalgos, militares de estirpe, soldados portugueses,mercenários, italianos e franceses, bombardeiros, besteiros eespingardeiros”5. Não foi por acaso que o primeiro capitão-mor doBrasil escolheu a região da Baía de Santos para estabelecer sua “cabeçade praia”6, após mandar reconhecer todo o litoral atlântico da Américado Sul, desde a foz do Amazonas até a foz do Rio da Prata7.

Com a Vila de São Vicente estruturada administrativamente, a Câmara Legislativa – primeira doBrasil –, por Termo (Resolução) de 9 de setembro de 15428, aprovou um “esboço do serviço militarobrigatório, que dava organização a uma milícia formada por colonos e índios”.

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Com o fracasso da maioria das capitanias hereditárias9, em 1548 foi criado o Governo-Geral doBrasil, tendo Salvador (BA) como capital por mais de 200 anos. O Regimento de 17 de dezembro de154810 sistematizou a defesa da Colônia, obrigando a “todo colono habitante da terra a possuir umaarma de fogo, pólvora e chumbo e aos proprietários de engenho de terem a pólvora necessária paraacionar dois falcões (canhões de pequeno calibre)”.

Tomé de Souza, 1º governador-geral, em viagem ao sul,1552-3, tomou providências para concluir “as obras de defesacontra os tamoios, os quais, sempre instigados pelos franceses[do Rio de Janeiro], traziam as populações de São Vicente,Santos e Santo Amaro, em constante sobressalto”. Uma dasprovidências foi o provimento de armas e equipamentos paraas fortificações da Barra de Bertioga, local de encontro entretribos indígenas inimigas: “os tupiniquins, aliados dosportugueses, e os tamoios, aliados dos franceses”, queocupavam a Baía da Guanabara11.

Com uma legislação voltada para a defesa da terra, pode acolônia dar início à expedição que viria fundar o Rio de Janeiro,a partir da Capitania de São Vicente.

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Na Baía de Guanabara, corsários franceses, comandados pelovice-almirante Nicolau Durant Villegaignon, com apoio do condede Coligny – almirante Gaspar de Châtillon, protestante calvinista– fundaram a França Antártica (10 de novembro de 1554). Foinesta situação que, em 1557, o terceiro governador-geral, Mem

de Sá, veio encontrar a colônia portuguesa, “agravada pelarepercussão na Metrópole da incapacidade demonstrada porDuarte da Costa” – 2º governador-geral – para expulsar osinvasores. De imediato, Mem de Sá “fundou na Capitania do

FUNDAÇÃO DO RIO DE JANEIRO

Primeira expedição marítima da gente brasileira

Espírito Santo, uma base terrestre capaz de lhe fornecer o indispensável apoio cerrado às operaçõese de impedir a expansão dos franceses para o norte, barrando-lhes o acesso fácil à capital da colônia– Salvador”12.

A 15 de março de 1560, uma sexta-feira, teve início o ataque de Mem de Sá ao Forte Coligny – Ilha deVillegaignon, onde hoje está a Escola Naval –, conforme reconstituição esquemática na página a seguir.

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No dia seguinte, sábado, os franceses fugirampara o continente. [“cerca de 200 franceses e800 tamoios”]. “No domingo, pela primeira vezfoi rezada missa de ação de graças naquelailha”13.

“Mem de Sá determinou fosse o fortearrasado, apressando-se em abandonar a área semdeixar um único defensor. Este procedimento,pouco depois, invalidaria todo aquele esforço deluta” e, por conta desta “improvidência”, ostamoios, aliados dos franceses e por elesinsuflados, passaram a mover guerra implacávela todas as povoações portuguesas na Capitaniade São Vicente14.

Em 1563, Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá, veio de Portugal, com dois navios de guerra eordens expressas de executar a expulsão definitiva do invasor francês (Villegaignon). “Com os meiosque Mem de Sá, em Salvador, pôs à sua disposição, partiu para o Rio de Janeiro em princípios de1564. Hostilizado, entretanto, pelos tamoios, prosseguiu para São Vicente, já ciente de que algunsíndios haviam quebrado a paz de Iperoig”15 (...). Ali encontrou o padre José de Anchieta reunido

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com vários chefes indígenas, dentre os quais, Cunhambebe, cacique tupinambá e que se tornouvalioso aliado. Os preparativos para a expedição foram demorados, mas contaram com o incentivo eapoio do padre Manuel da Nóbrega. Após abastecer as naus da expedição, rumou para o Rio deJaneiro, dando origem à epopeia assim descrita do compêndio História do Exército Brasileiro: A “1ºde março de 1565, Estácio de Sá desembarcou e iniciou os trabalhos de fortificação e construção dasprimeiras casas na várzea ao lado do Pão de Açúcar e do morro Cara-de-Cão16, erigindo a Vila Velha,que daria origem à Cidade do Rio de Janeiro”16.

Em meados de janeiro de 1567, após receber reforçoschegados da Metrópole e poderoso contingente compostopor fidalgos, habitantes da terra e índios mobilizados pelospadres Nobrega e Anchieta na Capitania de São Vicente,a expedição partiu do Forte São Tiago (hoje Forte SãoJoão de Bertioga) para o Rio de Janeiro, sob comandode Cristóvão de Barros.

“Ficou decidida, em conselho, a data de 20 de marçopara início da ofensiva. Depois de rezada missa campal,iniciaram-se os ataques, primeiro contra Uruçu-mirim(hoje Praia do Flamengo) e em seguida contra o Fortede Paranapuã, na ilha dos Maracajás (hoje Ilha do

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Governador), conforme reconstituição esquemática acima. Os franceses, que deles escaparam, tomaramsuas naves e desapareceram da Baía de Guanabara”, (...) estabelecendo-se, porém, em Cabo Frio17.

Conclui o texto sobre a História do Exército Brasileiro: “Foi inestimável o auxílio tanto da gente deSão Vicente e Itanhaém quanto dos jesuítas, para o desfecho feliz das operações que culminaramcom a expulsão dos franceses da Guanabara (...). Estácio de Sá, ferido por uma flechada, veio afalecer cerca de um mês depois”18.

FOI ASSIM, OU QUASE ASSIM

... que o Brasil começou a ser edificado

Foi assim ou quase assim que tudo começou na partecentral de uma estreita e alongada planície outrora cobertapela Mata Atlântica, onde existem dois estreitos canais denavegação que se aproximam das “muralhas de pedras” daSerra do Mar. Foi assim ou quase assim que as vilas de SãoVicente (1532) e de Santos (1540) surgiram em áreasprotegidas pela natureza e longe das “vistas” do mar aberto edos “fogos” dos canhões dos piratas e dos corsários. Ao longo

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dos séculos XVI ao XVIII, outras “muralhas de pedras” – fortins, fortes, fortalezas – foram erguidaspelos colonizadores para proteger a primeira “cabeça de praia” (base militar em terra firme), edificadapara dar apoio à conquista de novas terras “nunca dantes” exploradas.

E foi assim, ou quase assim, com a união de portugueses, colonos e índios que os nossosantepassados viveram a epopeia da fundação da Cidade do Rio de Janeiro.

Foi assim, ou quase assim, “passo-a-passo” e prosseguindo no caminho daorganização militar que o Brasil – Colôniae Império – expandiu-se, segundo J. B.Magalhães, a partir de três bases deirradiação geográfica _ São Paulo, Recifee Belém – e dois polos geopolíticos –Salvador e, por fim, Rio de Janeiro.

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SENTIDO LÚDICO DA PROJEÇÃO DO PODER COLONIAL PORTUGUÊS

Inspirado no poema épico de Luís de Camões, 1572

A projeção do poder colonial português, com sua Armada singrando maresnunca dantes navegados, tem neste “briefing” um sentido lúdico, inspiradono maior poema épico da língua portuguesa, na época em que tudo istoacontecia no Brasil:

“No mar tanta tormenta e tanto dano (...)

Na terra, tanta guerra, tanto engano”Luís de Camões / Os Lusíadas, 1572

Eles, que eram tão poucos, numa colonização evangelizadora, ousaramconstruir este país-continente, fazendo uso de diversos meios e atributosque hoje fazem parte do DNA da nossa Nação, dentre os quais destacamos:

1_ as fortificações– fortes, fortins, fortalezas, materiais e tangíveis –que permeiam o vasto perímetro da América de origem portuguesa;

2_ a Fé cristã– espiritual – pelos nomes (oragos) destas fortificações e de inúmeras cidades eacidentes geográficos que pontilham o vasto território que hoje nos pertence; e,

3_ o idioma– intangível – por meio do qual nos comunicamos.

As fortificaçõese as igrejas materializama História de um povo

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E tudo isto se comprova ainda hoje, pelo surgimento de inúmeras cidades ao redordas fortificações coloniais, todas com nomes santos (oragos): Macapá/ no entorno daFortaleza de São José, Belém/ Forte do Presépio; Fortaleza/ Forte Nossa Senhora daConceição; Natal/ Forte dos Reis Magos; Santos/ Forte Nossa Senhora do Monte Serrat(único que não deixou vestígio), Bertioga/ Forte São João; Rio de Janeiro/ Fortalezade São João, e assim por diante.

OBJETIVO MAIOR DESTE “BRIEFING”

Educação Patrimonial

Sem qualquer pretensão acadêmica, mas assentadosobre documentação histórica confiável, este breveensaio apresenta alguns aspectos julgados importantessobre a formação da nacionalidade brasileira, pelo perfilmilitar colonial.

Nossa proposição visa dar maior visibilidade a umestudo sobre Educação Patrimonial centrado emmapas, desenhos, fotos, e fotomontagens, gentilmente

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cedidos por amigos e instituições que se preocupam com este tema, assim definido no portal doIPHAN_ Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional:

Ação educativa: refere-se às “pessoas que se reúnem para construir e dividir novos conhecimentos,investigar para conhecer melhor, entender e transformar a realidade que nos cerca”.

Educação Patrimonial: diz respeito a todas as ações educativas que levam em conta “algumacoisa que tenha relação ao nosso patrimônio cultural”.

Com uma abordagem lúdica e coloquial sobre Educação Patrimonial pretendemos alcançaraquelas “pessoas que se reúnem para construir e dividir novos conhecimentos”, numa ação educativacom fundamentos históricos plantados no Brasil ao longo de mais de 500 anos. Para tanto, procuramostransitar sobre alguns conceitos que julgamos importantes:

Geopolítica expansionista_ Projeção do PODER colonial português pelo mar;

Geoestratégia_ Arte de aplicar o PODER colonial, por terra, na construção do Brasil;

Governança territorial_ Estrutura paramilitar de defesa do litoral e das terras conquistadas.

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PROGRAMAS TURÍSTICOS E CULTURAIS

Preservar é preciso

Há muito tempo a defesa territorial libertou-se dos invólucros arquitetônicos construídos sob aforma de cortinas fortificadas, deixando-nos, porém, um acervo patrimonial de inestimável valorhistórico e cultural, como é o caso do Forte São João de Bertioga, 1551, e da Fortaleza São João,do Rio de Janeiro, 156519. Origem e final do Cruzeiro ABVC – Bertioga/Rio, 450 anos depois.

É preciso, portanto, incentivar a visitação a este formidável acervo cultural de origem militarcolonial, com a finalidade de prosseguir na preservação da memória nacional edificada. Para tanto,nada melhor que o uso cultural e turístico, visando passar do “repelir inimigos, piratas e corsários”,para o “receber amigos/as”20.

“Os Fortes, Fortins, Fortalezas ... fornecem umavisão geral única de um país ou continente e, por estarazão, têm sido reconhecidos como cenários úteis paraa cooperação internacional”21.

Venham juntos _ “curtir” esta epopeia,

450 anos depois...1565 - 1ª Expedição oficial de ocupação das terras brasileiras.

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SUGESTÕES

Visite alguns fortes, fortins e fortalezas, no site:http://www.funceb.org.br/revista.aspVisite também os sites que tratam do tema abordado neste “briefing”:www.abvc.com.brwww.brasill.icofort.orgwww.fortalezas.orgwww.iphan.gov.brwww.roteirosdosfortes.com.brwww.unisantos.br/circuitofortes

REVISÃO DO TEXTO

Jornalista Viviane Pereira, ASL_ Academia Santista de Letras.

BILBIOGRAFIA BÁSICA

1_ EME_ Estado-Maior do Exército. História do Exército Brasileiro:Perfil militar de um povo. Brasília: IBGE, 1972.2_ MAGALHÃES. J. B. Compreensão da Unidade do Brasil. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 2002.3_MORI, Victor Hugo. Arquitetura Militar: Um panorama histórico a partir do Porto de Santos.São Paulo: Imprensa Oficial do Estado / Fundação Cultural Exército Brasileiro, 2003.4_ SECOMANDI, Elcio Rogério. Circuito Turístico dos Fortes. Santos: Leopoldianum, 2005.5_ SECOMANDI, Elcio Rogerio, PAUL, Clotilde. PORTO DE SANTOS:

Armada no mar & Bandeiras na terra. São Paulo, Navegar Editora, 4ª Ed, 2014.

CRÉDITOS

Capa_ FotoVolnys BernalVerso da capa_ desenho do blog oficial da ABVCContracapa_ desenhos do circuito e roteiros dos fortes e fotos de Marcos Pertinhes / PMB (Forte São João de Bertioga) e

Victor Hugo Mori (Forte São João da Guanabara)

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Pág 1_ Composição figura, EME, p. 17 e foto Volnys Bernal.Pág 2_ Composição figura, EME, p. 16 e fotos Volnys Bernal.Pág 3_ Desenho Roteiro dos Fortes, UFRJ/COOPE/LTDS.Pág 4 _ Composição de figuras, pp. 23, 26, 225 e 229, História do Exército Brasileiro.

Pág 5_ Mapa da antiga vila de São Vicente. Código Quinhentista da Biblioteca da Ajuda, Lisboa, Portugal: IPHAN/SP.Pág 6 _ Desenho do Forte São João, Bertioga, Victor Hugo Mori.Pág. 7_ Releitura do quadro de Benedito Calixto, desenho de Sandro Justo, numa parede do Forte São João de Bertioga,

com a seguinte inscrição: “Partida de Estácio de Sá, de Bertioga para a fundação da Cidade do Rio de Janeiro. Ajoelhado,Anchieta recebe as benções de Nóbrega”. Foto de Renata de Brito/ PMB.

Pag 8 _ Desenho do ataque de Mem de Sá ao Forte Coligny, 1560, História do Exército Brasileiro, p. 41.Pág 9 _ Desenho do ataque de Estácio de Sá ao Forte Paranapuâ, Ilha dos Maracajás (hoje Ilha do Governador), 1567,

História do Exército Brasileiro, p. 42.Pág 10 _ Mapa de São Vicente, de “Reys-boeck van het rijeke”, Brasilien, 1624, Mori, p. 187.Pág 11_ Composição de figuras: Mapa do Circuito dos Fortes, Secomandi/Meireles; Síntese gráfica do papel representado

pelas expedições bandeirantes;e Expedição de Martim Afonso de Souza, 1530-32, História do Exército Brasileiro, pp.225(adaptada).

Pág. 12 _ Fortaleza de Santo Amaro, Guarujá, SP, Antônio Carlos Freddo.Pág 13 _ Composição de figuras. História do Exército Brasileiro, pp. 26 e 229.Pág 15_ Logomarca do Cruzeiro Forte São João.

NOTAS

1 - Circuito dos Fortes. Projeto do Governo do Estado de São Paulo, Resolução SCTDET 04, de 11/02/2004. Em 2014 o“hub” do sistema defensivo do Porto de Santos passou a integrar o sistema nacional de museus históricos: Museu Histórico daFortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, administrado pela Prefeitura de Guarujá: https://fortalezadabarra.wordpress.com

2 - Disponível no site: www.roteirosdosfortes.com.br

3 - D. Afonso V (1432 / 1481): uma das primeiras coletâneas de leis da era moderna, compilando, em cinco volumes, todaa legislação anterior, desde o reinado de D. Dinis.

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4 -EME. Op. cit., p. 25 ;5 – EME. Op. cit. p.18.6 - Região escolhida para a transposição das operações marítimas para as operações terrestres.7 - EME. Op. cit., p. 26 (desenho).; 8 – EME. Op cit. p.31.8 - EME. Op. cit., pp .9 – 31.9 - Embora a maioria tenha fracassado, as capitanias hereditárias foram extintas somente em 1758, pelo Marques de Pombal.10 - Criado por D. João III, para nortear a administração da colônia, incluindo medidas para a defesa da terra e do litoral.

Alguns historiadores fixam esta data como início da primeira organização militar terrestre do Brasil, sem considera-la como umexército colonial.

11 – EME. Op. cit. p. 35: 12 - EME.Op. cit., pp. 31-35; 13 - EME. Op. cit., pp. 41-42.14 - EME. Op. Cit .pp 40 - 41: “Em novembro de 1559, aportou na Bahia a armada de Bartolomeu Vasconcelos”. “Em

Salvador, deixou um mínimo de tropas (...) e dirigiu-se ao Rio de Janeiro, fundeando na baía de Guanabara a 28 de fevereiro de1560 e obteve informações da ausência de Villegaignon, fato que decidiu a antecipação do ataque à Fortaleza ou Forte Coligny,localizada na ilha que hoje tem o nome de Villegaignon e onde se encontra a nossa Escola Naval” (...). “No entanto, a decisãocoube a Mem de Sá, chefe supremo da empresa”.

15 - O Tratado de Iperoig (Ubatuba), foi assinado entre os portugueses e os índios tamoios (aliados dos franceses), no dia 14de setembro de 1563, porém a paz foi “quebrada”, acirrando assim, a luta entre os portugueses e os franceses que ocupavam abaía da Guanabara.

16 - Hoje, toda a área da Urca, ao lado do Pão de Açúcar, pertence ao Forte São João (mesmo nome do Forte de Bertioga,de onde partiu Estácio de Sá para fundar o Rio de Janeiro).

17 - EME. Op. cit., p. 42; 18 - EME. Op. cit., pp 42-43.19 -O Forte São João, de Bertioga, começou como uma paliçada em 1532. Foi um dos primeiros atos de defesa da

Capitania de São Vicente realizado pelo donatário e 1º Capitão-Mor do Brasil, Martim Afonso de Souza. Manteve o nome inicialde Forte São Tiago até meados do século XVIII. Na Baía de Guanabara, por ocasião do desembarque de Estácio de Sá, em 1º demarço de 1565, foi erguido um fortim no Morro Cara de Cão como o nome de Forte São Martinho. Em 1618, a região do fortimtornou-se um dos mais completos complexos de defesa do Brasil, recebendo o nome de Fortaleza de São João.

20 - Muitas das fortificações coloniais sobreviventes hospedam unidades modernas do Exército Brasileiro, museus e/ouórgãos da administração pública, com acessos devidamente controlados.

21 – Pensamento do ICOFORT _ International Committe on Fortifications and Military Heritage.

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AGRADECIMENTOS

_ a todas as pessoas e instituições citadas neste “briefing” sobre a Expedição Estácio de Sá, Bertioga / Rio - 450 anos

depois, promovida pela ABVC - Associação Brasileira de Velejadores de Cruzeiro;

_ às instituições culturais das quais os autores participam – ASL, FUNCEB, ICOFORT, IHGS e SVSL; e,

_ a todas as pessoas que nos permitirem “mergulhar na essência” de uma epopeia focada no perfil militar do nossopovo. Em especial,o presidente da ABVC, EngºVolnys Bernal, por nos permitir atuar como relatores deste evento histórico-cultural;

_ ao editor da Navegar Editora, pela produção deste breve “release”, com foco na Educação Patrimonial, por meio daqual procuramos acompanhar a tendência mundial de incentivo ao uso dos bens patrimoniais de origem militar colonial, quehoje se voltam para o “receber amigos/as”; e

_ aos velejadores, que ousaram reconstruir, 450 anos depois, os fatos históricos aqui sumariamente descritos.

A beleza arquitetônica dos Fortes, Fortins, Fortalezas coloniais nos inspirou a “resgatar uma identidade luso-brasileiratão intensa, permanente e, infelizmente, esquecida” (...). Tão esquecida quanto as “muralhas de pedras” outrora guarnecidaspor “canhões de bronze”, manobrados por “homens de ferro”.

SOBRE OS AUTORES

Secomandi é Coronel de Artilharia reformado, Economista, Membro do ICOFORT_ International Scientific Committeeon Fortifications and Military Heritage _ e Conselheiro da FUNCEB _ Fundação Cultural Exército Brasileiro; Clotilde éCidadã Emérita de Santos, Advogada, Doutora em História Social e Diretora-Secretária da SVSL _ Sociedade Visconde deSão Leopoldo, mantenedora da UNISANTOS _ Universidade Católica de Santos. Ambos são Professores Eméritos daUNISANTOS e membros do IHGS _ Instituto Histórico e Geográfico de Santos e da ASL _ Academia Santista de Letras.

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Desenho Secomandi / Meireles

Fotos Du Zuppani

SISTEMA

DEFENSIVO

DO PORTO

DE SANTOS

DEFESA DO PORTO DE SANTOS

www.unisantos.br/circuitofortes

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Fortins, Fortes, Fortalezas ...

Por eles veremos o BRASIL edificado

Produção gráfica NAVEGAR EDITORA

Transportando ideias para o futuro Copyright Elcio Rogério Secomandi e Clotilde PaulDisponível no site: www.navegareditora.com.br

C

Fortaleza São João de Guanabara, 1565Forte São João de Bertioga, 1551

Sec folder quarta capa 30.01.15

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015 09:33:13