benefícios e malefícios relacionados ao café
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Benefcios e Malefcios relacionados ao Caf: Reviso de Literatura1
Benefits and harms related to Coffee: Literature Review1
Los beneficios y los peligros relacionados con el caf: Revisin de la Literatura1
Moura Gabriella dos Santos, Mendes Sntia Pollyana2, Brasileiro Marislei Espndula3.
Benefcios e Malefcios relacionados ao Caf: Reviso de Literatura. Revista Eletrnica de
Enfermagem do Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrio [serial on-line] 2010 jan-jul
1(1):1-15. Available from: .
Resumo
Objetivo: Este estudo tem como objetivo identificar e analisar os benefcios e os
malefcios do caf, segundo a literatura, buscando relacion-los ao ambiente de trabalho.
Materiais e Metodos: estudo bibliogrfico, do tipo descritivo-exploratrio, de abordagem
qualitativa consistindo na busca de artigos cientifcos com anlise sistemtica da literatura
disponvel em bibliotecas virtuais. Resultados: Dos dezesseis estudos encontrados, estes
abordam tanto os benefcios relacionados ao rendimento fsico e intelectual, estado de
alerta, melhora das funes cognitivas, quanto malefcios, isto , gastrite, insnia e
qualidade do sono, refluxo gastroesofgico, alteraes vocais e larngeas, doenas
cardacas, como aumento do nmero de infartos e presso arterial sistmica. Concluso:
So muitos os benefcios e malefcios desta substncia. A mdio e longo prazo,
evidenciamos que os malefcios so maiores, uma vez que h influncias orgnicas e
psicossociais.
Descritores: caf, cafena, ambiente de trabalho
Abstract
Objective: This study has its goal on identify and analyze the benefits and harms of coffee,
according to literature, seeking to relate with the work environment. Materials and
methods: bibliography, as a descriptive and exploratory kind, of qualitative approach that
21 Artigo apresentado ao Curso de ps-graduao em Enfermagem do trabalho do Centro de estudos de Enfermagem e Nutrio da Pontifcia Universidade Catlica de Gois2 Enfermeiras, especialistas em Enfermagem do Trabalho, e-mail: [email protected], [email protected] 3 Doutora pela PUC-Go, Mestre em Enfermagem, docente do CEEN, doutoranda em Cincias da Sade UFG, e-mail: [email protected]
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concerns in a search of scientific articles with systematic analysis of the available literature
in virtual libraries. Results: are found 33 articles using these described, where 8 of which
are included in this study. Both of those are related to the benefits to physical and
intellectual performance, alertness, improve of cognitive functions, as harms, like as,
gastritis, insomnia and sleep quality, gastroesophageal reflux, vocal and laryngeal
changes, heart disease, such as increasing the number of heart attacks and blood
pressure. Conclusion: there are many benefits and harms on coffee. In the medium and
long term, we found that the harms are greater, since there are organic and psychosocial
influences.
Key words: coffee, caffeine, work environment
Resumen
Objetivo: Este estudio tiene como objetivo identificar y analizar los beneficios y peligros de
caf, de acuerdo a la literatura, deseando que los relacionan con el ambiente de trabajo.
Materiales y Mtodos: bibliogrfico, descriptivo y exploratrio, con enfoque cualitativo en
busca de artculos cientficos con un anlisis sistemtico de la literatura disponible en
bibliotecas virtuales. Resultados: Se han encontrado 33 artculos con los descritos, y 8 de
las cuales se incluyen en este estdio. Frente a estos tanto los beneficios relacionados
con el rendimiento fsico e intelectual, el estado de alerta, la mejora de las funciones
cognitivas, como los peligros, como, gastritis, insomnio y la calidad del sueo, reflujo
gastroesofgico, la laringe y trastornos de la voz, enfermedades del corazn, como el
aumento del nmero de ataques cardacos y la presin arterial. Conclusin: Son muchos
los beneficios y daos de esta sustncia. A medio y largo plazo, tomamos nota de que los
peligros son ms grandes, ya que no son orgnicos y tienen influencias psicosociales.
Palabras claves: cafe, la cafena, el ambiente de trabajo
1 Introduo
Os ideais benefcios e malefcios da cafena no organismo so pouco conhecidos. A
cafena e alguns de seus compostos anfetamnicos so classificados como substncias
psicoestimulantes, as quais possuem alto potencial de abuso e dependncia, sendo
consumida por uma grande parcela da populao como um constituinte regular da dieta,
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seja no caf, refrigerante e outros alimentos. Devido a diversidade de produtos contendo
cafena, ela hoje considerada a substncia psicoativa mais consumida no mundo.1
Importante ressaltar que a planta de caf da famlia das Rubiceas, originria da
Etipia, centro da frica, onde ainda hoje faz parte da vegetao natural. Foi Arbia a
responsvel pela propagao da cultura do caf. O nome caf no originrio da Kaffa,
local de origem da planta, e sim da palavra rabe qahwa, que significa vinho. Por esse
motivo, o caf era conhecido como "vinho da Arbia" quando chegou Europa no sculo
XIV. 2
O caf tornou-se de grande importncia para os rabes. Na poca, o caf era um
produto guardado a sete chaves pelos rabes. Proibiam os estrangeiros de aproximar das
plantaes e protegiam as mudas com a prpria vida. Na Prsia, que os primeiros gros
de caf foram torrados para se transformar na bebida que hoje conhecemos. 3
A partir de 1615 o caf comeou a ser saboreado no Continente Europeu, trazido
por viajantes em suas freqentes viagens ao oriente. At o sculo XVII, somente os
rabes produziam caf. Alemes, franceses e italianos procuravam desesperadamente
uma maneira de desenvolver o plantio em suas colnias. Mas foram os holandeses que
conseguiram as primeiras mudas e as cultivaram nas estufas do jardim botnico de
Amsterd, o que fez a bebida mais consumida no velho continente. 4
O crescente mercado consumidor europeu propiciou a expanso do plantio de caf
em pases africanos e a sua chegada ao Novo Mundo. Pelas mos dos colonizadores
europeus, o caf chegou colnia do Suriname, em 1718, So Domingos, Cuba, Porto
Rico e Guianas. Desta maneira, o segredo dos rabes se espalhou por todos os cantos
do mundo.
No incio, o caf era conhecido apenas por suas propriedades estimulantes e a
fruta era consumida fresca, sendo utilizada para alimentar e estimular os rebanhos
durante viagens. Com o tempo, o caf comeou a ser macerado e misturado com gordura
animal para facilitar seu consumo durante as viagens. Somente no sculo XIV, o processo
de torrefao foi desenvolvido, e finalmente a bebida adquiriu um aspecto mais parecido
com o dos dias de hoje. 5
O caf chegou ao norte do Brasil, mais precisamente em Belm, em 1727, trazido
da Guiana Francesa pelo Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta a pedido do
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governador do Maranho e Gro Par, que o enviara s Guianas com essa misso. Da
regio Norte foi levado para o Maranho, que em 1731, exportava pequena parcela para
Portugal. Chegou ao Rio de Janeiro por volta de 1770, difundindo-se para So Paulo,
Minas Gerais, Esprito Santo, Paran e demais Estados produtores. Em 1825, o
suprimento do mundo passou a ser feito pela Amrica Central e do Sul e o Brasil passou
a ser o maior exportador desse produto.
Devido s nossas condies climticas, o cultivo de caf se espalhou rapidamente,
com produo voltada para o mercado domstico. Num espao de tempo relativamente
curto, o caf passou de uma posio relativamente secundria para a de produto-base da
economia brasileira. Desenvolveu-se com independncia, apenas com recursos
nacionais, a primeira realizao exclusivamente brasileira que visou produo de
riquezas. 6
A cafeicultura no centro-sul do Brasil enfrentou problemas em 1870, quando uma
grande geada atingiu as plantaes do oeste paulista provocando grandes prejuzos, e,
mais tarde, durante a crise de 1929. A quebra na bolsa de Nova York em outubro de 1929
foi um golpe para a estabilidade da economia cafeeira.
O caf no resistiu ao abalo sofrido no mundo financeiro e o seu preo caiu
bruscamente. As lavouras de caf enfrentaram a verdadeira dimenso do mercado.
Nesse processo, milhes de sacas de caf estocadas foram queimadas e milhes de ps
de caf foram erradicados, na tentativa de estancar a queda contnua de preos
provocada pelos excedentes de produo.
Quando a economia mundial conseguiu se recuperar do golpe de 1929, o Sudeste
do pas voltou a crescer, desta vez com perspectivas lastreadas na cafeicultura e na
indstria, que assumia parcelas maiores da economia. O caf retomou sua importante
posio nas exportaes brasileiras e, mesmo perdendo mercado para outros pases
produtores, o pas ainda se mantm como maior produtor de caf do mundo. 7
O caf continua, hoje, a ser um dos produtos mais importantes para o Brasil e ,
sem dvida, o mais brasileiro de todos. Atualmente o Brasil o maior produtor mundial de
caf, sendo responsvel por 30% do mercado internacional de caf, volume equivalente
soma da produo dos outros seis maiores pases produtores. No Esprito Santo o
produto chegou nos primrdios do Sec. XIX, pela regio sul, provavelmente como uma
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expanso das reas de cultivo Norte fluminense. Em 1800 deu-se a primeira exportao
brasileira, de 13 sacas de caf. Porm, somente nos idos de 1811/12 foi relatada a
produo inicial de caf nas lavouras do Rio Doce, na provncia capixaba, para o Rio de
Janeiro.
Por quase um sculo, o caf foi a grande riqueza brasileira, e as divisas geradas
pela economia cafeeira aceleraram o desenvolvimento do Brasil e o inseriram nas
relaes internacionais de comrcio. A cultura do caf ocupou vales e montanhas,
possibilitando o surgimento de cidades e dinamizao de importantes centros urbanos por
todo o interior do Estado de So Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paran. Ferrovias
foram construdas para permitir o escoamento da produo, substituindo o transporte
animal e impulsionando o comrcio inter-regional de outras importantes mercadorias.
O caf trouxe grandes contingentes de imigrantes, consolidou a expanso da
classe mdia, a diversificao de investimentos e at mesmo intensificou movimentos
culturais. A partir de ento o caf e o povo brasileiro passam a ser indissociveis. 7
O brasileiro o segundo maior consumidor de caf no mundo, s em So Paulo,
so servidas 300 milhes de xcaras de caf por ano. No se trata apenas de quantidade,
mas tambm de qualidade. Com o crescimento das cafeterias de luxo no pas, beber caf
mais que um hbito rotineiro, um ritual. 8
Como resistir ao cheiro de um cafezinho pela manh. Para muita gente um bom
caf indispensvel para comear um novo dia. Apesar da preferncia mundial,
frequentemente so divulgadas pesquisas sobre os malefcios do caf para a Sade.
Entretanto existem tambm levantamentos sobre os benefcios do mesmo. Afinal, o caf
faz bem ou mal para a nossa sade do trabalhador?
Nessa perspectiva, a literatura cientfica demonstra que as condies de trabalho
vivenciadas pelos profissionais, bem como o desgaste fsico e emocional, a baixa
remunerao, a alimentao e o desprestgio social, dentre outros so consideradas
fatores de risco que influenciam negativamente na qualidade do trabalhador propiciando o
desenvolvimento de acidentes ou doenas, sejam elas ocupacionais ou no, e assim levar
ao abandono da profisso e conseqente escassez de profissionais no mercado de
trabalho. 9
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Diante da infinidade de conflitos e incoerncias entre estudiosos advindos dos
benefcios e malefcios do caf e a observao da presena constante do mesmo no
ambiente de trabalho despertou o interesse em conhecer os possveis impactos causados
pelo consumo do caf na sade do trabalhador.
2 Objetivos
Identificar e analisar os benefcios e os malefcios do caf, segundo a literatura,
buscando relacion-los ao ambiente de trabalho.
3 Materiais e Mtodos
Trata-se de um estudo bibliogrfico, qual concebido como aquele que explica um
problema a partir de referncias tericas publicadas em documentos e, geralmente, busca
conhecer ou analisar as contribuies culturais ou cientficas existentes sobre um
determinado assunto ou tema10, de abordagem qualitativa.
Neste contexto, a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados,
motivos, aspiraes, crenas, valores e atitudes, o que responde a um espao profundo
dos processos, fenmenos, relaes e estruturas sociais, sendo tomadas como
construes humanas significativas, que no podem ser reduzidos operacionalizao.
A autora enfatiza que outros autores que seguem esta corrente no se preocupam
em quantificar, mas sim compreender e explicar a dinmica das relaes sociais.
Trabalham com a vivncia, experincia e compreenso das estruturas como resultado da
reao humana objetiva. 11
Alguns passos para o desenvolvimento desta forma de estudo so indicados,
sendo eles: 1) busca do material nos catlogos das bibliotecas; 2) seleo dos textos de
acordo com os objetivos; 3) leitura do texto; 4) anotaes somente depois de ter lido o
texto criticamente; 5) transcrio dos dados exatos e teis em relao ao tema levantado;
6) registro de qualquer idia crtica ou conjectura pessoal que emerge no decorrer da
leitura, para posterior verificao e reflexo e 7) correta citao das fontes no relatrio de
pesquisa, evitando o problema de uso indevido do material, o que caracteriza a violao
das normas nacionais e internacionais de direitos autorais.
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Aps a definio do tema foi feita uma busca em bases de dados virtuais em
sade, especificamente nas Bibliotecas Virtuais de Sade Bireme; Scielo e Medline de
artigos cientficos publicados em portugus no perodo de 2000 a 2010 e que possuam
em seu ttulo ou em suas palavras-chave as expresses caf, cafena, ambiente de
trabalho.
A seleo do material se deu, durante os meses de setembro, outubro e novembro
de 2009. Inicialmente, foram encontrados 33 artigos que atendiam aos critrios de
incluso previamente estabelecidos. Porm, para compor o conjunto de artigos a serem
analisados, os mesmos eram capturados e lidos por mais de um pesquisador e,
posteriormente, discutido, em dupla, sua pertinncia e relevncia frente aos objetivos do
estudo.
Terminada a coleta de dados, os trabalhos foram lidos e relidos at que fosse
possvel o envolvimento com a idia expressa pelo autor, buscando inclusive a dimenso
subjetiva incorporada no texto. Aps a seleo do material principiou a leitura analtica
das obras selecionadas que possibilitou a organizao das idias por ordem de
importncia. Depois foi feita a anlise temtica.
Finalizada essa fase o procedimento de anlise das respostas a essas questes
encontradas nos artigos estudados seguiu os seguintes passos: identificao das idias
centrais; comparao entre as diferentes idias presentes nos textos; descoberta de eixos
temticos em torno dos quais giravam os argumentos dos autores acerca das questes
investigadas e/ ou discusso das categorias temticas encontradas. Por ltimo, procurou-
se articular os resultados de anlise e os resultados da anlise qualitativa.
Na categorizao foram classificados elementos constitutivos do conjunto, por
diferenciao e, seguidamente, por reagrupamento segundo a analogia. Assim, foi
realizada uma anlise sistemtica, ou seja, foram reagrupadas palavras ou temas com o
mesmo sentido.
4 Discusso e Resultados
Nos ltimos, dez anos, ao se buscar as Bases de Dados Virtuais em Sade, tais
como a LILACS, MEDLINE e SCIELO, utilizando-se as palavras-chave: caf, cafena,
benefcios do caf e malefcios do caf, encontrou-se 40 publicaes, das quais 16 foram
includos neste estudo. As demais foram excludas por no responderem ao objetivo do
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estudo. Aps a leitura exploratria e exaustiva dos mesmos, buscamos significados nas
informaes, bem como as similaridades ou dissimilaridades. Aps conseguirmos
organizar essas informaes, as quais foram ordenadas e agrupadas a outras segundo
semelhanas ou disparidades foi possvel construir as seguintes categorias temticas
citadas abaixo.
4.1 Benefcios do caf para a sade do trabalhador
A maioria das pessoas que toma caf diariamente ignora quais so as substncias
que esto presentes no caf e pensa que o caf contm apenas ou, principalmente,
cafena. O caf possui apenas de 1 a 2,5 % de cafena e diversas outras substncias em
maior quantidade. Estas outras substncias podem at ser mais importantes do que a
cafena para o organismo humano. O gro de caf (caf verde) possui alm de uma
grande variedade de minerais, aminocidos, lipdeos, acares. 12
O caf contm tambm cidos clorognicos, responsveis por grande parte de sua
atividade antioxidante, e ainda com potencial atividade antibacteriana, antiviral e anti-
hipertensiva. Outro componente so as melanoidinas, pigmentos marrons que se formam
durante a torrefao e do a cor caracterstica bebida. Vrios estudos j associam a
atividade de antioxidante dessas substncias preveno de algumas doenas, como
Alzheimer e Parkinson. Porm, esses efeitos benficos no so observados em pessoas
que j desenvolveram essas doenas. 26
O caf possui uma vitamina do complexo B, a niacina e, em maior quantidade que
todos os demais componentes, os cidos clorognicos. Aps a torra, os cidos
clorognicos formam diversos quindeos que possuem vrios efeitos farmacolgicos,
como aumento da captao de glicose (efeito antidiabtico), ao antagonista opiide
(efeito anti-alcoolismo) e inibidora da recaptao da adenosina (efeito benfico na
microcirculao). Estudos tambm demostram que sua ingesto ajuda a diminuir a
gordura corporal, por aumentar o metabolismo. 7
Segundo o nutrlogo Credidio, o caf reduz a incidncia da diabetes tipo 2, devido
presena de cidos clorognicos. Alm disso, polifenis existentes no caf previnem
cncer de clon e bexiga, e mal de Parkinson. E seus princpios ativos diminuem o LDL,
colesterol ruim. 21
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"A cafena no pode ser a resposta, pois voc v o mesmo tipo de reao geral
para diabetes com caf comum e descafeinado", afirmou o principal autor do estudo, Mark
Woodward, professor do Centro de Medicina de Mount Sinai, em Nova York. No caso do
descafeinado, o consumo de 3 ou 4 xcaras por dia foi relacionado a um risco 36% menor,
e quem bebia a mesma quantidade de ch. 22
Um estudo americano com mais de 125 mil homens e mulheres feito ao longo de
20 anos descobriu que o risco de cirrose alcolica diminui a cada xcara de caf bebida
por dia. Houve tambm uma reduo no-significativa no aparecimento de outros tipos de
cirrose - no associadas com lcool - em pacientes que bebiam caf. 23
Diversos autores tm relatado uma relao inversa entre o consumo de caf e o
risco de danos hepticos de estudos epidemiolgicos prospectivos. Estudos feitos nos
Estados Unidos um estudo de acompanhamento plurianual 125.580 pessoas, das quais
330 foram diagnosticados com cirrose heptica.
Tanto o risco relativo de cirrose alcolica e danos hepticos prevalncia de
marcadores (nveis elevados de alanina e aspartato aminotransferase) revelou uma
relao inversa com o nmero dirio de chvenas de caf consumido. O risco relativo de
desenvolver uma cirrose alcolica temas consumido 4 ou mais taxas de caf diria foi 0.2
[0.1-0.4]. Os autores concluem que o caf iria conter alguns componentes de proteco
do fgado para o desenvolvimento de cirrose, especialmente cirrose alcolica.28
Quem gosta de caf tem agora mais um excelentes motivos para apreci-lo ainda
mais: a bebida ajuda a prevenir o cncer de prstata. A constatao partiu de pesquisas
realizadas pela renomada Universidade de Harvard (Estados Unidos) e pela Universidade
de Sydney (Austrlia).
Entre 1986 e 2000, a norte-americana Kathryn Wilson, da Faculdade de Medicina
de Harvard, acompanhou 50 mil homens e, a cada quatro anos, questionou-lhes sobre
sua dieta. Perguntamos com que freqncia bebiam caf normal e sem cafena e
descobrimos que aqueles que ingeriam seis ou mais xcaras da bebida por dia tinham
60% menos risco de desenvolver tumores avanados de prstata, se comparados com
aqueles que no apreciam o produto. 24
Segundo a autora do estudo, o mecanismo protetor contra o cncer presente no
caf ainda precisa ser mais bem explicado. O caf contm muitos diferentes compostos,
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incluindo antioxidantes, vitaminas, minerais e fitoestrognios que tm efeitos sobre os
hormnios do corpo humano. 25
Ela admite que a ingesto de caf tem sido relacionada com um risco reduzido de
cncer do fgado e de cncer do endomtrio em mulheres. As evidncias sugerem que o
caf pode ser benfico, ou pelo menos no parece ser nocivo em termos de risco do
cncer. Alm disso, o caf tem sido muito consistentemente associado com uma chance
menor de desenvolver diabetes tipo 2.
O caf a fonte mais rica em cafena. Aps a ingesto oral, ela rapidamente
eliminada com meia-vida de quatro a seis horas. Sob condies experimentais, pode-se
dizer que a cafena em doses moderadas (200 a 300 mg/dia) produz timo rendimento
fisco e intelectual, aumento da capacidade de concentrao, mantm o indivduo alerta,
melhora as funes cognitivas (memria, linguagem, capacidade de aprendizado) e est
relacionado preveno do Mal de Alzheimer. 12
Sobre o rendimento fsico e intelectual no ambiente de trabalho possvel que haja
maior produo por parte do trabalhador, uma vez que, sob efeito da cafena ele
permanea mais tempo executando suas atividades, o que em curto prazo pode
beneficiar o empregador. Contudo, com o passar do tempo executando a mesma tarefa,
ele diminui o rendimento intelectual, capacidade de concentrao e aprendizado podendo
levar a um aumento na induo de erros no trabalho.
4.2 Malefcios do caf para a sade do trabalhador
Estudos demonstram que doses elevadas (acima de 600mg/dia) podem causar
sinais perceptveis de confuso mental e induo de erros em tarefas intelectuais,
ansiedade, nervosismo, tremores musculares, taquicardia e zumbido. Importante ressaltar
que suspenso sbita de cafena, mesmo que em doses moderadas pode levar
abstinncia, causando depresso, naseas, vmitos, cefalia e diminuio da
concentrao. As queixas de cefalia e ansiedade crescem com o aumento da dose
diria de ingesto de cafina.12
A cafena realmente ativa o sistema de alerta. Mesmo que no interfira no tempo de
sono, a cafena atrapalha sua qualidade. Estudos mostram que, por ser excitante, ela
aumenta o nmero de despertares durante a noite. 13 Alm da finalidade de combater o
sono e o cansao, por outro lado ela pode causar ressecamento da mucosa do trato
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vocal, refluxo gastroesofgico, irritaes larngeas e alteraes na qualidade vocal. 14
Refere-se que no bom tomar caf depois do almoo, pois a cafena "compete" com a
vitamina C e o Ferro, podendo anular esses nutrientes. 12
H controvrsias a respeito da dependncia de cafena de que existem evidncias
que sua utilizao pode aumentar o uso de outras substncias de abuso, j que vrios
estudos demostram que a administrao dessa substncia causa sensibilizao a ela
mesma e sensibilizao cruzada com outras drogas.1
Sabe-se que o caf altera a motilidade do trnsito gastrintestinal. Assim como a
pimenta, ele um irritante local que aumenta a secreo cida.
s vezes, a dor que se associa ingesto de determinado alimento, como o caf, no
provm de seu efeito tpico, ou seja, do efeito local que exerce, mas de contraes
resultantes da irritao que provoca. 15
Existe tambm uma dvida que persiste em relao ao consumo do caf e
doena coronariana, a grande responsvel pelos ataques cardacos. A suspeita de que o
caf possa aumentar o nmero de infartos do miocrdio foi recentemente reforada pela
demonstrao de que tomar caf no filtrado (como o caf turco, por exemplo) faz
aumentar o colesterol total e a frao LDL, conhecida como mau colesterol. 16,17
Estudiosos verificaram que o consumo de caf est geralmente associado a dietas
menos saudveis, ou seja, com crescente consumo de carne vermelha e alimentos ricos
em gordura. Quanto maior o consumo de caf, menor a ingesto de fibras na dieta,
favorecendo o aumento da prevalncia das doenas crnicas. Observaram que a ingesto
de caf est associada positivamente com gordura total e saturada e de forma inversa
com a prtica de atividades fsicas e consumo de fibras na dieta. 18
Estudos revelam que a freqncia exagerada no consumo de cafena ,
possivelmente, um fator de risco para alteraes nos nveis de presso arterial, sobretudo
se estiver em associao com outros fatores, pois drogas que inibem a enzima
monoamino-oxidase provocam um aumento considervel de catecolaminas (adrenalina e
noradrenalina) nas terminaes nervosas e resultam em elevao dos nveis tensionais.
Potencializado com o consumo de caf, o fenmeno poder ocasionar o aumento dos
valores da presso arterial. 19
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Estudos indicam que o consumo de mais de quatro xcaras de caf por dia pode
estar associado a bebs de baixo peso, alm de afetar o sistema respiratrio do feto. Isso
porque, acredita-se que a cafena atravessa facilmente a barreira placentria, chegando
at o beb. 20
A cafena um grande indutor da osteoporose. A concluso de uma pesquisa
feita no Departamento de Morfologia, Estomatologia e Fisiologia da Faculdade de
Odontologia de Ribeiro Preto (FORP) da USP. Os pesquisadores notaram que cobaias
adaptadas ingesto de caf tiveram uma perda significativa de clcio nos ossos. 26
A literatura mdica est dividida entre os que afirmam e os que negam que o caf
facilita o aparecimento da doena. Foi essa dvida que suscitou os professores
pesquisarem o assunto. "Os mdicos que citam as causas para o surgimento da
osteoporose, quando indicam a cafena, a colocam bem l embaixo na lista.25
Considerando, o grande nmero de malefcios causados pelo uso moderado e
abusivo do caf, como ansiedade, nervosismo, confuso mental, zumbido, dentre outras,
evidencia-se a dificuldade que o empregador pode ter em adaptar este trabalhador em
uma atividade que requer timo rendimento intelectual.
Todos esses fatores esto relacionados diminuio da produo do trabalho,
aumento dos gastos do empregador, tanto pela reduo das capacidades fsica e
intelectual do trabalhador quanto pelo aumento do ndice de absentesmo dos
funcionrios.
5 Consideraes finais
possvel observar a presena constante de uma garrafa de caf em quase todos
ambientes de trabalho, apesar da grande maioria no saberem o real efeito da cafena no
organismo do trabalhador.
Em suma, conclumos que so muitos os benefcios e malefcios desta substncia,
porm a mdio e longo prazo, evidenciamos que os malefcios so maiores, uma vez que
h influncias orgnicas e psicossociais.
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Denunciamos ainda a escassez de material cientfico sobre o uso da cafena, seus
benefcios e malefcios, o que demonstra a necessidade de maiores pesquisas que
alertem a populao sobre o uso e abuso dessa substncia.
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