batalha espiritual

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Anjos e demônios Batalha espiritual 1 Vivemos em um mundo de domínio espiritual. Basta andar por cer- tos lugares e você logo sente a diferença no ar. Esse pode lhe pa- recer um conceito medieval, mas é um fato. O mundo que vemos, ouvimos, tocamos e percebemos com todos os nossos sentidos faz parte de uma realidade maior. Há alguns anos, foi publicado o livro Este mundo tenebroso, de Frank Peretti. Trata-se de uma ficção, mas com algum fundamento bíblico. Claro que, como uma ficção, uma publicação como essa sofre certas limitações e até traz consigo alguns perigos. Podemos nos confundir e achar que é uma descrição fiel de tudo o que acon- tece na vida real. Tendo feito esse importante “porém”, convenhamos

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A Série Café Espiritual traz para o leitor mensagens bíblicas do Bispo Primaz da Aliança das Igrejas Cristãs Nova Vida (ICNV), Walter McAlister, sobre temas fundamentais da nossa jornada de fé. Os textos são adaptados de suas reflexões no quadro Café Espiritual, que vai ao ar no Mosaico Cristão, o programa de rádio da ICNV. O Café Espiritual foi criado pelo Bispo Roberto McAlister, fundador da Igreja Cristã Nova Vida, como uma forma de levar rápidas, porém profundas, reflexões bíblicas aos ouvintes da antiga Rádio Relógio do Rio de Janeiro(RJ). Após sua morte, seu sucessor como Primaz da ICNV, o Bispo Walter McAlister, assumiu o quadro. Em 2009, o Café Espiritual retornou à rádio no Mosaico Cristão, onde desde então vem abençoando dezenas de milhares de ouvintes.

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Anjos e demônios 11

Anjos edemôniosBatalha espiritual

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Vivemos em um mundo de domínio espiritual. Basta andar por cer-

tos lugares e você logo sente a diferença no ar. Esse pode lhe pa-

recer um conceito medieval, mas é um fato. O mundo que vemos,

ouvimos, tocamos e percebemos com todos os nossos sentidos faz

parte de uma realidade maior.

Há alguns anos, foi publicado o livro Este mundo tenebroso, de

Frank Peretti. Trata-se de uma ficção, mas com algum fundamento

bíblico. Claro que, como uma ficção, uma publicação como essa

sofre certas limitações e até traz consigo alguns perigos. Podemos

nos confundir e achar que é uma descrição fiel de tudo o que acon-

tece na vida real. Tendo feito esse importante “porém”, convenhamos

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12 Batalha espiritual

que nosso mundo é ocupado por seres humanos, mas também por

seres que não são inteiramente deste mundo.

Sabemos da existência de pessoas que se entregam a espíritos malig-

nos, lhes servem como vasos e são visitados periodicamente, sendo

possuídos e levados a fazer as suas vontades. Todo folclore à parte,

essa é a realidade de muitos que vivem uma vida de escravidão

e de pavor. Quão grande é a alegria de alguém que, uma vez es-

cravizado dessa maneira, é surpreendido pela graça libertadora de

Jesus Cristo! Sim, pois o nome de Jesus é poderoso para libertar.

No nome de Jesus pessoas podem ser libertas desses espíritos ma-

lignos. Sei que de uns tempos para cá a prática de libertação tem

caído em descrédito, por ter sido usada como uma espécie de show

em programas de televisão. É trágico ver pessoas humilhadas dessa

maneira. Mas é importante lembrar que há libertação para o cativo.

Também existem anjos bons em ação neste mundo. Falamos pouco

sobre a sua função, até porque na Bíblia há poucas referências a anjos

após os primeiros livros do Novo Testamento. No Antigo Testamento,

vemos anjos proclamando, anunciando e trazendo mensagens aos

homens. Vemos sua atuação no anúncio da vinda do Nosso Senhor

ao mundo. Os pastores no campo assistiram a um verdadeiro coral

celestial proclamando o nascimento do Rei Jesus. Maria recebeu de

um anjo a notícia do propósito de Deus de usá-la para ser a mãe do

Salvador. Ela aceitou com as simples palavras: “Sou serva do Senhor;

que aconteça comigo conforme a tua palavra” (Lucas 1.38). Foram os

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anjos que ficaram ao lado do túmulo vazio de Jesus e anunciaram a

sua ressurreição. Quando Jesus finalmente ascendeu ao Céu, foram

os anjos que lembraram aos discípulos que deveriam voltar para

Jerusalém e esperar a promessa de poder do alto. Ainda lembraram

que Jesus voltaria um dia da mesma maneira que ascendeu ao Pai.

No livro de Atos dos Apóstolos também há relatos de alguns casos

de atividade angelical. Porém, o que mais vemos é a ação do Espírito

Santo, por meio dos membros do Corpo de Cristo. Há nas cartas de

Paulo uma ausência de instruções referentes a anjos, exceto de não

adorá-los, como no caso de Colossenses 2.18: “Não permitam que

ninguém que tenha prazer numa falsa humildade e na adoração de

anjos os impeça de alcançar o prêmio. Tal pessoa conta detalhada-

mente suas visões, e sua mente carnal a torna orgulhosa”. Existem

casos em que são apenas mencionados, mas somos instruídos a não

nos preocupar com eles. Havia na Igreja primitiva um grupo herege

que tinha muita preocupação com os anjos. Eram os gnósticos, que se

preocupavam em falar deles e até de estudar genealogias angelicais.

Um livro neotestamentário fala muito de anjos. Em Hebreus, temos

uma mensagem escrita para pessoas que estavam sendo tentadas

a voltar a seguir uma religião muito característica de Alexandria, no

norte da África. Essa religião era uma mistura das Escrituras Hebrai-

cas com a filosofia de um alexandrino chamado Philo. Ele elogiava

o papel dos anjos. Mas o autor aos hebreus fez questão de mostrar

que o nosso mediador é Cristo e somente Ele.

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Finalmente, vemos no livro de Apocalipse uma atividade tremenda

dos exércitos angelicais. Parece que no Céu eles estão em franca

atividade. No fim, eles celebrarão a revelação dos filhos de Deus.

E, segundo João, que teve a visão descrita no livro enquanto se

achava na Ilha de Patmos, anjos fizeram parte dessa ópera cósmica,

que mostrou a verdadeira natureza da guerra travada no mundo

espiritual.

Devemos nos preocupar com eles? Não. Devemos orar para eles?

Também não há uma menção sequer na Bíblia sobre isso. Deve-

mos procurar saber mais sobre eles? Somente até o ponto que se

torna necessário para entender o que o texto bíblico diz a respeito

dos eventos que em breve todos celebraremos, sendo o evento

maior a vinda do nosso Senhor à Terra. Todo o mundo espiritual se

mobilizou para anunciar e celebrar que Deus estava entre nós. Um

menino nos nasceu. Um rei. O Rei!

Que anjos tenham atuação em nosso mundo, eu não tenho dúvida.

Mas em nenhum lugar somos instruídos a supervalorizá-los. Pode-

mos descansar na certeza de que, se orarmos a Deus Pai, em nome

do seu Filho, e pelo poder do Espírito Santo, o Pai tem a seu dispor

todos os recursos para realizar a sua vontade.

Tenho ouvido sobre grupos que emprestam seus anjos da guarda

uns aos outros. Há pessoas que pedem a Deus mais anjos da guarda

em ocasiões de aparente necessidade ou perigo. Confesso que já

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pedi tal coisa, em épocas passadas, de maior ignorância bíblica. Mas,

pensando bem, a coisa se desvia do alvo e do culto racional. Tenho

que depositar toda a minha fé em Deus e em Deus somente. Tenho

que confiar a Ele todos os meus cuidados e não instruí-lo acerca dos

meios que eu acho que Ele deva empregar para fazer a sua vontade.

Sinceramente, é brincar com coisa séria.

Anjos e demônios existem. Podemos ordenar aos demônios que

saiam de alguém, no nome de Jesus, e eles terão que obedecer. Não

cabe a nós conversar com eles, nem tentar obter mais informações

do que sejam necessárias para o ato de libertação. Os próprios discí-

pulos ficaram maravilhados com o fato de poder expulsar demônios.

Mas, quando voltaram com essa notícia, Jesus se limitou a dizer que

o que realmente importava não era isso, e sim ter o nome escrito no

Livro da Vida. O que importa, segundo Jesus, é sermos salvos eterna-

mente com Deus.

Vivemos num mundo espiritual e não há dúvida quanto a isso. Vive-

mos num mundo de domínios. Mas posso lhe afirmar, com absoluta

certeza, que a missão e os cuidados da Igreja não passam por es-

sas coisas. Temos que nos submeter a Deus, resistir às tentações do

Diabo e ele fugirá de nós. O que os anjos estão fazendo nesses dias

não é assunto nosso, pois não nos obedecem, mas sim a Deus. Veja

como servem a Deus, confome Hebreus 1.14: “Os anjos não são,

todos eles, espíritos ministradores enviados para servir aqueles que

hão de herdar a salvação?”.

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No fim, quando Jesus voltar e todas as coisas se consumarem, veremos

Cristo em toda a sua glória. Veremos o Senhor exaltado entre os anjos e

os anjos nos verão, transformados, pois seremos como Cristo é. O que

é corruptível será tragado pelo que é incorruptível. A morte não existirá

mais. E juntos contemplaremos o Ser mais glorioso de todo o universo, o

Cordeiro de Deus. Seu rosto brilhando como o Sol e seus olhos como

fogo. Cairemos aos seus pés, lançaremos por terra nossas coroas e re-

conheceremos que Ele fez tudo com perfeição. Até aquele dia, fitemos

nossos olhos somente em Cristo. Os anjos não são preocupação nossa.

Oremos:

Nosso Deus e Pai, os Teus caminhos são misteriosos para nós.

A Tua glória é incalculável. A Tua criação, visível e invisível, é perfeita

e simétrica. Sabemos que a criação que vemos geme pelo dia da

volta do Cordeiro de Deus. Nós gememos pela volta do Cordeiro de

Deus. O próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimí-

veis, pelo dia em que todo mal será lançado no fogo eterno.

Seja conosco. Dá-nos graça e perseverança nessa peregrinação

numa terra hostil e seca. Ajuda-nos em nossas fraquezas e levanta

os que caem vez por outra. Acima de tudo, hoje, nós te pedimos

que sejamos imbuídos de uma fome pela Tua santa Palavra, que é

lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos. Peço

isso em o nome de Jesus, nosso Mestre e Senhor. Amém.