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ISSN 1519-1028
Mensurao do Risco Sistmico no Setor Bancrio comVariveis Contbeis e Econmicas
Lucio Rodrigues Capelletto, Eliseu Martins e Luiz Joo CorrarJulho, 2008
169169Trabalhos para Discusso
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ISSN 1519-1028 CGC 00.038.166/0001-05
Trabalhos para Discusso
Braslia
n 169
jul
2008
p. 150
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Trabalhos para Discusso Editado pelo Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep) E-mail: [email protected] Editor: Benjamin Miranda Tabak E-mail: [email protected] Assistente Editorial: Jane Sofia Moita E-mail: [email protected] Chefe do Depep: Carlos Hamilton Vasconcelos Arajo E-mail: [email protected] Todos os Trabalhos para Discusso do Banco Central do Brasil so avaliados em processo de double blind referee. Reproduo permitida somente se a fonte for citada como: Trabalhos para Discusso n 169. Autorizado por Mrio Mesquita, Diretor de Poltica Econmica.
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Mensurao do Risco Sistmico no Setor Bancrio com Variveis Contbeis e Econmicas
Lucio Rodrigues Capelletto* Eliseu Martins**
Luiz Joo Corrar***
Este Trabalho para Discusso no deve ser citado como representando as opinies do Banco Central do Brasil. As opinies expressas neste trabalho so exclusivamente dos
autores e no refletem, necessariamente, a viso do Banco Central do Brasil.
Resumo O nvel de risco sistmico no sistema financeiro tem sido objeto de constante preocupao por parte de organismos internacionais e autoridades de superviso. As crises financeiras ocorridas em diversos pases causaram vultosos prejuzos econmicos e elevados custos sociais. As pesquisas tm buscado encontrar caractersticas comuns que possam prever a proximidade dessas crises, mediante a utilizao de variveis de natureza econmica, como as reservas internacionais e a taxa de cmbio. Diferentemente, este estudo buscou mensurar o nvel de risco sistmico no setor bancrio com a utilizao de indicadores formados por variveis contbeis e de riscos. Os resultados da regresso logstica revelaram a existncia de indicadores capazes de discriminar os sistemas bancrios pelo nvel de risco, especialmente aqueles relacionados com a qualidade dos crditos, os resultados e a taxa de juros. Todos indicadores construdos com base nessas variveis foram identificados como relevantes. Alm disso, as equaes com os indicadores citados obtiveram acerto na classificao superior a 90%. Palavras-chave: crise bancria, crise financeira, risco, contabilidade, indicadores. Classificao JEL: G32
* Banco Central do Brasil, Departamento de Monitoramento do Sistema Financeiro e de Gesto da Informao (Desig). E-mail: [email protected] ** Departamento de Contabilidade e Aturia, Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade da Universidade de So Paulo (FEA/USP). E-mail: [email protected] *** Departamento de Contabilidade e Aturia, Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade da Universidade de So Paulo (FEA/USP). E-mail: [email protected]
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1. Introduo
As crises financeiras ocorridas em pases da Amrica Latina, como na
Venezuela, em 1994, no Mxico, em 1995, em pases do Sudeste Asitico, em 1997, e
na Rssia, em 1998, reformularam o entendimento sobre as causas que levam
economias a situaes de ruptura em seus sistemas financeiro e econmico.
Os estudos demonstraram que essas crises foram originadas por fraquezas nos
setores financeiro e empresarial, combinadas com vulnerabilidades econmicas
(CAPRIO et al., 1998). A constatao invalidou a premissa de que as situaes de crise
eram unicamente motivadas pela ausncia de fundamentos econmicos fortes
(DIAMOND; DYBVIG, 1983).
O crescente nmero de operaes financeiras e a maior interdependncia dos
mercados fizeram com que o sistema financeiro internacional assumisse a funo de
principal veculo de propagao de riscos estabilidade econmica, pois,
independentemente do estgio de desenvolvimento e da solidez dos fundamentos
econmicos, todos os pases ligados ao sistema financeiro internacional tornaram-se
suscetveis s fragilidades verificadas em outros sistemas, proporcionalmente
intensidade do problema e ao nvel de conectividade.
Cnscios desses aspectos e motivados pela elevada freqncia de situaes de
instabilidade e crise no setor bancrio, que abalaram 133 dos 181 pases membros do
Fundo Monetrio Internacional (FMI) no perodo entre 1980 e 1996, segundo Lindgren,
Garcia e Saal (1996, p.3), organismos internacionais, como o FMI e o Bank for
International Settlements (BIS), tm envidado esforos para controlar os riscos nos
sistemas financeiros.
Recomendaes sobre regras prudenciais s instituies financeiras (BCBS,
1997), de implementao quase compulsria queles que almejam a insero no
mercado internacional, relativas manuteno de capital mnimo compatvel com o
grau de risco das operaes, aos controles internos e aos limites operacionais, buscam
coibir exposies acima de padres que impliquem em perigo continuidade das
instituies e dos mercados.
A crise financeira provoca desequilbrios em toda a economia. Os efeitos de
choques como a perda de reservas internacionais, a elevao das taxas de juros e a
desvalorizao do cmbio afetam sobremaneira o acesso s linhas de financiamento, o
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fluxo de capitais e o comrcio, na esfera internacional, e o nvel de produo e emprego,
no cenrio interno.
Em termos de valores, Honohan e Klingebiel (2002), com base em uma
amostra de quarenta pases emergentes e desenvolvidos que experimentaram crises, no
perodo entre 1975 e 2000, concluram que o custo fiscal mdio de crises no sistema
financeiro equivale a 12,8% do Produto Interno Bruto (PIB). A situao ainda pior
para os pases emergentes, onde os custos tm sido proporcionalmente superiores aos
observados em pases desenvolvidos.
Dada a associao entre a estabilidade econmica e a sade do sistema
financeiro, estudos sobre risco sistmico e crise financeira que integrem variveis
contbeis e econmicas ganham relevncia, pois so capazes de propiciar
conhecimentos para evitar ou contornar as indesejveis situaes de crise.
A identificao de variveis e a aferio do grau de relevncia no processo de
ocorrncia do risco sistmico podem servir de subsdios interveno de organismos
internacionais e autoridades nacionais na estabilizao e diminuio de riscos no
sistema bancrio.
Nesse sentido, o objetivo deste estudo demonstrar que os indicadores
formados por variveis contbeis e econmicas apresentam contedo informacional
para mensurar o nvel de risco sistmico no setor bancrio, com a identificao dos
indicadores mais relevantes, e classificar os pases de acordo com a suscetibilidade
crise bancria sistmica.
2. Referencial terico
2.1 Conceito geral
O risco uma varivel determinante evoluo humana, pois a sua ausncia
implica a certeza de resultados e a restrio construo de conhecimentos. No
obstante o antigo conceito, a concepo atual de risco tem origem nos nmeros que
permitem quantificar o valor incerto, antes abstrato, produzido por determinada ao.
A avaliao da incerteza representou o domnio do risco e definiu a fronteira
entre os tempos moderno e passado, pois, segundo Bernstein (1997, p.1) [...] a noo
de que o futuro mais do que um capricho dos deuses e de que homens e mulheres no
so passveis ante a natureza.
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Em finanas, o risco a probabilidade de no obter o retorno esperado no
investimento realizado. O risco definido como a prpria varincia do retorno. Quanto
maior a amplitude desse desvio, maior ser o resultado exigido para compensar o risco
assumido.
Basicamente, dois fatores causam o desvio do retorno. Um referente s
caractersticas intrnsecas da operao ou da contraparte, como a garantia prestada ou a
capacidade de pagamento do devedor, chamado de risco idiossincrtico, no-sistemtico
ou diversificvel. E outro, no-controlvel, inerente ao ambiente ou ao sistema,
conhecido como risco sistemtico ou no-diversificvel (MARTINS; ASSAF NETO,
1986, p.467).
Nesse sentido, Ross, Westerfield e Jaffe (1995, p.233) definem: Um risco
sistemtico qualquer risco que afeta um grande nmero de ativos, e cada um deles
com maior ou menor intensidade., e Um risco no-sistemtico um risco que afeta
especificamente um nico ativo ou um pequeno grupo de ativos. A impreciso na
quantidade e o acrscimo na gradao da intensidade ampliam a abrangncia e a
caracterizao do risco sistemtico.
Sobre o assunto, no possvel omitir a contribuio de Markowitz para a
teoria de finanas (MARKOWITZ, 1952). Ao introduzir a noo de risco e de
diversificao na formao de carteira de aes, ele revolucionou a gesto de riscos. A
insero do conceito de diversificao na estratgia de investimentos proporcionou a
obteno da carteira eficiente, diminuindo os efeitos dos riscos idiossincrticos de
cada um dos ativos. A genialidade do modelo foi provar que a volatilidade no retorno de
uma carteira pode ser minimizada pela aplicao em ativos que sejam negativamente
correlacionados entre si.
No mercado internacional, os pases representam oportunidades de
investimentos com riscos e retornos distintos. As diferenas residem na percepo da
qualidade dos fundamentos econmicos e da solidez do sistema financeiro de cada pas.
Frente a isso, o investidor internacional tende a diversificar a sua carteira, escolhendo os
pases localizados na linha da carteira eficiente, que agregam ao conjunto um retorno
melhor e menor risco.
Dado que o nvel de risco sistmico do pas corresponde ao risco
idiossincrtico no cenrio internacional, o conhecimento das causas e do nvel permite a
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adoo de estratgias que visem reduo do risco e melhorem a atratividade do pas
para os investidores.
2.2 Riscos inerentes ao sistema financeiro
O sistema financeiro tem especificidades operacionais que o diferenciam dos
demais setores. A funo de intermediar recursos entre os agentes superavitrios,
denominados investidores, e os agentes deficitrios, tomadores de recursos, coloca os
intermediadores financeiros no centro do fluxo econmico.
As atividades de transformao dos prazos e da magnitude dos objetos
transacionados so permeadas por riscos que exigem controles adequados e capacitao
gerencial. Os principais riscos encontrados nas operaes realizadas no sistema
financeiro so os riscos de crdito, de mercado e de liquidez. Alm desses, de forma
generalizada, h o risco sistmico que afeta indistintamente todas instituies
financeiras.
2.2.1 Risco de crdito
O risco de crdito a probabilidade de o tomador dos recursos no pagar ou
honrar as obrigaes assumidas, tanto no que tange ao principal quanto ao servio da
dvida. Segundo Bessis (1998, p.81) Risco de crdito definido pela perda no evento
de no pagamento do devedor, ou no evento de deteriorao da qualidade do crdito do
devedor. A definio acrescenta a ocorrncia de elevao do risco no somente pelo
inadimplemento, mas tambm pela reduo da capacidade de pagamento do devedor.
Para mensurar adequadamente o risco de crdito, duas dimenses devem ser
observadas. Uma de ordem quantitativa, relativa ao montante de crdito concedido, e
outra qualitativa, que abrange aspectos como a situao econmico-financeira do
tomador do crdito, o histrico de inadimplemento, a aplicao dada aos recursos, a
moeda, o indexador e o prazo da operao, a atividade econmica predominante e as
garantias (BESSIS, 1998, p.6).
2.2.2 Risco de mercado
O BCBS (1996, p.1) define o risco de mercado como a possibilidade de perda
em posies, dentro e fora do balano, provocada por movimentos nos valores de
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mercado originadas de alteraes nas taxas de juros e de cmbio, e nos preos de aes
e de commodities.
Particularmente ao risco de taxa de juros, o BCBS (2004, p.5) considera como
[...] a exposio da situao financeira do banco a movimentos adversos na taxa de
juros. Essa exposio ao risco de taxa de juros calculada sobre todas as posies
ativas, passivas e em derivativos, remuneradas pelas taxas de juros pr-fixadas ou ps-
fixadas, ou cujo valor sofra alteraes quando h variao na taxa de juros.
Analogamente ao risco de taxa de juros, o risco de cmbio a probabilidade de
perda em virtude de variao adversa na taxa de cmbio. Ao assumir posies lquidas
ativas ou passivas, tambm chamadas de compradas ou vendidas, respectivamente, a
instituio fica exposta variao cambial. De acordo com Greuning e Bratanovic
(1999, p.211), o risco de cmbio [...] um risco de volatilidade devido ao
descasamento das posies, e pode causar perdas resultantes de movimentos adversos
durante o perodo em que a posio estava aberta em moeda estrangeira, no balano ou
fora dele, no mercado vista ou futuro.
A principal diferena entre o risco de taxa de juros e o de cmbio est no
carter exgeno dessa ltima. Enquanto a taxa de juros administrada internamente e
consiste em uma deciso at certo ponto autnoma da autoridade monetria, a taxa de
cmbio influenciada por fatores externos, no-controlveis pelos pases.
O risco de preos, por sua vez, a probabilidade de perda associada alterao
nos preos de mercado de ativos, passivos e itens extra-patrimoniais. A diferena em
relao aos riscos de taxa de juros e de cmbio est na inexistncia de um indexador de
referncia explcito para remunerar o item objeto. O valor dado pelo preo de
mercado, sem vinculaes.
Os itens expostos ao risco de preos, no sistema financeiro, esto restritos aos
valores mobilirios, classificados como ttulos de renda varivel, em face da
dependncia do retorno ao desempenho do emissor, e commodities.
2.2.3 Risco de liquidez
O risco de liquidez causado pelos descasamentos de prazo, indexador, moeda
e valor entre os pagamentos e os recebimentos. Conforme o BCBS (2000, p.1), [...] a
importncia da liquidez transcende o banco individualmente, desde que a escassez de
liquidez em uma simples organizao possa ter repercusses sistmicas. Assim, o
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gerenciamento de liquidez est entre as atividades mais importantes conduzidas pelos
bancos.
A falta de liquidez obriga a rpida realizao de ativos e provoca a queda nos
preos, desvalorizando ativos iguais ou semelhantes detidos por outras instituies. A
constatao desse fato pelos depositantes suficiente para provocar saques inadvertidos
e gerar a corrida bancria, que constitui importante preocupao das autoridades
monetrias.
2.2.4 Risco sistmico
As definies de risco sistmico no setor financeiro encontradas na literatura so
variadas e esto relacionadas aos objetivos das pesquisas. Algumas tm como essncia a
ocorrncia de um choque capaz de produzir efeitos adversos na maior parte do sistema
ou da economia.
Sob esse enfoque, Bartholomew e Whalen (1995, p.4) apresentam o risco
sistmico como: [...] um evento com efeitos em todo o sistema econmico e financeiro,
e no apenas em poucas instituies. Na definio, os participantes no precisam estar
conectados, pois o choque suficientemente abrangente e forte para atingir todos
indistintamente.
Outras definies so baseadas no efeito da contaminao dos problemas de um
agente para outros, chamado de efeito contgio. O BIS (1994, p.177) define como: O
risco que o no cumprimento das obrigaes contratuais por um participante pode
causar ao cumprimento das obrigaes de outros pode gerar uma reao em cadeia de
dificuldades financeiras maiores. Nesse caso, a premissa a conectividade entre os
participantes.
Apesar das vrias definies, Freixas, Parigi e Rochet (1999, p.2) mencionam
que a teoria ainda no conseguiu consolidar uma estrutura conceitual apropriada sobre
risco sistmico. De qualquer forma, todas mencionam a presena de eventos turbulentos
suficientemente fortes e a propagao pelo efeito contgio como causa da
instabilidade generalizada.
Para o estudo, o risco sistmico o grau de incerteza existente no sistema
resultante de variaes no nvel de risco do crdito, da taxa de juros e do cmbio. A
mensurao feita pelo impacto da variao do risco sobre o patrimnio lquido do
sistema. Quanto maior a perda no-esperada potencial em relao ao patrimnio lquido,
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maior o risco sistmico. A crise configurada no estresse do risco sistmico, quando
todos perdem a credibilidade na continuidade do sistema.
2.3 Fundamentao do Patrimnio lquido como referncia cobertura de riscos
Formuladas as definies bsicas sobre risco sistmico e crise bancria,
depreende-se que a caracterstica bsica para existncia e funcionamento de um sistema
financeiro a confiana. Os agentes superavitrios e deficitrios somente procuram o
intermediador financeiro porque acreditam que seus interesses so seguramente
atendidos.
A garantia, em termos contbeis, est expressa na diferena positiva entre os
ativos e os passivos da instituio. A superioridade dos valores ativos indica que a
instituio tem capacidade de honrar todas as obrigaes e ainda sobram recursos para
os proprietrios. Nessa situao, diz-se que a instituio tem patrimnio lquido positivo
e est solvente.
A preocupao com o valor do patrimnio lquido ganha relevncia no mbito
do sistema financeiro, visto que a maior alavancagem proporciona mais retorno, a
exposio a riscos constante, as instituies operam interligadas e a confiana
crucial para o funcionamento.
A falta de capitalizao implica em vulnerabilidade frente ao inesperado,
tornando a instituio ou o sistema frgil. Mesmo problemas na qualidade dos ativos ou
a perda de depsitos podem ser suportados quando h patrimnio lquido em nvel
adequado.
Nessa linha, o Acordo de Capital e seus respectivos amendments foram
motivados pela percepo de que a intensa concorrncia internacional estava induzindo
alguns bancos a operar com baixos nveis de capital, em proporo ao volume de ativos,
tornando-se mais competitivos na busca da ampliao de suas parcelas de mercado.
Para limitar as exposies ao risco, as instituies foram compelidas a manter
um nvel mnimo de capital compatvel com o grau de risco de suas operaes ativas,
passivas e fora do balano, o qual ficou conhecido no Brasil como Limite de Basilia.
2.4 Avaliao de riscos
Os modelos e as tcnicas de avaliao podem ser agrupados de acordo com o
tipo de risco mensurado. Basicamente, so divididos entre os destinados a estimar o
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valor em risco de mercado e aqueles voltados para aferir o valor em risco de crdito.
2.4.1 Avaliao do risco de mercado
As tcnicas de avaliao do risco de mercado esto em constante evoluo.
Atualmente, o instrumento mais utilizado a mensurao do valor em risco (VaR). O
prprio BCBS (1996) recomenda o uso do VaR pelos bancos, tanto o modelo interno
como a abordagem padronizada, para alocao de capital destinado cobertura do risco
de mercado.
A simplicidade de compreenso e a capacidade em responder o quanto pode ser
perdido, considerando certa probabilidade e perodo, disseminaram o uso do VaR. De
acordo com Jorion (2003, p.95), [...] a maior vantagem do VaR consiste em resumir,
num nico nmero de fcil compreenso, a exposio total ao risco de mercado de uma
instituio.
Crouhy, Galai e Mark (2004, p.168) definem o VaR como [...] a pior perda
que poderia ser esperada em decorrncia de se deter um ttulo ou uma carteira por um
dado perodo de tempo, dado um nvel especificado de probabilidade. Para fins de
clculo, os autores apresentam trs abordagens diferentes, as quais tm em comum a
necessidade do prazo, do nvel de significncia, e das taxas e valores dos ativos e
passivos existentes na carteira.
Como no estudo os dados utilizados so contbeis, sem a existncia de longas
sries histricas e no h presuno sobre a distribuio da volatilidade, o clculo do
VaR realizado pela abordagem analtica de varincia-covarincia, dada pela seguinte
frmula:
)'(*);( RVMcHVaR = (1)
onde H o horizonte de tempo, c o nvel de confiana, VM o valor de mercado da
posio, o retorno mdio esperado e R a pior perda possvel ao nvel de confiana estabelecido. O pior retorno calculado pela frmula:
R= + * (2)
onde o valor correspondente ao nvel de confiana, obtido na tabela de distribuio
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normal padronizada unilaterali, e o desvio-padro do retorno. Desse modo, para obter o VaR, basta substituir o R na frmula (1):
VMcHVaR **);( = (3)
2.4.2 Avaliao do risco de crdito
Igualmente, os estudos sobre risco de crdito avanam a fronteira do
conhecimento. O desafio tratar o risco de crdito de forma agregada, como feito para
o risco de mercado.
Caouette, Altman e Narayanan (1999, p.122), ao descrev-los funcionalmente,
fazem a separao de acordo com o segmento-alvo, como o modelo de risco de crdito
corporativo, baseado em preo de aes, o modelo de crdito ao consumidor, e o
modelo de crdito para pequenas empresas, crdito imobilirio e instituies
financeiras.
Diferentemente, Crouhy, Galai e Mark (2004, p.382) distinguem os modelos de
avaliao do risco de crdito pelas premissas metodolgicas do desenvolvimento. Para
os autores, os principais modelos so o KMV (KEALHOFER; BONH, 2001), o
CreditMetrics (MORGAN, 1997), o CreditRisk+ (CREDIT SUISSE FIRST BOSTON,
1997) e o CreditPortfolio View (WILSON, 1997a,b).
Apesar das diferenas, Caouette, Altman e Narayanan (1999, p. 221, 295)
consideram que o ingrediente-chave do risco de crdito o risco de inadimplncia e
que o clculo do valor em risco para um nico ativo depende apenas da volatilidade
histrica do ativo. Ratificando essa proposio, Crouhy, Galai e Mark (2004, p.284)
resumem [...] o VaR de crdito de uma carteira ento obtido de forma semelhante ao
de risco de mercado. apenas a distncia da mdia ao percentil da distribuio futura,
no nvel de confiana desejado.
Pelo exposto, possvel calcular o VaR para risco de crdito pela seguinte
frmula:
VExpCrcHVaR TI **);( = (4)
onde H o horizonte de tempo, c o nvel de confiana, o valor correspondente ao nvel de confiana, definido na tabela de distribuio normal padronizada unilateral, TI
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o desvio-padro da taxa de inadimplncia e VExpCr o valor exposto ao risco de
crdito.
2.5 Variveis econmicas e contbeis para avaliar riscos
As variveis econmicas contm informaes agregadas da economia de pases
e so utilizadas para avaliar diversos aspectos como crescimento, produo,
investimentos, endividamento, capacidade de pagamento, taxas de juros e de cmbio,
saldos em reservas internacionais e em conta corrente, exportaes e importaes,
poupana e crdito, inflao, enfim, tudo que serve de parmetro anlise econmica de
um pas (IMF, 1996).
Apesar de serem interligadas, os estudos sobre crises financeiras mostram que
as variveis econmicas representativas do PIB, da taxa de juros, da taxa de cmbio, das
reservas internacionais e do conceito econmico do M2 so mais comumente
encontradas no processo de identificao de crises (KAMINSKY, LIZONDO e
REINHART, 1998).
Diferentemente, as variveis contbeis so usadas para avaliar a situao
econmico-financeira individual de instituies e sistemas financeiros. De acordo com o
IMF (2001, p.11), a metodologia mais utilizada na avaliao de instituies financeiras
denomina-se CAMELSii e contempla informaes relativas adequao do capital,
qualidade dos ativos, capacidade gerencial, resultados, liquidez e sensibilidade ao risco.
2.6 Estudos sobre crises sistmicas no sistema financeiro
As pesquisas de Kaminsky, Lizondo e Reinhart (1998) e De Bandt e Hartmann
(2000) contm extensiva e detalhada reviso dos estudos sobre risco sistmico, os quais
so aqui apresentados resumidamente. A profuso de modelos para explicar crises foi
obtida mediante a utilizao de diferentes variveis explicativas e tcnicas estatsticas.
Usualmente, a literatura classifica os estudos em dois grandes grupos, de acordo com o
mtodo dedutivo ou indutivo empregado.
O enfoque dedutivo-terico prope modelos suportados por uma teoria
subjacente capaz de explicar o comportamento das variveis e a ocorrncia das crises.
Consiste na construo de uma parte da realidade onde os resultados so conseqncias
previsveis pela teoria. Entre os modelos tericos embasados na fraqueza dos
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fundamentos econmicos salientam-se os de Krugman (1979), Flood e Garber (1984) e
Obstfeld (1984).
Ainda sob a gide do pensamento dedutivo, mas utilizando outras variveis e
testando os modelos com dados empricos, merecem destaque os seguintes estudos:
a) Diamond e Dybvig (1983), considerados os precursores nos estudos sobre corrida
bancria, concluram que as crises so profecias auto-realizveis;
b) Gorton (1988), ao relacionar as recesses econmicas s crises bancrias, mostrou
que essas no acontecem aleatoriamente e so relacionadas aos ciclos econmicos;
c) Jacklin e Bhattacharya (1988), ao utilizar o conceito da incerteza agregada para
explicar o risco cclico dos negcios, mostram como a percepo de sinais que
indicam retornos menores causa corridas bancrias;
d) Rochet e Tirole (1996) apresentaram que o monitoramento pelos pares resolve o
problema de moral hazard entre os depositantes e os banqueiros;
e) Chen (1999) conjugou a corrida bancria ao efeito manada, de forma a
demonstrar que a falncia de poucos bancos pode contaminar todo o mercado;
f) Huang e Xu (2000) relatam a ocorrncia de crises bancrias como uma
conseqncia da seleo adversa presente na estrutura de financiamento do mercado
interbancrio; e
g) Allen e Gale (2000) estudaram o efeito contgio propiciado pelo mercado
interbancrio, inclusive em diferentes locais geogrficos.
Apesar de proverem orientao sobre a escolha de variveis potenciais, que
refletem os fundamentos econmicos ou quaisquer outras expectativas de mercado, os
modelos tericos no explicam a relevncia que as variveis devem receber para aferir a
proximidade das crises. Alm disso, como as variveis esto confinadas a um modelo,
dependem da mxima similaridade possvel com a realidade para obter resultados
satisfatrios.
Em sentido oposto, o enfoque indutivo procura encontrar as causas das crises
por meio da aplicao de diversos mtodos em dados reais. No obstante o vis
emprico, os estudos assumem premissas embasadas na teoria para explicar a utilizao
de variveis e definir as hipteses. Nesse grupo, a heterogeneidade maior, haja vista a
quantidade de combinaes possveis entre variveis e tcnicas estatsticas, salientando-
se os seguintes estudos:
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a) Demirg-Kunt e Detragiache (1997), com emprego de um modelo de regresso
logstica (Logit), estudaram as determinantes econmicas das crises bancrias;
b) Kaminsky, Lizondo e Reinhart (1998), utilizando o teste no-paramtrico de
extrao de sinais, avaliaram a capacidade de variveis sinalizarem a proximidade
de uma crise;
c) Berg e Pattillo (1999), testando as mesmas variveis de Kaminsky, Lizondo e
Reinhart (1998), verificaram que um modelo Probit bivariado apresenta resultados
melhores;
d) Edison (2000), ao estender o estudo de Kaminsky, Lizondo e Reinhart (1998),
sugeriu que os modelos de previso de crises devem ser moldados ao pas ou regio;
e) Burkart e Coudert (2002), aplicando anlise discriminante linear, classificaram
pases da Amrica Latina e do Sudeste Asitico de acordo com a suscetibilidade
crise; e
f) Fontaine (2005), usando Logit, com varivel dummy para marcar o efeito poltico
e o contgio, examinou a associao de variveis econmicas com crises
financeiras.
Em rgos responsveis pela estabilidade de sistemas financeiros, os modelos
de previso de crises merecedores de destaque so os do FMI, resultantes dos influentes
estudos de Kaminsky, Lizondo e Reinhart (1998) e Berg e Pattillo (1999), do Deutsche
Bundesbank (1999), e do Banco Central Europeu (BUSSIERE; FRATZSCHER, 2002).
Em instituies privadas, o Goldman Sachs (ADES; MASIH; TENENGAUZER, 1998)
e o Deutsche Bank (GARBER; LUMSDAINE; VAN DER LEIJ, 2000) criaram
modelos de previso chamados de GS-Watch e Deutsche Bank Alarm Clock (DBAC),
respectivamente, para direcionar seus negcios.
Na abordagem indutiva, as variveis so escolhidas pela relevncia e recebem
ponderaes de acordo com a capacidade de prever crises. O desafio da metodologia
encontrar as caractersticas comuns certas que permitam o mximo de generalizao
possvel.
3. Metodologia da pesquisa
O carter indutivo do estudo, classificado como emprico-analtico por Martins
(2002), procura verificar a associao entre variveis e indicadores econmico-
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contbeis e o nvel de risco sistmico de um lado e a ocorrncia de crises no setor
bancrio no outro.
A aplicao de testes estatsticos utilizando dadosiii contbeis e econmicos de
pases onde aconteceram crises bancrias sistmicas pretende identificar as
caractersticas comuns que antecederam as crises e possibilitar a construo de uma
equao capaz de classificar os pases de acordo com a propenso ou no crise.
3.1 Composio da amostra e identificao das crises
A composio da amostra dependeu da existncia de informaes contbeis e
econmicas, especialmente de pases onde ocorreram crises financeiras significativas
aps o ano de 1990. Os trinta pases selecionados esto divididos em dois grupos:
a) Treze pases com quinze observaes de crise: Argentina, crises em mar/95 e
dez/01; Brasil, crises em dez/95 e jan/99; Equador, crise em mar/99; Mxico, crise
em dez/94; Uruguai, crise em mar/02; Venezuela, crise em dez/93; Coria do Sul,
crise em dez/97; Indonsia, crise em dez/97; Tailndia, crise em set/97; Finlndia,
crise em set/92; Crocia, crise em dez/98; Rssia, crise em set/98; e Turquia, crise
em mar/01.
b) Dezessete pases sem experincias de crise, pertencentes OECD (Organization for
Economic Co-operation and Development): Alemanha, Austrlia, ustria, Canad,
Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Finlndia, Frana, Holanda, Islndia, Itlia,
Nova Zelndia, Noruega, Portugal, Reino Unido e Sucia.
As experincias de crises bancrias nos pases da amostra esto documentadas
em Lindgren, Garcia e Saal (1996), Goldstein, Kaminsky e Reinhart (2000), Caprio e
Klingebiel (2003), Demirg-Kunt e Detragiache (2005), e IMF (1998).
Para definir as datas de incio das crises, que servem de parmetros a coleta e
anlise dos dados, foram considerados os trabalhos mais recentes de Caprio e Klingebiel
(2003) e Demirg-Kunt e Detragiache (2005), alm de informaes de supervisores
bancrios.
Com referncia ao grupo dos pases sem crise, houve a seleo de pases-
membro da OECD que no tenham experimentado, no perodo, crise financeira no
sistema bancrio.
-
17
3.2 Seleo de indicadores
Os indicadores selecionados buscam fornecer informaes sobre a solidez
econmica e financeira da posio agregada das instituies financeiras bancrias, bem
como aferir a influncia do ambiente econmico.
Dada a inexistncia de um conjunto universalmente aceito para avaliar
instituies e sistemas indiscriminadamente, contemplando todas as variveis existentes,
a escolha foi discricionria e recaiu sobre aqueles usados na estrutura CAMELS,
amplamente utilizada por supervisores bancrios em todo o mundo e tambm utilizados
pelo FMI e BIS (EVANS, 2000).
A observao dos efeitos dos choques sobre as variveis de natureza
econmica, como taxa de juros, taxa de cmbio e reservas internacionais, e contbil,
como crditos vencidos, ativos lquidos, depsitos vista e patrimnio lquido permitem
a mensurao do nvel de risco sistmico e da proximidade das crises.
As rubricas contbeis utilizadas nos indicadores contm informaes sobre o
patrimnio lquido, o ativo total, os ativos lquidos, os crditos normais e vencidos, o
total de depsitos e a exposio lquida em moeda estrangeira e a taxa de juros. Alm
disso, empregando o conceito de risco, alguns indicadores contbeis agregam a
volatilidade do perodo no clculo. A inteno mensurar o impacto de perdas no-
esperadas sobre as variveis que devem suport-las.
Igualmente, para aferir a influncia do ambiente econmico, foram construdos
indicadores com a utilizao de variveis econmicas que demonstraram relevncia nos
estudos j realizados, expostos no referencial bibliogrfico, e so associadas aos riscos
de crdito, de taxa de juros e de cmbio existentes nas variveis contbeis.
Os indicadores econmico-contbeis (de risco) foram desenvolvidos sobre o
conceito do valor em risco (VaR), conforme Jorion (2003), e da funo do patrimnio
lquido na cobertura de riscos (BCBS, 1988), expressos nos seguintes fatores
necessrios existncia e quantificao dos riscos:
a) a volatilidade da varivel econmica ou contbil que evidencia o risco especfico;
b) a exposio ao risco especfico, demonstrado pela contabilidade; e
c) o nvel de capitalizao, expresso pelo saldo do patrimnio lquido.
-
18
3.2.1 Indicadores contbeis
Os indicadores formados pelas variveis contbeis so os seguintes:
a) Indicador Ativo Total sobre Patrimnio Lquido (ATPL). Informa o montante de
aplicaes em relao aos recursos prprios. Por deduo, permite conhecer o
volume de recursos de terceiros utilizados para fundear as operaes ativas, ou seja,
o nvel de alavancagem. Quanto maior o valor, maior o risco.
b) Indicador de Participao dos Ativos Lquidos sobre o Total de Depsitos (ALDT).
A relao entre os ativos facilmente conversveis em moeda e as exigibilidades
imediatas permite avaliar a situao de liquidez existente. Quanto maior o valor,
menor o risco.
c) Indicador da Taxa de Inadimplncia (CAOC), calculado pela diviso das operaes
de crdito vencidas sobre as operaes de crdito. A deteriorao na qualidade do
crdito significa problemas. Assim, quanto maior o valor, maior o risco.
d) Indicador da Posio Lquida em Moeda Estrangeira sobre o Patrimnio Lquido
(NOPPL). A posio lquida em moeda estrangeira obtida pela diferena entre as
posies ativas e passivas em moeda estrangeira. A inteno do indicador
demonstrar a exposio em moeda estrangeira. Quanto maior o valor, maior o risco.
e) Indicador de Rentabilidade do Patrimnio Lquido (ROE). A relao entre o
resultado e o patrimnio lquido exprime o retorno sobre os recursos prprios
investidos. A importncia da informao reside na concepo de que o resultado o
principal item de sustentao do capital. Quanto maior o valor, menor o risco.
3.2.2 Indicadores de risco
Todos os indicadores compostos pelas variveis contbeis e econmicas para
aferir os riscos, descritos a seguir, tm como parmetros de clculo H igual a quatro
trimestres, relativo ao horizonte de tempo; c igual a 99%, definido como intervalo de
confiana; e - igual a 2,33, correspondente ao valor encontrado na tabela de distribuio normal padronizada para o intervalo de confiana unilateral estabelecido.
a) Indicador de Mensurao do Impacto da Variao da Taxa de Cmbio sobre o
Patrimnio Lquido (IRFX), denominado ndice de risco de cmbio e calculado pela
frmula:
( )PL
VExpFXcHIRFX FXTJ
**);(
= (5)
-
19
em que FXTJ o desvio-padro conjunto das taxas de cmbio e de jurosiv; VExpFX o valor contbil lquido exposto variao cambial, obtido pela diferena entre ativos e
passivos referenciados em moeda estrangeira; e PL o patrimnio lquido, na data da
demonstrao.
O objetivo mostrar a capacidade do PL suportar variaes adversas na taxa de
cmbio. O indicador inferior a um (IRFX1) denota
insuficincia de PL.
b) Indicador de Mensurao do Impacto da Variao da Taxa de Juros sobre o
Patrimnio Lquido (IRTJ), denominado ndice de risco de taxa de juros e calculado
pela frmula:
( )PL
VExpTJcHIRTJ FXTJ
**);(
= (6)
em que FXTJ o desvio-padro conjunto das taxas de cmbio e de juros; VExpTJ a posio lquida exposta taxa de juros; e PL o patrimnio lquido, na data da
demonstrao. Similarmente ao IRFX, o indicador inferior a um (IRTJ
-
20
para absorver a variao mxima possvel na inadimplncia, para o intervalo de
confiana estipulado. O indicador superior a um evidencia que o PL insuficiente.
d) Indicador de Mensurao do Impacto da Variao dos Depsitos Totais sobre os
Ativos Lquidos (IRLIQ), denominado ndice de risco de liquidez e calculado pela
frmula:
ALcHIRLIQ DT
*);(
= (8)
em que DT o desvio-padro dos depsitos totais e AL o montante de ativos lquidos. O objetivo demonstrar se os ativos lquidos suportam as variaes em
depsitos causadas pelos saques. O indicador inferior a um (IRLIQ
-
21
efetuar os testes so referentes aos quatro perodos que antecedem a data de incio da
crise, sendo utilizados os dados trimestrais.
Entretanto, a regresso logstica no apresenta resultados satisfatrios quando
h poucas observaes (pases), relativamente ao nmero de variveis (indicadores)
utilizado na estimao (SPSS, 2003). Com vistas a contornar a limitao da tcnica,
houve a sntese das informaes de quatro perodos em um indicador nico.
Assim, foram submetidos aos testes os valores correspondentes mdia, ao
desvio-padro e ao coeficiente de variao dos quatro indicadores que antecedem as
crises. Para fins de identificao, o nome dos indicadores passou a ser iniciado pela letra
M, D, ou C, quando relativos mdia, ao desvio-padro ou ao coeficiente de
variao, respectivamente.
3.3.2 Regresso logstica
A escolha da anlise de regresso logstica (Logit) motivada pela necessidade
de estimar a probabilidade de ocorrncia, ou no, de crises bancrias sistmicas, com
base em um conjunto de variveis explanatrias, definidas na forma de indicadores
contbeis e econmico-contbeis, calculados com e sem a volatilidade.
Dada a natureza categrica binria da varivel dependente, crise ou no-crise,
Hair et al. (1998, p.276) recomendam a Logit pela facilidade em lidar com esse tipo de
varivel, apresentar os resultados em termos de probabilidade, realizar a classificao
dos indivduos em categorias, oferecer interpretao similar regresso linear, exigir
pequeno nmero de suposies estatsticas para os dados, como a normalidade, e conter
elevada confiabilidade.
Para tanto, a tcnica calcula a razo entre a probabilidade de ocorrncia e no-
ocorrncia do evento (crise e no-crise) constante na amostra, denominada razo de
chancesv. Em seguida, realiza a transformao logartmica dessa razo, obtendo a
varivel dependente da equao linear que serve de base para estimar os coeficientes
pelo critrio da mxima verossimilhana, na busca da melhor regra de classificao
possvel.
A equao utilizada no clculo :
iniii
i XXXeventoP
eventoP ++++=
...)(1)(
ln 210 (10)
-
22
onde ln o logaritmo natural, P(evento) a probabilidade de ocorrncia do evento i, so os coeficientes estimados e X as variveis independentes. Para eliminar a funo
logartmica, os dois lados da equao so considerados como expoentes da constante
matemtica e (igual a 2,71828), resultando na equao (HAIR et al., 1998, p.278):
)...( 210)(1
)(inii XXX
i
i eeventoP
eventoP ++++=
(11)
Os coeficientes estimados so ento multiplicados pelas variveis
independentes de cada observao e o resultado a probabilidade de ocorrncia do
evento. A equao logstica usada nesse clculo, na forma simplificada, conforme
Gujarati (2000, p.559), a seguinte:
)...( 2101
1)(
inii XXXi
eeventoP +++++
= (12)
No estudo, a varivel dependente da probabilidade de ocorrncia de crise no
pas i, P(eventoi), assume os valores de um (1), se h crise, e de zero (0), quando no h
crise. As variveis independentes X assumem os valores dos indicadores contbeis e de
riscos.
Mediante aplicao da equao (9), a classificao ocorre da seguinte maneira:
a) Se o resultado da equao linear maior do que zero (Z(i) > 0), o resultado da
equao logstica maior do que 0,5 (P(1) > 0,5), e o pas classificado como
suscetvel crise.
b) Caso contrrio, (Z(i) < 0 e P(1) < 0,5), o pas classificado como no-suscetvel
crise.
4. Avaliao das equaes
As equaes apresentadas a seguir, resultantes da regresso logstica e
compostas pelos indicadores com significncia estatstica, foram testadas para verificar
qual delas maximiza o percentual de acerto considerado prioritrio:
-
23
Equao 13: )*004,0*003,0812,3(1
1)(
ii CIRTJCROEi
ecriseP +++
= (13)
Equao 14: )*042,0*032,0147,2(1
1)(
ii MIRCREMROEi
ecriseP ++
= (14)
Equao 15: )*001,0*038,0106,2(1
1)(
ii MIRTJMROEi
ecriseP ++
= (15)
Equao 16: )*001,0*046,0871,3(1
1)(
ii DIRTJDROEi
ecriseP +++
= (16)
Equao 17: )*892,1279,8(1
1)(
iDCAOCi
ecriseP ++
= (17)
Equao 18: )*017,0926,0(1
1)(
iMROEi
ecriseP ++
= (18)
A comparao do resultado predito pela equao com a ocorrncia real retorna
uma das situaes previstas na Tabela 1.
Tabela 1 - Classificao dos resultados da aplicao dos modelos H0 = No-Crise H1 = Crise Sinal = 0 no-sinal bom (A) no-sinal ruim (B) erro tipo I Sinal = 1 sinal ruim (C)- erro tipo II sinal bom (D)
FONTE: Adaptado de Goldstein, Kaminsky e Reinhart, 2000, p.30
Com base nos resultados tabulados, calcula-se o ndice de avaliao do modelo
pela frmula sugerida por Goldstein, Kaminsky e Reinhart (2000, p.32):
[ ] [ ])()( CAADBBIAM ++= (19)
-
24
onde, na Tabela 1, A representa um sinal bom, com Sinal = 0 e H0 = No-Crise; B
representa um sinal ruim, com Sinal = 0 e H1 = Crise; C representa um sinal ruim, com
Sinal = 1 e H0 = No-Crise; e D representa um sinal bom, com Sinal = 1 e H1 = Crise.
A equao com o menor valor de IAM a que maximiza o percentual de acerto
priorizado, sendo a mais adequada na classificao dos pases nos grupos suscetveis ou
no crise.
O objetivo identificar qual equao reduz a quantidade de erro tipo I, definido
como aquele em que um pas suscetvel crise tenha sido classificado no grupo no
suscetvel. Essa busca justificada pelas piores conseqncias advindas em classificar
um pas suscetvel crise como no-suscetvel. O custo do desconhecimento da situao
bem superior ao custo de indicar um pas no-suscetvel como suscetvel.
5. Anlise dos resultados estatsticos
Os resultados da anlise de regresso logstica, expostos nas Tabelas 2 e 3,
demonstram que os indicadores relacionados ao crdito (MIRCRE e DCAOC),
rentabilidade (CROE, MROE e DROE) e taxa de juros (CIRTJ, MIRTJ, e DIRTJ) so
os que apresentam melhor significncia estatstica e proporcionam maior percentual de
acerto para classificar os pases como suscetveis ou no a crises bancrias sistmicas.
Tabela 2 - Resumo dos testes de validao dos modelos Teste -2LL H&L Cox&Snell Nagelkerke Acerto IAM Medida Qui-quadrado R2 % valor Eq. 13 - CROE-CIRTJ 20,626 8,214 0,522 0,697 84,4 0,171 Eq. 14 - MROE-MIRCRE 14,465 5,113 0,606 0,809 90,6 0,080 Eq.15 - MROE-MIRTJ 15,098 4,295 0,598 0,798 84,4 0,171 Eq. 16 - DROE-DIRTJ 17,374 4,345 0,568 0,758 90,6 0,080 Eq. 17 - DCAOC 6,374 0,397 0,694 0,926 93,8 0,071 Eq. 18 - MROE 35,593 10,998 0,237 0,316 84,4 0,171
Fonte: Prprio autor com base na sada do SPSS v.10.0
-
25
Tabela 3 Teste de significncia individual dos indicadores - Teste de Wald CROE-CIRTJ MROE-MIRCRE MROE-MIRTJ DROE-DIRTJ DCAOC Indicador
Testado B Wald Sig. B Wald Sig. B Wald Sig. B Wald Sig. B Wald Sig. CROE 0,003 5,35 0,02 CIRTJ 0,004 2,63 0,10 MROE -0,03 5,26 0,02 -0,04 5,42 0,02 MIRCRE 0,042 5,32 0,02 MIRTJ 0,001 5,76 0,02 DROE 0,046 3,62 0,05 DIRTJ 0,001 6,22 0,01 DCAOC 1,892 4,29 0,04 Constante -
3,81 1,51 0,01 -
2,15 2,18 0,14 -
2,11 2,53 0,11 -
3,87 9,04 0,003 -
8,28 4,11 0,04
Fonte: Prprio autor com base na sada do SPSS v.10.0
Observa-se tambm que os indicadores representativos dos desvios-padro
(DCAOC, DROE e DIRTJ) e das mdias da rentabilidade e do risco de crdito (MROE
e MIRCRE) apresentam maior eficcia, com percentual de acerto na classificao
superior a 90%, enquanto com os indicadores representativos dos coeficientes (CROE,
CIRTJ, e MROE e MIRTJ) esto no patamar de 84,4%.
Quanto aos coeficientes dos indicadores, os representativos dos desvios-padro
dos crditos anormais e da rentabilidade, e das mdias da rentabilidade e do risco de
crdito so os mais relevantes no clculo dos valores utilizados na classificao dos
pases. Por outro lado, os coeficientes dos indicadores da taxa de juros so quase nulos.
6. Aplicao das equaes
6.1 Classificao dos pases
A classificao dos pases da amostra como suscetveis ou no a crises
bancrias realizada com base nas equaes identificadas como as melhores pelo IAM.
O clculo feito pela substituio dos valores dos indicadores de cada pas nas
equaes, sendo que os valores resultantes so relativos e no comparveis
numericamente entre as equaes. Servem para classificar e ordenar o nvel de
propenso ao risco de cada pas.
A comparao entre os resultados das equaes e o valor do ponto de corte
(0,5) classifica os pases com resultados superiores no grupo suscetvel crise (grupo
1), e aqueles com resultados inferiores no grupo no-suscetvel (grupo 0). O valor
resultante da equao, em percentual, diretamente interpretado como a probabilidade
de ocorrncia de crise.
-
26
Para facilitar a compreenso do clculo da probabilidade que determina a
classificao dos pases nos grupos suscetvel e no-suscetvel crise, elaborou-se um
exemplo com dados do Mxico a da Austrlia, utilizando a equao de melhor resultado
no IAM:
Equao 17: )*892,1279,8(1
1)(
iDCAOCi
ecriseP ++
= (17)
Substituindo os valores calculados para o indicador DCAOC do Mxico
(6,417), na data de dez/94, e da Austrlia (1,344), na data de dez/98, na equao Z(i) = -
8,279 +1,892 * DCAOC, obtm-se os valores 3,8629 e -5,7363, cujos antilogaritmos (e-
Z(i)) so 0,02101 e 309,9176, respectivamente. O inverso desses valores, adicionados de
um (1), corresponde probabilidade de ocorrer uma crise no Mxico (97,94%) e na
Austrlia (0,32%).
Finalmente, a Tabela 4 apresenta a classificao geral dos pases, com base nos
dados dos quatro perodos que antecederam as respectivas crises, em ordem decrescente
de risco, de acordo com o percentual de probabilidade obtido em cada equao.
-
27
Tabela 4 - Classificao dos pases
Equao 14 Classificao Equao 16 Classificao Equao
17 Classificao
PAS* MROE-
MIRCRE Inicial Final PAS DROE-DIRTJ Inicial Final PAS DCAOC Inicial Final
BRA99 100,0% 1 1 VEN 100,0% 1 1 INDO 100,0% 1 1 INDO 100,0% 1 1 TUR 100,0% 1 1 RUS 100,0% 1 1 BRA95 100,0% 1 1 URU 100,0% 1 1 CRO 100,0% 1 1 FIN92 100,0% 1 1 INDO 100,0% 1 1 BRA99 100,0% 1 1 EQU 100,0% 1 1 FIN92 100,0% 1 1 VEN 100,0% 1 1 VEN 99,9% 1 1 EQU 99,9% 1 1 ARG01 100,0% 1 1 KOR 99,8% 1 1 TAI 99,8% 1 1 BRA95 100,0% 1 1 URU 99,1% 1 1 BRA95 99,6% 1 1 ARG95 99,9% 1 1 CRO 95,1% 1 1 RUS 99,1% 1 1 FIN92 99,9% 1 1 TUR 94,1% 1 1 MEX 97,9% 1 1 EQU 99,9% 1 1
ISL 91,0% 0 1 KOR 97,8% 1 1 KOR 99,1% 1 1 ARG01 86,4% 1 1 ARG01 96,9% 1 1 MEX 97,9% 1 1
ARG95 74,0% 1 1 ISL 94,7% 0 1 TUR 96,8% 1 1
RUS 66,4% 1 1 BRA99 79,5% 1 1 ISL 85,9% 0 1
MEX 42,6% 1 0 ITA 37,3% 0 0 URU 78,1% 1 1
FRA 40,8% 0 0 FIN97 36,3% 0 0 TAI 26,6% 1 0 ESP 23,7% 0 0 NZEL 35,1% 0 0 ESP 10,4% 0 0
TAI 22,7% 1 0 CRO 34,0% 1 0 FIN97 8,4% 0 0
ITA 19,1% 0 0 UK 29,0% 0 0 FRA 5,7% 0 0 POR 10,7% 0 0 NOR 27,3% 0 0 POR 2,1% 0 0 GER 9,0% 0 0 CAN 18,5% 0 0 CAN 0,5% 0 0
AUL 6,8% 0 0 ARG95 11,9% 1 0 GER 0,4% 0 0 CAN 5,3% 0 0 FRA 11,9% 0 0 AUL 0,3% 0 0 SUE 3,6% 0 0 SUE 8,4% 0 0 NOR 0,3% 0 0 AUS 3,3% 0 0 AUS 8,4% 0 0 SUE 0,2% 0 0 UK 1,9% 0 0 POR 6,8% 0 0 UK 0,1% 0 0 NZEL 1,5% 0 0 USA 5,3% 0 0 ITA 0,1% 0 0 FIN97 1,0% 0 0 DIN 5,1% 0 0 AUS 0,1% 0 0 DIN 0,7% 0 0 ESP 5,1% 0 0 NZEL 0,1% 0 0 USA 0,6% 0 0 HOL 5,1% 0 0 DIN 0,1% 0 0 HOL 0,5% 0 0 AUL 5,0% 0 0 USA 0,1% 0 0 NOR 0,5% 0 0 GER 3,6% 0 0 HOL 0,0% 0 0 *BRA99: Brasil, crise dez/98; INDO: Indonsia; BRA95: Brasil, crise dez/95; FIN92: Finlndia, crise dez/91; EQU: Equador; VEN: Venezuela; KOR: Coria do Sul; URU: Uruguai; CRO: Crocia; TUR: Turquia; ARG01: Argentina, crise dez/01; ARG95: Argentina, crise mar/95; RUS: Rssia; MEX: Mxico; TAI: Tailndia; ISL: Islndia; FRA: Frana; ESP: Espanha; ITA: Itlia; POR: Portugal; GER: Alemanha; AUL: Austrlia; CAN: Canad; SUE: Sucia; AUS: ustria; UK: Reino Unido; NZEL: Nova Zelndia; FIN97: Finlndia; DIN: Dinamarca; USA: Estados Unidos; HOL: Holanda; NOR: Noruega. Fonte: Prprio autor com base na sada do SPSS v.10.0
6.2 Aplicao longitudinal do ndice de risco sistmico
Para mensurar longitudinalmente o nvel de risco sistmico nos pases da
amostra, bem como facilitar a interpretao, construram-se trs ndices de Risco
-
28
Sistmico (IRS), sendo denominados IRS-M, IRS-D e IRS-C, correspondentes s
respectivas equaes 14, 16 e 17.
A construo dos IRS considerou o percentual de acerto ao acaso, de 53,125%
(17/32), que seria obtido caso todas as observaes fossem classificadas a esmo no
grupo preponderante (no-suscetvel crise). O valor localizado no percentil 53,125 dos
resultados da aplicao das equaes 14, 16 e 17 ento assumido como o ponto
limtrofe dos grupos no-suscetvel e suscetvel crise, porque induz a separao de
dezessete e quinze pases (53,125% e 46,825% das observaes) em cada um deles,
conforme definido inicialmente.
O clculo feito pela substituio dos valores dos indicadores de cada pas nas
equaes. A relao direta entre os IRS e o nvel de risco sistmico no setor bancrio
leva interpretao dos IRS positivos (IRS>0) como indicativos de maior
suscetibilidade crise e, conseqentemente, dos IRS negativos (IRS
-
29
Com vistas a propiciar melhor entendimento, a Tabela 4 expe o clculo dos
IRS da Islndia, com base nos valores obtidos pela aplicao das equaes e deduzidos
dos respectivos pontos de corte.
Tabela 5 IRS da Islndia dez/1993 a dez/2001 Perodo Indicadores Eq. 14 IRS-M Indicadores Eq. 16 IRS-D Indicad Eq. 17 IRS-C MROE MIRCRE 0,10478 DROE DIRTJ 0,02048 DCAOC 0,0003
Dez-93 -0,022 0,226 0,1056 7,9008 0,087 2,137 0,0205 0,5621 0,0097 0,00026 2,5577 Dez-94 -0,028 0,210 0,1055 7,4206 0,081 1,973 0,0205 0,4800 0,0085 0,00026 1,9822 Dez-95 -0,019 0,200 0,1055 6,7867 0,088 5,668 0,0206 1,2871 0,0083 0,00026 1,8751 Dez-96 0,043 0,190 0,1052 4,4776 0,034 7,587 0,0206 1,1740 0,0074 0,00026 1,4601 Dez-97 0,073 0,162 0,1050 2,4888 0,027 5,598 0,0205 0,7052 0,0053 0,00026 0,4476 Dez-98 0,091 0,126 0,1048 0,5378 0,021 1,077 0,0205 -0,2580 0,0023 0,00025 -1,0280 Dez-99 0,113 0,090 0,1046 -1,5508 0,023 2,227 0,0205 -0,0085 0,0016 0,00025 -1,3542 Dez-00 0,115 0,053 0,1045 -3,0728 0,021 5,665 0,0205 0,6607 0,0003 0,00025 -1,9688 Dez-01 0,112 0,030 0,1044 -3,8847 0,022 5,242 0,0205 0,5886 0,0010 0,00025 -1,6444
* Os valores dos IRS-M, IRS-D e IRS-C esto multiplicados por 10000, 10000 e 1000000, respectivamente. Fonte: Prprio autor com base na sada do SPSS v.10.0.
Os IRS da Islndia, com valores superiores a zero, indicam alto risco sistmico
no perodo at dezembro de 1997. Aps, os IRS declinam para valores inferiores a zero,
mostrando reduo no risco. A exceo o IRS-D que volta a indicar aumento no risco
sistmico aps dezembro de 2000. A visualizao do comportamento pode ser
observada no Grfico 5.
6.3 Demonstrao grfica do nvel de risco sistmico
Os Grficos de 1 a 6 apresentam o comportamento dos IRS em alguns pases da
amostra.
O Grfico 1 exibe a evoluo dos IRS no Brasil. Dois patamares distintos de
risco sistmico so observados. At dezembro de 2000, quando os IRS apresentam
valores superiores a zero e significativa volatilidade, h evidncias de maior
suscetibilidade crise. Esse perodo abrange os dois momentos em que o Brasil esteve
na iminncia da crise bancria, em 1995 e 1999. Aps dezembro de 2000, quando os
IRS apresentam valores inferiores a zero, tendncias decrescentes e volatilidades
reduzidas, h reduo no risco sistmico.
-
30
Grfico 1: Brasil mar/95 a jun/05 Grfico 2: Argentina mar/95 a jun/05
O Grfico 2 expe a evoluo dos IRS da Argentina e exibe as duas crises
ocorridas no perodo. Enquanto na data de maro de 1995 salienta-se o IRS-C, formado
pelo indicador DCAOC, na crise de dezembro de 2001 todos os IRS apresentam
crescimento.
A crise experimentada pela Rssia identificada pelos trs IRS apresentados
no Grfico 3. O IRS-C, composto pelo desvio dos crditos anormais, sinaliza o aumento
do risco sistmico a partir de setembro de 1997, um ano antes da crise. Da mesma
forma, os outros dois IRS tambm acusam aumento do risco a partir de maro de 1998.
Grfico 3:Rssia set/95 a set/04 Grfico 4: Tailndia set/95 a set/04
O Grfico 4 expe a evoluo do risco sistmico na Tailndia. A anlise
permite concluir que no houve o reconhecimento tempestivo dos crditos anormais no
perodo que antecedeu a crise de setembro de 1997. Por isso, os IRS formados pelos
indicadores representativos da qualidade do crdito no apresentam alteraes que
sinalizem o maior risco sistmico.
-4
1
6
11
dez/94 dez/97 dez/00 dez/03
MROE-MIRCRE DCAOC DROE-DIRTJ
-20 0
20 40 60 80
100 120
mar/95 mar/97 mar/99 mar/01 mar/03 mar/05
MROE-MIRCRE DROE-DIRTJ DCAOC
-5
0
5
10
15
20
set/95 set/97 set/99 set/01 set/03
MROE-MIRCRE DROE-DIRTJ DCAOC
-1
0
1
2
3
4
5
jun/96 jun/98 jun/00 jun/02 jun/04
MROE-MIRCRE DROE-DIRTJ DCAOC
-
31
A comprovao est no reconhecimento dos crditos anormais logo aps a
ecloso da crise. Somente o IRS calculado com base nos indicadores representativos dos
desvios-padro da rentabilidade e da taxa de juros (DROE e DIRTJ) sinalizou o
aumento do risco sistmico antes da crise, permanecendo elevado at setembro de 1999.
Grfico 5: Islndia dez/93 a dez/01 Grfico 6: Estados Unidosdez/89 a dez/01
Aps os problemas ocorridos no sistema de poupana e emprstimo americano,
ao final dos anos de 1980, o sistema bancrio americano demonstra baixo risco
sistmico. Os IRS menores que zero a partir de 1993, visualizados no Grfico 6,
indicam que o volume de crditos anormais irrelevante, assim como no h
variabilidade significativa nas taxas de juros e nos resultados.
7. Concluso
O objetivo de mensurar o nvel de risco sistmico no setor bancrio dos pases
da amostra foi atingido. Os testes estatsticos realizados com a regresso logstica
comprovaram a existncia de indicadores contbeis e de riscos capazes de discriminar
os sistemas bancrios como suscetveis e no-suscetveis a crises. As equaes
apresentaram percentuais de acerto nas classificaes superiores a 90%.
Conjuntamente correta separao dos grupos, as classificaes dos pases so
estabelecidas em percentuais e expressam a probabilidade de pertencer a determinado
grupo. O ordenamento dos pases pelo grau de risco sistmico fornece parmetros de
comparao e propicia a tomada de deciso calibrada exigncia de cada situao. Por
meio dele, possvel saber qual pas contm maior risco sistmico no setor bancrio.
-6 -4 -2 0 2 4 6 8
10
dez/93 dez/95 dez/97 dez/99 dez/01
MROE-MIRCRE DROE-DIRTJ DCAOC
-4
-2
0
2
4
6
dez/89 dez/92 dez/95 dez/98 dez/01
MROE-MIRCRE DROE-DIRTJ DCAOC
-
32
Os resultados satisfatrios so explicados pela diversidade e qualidade das
informaes contidas nos indicadores testados, pela robustez e adequao da tcnica
estatstica empregada e, principalmente, pela existncia de caractersticas comuns nos
momentos que antecedem as crises, mas diferenciadoras das situaes normais.
Outra contribuio significativa apresentada pelos modelos identificar os
indicadores que esto provocando as alteraes indesejveis, possibilitando a
administrao de medidas especficas e delimitadas sobre as variveis que os compem.
As variveis contbeis e econmicas mais associadas ocorrncia de crises
esto relacionadas com a qualidade dos crditos, o volume de resultados e o nvel de
taxa de juros. Todos os indicadores formados com essas variveis foram relevantes no
processo de classificao, destacando-se os referentes volatilidade da inadimplncia,
da rentabilidade e da taxa de juros, e mdia da rentabilidade e do risco de crdito.
A volatilidade deve ser ressaltada na avaliao do risco sistmico e na
identificao das situaes de crise. Usualmente, as anlises so restritas aos
indicadores calculados em datas-base especficas, sem a preocupao com as
alternncias precedentes. Contrariamente, o resultado do estudo ressalta o valor da
informao contida na varincia do comportamento do indicador nos perodos
anteriores.
A constatao de diferentes nveis de periculosidade, atribudos a cada indicador
nos diversos pases, refora a insero do uso da volatilidade para quantificar e definir
os padres de cada um. Enquanto a alterao de um ponto percentual na taxa de juros
em pases industrializados motivo de preocupao e, talvez, de adoo de medidas
corretivas, o mesmo fato em pases emergentes pode ser visto como corriqueiro e sem
conseqncias.
Assim, a principal vantagem analtica no uso da volatilidade est justamente
em relevar as especificidades intrnsecas de cada sistema bancrio e proporcionar
padres compatveis com a realidade econmica no qual est inserido. A adoo de
valores absolutos como padres de comparao pode levar a concluses indevidas no
processo de avaliao da situao econmico-financeira dos diversos pases.
No que tange aos aspectos contbeis identificados como relevantes, destaca-se
o desvio-padro dos crditos anormais em relao s operaes de crdito, que,
isoladamente, capaz de classificar corretamente 93,8% dos pases da amostra.
-
33
Nesse particular, faz-se importante mencionar que quatro dos cinco indicadores
considerados significativos na discriminao dos grupos so puramente contbeis.
Somente o ndice de risco da taxa de juros, que utiliza a volatilidade de uma varivel
econmica sobre a posio contbil, aparece estatisticamente significativo.
Isso torna evidente a imprescindibilidade da qualidade nos dados contbeis
para obteno de resultados fidedignos e utilizveis, os quais so alcanados pela
observao dos fundamentos contbeis em todo processo de reconhecimento,
mensurao e divulgao.
A constatao da relevncia de indicadores de risco na avaliao de sistemas
bancrios implica em novos desafios contabilidade. premente a necessidade de
aumentar a quantidade e a qualidade de informaes sobre os riscos inerentes s
atividades operacionais nas demonstraes contbeis, especialmente de instituies
financeiras.
A divulgao das exposies lquidas em taxas de juros e de cmbio, bem
como os detalhes sobre a composio da liquidez e a mitigao da estrutura de crdito,
abrangendo inclusive os instrumentos derivativos, tanto no balano patrimonial como
nos quadros anexos s notas explicativas, so absolutamente necessrios para mensurar
o nvel de risco existente nas instituies e no sistema. A maior transparncia dessas
informaes proporciona a reduo de incertezas e a avaliao mais acurada dos riscos.
Em sntese, assim como os estudos sobre crises monetrias e bancrias
empregando exclusivamente variveis econmicas apontam como relevantes na
previso dessas crises as variaes nas reservas internacionais, na taxa de cmbio e no
nvel de endividamento externo de curto prazo, o presente estudo demonstrou a
existncia de indicadores formados por variveis contbeis capazes de mensurar o risco
sistmico no setor bancrio.
A comprovao est na significativa associao entre as informaes extradas
da contabilidade e o nvel de risco sistmico. Nos perodos que antecedem as crises
bancrias, os indicadores contbeis comportam-se diferentemente, demonstrando a
existncia de similaridades entre os pases que sofreram as crises, notoriamente na
qualidade dos crditos, nos resultados e na exposio ao risco de taxa de juros.
Enquanto as variveis econmicas avaliam os riscos sob a tica
macroeconmica, as variveis contbeis possibilitam avaliar o risco setorial. Essa
discricionariedade propicia a adoo de medidas diferenciadas, pois nem todos
-
34
apresentam as mesmas vulnerabilidades e podem ser saneados com medidas genricas,
do tipo one fits all.
Finalmente, instrumentos de mensurao e mapeamento do risco sistmico so
essenciais para garantir a estabilidade e a continuidade do sistema financeiro
internacional.
-
35
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Notas de final de texto i A tabela de distribuio normal padronizada est disponvel em Downing e Clark (1998, p. 448). ii Acrnimo de Capital, Assets, Management, Earnings, Liquidity e Sensibility, que expressa a metodologia de avaliao de instituies financeiras desenvolvida pelos supervisores bancrios norte-americanos. iii Os dados foram extrados do International Financial Statistics (CD-ROM), disponibilizado pelo FMI, dos relatrios Bank Profitability, de 1999 e 2002, editado pela OECD, e de stios dos rgos de superviso bancria dos pases da amostra na Internet. iv A utilizao do desvio-padro conjunto das taxas de cmbio e de juros deve-se a elevada correlao entre as variveis no Brasil. v Termo utilizado para traduzir odds ratio (GUJARATI, 2000, p.560).
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39
Banco Central do Brasil
Trabalhos para Discusso Os Trabalhos para Discusso podem ser acessados na internet, no formato PDF,
no endereo: http://www.bc.gov.br
Working Paper Series
Working Papers in PDF format can be downloaded from: http://www.bc.gov.br
1 Implementing Inflation Targeting in Brazil
Joel Bogdanski, Alexandre Antonio Tombini and Srgio Ribeiro da Costa Werlang
Jul/2000
2 Poltica Monetria e Superviso do Sistema Financeiro Nacional no Banco Central do Brasil Eduardo Lundberg Monetary Policy and Banking Supervision Functions on the Central Bank Eduardo Lundberg
Jul/2000
Jul/2000
3 Private Sector Participation: a Theoretical Justification of the Brazilian Position Srgio Ribeiro da Costa Werlang
Jul/2000
4 An Information Theory Approach to the Aggregation of Log-Linear Models Pedro H. Albuquerque
Jul/2000
5 The Pass-Through from Depreciation to Inflation: a Panel Study Ilan Goldfajn and Srgio Ribeiro da Costa Werlang
Jul/2000
6 Optimal Interest Rate Rules in Inflation Targeting Frameworks Jos Alvaro Rodrigues Neto, Fabio Arajo and Marta Baltar J. Moreira
Jul/2000
7 Leading Indicators of Inflation for Brazil Marcelle Chauvet
Sep/2000
8 The Correlation Matrix of the Brazilian Central Banks Standard Model for Interest Rate Market Risk Jos Alvaro Rodrigues Neto
Sep/2000
9 Estimating Exchange Market Pressure and Intervention Activity Emanuel-Werner Kohlscheen
Nov/2000
10 Anlise do Financiamento Externo a uma Pequena Economia Aplicao da Teoria do Prmio Monetrio ao Caso Brasileiro: 19911998 Carlos Hamilton Vasconcelos Arajo e Renato Galvo Flres Jnior
Mar/2001
11 A Note on the Efficient Estimation of Inflation in Brazil Michael F. Bryan and Stephen G. Cecchetti
Mar/2001
12 A Test of Competition in Brazilian Banking Mrcio I. Nakane
Mar/2001
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13 Modelos de Previso de Insolvncia Bancria no Brasil Marcio Magalhes Janot
Mar/2001
14 Evaluating Core Inflation Measures for Brazil Francisco Marcos Rodrigues Figueiredo
Mar/2001
15 Is It Worth Tracking Dollar/Real Implied Volatility? Sandro Canesso de Andrade and Benjamin Miranda Tabak
Mar/2001
16 Avaliao das Projees do Modelo Estrutural do Banco Central do Brasil para a Taxa de Variao do IPCA Sergio Afonso Lago Alves Evaluation of the Central Bank of Brazil Structural Models Inflation Forecasts in an Inflation Targeting Framework Sergio Afonso Lago Alves
Mar/2001
Jul/2001
17 Estimando o Produto Potencial Brasileiro: uma Abordagem de Funo de Produo Tito Ncias Teixeira da Silva Filho Estimating Brazilian Potential Output: a Production Function Approach Tito Ncias Teixeira da Silva Filho
Abr/2001
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May/2001
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May/2001
21 Os Impactos Econmicos da CPMF: Teoria e Evidncia Pedro H. Albuquerque
Jun/2001
22 Decentralized Portfolio Management Paulo Coutinho and Benjamin Miranda Tabak
Jun/2001
23 Os Efeitos da CPMF sobre a Intermediao Financeira Srgio Mikio Koyama e Mrcio I. Nakane
Jul/2001
24 Inflation Targeting in Brazil: Shocks, Backward-Looking Prices, and IMF Conditionality Joel Bogdanski, Paulo Springer de Freitas, Ilan Goldfajn and Alexandre Antonio Tombini
Aug/2001
25 Inflation Targeting in Brazil: Reviewing Two Years of Monetary Policy 1999/00 Pedro Fachada
Aug/2001
26 Inflation Targeting in an Open Financially Integrated Emerging Economy: the Case of Brazil Marcelo Kfoury Muinhos
Aug/2001
27
Complementaridade e Fungibilidade dos Fluxos de Capitais Internacionais Carlos Hamilton Vasconcelos Arajo e Renato Galvo Flres Jnior
Set/2001
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41
28
Regras Monetrias e Dinmica Macroeconmica no Brasil: uma Abordagem de Expectativas Racionais Marco Antonio Bonomo e Ricardo D. Brito
Nov/2001
29 Using a Money Demand Model to Evaluate Monetary Policies in Brazil Pedro H. Albuquerque and Solange Gouva
Nov/2001
30 Testing the Expectations Hypothesis in the Brazilian Term Structure of Interest Rates Benjamin Miranda Tabak and Sandro Canesso de Andrade
Nov/2001
31 Algumas Consideraes sobre a Sazonalidade no IPCA Francisco Marcos R. Figueiredo e Roberta Blass Staub
Nov/2001
32 Crises Cambiais e Ataques Especulativos no Brasil Mauro Costa Miranda
Nov/2001
33 Monetary Policy and Inflation in Brazil (1975-2000): a VAR Estimation Andr Minella
Nov/2001
34 Constrained Discretion and Collective Action Problems: Reflections on the Resolution of International Financial Crises Arminio Fraga and Daniel Luiz Gleizer
Nov/2001
35 Uma Definio Operacional de Estabilidade de Preos Tito Ncias Teixeira da Silva Filho
Dez/2001
36 Can Emerging Markets Float? Should They Inflation Target? Barry Eichengreen
Feb/2002
37 Monetary Policy in Brazil: Remarks on the Inflation Targeting Regime, Public Debt Management and Open Market Operations Luiz Fernando Figueiredo, Pedro Fachada and Srgio Goldenstein
Mar/2002
38 Volatilidade Implcita e Antecipao de Eventos de Stress: um Teste para o Mercado Brasileiro Frederico Pechir Gomes
Mar/2002
39 Opes sobre Dlar Comercial e Expectativas a Respeito do Comportamento da Taxa de Cmbio Paulo Castor de Castro
Mar/2002
40 Speculative Attacks on Debts, Dollarization and Optimum Currency Areas Aloisio Araujo and Mrcia Leon
Apr/2002
41 Mudanas de Regime no Cmbio Brasileiro Carlos Hamilton V. Arajo e Getlio B. da Silveira Filho
Jun/2002
42 Modelo Estrutural com Setor Externo: Endogenizao do Prmio de Risco e do Cmbio Marcelo Kfoury Muinhos, Srgio Afonso Lago Alves e Gil Riella
Jun/2002
43 The Effects of the Brazilian ADRs Program on Domestic Market Efficiency Benjamin Miranda Tabak and Eduardo Jos Arajo Lima
Jun/2002
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44 Estrutura Competitiva, Produtividade Industrial e Liberao Comercial no Brasil Pedro Cavalcanti Ferreira e Osmani Teixeira de Carvalho Guilln
Jun/2002
45 Optimal Monetary Policy, Gains from Commitment, and Inflation Persistence Andr Minella
Aug/2002
46 The Determinants of Bank Interest Spread in Brazil Tarsila Segalla Afanasieff, Priscilla Maria Villa Lhacer and Mrcio I. Nakane
Aug/2002
47 Indicadores Derivados de Agregados Monetrios Fernando de Aquino Fonseca Neto e Jos Albuquerque Jnior
Set/2002
48 Should Government Smooth Exchange Rate Risk? Ilan Goldfajn and Marcos Antonio Silveira
Sep/2002
49 Desenvolvimento do Sistema Financeiro e Crescimento Econmico no Brasil: Evidncias de Causalidade Orlando Carneiro de Matos
Set/2002
50 Macroeconomic Coordination and Inflation Targeting in a Two-Country Model Eui Jung Chang, Marcelo Kfoury Muinhos and Joanlio Rodolpho Teixeira
Sep/2002
51 Credit Channel with Sovereign Credit Risk: an Empirical Test Victorio Yi Tson Chu
Sep/2002
52 Generalized Hyperbolic Distributions and Brazilian Data Jos Fajardo and Aquiles Farias
Sep/2002
53 Inflation Targeting in Brazil: Lessons and Challenges Andr Minella, Paulo Springer de Freitas, Ilan Goldfajn and Marcelo Kfoury Muinhos
Nov/2002
54 Stock Returns and Volatility Benjamin Miranda Tabak and Solange Maria Guerra
Nov/2002
55 Componentes de Curto e Longo Prazo das Taxas de Juros no Brasil Carlos Hamilton Vasconcelos Arajo e Osmani Teixeira de Carvalho de Guilln
Nov/2002
56 Causality and Cointegration in Stock Markets: the Case of Latin America Benjamin Miranda Tabak and Eduardo Jos Arajo Lima
Dec/2002
57 As Leis de Falncia: uma Abordagem Econmica Aloisio Araujo
Dez/2002
58 The Random Walk Hypothesis and the Behavior of Foreign Capital Portfolio Flows: the Brazilian Stock Market Case Benjamin Miranda Tabak
Dec/2002
59 Os Preos Administrados e a Inflao no Brasil Francisco Marcos R. Figueiredo e Thas Porto Ferreira
Dez/2002
60 Delegated Portfolio Management Paulo Coutinho and Benjamin Miranda Tabak
Dec/2002
-
43
61 O Uso de Dados de Alta Freqncia na Estimao da Volatilidade e do Valor em Risco para o Ibovespa Joo Maurcio de Souza Moreira e Eduardo Fac Lemgruber
Dez/2002
62 Taxa de Juros e Concentrao Bancria no Brasil Eduardo Kiyoshi Tonooka e Srgio Mikio Koyama
Fev/2003
63 Optimal Monetary Rules: the Case of Brazil Charles Lima de Almeida, Marco Aurlio Peres, Geraldo da Silva e Souza and Benjamin Miranda Tabak
Feb/2003
64 Medium-Size Macroeconomic Model for the Brazilian Economy Marcelo Kfoury Muinhos and Sergio Afonso Lago Alves
Feb/2003
65 On the Information Content of Oil Future Prices Benjamin Miranda Tabak
Feb/2003
66 A Taxa de Juros de Equilbrio: uma Abordagem Mltipla Pedro Calhman de Miranda e Marcelo Kfoury Muinhos
Fev/2003
67 Avaliao de Mtodos de Clculo de Exigncia de Capital para Risco de Mercado de Carteiras de Aes no Brasil Gustavo S. Arajo, Joo Maurcio S. Moreira e Ricardo S. Maia Clemente
Fev/2003
68 Real Balances in the Utility Function: Evidence for Brazil Leonardo Soriano de Alencar and Mrcio I. Nakane
Feb/2003
69 r-filters: a Hodrick-Prescott Filter Generalization Fabio Arajo, Marta Baltar Moreira Areosa and Jos Alvaro Rodrigues Neto
Feb/2003
70 Monetary Policy Surprises and the Brazilian Term Structure of Interest Rates Benjamin Miranda Tabak
Feb/2003
71 On Shadow-Prices of Banks in Real-Time Gross Settlement Systems Rodrigo Penaloza
Apr/2003
72 O Prmio pela Maturidade na Estrutura a Termo das Taxas de Juros Brasileiras Ricardo Dias de Oliveira Brito, Angelo J. Mont'Alverne Duarte e Osmani Teixeira de C. Guillen
Maio/2003
73 Anlise de Componentes Principais de Dados Funcionais uma Aplicao s Estruturas a Termo de Taxas de Juros Getlio Borges da Silveira e Octavio Bessada
Maio/2003
74 Aplicao do Modelo de Black, Derman & Toy Precificao de Opes Sobre Ttulos de Renda Fixa Octavio Manuel Bessada Lion, Carlos Alberto Nunes Cosenza e Csar das Neves
Maio/2003
75 Brazils Financial System: Resilience to Shocks, no Currency Substitution, but Struggling to Promote Growth Ilan Goldfajn, Katherine Hennings and Helio Mori
Jun/2003
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44
76 Inflation Targeting in Emerging Market Economies Arminio Fraga, Ilan Goldfajn and Andr Minella
Jun/2003
77 Inflation Targeting in Brazil: Constructing Credibility under Exchange Rate Volatility Andr Minella, Paulo Springer de Freitas, Ilan Goldfajn and Marcelo Kfoury Muinhos
Jul/2003
78 Contornando os Pressupostos de Black & Scholes: Aplicao do Modelo de Precificao de Opes de Duan no Mercado Brasileiro Gustavo Silva Arajo, Claudio Henrique da Silveira Barbedo, Antonio Carlos Figueiredo, Eduardo Fac Lemgruber
Out/2003
79 Incluso do Decaimento Temporal na Metodologia Delta-Gama para o Clculo do VaR de Carteiras Compradas em Opes no Brasil Claudio Henrique da Silveira Barbedo, Gustavo Silva Arajo, Eduardo Fac Lemgruber
Out/2003
80 Diferenas e Semelhanas entre Pases da Amrica Latina: uma Anlise de Markov Switching para os Ciclos Econmicos de Brasil e Argentina Arnildo da Silva Correa
Out/2003
81 Bank Competition, Agency Costs and the Performance of the Monetary Policy Leonardo Soriano de Alencar and Mrcio I. Nakane
Jan/2004
82 Carteiras de Opes: Avaliao de Metodologias de Exigncia de Capital no Mercado Brasileiro Cludio Henrique da Silveira Barbedo e Gustavo Silva Arajo
Mar/2004
83 Does Inflation Targeting Reduce Inflation? An Analysis for the OECD Industrial Countries Thomas Y. Wu
May/2004
84 Speculative Attacks on Debts and Optimum Currency Area: a Welfare Analysis Aloisio Araujo and Marcia Leon
May/2004
85 Risk Premia for Emerging Markets Bonds: Evidence from Brazilian Government Debt, 1996-2002 Andr Soares Loureiro and Fernando de Holanda Barbosa
May/2004
86 Identificao do Fator Estocstico de Descontos e Algumas Implicaes sobre Testes de Modelos de Consumo Fabio Araujo e Joo Victor Issler
Maio/2004
87 Mercado de Crdito: uma Anlise Economtrica dos Volumes de Crdito Total e Habitacional no Brasil Ana Carla Abro Costa
Dez/2004
88 Ciclos Internacionais de Negcios: uma Anlise de Mudana de Regime Markoviano para Brasil, Argentina e Estados Unidos Arnildo da Silva Correa e Ronald Otto Hillbrecht
Dez/2004
89 O Mercado de Hedge Cambial no Brasil: Reao das Instituies Financeiras a Intervenes do Banco Central Fernando N. de Oliveira
Dez/2004
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45
90 Bank Privatization and Productivity: Evidence for Brazil Mrcio I. Nakane and Daniela B. Weintraub
Dec/2004
91 Credit Risk Measurement and the Regulation of Bank Capital and Provision Requirements in Brazil a Corporate Analysis Ricardo Schechtman, Valria Salomo Garcia, Sergio Mikio Koyama and Guilherme Cronemberger Parente
Dec/2004
92
Steady-State Analysis of an Open Economy General Equilibrium Model for Brazil Mirta Noemi Sataka Bugarin, Roberto de Goes Ellery Jr., Victor Gomes Silva, Marcelo Kfoury Muinhos
Apr/2005
93 Avaliao de Modelos de Clculo de Exigncia de Capital para Risco Cambial Claudio H. da S. Barbedo, Gustavo S. Arajo, Joo Maurcio S. Moreira e Ricardo S. Maia Clemente
Abr/2005
94 Simulao Histrica Filtrada: Incorporao da Volatilidade ao Modelo Histrico de Clculo de Risco para Ativos No-Lineares Claudio Henrique da Silveira Barbedo, Gustavo Silva Arajo e Eduardo Fac Lemgruber
Abr/2005
95 Comment on Market Discipline and Monetary Policy by Carl Walsh Maurcio S. Bugarin and Fbia A. de Carvalho
Apr/2005
96 O que Estratgia: uma Abordagem Multiparadigmtica para a Disciplina Anthero de Moraes Meirelles
Ago/2005
97 Finance and the Business Cycle: a Kalman Filter Approach with Markov Switching Ryan A. Compton and Jose Ricardo da Costa e Silva
Aug/2005
98 Capital Flows Cycle: Stylized Facts and Empirical Evidences for Emerging Market Economies Helio Mori e Marcelo Kfoury Muinhos
Aug/2005
99 Adequao das Medidas de Valor em Risco na Formulao da Exigncia de Capital para Estratgias de Opes no Mercado Brasileiro Gustavo Silva Arajo, Claudio Henrique da Silveira Barbedo,e Eduardo Fac Lemgruber
Set/2005
100 Targets and Inflation Dynamics Sergio A. L. Alves and Waldyr D. Areosa
Oct/2005
101 Comparing Equilibrium Real Interest Rates: Different Approaches to Measure Brazilian Rates Marcelo Kfoury Muinhos and Mrcio I. Nakane
Mar/2006
102 Judicial Risk and Credit Market Performance: Micro Evidence from Brazilian Payroll Loans Ana Carla A. Costa and Joo M. P. de Mello
Apr/2006
103 The Effect of Adverse Supply Shocks on Monetary Policy and Output Maria da Glria D. S. Arajo, Mirta Bugarin, Marcelo Kfoury Muinhos and Jose Ricardo C. Silva
Apr/2006
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104 Extrao de Informao de Opes Cambiais no Brasil Eui Jung Chang e Benjamin Miranda Tabak
Abr/2006
105 Representing Roommates Preferences with Symmetric Utilities Jos Alvaro Rodrigues Neto
Apr/2006
106 Testing Nonlinearities Between Brazilian Exchange Rates and Inflation Volatilities Cristiane R. Albuquerque and Marcelo Portugal
May/2006
107 Demand for Bank Services and Market Power in Brazilian Banking Mrcio I. Nakane, Leonardo S. Alencar and Fabio Kanczuk
Jun/2006
108 O Efeito da Consignao em Folha nas Taxas de Juros dos Emprstimos Pessoais Eduardo A. S. Rodrigues, Victorio Chu, Leonardo S. Alencar e Tony Takeda
Jun/2006
109 The Recent Brazilian Disinflation Process and Costs Alexandre A. Tombini and Sergio A. Lago Alves
Jun/2006
110 Fatores de Risco e o Spread Bancrio no Brasil Fernando G. Bignotto e Eduardo Augusto de Souza Rodrigues
Jul/2006
111 Avaliao de Modelos de Exigncia de Capital para Risco de Mercado do Cupom Cambial Alan Cosme Rodrigues da Silva, Joo Maurcio de Souza Moreira e Myrian Beatriz Eiras das Neves
Jul/2006
112 Interdependence and Contagion: an Analysis of Information Transmission in Latin America's Stock Markets Angelo Marsiglia Fasolo
Jul/2006
113 Investigao da Memria de Longo Prazo da Taxa de Cmbio no Brasil Sergio Rubens Stancato de Souza, Benjamin Miranda Tabak e Daniel O. Cajueiro
Ago/2006
114 The Inequality Channel of Monetary Transmission Marta Areosa and Waldyr Areosa
Aug/2006
115 Myopic Loss Aversion and House-Money Effect Overseas: an Experimental Approach Jos L. B. Fernandes, Juan Ignacio Pea and Benjamin M. Tabak
Sep/2006