banco da amazônia 70 anos
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BASTOS, Luiza et al. Banco da Amazônia 70 Anos. Belém: PLW Projetos e Linguagens; Banco da Amazônia, 2012. 176 p. il. ISBN 978-85-63206-01-5.TRANSCRIPT
Arte Capa.pdf 1 03/12/12 14:48
Banco da Amazônia70 Anos
Abidias José de Sousa JúniorPresidência
Antonio Carlos de Lima BorgesDiretoria de Infraestrutura de Negócio (DINEG)
Wilson EvaristoDiretoria de Gestão de Recursos (DIREC)
Carlos Pedrosa JúniorDiretoria de Controle e Risco (DICOR)
Gilvandro Negrão SilvaDiretoria Comercial e de Distribuição (DICOM)
Eduardo José Lima CunhaDiretoria de Análise e Reestruturação (DIARE)
Créditos
Belém Pará Amazônia BrasilPLW Projetos e Linguagens e Banco da Amazônia S/A2012
Luiza Bastos José Carlos Gondim Sérgio Palmquist Wanderson Lobato
Banco da Amazônia70 Anos
Banco da Amazônia 70 Anos
Conselho EditorialBanco da Amazônia
Luiz Lourenço de Souza Neto
Alex Santos
Alcilene Costa de Souza
Indhira Ramos
OMG Comunicação Total
Oswaldo de Freitas Júnior
PLW Projetos e Linguagens
Luiza Bastos
Coordenação
OMG Comunicação Total
Pesquisa Documental e BibliográficaAlex Raiol
Sérgio Palmquist
José Carlos de Medeiros Gondim
Wanderson Lobato
Luiza Bastos
CapaOMG Comunicação Total
Carol Abreu
Imagem
João Ramid
Projeto GráficoJosi Mendes
Carol Abreu
DiagramaçãoJosi Mendes
Assistência de DiagramaçãoAurélio Gouvêa
Textos e EntrevistasWanderson Lobato
Sérgio Palmquist
José Carlos de Medeiros Gondim
Luiza Bastos
RevisãoSérgio Palmquist
José Carlos de Medeiros Gondim
Luiza Bastos
Ficha Catalográfica e ReferênciasSocorro Baia
Tratamento de ImagensAdauto Rodrigues
Bruno Cantuária
Edição de ImagensMarcelo Lelis
Luiza Bastos
EdiçãoLuiza Bastos
A coleta de informações sobre o Banco da Amazônia foi possível graças a entrevistas, ao apoio e colaboração de inúmeras empresas, instituições e pessoas, sem as quais não conseguiríamos concluir este trabalho com êxito, a todos, nossos sinceros agradecimentos.
Agradecimentos
O Banco da Amazônia nasceu em plena Segunda Guerra Mundial, voltado para o desenvolvimento
regional, mas com uma visão ampla do Brasil e forte inserção internacional.
Passadas sete décadas, o Brasil tem muitos motivos para se orgulhar do Banco da Amazônia. Hoje, ele
cumpre um papel fundamental em toda a região, com forte atuação voltada para o desenvolvimento sustentável
da Amazônia Legal e acentuada modernização tecnológica, beneficiando não somente a população regional,
mas o conjunto da sociedade brasileira.
Parabéns a todos os funcionários, diretores e colaboradores do Banco da Amazônia pelos 70 anos de
dedicação ao nosso desenvolvimento.
Dilma Rousseff
Presidenta da República
Nos seus 70 anos de existência, o Banco da Amazônia tem demonstrado sua importância não só
para a Região, como também para o Brasil e para o mundo. O Banco tem-se destacado como braço forte
na execução das políticas públicas, especialmente como agente financeiro que atende prioritariamente às
micro, pequenas e médias empresas. Quero cumprimentar a instituição pelo lançamento deste livro histórico
e deixar aqui os votos para que continue desempenhando papel relevante no desenvolvimento sustentável
da Amazônia brasileira.
Guido Mantega
Ministro da Fazenda
O Banco da Amazônia chega com muito orgulho aos seus 70 anos de existência e, como parte das
ações comemorativas a esse marco histórico, tem a satisfação de trazer aos seus acionistas, parceiros,
clientes, colaboradores, formadores de opinião, lideranças e a toda a sociedade amazônida, uma obra que
retrata a história do Banco lider do ranking das instituições bancárias que financiam o crédito de longo prazo
na Região Norte, que se confunde com a própria história da Amazônia.
São sete décadas de trabalho que possibilitaram a construção de uma Instituição sólida, de inegável
importância na busca do desenvolvimento sustentável da Amazônia, aproveitando as incontáveis riquezas da
região em benefício dos seus mais de 23,5 milhões de habitantes.
O Banco da Amazônia nasceu com o propósito de garantir o suprimento de borracha para os países
aliados durante a 2ª Grande Guerra e sua criação foi vital para a participação do Brasil na luta pela manutenção
da democracia no planeta. Era um momento conturbado e esta obra conta o esforço de guerra iniciado com
a criação do Banco de Crédito da Borracha e a convocação de cerca de cinquenta e cinco mil voluntários, a
maioria deles vinda do Nordeste, fugindo de um longo período de seca, para atuar na extração do látex de
nossas florestas nativas.
A partir do final da Guerra, um novo desafio surge para o Banco: apoiar o desenvolvimento econômico
da Região Norte do Brasil, para reduzir as desigualdades em relação ao Sul e Sudeste do país. Surge então
o Banco de Crédito da Amazônia (BCA), criado no Governo do Presidente Eurico Gaspar Dutra, em 1950.
Se no seu início o Banco estava baseado exclusivamente na produção de borracha, neste novo momento
buscou-se estender o olhar para todas as possibilidades de desenvolvimento, fornecendo o apoio financeiro
necessário aos empreendimentos, garantindo recursos a custos e prazos diferenciados, possibilitando a
realização de novas atividades produtivas na Amazônia.
Chega a era Vargas e no ano de 1953 é criada a Superintendência do Plano de Valorização Econômica
da Amazônia (SPEVEA). No governo do General Humberto Castelo Branco, o BCA dá lugar ao nosso Banco
da Amazônia S/A, pela Lei nº 5.122, de 28 de Setembro de 1966, com estrutura administrativa moldada à
do então Banco de Desenvolvimento do Nordeste, funcionando como um banco de fomento para benefício
social da região.
Ainda em 1966, a SPVEA é transformada em SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento
da Amazônia) e sua estrutura, a exemplo do Banco, era semelhante a da SUDENE (Superintendência do
Desenvolvimento do Nordeste).
Em 1989 é criado o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), ficando sob a responsabilidade
do Banco a sua gestão e operacionalização. Com essa iniciativa, a Amazônia passa a contar com um volume
maior de recursos para o seu desenvolvimento.
Entre 2003 e 2010, no Governo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, o Banco, como principal
agente das políticas, planos e programas do Governo Federal para a região Amazônica, se apresentou como
efetiva solução financeira para o seu desenvolvimento, através da oferta de produtos e serviços com condições
e taxas diferenciadas, o que possibilitou ampliar o crédito e tornar a Amazônia mais competitiva e inclusiva.
Uma História de Desenvolvimento
Agora, ao completar sete décadas de existência, no Governo da Presidenta Dilma Rousseff, o Banco
atinge a marca histórica de R$43,7 bilhões de recursos aplicados na região, dos quais R$29 bilhões referentes
aos últimos 5 (cinco) anos. Assim, em suas estratégias de ação, o Banco tem procurado atender, de maneira
prioritária, setores produtivos organizados sob diversas formas, como, por exemplo, os Arranjos Produtivos
Locais (APLs), cadeias produtivas e aglomerados econômicos, visando, sobretudo, a inserção de segmentos
produtivos de menor porte, como da agricultura de base familiar, as micro, pequenas e médias empresas e o
setor de microfinanças.
Porém, faz-se necessário ressaltar que este livro conta não somente a trajetória histórica do Banco da
Amazônia sob o ponto de vista de sua atuação creditícia, mas mostra também todo o processo de adaptação
da instituição às mudanças regionais e às novas tecnologias, trazendo ao conhecimento dos leitores mais do
que a história de um Banco Público voltado ao desenvolvimento sustentável, mas sim uma verdadeira fonte
de informação ilustrada sobre a Amazônia Legal Brasileira e a sua gente.
Continuaremos sempre com a responsabilidade de promover o crescimento da Amazônia em bases
sustentáveis e com a experiência consolidada de atender às necessidades de uma região tão vasta e tão
diferenciada. Estaremos preparados sempre para contribuir de modo efetivo com a sociedade amazônida,
criando novas oportunidades de trabalho, novos negócios e, sobretudo, melhores condições de vida para o
povo amazônida.
Com essa forma diferenciada de trabalhar, valorizando o conhecimento e a dedicação de todos que
fazem o Banco da Amazônia, temos a plena certeza de que continuaremos movimentando a Amazônia e a
vida de sua gente.
Tenha uma ótima leitura!
Abidias José de Sousa Junior
Presidente do Banco da Amazônia
Mar
cos
Bar
bosa
Ao pensar na Amazônia, procure ampliar seu
horizonte e visualizar lugares distintos. Comece imaginando
grandes distâncias, separando pequenas comunidades,
grandes estados, quilombos, cidades, aldeias… e perceba
modos de vida urbanos, cosmopolitas ou rurais, indígenas,
caboclos ou estrangeiros, em tempos diversos também:
do cronológico aos tempos lunares, de plantações e
colheitas, conectados por rios imensuráveis ou igarapés
temporários ou mesmo via internet...
Ao longo do tempo, fazendo esses e outros exercícios
de observação regional, o Banco da Amazônia foi além
da superfície aparentemente homogênea e mergulhou em
sutilezas culturais e ambientais nem sempre perceptíveis
à primeira vista, mas sempre respeitáveis.
Desde seu nascimento, com o nome de Banco
de Crédito da Borracha, quando foi determinante para a
vitória aliada na 2ª Guerra Mundial, até hoje, como Banco
da Amazônia, o desenvolvimento regional esteve no foco
principal da instituição, enquanto a diversidade ganhava o
necessário destaque que possui.
E foi exatamente a diversidade, característica
amazônica marcante, a norteadora das pesquisas,
entrevistas, documentação, criação de textos e seleção
de imagens para este livro registrar histórias comuns e
distintas que, do princípio ao fim, carregam a certeza de
que esteja onde estiver, ou o que estiver fazendo, assim
como a Amazônia, o seu Banco fez, faz ou fará parte da
vida de todos.
Boca do Acre, fronteira com o Amazonas
Foto Diego Gurgel
Sumário
Produção rústica da pela (leia-se “péla”) de borracha, Seringal Cachoeira (AC)
Foto Diego Gurgel
Apresentação
Preservação e Desenvolvimento
A Seiva de Uma Planta da Amazônia Movimenta o Mundo
A Conquista do Acre
A Hora e a Vez de Manaus
A Paris N’América
Getúlio Vargas e a Amazônia
Grande Café da Paz
Discurso do Rio Amazonas
A Batalha da Borracha
Moedas do Brasil
Jean-Pierre Chabloz
O Banco de Crédito da Borracha
Mulheres Seringueiras
Termina a Guerra
Os Soldados Urbanos da Borracha
Bancrévea
Criação do Banco de Crédito da Amazônia
Jânio Quadros: Eleição e Renúncia
O Governo de João Goulart
O Banco de Crédito da Amazônia e o Movimento de 64
Radiotelegrafi a
Evolução Tecnológica
Construções e Engenharia
Preservação da Memória e Comunicação
A Constituição de 1988 e a Criação do FNO
Financiamento para todos os setores
Desenvolvimento com Respeito Ambiental
Financiando a Agricultura Familiar e o Agronegócio
“Seringal”
Banco da Amazônia – Marcas Históricas
Diretoria Executiva
Presidentes do Banco da Amazônia
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Mais do que exemplos bem sucedidos
de projetos financiados, as atividades do Banco
da Amazônia representam o momento atual da
instituição, que ao longo do tempo cresceu e
virou o maior investidor da transformação social
da região, crescimento já considerado um novo
marco histórico.
Desde 2003, na elaboração do
Planejamento Estratégico, os executivos
perceberam a necessidade de alinhar a atuação
bancária aos princípios verdes e delinearam a
indução ao desenvolvimento econômico e social da
Amazônia sem a destruição de seus ecossistemas
naturais, na certeza de que desenvolvimento
econômico, lucro e rentabilidade — do Banco da
Amazônia e de seus clientes — são e devem,
sim, ser compatíveis com elevados padrões de
responsabilidade social, cultural e ambiental.
A Missão do Banco incorporou o
desenvolvimento sustentável, a partir de 2006
e foi criada a Comissão de Meio Ambiente e
Sustentabilidade e os programas Amazônia Recicla,
para a coleta seletiva de resíduos sólidos; e o
Amazônia Otimiza, com medidas de racionalização
do consumo de recursos naturais. Isso junto com
Preservação e Desenvolvimento
14 Foto Paulo Santos
16
o Fornecedor Verde, a Gincana pela Sustentabilidade, o Viva
a Vida e Educação Ambiental – os programas compõem a
Agenda Ambiental do Banco da Amazônia, fortalecida por
ações e atividades com os empregados e parceiros.
Em 2006 foi lançado o Prêmio Banco da Amazônia
de Empreendedorismo Consciente e criada a Política
Socioambiental, com as diretrizes de atuação no setor,
baseada no tripé inclusão, exclusão e salvaguarda. Dois
anos depois, avançou ainda mais na defesa da região
com a análise socioambiental dos projetos e tornou-se
signatário do Protocolo de Intenções pela Responsabilidade
Socioambiental – iniciativa do Ministério do Meio Ambiente
–, junto aos bancos públicos.
A Agenda 21 do Banco da Amazônia foi lançada em
2010, com os compromissos da instituição para o alcance
da Agenda 21 brasileira e, no ano seguinte, foi publicada
a Política Corporativa pela Sustentabilidade, compondo as
normas de consulta permanente para toda e qualquer medida
ou ação que possa impactar a sustentabilidade interna e a
indução do desenvolvimento sustentável da Amazônia.
A partir de 2007, quando criou o Amazônia
Florescer - Programa de Microfinanças Sustentáveis para
a Região Amazônica-, operacionalizado em parceria com
a Amazoncred (Associação de Apoio à Economia Popular
Solidária), passou a ofertar crédito e serviços financeiros a
empreendedores populares, urbanos e rurais.
0 Banco da Amazônia sediou, em Belém, em 2011,
um importante evento com entidades de financiamento,
empresários e acadêmicos brasileiros e especialistas de
outros países, numa parceria com a ALIDE (Associação
Latinoamericana de Instituições Financeiras de
Desenvolvimento), que reúne 80 membros da América
Latina e Caribe, e convidados do Canadá, Europa e África.
Por ser a principal referência em política socioambiental
na região e signatário da Agenda A3P, durante a Rio+20
(Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente),
em 2012, o Banco da Amazônia se destacou não apenas
como um dos patrocinadores oficiais do evento, mas como
Foto Hely Pamplona17
participante – prova viva de que, há muito, a questão
ambiental não é assunto exclusivo de ambientalistas e
sim tema estratégico para negócios de sucesso, aliando
preservação e desenvolvimento.
Ao verificar que não importava a quantidade de
programas, mas recursos disponíveis para desenvolver as
atividades produtivas, o Banco reformulou e aperfeiçoou
seus financiamentos adequando-os às novas estruturas e
conceitos. Mudou a concepção, tirou o foco do produto e
priorizou o cliente.
Hoje, trabalha com programas que cobrem toda
e qualquer atividade dos setores econômicos. O FNO-
Amazônia Sustentável, por exemplo, é o principal e mais
abrangente meio de financiamento com recursos do
FNO (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte)
e atende pessoas físicas e jurídicas na Região Norte. Já
com o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar), financia projetos individuais ou
coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares e
assentados da reforma agrária. Com o FNO-Biodiversidade
investe na manutenção e na recuperação da biodiversidade
amazônica, a partir de empreendimentos para o uso racional
dos recursos naturais, com boas práticas de manejo, além
dos voltados à regularização e recuperação de áreas de
reserva legal, degradadas e/ou alteradas.
Em 2011, o Banco da Amazônia recebeu o Prêmio
Internacional ALIDE VERDE, com o programa FNO-
Biodiversidade. A categoria ALIDE Verde é destinada
para instituições financeiras que aplicam programas de
desenvolvimento sustentável.
A partir de 2012 cresceram as oportunidades de
finaciamentos à população com o Programa Brasil Maior, do
governo da primeira mulher Presidenta da República, Dilma
Roussef, estimulando a inovação e a produção nacional
para alavancar a competitividade da indústria nos mercados
interno e externo. Foi priorizada a produção sustentável,
a competitividade de pequenos negócios, o incentivo ao
investimento e ao bem-estar do consumidor.
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Foto Hely Pamplona
19
Nesse cenário mais sensível aos negócios
na Região, o Banco da Amazônia ampliou a
concessão de crédito a taxas de juros menores
que o mercado financeiro em geral; fortaleceu
o incentivo a projetos de crescimento, aliados
ao desenvolvimento sustentável; valorizou
ainda mais ações para microempreendedores
individuais e micro, pequenas e grandes
empresas, inclusive com a retirada de
restrições de financiamento para custeio e/ou
comercialização não associados a investimentos
fixos para determinadas faixas de faturamento.
Com as taxas de juros mais atraentes do
mercado, todos os incentivos ao investimento
cresceram no Banco da Amazônia, que ainda
tem foco especial na carteira comercial de
pessoa física e em produtos como o Amazônia
Salário, Amazônia Salário Empregado, Amazônia
Consignação, além do Amazônia Cheque
Especial e do Amazônia Pessoal.
O Programa Brasil Maior reflete um novo
olhar sobre a Região e o Banco executa seus
objetivos com créditos flexíveis e abrangentes.
Foto Hely Pamplona20
22
Sabor da Amazônia Ultrapassa as Fronteiras
Da mesa do paraense, o açaí ganhou o mundo e agora começa a ter outras formas e até sabores. Em
breve, ele também será vendido, sob a forma de sorvete, creme e suco, em embalagens industrializadas, do
tipo tetra pak. Mas antes de chegar às gôndolas dos supermercados, a novidade será realidade no Oeste do
Pará.
No primeiro semestre de 2013, no município de Monte Alegre, entrará em operação a indústria de
beneficiamento do açaí, financiada pelo Banco da Amazônia desde 2008, para fechar o ciclo de produção da
fruta, iniciado nos municípios de Óbidos, Alenquer e Curuá, com o plantio de açaí irrigado em mais de dois
mil hectares.
Foto Thiago Araújo23
As fazendas onde estão os açaizais e a indústria de beneficiamento são frutos do sonho da família
Vaccaro, que, através da empresa Polpas da Amazônia, investiu na comercialização do açaí – verdadeiro
patrimônio natural e cultural da região, com procura cada vez maior não só no Brasil como em outros países.
Por meio da irrigação, com modernos equipamentos e máquinas, o projeto agrega qualidade ao fruto
que será industrializado, obedecendo às normas técnicas dos ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura.
A produção gera emprego e renda para a mão de obra local, pois desde agora, no projeto piloto, a empresa
tem parceria com agricultores integrantes do PRONAF, programa também financiado pelo Banco da Amazônia.
Devido à alta qualidade do produto, a empresa fechou contrato de venda e assim que o processo de
industrialização for concluído, o creme de açaí ganha um novo mercado: estará nas redes de lanchonetes de
todo o país.
Foto Marcelo Lelis24
26
Acender uma lâmpada nos bairros de
Santa Etelvina e na Cidade Nova, em Manaus,
tem um significado que transcende o ato em si.
Com financiamento e orientação do Banco da
Amazônia, a Companhia Energética Manauara
segue a política de apoio às práticas sustentáveis
e sua usina termelétrica opera com o uso do gás
natural, fornecendo 60 megawatts de energia
às subestações que atendem cerca de 200 mil
pessoas.
Fruto de recursos do FNO, a energia que
ilumina Manaus contribui para um mundo mais
sustentável ao abolir o uso dos combustíveis
convencionais na Amazônia (como o diesel)
e também torna o processo de geração mais
econômico, devido aos menores custos de
produção – o que reflete diretamente na conta do
consumidor, que sai ganhando duas vezes; e na
natureza, com menor poluição ambiental.
Já nas águas da lagoa de São José, no
município de Careiro da Várzea, também no
Amazonas, não vivem apenas os peixes e a flora
aquática, mas também existe um trabalho pioneiro,
onde é fortalecida a certeza da qualidade de vida
cada vez melhor para os moradores da região. A
lagoa é base de um projeto único, desenvolvido
com financiamento do Banco da Amazônia: a
produção de tambaqui-curumim em tanques-rede.
Um comitê gestor coordena o projeto que
reúne pessoas das comunidades de Botafogo
de São José e Sagrado Coração de Jesus,
onde vivem cerca de 50 famílias. Anteriormente,
assim como em outros municípios da Região
Metropolitana de Manaus, todas as famílias
estavam envolvidas apenas com a produção de
hortaliças, uma vez que a proximidade da capital
garante o escoamento da produção para os
mercados e feiras com maior facilidade.
Agora, com a piscicultura, as duas
comunidades também se destacam pela produção,
vendida para a Agência de Desenvolvimento
Sustentável do Amazonas e para a Conab
(Companhia Nacional de Abastecimento). Das
águas da lagoa, desde 2010, quando o Banco
iniciou o financiamento, já foram retirados mais
de 20 toneladas de peixe.
Bastante organizado na administração do
projeto, o comitê planeja ampliar o número de
pessoas e de tanques do pescado e a criação em
tanques naturais, o que vem não só diversificar
a piscicultura na região, caracterizada como
de subsistência, mas também fortalecer o
mercado, pois com o declínio do plantio de juta,
a população se voltou fortemente para a pesca,
fazendo com que os peixes chegassem cada vez
menores à mesa dos consumidores. A atividade
em tanques-rede transforma e diversifica ainda
mais a realidade amazônica.
Luz nas Casas e Peixe nas Mesas
Foto Jaime Souzza 27
João Ribeiro Nogueira viveu sempre à
beira do rio Madeira, em Porto Velho, e cedo
conheceu o prazer de ouvir histórias e os
segredos da navegação. Já adulto, sonhava com
a possibilidade de mudar e buscou inspiração na
mãe, professora, e no pai, empreendedor, para
realizar o sonho de criar passeios panorâmicos de
uma lancha, com narrativas culturais, e mostrar as
belezas do caudaloso rio.
Sem grandes recursos, João não conseguia
imaginar uma maneira de concretizar seu desejo.
Até que um amigo sugeriu o Banco da Amazônia,
“o banco mais criterioso do Estado de Rondônia”,
segundo ele. Isso foi em 2009.
Com a cara e a coragem, entrou no banco
e procurou o gerente. Apresentou suas ideias
e conseguiu, além de atenção, orientação para
criar a empresa, com consultoria do SEBRAE
(Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas), garantindo o financiamento para a
lancha e para todos os acessórios necessários.
Em 2011, a lancha “Águia”, do agora feliz
empresário e “comandante” Ribeiro, iniciou o
projeto, que, sem trocadilho, vai de vento em popa,
divulgando histórias em passeios inesquecíveis
pelo Madeira, um dos mais caudalosos e velozes
rios do planeta.
Com a Cara e a Coragem
Rio Madeira, Porto Velho (RO)
Foto Luiza Bastos28
Cooperar é Produzir e Organizar Juntos
União e organização. Essas são as
principais características da Cooperativa Central
de Comercialização Extrativista do Acre, criada em
2001 e que, desde então, investe no manejo de
produtos da floresta, agregando valor e buscando
promover a igualdade social, econômica e
ambiental das famílias extrativistas do Alto Acre,
Baixo Acre e Purus.
A Cooperacre, como é conhecida, cresceu
ainda mais a partir de 2007, quando começou
a ser financiada pelo Banco da Amazônia.
Procurou-se fortalecer a capacidade de compra,
armazenamento e beneficiamento de produtos
florestais, como a castanha e a borracha natural
dos seringais acreanos – considerados os de
melhor qualidade do mundo –, também comprada
diretamente do produtor. Os cooperados ainda
produzem polpas de frutas: acerola, maracujá,
abacaxi, goiaba, caju, açaí, cajá, manga,
carambola, distribuídas pela cooperativa para os
mercados local e nacional.
Tudo começou com três cooperativas de
produtores de castanha que sentiram a necessidade
de um escritório de comercialização do produto,
além de local para armazenagem, em Rio Branco.
Hoje, com o sucesso das empreitadas, o raio de
ação da Cooperacre alcança 33 pessoas jurídicas
e, entre outras conquistas, abastece todas as
escolas municipais com frutas, verduras, legumes
e hortaliças frescas – também produzidas com
incentivos à agricultura familiar, pelo Banco da
Amazônia – para a merenda escolar.
Foto Hely Pamplona31
O apoio do Banco foi e é fundamental
para o crescimento da Cooperacre, pois financia
desde o capital de giro até a aquisição de
tratores e equipamentos agrícolas, possibilitando
maiores investimentos no principal diferencial
da cooperativa – as vantagens na garantia da
comercialização do produto, pois a estocagem
da produção é grande: só para a castanha, a
capacidade de armazenamento é de 5 milhões
de quilos.
E como diversificar a produção também
é meta da Cooperacre, recentemente os
cooperados decidiram mudar a forma de atuação
na comercialização da borracha natural, até então
vendida apenas na forma de matéria prima, o
que deixava os produtores numa situação de
vulnerabilidade no mercado.
Já está em construção, no município de
Sena Madureira, uma fábrica de beneficiamento da
borracha para venda às indústrias de pneumáticos
do sul do país. Dentro desse processo o Banco
da Amazônia financia a aquisição do maquinário
para o preparo da terra, o cultivo racional
de seringueiras e o reflorestamento de áreas
degradadas.
O plantio, iniciado em 2010, elevou
a produtividade dos seringais acreanos em
comparação à produção da seringa nativa,
dispersa por quilômetros na floresta, uma vez
que a cultivada, organizada próximo à casa do
produtor e com uso de tecnologia adequada, tem
produção dez vezes maior. Nos próximos cinco
anos, os produtores pretendem reflorestar cinco
mil hectares, recurso que gera riqueza para a
cooperativa e parceiros.
32
Foto Diego Gurgel
33
O colonizador europeu, quando pisou nas américas, encontrou tesouros com os quais jamais sonhara.
Os alimentos do Novo Mundo mataram a fome de continentes e a seiva de uma árvore, velha conhecida
dos índios, trouxe novas possibilidades para o crescimento econômico do ocidente. Árvore-que-chora seria
a tradução para a palavra caucho, util izada por alguns grupos indígenas para denominar a planta da qual
extraíam aquela estranha seiva que se transformava em algo elástico, com propriedades inusitadas. Bolas
que saltavam, calçados que não molhavam, coisas que encantaram o Velho Mundo. Logo surgiram diversos
objetos feitos com o choro da seringueira, desde capas e sapatos impermeáveis a coletes salva-vidas.
A Seiva de uma Planta da Amazônia Movimenta o Mundo
34
“Seringueiro”, desenho a bico
de pena, de Percy Lau
Os primeiros estudos científicos da borracha foram
desenvolvidos pelo francês Charles de la Condamine, que
levou amostras do produto conseguido no Peru, em 1735,
para a Academia de Ciências de Paris. Ninguém lhe deu muita
atenção, pois tudo o que se fabricava com essa substância
tornava-se pegajoso no calor e inflexível ou esfarelava-
se em baixas temperaturas. No entanto, um engenheiro
francês, C. F. Fresneau, que estudara a substância na Guiana
Francesa, conseguiu fazer um par de sapatos de seiva e
impermeabilizá-los.
O primeiro produto fabricado a partir da seiva
da seringueira foi justamente o apagador, que até hoje
conhecemos como... “borracha”. Foi o inglês John Priestley
quem descobriu que, com aquela substância das matas
amazônicas, era possível eliminar marcas de lápis, o que
até então era feito com miolo de pão. Priestley deu à sua
invenção o nome de “Indian Rubber”, literalmente “raspador
indiano”. A palavra rubber passou a designar o produto da
seringueira. Os portugueses, que preservavam seus vinhos
em vasilhas de couro, às quais chamavam borrachas,
substituíram o couro pela matéria amazônica e o látex então
passou a ser conhecido por “borracha”.
Em 1823, o escocês Charles Mac Intosh descobriu um
meio de fazer roupas impermeáveis, colocando uma camada
de borracha entre duas camadas de tecido. No mesmo ano
em Londres um fabricante de carruagens, Thomas Hancock,
fabricou os primeiros aros de borracha, para a bicicleta
do filho. Em 1815, Hancock, modesto serralheiro, tornou-
se um dos maiores fabricantes do Reino Unido. Ele havia
Instrumentos de coleta do látex, sementes de seringueira e pelas de borracha. (Acervo Banco da
Amazônia - reprodução Bruno Catrachesti)
No Fogo, à Prova d’Água
36
inventado um colchão de borracha e, associado a Mac Intosh,
fabricava as famosas capas impermeáveis “mac intosh”.
Além disso, havia descoberto e realizava industrialmente o
corte, a laminação e a prensagem da borracha. Tinha
verificado a importância do calor na prensagem e construído
uma máquina para este fim. Mac Intosh também descobriu o
emprego da benzina como solvente e Hancock preconizou
a prévia “mastigação” e aquecimento, para obter uma
perfeita dissolução da borracha. Hancock descobriu ainda a
fabricação de bolas elásticas e por fim, em 1842, de posse
da borracha vulcanizada de Goodyear, procurou e encontrou
o segredo da vulcanização, fazendo enorme fortuna. Mas
até que fosse encontrada a fórmula da vulcanização, a
febre da borracha na Europa e nos Estados Unidos parecia
fadada a terminar como um completo fracasso. A matéria
amazônica, que despertou o entusiasmo do mundo,
mostrava-se decepcionante na prática, com produtos
que se transformavam numa massa pegajosa, no verão, e
endureciam e quebravam-se, no inverno.
No verão de 1834, um comerciante de ferragens
falido da Filadélfia, Charles Goodyear, entrou numa loja
da Roxbury India Rubber Co., primeira manufatura de
borracha nos Estados Unidos. Ele mostrou ao gerente uma
nova válvula que havia criado para salva-vidas de borracha.
O gerente sacudiu a cabeça, desolado. A Companhia não
estava interessada em válvulas agora, já seria uma sorte
permanecer no negócio. O gerente mostrou a Goodyear:
prateleiras cheias de produtos de borracha, transformados
numa gosma mal cheirosa pelo calor excessivo. Na fábrica
Acima, fábrica de pneu
Goodyear. Ao centro,
Charles Goodyear, inventor
da vulcanização e, ao lado,
John Dunlop Jr.
37
da Companhia, em Roxbury, Massachussets, confidenciou
que milhares de artigos de borracha eram devolvidos por
clientes ultrajados. Os diretores se reuniam, na calada da
noite, para enterrar vinte mil dólares de rejeitos fedorentos
num poço.
A “febre da borracha” do início dos anos 1830 acabou
assim como começou. No princípio, todo mundo queria
coisas com a nova goma à prova d’água do Brasil e fábricas
surgiram para suprir a demanda. Então, de repente, o
público se cansou daquela coisa desastrada, que endurecia
e ficava quebradiça ou virava quase uma gelatina, conforme
a mudança das estações. Nenhuma das jovens indústrias
de borracha sobreviveu mais que cinco anos. Investidores
perderam milhões. A borracha, todos concordavam, era um
sonho passado.
Mas Charles Goodyear não desistiu e, enfrentando
todo tipo de contratempo, submetendo a família à miséria,
continuou suas pesquisas para transformar a borracha num
produto de extrema util idade.
A grande descoberta aconteceu no inverno de 1839.
Goodyear estava usando enxofre nos seus experimentos.
Ainda que o próprio Goodyear tenha deixado dúvidas sobre
alguns detalhes do processo, a história mais persistente é
que, num dia de fevereiro, entrando numa loja de Woburn,
onde residia, para mostrar sua nova fórmula de borracha e
enxofre, foi recebido com risadas sarcásticas e o inventor
normalmente cordato ficou exaltado, sacudindo as mãos e
deixando seu modelo de borracha voar de seus dedos, caindo
num fogão aceso. Quando foi apanhá-lo, descobriu que, ao
invés de derreter como melado, ele estava chamuscado
como couro e ao redor da área chamuscada havia uma borda
marrom, seca e elástica, muito diferente do produto original, Sapato de borracha e pela derretidos pelo calor. (Acervo Banco da Amazônia - reprodução
Bruno Carachesti)
38
virtualmente uma nova substância. Havia criado a borracha
à prova d’água. Esta descoberta é constantemente citada
como um dos “acidentes” mais celebrados da História.
Finalmente, Goodyear observa que submetendo a
composição de borracha com enxofre por quatro a seis
horas, sob pressão, numa temperatura próxima de 130ºC,
um material bastante uniforme e resistente era obtido. O
inventor ganhou um bom dinheiro mas abriu mão de sua
participação nas fábricas que util izavam sua descoberta,
o que poderia tê-lo transformado num milionário, para
continuar com os experimentos. Ele queria fazer tudo de
borracha: papel-moeda, instrumentos musicais, bandeiras,
joias, velas de barcos e até os próprios barcos. Goodyear
tinha seu retrato pintado sobre borracha, seus cartões de
visita impressos sobre borracha, sua autobiografia impressa
em borracha. Vestia chapéu, terno e gravata de borracha.
Charles Goodyear via a borracha como a vemos
nos nossos dias: o primeiro e mais versátil dos modernos
“plásticos”. Via nela um “couro vegetal” que desafiava os
elementos, um “metal elástico”, um substituto da madeira
que podia ser moldado. Algumas de suas ideias ainda são
vistas como “novos” usos para a borracha. Muitas indústrias
de alimentos embalam seus produtos em pliofilme, um
plástico derivado da borracha, que Goodyear havia sugerido
em 1859. Roupas de mergulho, molas e amortecedores
para botes infláveis são outras inovações recentes que
Goodyear descreveu há mais de um século.
Charles Goodyear não teve o cuidado de requerer
patentes no exterior, mas enviou amostras de sua borracha
tratada com enxofre e calor para a Inglaterra, sem revelar
detalhes da fórmula que usava. Uma amostra foi vista pelo
pioneiro da borracha Thomas Hancock, que vinha por 20 Sapato de borracha. (Acervo Banco da Amazônia - reprodução Bruno Carachesti)
39
anos tentando produzir borracha à prova d’água. Hancock
notou uma mancha amarela de enxofre na superfície da
amostra e com essa chave reinventou o processo, já criado
por Goodyear, ao qual deu o nome de vulcanização, derivado
do deus romano Vulcano - quatro anos depois de Charles
Goodyear. Quando o norte-americano foi pedir o registro
de patente na Inglaterra, Hancock já havia obtido algumas
semanas antes.
Charles Goodyear não conseguiu fortuna com seus
experimentos, mas o processo criado por ele permitiu o
renascimento da febre pela borracha amazônica.
Em 1845, R.W. Thomson inventou o pneumático,
a câmara de ar e até a banda de rodagem ferrada. Em
1850, fabricavam-se brinquedos de borracha, bolas ocas
e maciças (para golfe e tênis). A invenção do velocípede
por Michaux, em 1869, conduziu à invenção da borracha
maciça, depois da borracha oca e, por último, à reinvenção
do pneu, pois a invenção de Thomson havia caído no
esquecimento. Em 1888, Dunlop introduziu a câmara-de-ar,
inventando o pneu, logo aplicado em bicicletas. Em 1895,
os irmãos Michelin adaptaram o pneu ao automóvel, veículo
patenteado por Daimler, em 1884, e por Benz, em 1885.
Desde então, a borracha passou a ocupar um
lugar preponderante no mercado mundial e devido às
suas múltiplas aplicações, principalmente na indústria
automobilística em expansão, a borracha obtida a partir
do látex das seringueiras tornou-se produto mundialmente
valorizado.
Seringueiras não faltavam na Amazônia brasileira.
Isso levou a região Norte do Brasil, uma das mais pobres
No alto, mostruário de pela (Acervo Banco da Amazônia -
reprodução Bruno Carachesti) e Henry Wickham, responsável pelo
contrabando de 70 mil sementes de seringueiras da Amazônia
40
e desabitadas do país, a experimentar período de grande
prosperidade. Interessadas na exploração dos seringais
amazônicos, grandes empresas e bancos estrangeiros
instalam-se nas cidades de Belém e Manaus, que se
transformam, de cidades acanhadas, em metrópoles vibrantes,
com equipamentos urbanos e monumentos arquitetônicos
admiráveis, alguns dos quais ainda hoje podem ser vistos nas
duas cidades, como o Theatro da Paz, em Belém e o Teatro
Amazonas, em Manaus. Uma leva de milhares de imigrantes,
principalmente nordestinos fugidos da seca da década de
1870, invadiu a floresta para recolher o látex e transformá-lo
em borracha.
A produção amazônica chegou a 42 mil toneladas anuais
e o Brasil dominou o mercado mundial de borracha natural.
Para os brasileiros que usufruíam de tanta riqueza, parecia
que aquilo nunca iria acabar. Para as potências estrangeiras,
que no final das contas eram os verdadeiros destinatários
desse presente da Natureza, havia necessidade de garantir
seus estoques sem pagar nada para os brasileiros. Em 1876,
uma família de ingleses chegou em Santarém, sendo recebida
com hospitalidade pelos norte-americanos que haviam fugido
da Guerra da Secessão e se instalaram no Tapajós. Henry
Wickham conseguiu iludir a todos e enviou para a Inglaterra 70
mil sementes selecionadas de seringueiras. Essas sementes,
aclimatadas no Jardim Botânico Kew Gardens, foram depois
transplantadas no Sudeste Asiático e, na segunda década do
século XX, já produziam o suficiente para competir e derrotar
a borracha brasileira. Henry Wickham foi agraciado com o
título de “sir” pela rainha Vitória, por ter dado à Inglaterra o
monopólio da borracha e a Amazônia perdeu o filão de ouro.
Filme plástico transparente de borracha
41
Documento original. (Acervo
Banco da Amazônia -
reprodução Alex Raiol)
Illustrissimo Excelentissimo Senhor Vice-
Presidente da Província
Diz George W. Sears, cidadão dos Estados
Unidos d’America do Norte, ora nesta capital,
que tendo-se dirigido pessoalmente a Vossa
Excelencia afim de tratar do invento por elle
apresentado para melhoramento da extracção
e fabrico da gomma elastica, vem hoje, depois
do exame e verificação da machina e trabalho
ou fabrico, a que Vossa Excelencia assistiu,
acompanhado do doutor engenheiro Guilherme
Francisco Cruz, de novo fazel-o por meio da
presente petição, afim de que por intermedio e
apoio de Vossa Excelencia, possa o Supplicante
obter da Illustrada Assemblea Legislativa
Provincial, seja acceita a proposta que desde
já fáz de vender á Provincia, o dito invento ou
machinismo, por uma quantia razoavel. [...]
“
”
Proposta do cidadão Norte-Americano George W. Sears, ao Governador
da Província para “venda do segredo de invento de fabricar borracha em
estado sólido”. Belém, 16 set. 1870.
42
[...] Aquillo que até agora demanda muitos
braços e muitos dias, especialmente para seccar,
e comtudo imperfeitamente, póde ser feito agora
em menos de uma hora, e um homem apenas basta
para o trabalho de cada machina. [...]
“”
[...] A gomma elástica torna-se pura de uma
só qualidade, e elasticidade admiravel, como
igualmente Vossa Excelencia abservou, e se vê
das amostras que o Supplicante ora apresenta
[...]
“”
[...] O Supplicante entregará duas machinas
completas, um modelo, e os instrumentos para
a incisão e colhimento do leite, tendo ora um
outro meio ainda superior quando á incisão, e
fornecerá grande quantidade de vasos. Ensinará
praticamente o fabrico da gomma elastica, e
também o das machinas. [...]
“
”[...] A gratidão publica, virá infalivelmente
ao encontro da Illustrada e Nobre Assembleia
Legislativa Provincial, e de Vossa Excelencia
também.
“”
43
Depois da independência dos países sul-americanos, a
região onde hoje se situa o Estado do Acre ficou pertencendo
à Bolívia, com o reconhecimento do Brasil, através do Tratado
de Ayacucho, em 1867. Mas a sede pela borracha e a seca no
Nordeste do Brasil criaram um fluxo migratório que tinha como
último destino essa região perdida nos confins da Amazônia.
A milhares de quilômetros da capital La Paz, a invasão
brasileira não era sentida pelos bolivianos, até que o futuro
presidente da Bolívia, José Manuel Pando, refugiou-se na
região, depois de um frustrado golpe de Estado. Pando ficou
preocupado com a invasão dos seringueiros do país vizinho.
Em 1899, o governo boliviano enviou uma escolta para garantir
a ocupação do território, que foi expulsa pelos brasileiros.
Como o governo brasileiro não interferia na disputa, por
considerar que o Acre pertencia à Bolívia, o governador do
Amazonas, Ramalho Júnior, organizou uma ofensiva para garantir
a posse das terras, sob o comando do jornalista e aventureiro
espanhol Luis Galvez Rodrigues de Arias. Galvez tomou de
assalto a cidade boliviana de Puerto Alonso, que passou a se
chamar Porto Acre e proclamou a República Independente do
Acre, no dia 14 de julho de 1899. Mas, oito meses depois, a
República Independente de Galvez foi dissolvida e ele preso
por tropas enviadas pelo governo brasileiro.
Mas o governo do Amazonas não se conformou,
preocupado com boatos de que Estados Unidos e Bolívia
haviam assinado acordo que previa apoio militar dos EUA
à Bolívia em caso de guerra com o Brasil. Foi organizada
uma nova expedição, a “Expedição dos Poetas”. O jornalista
Orlando Correa Lopes, que comandava a expedição, proclamou
a Segunda República do Acre, em novembro de 1900. Às
vésperas do Natal de 1900, os brasileiros foram derrotados
A Conquista do Acre
Acima, Barão do Rio Branco e signatários do Tratado de Petrópolis. Em baixo, Plácido de Castro
comanda exército em batalha. Acervo digital do DPHC (Departamento do Patrimônio Histórico e
Cultural do Acre)
44
pelos bolivianos. Em 1901, a Bolívia assina um
contrato de arrendamento do Acre com o Bolivian
Syndicate, criado com capital angloamericano.
O contrato dava o controle absoluto da região
para o Bolivian Syndicate. Esse acordo garantia
ao governo boliviano a confiança para rechaçar
militarmente - com o apoio dos americanos -
qualquer intenção do Brasil em relação ao Acre.
A notícia caiu como uma bomba entre os
brasileiros e eles iniciaram uma revolta armada,
contrariando a posição do governo brasileiro, que
reiterara o reconhecimento dos direitos bolivianos
sobre o Acre. Comandados pelo gaúcho Plácido
de Castro, um jovem agrimensor com passagem
pelas forças armadas, alguns poucos homens
conseguem conter os combatentes bolivianos.
Mas a revolta se espalha, unindo seringalistas,
seringueiros, comerciantes, logo um exército de
revoltosos que vai tomando, uma a uma, as praças
bolivianas. Os rebeldes imediatamente dominam
toda a região, exceto Porto Acre, que somente se
rendeu em 24 de janeiro de 1903. No dia 27
daquele ano, foi proclamada a Terceira República
do Acre, agora com o apoio do presidente
brasileiro, Rodrigues Alves e do seu Ministro do
Exterior, o Barão do Rio Branco, que ordenou a
ocupação do território e estabeleceu um governo
Tratado de Petrópolis e reprodução do jornal “A Mutuca”, dirigido e redigido à mão por Plácido de Castro. Acervo digital DPHC (Departamento do Patrimônio Histórico e Cultural do Acre)
45
militar sob o comando do general Olímpio da
Silveira. O próprio presidente da Bolívia, general
José Manuel Pando, decide comandar uma
ofensiva contra os invasores, mas, antes disso, a
diplomacia brasileira, sob as ordens do Barão do
Rio Branco, consegue que os governos do Brasil
e da Bolívia assinem, em 21 de março de 1903,
um tratado preliminar, ratificado logo depois pelo
Tratado de Petrópolis.
O Tratado de Petrópolis foi assinado a 17
de novembro de 1903 entre os governos do
Brasil e da Bolívia. É um Tratado de Permuta que
resultou na entrega do território do Acre. Em troca,
o Brasil cedia as terras na foz do rio Abunã e na
bacia do rio Paraguai. Tinha ainda de pagar uma
compensação monetária de 2 milhões de libras
esterlinas. O Brasil também se comprometia
a ceder a navegação nos rios brasileiros para
chegar ao oceano Atlântico e a Bolívia adquiria
o direito de abrir alfândegas em Belém, Manaus,
Corumbá e noutros pontos da fronteira. O mesmo
se passava com o Brasil em território boliviano.
O estado brasileiro tinha ainda de construir uma
linha de caminho de ferro, que ficou pronta em
1912, desde o porto de Santo António, no rio
Madeira, até Guarajá-Mirim, no Mamoré, com um
ramal até território boliviano.
A construção de uma ferrovia que
transpusesse a parte encachoeirada do rio
Madeira, permitindo a ligação dos trechos
navegáveis a montante e a jusante, era um sonho
acalentado desde 1861. Com a ferrovia, ficaria
mais fácil o escoamento dos produtos vindos
do Centro-Oeste brasileiro e da Bolívia. Várias
tentativas de concretizar o sonho foram frustradas
pelas dificuldades enfrentadas.
A primeira tentativa na construção foi em
1872, quando engenheiros ingleses intentaram
plantar os trilhos, a partir de Santo Antônio
do Madeira. Um ano depois, a empreitada foi
abandonada, porque os trabalhadores eram
dizimados por doenças. Numa segunda tentativa,
em 1877, foram assentados 6,2 km de linha.
Foi quando a primeira locomotiva trafegou na
Amazônica - a nº 12, ou “máquina 12”, como é
conhecida até hoje pela população local. Mas as
mesmas dificuldades levaram a novo fracasso.
Depois dessas derrotas, o sonho de uma
ferrovia no Madeira parecia sepultado, até que foi
assinado o Tratado de Petrópolis, no qual a Bolívia
abria mão de seus interesses no Acre, mediante
compensações do governo brasileiro. Um dos
compromissos do Brasil foi o de construir uma
ferrovia desde a localidade de Santo Antônio, no
rio Madeira, até Guajará-Mirim, no rio Mamoré,
fronteira com a Bolívia. Aberta a concorrência
para a construção, quem venceu foi o engenheiro
Joaquim Catramby, que vendeu-a ao novaiorquino
Percival Farquhar, empresário aventureiro com
diversos interesses no Brasil. Farquhar decidiu
iniciar a ferrovia a partir de Porto Velho, sete
quilômetros abaixo de Santo Antônio. A obra foi
iniciada em 1907.
“No final de 1909, a ferrovia já contava com
74 quilômetros construídos e Farquhar consegue,
junto ao governo brasileiro, o arrendamento da
ferrovia e de vários seringais, pelo prazo de 60
anos. Em dezembro desse ano, Rondon chegava a
Porto Velho, concluindo a trilha para a implantação
da linha telegráfica, Cuiabá – Santo Antônio”,
revela Antônio Cândido da Silva, no livro “Madeira
Mamoré – O Vagão dos Esquecidos”.
Em 1910, os sanitaristas Osvaldo Cruz
e Belisário Pena chegam ao canteiro de obras
para promover o saneamento da área, evitando
o grande número de doenças que acometiam os
trabalhadores, principalmente a “febre amarela”.
Dos mais de 20 mil trabalhadores contratados
para a obra, mil e quinhentos pereceram.
No dia 30 de abril de 1912 foi colocado
o último dormente, no trecho final em Guajará-
Mirim, completando 366 quilômetros . A
obra foi inaugurada no dia 1º de agosto.
Com o fim da obra, chegava também ao final o
período áureo da borracha e a ferrovia perdia sua
principal função. Percival Farquhar acabou falindo
em 1916 e o controle da ferrovia passou para os
investidores ingleses e canadenses que haviam
sustentado a construção da mesma. Em 1931,
a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré passou a
ser controlada pelo governo brasileiro. Hoje,
praticamente desativada, é considerada parte do
Patrimônio Cultural do Brasil.
A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré
46
Ao lado, primeira locomotiva a circular em território amazônico,
abandonada entre 1879 e 1907 e encontrada em Santo Antônio.
Hoje está no Museu da Estrada de Ferro, em Porto Velho. Acima,
outras fotografi as de Danna Merril, funcionário da prefeitura de Nova
Iorque, contratado por Percival Farquar, em 1908, para documentar o
assentamento dos trilhos da estrada de Ferro Madeira-Mamoré
(Acervo Centro de Documentação Histórica de Rondônia)
47
A Hora e a Vez de Manaus
A revelação de Francisco Orellana de que uma imensa via de navegação penetrava selva adentro no norte
da América do Sul já havia despertado a cobiça das potências europeias.
Os franceses ocuparam terras no Maranhão e os espanhóis, vindos pelo oceano Pacífico, sonhavam
com as terras do outro lado dos Andes. Então, Portugal decidiu tomar conta do que achava que era seu e para
controlar a foz do grande rio e primeiro tomou a cidade de São Luiz dos franceses e depois fundou Belém. Pelo
Tratado de Tordesilhas, os portugueses estavam nos limites de suas terras.
Mas isso não os limitou: simplesmente continuaram subindo o rio para marcar e garantir a posse das
novas terras. Fundaram, na confluência dos rios Solimões e Negro, a fortaleza da São José do Rio Negro, numa
área habitada por diversos grupos indígenas. Os colonizadores foram aos poucos se instalando às proximidades
do forte. Em 1832, o lugarejo foi elevado à categoria de Vila, recebendo o nome de Manáos, em homenagem
a um grupo indígena homônimo, o mais populoso que ocupou aquele território.
A modesta vila ribeirinha sofreria uma mudança drástica depois da descoberta das inúmeras possibilidades
de util ização da borracha e Manaus transformou-se numa grande cidade.
O acanhamento de suas construções deu lugar a notáveis monumentos públicos, suntuosas mansões e
naturalmente o espaço urbano foi adaptado ao surto de poder econômico.
Com o governador Eduardo Ribeiro, Manaus alcançou seu momento de modernização urbana, tendo sido
a primeira cidade brasileira a ter bondes elétricos circulando.
Cartão postal da avenida Eduardo Ribeiro no início do século XX
48
O fim do monopólio da borracha, que era da Amazônia, trouxe a estagnação e o marasmo, até o advento
da 2ª Guerra Mundial, com novo alento à economia da borracha na região. Mas a capital do Amazonas só iria
recuperar sua condição de metrópole com a criação da Zona Franca de Manaus, em 1967.
Hoje, Manaus é a maior cidade da Amazônia, com quase dois milhões de habitantes, uma economia forte,
incentivada pelo Banco da Amazônia, e conta com o intenso movimento turístico que, ao contrário do comércio
da borracha, só tende a crescer, especialmente a partir de 2014 com a Copa do Mundo – evento também
financiado pelo Banco.
Manaus do início do século XX. Coleção Jorge Herran. (Acervo Museu da Imagem e do Som - AM)
49
A Paris n’América
A riqueza fornecida pela febre da borracha
no mundo transformou as modestas cidades da
Amazônia em metrópoles sofisticadas, com os
mais modernos equipamentos urbanos da época.
Já no ano de 1870, a capital do Pará possuía
bondes puxados por burros e iluminação pública
a gás. As famílias da classe alta se abasteciam nas
capitais europeias. Roupas, alimentos, bebidas,
tudo era importado.
Os lucros com a borracha trouxeram uma
mudança rápida na paisagem da cidade. A discreta
Travessa dos Mirandas virou avenida e teve seu
nome mudado para 15 de Agosto, em homenagem
à adesão do Pará ao Brasil Independente. Nos
anos 50, passou a se chamar Avenida Presidente
Vargas, denominação que se mantém até hoje,
sendo a principal artéria do centro comercial de
Belém. Ali foram construídos importantes prédios
públicos, como o Café da Paz, hotel e restaurante
frequentado pela sociedade mais abastada, pouco
mais tarde o Grande Hotel e, no ano de 1912, o
Cinema Olympia, que existe até hoje, sendo a mais
velha sala de cinema ainda em funcionamento no
País.
O dinheiro corria à solta, mas a cidade
ainda apresentava problemas sérios, como a febre
amarela, que dizimava a população. Com a posse
do intendente Antônio Lemos, em 1897. Belém
passou por transformações urbanísticas que a
igualava aos principais centros do Velho Mundo.
Lemos abriu largas avenidas, cuidou do calçamento
das ruas, contratou uma empresa para construir um
sistema de esgoto, foi rigoroso na limpeza das ruas,
construiu o crematório para queimar o lixo urbano
e animais mortos nas ruas, inaugurou o sistema
elétrico de iluminação pública e os antigos bondes
puxados por animais foram substituídos por bondes
elétricos. Antônio Lemos foi ainda um governante
Rua Conselheiro João Alfredo, Belém. Álbum “O Pará”, 1908, Augusto Montenegro.
(Acervo Arquivo Público do Pará - reprodução Alex Raiol)
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Rua Padre Prudêncio e Igreja St. Anna, aos fundos a fábrica Palmeira. Albúm Vistas de Pará Brazil. Edição George Hübner. (Acervo Arquivo Público do Pará - reprodução Alex Raiol)
preocupado com o meio ambiente e a qualidade de vida, dando especial atenção ao Horto Botânico e cuidando
da arborização das ruas, tratando com rigor o vandalismo contra as plantas. A ele a cidade deve a alcunha de
“Cidade das Mangueiras”.
A cidade urbanizada levou seus habitantes a capricharem nas construções e logo mansões luxuosas
foram erguidas nos bairros mais prósperos. O fausto em que viviam Belém e Manaus atraiam companhias
teatrais da Europa, que não se furtavam a enfrentar todas as dificuldades de viagem e os perigos da vida
tropical, compensadas por temporadas altamente lucrativas.
O fim do período áureo da borracha encerrou também o deslumbramento de uma classe perdulária
e toda a Amazônia sofreu com a estagnação econômica. Belém manteve seu patrimônio arquitetônico com
poucas alterações, até a segunda metade do século XX, quando a Amazônia passou a atrair novamente os
olhares do mundo, agora por outras riquezas que não a borracha.
51
A Amazônia estagnada era uma das preocupações do presidente Getúlio Vargas,
que visitou a região em 1933 e 1940. Ao estabelecer a Marcha para o Oeste, com
a intenção de incentivar a ocupação do Centro-Oeste do Brasil, Vargas tinha a vista
estendida para mais distante, para o Extremo Norte. Com forte apelo desenvolvimentista,
o presidente previa a Amazônia como um território totalmente ocupado, o mais povoado:
“Apraz-me imaginar o que será esta vastidão, onde se estendem as terras fertil izadas
pela bacia do Amazonas, sem rival em superfície e volume no mapa do mundo, quando
nela estiver fixada a inteligência e a atividade de cem milhões de brasileiros”, proclamou
em um de seus inúmeros discursos na região.
Vargas criou o Instituto Agronômico do Norte, em Belém, em 1939 e, em 1940,
o Governo Federal encampou o Port of Pará e a Amazon River Steam Navigation: “As
empresas exploradoras dos serviços portuários e do tráfego fluvial, pelo seu precário
e deficiente aparelhamento, não satisfaziam as necessidades e deverão transformar-se,
Getúlio Vargas e a Amazônia
Jornais destacam a visita do presidente Getúlio Vargas
a Amazônia. Belém, 5 de outubro de 1940. (Acervo
Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves - reprodução
Alex Raiol)
52
agora, em fatores diretos do desenvolvimento da região.
Para isso, cuida-se de reorganizá-las, de reformar-lhes
o material e construir novas unidades nos seus próprios
estaleiros. Prende-se à mesma série de providências, a
criação do Instituto Agronômico do Norte, que será um
centro completo de pesquisas da riqueza florestal do vale
amazônico, com o propósito de classificá-la, aperfeiçoar
e desdobrar nos campos de multiplicação, para substituir
pela indústria agrícola, metódica e científica, os velhos
processos extrativos. Destinado a servir a toda a região,
esse Instituto deverá promover o plantio sistemático, não só
da seringueira, pela forma em que o vem praticando, com
pleno êxito, a Fundação Ford, como, ainda, o das variadas
espécies nativas e aclimadas — castanha, timbó, fibras
—, a fim de fornecer, gratuitamente, mudas de precoce
produção pela enxertia e desenvolver, ao mesmo tempo, os
modernos processos de cultura e aclimação dos vegetais.”
Em outubro de 1940, durante a visita de Vargas à
Amazônia, desta vez percorrendo um largo trecho: Belém,
Belterra, Manaus e Porto Velho, foi recebido com grande
entusiasmo pelas populações locais e despertando nos
habitantes a crença em dias melhores, amparados na
promessa feita em 1933: “A Amazônia ressurgirá”.
No “Discurso do Rio Amazonas”, o presidente
reitera sua intenção do promover o desenvolvimento da
Amazônia: “Não vos faltará o apoio do governo central para
qualquer empreendimento que beneficie a collectividade. O
Amazonas, sob o impulso fecundo de nossa vontade e de
nosso trabalho, deixará de ser, afinal, um simples capítulo
53
da história da terra, e, equiparado aos outros grandes rios, tornar-se-á um capítulo da historia da civilização”.
Em 1937, Getúlio Vargas havia instaurado o Estado Novo, depois de um golpe de estado que garantiu
para si plenos poderes. A nova Constituição, promulgada por ele, ficou conhecida como a Constituição
“Polaca”, por ser baseada na Constituição da Polônia, claramente baseada em princípios fascistas. No início
da década de 40, em plena crise da 2ª Guerra Mundial, Getúlio Vargas não esconderia suas simpatias pelos
regimes de Roma e Berlim, causando desagrado e preocupação aos americanos do Norte.
Mas a entrada do Japão na Guerra e o bloqueio da produção de borracha nos países asiáticos aos
países aliados levou os Estados Unidos a exigirem uma posição clara do Brasil. Diante da catástrofe iminente,
o presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, criou uma comissão, presidida por Bernard Baruch,
para avaliar os estoques dos produtos considerados essenciais para o enfrentamento da guerra. O relatório
da comissão mostrou a importância de ter o Brasil como aliado: “Achamos a situação atual tão perigosa que,
a não ser que medidas [...] sejam tomadas imediatamente, este País enfrentará um colapso militar e civil.
[...] Exigências militares e outras necessidades essenciais [...] esgotariam os nossos estoques de borracha
crua antes do fim do próximo verão. [...] Os pneus de carros civis, [por exemplo,] estão sendo gastos a uma
Acima, ataque japonês a Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941; presidente norte-americano Franklin Roosevelt assinando a declaração de guerra contra o Japão, em 8 de dezembro de 1941. Soldado americano em guarda
na praia de Oahu (Havaí), em março de 1945. (Arquivo Nacional Americano)
54
média de 8 vezes mais rapidamente do que são
substituídos. Caso isto continue neste ritmo [...],
em 1944 haverá uma completa paralisação de
27.000.000 de carros de passageiros.”
Tanto a situação geográfica da Amazônia,
tendo Belém como um porto estratégico,
uma sentinela do Atlântico Sul, era de grande
importância para os esforços de guerra dos
países aliados liderados pelos Estados Unidos da
América, como também – ou talvez principalmente
– a economia da borracha amazônica assumia
sua potencialidade estratégica e se transformaria,
novamente, na mola mestra da indústria brasileira
e da vitória aliada.
Vieram os Acordos de Washington e o Brasil
entrou na guerra, mas os soldados brasileiros
não iam todos para os campos de batalha, a
grande maioria foi se embrenhar nas matas da
Amazônia, para extrair a borracha, que passou a
ser a commodity que mais contribuía com divisas
para o Tesouro Nacional, além de ser fundamental
na fabricação de equipamentos de guerra, como
pneus e outras peças para carros, tanques, navios
e aviões util izados nos campos de batalha da
Europa e Ásia.
“Getúlio Vargas recebe integrantes da Comissão de Financiamento
do Congresso americano. Em pauta, o ambicioso acordo da
borracha” - transcrição da legenda original, publicada pelo Jornal
do Brasil. Rio de Janeiro, 26 de maio de 2002 (Hemeroteca -
FCPTN - reprodução Alex Raiol)
55
Grande Café da Paz
No início do século XX, na esquina onde hoje se encontra o edifício sede do Banco da Amazônia,
em Belém do Pará, existia o Hotel-Restaurant Grande Café da Paz, exemplo do fausto do período áureo da
borracha. No seu terraço, reunia-se a “nata” da sociedade local e alguns visitantes ilustres ficaram hospedados
ali. Um deles foi o sanitarista Osvaldo Cruz:
“Hotel - Restaurant
GRANDE CAFÉ DA PAZ
ADOLPHO MELIBEU
Proprietário
PARÁ - BRAZIL
Pará, 28 de Junho de 1910
Minha querida Miloquinha
Já hoje te enviei uma carta que te fazia meus cumprimentos pela grande festa de hoje.
Ainda para assignalar este grande dia resolvi hoje aqui uma questão que nos vai tornar a vida mais
suave. O Governador do Pará me pediu para assumir a direcção da Campanha contra a febre amarella aqui,
o que aceitei. De volta de Madeira irei até a “flôr da minha gente” e de novo voltarei até aqui onde passarei
uns 15 dias para por o serviço em andamento, sob a direcção de pessôa de minha confiança. Voltarei ainda
no decurso do anno umas duas ou tres vezes. Ainda não sei das condições que me serão offerecidas. O
Governador com grande acanhamento mandou me perguntar quanto eu desejava. Mandei-lhe dizer que
deixava ao alvitre delle a resolver. Mas, a julgar pelo enthusiasmo em que está o homem as nossas vantagens
parecem serão bem grandes. Para mim a cousa será muito suave e conto obter resultados seguros prestando
assim um colossal serviço ao paiz. Segundo me informaram só no mez passado morreram duzentas e tantas
pessôas de febre amarella.
Tenho sido muito bem recebido aqui. Estou installado no Hotel em dependencia com quatro aposentos
pertencentes aos donos do Hotel, sendo todas as despezas pagas pello Governo; tenho 2 creados para me
servir, carro particular, automovel á porta e uma lancha sempre a disposição Tenho estado prezo aqui mais
tempo do que desejava porque houve uma greve á bordo do navio do Lloyd (Acre) que me terá de levar a
Manáos, donde partirei em navio especial para o Madeira. Espero porem partir amanhã (29) á tarde. Hoje
o Governador me veiu visitar. E agora á noite fui visitado pela filha da dona do hotel, ume exímia pianista,
formada no Conservatorio de Leipzig e que veiu tocar piano para eu ouvir. É uma verdadeira artista. Não
imaginas a romaria de visitas que tenho recebido o que me tem elevado ao auge a sentir irritação de
nervos. Sobretudo agora que desconfiam que vou tornar a direcção da Campanha contra a febre amarella o
chaleirismo está incomensuravel. Assim permitta Deus que sejamos bem succedidos.”
56
Quando Osvaldo Cruz esteve em Belém, a cidade vivia
seu momento de maior pujança, mas convivia com a febre
amarela. O governador João Coelho então deu carta branca
para o sanitarista atacar. Dizem que, em seis meses, Belém
estava livre da doença.
O Café da Paz viveu muitos dos momentos importantes
da capital paraense, até que sucumbiu à insensibilidade do
mercado. Quando o Banco da Amazônia comprou o terreno
para a construção do seu edifício-sede, o Café da Paz não
existia mais. Um dos mais belos exemplos da arquitetura da
Belle Époque no Pará já tinha sido demolido.(Acervo Arquivo Público do Pará - reprodução Alex Raiol)
57
Discurso do Rio Amazonas
Senhores:Vêr a Amazônia é um desejo de coração na mocidade de todos os brasileiros. Com os primeiros conhecimentos da Pátria maior, este vale maravilhoso aparece ao espírito jovem, simbolizando a grandeza territorial, a feracidade inegualável, os fenômenos peculiares à vida primitiva e à luta pela existência em toda a sua pitoresca e perigosa extensão. E’ natural que uma imagem tão forte e dramática da natureza brasileira seduza e povoe as imaginações moças, prolongando-se em duradouras ressonâncias pela existência em fora, através dos estudos dos sábios, das impressões dos viajantes e dos «artistas, igualmente presos aos seus múltiplos e indizíveis encantamentos. […]
“
”
58
Documento original (Acervo do Museu Teatro Amazonas - Manaus)
“
”
[…] Apenas — é necessário dize-lo corajosamente — tudo quanto se tem feito, seja agricultura ou indústria extrativa, constitue realização empírica e precisa transformar-se em exploração racional. O que a Natureza oferece é uma dádiva magnífica a exigir o trato e o cultivo da mão do homem. Da colonização esparsa, ao sabor de interesses eventuais, consumidora de energias com escasso aproveitamento, devemos passar à concentração e fixação do potencial humano. […]
“
”
[…] O nordestino, com o seu instinto de pioneiro, embrenhou-se pela floresta, abrindo trilhas de penetração e talhando a seringueira silvestre para deslocar-se logo, segundo as exigências da própria atividade nômade. E ao seu lado, em contacto apenas superficial com esse gênero de vida, permaneceram os naturais à margem dos rios, com a sua atividade limitada à caça, à pesca e à lavoura de vazante, para consumo doméstico. Já não podem constituir, por si sós, esses homens de resistência indobrável e de indomável coragem, como nos tempos heróicos da nossa integração territorial, sob o comando de Plácido de Castro e a proteção diplomática de Rio Branco, os elementos capitais do progresso da terra, numa hora em que o esforço humano, para ser socialmente útil, precisa concentrar-se técnica e disciplinadamente. […]
59
“
”
[…] Vim para ver e observar de perto as condições de realização do plano de reerguimento da Amazônia. Todo o Brasil tem os olhos voltados para o Norte, com o desejo patriótico de auxiliar o surto do seu desenvolvimento. E, não somente os brasileiros, também estrangeiros, técnicos e homens de negócio, virão colaborar nessa obra, aplicando-lhe a sua experiência e os seus capitais, com objetivo de aumentar o comércio e as indústrias, e não, como acontecia antes, visando formar latifúndios e absorver a posse da terra, que, legitimamente, pertence ao caboclo brasileiro. […]
“
”
[…] O período conturbado que o Mundo atravessa exige de todos os brasileiros grandes sacrifícios. Sei que estais prontos a concorrer com o vosso quinhão de esforço, com a vossa admirável audácia de desbravadores para a obra de reconstrução iniciada. Não vos faltará o apoio do Governo central para qualquer empreendimento que beneficie a coletividade. […]
“
”
[…] Nada nos deterá, nesta arrancada, que é, no século vinte, a mais alta tarefa do homem civilizado: conquistar e dominar os vales das grandes torrentes equatoriais, transformando a sua força cega e a sua fertilidade extraordinária em energia disciplinada.[…]
60
“
”
[...] E, assim, obedecendo ao seu próprio signo de confraternização, aqui poderemos reunir essas nações irmãs, para deliberar e assentar as bases de um convênio em que se ajustem os interesses comuns e se mostre, mais uma vez, com dignificante exemplo, o espírito de solidariedade que preside às relações dos povos americanos, sempre prontos à cooperação e ao entendimento pacífico. […]
“
”
[…] E a nós, povo jovem, impõe-se a enorme responsabilidade de civilizar e povoar milhões de quilômetros quadrados. Aqui, na extremidade setentrional do território pátrio, sentindo essa riqueza potencial imensa, que atrai cobiças e desperta apetites de absorção, cresce a impressão dessa responsabilidade, a que não é possível fugir nem iludir.Sois brasileiros, e aos brasileiros cumpre ter conciência dos seus deveres, nesta hora que vai definir os nossos destinos de Nação. E, por isso,concito-vos a ter fé e a trabalhar, confiantes e resolutos, pelo engrandecimento da Pátria.
61
62
À esquerda, capa e página da cartilha “Soldado da Borracha”, 1943. Acima, página do Plano de Organização da Campanha Nacional da Borracha Usada, julho de 1943. Desenhos de Jean-Pierre Chabloz
63
O colapso da indústria bélica dos Estados Unidos da América também levou a
vários acordos, conhecidos como Os Acordos de Washington, em março de 1942, com
as nações latino-americanas (Brasil, Bolívia, Peru e Colômbia), tradicionais produtoras
de borracha natural, para a aquisição de todo o excedente do produto, ou seja, toda a
produção não util izada pelas incipientes indústrias nacionais.
O presidente Getúlio Vargas mobilizou o seu ministério, principalmente o corpo
diplomático do Itamaraty e o ministério da Fazenda – assim como a toda a população do
país –, numa verdadeira campanha de propaganda de guerra, no sentido de apresentar
os acordos como a única saída para o desenvolvimento econômico e social do Brasil,
util izando-se do ufanismo e do heroísmo da massa trabalhadora para alcançar os
objetivos.
A urgência e a excepcionalidade desses acordos, devido à necessidade do
A Batalha da Borracha
Desenho de Jean-
Pierre Chabloz
64
abastecimento das tropas aliadas e das populações dos países engajados na guerra pela democracia e
contra o fascismo, tomaram a dimensão de uma verdadeira batalha - A Batalha da Borracha. Esta batalha se
desenvolvia na Amazônia, dando sustentação às travadas nos campos de guerra do outro lado do Atlântico.
Do total de 28 acordos assinados pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos da América, 14 diziam
respeito diretamente à extração, comércio e exportação da borracha não-beneficiada e à industrialização
de artefatos de borracha, como pneus, câmaras de ar para automóveis e bicicletas, galochas, balões, luvas,
tapetes, atoalhados, preservativos, colchões, solados para calçados e um sem número de outros produtos da
pequena indústria.
Além da seringueira (Hevea brasilensis), outros vegetais amazônicos também produziam goma elástica
natural, como o caucho (Castilla ulei Warb ou Castil loa Ulei) e a maniçoba (Manihot glaziovii), que produziam
uma borracha de qualidade inferior à Hevea. Os acordos restantes visavam à produção e exportação de
diversas outras matérias-primas, como a castanha-do-Pará (ou castanha-do-Brasil), a juta, minérios ou, ainda,
assistência social, como saúde e saneamento.
Publicação de O Estado do
Pará, em 5 de abril de 1942:
“O sub-secretario de Estado, sr.
Sumner Welles cumprimentando
o ministro Artur de Souza Costa,
quando o titular da Fazenda
do Brasil chegava a Capital
Americana. A esquerda vemos
o embaixador brasileiro em
Washington sr. Carlos Martins.
Entre o ministro Souza Costa e
o secretario Welles vemos o sr.
Alencastro Guimarães, primeiro
secretario da nossa embaixada
na América – (Foto Associated
Press). Ao centro, publicação
do jornal A Folha do Norte, em
Belém, 26 de julho de 1942,
com a legenda: “No Itamaraty,
assinatura dos Acordos de
Washington”. (Acervo FCPTN).
Ao lado, desenho de Chabloz.
65
O dinheiro começou a circular no Brasil
ainda nos primeiros anos da chegada dos
colonizadores portugueses. D. Sebastião I,
então rei de Portugal, autorizou a emissão
de moeda daquele país no recém-descoberto
território. Em 1580, com a união das coroas
de Portugal e Espanha, passaram a circular
em grande quantidade as moedas de prata
espanholas (sendo que nesses primeiros
séculos de colonização também circularam
moedas trazidas por piratas e invasores).
No nordeste do país, quando a região
vivia sob o domínio holandês, entre 1630 e
1654, foram cunhadas as primeiras moedas no
Brasil: os florins e os soldos – as primeiras a
terem a palavra Brasil.
Já em 1808, a situação provocada pela
mudança da família real portuguesa para o
Brasil e pela queda na produção do ouro na
colônia, fez com que a quantidade de moedas
Moedas do Brasil
66
em circulação fosse insuficiente para atender
ao aumento dos gastos com a manutenção da
estrutura administrativa da Coroa.
Nesse período, o dinheiro que circulou
no Brasil – sob o padrão Réis – foi emitido
por diversas instituições, inclusive bancos
particulares, o que acabou provocando uma
confusão financeira e fazendo com que o
Tesouro Nacional, em 1896, voltasse a ser o
responsável pela emissão de cédulas.
Para uniformizar o dinheiro em circulação
e como parte do processo de criação de
instituições de financiamento, como o Banco
de Crédito da Borracha, em 1942, em plena
2a. Guerra Mundial, foi instituída a primeira
mudança de padrão monetário no país: saiu
o Réis ($) para a chegada do Cruzeiro (Cr$).
Cada mil réis equivalia a um cruzeiro que, pela
primeira vez, se dividia em centavos.
A chegada da nova moeda organizou o
sistema financeiro, que tinha então mais de
80 tipos diferentes de cédulas e moedas.
O Tesouro Nacional passou a ser o único
emissor e a Casa da Moeda do Brasil, a
única fabricante das moedas metálicas. A
partir de 1964, quando foi criado o Banco
Central, este passou a ser o responsável
pela emissão do papel-moeda.
Ao longo dos anos seguintes, a
inflação crescente fez com que o governo
promovesse sete mudanças no padrão
monetário brasileiro: Cruzeiro Novo
(NCr$) em 1967, novamente Cruzeiro
(Cr$) em 1970, Cruzado (Cz$) em 1986,
Cruzado Novo (NCz$) em 1989 (que pela
primeira vez trazia a imagem da Efígie da
República); em seguida, mais uma vez o
Cruzeiro (Cr$) em 1990, Cruzeiro Real
(CR$) em 1993, e finalmente, o Real (R$),
a partir de 1994.
67
Os Novos
Soldados
Para fazer frente a toda essa demanda pela
borracha, foi necessário que o governo brasileiro
retomasse o controle e a administração do
aparelho produtivo da Hevea, em franca e terrível
decadência durante décadas. Esse fato implicou
reativar os antigos seringais (principalmente
no Acre); viabilizar novas zonas de produção;
realizar uma nova transferência de mão-de-obra
nordestina; renovar o obsoleto e desgastado
sistema de transportes na região amazônica;
propiciar condições sanitárias para a região e
prover as zonas produtoras dos suprimentos
necessários.
O contingente de cerca de 55.000
nordestinos recrutados às pressas e levados à
Amazônia para a extração do látex, foi denominado
de exército da borracha e os novos seringueiros
até hoje ficaram conhecidos como os soldados
da borracha - nessa batalha pereceram mais
brasileiros que no front europeu.
Esses homens e mulheres – já que muitos
levaram suas esposas e filhos – sem perspectivas Cartaz que circulava no país atraindo brasileiros para o trabalho na
Amazônia. Jean-Pierre Chabloz, 1943. Litogravura, 109x68cm.
Impressão C. Mendes Junior, Rio de Janeiro
68
de vida por causa da seca que assolou o Nordeste,
de 1941 a 1943, foram atraídos por uma
gigantesca campanha publicitária governamental,
com a promessa de sair da miséria para um futuro
promissor.
Os soldados da borracha constituíram-
se nos verdadeiros heróis dessa saga, da qual
milhares foram dizimados por doenças fatais
devido à insalubridade da região, por picadas
de cobra, ataques de feras ou devido à guerra
particular contra os índios, que reagiam com
violência à invasão dos seus territórios pelas
multidões de seringueiros migrantes, que os
expulsava de suas terras e culturas ancestrais.
O processo de recrutamento do soldado
da borracha teve o apoio do DNI (Departamento
Nacional de Imigração), com a criação do SEMTA
(Serviço de Encaminhamento e Mobilização
de Trabalhadores para a Amazônia), a agência
federal encarregada da migração (compulsória e/
ou voluntária) dos nordestinos para as zonas de
produção.
O governo federal, através do SEMTA, foi
responsável por todas as ações de motivação,
encaminhamento, transporte, adestramento nas
técnicas de extração e beneficiamento do látex,
alojamento, organização e por todos os apetrechos
necessários para o trabalho na floresta, desse
enorme contingente de trabalhadores, que também
necessitavam de cuidados com alimentação e
atenção à saúde, para uma vida mais saudável
e digna, conforme pregava a propaganda oficial.
Jean-Pierre Chabloz. Desenho e colagem s/cartão, 11,5x14cm Jean-Pierre Chabloz, 1943. Estudo para cartaz. 15x12cm Jean-Pierre Chabloz, 1943. Estudo para cartaz. 96x66cm
69
Jean-Pierre Chabloz
A história do suíço e “cidadão do mundo”,
como ele mesmo gostava de se definir, Jean-
Pierre Chabloz, é recheada de aventuras vividas
pelo planeta afora. Rico, educado na Europa do
início do século 20, nasceu em Lausanne, Suíça
no ano de 1910. Foi pintor, desenhista, crítico
de arte, músico, professor e publicitário. Entre
1929 e 1932, estudou na Escola de Belas Artes
de Genebra, Suíça. Formou-se em 1938 pela
Accademia Belle Arti di Brera, Milão, Itália.
Por causa da guerra, em 1940, transferiu-
se para o Rio de Janeiro com a família, onde
frequentou o núcleo artístico da Pensão Mauá,
localizada em frente à casa de seus sogros. Na
época também expôs no Rio e em São Paulo.
Em 1943, foi convidado a trabalhar em
Fortaleza, na campanha da borracha, como parte
dos esforços de guerra. As obras da campanha
para atrair os “soldados da borracha” levam a
assinatura de Chabloz, que, anos mais tarde, ao
conhecer a realidade da sina dos seringueiros na
Amazônia, teria entrado em depressão.
Juntamente com Aldemir Martins, Antônio
Bandeira, Inimá de Paula, Mário Barata e Raimundo
Feitosa, formou um grupo renovador da arte
cearense, responsável pela criação do Salão de
Abril. Chabloz participou da Associação Cultural
Franco-Brasileira do Ceará e da Sociedade
Cearense de Artes Plásticas-SCAP. Também
mantinha uma coluna cultural no jornal cearense
“O Estado”, fazia recitais de violino, dava aulas
de música e encontrava tempo para incentivar os
artistas locais.
Em 1945, voltou ao Rio de Janeiro e expôs na
galeria Askanasy, com artistas cearenses, inclusive
Chico da Silva (1910-1985), pintor que Chabloz
descobriu e divulgava. Em 1948, novamente em
Fortaleza, expôs no 4º Salão de Abril. Depois partiu
para a Europa e só retornou a Fortaleza em 1960,
tendo vivido em Niterói (RJ) a partir de 1970.
Morreu em 1984, durante uma estada em
Fortaleza, cidade pela qual se apaixonou e adotou
como sua. O acervo de sua obra pertence ao
Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará.
Na página ao lado, obras de Jean-Pierre Chabloz, 1943. Em destaque,
litogravura, 100x60cm. Impressão C. Mendes Junior, Rio de Janeiro e
“Belém do Pará”, desenhos sobre cartão, 33X24cm cada.
Á direita, “Fillette en Bleu”, óleo sobre tela, 27x34cm.
Estação Ferroviária João Felipe. Ao centro, Chabloz. Foto Aba-Film,
Fortaleza, 1943.
71
O Herói do Seringal
Cabe uma observação relevante sobre
as reações de espanto, medo e preconceito da
população amazônica contra esses imigrantes
nordestinos, a quem chamavam pejorativamente
de arigós ou brabos.
Até hoje o estigma prevalece em muitos
lugares, embora, num ato louvável, o governo do
Acre tenha reconhecido oficialmente a importância
deles, como formadores da população e da
cultura acreana, principalmente dos cearenses, já
que o escritório central do SEMTA se achava em
Fortaleza, capital do Estado do Ceará, de onde
partiu o maior contingente que alcançou chegar
ao Acre. No dia 14 de julho é hasteada a bandeia
cearense ao lado da acreana, em comemoração
ao aniversário da I República Independente do
Acre, criada em 1899 pelo aventureiro espanhol
Luiz Galvez, andaluz nascido em Cádiz, que
chegou ao Acre atraído pelo boom da borracha.
Chefe de turma recebendo braçadeira de identifi cação. Foto Aba-
Film, Fortaleza, 1943.
72
Dezenas de milhares de homens e mulheres atenderam ao chamado do governo: os “soldados da borracha”. Fotos Aba-Film, Fortaleza, 1943.
Quando os nordestinos chegaram,
encontraram as relações de produção da
economia extrativista já estabelecidas: prevalecia
o sistema de aviamento e o trabalho compulsório
do seringueiro, preso irremediavelmente à dívida
no barracão do patrão-seringalista.
Ao chegar precisavam comprar todo
o material de trabalho e assim, começava a
crescente dívida, que a maioria nunca conseguia
pagar.
Também houve “as violentas reações
e ressentimentos das classes conservadoras
e produtoras da Amazônia, que, por terem
ficado totalmente alijadas do novo processo de
financiamento e aviamento, protagonizaram um
efetivo boicote ao mesmo, acarretando a falência
da mais séria tentativa que se fez até hoje, na
Amazônia, de se quebrar com o iníquo e secular
sistema de aviamento que vigorava em todo o
73
Jean-Pierre Chabloz,
1943. Acima,
ilustrações para cartilha:
desenho a bico de
pena sobre papel,
11x15,5cm; seguido de
desenho sobre papel,
11x17cm e desenho
a bico de pena sobre
papel, 9x13cm
vale”, registrou Pedro Martinello, no livro “A Batalha
da Borracha na Segunda Guerra Mundial”.
Outra obra importante sobre o período e o
dia-a-dia do seringueiro é ” A Borracha no Brasil”,
de Amando Mendes:
“O seringueiro dá início aos serviços de
extração no dia 15 de abril, fazendo a limpeza
das suas ‘estradas’ (grupos de 100 a 150 árvores,
espalhadas irregularmente na mata). [Depois},
começa a fazer a ‘sangria’ das árvores, [que]
dura 10 dias.[...] A interrupção do fabrico ocorre
na época da floração da seringueira; e, neste
período, o seringueiro amanha a terra [...] para,
na época própria fazer a sua pequenina semeadura
do feijão, mandioca, milho e cana.[..] Ele trabalha
[...] levantando-se às 3 horas da madrugada para
fazer o café e [...] o feijão do seu almoço. Deixa a
barraca às 4,30 da manhã para correr as ‘estradas’
fazendo os cortes e ‘colocar as tijelinhas’, para logo
após, correr novamente as estradas e recolher o
74
Contrato de encaminhamento; equipamento de viagem fornecido pelo SEMTA aos Soldados da Borracha, Jean-Pierre Chabloz, 1943, desenho sobre cartão, 17x13,5cm; e partida para a Amazônia, Porto de Mucuripe - Fortaleza/
CE. Foto Aba-Film, Fortaleza, 1943
látex. Às 2 ou 3 horas da tarde, retorna à barraca,
descança minutos a preparar o ‘almoço-jantar’,
para em seguida defumar o leite recolhido,
gastando nessa operação de uma a duas horas, e
assim ganhar o descanço, quando já são 6 horas
da tarde, no seu dia de 16 horas de afan”. A
média de peso das “pelas” (bolas) de borracha no
fim do dia, era de 40 kg, carregados às costas.
Dos que sobreviveram, poucos
conseguiram voltar à terra natal com algum
dinheiro e ostentando relógios de ouro “Mido” e
levando caixas de perfume Royal Briar. A maioria
permaneceu pobre; alguns ainda continuam
vivendo na Amazônia, não só porque constituíram
família, mas por não terem conseguido pagar
dívidas ao barracão.
Esquecidos no fim da 2a. Guerra, os
soldados da borracha conquistaram um auxílio
de dois salários mínimos e buscam o mesmo
reconhecimento dado aos “Pracinhas”.
75
Para concretizar os Acordos de Washington,
os governos brasileiro e norte-americano
– até então limitados à ação diplomática e
estudos e pesquisas preliminares – implantam
um dispositivo organizacional e logístico de
grande dimensão para a época, atendendo à
necessidade de aumentar de modo consistente
a produção da borracha: financiamento e crédito
para seringalistas, abastecimento de víveres e
equipamentos, melhoria dos transportes, ações
de saúde e saneamento entre outras.
Sobre o financiamento dessa empreitada,
Brasil e Estados Unidos “decidem criar o Banco
de Crédito da Borracha, (Dec. nº 4.451, de 9 de
julho de 1942) que teria como objetivo fomentar e
financiar toda a atividade gumífera da Amazônia”,
conta Pedro Martinello. A criação do BCB foi
promulgada segundo o art. 7 dos Estatutos
O Banco de Crédito da Borracha
Acima, primeiro Estatuto do Banco de
Crédito da Borracha S/A. (Acervo Banco da
Amazônia).Em baixo, Douglas H. Allen, da
Rubber Reserve, em Belém - Folha do Norte,
24 de julho de 1942. (Acervo FCPTN)
76
aprovados no Rio de Janeiro pela Assembleia
Geral em 1º de agosto de 1942 e confirmada em
decreto pelo Ministro de Estado dos Negócios da
Fazenda, logo após, em 4 de agosto de 1942.
Para o crítico programa de abastecimento
da região, que iria ver acrescida a sua população
por esse novo contingente de imigrantes, foi criada
a SAVA (Superintendência do Abastecimento
para o Vale Amazônico) que, junto com a RDC
(Rubber Development Corporation), antiga RRC
(Rubber Reserve Company), representante dos
Estados Unidos nos acordos, se incumbia de
prover e regular o suprimento de víveres para a
região. A SAVA foi posteriormente incorporada
ao SEMTA, que sofreu diversos problemas
administrativos e políticos, dando origem à CAETA
(Comissão Administrativa de Encaminhamento de
Trabalhadores para a Amazônia).
Detalhe da marca do BCB, impressa no verso das primeiras folhas de cheques de 1948. (Acervo Banco da Amazônia)
77
Frente ao vital problema do transporte,
investiu-se no SNAPP (Serviço de Navegação e
Administração dos Portos do Pará) que já existia,
remodelando e potencializando sua frota fluvial.
Além disso, foi enfatizado outro tipo de transporte, o
aéreo, que demonstrou ser de grande valia, devido
às imensas distâncias e às dificuldades inerentes à
natureza da região amazônica.
Quanto às estradas, os acordos também
previram investimentos na melhoria do que já existia
e na criação de novas malhas viárias (tanto rodovias
quanto ferrovias), com o objetivo de facilitar tanto o
escoamento da produção como o fluxo migratório
das populações regionais.
O Banco de Crédito da Borracha S/A foi criado
para ser o agente comercial e financeiro do Brasil
nessa intermediação entre o produtor de borracha e
o mercado internacional. As atividades do BCB são
divididas em dois ciclos distintos: o primeiro, que vai
de sua fundação – assumindo a presidência o então
Capitão Oscar Passos – até o final da 2ª Guerra
Mundial; e o segundo, a partir desse fato histórico –
a Paz foi selada em Agosto de 1945 – até o término
dos Acordos de Washington, em 1947.
Nos primeiros meses, por falta de infraestrutura
Certifi cado de Ações Ordinárias Nominativas do
BCB no valor de Rs.1:000$000 (um conto de
réis cada), em favor de Mario Barroso Ramos,
em 11 de setembro de 1942. Em baixo, Livro
de Registro de Presença de Empregados (1942
– 1943). (Acervo Banco da Amazônia)
78
suficiente para manter as atividades do BCB, o governo
federal, através do Ministério da Fazenda, colocou a
Carteira de Exportação e Importação do Banco do
Brasil (BB) à disposição para gerir a implantação
do BCB, apoio que se estendeu até 1949, quando
apenas um funcionário ainda assessorava o quadro
do Banco da Borracha.
Em 1943, o então presidente do BCB, Dr. José
Carneiro da Gama Malcher, que sucedeu o deputado
Oscar Passos na Diretoria da instituição, enaltece a
ajuda do BB no primeiro relatório oficial da Diretoria
do Banco à Assembleia Geral dos Acionistas da
instituição:
“Para organização e efetivo funcionamento
dos serviços do Banco, tornava-se necessário
pessoal especializado e experimentado. Recorreu a
diretoria para esse efeito ao Banco do Brasil, que do
seu funcionalismo, sobejamente conhecido por sua
dedicação, disciplina e competência técnica, destacou
alguns elementos [...] que integraram-se ao quadro
com outros elementos escolhidos e aceitos mediante
provas de idoneidade e competência, os quais, por
sua vez vêm desempenhando satisfatoriamente as
funções para que tem sido destacados.”, segundo o
Relatório BCB, 1943.
Desembarque de caminhões e caminhonetes adquiridos no período de 1946 a 1948.
(Acervo Digital: Departamento do Patrimônio Histórico e Cultural do Acre)
79
O Banco da Borracha e o Futuro da Amazônia
O primeiro relatório oficial do BCB foi apresentado à
Assembleia Geral dos Acionistas, cumprindo seu Estatuto,
somente em março de 1944. Nele, a diretoria tecia
considerações gerais sobre as ações do banco (operações
de crédito, recursos, depósitos, produção da borracha,
exportação, estoques, fiscalização de seringais) durante o
ano de 1943, além do balanço do ativo e passivo, pareceres
do Conselho Fiscal, relação dos acionistas e anexos com
tabelas de contratos de financiamento de produção.
Ao findar 1943, as atividades do BCB estavam
espalhadas “por Agências e sub-agências ou escritórios
em diversas zonas do país, [o que exige] maior número de
funcionários [...]. Presentemente conta o Banco com 221
funcionários distribuídos pela Matriz (Belém) e nas agências
de Manaus, Rio Branco (Acre), Guajará Mirim, Porto Velho,
Fortaleza, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte
e Cuiabá”, como informa o mesmo documento.
A primeira diretoria do BCB a apresentar um relatório
estava constituída pelo presidente, José Carneiro da Gama
Malcher; por três diretores brasileiros, senhores Ruy Mário
de Medeiros, Abelardo Condurú e Ignacio Caldas; e dois
norte-americanos, funcionários da RUBBER RESERVE
COMPANY, representante do governo dos Estados Unidos
da América, senhores Edward R. Jobson e George E. Pell,
além de três integrantes do Conselho Fiscal.
Comunicado de Concurso Público para admissão de funcionários
do BCB, 22 de julho de 1944. (Acervo Banco da Amazônia)
80
Nos anos subsequentes, os relatórios mostram que
foram abertos concursos públicos para todas as categorias
da administração: além dos empregados do quadro (agentes,
escriturários, estivadores e fiscais de seringais), também
existiam os requisitados, contratados, diaristas de escritório,
motoristas etc.
Em 1944, visando formar pessoal especializado e
experimentado, o Banco criou um Curso de Aperfeiçoamento
Bancário, com aulas de Português, Inglês, Matemática,
Contabilidade, Estatística, Prática Judiciária Comercial, Prática
de Administração e Conhecimentos de Borracha.
Em 1945, o BCB “numa demonstração pública do
interesse que lhe merece o futuro da região Amazônica, e
conhecedor como é, de que este problema está diretamente
ligado à fixação do homem ao solo e do seu preparo para
enfrentar as vicissitudes da vida, resolveu, como primeiro
passo para uma solução satisfatória, amparar os filhos dos
homens que com seu trabalho, com o seu destemor heroico,
não trepidam em afrontar as surpresas da selva para colher
o produto de que tanto necessita a Humanidade. Com esta
finalidade instituiu o ‘Fundo para Educação e Alfabetização dos
Filhos dos Seringueiros e dos Pequenos Seringalistas’, levando
o seu crédito a importância inicial de Cr$6.000.000,00.”
“A Diretoria já tem em estudos um plano para uma
profícua aplicação desta quantia em favor da criança, certa
de que auxiliando a formação física, moral e técnica do futuro
trabalhador, está prestando à Pátria um relevante serviço”.
Já no ano de 1947, o BCB tinha em funcionamento a
Matriz em Belém e mais nove agências fil iais e três escritórios,
tendo sido criadas as agências de Boca do Acre e Benjamin
Constant (AM) e Altamira (PA).
Acima, Livro de Termo de Posse dos
Diretores do Banco, de 1942 a 1978.
Em baixo, registro de admissão de
empregados do BCB.
81
Foto: Ermano Stradelli. (Acervo MIS/AM)
82
Recentemente, os estudos históricos
buscaram e deram voz aos testemunhos sobre
mulheres. Desde 1970, os debates sobre gênero
ganharam reconhecimento da pesquisa científica,
com questionamentos sobre a dimensão da exclusão
a que estavam submetidas, entre outros fatores, por
um discurso universal masculino. Depois de longo
silêncio, as vozes femininas, muitas vezes solitárias,
puderam ser ouvidas também no interior da selva
amazônica. Vozes que compartilharam a difícil vida
nos seringais.
A presença dessas trabalhadoras na região
é dividida em dois momentos: no primeiro ciclo da
borracha – quase inexistente, já que teoricamente
não colhiam o látex; e no segundo, em número maior,
foi essencial, pois além dos afazeres domésticos e
maternos, não raro, também coletavam e defumavam
o látex.
No primeiro ciclo, entre 1870 e 1912,
foi acentuada a diferença entre o número das
populações masculina e feminina, nos altos rios. A
grande maioria era de homens solteiros, jovens ou
adultos, que vinha principalmente do Nordeste como
força de trabalho, sem qualquer condição de agente
de produção, trabalhar na empresa extrativista da
borracha para fazer fortuna e voltar para o sertão.
O quadro mudou no segundo ciclo da
borracha, de 1940 a 1945, quando o trabalho de
rotina da mulher foi sobrecarregado pela coleta e
defumação do látex, pela criação de animais, além
do plantio de alimentos - a guerra impôs crise de
abastecimento e os seringueiros não compravam
mantimentos, como antes.
Esse novo surto de crescimento econômico
regional contou com a força, decisiva, de trabalho
feminino e, embora muitas fossem seringueiras,
não se fala de “Soldadas da Borracha”, apenas os
homens ainda são considerados. Assim, cresceu
a importância do trabalho da mulher no corte da
seringueira, fosse por conta da necessidade de
aumentar a renda paterna, que util izava a mão-de-
obra familiar; ou pela decisão de ajudar o marido,
endividado no barracão; ou com a morte, invalidez,
do chefe da família, quando assumiam as estradas
de seringa e toda a responsabilidade do sustento
familiar.
Embora o trabalho da mulher não ficasse em
nada a dever ao trabalho do seringueiro, a estrutura
da sociedade do seringal não admitiu contrato
de “seringueira”; não permitiu cadastramento e
movimentação de conta no Barracão. Todas as
ações da mulher foram contabilizadas em nome do
companheiro, mesmo que ele estivesse morto –
situação que, ainda hoje, inviabiliza a aposentadoria
de mulheres, com direito aos dois salários mínimos,
destinados apenas aos “Soldados da Borracha”.
Apesar disso, hoje a História reconhece as mulheres
que também contribuíram para a formação da
sociedade amazônica, como bravas e destemidas
“mulheres seringueiras”.
Mulheres Seringueiras
83
Termina a Guerra
Em agosto de 1945, com o bombardeio atômico
dos EUA, que destruiu as cidades japonesas de Hiroshima
e Nagazaki, e com a consequente rendição do Império do
Japão e dos outros países do Eixo, a Paz foi selada.
Sobre o fim da 2ª Guerra Mundial, o relatório do BCB,
em 1947, descreve que “a situação mudara completamente
e se apresentava sombria. Confirmava este temor a posição
dos mercados internacionais inundados pela borracha das
Plantações do Oriente. [...] A Amazônia não pôde aproveitar
o período da guerra para acumular reservas monetárias que
lhe permitissem maiores empreendimentos, porque seus
principais gêneros de exportação não tinham saída para o
exterior por imperativo da luta, [...] assim como não plantou
seringais em larga escala, que lhe permitissem fazer frente
à concorrência no mercado internacional”.
Nesse momento, o mercado internacional da borracha
Os Acordos de Washington só podem ser compreendidos
“no cenário dramático e na grave emergência em que se encontrava
o mundo. Foram convênios de guerra e, portanto, sujeitos ao clima
de nervosismo, de afl ição, que as catástrofes determinam.”
Cassio Fonseca
Explosão de bomba atômica sobre o porto japonês de Nagasaki, em 8
de agosto de 1945. (Acervo Arquivo Nacional Americano)
84
se achava em pânico. “Terminada a guerra
mundial, recuperadas as plantações do Oriente
para o mundo ocidental depois da derrota dos
japoneses, reduzidas as demandas extraordinárias
do governo norte-americano, o contraste entre a
Hevea brasileira e a oriental nos colocava em
difícil posição”.
E não foi somente esse o fator negativo
que atingiu a produção da borracha na Amazônia.
Durante os anos de guerra, as atividades
extrativas do vale amazônico ficaram praticamente
paralisadas em relação a todos os demais
produtos da região: castanha, balata, pau rosa,
cacau, madeiras, etc.
Em junho de 1947, expiraram os Acordos
de Washington e “a indústria brasileira não se
mostrava ainda capaz de absorver nossa produção,
embora viesse em crescente prosperidade”.
A falta desses recursos financeiros trouxe
sérias - mas não insolúveis - consequências para
a borracha brasileira, não fosse a organização da
economia gumífera, principalmente pela atuação
do Banco de Crédito da Borracha S/A.
Como parte dessa organização, foram
da maior importância as iniciativas do BCB,
Embarque de borracha laminada para São Paulo. (Acervo Digital: Departamento do Patrimônio Histórico e Cultural do Acre). O marechal alemão Wilhelm Keitel assina os termos de rendição em Berlim, Alemanha, em 7 de
maio de 1945. (Acervo Arquivo Nacional Americano)
como inaugurar com a colaboração do Instituto
Agronômico do Norte, órgão do ministério da
Agricultura sediado em Belém, um curso técnico
de aperfeiçoamento destinado aos fiscais de
seringais, diplomados em agronomia, assim como
a constituição de uma biblioteca especializada em
assuntos amazônicos.
Também foi construído o primeiro armazém
(galpão) com capacidade para receber toda
a borracha adquirida e oferecer condições de
segurança e higiene aos trabalhadores, à rua da
Municipalidade, no bairro do Reduto, em Belém
- edifício cuja planta obedeceu aos requisitos
da técnica moderna e é estudado por gerações
de arquitetos e engenheiros, como exemplo de
construção inovadora e surpreendente, da época.
Ainda, “foi instalado um ambulatório com
o intuito de dar maior assistência à saúde dos
funcionários, localizado à avenida Oswaldo Cruz
no centro de Belém, com uma parte hospitalar
dotada de completo e moderno gabinete de
radiologia, de salas de operações, enfermarias,
clínica obstétrica, gabinete dentário e demais
melhoramentos que a ciência médica moderna
aconselha”.
85
Os Soldados Urbanos da Borracha
Numa época em que o Reduto era marcado pelo Igarapé
das Almas, o cheiro da borracha impregnava todo o bairro. Com
chuva ou sol, o trabalho não parava, dentro e fora do galpão. A
borracha chegava pelo cais do porto nos navios dos seringalistas
e era desembarcada por estivadores. Depois seguia para o
galpão do Banco, em caminhões carregados com até 150 fardos,
conforme o tamanho das pelas. Lá, depois de classificada, a
borracha ia para as usinas, onde eram lavadas e secas, antes da
prensagem – a última etapa antes da exportação.
Os diaristas chegavam cedo, entre 6h e 7h, para “responder
o ponto e pegar no pesado”, pois quando era feita a chamada
pelo nome dos homens que iam trabalhar naquele turno, àqueles
que não respondessem, perdiam a vez para carregar, cortar,
selecionar centenas de pelas, com cerca de 60 kg cada. Longe
das agruras dos seringais, um soldado da borracha urbano, num
trabalho que era para poucos.
Um desses homens saiu de Vigia, no nordeste paraense,
para “arriscar a sorte” na capital, Belém, aos 12 anos de idade.
Dez anos depois, no dia 3 de março de 1958, passando pela
travessa Municipalidade, viu a grande quantidade de pelas de
borracha espalhadas pela rua... Na frente do galpão do Banco,
a aglomeração de homens chamou a atenção. Aproximou-
se e descobriu que estavam selecionando trabalhadores. No
mesmo dia, Francisco Rubens Barbosa começou sua história de
dedicação ao Banco, que só encerrou com uma aposentadoria,
24 anos depois.
Seu Barbosa conta que era comum acontecer de homens
saírem para “merendar” e, simplesmente, não voltarem para o
trabalho. “Largavam até as roupas. Iam e nunca mais voltavam”.
No galpão trabalhavam 12 contratados do Banco e 145
diaristas que se dividiam em categorias de serviço. O carregadores
Plantas originais do armazém de borracha, à rua
Municipalidade, em Belém. (Acervo Banco da Amazônia)
86
cuidavam do transporte do produto, dos caminhões para o prédio
e vice e versa. Em seguida, as pelas eram selecionadas pelos
seguradores - homens fortes, que com o “gato” (uma espécie de
gancho) puxavam o produto para lados opostos, para o cortador,
que com um cutelo (facão) cortava a pela para separar os tipos
de borracha. Ao lado do cortador, trabalhava o classificador,
profissional que verificava o tipo de borracha: a parte central da
pela era chamada de “acre fina” e considerada de alta qualidade.
A camada externa, por conseguinte aquela que recebia todas as
intempéries do transporte, era de menor qualidade - a “cernambi
rama”, também conhecida como “fino”, “entre fina”, “virgem” e
“comum”.
Era comum, no processo de corte, eles encontrarem a
“mistura”, pedra ou a tabatinga, colocada dentro da pela, para
aumentar o peso. Também encontravam potes de cerâmica, o que
prejudicava a amolação do facão que usavam para o corte. Para
os trabalhadores, a “mistura” era a vingança do seringueiro pela
exploração que sofria do seringalista.
Hoje, aos 75 anos de idade, seu Barbosa lembra, com voz
tranquila, do tempo em que trabalhava no armazém do Banco de
Crédito da Amazônia e garante que “o ‘gato’ foi a caneta que o
fez entrar no Banco e garantiu o sustento da família. Na década
de 60, com a queda da produção da borracha, os profissionais
foram incorporados ao quadro do banco, como servente inicial.
Na Municipalidade, hoje, além de uma agência e da sede da
Superintendência Pará I, o antigo prédio abriga o almoxarifado e o
arquivo central. Mas entre os equipamentos dos dias atuais, ainda
se pode encontrar toda a estrutura do Armazém da Borracha,
como era conhecido quando foi construído, na década de 40 e,
em frente ao prédio histórico, uma árvore seringueira remete à
memória de um passado com cheiro de borracha no ar.Francisco Barbosa, uma vida a serviço do Banco da Borracha. Foto Marcelo Lelis
87
Medidas para Garantir a Economia da Borracha
Em 8 de Setembro de 1947, foi promulgada
a Lei nº 86, que permitiu a estabilização da economia
gumífera no Norte do País, através da garantia do
preço, do fi nanciamento dos estoques e do estímulo à
industrialização intensiva, pelo fato de manter os preços
da borracha natural ao nível de 1944 (ainda conforme
os Acordos de Washington), prorrogando as atribuições
do BCB como órgão fi nanciador do produto, para
estimular o consumo no mercado interno e prevendo o
fi nanciamento dos excedentes de produção através do
Plano de Valorização Econômica da Amazônia.
A partir daí, a importância do mercado interno
pode ser medida pelo fato de que só a indústria do
Estado de São Paulo, nessa altura, consumia em média
borracha equivalente a Cr$1.150.000,00 por dia útil.
Um novo problema se apresentava: a indústria
brasileira já estava consumindo mais do que podia
produzir para atender às necessidades da manufatura de
artefatos de borracha. Os fatores fi caram invertidos: de
superprodutor de borracha, o Brasil passava a ter um
défi cit cada vez maior da goma nacional.
Com a consequente queda da produção, a
partir de 1948, abriram-se novas perspectivas para
a exportação da castanha, balata, sorva, madeira,
essências, peles silvestres, couro de jacaré. E uma nova
Na Casa Branca, o presidente Truman anuncia a rendição do Japão. Washington, DC, 14 de agosto de
1945. (Acervo Arquivo Nacional Americano)
88
produção, trazida pelos imigrantes japoneses que se
instalaram na região no início do século 20, iniciou-se
vigorosamente: a da juta, no Baixo Amazonas.
“A situação do Banco de Crédito da Borracha
S.A. é a melhor possível”, afi rmava a diretoria do BCB
em seu Relatório de 1948: “Fundado em 1942, com
um capital inicial de Cr$ 50.000.000,00, depois
elevado para Cr$150.000.000,00 [...], a 31 de
Dezembro de 1948, seu balanço acusa um capital e
reservas totalizando Cr$236.014.371,20”.
“Vigilante, sempre, na defesa dos interesses a
seu cargo, o Banco de Crédito da Borracha S.A. se
revelou o instrumento capaz e efi ciente de amparo
da economia de um produto que é a base de todo o
sistema fi nanceiro da maior região do país. A verdadeira
batalha da borracha é a que vem sendo travada desde
que cessaram os Acordos de Washington, quando o
Brasil teve de sustentá-la sozinho, [...] para manter um
produto silvestre que se transformou em pilar de um
parque industrial precioso, que é preciso preservar à
custa de todos os sacrifícios”.
Essa foi a conclusão a que chegou a diretoria
do Banco, assinada pelo então presidente do BCB, Sr.
Octávio Augusto de Bastos Meira, na página 41 do seu
Relatório datado de 20 de Fevereiro de 1949.
Embarque de passageiros e pelas de borracha. (Acervo Digital: Departamento do Patrimônio Histórico e Cultural
do Acre). Defumação da borracha. (Acervo Centro de Documentação Histórica do Estado de Rondônia)
89
Bancrévea
A Associação de Desportos Recreativa
Bancrévea se organizou em Belém no dia 23 de
junho de 1891, após a extinção da Associação
Dramática Recreativa Beneficente e do Bancrévea
Clube. Logo o Bancrévea figurou entre os principais
clubes da cidade, incentivando, estimulando e
desenvolvendo, por todos os meios, o esporte como
lazer para os associados.
O Bancrévea foi o segundo clube náutico
mais antigo do Brasil, só perdendo para o Clube
Barroso, localizado no Rio Grande do Sul, dois anos
mais velho que a agremiação paraense. Em 1947,
o jornal´A Vanguarda` promoveu um concurso para
conhecer o clube mais querido de Belém. Para a
surpresa de muita gente, o Bancrévea ficou em
terceiro lugar, com 26.429 votos, perdendo apenas
para Remo e Paysandu.
Não é só em Belém que os associados do
clube – empregados, aposentados do Banco da
Amazônia ou qualquer pessoa que se disponha a
seguir seus estatutos – encontram um local onde a
família possa desfrutar de bons momentos de lazer
e de sociabilidade, juntamente com seus amigos e
colegas de trabalho. Assim é o clima de descontração
e alegria que animam as dependências das sedes
dos Bancréveas Clubes em toda a região Norte,
incluindo Brasília.
Celice Marques: Brancrévea elege a primeira Miss Brasil pelo Pará (Acervo
Banco da Amazônia)
Hoje, a maioria dos Clubes Bancrévea
em toda a região mantém suas próprias sedes
campestres, sempre movimentadas por eventos
como festas de aniversário, bailes de debutantes,
bailes de carnaval, desfiles de modas, jogos
esportivos etc. O Clube se espalhou pelas
principais cidades da região, onde o Banco tem
pelo menos uma agência. Quase todas possuem
parque aquático de qualidade..
Em Belém, nas décadas de 1940, 1950
e 1960, as festas e eventos promovidos pelo
Bancrévea se realizavam no Palace Theatro, uma
dependência do antigo prédio histórico do Grande
Hotel, demolido nos anos 70 para dar lugar ao
hoje Hotel Hilton Belém. Os bailes de Carnaval,
adultos e infantis, eram dos mais concorridos
na sociedade paraense da época e muitos
foram animados por grandes orquestras locais,
nacionais e internacionais, como a paraense
Orquestra Orlando Pereira, o carioca Rui Rey, a
Orquestra Tabajara do maestro Severino Araújo,
o norte-americano Ray Conniff e outras.
O Bancrévea também tem uma história de
grande sucesso no que se refere aos concursos
de beleza. No Miss Pará de 1982, por exemplo,
ganhou a candidata do clube, Celice Pinto
Marques, que, para glória total dos associados,
também foi eleita a mais bonita do país: a Miss
Brasil. Pela primeira vez na história do concurso,
o Pará chegava ao pódio mais alto da beleza
brasileira. A Miss Bancrévea 82 ainda foi
semifinalista no concurso internacional de Miss
Universo daquele ano, quando Celice ganhou o
segundo lugar no melhor traje típico – “tanga
marajoara”.
O clube de Belém também comemora
ser o mais tradicional participante do Concurso
Rainha das Rainhas do Carnaval de Belém,
tendo conquistado o título do ano de 2011, com
a candidata Martha Inez Lima, com a fantasia
“Melindrosa”, uma adaptação carnavalesca das
coquettes que animavam os bailes nas décadas
de 20/30 do século XX.
O principal patrimônio do Bancrévea hoje
é a Sede Campestre, em Belém, com cerca de
60.000 m², com salão de festas; diversas áreas
para confraternizações e aniversários; piscina de
água natural; piscina para as diferentes faixas
etárias; algumas com um miniparque infantil; e
lago, no qual os frequentadores podem desfrutar
de passeios de pedalinhos e caiaques; campos
de futebol society e oficial; beach-soccer;
quadra de vôlei; basquete e o salão de jogos,
além de diversas malocas onde o associado
fica à vontade para promover churrasco ou,
simplesmente, armar a sua rede e descansar.
Sede do
Bancrévea em
Manaus, e o
Palace Theatro
em Belém.
(Acervo Banco
da Amazônia)
91
Criação do Banco de Crédito da Amazônia
“O Brasil vai importar borracha durante o ano corrente.
Essa notícia correu célere pelo país adentro, provocando
longo debate público. Ter de importar borracha foi
considerado um golpe contra a Amazônia e uma vergonha
para o país que dirigiu os mercados mundiais da Hevea no
começo do século”.
Pedro Martinello
Ainda em maio de 1947, antes mesmo do término
dos Acordos de Washington, o Ministério da Fazenda já
tinha se reunido com as bancadas de deputados federais
e senadores dos Estados amazônicos da Assembleia Geral
(como então era denominado o atual Congresso Nacional),
para estudar medidas a serem postas em prática pelo
Governo, visando principalmente a defesa da economia de
borracha.
Seringueira. Detalhe da folha de cheque do Banco
de Crédito da Amazônia (Acervo Banco da Amazônia)
92
Nessa reunião e nas recomendações da Terceira
Conferência Nacional da Borracha, criada em fins de 1947,
foi proposta a transformação do BCB, que passou a ser o
Banco de Crédito da Amazônia S/A, podendo operar em
todos os ramos de atividades bancárias. Em 1948, abriram-
se novas perspectivas para a exportação da castanha,
balata, pau rosa, madeiras e outros. Em 1950, foi instituído
o sistema de câmbio vinculado e as cotações internacionais
de todos esses produtos cresceram consideravelmente.
“Hoje este Banco nada tem a justificar o seu título.
Fundado exclusivamente para fomentar e assistir à produção
da borracha, teve seu campo de ação ampliado.[...] Deixou
de ser o Banco da Borracha para ser, na realidade, um grande
Banco de crédito geral. Impõe-se, pois, a substituição de
seu nome, e, nenhum mais apropriado que o indicado pela
III Conferência Nacional da Borracha: BANCO DE CRÉDITO
DA AMAZÔNIA S.A.”, esclarece a diretoria no Relatório BCB,
de 1949.
A mudança se deu a 30 de Agosto de 1950, ainda no
governo do presidente general Eurico Gaspar Dutra, quando
o BCB foi transformado em BCA, pela Lei nº 1.184 - deixando
de ser o “financiador de um só produto, a borracha, para
se constituir na viga mestra do desenvolvimento econômico
desta imensa região”, conforme o Relatório BCA, 1950.
As transformações mais importantes introduzidas na
Marca BCA impressa no verso das folhas de cheques (Acervo Banco da Amazônia)
93
estrutura da casa de crédito, afora a mudança de seu nome,
foram:
Constituição da Diretoria por um presidente e quatro
diretores, dos quais dois bancários profissionais e os outros
dois representantes dos produtores e da indústria da borracha;
Constituição do Conselho Consultivo do Banco, integrado
pelos representantes dos governos dos Estados e Territórios
amazônicos e pelas associações comerciais e de seringalistas
da Planície;
Constituição do Fundo de Fomento à Produção;
Abertura de agências do Banco em todas as capitais dos
Estados e Territórios amazônicos.
Com sólida base no Fundo de Fomento à Produção,
constituído de capital puramente estatal, o Banco de Crédito
da Amazônia podia financiar com juro anual não superior
a 4% e prazos convenientes ao ciclo das operações, o que
se coadunava perfeitamente com as atividades produtivas da
região, notadamente subdesenvolvida.
Para fomentar o desenvolvimento da produção amazônica
em geral, e não apenas da borracha, o BCA concedia empréstimos
das seguintes naturezas:
agrícolas, pecuários e à produção nativa;
fundiários e à mobilização de pessoal e colonização e
saneamento das zonas produtoras;
1. “Fabrica de artefatos de borracha no Estado de São Paulo. Em
primeiro plano, os escritórios da empresa e as instalações fabris. Ao
fundo, o departamento de fi ação e tecelagem, onde é preparada a
matéria-prima utilizada”
2. “Quase toda a borracha nacional é entregue lavada e crepada
às indústrias do país, pelo Banco de Crédito da Borracha S.A. Parte
dela, entretanto, é fornecida em bolas coaguladas (pélas), que
eram cortadas em máquinas especiais, depois de efetuada rigorosa
inspeção”
3. “O tecido de algodão, matéria-prima indispensável à fabricação de
pneumáticos, depois de tratado, passa entre cilindros prensadores,
sendo devolvido por uma mistura de borracha e ingredientes
químicos. A operação visa proteger o pneumático contra o calor da
rotação, garantindo-lhe conforto e durabilidade”
94
à indústria de beneficiamento e transformação
dos produtos da região;
à melhoria dos meios de comunicação e
transporte;
à organização cooperativista;
à aquisição de equipamentos de trabalho e de
quanto este precise para defesa dos seus bons resultados;
à construção de armazéns gerais, depósitos,
silos, câmaras de expurgo e frigoríficos, para recebimento,
garantia, guarda e conservação, além de regular a
distribuição dos produtos de consumo e exportação;
e, sob a forma de investimentos, ao que for
de util idade à elevação dos níveis econômico-sociais da
região.
Vale lembrar que na área sob jurisdição do Plano de
Valorização Econômica da Amazônia o crédito bancário era
exercido pelas agências dos seguintes bancos: Banco do
Brasil, London Bank, Banco Nacional Ultramarino, Banco
da Lavoura de Minas Gerais e, pelas matrizes regionais, o
Banco de Crédito da Amazônia S/A, Banco Moreira Gomes,
Banco Comercial do Pará, Banco do Estado do Pará e
Banco do Estado do Maranhão. Na órbita da economia
popular de poupança, também funcionavam as agências
da Caixa Econômica Federal.
95
4. “Cada fase da fabricação é entregue a operários especializados.
Na foto acima, funcionamento de uma máquina destinada ao corte de
lona calandrada, para o revestimento dos pneumáticos”
5.“As partes cuidadosamente preparadas, nas diversas fases da
industrialização, são reunidas e sobrepostas na máquina de construir
pneumático. A medida que toma forma o material é examinado”
6. “No processo de vulcanização o pneumático cru ou verde é
cozido a uma temperatura e pressão pré-estabelecidas, recebendo
ao mesmo tempo os desenhos característicos da banda de
rodagem, de acordo com os sulcos de molde. Na gravura acima, à
esquerda, no suporte, vemos um pneumático semi-manufaturado,
pronto para ser vulcanizado e moldado”
Legendas originais do livro A economia da Borracha: aspectos
internacionais e defesa da produção brasileira, de Cassio Fonseca,
1950. (Acervo Banco da Amazônia, reprodução Alex Raiol)
O Banco de Crédito da Amazônia
Com a volta ao poder de Getúlio Vargas, desta vez
eleito democraticamente pelo voto popular, duas grandes
estatais do setor energético foram criadas: a Petrobrás,
que viria a controlar todas as atividades de prospecção e
refino do petróleo no país; e a Eletrobrás, responsável pela
geração e distribuição de energia elétrica. Essas medidas
tiveram um caráter fortemente nacionalista e foram
recebidas com desagrado pelas elites e pelos setores do
oficialato nacional.
Getúlio Vargas, desde seu primeiro governo, sempre
deu a devida importância à economia amazônica, num
sentido paralelo e complementar da economia brasileira.
“Impunha-se ao governo, em cumprimento, aliás, à
impostergável disposição constitucional, promover a
criação de um órgão mais amplo que um simples instituto
de crédito, para planejar e incentivar a recuperação
econômica da Amazônia”. Para isso, foi promulgada em
6 de janeiro de 1953 a Lei nº 1.806, criando a SPVEA
(Superintendência do Plano de Valorização Econômica da
No alto, travessia de veículos no rio Acre sobre ponte improvisada, década de 1960. Acima, avião
Búfalo, desembarque de uma máquina escavadeira, em 1968. (Acervo Digital: Departamento
do Patrimônio Histórico e Cultural do Acre)
96
Amazônia), destinada ao planejamento regional em grande escala e sustentada por uma ordenação
técnica sem precedentes.
“Tenha-se ainda em mira que a SPVEA atua [...] em uma área de mais de 5 milhões de quilômetros
quadrados, correspondente a mais da metade da superfície do Brasil”, conforme foi descrito no Relatório
BCA, de 1955, onde ainda é dito: “Vale salientar que os objetivos dessa instituição não colidem de
nenhuma forma com os do Banco de Crédito da Amazônia S.A.. [..] Ao revés disso, são, ambas a SPVEA
e o Banco, iniciativas governamentais que se completam e se conjugam harmoniosamente, no afã
comum de alcançar a redenção econômica da Amazônia”.
O governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960) foi marcado pelo desenvolvimentismo,
ancorado num Plano de Metas que priorizava os setores energético, industrial, educacional, transporte
e alimentação - o Governo pretendia avançar “50 anos em 5”. Visando colocar o Brasil nos trilhos
do progresso econômico, o Governo favoreceu a penetração de capitais estrangeiros e de empresas
transnacionais.
Dentre suas inúmeras realizações destacam-se: a instalação de fábricas de caminhões, tratores,
automóveis, produtos farmacêuticos, cigarros; a construção das usinas hidrelétricas de Furnas e Três
Marias; a abertura de novas estradas (como a construção da Belém-Brasília, em 1960) e a pavimentação
de milhares de quilômetros das estradas já existentes etc. Essas ações governamentais favoreceram
sobremaneira a política de financiamento do Banco de Crédito da Amazônia. A maior obra de Juscelino
foi a construção de Brasília, a nova capital do País, inaugurada em 21 de abril de 1960.
Senhas metálicas da agência Itacoariara/AM do Banco de Crédito da Amazônia. Cadernetas de depósitos populares do Banco da Amazônia, em 1963. Estatutos do Banco da Amazônia S/A. Contrato de fi nanciamento para J
G Araujo de Manaus/AM. (Acervo Banco da Amazônia)
97
Jânio Quadros: Eleição e Renúncia
Nas eleições de 1960, venceu a candidatura
de Jânio Quadros à presidência, tendo como vice
o gaúcho trabalhista João Goulart.
Naquela altura, por questões várias, como
um vultoso acervo de compromissos financeiros
já vencidos, impossibilidade infraestrutural de
satisfazer o mercado nacional dos produtos da
região, principalmente da borracha, além de
dificuldades na assistência creditícia às demais
atividades da Amazônia, o BCA enfrentava
dificuldades financeiras.
Mas, no Relatório BCA, de 1960, a diretoria
comemorou as ações oficiais: “aconteceu que
o Governo Federal, dando-se conta dos graves
problemas com que se defrontava este Banco, no
limiar de 1960, não nos faltou [...] com toda uma
série de providências e determinações corajosas
e eficazes, propendentes ao fortalecimento do
organismo financeiro deste Estabelecimento”. Unidades Móveis de Crédito Rural (MOVEC): criadas em 1961 em toda a região amazônica (Acervo Banco da
Amazônia)
98
Unidades Móveis de Crédito Rural
Uma das medidas mais aplaudidas de Jânio
foi a criação, em 1961, das Unidades Móveis de
Crédito Rural-MOVEC, que percorriam todo o
território nacional em veículos próprios, indo às
cidades, lugarejos e núcleos rurais, promovendo
reuniões com os homens do campo, sobre as
finalidades e objetivos da Carteira.
Em 15 de agosto de 1961, o jornal “O
Estado do Pará” noticiava: “O balcão do Banco de
Crédito da Amazônia foi ao encontro do caboclo”.
A matéria jornalística destacava a instalação das
três primeiras Movecs no Pará: em Castanhal
(colônia 3 de Outubro), Capanema (colônia
Pedro Teixeira) e Bragança (colônia Augusto
Montenegro). Palavras do então diretor do BCA, dr.
Wanderley Normando: “O BCA retira o balcão das
Agências para o centro das atividades do colono,
indo, portanto ao seu encontro, objetivando
fornecer-lhe dinheiro para a melhoria de sua
produção. O intuito do Governo Federal e do BCA
é financiar o pequeno produtor, nada interessando
a cor política de cada um. A intenção do Governo
Federal através do BCA é aumentar a produção
de modo a conseguir o progresso econômico de
todas as regiões sub-desenvolvidas”.
Castanhal (PA).
1961 ( Acervo
Banco da
Amazônia)
99
A gestão de Jânio Quadros na presidência da República foi breve,
durou sete meses e encerrou-se com a renúncia. Nesse curto período,
Jânio Quadros praticou uma política econômica e uma política externa
que desagradaram profundamente os que o apoiavam, assim como
setores das Forças Armadas e outros segmentos sociais. Mas foi na área
da política externa que o presidente Jânio Quadros acirrou os ânimos da
oposição ao seu governo. O Brasil começou a se aproximar dos países
socialistas, inclusive restabelecendo relações diplomáticas com a então
União Soviética (URSS).
A renúncia de Jânio Quadros desencadeou uma crise institucional
sem precedentes na história republicana do país, porque a posse como
presidente do então vice-presidente João Goulart não foi aceita pelos
ministros militares e pelas classes dominantes.
O Governo João Goulart
O Governador Magalhães Pinto inaugura a 1ª unidade móvel de crédito rural
em Minas Gerais. (Acervo Banco da Amazônia)
100
O Cooperativismo
No início da década de 1960, o Cooperativismo
– assumido pela direção do Banco e seus empregados
quase como uma missão de redenção da economia da
região –, é uma das ações mais importantes do período
de convulsões sociais e de apoio às classes trabalhadoras.
As cooperativas mistas passaram a representar
o que havia de mais efi caz na administração dos
empreendimentos de produção não só da borracha
como dos outros produtos regionais, amparados pelo
Fundo de Assistência aos Seringueiros e pelo convênio do
BCA com o BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico).
Em 1962, como parte dos festejos comemorativos
ao 20º aniversário de fundação do Banco de Crédito da
Amazônia, destaca-se o ato de nacionalização do capital
do BCA, quando a União adquiriu todas as ações do
Banco que pertenciam ao governo norte-americano.
“As Cooperativas rurais difundidas pelo BCA
[...] representam, não temos dúvida, fator decisivo na
emancipação econômica e na tranquilidade social da
região. Ao encerrar-se o exercício de 1963, já uma rede
de 67 cooperativas agrícolas e de pesca se estendia por
toda a Amazônia”, segundo o Relatório BCA, em 1963.
Ainda nesse sentido, o Fundo de Assistência aos
Seringueiros (constituído pelo BCA desde 1952) previa
Reunião da cooperativa de Maracanã/PA, 9 de julho de 1963. (Acervo Banco da Amazônia)
101
a instalação de dez educandários de iniciação agrícola,
destinados exclusivamente aos fi lhos de seringueiros
entre 6 e 16 anos: no Amazonas, três; no Pará, Mato
Grosso e Acre, dois cada; um em Rondônia.
BCA e BNDE também iniciaram diálogos para
criar mecanismos de assistência a pequenas e médias
indústrias da Amazônia. Estava em curso um período de
forte engajamento da Diretoria e dos empregados no
processo de fortalecimento do produtor rural.
Nas comemorações dos 20 anos do BCA, surge,
“sem preocupações literárias” (como diz o editorial em
seu nº 1, de junho de 1962), a BCA-Revista, publicação
interna do Banco: “Vem à luz para levar àqueles a quem
ela se dirige a Mensagem de Fé nos destinos da Planície
imensa em que atuamos, fomenta-lhe as riquezas, como
o único estabelecimento de crédito próprio da região”.
Vale a pena transcrever a continuação do editorial, onde
se coloca a verdadeira preocupação da diretoria e seus
empregados:
“B.C.A. – Revista surge, assim, para dizer bem
alto o que somos, o que valemos, o que representamos.
Tudo o que se fi zer e disser aqui, essa é pelo menos a
nossa intenção, visa ao estudo objetivo da realidade. Da
grande, luminosa realidade amazônica, que nos cumpre,
Crédito Rural (MOVEC BCA). Empregado do Banco (Edison Frazão) preenchendo propostas de fi nanciamento a
pequenos agricultores, localizados na estrada Manaus-Itacoatiara/AM, 1961. (Acervo Banco da Amazônia)
102
a nós do Banco de Crédito da Amazônia S.A., impulsionar para os mais belos e gloriosos destinos”.
Em 26 de junho de 1963 foi constituída a primeira Cooperativa Central do Pará, presidida pelo Pe. Dom Tadeu
Prost, bispo auxiliar de Belém na época e que atuava como missionário da Pastoral da Terra, programa de assistência ao
homem do campo da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Na sessão de inauguração, realizada no prédio
da rua Municipalidade esquina com Quintino Bocaiuva, em Belém, presentes seringalistas, pecuaristas, invernistas e outros
cooperativados, o então presidente do BCA, Sr. Raimundo de Alcântara Figueira, fez uma ampla exposição do objetivo da
reunião, qual era, de “fundar uma Cooperativa Central congregando as já existentes e que dela queiram fazer parte, agricultores,
seringalistas, pescadores e produtores em geral, promovendo o intercâmbio sócio-econômico dos seus cooperados, para
soerguimento e valorização do produtor no Pará e na Amazônia”.
Ao se iniciar o programa de Assistência ao Cooperativismo, em 1963, já tinham sido instaladas e funcionando
39 cooperativas em todos os Estados amazônicos, tendo o BCA investido aproximadamente 700 milhões de cruzeiros,
benefi ciando cerca de 15 mil homens do campo.
Depois da queda de Jango, esse ideário cooperativista se manteve claudicante até abril de 1972, ainda no período de
governos militares, quando foram extintas as últimas cooperativas na região.
Flagrantes da instalação da I Unidade Móvel de Crédito Rural (MOVEC) de Belém, em Icoaraci, 1961. E discurso do então prefeito, Lopo de Castro. (Acervo Banco
da Amazônia)
103
O Banco de Crédito da Amazônia e o Movimento de 64
Jango adotou uma política econômica conservadora.
Procurou diminuir a participação de empresas estrangeiras
em setores estratégicos da economia, instituiu um limite para
a remessa de lucros das empresas internacionais e seguiu as
orientações do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Mas, o Presidente sempre foi maleável com relação às
reivindicações sociais. Em julho de 1962, os trabalhadores
conquistaram um antigo sonho: o 13º salário.
Jango acreditava que só através das chamadas reformas
de base é que a economia voltaria a crescer e diminuiria as
desigualdades sociais. Essas medidas incluíam as reformas
agrária, tributária, administrativa, bancária e educacional.
Num grande comício, em março de 64, para mais de 300
mil trabalhadores, Jango anunciou que levaria a termo essas
reformas, custasse o que custasse. A classe média assustada
deu apoio aos militares, que tomaram o poder no dia 31 daquele
mesmo mês, com o apoio dos Estados Unidos.
Em 1966, o Banco passou por outra grande transformação:
o BCA foi extinto para se formar o Banco da Amazônia S/A,
pela Lei nº 5.122, de 28 de setembro de 1966, com estrutura
administrativa moldada à do Banco de Desenvolvimento do
Nordeste, ou seja, funcionaria como um banco de fomento que
traria benefício social para a região e ficou conhecido como
BASA.
Nesse mesmo ano, a SPVEA foi transformada em SUDAM
(Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), e sua
estrutura, a exemplo do Banco, baseava-se no modelo da
SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste),
respeitando-se as especificidades regionais. Paralelamente
à SUDAM, foi criado um novo fundo de crédito, o FIDAM
Publicação interna divulga investimentos
federais na Região (Acervo Banco da
Amazônia)
104
(Fundo para Investimentos Privados no Desenvolvimento da
Amazônia). Assim também como o Banco da Amazônia era o
agente financeiro da SUDAM, todos os recursos nela injetados,
a exemplo do FIDAM, eram movimentados pela instituição.
A partir de 1970, já no governo do presidente Emílio
Garrastazú Médici, com o lema “integrar para não entregar”,
formalizou-se uma nova etapa de ocupação da Amazônia com
a criação de planos e medidas voltados para a colonização,
como o PIN (Plano de Integração Nacional), o I, II e III PND
(Plano Nacional de Desenvolvimento), o I e II PDA (Plano de
Desenvolvimento da Amazônia), e o PROTERRA (Programa
de Redistribuição de Terras e de Estímulo à Agroindústria
do Norte e Nordeste) que tinham como linha mestra custear
obras de infraestrutura em áreas sob a jurisdição da SUDAM e
da SUDENE, na perspectiva de que as regiões conseguissem
diminuir o atraso histórico perante as demais.
Em 1976, o Banco atingiu seu maior índice de aplicação
em crédito de fomento, até então - comparado, apenas, ao
período 1988/1989, quando tiveram início as operações do
FNO.
A criação e extinção de agências e escritórios de
representação em todo o território nacional retratam muito
bem a expansão das atividades do Banco, perfazendo
(em 1985) um total de 114 unidades. E, como instituição
do governo federal, atravessou as mesmas dificuldades e
conflitos políticos pelos quais passou a nação brasileira nesse
período. Os movimentos sociais e populares que forçaram a
uma “abertura” política, com o fim do regime militar e a Lei de
Anistia, também marcaram a história do Banco.
Abaixo, documento
certifi ca ações do
Banco da Amazônia
em favor do Tesouro
Nacional
105
Com o grande fluxo de comércio da borracha que
envolveu regiões diferentes dentro e fora da Amazônia, a
comunicação teve papel estratégico para o Banco. Em 1960,
como parte da modernização do setor, foi instalado o serviço
de comunicação rádio-telegráfico entre a sede do Banco de
Crédito da Amazônia e as agências.
Assim como o BCA, empresas de aviação, como a PanAir,
além da FAB (Força Aéres Brasileira), da Petrobrás e dos
Correios, possuíam um serviço de comunicação própria através
da radiotelegrafia. O uso do código Morse, que dispensava
o uso de fios, estreitou o laço entre o Banco, as áreas de
extração do látex e os centros industriais, no sul do país.
Em Belém, o setor funcionava numa pequena sala no
prédio à rua Gaspar Viana, no Comércio e, por um período
chegou a funcionar no terceiro andar da primeira sede do
Banco, localizada à Praça das Mercês, no mesmo bairro, mas
como foi instalado atrás do elevador, sofria interferência na
comunicação, o que provocou a mudança para a Gaspar Viana.
Além de Belém, as estações de rádio foram instaladas em
Rio Branco (Acre), em Porto Velho (Rondônia), em Manaus
(Amazonas), Rio de Janeiro, São Paulo e em Brasília.
Os radiotelegrafistas eram diaristas avulsos do Banco,
mas na época em que o telegrama (Western Telegraph Company
Limited) representava a revolução da comunicação instantânea,
eles eram os verdadeiros desbravadores da Amazônia.
Fora da região, o maior contato da sede era com São
Paulo e Brasília. Na capital paulista tinha origem a criação da
maior receita do Banco com a comercialização da borracha
para as indústrias de automóveis, principalmente Pirelli e
Goodyear.
Radiotelegrafi a
(Acervo Banco da Amazônia)
106
Inaugurada em 1960, Brasília, a nova
capital federal, possuía uma agência do Banco
onde os funcionários das representações dos
estados do Norte realizavam suas transações
bancárias. Instalada num prédio de 20 andares, no
setor bancário, a importância do radiotelegrafista
também na administração do Banco era notória:
a sala deles ficava anexa à sala do Presidente
da instituição, no segundo andar do prédio. Cada
nova decisão era imediatamente radiotelegrafada
para a sede em Belém e todas as autoridades do
planalto passavam por lá, para enviar ou receber
mensagens oficiais e particulares.
No final da década de 60, a própria
telegrafia coordenou a comunicação entre Belém
e Brasília no processo de venda do prédio onde
funcionava a agência. Uma reunião de três horas,
intermediada pelos radiotelegrafistas, selou o
negócio entre o Banco e o GDF, Governo do
Distrito Federal.
Na mesma época, o setor evolui com a
chegada do SSB - equipamento de fonia, do
tamanho de um armário, que funcionava com
grandes válvulas. A comunicação se dava não
mais através de códigos, mas sim, da voz.
Precursor da telefonia, o SSB ainda não permitia
a fala simultânea dos dois lados da conversa.
A proximidade com a direção do Banco
era também local privilegiado para se ter acesso
a informações importantes nos corredores das
agências. Nessa época, no final do mês, um
código que era esperado com ansiedade era o
QRJ, a ordem de pagamento para os empregados.
A partir da criação da Embratel, em 1965,
os serviços de telecomunicações públicas, telex
principalmente, se estenderam por todo o país, e
os setores de comunicação própria aos poucos
foram desativados, encerrando suas atividades em
1974, deixando lembranças e histórias, inclusive
do fim de trabalho (QRQ).
Equipamento manipulador de Código Morse: o
telégrafo sem fi o revolucionou as comunicações.
(Acervo particular)
107
A partir do momento em que assume
o papel de agente financeiro na Amazônia, o
Banco passa por uma série de mudanças em
sua estrutura, que atingem diretamente o seu
funcionamento, dentro e fora da instituição.
Não há dúvida que nenhuma delas foi tão
impactante quanto a implantação dos
computadores.
O processo iniciado no setor de
contabilidade, com a operação da máquina
NCR 31, marcou a passagem do período
escritural para o mecanizado. A partir de
então, as máquinas passaram a fazer parte da
rotina da instituição, simplificando processos
e otimizando o tempo.
Em 1971, o Banco institui um
programa de modernização voltado para
a maior eficiência com base nas novas
tecnologias. No ano seguinte, criou o
Depro (Departamento de Organização e
Processamento de Dados) - é quando
surgem novas funções também: analista,
programador e operador de computador.
Ainda em 1972, chegam novos equipamentos:
quatro perfuradoras, três conferidoras, uma
classificadora e uma tabuladora, da marca
IBM, para serem util izadas “em serviços
relativos à documentação de incentivos
Evolução Tecnológica
Modernização dos sistemas: da máquina NCR-31 (acima, à esquerda) à tecnologia de ponta do autoatendimento,
na página ao lado (Acervo Banco da Amazônia - Fotos Bruno Carachesti)
108
fiscais”, conforme divulgado no BASA Hoje,
Ano I no. 38. “Sua operação ficará a cargo
de 3 funcionários, um dos quais se encontra
estagiando no Banco do Nordeste do Brasil”.
No ano seguinte, novo momento
marcante com a chegada do computador
Burroughs (“borus”, como era chamado
pelos servidores), modelo 3700, “com um
processador central de 150 mil posições de
memória, 4 unidades de fitas magnéticas,
duas unidades de disco removíveis, cuja
capacidade de armazenamento atinge a
120 milhões de caracteres, uma unidade de
disco fixo com capacidade para armazenar
20 milhões de caracteres, uma leitora de
cartões com capacidade de ler 800 cartões
por minuto e uma impressora”, detalha o
BASA Hoje, Ano III no. 99.
O governo federal lançou o II Plano
Nacional de Desenvolvimento que, entre
outras metas, previa a implantação de
uma indústria nacional de computadores e,
assim, os bancos passaram a participar do
desenvolvimento de tecnologia e também de
recursos humanos para o setor. Cobra e SID,
empresas nacionais de tecnologia, surgem
nessa época e logo passam a fornecer
computadores para o Banco.
109
Construções e Engenharia
O setor de Engenharia do Banco surgiu
como uma Seção e desde o começo desenvolveu
papel fundamental, chegando a funcionar como
uma empresa de construção, no período em que
esteve em atividade.
Antes da construção do edifício-sede, os
profissionais do setor trabalhavam à Av. Presidente
Vargas, em Belém, onde anteriormente funcionava
o hotel Rôtisserie Suisse – no local onde foi
construído o prédio das Lojas Americanas, ao
lado do centenário Cinema Olympia.
O setor executava o Programa de
Desenvolvimento dos Serviços do Banco, para a
manutenção e construção dos imóveis do banco
na capital e interior, onde também construía as
residências dos principais empregados, como
os gerentes e subgerentes. Os engenheiros do
Inauguração da Escola Jarbas Passarinho em Belém. Ao centro, de terno claro, o homenageado. (Acervo Banco
da Amazônia)
110
Banco foram responsáveis pela construção de escolas de ensino primário para os filhos dos empregados, em
Belém (Escola Jarbas Passarinho) e Manaus, inauguradas em 1969 - nelas as crianças dispunham, além da
educação, de acompanhamento médico, dentário e assistência social.
Na década de 1980, a Engenharia ganhou o status de Departamento - o Denge, que, junto com o
Demap, responsável pelos setores de Material, Compras e Patrimônio, construíam, equipavam e mobiliavam
agências do Banco em todo o país. Só pra se ter uma ideia, em 1984, o banco chegou a possuir 118
agências.
Em 1989, o Demap tornou-se um dos maiores departamentos do Banco, em cuja estrutura estavam os
setores de segurança, apoio, microfilmagem, comunicação, gráfica e também a engenharia.
Com o foco no financiamento para o desenvolvimento sustentável, o setor ficou obsoleto e foi desativado.
A prática agora é alugar o prédio onde funcionará a agência.
Residências de empregados, construídas com fi nanciamento do Banco. (Acervo Banco da Amazônia)
111
História de um Edifício-sede
O anseio por uma sede condizente com
as atividades do banco começou em 1960,
conforme registros de relatório: ”passos decisivos
e firmes foram dados objetivando a consecução
de uma velha e justificada aspiração de dirigentes
e empregados da casa, de construção do
edifício-sede. O imóvel estava previsto para ter no
mínimo 16 pavimentos na esquina da Presidente
Vargas com Aristides Lobo (em Belém) em amplo
terreno que fora adquirido pelo Banco. Nesse ano
foi autorizado o inicio da elaboração do Projeto
e Plano Técnico de construção do Edifício, por
intermédio de um dos mais renomados escritórios
de arquitetura do Rio de Janeiro – Marinho &
Konder – que foi o vencedor inconteste da
concorrência aberta pela anterior Administração
do Banco.”
Em abril de 63, o número 3 da publicação
interna BCA-Revista, trazia matéria falando sobre
o assunto e afirmava que o Banco chegou a
publicar nos jornais de Belém “um aviso oficial
às firmas construtoras interessadas na respectiva
concorrência da construção do edifício-sede”.
Mesmo assim, em 66, novos estudos
ainda estavam sendo feitos para a construção. O Planta original em perspectiva do edifício-sede (Acervo Banco da Amazônia)
112
relatório desse ano frisa a urgência da medida:
“construção essa que se torna mais necessária a
cada fração do tempo que passa, face à dispersão
em que se encontram as diversas dependências
do Banco nesta capital, com evidentes resultados
negativos na eficiência dos serviços”.
Anos depois, um novo e definitivo endereço,
conforme o relatório de 1969:
“Resolveu assim a atual administração dar
uma solução definitiva ao problema, partindo para
a construção de um prédio com 21 pavimentos,
localizado no melhor perímetro da cidade (Praça
da República), dotado de todos os requisitos
da técnica moderna e capaz de abrigar toda a
Direção Geral e mais a Agência Central estando
suas obras concluídas até maio de 1971”, previa
o documento.
Em fevereiro desse ano, uma maquete foi
apresentada à imprensa pelo presidente do Banco,
Francisco de Lamartine Nogueira, juntamente
com os autores do projeto, arquitetos Leopoldo
José Teixeira Leite e Júlio Catelli Filho.
O Boletim Interno da primeira quinzena de
fevereiro de 1969 (Ano IV no. 88) informa que “o
novo edifício do BASA terá três frentes, com dois
Acima, fase inicial da
construção, vista da rua
Carlos Gomes (Acervo
Banco da Amazônia). Ao
lado, equipe técnica de
engenharia, vistoriando
as obras da sede (Acervo
particular)
113
blocos: o da frente com 21 pavimentos e o outro
com 18, numa área de construção de 24.000
m2. Com esse prédio, o Banco solucionará os
problemas de centralização de seus serviços,
atualmente espalhados em cerca de oito pontos
diferentes”.
O Boletim também destacava que seriam
instalados todos os serviços, como atendimento
médico para os empregados, cantina, escada
rolante, auditório, restaurante e heliporto no
terraço. Além disso, “a parte externa será
totalmente envidraçada, no sistema “brise soleil”.
Conforme os relatórios anuais deixam
claro, a construção do edifício-sede foi uma
questão que teve grande importância não só
por sua questão estratégica na organização
da instituição, mas também porque significava
um investimento substancial, orçado em
aproximadamente 8 milhões de cruzeiros novos.
(Acervo Banco da Amazônia)
114
No dia 24 de novembro de 1971, os
jornais de Belém estamparam fotos e manchetes
sobre o incêndio ocorrido em um dos prédios do
Banco da Amazônia.
Depois do fogo, os setores de Pessoal
e Financeiro, além do de Radiotelegrafia, que
funcionavam no prédio à rua Gaspar Viana,
foram transferidos para o edifício-sede - fato
que levou os servidores do Banco a se sentirem,
praticamente, em um canteiro de obras.
Foi assim, emergencialmente, que o
edifício-sede entrou em funcionamento, sem
inauguração oficial. Cadeiras e mesas estudantis
da Escola Jarbas Passarinho serviram ao trabalho
improvisado em um dos andares já prontos.
Na época, todos estranharam o local: um
andar inteiro, com diferentes setores, funcionando
sem divisórias entre si.
No informativo BASA Hoje, de 7 a 13
Noticias veiculadas
nos jornais de
Belém, 24 de
novembro de 1971.
(Acervo Fundação
Cultural do Pará
Tancredo Neves)
115
de abril de 1972 o destaque foi a “Hora da Mudança.
Agora o Banco da Amazônia decidirá os rumos dentro
de sua própria casa” porque o fogo precipitou também
a mudança da presidência, que saiu da antiga sede à
Travessa Frutuoso Guimarães, “onde por três anos (na
verdade, décadas) foi inquilino do Governo do Estado”.
Além da presidência, nesse mesmo mês também
se transferiram para o novo prédio “todos os setores da
alta administração”, segundo outra edição do jornal, que
ainda frisava o ritmo intenso de trabalho operário - noite
e dia - para a entrega de todos os pavimentos.
No final de 1972, o prédio estava em acabamento
e funcionando com todos os seus departamentos, exceto
arquivo geral, almoxarifado e a gráfica, sediados no
prédio da Municipalidade.
Com o término das obras, o edifício-sede ganhou
sistema de música ambiente, restaurante e um grupo
gerador com capacidade de mais de 600 KVA, equivalente
ao consumo da cidade de Santarém, no período.
Na loja, na sobreloja e área da Agência Centro,
as escadas rolantes chamavam a atenção por serem as
únicas da cidade instaladas num banco. No prédio, também
havia detectores de fumaça e calor, uma tecnologia ainda Vista panorâmica da cidade de Belém, em destaque o Edifício-sede do Banco da Amazônia.
Belém (PA). 2012. Foto Bruno Carachesti
116
pouco util izada, e contava com 11 elevadores e um sistema de refrigeração central, características ainda
incomuns na região, na época.
Hoje, houve modernização na parte elétrica, principalmente para a economia de energia. Nos primeiros
anos de construído, o Banco possuía lâmpadas tipo fluorescente que só eram fabricadas em São Paulo,
exclusivamente para o edifício.
Por muitos anos, o prédio também possuiu uma sala de uso exclusivo do ministro José Costa Cavalcante,
da pasta do Interior, a quem o Banco estava ligado na estrutura do Governo Federal. Era lá que o ministro
despachava quando vinha à região, o que ocorria cerca de duas a três vezes ao ano.
Em outubro de 2010, o Banco da Amazônia recebia pela primeira vez a visita de um presidente da
República. No auditório Rio Amazonas, Luiz Inácio Lula da Silva participou da solenidade de assinatura de
dois editais para a pavimentação da rodovia Transamazônica e reforma de outras sete rodovias federais que
cortam o Estado do Pará. Os investimentos somavam mais de R$ 800 milhões, para revitalizar cerca de dois
mil quilômetros de rodovias.
(Acervo Banco da Amazônia)
117
Preservação da Memória e Comunicação
Com mais de 40 anos de atividades,
a biblioteca do Banco da Amazônia é uma
importante fonte de informação e formação
para os empregados e comunidade em geral.
É especializada nas áreas de Economia,
Administração, Finanças, Agropecuária, Meio
Ambiente e Amazônia.
Em 1973, o setor fazia parte do Cedoc
(Centro de Documentação e Biblioteca) e possuía
uma coleção de “13 mil livros periódicos, mapas,
folhetos, relatórios e obras raras” , segundo o
informativo BASA Hoje, Ano II, no. 51 - Semana
de 02 a 08 de 03 de 1973.
Na década de 1990, após uma
reformulação, transforma-se em seção, mas não
perde a característica do acervo especializado
com objetivo de suprir a instituição com
informações para a realização de trabalhos e na
formação educacional.
Hoje, o acervo geral tem livros diversos
e documentos históricos como, por exemplo, o
manuscrito da proposta de “venda do segredo
de fabrico da borracha” (ver p.42 e ss.) e os
referentes a concursos públicos realizados
em 1944 e 1945 que registram a entrada dos
primeiros empregados concursados do BCB. O
espaço também guarda uma série de periódicos
produzidos pelo setor de comunicação do Banco,
uma importante fonte de informação sobre o
dia a dia vivido na Instituição ao longo das sete
décadas de existência.
A B.C.A Revista, por exemplo, foi criada
no início da década de 60, com capa colorida
e 17 páginas, relatando as principais atividades
desenvolvidas pelo Banco. A de no. 3, que
circulou em abril de 1963, registra a reunião
entre o presidente do BCA, Raimundo Alcântara
Figueira, com João Goulart, presidente do país,
“às 18 horas do dia 18 de março”.
O Boletim Interno, outro periódico do
Banco, circulava em 1971 e era formado por uma
lista de pequenos textos sobre os procedimentos
bancários. Depois passou a se chamar BASA Hoje
com um layout mais próximo de jornal.
Carta da Amazônia possuía oito páginas
e foi “um instrumento de informação destinado
a divulgar no exterior os recursos e as
potencialidades da Amazônia”, conforme explica (Acervo Banco da Amazônia - reproduções Alex Raiol e Bruno Carachesti)
118
o BH (Ano II. N. 94 Semana de 30 a 6.12.73). Era
editada também em inglês para ser “distribuída na
Europa e países das Américas do Norte e Latina,
a dirigentes de grandes empresas, entidades de
pesquisa e universidades”. Ela circulou até o início
da década de 80 e nos mesmo período surgiu o
Informativo Basa.
Na década de 90, as informações sobre
o Banco também circulavam no semanário Basa
Press. Já a partir dos anos 2000, novas publicações
como o Intercâmbio e o Notícias em Movimento.
E assim como na década 70 quando
publicava a “Revista Econômica do Basa”,
referência quando o assunto era a economia
da região, a Biblioteca é responsável hoje pela
produção e edição de publicações importantes,
como o “Estudos Setoriais” – sobre estudos
desenvolvidos pelos técnicos do Banco, com a
consultoria de pesquisadores de instituições de
Ensino Superior, como a Universidade Federal
Rural da Amazônia, Universidade Federal do Pará.
O material é disponibilizado em modo on line e
também impresso e distribuído para instituições
parceiras.
Outra publicação é a “Contexto Amazônico”,
em formato de jornal, direcionada para determinado
tema. A biblioteca possui ainda o serviço do “Clube
do Conhecimento”, uma parceria com o Programa
de Qualidade de Vida do Banco e disponibiliza
literatura de lazer para todos.
Hoje o acervo é formado por livros e DVDs
de filmes, comprados e recebidos em doação. O
(Acervo Banco da Amazônia - reproduções Bruno Carachesti e Luiza Bastos)
setor tem uma significativa procura pelos empregados,
lotados em cidades de interior, carentes de bibliotecas
e locadoras de filmes.
Mas o grande destaque das publicações hoje
é a “Revista Amazônia Ciência e Desenvolvimento”
que desde que foi criada, em 2005, virou referência
para universidades e institutos de pesquisa sobre
a Amazônia. A publicação é gratuita, semestral e
com tiragem de 800 exemplares, distribuídos para
todo o país. Seu comitê editorial é multidisciplinar,
voltado para assuntos os mais diversos da região . O
Ministério da Educação incluiu a “Revista Amazônia
Ciência e Desenvolvimento” no Qualis, sistema de
avaliação de periódicos da CAPES (Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
119
Agências para o Crédito na Amazônia
As primeiras agências do Banco da Amazônia, ainda como Banco de Crédito da Borracha,
foram instaladas em 1943, em Belém (PA), Manaus (AM), Porto Velho e Guajára Mirim (RO), Rio
Branco (AC), Cuiabá (MT) e Rio de Janeiro (RJ).
Em 1956, já eram 40 agências em todo o país. Dois anos depois, conforme explica o Relatório
daquele ano, uma pausa na ampliação da rede – uma vez que a Sumoc (Superintendência da Moeda
e do Crédito), antecessora do Banco Central do Brasil, através da instrução nº 168 do dia 07 agosto
de 1958 –, suspendeu o recebimento de novos pedidos de abertura de departamentos bancários
no país.
Mais de dez anos depois, em 69, o Banco possuía 56 agências distribuídas pelo território
nacional. Neste ano, o Banco expediu 15 cartas patentes para abertura de novas agências ao Banco
Central.
Agências BCB em Belém (ao alto) e
Manaus (Acervo Banco da Amazônia)
120
O Relatório de Atividades explica, em 1979, a importância da extensa rede de agências no país, uma
vez que “as 72 agências do Banco localizadas na Região (correspondem a 88% do total) eram responsáveis
por 60% de seus depósitos, contra 40% captados por apenas 10 agências (que representam 12% do total de
unidades), situadas fora da Amazônia Legal, as quais operam a taxas de mercado. São estas últimas agências
que fornecem o lucro necessário ao Banco, não só para que este possa retribuir a confiança de seus acionistas,
os quais empregaram suas poupanças para aplicações pelo Banco em nossa região, como ainda para que o
mesmo possa arcar com sua estrutura pioneira em nosso interior, onde a maioria das suas dependências, por
operar a taxas reais negativas a fim de induzir o processo de desenvolvimento, são deficitárias”.
Depois de chegar a possuir 118 agências, em 1984, o Banco iniciou um processo de retração das
unidades, desativando seus escritórios fora da Amazônia Legal. Nos anos 90, quando o país sofreu grandes
mudanças econômicas com a chegada do Plano Real, o Banco inaugurou em toda a década apenas uma
No sentido horário: primeiras agências
BCB (1943) de Porto Velho, Cuiabá,
Guajará Mirim, Rio Branco e Rio de
Janeiro (1976)
121
Agência Belém (PA)
Agência Araguaçu (TO)
Agência Guajajaras (MA)
Agência Extrema (RO)
122
agência, a Ananindeua Castanheira, em 1994 e extinguiu
29 em todo o país, principalmente depois da percepção
que a instituição estava concorrendo com outros bancos
públicos, nas outras regiões.
A partir dos anos 2000, com a capitalização do
Banco pelo Governo Federal e a instalação, em 2003,
do Plano Amazônia Sustentável, que assegura uma
política de recursos para a região, o Banco da Amazônia
entra em novo momento de crescimento de sua rede de
atendimento – nos últimos cinco anos, ficou 25% maior.
Hoje, com 123 agências e uma rede de
atendimento formada por 185 unidades, o Banco está
presente em 98% dos municípios da região. Ou seja,
das 450 cidades, 432 delas têm crédito via Banco
da Amazônia, que tornam a instituição uma das mais
importantes instituições financeiras: é responsável por
72% de todo o crédito de fomento na Amazônia.
Agência Marabá (PA)
Agência Sinop (MT)
Imagens Acervo Banco da Amazônia123
A Amazônia ainda era prioridade nacional no
final da década de 1980. Entretanto, os recursos
financeiros federais começaram a ser reduzidos
progressivamente por conta da recessão econômica,
levando o Banco ao menor nível de aplicação em
crédito de fomento de toda a sua história.
A Constituição de 1988 criou os fundos
constitucionais, cabendo ao Banco da Amazônia
a administração do FNO, Fundo Constitucional
de Financiamento do Norte, uma fonte estável de
recursos de longo prazo para a ação creditícia de
fomento. Um dos fatores responsáveis pela criação
dos Fundos de Desenvolvimento Regionais foi o
quadro de desigualdade existente entre as regiões
Sul e Sudeste do país em relação às regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste.
Ainda assim, a crise econômica mundial levou
a um processo de retração de unidades do Banco,
com a desativação de suas agências fora da Amazônia
Legal, inicialmente - até 1991, havia 109 unidades
em atividade no país. Mas diante dos altos índices
de inflação diária, desemprego e várias tentativas de
estabilizar a situação financeira, a partir de julho de
1994, o Brasil realizou uma mudança profunda no
sistema financeiro, incluindo uma indexação monetária.
O Plano Real, como foi nomeado, paulatinamente
promoveu nova troca do padrão monetário e criou a
atual moeda brasileira – o Real (R$). O Banco da
Amazônia redimensionou sua rede de atendimento,
que contava com 82 unidades no ano 2000.
A Constituição de 1988 e a Criação do FNO
Foto Diego Gurgel 124
O processo de globalização econômica
e o novo paradigma de desenvolvimento,
voltados para a competitividade, modernidade e
sustentabilidade, motivaram o Banco a vivenciar,
ainda mais, a sua identidade amazônica, deixando
a “marca” BASA para se fortalecer como
promotor do desenvolvimento, incorporando,
definitivamente, a característica única – ser o
Banco da Amazônia.
E, como ao longo de sua história, trabalha
alinhado às políticas, planos e programas do
governo federal, como o plano plurianual (PPA),
a Política Nacional de Desenvolvimento Regional
(PNDR) e o Plano Amazônia Sustentável (PAS),
com o diferencial de ter se fortalecido por
produtos e serviços próprios, originais, para
a melhoria dos padrões de produção e de
qualidade de vida da população amazônica,
com redução nas desigualdades intra e inter-
regionais.
Entre as políticas nacionais para o
desenvolvimento regional, destacam-se:
O Plano de Desenvolvimento Regional
Sustentável para a Área de Influência da
Rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém) com
ações de prevenção e controle de problemas
socioambientais relacionados à pavimentação da
estrada. Fazem parte desse plano 71 municípios,
sendo 28 no Pará, 37 no Mato Grosso e 6 no
Amazonas;
Foto Hely Pamplona
Parcerias e Políticas Nacionais
126
127
Foto Hely Pamplona
128
O Complexo do Rio Madeira: Uma série de
projetos de infraestrutura econômica, com alto
poder de transformação a ser implantado em
uma região em processo de consolidação de sua
base econômica. Sua configuração compreende,
em território nacional, o Estado de Rondônia, a
porção noroeste do Estado de Mato Grosso, as
regiões do baixo e alto vale do rio Acre e o sul
do Estado do Amazonas; em território boliviano,
os Departamentos de Pando, Beni e Santa
Cruz e, em território peruano, o Departamento
de Madre de Dios. Na área de transporte,
com a navegação no Madeira, consolidam-se
novas linhas fluviais, a interligação regional e,
principalmente, possibilita-se uma saída para o
Pacífico;
Política Nacional de Desenvolvimento
Regional (PNDR): o Governo Federal pretende,
de modo geral, construir um novo modelo de
desenvolvimento na Amazônia, voltado para a
inclusão social com a redução das desigualdades
sócio-econômicas, o respeito à diversidade
cultural e a viabilização de atividades econômicas
dinâmicas e competitivas que gerem emprego e
renda e o uso sustentável dos recursos naturais.
Para tanto, elenca como prioritária as áreas do
Alto Solimões, no Amazonas, Vale do Acre, no
Acre; e Bico do Papagaio, que engloba Pará e
Mato Grosso.
129
Apoio à Pesquisa
“Inovação aliada à sustentabilidade para
a geração de renda” é a marca dos produtos
gerados pelo Projeto de Encauchados de Vegetais
da Amazônia, baseado na tecnologia que recupera
uma antiga técnica indígena que transforma, nas
próprias comunidades, o látex puro em vários
produtos prontos.
“Encauchamento” é a denominação do
processamento do látex (ou caucho, na língua
indígena), transformado numa matéria plástica,
moldável, juntamente com a técnica de manufaturar
objetos e utensílios com essa espécie de “goma”,
que enrijece depois de seca. O artesanato mais
conhecido é o que reproduz figuras humanas
ou de animais, como a cobra, o macaco-prego,
o jacaré, o boto, tatu etc. Também podem ser
produzidos cinzeiros, chapéus, galochas e outros
utensílios.
Hoje um sucesso, inclusive destaques no
estande paraense na 76ª Feira Internacional
de Artesanato, realizado na Itália em abril de
passado, o projeto de pesquisa desenvolvido
pelo professor Francisco Samonek, mestre em
Ecologia e Manejo de Recursos Naturais, já tinha
sido agraciado em 2006 com o prêmio Samuel
Benchimol por aliar, com êxito, o saber tradicional
dos indígenas com o conhecimento científico que
permite moldar o látex em utensílios diversos.
Naquele ano, o Banco da Amazônia investiu
recursos para a implantação de uma unidade
demonstrativa e pedagógica do processo de
encauchamento do látex no Centro de Antropologia
e Arqueologia Indígena da Amazônia Ocidental,
no Campus da Universidade Federal do Acre, em
Rio Branco, para a difusão e popularização da
tecnologia.
Hoje o processo está presente em dezenas
de comunidades ribeirinhas, quilombolas e
indígenas nos estados do Pará, Amazonas, Acre e
Rondônia. O trabalho muda a lógica predominante
há séculos em que o processo de beneficiamento
do látex está fora das mãos do seringueiro, uma
vez que, com poucas árvores, o produtor tem
a matéria prima necessária para produzir seus
diferentes produtos, como bolsas, mantas, panos
de prato, porta copos e até protetores de garrafas
130
Foto divulgação Projeto Encauchados de Vegetais da Amazônia
131
Foto divulgação Projeto Encauchados de Vegetais da Amazônia
132
a ter um único regimento e se tornam uma das
principais iniciativas de valorização da pesquisa e
da inovação, voltadas para a sustentabilidade da
região amazônica.
A participação do Banco da Amazônia
no certame se dá em três vertentes – como
patrocinador, como integrante da comissão
julgadora e também como instituição financiadora
de projetos por meio de seu Programa de Apoio
a Pesquisa, com recursos não-reembolsáveis,
repassados para Universidades e Instituições de
Pesquisa agraciadas com a premiação.
O apoio do Banco à pesquisa na região
passou por um período menos volumoso depois
da extinção da Sudam, responsável pelo Finam,
de onde saíam os recursos para o Programa de
Apoio à Pesquisa. A instituição chegou a util izar
recursos próprios e manteve a iniciativa. Agora, o
trabalho ganha fôlego para mais ações no futuro,
com a destinação de 1,5% dos recursos do Fundo
de Desenvolvimento da Amazônia (FDA), a partir
da análise do Conselho de Deliberação da ADA,
a Agência de Desenvolvimento da Amazônia,
responsável pelo Fundo.
de vinho, já que a borracha mantém a temperatura
ambiente.
Essa participação significativa no apoio à
pesquisas inovadoras para e na região amazônica
não é de hoje. Remonta há mais de trinta anos
quando, em Assembleia Geral, em 24 de abril
de 1975, o Banco criou o Fundo de Pesquisa,
Assistência Técnica e Desenvolvimento de
Recursos Humanos para “prestar colaboração
financeira e técnica a projetos de pesquisas
econômicas, agronômicas e tecnológicas de
interesse para a Amazônia”. Para tanto, explica o
Relatório daquele ano, “será destinado para esse
fim 5% do lucro do Banco”.
Em 2004, o Banco celebrou parceria
para o Prêmio Samuel Benchimol, instituído
pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior, para projetos de pesquisa
baseados no desenvolvimento sustentável da
região. Dois anos depois, o próprio Banco
da Amazônia buscava a maior valorização de
iniciativas sustentáveis e criou o Prêmio Banco
da Amazônia de Empreendedorismo Consciente.
As duas premiações, em 2009, passam
133
Conquista dos agricultores e suas organizações sociais, o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar) é considerado por muitos como a primeira linha de crédito específica para essa
parcela de agricultores brasileiros: o núcleo famíliar.
Mais do que uma ação governamental, o Programa é a conclusão de um processo de diálogo entre o
governo, suas instituições (como o Banco da Amazônia) e os agricultores familiares. Diálogo amigável, em
geral, e que também teve momentos tensos.
A história do PRONAF está associada à história das políticas públicas de financiamento à agricultura no
país e que, na Amazônia, são implementadas pelo seu Banco.
O Relatório de 1979 explica que, naquele ano, a direção do Banco elegia “como um de seus objetivos
prioritários a assistência ao mini e pequeno produtor da Região. Dessa maneira, foi instituído e implantado em
fins do primeiro semestre do ano passado o Programa de Apoio ao Pequeno Produtor Rural da Amazônia (o
Mini-Rural), inicialmente com o subprograma de Custeio Rural”.
Ao mesmo tempo, o Banco ofertava financiamento através do PROBOR (Programa de Incentivos à
Produção de Borracha Natural), operado em conjunto com a Sudhevea (Superintendência do Desenvolvimento
da Borracha), para suprir a demanda nacional do produto, porque apesar do passado de maior produtor
mundial de borracha, nesse momento, o país dependia da “importação do produto em três quartos de suas
necessidades de consumo”.
As políticas públicas de incentivo à agricultura familiar foram fortalecidas, principalmente, a partir da
década de 1990, com ações do governo federal para o combate à exclusão social e, em especial, pelo
fortalecimento dos movimentos sociais rurais e extrativistas na Amazônia, ecoando mundo afora.
A luta no campo cresceu, a partir de 1991 - o número de trabalhadores rurais mortos em conflitos
Crédito Rural
134
Foto Paulo Santos
135
Foto Janduari Simões
136
agrários, também. O Grito do Campo - uma grande mobilização rural com apoio de organizações urbanas,
surgiu no Pará. A principal bandeira era o combate à violência, mas chamava atenção para o crédito à
agricultura familiar.
Houve ainda o Grito da Terra, quando as lideranças trabalhadoras reuniam-se com os órgãos federais
e estaduais, buscando linha de crédito específica para o pequeno produtor – foi criada uma linha no FNO - o
FNO Especial, como ficou conhecido a partir de 1992. A experiência piloto positiva de financiamento fez com
que o FNO Especial fosse ampliado para a região amazônica. Em meio aos movimentos sociais rurais que
também se fizeram ouvir, saiu o Grito da Amazônia.
Em 1994, a mobilização já era nacional com o Grito da Terra Brasil, assumido por confederações de
trabalhadores.
As articulações levaram à aprovação do Provap (Programa de Valorização do Pequeno Agricultor), e
pela primeira vez, as famílias rurais entraram na pauta de políticas públicas, com atenção diferenciada.
Em 1995, ainda sem definições concretas de financiamento, o movimento dos trabalhadores radicalizou
e decidiu ocupar as dependências do Banco, em Belém. O resultado, além do confronto com a polícia de
choque, foi a criação do PRONAF para custeio.
Em maio, durante o Grito da Terra, uma iniciativa no Pará, no Acre e em Rondônia marca produtores
e empregados do Banco. Um abraço simbólico em torno da instituição sela o compromisso de todos com
o Banco e fica na História como uma dos marcos da história particular do Banco da Amazônia. Nesse ano,
conquistou-se a redução das taxas de juros do programa. No ano seguinte, o programa é implementado em
todo o território nacional.
137
Conforme se lê no Relatório de Sustentabilidade 2006, “para reger um processo de incentivo ao
desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal em sua plenitude, é preciso uma instituição forte e dinâmica,
preparada para os desafios de uma proposta de crescimento que se diferencia dos modelos econômicos
tradicionais”.
Foi nessa perspectiva também que o Banco, em 2003, passou a adotar, como parte de seu planejamento
estratégico, investimentos na infraestrutura interna, na gestão de pessoas, na disseminação da cultura
da sustentabilidade com todos os públicos e na implantação de estratégias para a atração de negócios
sustentáveis.
A implantação de uma política socioambiental significa que o Banco não oferece simplesmente um
crédito, mas está atento aos resultados desse investimento, com o objetivo de deixar “todas as agências
preparadas para considerar a variável ambiental em seu processo de avaliação de crédito”.
Para mudar o paradigma florestal da Região, o Banco adotou políticas no sentido de estimular:
o aproveitamento consciente das excepcionais oportunidades que a região oferece para o Ecoturismo;
a substituição da indústria extrativista com baixo valor agregado, por um setor moderno, com excelente
padrão de manejo de suas florestas, maior valor agregado ao produto e forte compromisso social e ambiental;
a melhoria do padrão tecnológico industrial;
a expansão da pecuária e da agricultura em áreas desmatadas e/ou degradadas, [...] com elevado
padrão tecnológico, capacidade para atender à demanda de alimentos do mercado regional e excedentes
exportáveis, sem causar pressões de desmatamento de novas áreas de florestas, ocupando áreas degradadas.
A partir de 2004, tem início o Programa de Excelência Tecnológica com o objetivo de modernizar a
plataforma de TI (Tecnologia da Informação) e desde então, o Banco vive uma evolução contínua e gradual,
possibilitando aos clientes atendimento de qualidade, ao mesmo tempo em que garante à Instituição
Por uma Economia Sustentável
Foto Hely Pamplona138
139
Foto Hely Pamplona
140
mecanismos de controle, acompanhamento e projeção das linhas de negócio.
Hoje, a tecnologia bancária é um dos grandes destaques das instituições financeiras para a gestão de
risco. No Banco da Amazônia não poderia ser diferente.
A reestruturação do Banco, a partir de 2008, propôs um projeto corporativo que remodelou toda
a estrutura de risco de crédito do Banco e tem no uso da tecnologia de ponta uma de suas principais
características e no seu conjunto permite ao Banco atender a todos os requisitos do Basiléia II - acordo
internacional das instituições bancárias, visando prevenir riscos de crédito.
Baseado em cinco vertentes, o trabalho iniciou em 2010 e já promoveu a revisão de toda política de
crédito do Banco; criou os Comitês de Operação de Crédito e a Reestruturação dos Comitês de Crédito,
permitindo a distinção do crédito, mantendo as análises separadas das áreas de negócios.
Uma terceira vertente do projeto é a implantação do CRI (Cred Risk Inteligent), um sistema integrado de
gestão das carteiras de crédito, com base em resolução do Banco Central. O CRI, na verdade, é um sofisticado
software de gestão de risco crédito já adaptado às características das carteiras do banco amazônico para
colaborar com subsídios à gestão e estratégias, em termos de possíveis exposições do Banco a risco de
crédito.
Outra vertente é o Sisgarantias, sistema corporativo que gerencia todas as garantias concedidas ao
banco e também as assumidas pela instituição.
E por fim, a serem aplicadas a partir de 2014, a modelagem e remodelagem do sistema de risco de
crédito do Banco, que pretende estabelecer para a instituição novas matrizes de risco, em sintonia com as
práticas de mercado, sem menosprezar a estratégia de garantir o desenvolvimento da região com a geração
de emprego e renda.
141
No Estado do Tocantins, o Banco da
Amazônia investiu, só no ano de 2012, seiscentos
milhões de reais, a maior parte dessa soma
destinada a micro e pequenas empresas e micro
e pequenos produtores rurais – pulverização que
beneficia centenas de famílias.
O financiamento ao agronegócio também
é forte nas ações do Banco, no Tocantins, com
recursos para as lavouras de soja em Guaraí e
de arroz em Porto Nacional. E a pecuária é outro
setor que recebe o apoio, com financiamentos em
Araguaína.
Entre as grandes empresas que util izaram
créditos do Banco da Amazônia está o Grupo
Ecobrasil, financiada para reflorestamento de 10
mil hectares, com o plantio de eucalipto para a
indústria de celulose. Foram 51 milhões de reais
e o investimento representa uma parte dos planos
de recuperação de áreas degradadas, do grupo,
que tem intenção de reflorestar 40 mil hectares e
montar um parque industrial no Tocantins.
O Banco da Amazônia já financiou inúmeros
projetos na área rural e urbana do Estado, como
a construção do Shopping Capim Dourado,
inaugurado em 2010 e considerado um presente
para a capital, Palmas. Todos os projetos, sem
exceção, com recursos do FNO.
Financiamento para todos os Setores
142
Foto Lucivaldo Sena
143
Foto Jaime Souzza
144
Desenvolvimento com Respeito Ambiental
No Maranhão, um dos empreendimentos
mais sólidos e resistentes tem há muito tempo
o apoio do Banco da Amazônia: A Agro Serra,
empresa criada em 1984 para implementar o
plantio de soja no Sul do Maranhão e que hoje
tem como carro-chefe a cana-de-açúcar, cobrindo
todo o processo: do plantio à produção de álcool
carburante.
A primeira lavoura comercial foi produzida
em 1987 e em 1990 o grupo iniciou experiências
com a cana, que começou a ter produção industrial
a partir de 1995. Com 29 mil hectares cultivados
e uma produção anual de 110 milhões de litros
cúbicos de álcool carburante, é a maior empresa
do gênero nas regiões Norte e Nordeste.
A produção de cana-de-açúcar e sua
industrialização são a principal atividade do
grupo, que também investe em cafeicultura,
fruticultura e piscicultura, além de ter uma prática
ambientalmente correta, util izando o controle
biológico de pragas, com geração própria de
8MW de energia, e sistema ecológico de captação
de água, ferti-irrigação e a manutenção de uma
reserva florestal.
145
A atuação do Banco da Amazônia no
Estado do Mato Grosso vai desde o apoio a
pequenos agricultores, através de programas
como o PRONAF, a grandes empreendimentos
agropecuários; de micro empresas a projetos de
infraestrutura.
A agricultura familiar foi contemplada
com mais de 11 milhões de reais distribuídos a
micro e pequenos agricultores nos dois últimos
anos e os financiamentos para micro e pequenas
empresas passaram de 10 milhões - esses
recursos beneficiaram pequenos agricultores de
todo o Estado.
Já o agronegócio recebeu cerca de 250
milhões de reais nos últimos três anos, em custeio
e investimentos para soja, milho e algodão, além
de pecuária de corte e de leite.
No setor de energia, o Banco da Amazônia
investiu 170 milhões de reais para a construção
de três pequenas centrais hidrelétricas.
Para o ano de 2013, a previsão é de aplicar
300 milhões em áreas como frigoríficos, rodovias,
turismo e setor portuário; e mais 80 milhões para
o transporte fluvial de cargas.
Financiando a Agricultura Familiar e o Agronegócio
146
Foto Marcelo Lelis
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ResponsabilidadeSocial
Para manter seu quadro funcional
informado sobre os assuntos ambientais, o Banco
da Amazônia, com apoio do Banco Mundial,
promove uma série de seminários transmitidos
por videoconferência (incluindo discussão on-line
após o seminário) sobre questões específicas,
relativas a Meio Ambiente. A transmissão é feita
para todos os estados da Amazônia Legal.
Além dessa atualização e troca constantes,
mantém outras iniciativas junto aos seus
empregados, como o Amazônia Otimiza, o
Amazônia Recicla e o Fornecedor Verde, com
regras para o relacionamento do Banco com seus
fornecedores.
Equipe de basquete All Star Rodas. (Acervo Banco da Amazônia)
148
O Banco da Amazônia atua junto à comunidade,
desenvolvendo e apoiando projetos em educação
e cultura, saúde, meio ambiente, esportes etc
em parceria com diversas instituições, tendo sido
mantidos e/ou ampliados inclusive aqueles iniciados
em gestões anteriores em vários estados da região,
dentre os quais se destacam:
- Projeto 5ª Cultural: eventos que contam com
a apresentação de cantores de vários estados da
Amazônia, com ingressos trocados por alimentos não
perecíveis.
- Projeto Alfabetização Solidária: em parceria
com o Governo Federal, atua em localidades carentes
no combate ao analfabetismo.
- Projeto Criança Vida: reforma da UTI Neonatal
da Santa Casa de Misericórdia do Pará e também
do Banco de Leite Humano. interligando-o à ala
materno-infantil da Santa Casa.
- Revitalização do Centro Histórico de Manaus:
propiciou à sociedade local não somente uma nova
atração turística, mas o resgate histórico desse
patrimônio da cultura amazonense.
- Horto Municipal de Belém: em parceria
com a Funverde (Fundação Parques e Áreas Verdes
de Belém), realizou a reforma do Horto Florestal,
transformando-o num logradouro público de lazer e
cultura.
Mostra Curta Pará Cine Brasil. Foto Adauto Rodrigues
149
- Programa de Preservação dos Rios da Amazônia (Pró-
Rios): apoio aos trabalhos da ONG SPPA (Sociedade de Pesquisas
e Preservação da Amazônia) que contribui para a preservação do
meio ambiente através de campanhas educativas em portos e
cidades ribeirinhas, com distribuição de cartilhas e cartazes, mutirões
de limpeza das margens e instalação de coletores de detritos nas
embarcações que cortam os rios e igarapés da região.
- Incentivo ao Esporte: atletas e/ou equipes são apoiados
pelo Banco em algumas modalidades esportivas. Dentre elas, e
como patrocinador ofi cial, a equipe de basquetebol All Star Rodas.
“Romeu e Julieta” - Teatro Mosaico. (Acervo Banco da Amazônia)
Foto Alex Raiol
150
- Projeto Renascer: prepara jovens com idade
entre 18 e 21 anos, de famílias de baixa renda, através
de cursos de capacitação profi ssional, criando-lhes
condições de oportunidades no mercado de trabalho.
- Programa Riacho Doce: parceria com a
Universidade Federal do Pará-UFPA e com a Fundação
Ayrton Senna, voltado para as crianças na faixa etária de
07 a 14 anos que residem na área de ocupação Riacho
Doce, localizada no bairro da Terra Firme, em Belém.
- Espaço Cultural: térreo do edifício-sede do
Banco da Amazônia, em Belém, é ponto de encontro de
clientes e do público amante das artes plásticas. Desde
junho de 2001, quando foi inaugurado, apresenta, de
forma constante, mostras e exposições de pintores,
escultores, gravuristas, fotógrafos e de artes visuais em
geral.
Mestre Vieira - 50 Anos de Guitarrada. Foto Renato Chalu
151
“Seringal”
Reprodução Alex Raiol
Cândido Portinari, “Seringal”, 1957
Óleo s/cartão, 22,3x54cm
Estudo para painel projetado não executado
para a sede do Banco de Crédito da Amazônia (Belém-PA)
(Acervo Museu de Arte de Belém)
152
“O Banco da Amazônia, cumprindo seu papel de agente social e de
desenvolvimento regional, tem a honra de trazer aos cidadãos da Amazônia
o traço e as cores do nosso mais conhecido pintor.”
Oficialmente estava aberto ao público um dos eventos mais significativos
das comemorações dos 70 anos do Banco: a exposição “Seringal” com
obras do artista brasileiro Cândido Portinari no Espaço Cultural do Banco da
Amazônia, localizado no andar térreo da sede do Banco.
Cândido Portinari nasceu numa fazenda de café em Brodowski, no
estado de São Paulo em 1903, filho de imigrantes italianos. Em 1935,
obtém seu primeiro reconhecimento internacional nos Estados Unidos, com
a tela “Café”, retratando uma cena de colheita típica de sua região natal.
Sua inclinação muralista se revela com vigor no conjunto de suas obras,
afirmando sua opção pela temática social.
O universo portinariano,
se às vezes dói, sempre fulgura:
entrelaça como num verso
o que é humano ao que é pintura.
(Carlos Drummond de Andrade)
Com a palavra, o historiador Aldrin Moura de Figueiredo, curador da
mostra:
Trabalho, Natureza e Arte
“Entre as infinitas imagens da Amazônia, o Seringal talvez seja a mais
profunda e eloquente. Um emblema, um símbolo e, ao mesmo tempo, a
própria história que parelha à belle-époque equatorial. A Belém de nossos
sonhos mais profundos foi financiada pela goma elástica que saía dos
seringais. A borracha foi muito mais do que um produto de exportação e o
seringueiro esteve longe de ser um simples trabalhador explorado por ricos
seringalistas. Estamos diante de obra e criador, ouro e sangue, natureza e
cultura. Nesta exposição, pelo traço único de Cândido Portinari, passamos
em revista a narrativa visual do passado no presente. Diante de nossos olhos,
o colorido da floresta, da fauna e da flora vem à tona na geometria cubista
que amplifica e desconstrói a realidade. O suor do trabalho e o leite viscoso
da seringueira revelam o cotidiano de uma economia que fez a riqueza de
poucos e a pobreza de muitos. Mas, conjunto da obra, que seria a própria
história da borracha, conta uma história em vários atos imensa e infinita,
história que está longe de terminar. O teatro da vida é sempre mais colorido,
misturando trabalho, natureza e arte.”
153
Banco da Amazônia - Marcas Históricas
O nome e a marca do Banco da
Amazônia passaram por algumas
mudanças ao longo dos seus 70
anos. Mudanças que procuravam
retratar o contexto histórico e de
política econômica do governo
federal em cada época na região.
A
154
Banco da Amazônia S.A.
Em 2002, ao completar 60 anos, saem a
sigla BASA e o cadeado. Agora, a marca enfatiza a
palavra ‘Amazônia’. A nova logo traz o ‘A’ maiúsculo
representando solidez e a ‘onda amarela’,
desenvolvimento. Assume sua responsabilidade
socioambiental e passa a priorizar o repasse de
créditos baseados no desenvolvimento sustentável,
apoiando ações culturais, sociais, esportivas e de
pesquisa.
Banco de Crédito da Borracha S.A.
Criado por decreto-lei do governo
federal em 1942, em plena 2ª Guerra Mundial,
o Banco de Crédito da Borracha S.A. – hoje,
Banco da Amazônia S.A. – financiava a
produção de borracha para os países aliados.
Banco de Crédito da Amazônia S.A.
Em 1950, o governo federal transforma o
BCB em Banco de Crédito da Amazônia S.A. –
BCA, ampliando o crédito para outras atividades,
além da produção de borracha (castanha, juta,
madeiras etc.)
Banco da Amazônia S.A.-BASA
Em 1966, em pleno regime militar,
rebatizado de Banco da Amazônia S.A., mas
amplamente conhecido pela sigla BASA, torna-
se o agente financeiro do governo federal para
o desenvolvimento econômico e social da região.
O cadeado da logomarca significava segurança e
tradição.
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Diretoria Executiva
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Wilson Evaristo (Diretor de Gestão de Recursos); Gilvandro Negrão Silva (Diretor Comercial e de Distribuição); Antonio Carlos de Lima Borges (Diretor de Infraestrutura de Negócio); Abidias José de Sousa Junior (Presidente); Eduardo
José Lima Cunha (Diretor de Análise e Reestruturação); Carlos Pedrosa Júnior (Diretor de Controle e Risco)
EX-PRESIDENTES DO
Gabriel Hermes Filho22.02.1951 a 04.11.1954
José Carneiro da Gama Malcher25.01.1943 a 26.02.1946
Firmo Ribeiro Dutra26.02.1946 a 06.11.1947
Octávio Augusto de Bastos Meira27.12.1947 a 24.01.1951
Arnóbio Rosa de Faria Nobre04.11.1954 a 19.12.1955
José da Silva Matos19.12.1955 a 24.09.1959
Remy Archer24.09.1959 a 18.03.1961
Oscar Passos27.08.1942 a 25.01.1943
Hélio Palma Arruda18.03.1961 a 17.10.1961
Raymundo Alcântara Figueira17.10.1961 a 20.05.1964
Armando Dias Mendes20.05.1964 a 28.02.1967
Francisco de Lamartine Nogueira11.04.1967 a 27.04.1971
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BANCO DA AMAZÔNIA
Jorge Babot Miranda27.04.1971 a 16.08.1974
Francisco de Jesus Penha16.08.1974 a 16.03.1979
Oziel Rodrigues Carneiro15.03.1979 a 27.04.1981
Ubaldo Campos Correa30.04.1981 a 08.04.1985
Carlos Thadeu de Freitas Gomes04.06.1986 a 14.04.1987
Delile Guerra de Macedo02.04.1985 a 03.06.198611.08.1987 a 25.09.1987
Waldemir Messias de Araújo19.11.1987 a 17.05.1990
Silvestre de Castro Filho22.05.1990 a 11.05.1992
Anivaldo Juvenil Vale11.05.1992 a 30.03.1994
Luiz Benedito Varela29.03.1994 a 18.05.1995
Flora Valladares Coelho17.05.1995 a 15.04.2003
Mâncio Lima Cordeiro15.04.2003 a 13.04.2007
Reprodução de fotos Bruno Carachesti
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O Banco da Amazônia realinha o seu
planejamento a novos horizontes de atuação,
sem esquecer a principal vocação: ser agente
imprescindível do desenvolvimento sustentável da
maior fl oresta tropical do planeta.
Todas as possibilidades de negócios intrínsecos
à natureza das ações do Banco são prioritárias como,
por exemplo, a comercialização dos Créditos de
Carbono, prevista no Protocolo de Kioto, do qual o
Brasil é signatário.
Em outubro de 2012, o Conselho Monetário
Nacional aprovou a redução de taxas do FNO, que
variavam de 4% a 10% ao ano, de acordo com
as características do investimento, para apenas
2,94% ao ano, a menor registrada pelo Fundo.
“Essa medida do Governo Federal trará signifi cativo
alívio no fl uxo de caixa, redução no custo fi nanceiro
das empresas e alavancará novos sonhos, projetos,
empreendimentos”, afi rma o presidente do Banco,
Abidias Junior.
Para celebrar ainda mais, no ano em que
completa 70 anos de atividades, o Banco da Amazônia
acaba de atingir nova marca histórica: a aplicação de
R$21 bilhões de recursos do FNO, um recorde de
fi nanciamento em todos os setores da economia
amazônica – o futuro começou.
Foto Hely Pamplona161
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Banco da Amazônia 70 Anos foi impresso pela Gráfi ca Delta, em Belém do Pará - Amazônia, Brasil, no ano
de 2012. A capa é em papelão Paraná 60g, revestido em papel couchê fosco 170g, impresso em 4x0
cores, com aplicação de hot stamp dourado. O miolo, em couchê fosco 115g, foi impresso a 4x4 cores
e as guardas, em couchê fosco 170g, a 4x0 cores. As fontes utilizadas foram: Courier New, DIN Alternate,
English, HelveticaNeueLTStd. E a luva, em papel duo design 350g também foi impressa a 4x0 cores.
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