avelar, idelber. 1985-2015; trinta anos de the body in pain, de elaine scarry

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AVELAR, Idelber. 1985-2015: Trinta anos de The Body in Pain, de Elaine Scarry.Acessado em: 18 de outubro de 2014Dispon!el em: "ttp:##$$$.idelbera!elar.com#arc"i!es#2014#10#1%8&201&'trinta'anos'de't"e'bod('in'pain'de'elaine'scarr(.p"p1%8&)201&: *rinta anos de *"e +od( in ,ain, de Elaine -carr( Em di.lo/o com 0oucault, a obra de Elaine -carr(, *"e +od( in ,ain: *"e 1a2in/ and3nma2in/ o4 t"e 5orld 61%8&7, 4oi a contribui89o de4initi!a da teoria liter.ria :4enomenolo/ia da dor. *omando como ponto de partida uma obser!a89o 6;uestion.!el7de Vir/inia 5ool4, de ;ue raramente lemos acerca da dor 4sica na literatura, de ;ue a4ic89o parece n9o ter mecanismos para representar a dor e de Deussobre o corpo dos "omens. 3m dos atributos essenciais de Deus seria a aus=ncia de umcorpo. 1esmo ;uando Deus se presenti4ica, por e di!ina. Aa leitura de-carr(, a +blia retrata Ba CrealidadeC e do corpopouco mais ;ue um !eculo. A dor imprime a cren8a na carne "umana. A leitura de -carr(possibilitauma conclus9opsicanaltica alin"adacom areleitura lacaniana de0reud:a4un89odadorna+blia@4ornecerola8o;ueataosuGeito:suacren8a. HsuGeito@BamarradoF : sua cren8a no momento em ;ue se o4erece como corpo sobre o ;ual a !o>di!ina imaterial imprimir., com dor, a !erdade do !erbo. A impress9o da !o> de Deus nacarne seria, portanto, a ima/em bblica da entrada na Lei. A cren8a ;ue ata o suGeito : Lein9o @ um dado espontIneo, mas o resultado de um processo de sistem.tica imposi89o dedor.A9o"a!eriana+blia, se/undoaleiturade-carr(,nen"umasepara89oclaraentreacria89odi!inaea dor ou,comoaautorapre4ere,entre /erare 4erir.BAl@mdocorpo"umano, Deus n9o tem nen"uma realidade material, com a e de Deussepresenti4icaen;uantodor sentidanocorpo: BDeus ordinariamentesepermitesermateriali>ado em dois lu/ares, nos corpos de "omens e mul"eres ou na armaF. A arma;ue 4ere o corpo @ um dos emblemas pri!ile/iados atra!@s dos ;uais Deus se mani4estano te)corpo tamb@m reaparece na moderna tecnolo/ia da tortura.BA estrutura da tortura @ D...E a trans4orma89o do corpo em !o>F. A ma/ni4ica89o do corpopara o suGeito torturado, causada pela eFseria a opera89o le!ada a cabo pelo torturador. Ao monopoli>ar a !o>, ele 4a> com ;ue ocorpo desapare8a. De acordo com o a. Kom o suGeito torturado, acontece o contr.rio, ele se con!erte num corpo: Ba prJpria!o> do torturador, a eirno suGeito uma separa89o, uma aliena89o de seu corpo, 4a>endo dele um traidor ou umcolaborador. Da ;ue, na concep89o restauradora de -carr(, a recupera89o da !o> se tornec"a!e na batal"a para arrancar da tortura sua le/itimidade e tornar seu "orror !is!el.H;ue@not.!el a;ui@;ue, nasprJpriasori/ensdaci!ili>a89oGudaico)crist9, -carr(encontra a suGei89o caracterstica do ato de tortura, a imposi89o de dor reali>ada por uma!o> sobre um corpo. Apesar de ;ue ela n9o tira essa conclus9oM)e tal!e> n9o a subscre!aconscientemente)), -carr(empresta credibilidade :s teses de Aiet>sc"e e +enGaminacercadacompletaimbrica89oentreasaltase!ener.!eisinstitui8Nesdaci!ili>a89oocidental e a barb.rie despre>!el das cImaras de tortura. A9o obstante a cren8a por !e>esin/=nua de -carr( de ;ue a tortura Bdes4a>F o mundo 6como se esse mundo G. ea89o Gudaico)crist9 ima/inou o acesso do suGeito : cren8a n9o di4erem muito das!ariantes mais metJdicas e cru@is do casti/o.O bem sabido ;ue a tortura acontece n9o por;ue a !tima ten"a al/uma in4orma89o ;uepossa ser Ltil ao torturador. Aa tecnolo/ia moderna da puni89o, a per/unta @ sempre umcomponentedaprJpriador.Oumailus9oacreditar;ueointerro/atJrioaconteceporal/uma ra>9o pra/m.tica, como a re!ela89o de uma in4orma89o. H interro/atJrio n9o @al/o ;ue, uma !e> resol!ido a contento do torturador, si/ni4icaria o 4im da tortura. HuseGa,a per/untan9o seGusti4icapor;ueprodu> !erdade, mas por;ue produ>dorM)eareside, di/a)sedepassa/em, todasua!erdade. Ela;uer le!ar osuGeitotorturado:autoincrimina89o, com4re;u=ncia : trai89o de umser amado. *rata)se dotipo deacontecimento ;ue o enGaular. num perene crculo de culpa. Essa produ89o 4or8ada deenunciados no suGeito torturado @ o ato de tortura em si mesmo. Komo indica um copiosocorpus de testemun"os, @ 4alsa a ideia de ;ue a tortura aconte8a por;ue ela pode ser Ltilpara a cole89o de in4orma8Nes do estado.-carr( sabe disso, mas insiste em relatar o ato de tortura atra!@s de uma 4enomenolo/ia;ue descre!e a dissolu89o Dunma2in/E do mundo, apontando ;ue a realidade do suGeitotorturadoperdeseucar.ter4uncional:Buma/eladeiran9o@maisuma/eladeira, umacadeiran9o@maisumacadeiraF. 1esmo;ueserecon"e8a;ueatorturaretiraesseconteLdopra/m.ticodosobGetos, seriaarriscadopostularissocomooe;ui!alentedeumaBsuspens9odaci!ili>a89oF, "ipostasiandoestaLltimacomoal/onecessariamenteoposto a tal pr.tica. ,ostular a atrocidade como a suspens9o da ci!ili>a89o @ poltica eteoricamente arriscado, G. ;ue permanece a per/unta acerca de ;ual seria esse territJriono ;ual a ci!ili>a89o residiria a priori, ainda n9o contaminada pela atrocidade.*"e +od( in ,ain, de -carr(, @ um li!ro capital sobre os e4eitos de!astadores da tortura nalin/ua/em e no mundo. P. ;ue se tomar distIncia, no entanto, de sua compreens9o determos comoBmundoF, Blin/ua/emF, Brepresenta89oF e BcorpoF comoconteLdos G.constitudos de antem9o e sJ subse;uentemente amea8ados e destrudos pela tortura. Aopressupor ;ue ". uma ci!ili>a89o G. ordenada e sJ depois destruda pela tortura, -carr(4ec"a as portas para ;ue se ;uestione, por ea89oine!ita!elmente eerF Dma2in/E. ,ara -carr(, a constru89o do aparato de tortura no conto deRa42a implicaria uma destrui89o da domesticidade. 1as isso parece ser ea89oF ilustrada ;uepreser!ariaaBdomesticidadeFepermitiriaoB4a>er)seFdomundoe, por outro, umatecnolo/ia da tortura supostamente destruti!a de tal ci!ili>a89o. Komo demonstra umacopiosa biblio/ra4ia, nen"uma das !.rias institui8Nes da nossa democracia sur/iu sem ;uese derramasse uma ;uantidade consider.!el de san/ue.6republicadode: 0i/uras da!iol=ncia:ensaiossobre@tica,narrati!aemLsicapopular.+P: Editora 301S, 20117.