avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

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Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e estilos de vida de uma amostra da população timorense residente em Portugal Evaluation of eating habits, nutritional state and lifestyles from a sample of the timorese population residing in Portugal Renilde Fátima Mesquita Monteiro ORIENTADA POR: Mestre Maria Antónia Rodrigues de Cunha e Campos COORIENTADA POR: Profª Doutora Cláudia Isabel Pontes Neves Afonso TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO 1.º CICLO EM CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO | UNIDADE CURRICULAR ESTÁGIO FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO PORTO TC PORTO, 2020

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Page 1: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

Avaliação dos hábitos alimentares,

estado nutricional e estilos de vida de

uma amostra da população

timorense residente em Portugal

Evaluation of eating habits, nutritional

state and lifestyles from a sample of the

timorese population residing in

Portugal

Renilde Fátima Mesquita Monteiro

ORIENTADA POR: Mestre Maria Antónia Rodrigues de Cunha e Campos

COORIENTADA POR: Profª Doutora Cláudia Isabel Pontes Neves Afonso

TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO

1.º CICLO EM CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO | UNIDADE CURRICULAR ESTÁGIO

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO PORTO

TC PORTO, 2020

Page 2: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

i

Resumo

Avaliar e conhecer os hábitos alimentares (HA), o estado nutricional e os estilos

de vida de uma amostra da população timorense residente em Portugal, é o

objetivo do presente estudo.

Para dar resposta a este objetivo, foi elaborado um questionário estruturado de

aplicação direta, com questões relativas às características sociodemográficas,

estilos de vida e estado de saúde, caraterísticas antropométricas, hábitos

alimentares, alterações aos HA após a emigração e consumo de pratos típicos

timorenses e portugueses.

Foram analisadas 82 respostas de participantes timorenses com idade média de

29,7±12,5 anos. Independentemente do sexo, a maioria apresentava um Índice de

Massa Corporal correspondente à normalidade (64,1%) e 21,9% eram pré-obesos e

obesos. 26,46% dos inquiridos realizaram as refeições, de forma completa e

saudável. 62,2% da amostra relatou melhorias no seu estado de saúde após a sua

vinda para Portugal e 69,5%, consideravam que a alimentação teve influência

nessa mudança. Relativamente às alterações dos HA, 70,7% dos inquiridos

mencionaram terem alterado o número de refeições, as quantidades de alimentos

consumidos (78%) e 58,5% o local habitual onde realizavam as suas refeições. No

entanto, encontrou-se apenas associação, com significado estatístico, entre o

número de alterações efetuadas e a idade, sendo uma relação inversa e fraca (rs=-

0,230; p=0,038).

Com este trabalho é possível concluir que uma adequada intervenção alimentar

que articule harmoniosamente os hábitos alimentares do país de origem, com o

padrão alimentar Português, alinhado com as recomendações para a prática de

uma alimentação saudável, se revestem de primordial importância.

Page 3: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

ii

Palavras-Chave: hábitos alimentares, imigração, malnutrição, Portugal,

timorense.

Page 4: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

iii

Abstract

This study aims to evaluate the eating habits, nutritional status and lifestyles from

a sample of the Timorese population living in Portugal. It was developed a

structured questionnaire of direct application, with questions related to

sociodemographic characteristics, lifestyles and health status, anthropometric,

eating habits (EA), changes to EA after emigration and consumption of typical

Timorese and Portuguese dishes. The sample include 82 responses from Timorese

participants (age average of 29,7±12,5 years). Regardless gender, most had a Body

Mass Index corresponding to normality (64.1%) and 21.9% were pre-obese and

obese. 26.46% of participants ate their meals in a complete and healthy way.

62.2% of the sample reported improvements in their health status after coming to

Portugal and 69.5%, considered that diet had an influence on this change.

Regarding changes in EA, 70.7% of respondents mentioned having changed the

number of meals, the quantities of food consumed (78%) and 58.5% the usual place

where they ate. However, only an association, with statistical significance, was

found between the number of changes they made and age, with an inverse and

weak relationship (rs = -0.230; p = 0.038).

This study allow us to conclude that an adequate food and nutrition intervention

that articulates the EA of the origin country with the Portuguese food pattern,

aligned with the recommendations for healthy eating, are very important to

promote health in migrant population.

Keywords: eating habits, immigration, malnutrition, Portugal, timorese.

Page 5: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

iv

Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos

AF – Atividade Física

CEFCNAUP – Comissão de Ética da Faculdade de Ciências da Nutrição e

Alimentação da Universidade do Porto;

HA – Hábitos Alimentares

IMC – Índice de Massa Corporal;

OMS – Organização Mundial de Saúde

TL – Timor-Leste

Page 6: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

v

Lista de Tabelas

Tabela 1. Classificação da categoria do IMC geral e por sexo, de acordo com os

critérios da OMS.

............................................................................................. 8

Tabela 2. Inquiridos que realizaram as refeições, a sua composição (refeições

completas ou não), presença de alimentos não recomendáveis (refeição saudável

ou não) e refeição completa e saudável, nas 24 horas anteriores.

............................................................................................. 9

Tabela 3. Autoperceção do estado de saúde e a sua relação com a alimentação

........................................................................................... 11

Tabela 4. Alterações reportadas pelos inquiridos quanto ao número de refeições,

quantidades de alimentos consumidos e local das refeições

........................................................................................... 11

Tabela 5. Fatores associados às alterações de hábitos alimentares

........................................................................................... 12

Page 7: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

vi

Sumário

Resumo e Palavras-Chave ................................................................ i

Abstract and Keywords ................................................................. iii

Lista de abreviaturas, siglas e acrónimos ........................................... iv

Lista de tabelas .......................................................................... v

1. Introdução ............................................................................. 1

2. Objetivos ............................................................................... 2

2.1. Objetivo geral ..................................................................... 2

2.2. Objetivos específicos ............................................................ 2

3. Metodologia ........................................................................... 3

3.1. População e Amostra ............................................................. 3

3.2. Métodos ............................................................................ 3

4. Resultados ............................................................................. 7

5. Discussão ............................................................................. 12

6. Conclusões ........................................................................... 15

Agradecimentos ........................................................................ 16

Referências ............................................................................. 17

Anexos ................................................................................... 20

Índice de Anexos ....................................................................... 21

Page 8: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

1

1. Introdução

A República Democrática de Timor Leste, mais conhecido como Timor-Leste (TL),

é um país jovem e pequeno localizado no Sudoeste Asiático com uma população

de aproximadamente 1,3 milhões(1). Apesar da percentagem da população que

vivia no limiar da pobreza ter decrescido (de 50,4% em 2007 para 41,8% em 2014)

este valor é ainda elevado, ainda que esta redução possa representar um progresso

significativo para um país de pós-conflito(2).

O grande desafio de saúde pública que Timor enfrenta é a desnutrição(3). Um

problema grave com consequências adversas, interferindo concretamente com o

comprometimento do desempenho escolar e da produtividade das crianças e, em

situações mais graves, a morte precoce(4). Embora o Governo de TL, com o apoio

das organizações nacionais e internacionais, tenha estabelecido políticas e

estratégias relacionadas à alimentação/nutrição de forma a combater este

flagelo(5-8), a prevalência de nanismo nas crianças com idade inferior a 5 anos

continua alta, aproximadamente 49,2%(2) tendo-se também verificado o aumento

da prevalência de crianças com excesso de peso, em cerca de 6%(9). Nos indivíduos

com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos a prevalência de baixo peso

nas mulheres é de 27% e 26% nos homens. Por outro lado, 8% das mulheres e 5%

nos homens têm excesso de peso(9). Trata-se, portanto, de um país com problemas

de coexistência da dupla forma de malnutrição.

Em TL, apenas 25% da população não sofre de insegurança alimentar(10). Apesar

do país possuir diversos alimentos indígenas, tradicionais e nutritivos, a

disponibilidade e a acessibilidade aos mesmos não são facilitadas para a maior

parte da população(3). Os alimentos-base para esta população são o milho, o arroz,

Page 9: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

2

a mandioca e outros tipos de complementados como alguns vegetais. O consumo

de alimentos de origem animal é baixo(8, 11, 12). De uma forma geral, em termos

qualitativos e quantitativos, a alimentação dos timorenses é carente e pouco

diversificada quanto aos alimentos consumidos, tendo como consequência uma

ingestão calórica também inferior às necessidades (4, 8).

Mundialmente existem cerca de 1 bilhão de migrantes(13). Em Portugal dados

recentes, apontam que existem cerca de 477 mil imigrantes com estatuto legal de

residente no país(14). O número dos timorenses registado nos Serviços de

Estrangeiros e Fronteiras é de 263(15).

São vários os fatores que podem afetar a saúde de um imigrante e a mudança dos

hábitos alimentares (HA) é um deles(16). Tanto quanto é o nosso conhecimento,

até à data ainda não se encontram dados que relatem os HA dos timorenses em

Portugal. Desta forma, considerou-se pertinente estudar e explorar melhor os HA

e suas alterações nesta população.

2. Objetivos

2.1 Objetivo geral

O presente estudo tem como finalidade avaliar e conhecer os HA, o estado

nutricional e os estilos de vida de uma amostra da população timorense residente

em Portugal.

2.2 Objetivos específicos

• Caraterizar os estilos de vida e o estado nutricional de uma amostra dos

timorenses residentes em Portugal com idade igual ou superior a 18 anos;

• Avaliar e conhecer os seus HA;

Page 10: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

3

• Identificar as principais alterações dos seus HA, estilos de vida e da sua

composição corporal que tenham decorrido com a vinda para Portugal;

• Reconhecer os fatores associados às alterações dos HA.

3. Metodologia

Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo observacional, de desenho

transversal.

3.1. População e Amostra

Este estudo abrange uma amostra da população timorense residente em Portugal,

de idade superior ou igual a 18 anos.

Foram contatados a cerca de 131 timorenses residentes em Portugal. Destes, 88

responderam ao questionário, o que correspondiam a uma taxa de resposta de

67,2%. No entanto 6 respostas foram excluídas por não responderem de forma

completa ao questionário.

3.2. Métodos

De modo a cumprir os objetivos delineados elaborou-se um questionário

estruturado de aplicação direta.

Previamente à submissão da proposta de trabalho à Comissão de Ética da

Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto

(CEFCNAUP) foi realizado um estudo piloto em 4 adultos para testar o seu

fraseamento, compreensão e duração.

Foi solicitada e obtida a colaboração por parte do Presidente do Grupo dos

Estudantes Timorenses no Porto, de forma a auxiliar à divulgação deste trabalho

aos timorenses residentes neste local. De forma a aumentar a amostra do presente

Page 11: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

4

estudo, foi pedido aos potenciais participantes, a disponibilização de possíveis

contactos de outros timorenses que poderiam eventualmente participar neste

estudo.

Relativamente aos timorenses que não residiam no Porto, foi feito uma pesquisa

pela estagiária através das redes sociais e posteriormente a mesma entrou em

contacto direto, de forma a solicitar o preenchimento de toda a documentação

necessária, concretamente o termo do consentimento informado (Anexo A) e o

link do questionário (na versão Google Forms da Universidade do Porto) de forma

a facilitar o seu preenchimento.

O trabalho foi submetido e aprovado pela CEFCNAUP no dia 7 de fevereiro de 2020

(PARECER Nº2/2020/CEFCNAUP/2020).

Questionário:

O questionário apresentado no Anexo B, foi adaptado da tese de licenciatura em

Ciências da Nutrição de Anzela Sorokina apresentado em 2013(17) e é constituído

pela seguinte informação:

a) Características sociodemográficas: idade, sexo, local de residência,

habilitações literárias, situação profissional atual, estado civil, duração de

permanência em Portugal bem como a situação da integração;

b) Estilos de vida e estado de saúde: prática de atividade física e sua duração

antes e depois de emigrar, hábitos tabágicos e alcoólicos, presença e

designação de patologias, n.º de horas de sono habituais, autoperceção do

estado de saúde geral em comparação com antes de vinda para Portugal e

a influência da alimentação na mudança do estado de saúde;

Page 12: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

5

c) Caraterísticas antropométricas: peso e altura autoreportados, de forma a

avaliar o estado nutricional dos inquiridos.

Posteriormente procedeu-se ao cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), que foi

categorizada de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde

(OMS)(18);

d) Avaliação do consumo alimentar: utilizou-se o questionário às 24 horas

anteriores, com questões relativas às horas, alimentos e bebidas

consumidos;

e) Para a classificação das refeições, provenientes da informação supracitada,

em completa e incompleta, os alimentos foram agrupados tendo sido

considerandos os critérios apresentados no Anexo C.

Paralelamente, foram identificados nas refeições acima mencionadas, a presença

ou não de alimentos não recomendados, que permitiram classificar a refeição em

saudável ou não (Anexo D).

O questionário contém ainda questões sobre as alterações dos HA identificadas

após a emigração, nomeadamente quanto ao número e local das refeições, bem

como a quantidade dos alimentos consumidos às refeições. De forma a estudar os

fatores que podiam estar associados as alterações decorridas, houve a necessidade

de criar uma nova variável “número de alterações dos HA” que incluía a soma de

todas as alterações referidas pelos inquiridos.

Por último, foram também incluídas questões relacionadas à frequência de

consumo de pratos típicos timorenses e portugueses em que os inquiridos tinham

de indicar três pratos típicos que mais frequentemente consumiam.

Recolha de dados:

Page 13: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

6

A recolha dos dados foi efetuada de duas formas distintas:

- Para os residentes no Porto, foi feita de forma presencial num local acordado

antecipadamente com a presença da estagiária, de modo a se proceder a

esclarecimentos de eventuais dúvidas, no momento da recolha.

- Para os não residentes no Porto o questionário foi reproduzido no formato Google

Forms da Universidade do Porto e enviado o link por correio eletrónico para o seu

preenchimento. Foi também fornecido o contacto de email e telemóvel da

estagiária, de forma a também proceder ao esclarecimento de quaisquer dúvidas

no momento do seu preenchimento.

Para as duas situações, apenas foi entregue e enviado o questionário ou o seu link

para preenchimento, aos timorenses que apresentaram previamente o termo do

consentimento devidamente assinado.

Todos os potenciais participantes foram informados que a participação era

voluntária sendo garantido o anonimato e confidencialidade da informação

colhida, bem como o direito de abandonar o estudo a qualquer momento sem

qualquer justificação. A recolha da informação foi efetuada durante o mês de

fevereiro.

Análise estatística dos dados:

A análise estatística dos dados recolhidos foi realizada no programa Statistical

Package for Social Sciences (SPSS), versão 26.0.

A estatística descritiva consistiu no cálculo de frequências absolutas (n) e relativas

(%), de médias e desvios padrão, e de medianas e percentis (P25; P75). Foi

utilizada a correlação de Spearman (rs) para medir a associação entre pares de

variáveis. Utilizou-se o teste de Mann-Whitney para comparar ordens médias de

Page 14: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

7

amostras independentes. A hipótese nula foi rejeitada quando o nível de

significância crítico para a sua rejeição (p) foi inferior a 0,05.

4. Resultados

4.1. Caraterização da amostra

Foram analisadas 82 respostas, das quais 53,7%, são de sexo feminino. Os

participantes tinham idades compreendidas entre os 18 e 76 anos, sendo a idade

média de 29,7±12,5 anos. No que diz respeito ao local de residência, 58,5% dos

inquiridos habitavam na região Norte do país, 23,2% no Centro e os restantes 18,3%

residem no Sul do país e nos Açores.

Relativamente à escolaridade, 78% dos inquiridos frequentavam o ensino superior,

enquanto os 22% tinham grau de escolaridade inferior. A maioria dos participantes

(82,9%) eram estudantes. O tempo de permanência dos inquiridos em Portugal

variava entre menos de 1 e 45 anos, com uma média de 5,4±8,0 anos. Do total dos

inquiridos, apenas 22% eram casados, sendo que as nacionalidades dos cônjuges

eram cabo-verdiana (1,2%), indonésios (1,2%), portugueses (3,7%) e timorenses

(15,9%).

Relativamente ao grau de adaptação a Portugal, 39% dos inquiridos referiam

sentirem-se muito adaptados (5, numa escala de 1 a 5) e apenas 2,4% relataram o

oposto (nível 1).

• Caraterização dos estilos de vida e estado nutricional

Mais de metade dos inquiridos (62,2%) não praticavam a atividade física (AF). Dos

que praticavam (37,8%), em média faziam-no três vezes por semana com uma

duração média de 1,7±0,8 horas por sessão. Antes de emigrar, 45,1% encontrava-

Page 15: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

8

-se envolvido na prática de AF, com frequência e duração média por sessão,

idênticas a quem pratica atualmente.

Relativamente aos hábitos tabágicos, 20,7% dos inquiridos fumam, sendo a

quantidade de cigarros por dia varia entre 1 e 24, com uma média de 8,0±7,9 de

cigarros por dia. No que diz respeito ao consumo de bebidas alcoólicas, 68,3% dos

inquiridos referiam consumir, sendo que a quantidade de bebidas consumidas

variava entre 1 ou mais de 2 copos por cada ingestão. Quanto a regularidade de

consumo 35,4% referiam um consumo ocasional e 20,7% semanal. O vinho (46,4%)

e bebidas destiladas (41,1%) eram dois tipos de bebidas mais reportadas.

Relataram a presença de doenças 18,3% dos participantes, sendo as mais

frequentes a diabetes, doença cardiovascular, hipertensão arterial, depressão,

cancro, gota, dislipidemia, problemas ósseos e de estômago sem especificar quais.

A média do número de horas de sono indicada pelos inquiridos era de 7,2±1,7

horas por noite, com um mínimo de 4 horas e um máximo de 12 horas.

Do total dos inquiridos, apenas 66 relataram o seu peso e 79 a sua altura. O peso

que reportaram oscilou entre os 42 e 90 kg, e a altura entre 145 e 183 cm, o que

correspondeu a uma média de Índice Massa Corporal (IMC) de 22,5± 3,8 kg/m2. De

uma forma geral, a percentagem dos participantes com o IMC correspondente à

normalidade foi superior comparativamente às demais categorias de IMC. Cerca

de dois terços das mulheres (63,2%) e dos homens (65,4%) eram normoponderais.

A distribuição do IMC de acordo com os critérios da OMS(18) está representada na

Tabela 1.

Tabela 1. Classificação da categoria do IMC geral e por sexo, de acordo com os critérios da OMS.

Classificação do IMC Total n (%)*

Homens n (%)*

Mulheres n (%)*

Magreza (<18,5 kg/m2) 9 (14,1%) 2 (7,7%) 7 (18,4%)

Page 16: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

9

Normoponderal (18,5 – 25,0 kg/m2) 41 (64,1%) 17 (65,4%) 24 (63,2%)

Pré-obesidade + Obesidade (>25,0 kg/m2) 14 (21,9%) 7 (26,9%) 7 (18,4%)

*Percentagem calculada em função do número de inquiridos que souberam do seu peso e da sua altura.

• Avaliação dos hábitos alimentares

Encontram-se apresentadas na Tabela 2, informações referentes à frequência do

consumo das diferentes refeições, à sua constituição (completa ou não), à

presença de alimentos não recomendáveis (refeição saudável ou não), e se a

refeição era completa e simultaneamente saudável.

De um modo geral, no que diz respeito a presença de alimentos não recomendáveis

nas refeições, verificou-se que os alimentos que se encontram nas refeições

intermédias são os produtos alimentares açucarados e/ou folhados. Enquanto nas

refeições principais, para além dos produtos alimentares referidos anteriormente,

foram ainda identificados a presença de alimentos fritos e/ou salgados, assim

como fast-food.

Tabela 2. Inquiridos que realizaram as refeições, a sua composição (refeições completas ou não), presença de alimentos não recomendáveis (refeição saudável ou não) e refeição completa e saudável, nas 24 horas anteriores.

Refeições

Inquiridos que realizaram a

refeição

n (%)

Inquiridos que realizaram uma

refeição completa*

n (%)

Presença de alimentos não recomendáveis na

refeição* n (%)

Inquiridos que realizaram uma refeição

completa e saudável* (sem alimentos não

recomendáveis)

Pequeno-Almoço 72 (87,8%) 26 (36,1%) 38 (52,8%) 9 (12,5%)

Merenda da manhã

28 (34,1%) 15 (53,6%) 13 (46,4%) 6 (21,4%)

Almoço 82 (100%) 44 (53,7%) 48 (58,5%) 17 (20,7%)

Merenda da tarde

58 (70,7%) 45 (77,6%) 30 (51,7%) 23 (39,7%)

Jantar 80 (97,6%) 29 (36,3%) 47 (58,7%) 10 (12,5%)

Ceia 25 (30,5%) 23 (92,0%) 10 (40,0%) 13 (52,0%)

Média do total das refeições

70,11% 58,21% 51,35% 26,46%

*Percentagens calculadas em função do número de inquiridos que realizaram a refeição.

Page 17: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

10

No que se refere ao consumo de frutas os resultados mostram que cerca de metade

dos indivíduos incluíam este alimento nas suas refeições principais, 57,3% ao

almoço e 52,4% ao jantar. Incluíam fruta ao pequeno-almoço 31,7%, ao meio de

manhã 19,5%, de tarde 28% e à ceia apenas 9,8% dos participantes. Os inquiridos

que consumiam hortícolas como acompanhamento do prato ao almoço e jantar

eram 57,3% e 50%, respetivamente.

No que se refere à frequência de consumo de pratos típicos timorenses, os

indicados com mais frequência foram: “Midaar-siin”, “Etu ho modo-fila”, “Koto”,

“Batar-daan” e carnes ou frango ou peixes fritos (Anexo E). Os pratos típicos

portugueses mais assinalados foram: Bacalhau com Natas, Bacalhau à Brás,

Bitoque, Strognoff e Feijoada.

• Alterações autorreportadas decorridas com a vinda para Portugal

Com a vinda para Portugal, foram reportadas pelos inquiridos alterações quanto

aos seus estilos de vida, o peso corporal, bem como aos hábitos alimentares em

geral (número das refeições por dia, quantidade dos alimentos das mesmas e o

local onde se realizam as refeições).

No que se refere aos estilos de vida, salienta-se as alterações na prática de AF,

identificou-se que 7,3% dos indivíduos deixaram de realizar. Mais de metade dos

inquiridos, cerca de 58,5%, relataram que pesavam menos antes de emigrar, ou

seja, aumentaram de peso. 22% assumiram que em Timor tinham peso a mais e

com a vinda para Portugal este diminuiu. Para caraterizar o seu estado de saúde

em comparação com o tempo em viviam em Timor (numa escala de 1 a 5 em que

1 significa piorou muito e 5 melhorou muito) verificou-se que 62,2% dos inquiridos

indicaram melhorias no seu estado de saúde após a sua vinda para Portugal

Page 18: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

11

(correspondendo à junção dos níveis 4 e 5). Quanto questionados sobre se

consideravam que a alimentação teve alguma influência nessa mudança do seu

estado de saúde, e utilizando a escala usada anteriormente, 69,5%, assinalaram

igualmente os níveis 4 e 5. Quando se correlacionaram estas duas variáveis (Tabela

3), identificou-se que existe uma relação direta, mas fraca, ou seja, os

participantes que consideraram ter melhorado o seu estado de saúde, associaram

maioritariamente esta melhoria à influência da alimentação. (p<0,001; rs=0,434).

Tabela 3. Autoperceção do estado de saúde e a sua relação com a alimentação

Escala de Estado de Saúde n (%) Escala da Influência na

alimentação n (%)

1- Piorou muito 1 (1,2%) 1- Pouca influência 2 (2,4%)

2- 9 (11%) 2- 6 (7,3%)

3- 21 (25,6%) 3- 17 (20,7%)

4- 34 (41,5%) 4- 32 (39,0%)

5- Melhorou muito 17 (20,7%) 5- Muita influência 25 (30,5%)

Relativamente às alterações dos HA, 70,7% dos inquiridos mencionaram terem

alterado o número de refeições desde a vinda para Portugal, por outro lado,

78,0% dos participantes referiram terem alterado as quantidades de alimentos

ingeridos. No que diz respeito ao local das refeições 58,5% indicaram que

modificaram o local em que habitualmente realizavam as suas refeições.

Está representada na Tabela 4, as alterações reportadas por esta amostra.

Tabela 4. Alterações reportadas pelos inquiridos quanto ao número de refeições, quantidades de alimentos

consumidos e local das refeições

Nº das refeições n (%)* Quantidade dos

alimentos n (%)* Local das refeições n (%)*

Maior nº das

refeições 43 (74,1%)

Maior quantidade 46 (71,9%) Mais vezes em casa 16 (33,3%)

Menor nº das

refeições 15 (25,9%)

Menor quantidade 18 (28,1%) Mais vezes fora de

casa 32 (66,7%)

*Percentagens calculadas em função do número dos inquiridos que responderam que se alteraram dos seus HA.

• Fatores associados ao número de alterações dos HA reportadas

Page 19: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

12

Relativamente aos fatores associados às alterações dos HA (considerando a nova

variável “número de alterações dos HA”) ocorridas com a vinda para Portugal,

verificou-se que apenas existe associação, com significado estatístico, entre as

variáveis “idade” e o “números das alterações dos HA”, sendo uma relação inversa

e fraca (rs=-0,230; p=0,038). (Tabela 5)

Tabela 5. Fatores associados às alterações de hábitos alimentares

Variáveis rs p

Idade - 0,230 0,038

Habilitação literária 0,046 0,684

Tempo de permanência - 0,071 0,528

Nível de adaptação 0,048 0,667

Estado de saúde 0,042 0,710

Influência da alimentação no estado de saúde 0,043 0,704

IMC - 0,057 0,654

Quando se associou o “número das alterações dos HA” com o estado civil dos

inquiridos, os resultados demonstraram que não existem diferenças significativas

(p = 0,279) entre os solteiros (mediana= 2; P25 = 2; P75 = 3) e os casados (mediana

= 2; P25 = 0,75; P75 = 3). O mesmo se verificou entre os sexos (p = 0,587).

5. Discussão

De um modo geral o presente estudo retrata uma população com um IMC

maioritariamente correspondente à normalidade, independentemente do sexo,

porém só 26,46% dos inquiridos realizaram as suas refeições de forma completa e

saudável. 62,2% dos inquiridos indicaram melhorias no seu estado de saúde após a

sua vinda para Portugal e 69,5% consideravam que a sua alimentação teve

influência nessa mudança positiva. A maior parte da amostra identificou como

alterações aos seus HA, concretamente quanto ao número de refeições, às

quantidades de alimentos ingeridos e aos locais habituais de consumo.

Ainda que alguns trabalhos de investigação demonstrem que os imigrantes

apresentam uma menor prevalência de excesso de peso ou obesidade

Page 20: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

13

comparativamente a população hospedeira dos países industrializados(19), outros

estudos porém retratam o oposto, sugerindo que os imigrantes são mais

predispostos a adquirirem HA nem sempre favoráveis(16), adaptando-se a

ambientes obsegénicos(20, 21), e consequentemente mais propensos a um aumento

da prevalência de fatores de risco de doenças crónicas não transmissíveis(22).

Do presente estudo 58% dos participantes reportaram terem aumentado do seu

peso, resultados concordantes com trabalhos realizados com imigrantes chineses,

ucranianos e turcos residentes em Portugal(17, 23, 24), ainda que o IMC médio seja

de 22,5± 3,8 kg/m2, este grupo de população. No que se refere aos estilos de vida

promotores se saúde, a atividade física é dos mais descritos com uma associação

positiva(25), e as recomendações da OMS sugerem uma prática regular de 150

minutos de exercícios de intensidade moderada, ou equivalentes ao longo da

semana para a população adulta(26). Os resultados obtidos do presente estudo

mostram que com a vinda para Portugal a prática de atividade física diminuiu

7,3%, porém para os que mantém essa prática, a frequência e tempo de cada

sessão são idênticas e alinhadas às recomendações atrás referidas.

O número médio de horas de sono na população estudada foi de 7,2±1,7 o que se

encontra dentro das recomendações sugeridas pelo National Sleep Foundation,

ainda próximo do seu limite inferior(27).

Com a vinda para Portugal, mais de metade dos participantes da nossa amostra

assinalaram terem aumentando o número das refeições por dia, assim como a

quantidade dos alimentos consumidos. Além disso, a maioria da amostra não

realizou uma alimentação completa nem saudável nas diferentes refeições, em

que cerca de metade dos inquiridos incluíam nas suas refeições um ou mais

Page 21: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

14

alimentos menos saudáveis e mais processados, tais como alimentos fritos e

salgados (batatas fritas, presunto,…), alimentos ricos em açucares simples

(refrigerantes, sobremesas doces, …) e gorduras saturadas (produtos da pastelaria,

fast-food,…). Estes resultados estão em concordância com outros estudos

efetuados em populações de países em desenvolvimento que emigraram para

países desenvolvidos, concretamente no que se refere ao aumento do consumo de

alimentos processados(28, 29).

É de reconhecimento geral que o consumo de frutas e hortícolas é um indicador

importante na qualidade alimentar (30) sendo um fator protetor contra as doenças

crónicas e cancro(31, 32). Uma investigação realizada em imigrantes que viviam em

Portugal mostrou que este grupo da população não ingeria uma quantidade

adequada deste grupo de alimentos(33). Embora, os resultados do presente

trabalho não nos permitam aferir quantidades médias de consumo de fruta, porém

permite destacar que só cerca de metade dos indivíduos consumiam fruta.

Existem diversos fatores que podem influenciar nas alterações dos HA de uma

população imigrante no país hospedeiro, das quais se destacam a disponibilidade

e acessibilidade dos alimentos, o padrão alimentar do país de origem, a idade, o

tempo de permanência no país de acolhimento, bem como o nível de integração

no país hospedeiro(20, 28, 34, 35), no nosso estudo, só a idade apresentou uma

associação inversa no se refere as mudanças dos hábitos.

Tal como qualquer outro estudo, o presente trabalho apresenta limitações, tais

como o seu carácter transversal não permitindo inferir a causalidade entre as

variáveis, também o tamanho da amostra de conveniência que é reduzido ainda

que tenha sido o possível, considerando as limitações temporais para a realização

Page 22: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

15

deste estudo. Quanto à informação sobre o consumo alimentar, poderá ter

ocorrido a subestimação deste, associada ao método de avaliação do consumo

alimentar escolhido, assim como só foi avaliado o dia anterior à recolha de dados

que poderá não ser representativa do todo. Também o peso e a altura foram

autorreportados, pelo que a prevalência de pré-obesidade e obesidade pode estar

subestimada. Apresentam-se como pontos fortes do presente trabalho o seu

carácter inovador, uma vez que em Portugal não encontramos trabalhos com os

objetivos idênticos realizados nesta população.

Com o presente estudo é possível concluir que uma adequada intervenção

alimentar que articule harmoniosamente os HA do país de origem, com o padrão

alimentar Português, alinhado com as recomendações para a prática de uma

alimentação saudável, se revestem de primordial importância.

6. Conclusões

Através deste trabalho conclui-se os Timorenses que vieram para Portugal

reportaram uma diminuição da prática de atividade física, cerca de ¼ da amostra

fumava e bebia álcool semanalmente, estando o n.º de horas de sono dentro do

recomendado.

Mais de metade da amostra era normoponderal, apresentando pré-obesidade e

obesidade ¼ dos inquiridos.

Considerando a média de todas as refeições, só 26,46% da amostra realizaram

refeições completas e saudáveis, mas só cerca de metade ingeria frutas e

hortícolas. Com a vinda para Portugal, grande parte dos participantes referiram

que consumiam um maior número de refeições, maiores quantidades de alimentos

e faziam as suas refeições mais vezes fora de casa.

Page 23: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

16

Agradecimentos

À minha orientadora, Doutora Maria Antónia Campos pela preocupação, a

paciência, confiança e apoio incansável. Obrigada por tudo.

À minha coorientadora, Profª Doutora Cláudia Afonso que me acompanhou com

toda paciência em todas as etapas deste trabalho, pela ajuda e pelo apoio

incansável, pela confiança que me mostrou e sugestão desta temática desafiante.

Ao Prof. Rui Poínhos, sempre disposto a ajudar e pelas respostas rápidas ao meu

pedido de ajuda na parte da estatística.

A todos os participantes timorenses que despenderam do seu tempo em colaborar

neste trabalho.

A todos o meu profundo agradecimento.

Page 24: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

17

Referências

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Page 25: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

18

17. Sorokina A. Avaliação de hábitos alimentares e estado nutricional de uma população ucraniana residente na Zona Norte de Portugal [Tese de Licenciatura]. Porto: Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto; 2013. 18. World Health Organization. Body Mass Index. WHO. Disponível em: http://www.euro.who.int/en/health-topics/disease-prevention/nutrition/a-healthy-lifestyle/body-mass-index-bmi. 19. McDonald JT, Kennedy S. Is migration to Canada associated with unhealthy weight gain? Overweight and obesity among Canada's immigrants. Social science & medicine (1982). 2005; 61(12):2469-81. 20. da Costa LP, Dias SF, Martins MdRO. Association between length of residence and overweight among adult immigrants in Portugal: A nationwide cross-sectional study. BMC Public Health. 2017; 17(1):316. 21. Delavari M, Sønderlund AL, Swinburn B, Mellor D, Renzaho A. Acculturation and obesity among migrant populations in high income countries–a systematic review. J BMC Public Health. 2013; 13(1):458. 22. Rechel B, Mladovsky P, Ingleby D, Mackenbach JP, McKee M. Migration and health in an increasingly diverse Europe. The Lancet. 2013; 381(9873):1235-45. 23. Li Y. Food habits of a Chinese immigrant population living in Portugal [Tese de Mestrado]. Porto: Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto; 2015. 24. Akalin FK. Avaliação dos hábitos alimentares de turcos residentes em Portugal [tese de mestrado]. Porto: Faculdade Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto; 2016. 25. Penedo FJ, Dahn JR. Exercise and well-being: a review of mental and physical health benefits associated with physical activity. Current opinion in psychiatry. 2005; 18(2):189-93. 26. World Health Organization. Global Recommendations on Physical Activity For Health. Geneva, Switzerland: World Health Organization; 2010. 27. Hirshkowitz M, Whiton K, Albert SM, Alessi C, Bruni O, DonCarlos L, et al. National Sleep Foundation's updated sleep duration recommendations: final report. Sleep health. 2015; 1(4):233-43. 28. Gilbert PA, Khokhar S. Changing dietary habits of ethnic groups in Europe and implications for health. Nutrition reviews. 2008; 66(4):203-15. 29. Kumar BN, Holmboe-Ottesen G, Lien N, Wandel M. Ethnic differences in body mass index and associated factors of adolescents from minorities in Oslo, Norway: a cross-sectional study. Public health nutrition. 2004; 7(8):999-1008. 30. Gil Á, Martinez de Victoria E, Olza J. Indicators for the evaluation of diet quality. Nutricion hospitalaria. 2015; 31 Suppl 3:128-44. 31. World Health Organization. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases. World Health Organization technical report series. 2003; 916 32. World Health Organization. Fruit and Vegetable Promotion Initiative – report of the meeting, Geneva, 25–27 August 2003. Geneva: World Health Organization; 2003. 33. Costa L, Dias S, Martins M. Fruit and Vegetable Consumption among Immigrants in Portugal: A Nationwide Cross-Sectional Study. International journal of environmental research and public health. 2018; 15(10)

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34. Talegawkar SA, Kandula NR, Gadgil MD, Desai D, Kanaya AM. Dietary intakes among South Asian adults differ by length of residence in the USA. Public health nutrition. 2016; 19(2):348-55. 35. Mellin-Olsen T, Wandel M. Changes in food habits among Pakistani immigrant women in Oslo, Norway. Ethnicity & health. 2005; 10(4):311-39.

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20

ANEXOS

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Índice de Anexos

Anexo A – Consentimento informado aos timorenses ................................. 22

Anexo B – Questionário aplicado aos timorenses ...................................... 24

Anexo C – Classificação das refeições de acordo com a sua composição

............................................................................................... 29

Anexo D – Classificação referente à presença de alimentos não recomendáveis 30

Anexo E – Frequência das respostas do prato típico timorense e português dos

inquiridos, e exemplo dos pratos típicos timorenses e as receitas ................ 31

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22

Anexo A – Consentimento informado aos timorenses

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Anexo B – Questionário aplicado aos timorenses

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Anexo C. Classificação das refeições de acordo com a sua composição.

Refeições intermédias Completa

Nº de componentes*

Incompleta

Nº de componentes**

Pequeno-almoço 3 ≤2

Lanche de manhã e tarde ≥2 <2

Ceia ≥1 0

Refeições principais Completa

Nº de componentes**

Incompleta

Nº de componentes**

Almoço e Jantar ≥4 <4

*Componentes: lacticínios; cereais e derivados; fruta.

**Componentes: sopa ou hortícolas no prato; arroz, massa ou batata; carne, peixe,

ovo e/ou leguminosas; fruta.

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30

Anexo D. Classificação referente à presença de alimentos não recomendáveis

Refeições Alimentos não recomendáveis

Intermédias

1. Produtos açucarados/Doces/…

2. Folhados/Fritos/Salgados/…

3. Presença de ambos

Principais

1. Açucarados/Doces

2. Folhados/Fritos

3. Salgados

4. Presença de dois destes alimentos

5. Presença de três destes alimentos

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Anexo E – Frequência das respostas do prato típico timorense e português dos

inquiridos, e exemplo dos pratos típicos timorenses e suas receitas

Frequência das respostas dos pratos típicos portugueses e timorenses que os

inquiridos referiam consumir com mais vezes.

Pratos típicos timorenses Frequência das respostas n (%)*

1. “Midaar-siin” 26 (16,25%)

2. “Etu ho modo-fila” 24 (15,0%)

3. “Koto” 19 (11,87%)

4. “Batar-daan” 17 (10,6%)

5. Carnes ou frango ou peixes

fritos 13 (8,12%)

Pratos típicos portugueses

Número inquiridos que referiam o

prato

n (%)*

6. Bacalhau com natas 17 (12,05%)

7. Bacalhau à brás 11 (7,80%)

8. Bitoque 8 (7,09%)

9. Strognoff 9 (6,38%)

10. Feijoada 9 (6,38%)

*Percentagem calculada de acordo com o total das opções referidas pelos inquiridos

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Exemplo dos pratos típicos timorenses e suas receitas

1. “Midar-Siin na´an fahi” (Agridoce de carne de porco)

*Imagem retirada das redes sociais com a autorização da autora

Ingredientes Modo de Preparação

• Carne de porco

• Óleo vegetal

• Lima ou Limão

• Alho

• Pimenta preta/branca

• Cebola

• Gengibre

• Polpa de tamarindo

• Folha de louro

• Molho de soja doce

• Sal

• Piri-piri (opcional)

1. Demolhar a polpa de tamarindo em

água, até o suco do tamarindo se

transferir para a água. Filtrar e

reservar;

2. Temperar a carne, cortada aos cubos,

com pimenta preta/branca, gengibre e

alho picados, sal e limão/lima;

3. Numa frigideira, fritar a carne em óleo.

Quando estiver parcialmente frita,

retirar da frigideira e colocar num

recipiente.

4. Usando a mesma frigideira, refogar a

cebola e alho picados. Colocar

novamente a carne, misturar bem com

o refogado e depois colocar piri-piri

(opcional);

5. Posteriormente, adicionar o líquido do

tamarindo e a folha de louro. Mexer

bem e deixar ferver um pouco.

6. Acrescentar o molho de soja doce e

misturar. Deixar ferver mais um pouco;

7. Quando estiver cozido, retirar do lume

e servir com arroz.

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33

2. “Etu ho modo-fila” (Arroz com legumes salteados)

*Imagem retirada da página de Dionysus Bar and Restaurant TL

Ingredientes Modo de Preparação

• Arroz

• Legumes e hortícolas a gosto

(Confecionado frequentemente

em Timor: “kanko”, folha de

batata doce, flor da papaia, folha

da mandioca, “mostarda”

(idêntico aos grelos), espinafres,

agrião, flor/coração da

bananeira, entre outros);

• Óleo vegetal;

• Chalote;

• Alho

• Sal

1. Cozer o arroz numa panela apenas

com água;

2. Numa frigideira, numa quantidade

suficiente de óleo, colocar o alho

e o chalote picados e mexer

continuamente;

3. Depois, acrescentar os legumes,

temperar com sal e saltear;

4. Quando estiver bem salteado, e

retirar do lume;

5. Servir com o arroz.

Page 41: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

34

3. “Koto da´an” (Feijoada)

*Imagem retirada das redes sociais com a autorização da autora

Ingredientes Modo de Preparação

• Feijão seco

• Batata

• Cenoura

• “Mostarda” (idêntico aos grelos)

• Macarrão

• Óleo vegetal

• Chalote

• Alho

• Tomate

• Pimenta

• Erva-príncipe

• Sal

1. Demolhar o feijão em água

durante cerca de 15 min;

2. Cozer o feijão numa panela com

água;

3. Depois, acrescentar a cenoura

cortada às rodelas, a batata aos

cubos e posteriormente adicionar

o macarrão e deixar cozer.

Reservar;

4. À parte, num tacho, refogar a

chalote, o alho, o tomate e a

erva-príncipe;

5. Adicionar o feijão cozido com a

cenoura, a batata e o macarrão

ao refogado no tacho, deixar

cozer mais um pouco e temperar

com sal;

6. Quando estiver cozido, servir.

Page 42: Avaliação dos hábitos alimentares, estado nutricional e

35

4. “Batar-daan” (Milho cozido)

*Imagem retirada da página de Parcic Timor-Leste

Ingredientes Modo de Preparação

• Milho seco

• Feijão seco

• Amendoim

• Abóbora (pode optar por outros

legumes ou hortícolas a gosto)

• Óleo vegetal;

• Bebida de coco (opcional);

• Sal

1. Numa panela com água, cozer o

feijão, o milho e o amendoim;

2. Depois de parcialmente cozido,

acrescentar a abóbora (ou

legumes ou hortícolas a gosto),

bebida de coco e sal q.b;

3. Retirar do lume quando estiver

cozido e servir.

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36

5. Carne ou frango ou peixes fritos

*Imagem retirada das redes sociais com a autorização da autora

Ingredientes Modo de Preparação

• Carne ou frango ou peixe

• Limão/lima

• Pimenta

• Óleo vegetal

• Sal

• (Outras especiarias a gosto)

1. Temperar com o sal, a pimenta, o

limão/lima e outras especiarias a

gosto;

2. Numa frigideira, colocar o óleo

vegetal;

3. Fritar a carne ou o frango ou o

peixe até ficar cozido;

4. Servir e acompanhar com arroz

cozido.

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