avaliação do risco da indústria bancária (bicra): brasil

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1 ANALISTA PRINCIPAL Cynthia Cohen Freue Buenos Aires 54 (11) 4891-2161 cynthia.cohenfreue @spglobal.com CONTATO ANALÍTICO ADICIONAL Sergio Garibian São Paulo 55 (11) 3039-9749 sergio.garibian @spglobal.com Suporte do governo: Supportive (que provê suporte) Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil 22 de junho de 2020 Nota do editor: Em 30 de junho de 2020, alteramos nossas projeções para contração e crescimento do PIB do Brasil e as atualizamos neste relatório. Principais Fatores da Análise Fundamentos A S&P Global Ratings classifica o setor bancário do Brasil (BB-/Estável/B e brAAA/Estável/--) no Avaliação do Risco da Indústria Bancária de um país (BICRA - Banking Industry Country Risk Assessment). Outros países no grupo Trinidad & Tobago, África do Sul e Uruguai (ver gráfico 1). Nosso critério de bancos utiliza as classificações de risco econômico e de risco da indústria bancária do BICRA para determinar a âncora de um banco, a qual é o ponto de partida para atribuirmos um rating de crédito de emissor. Em nossa opinião, os baixos níveis de renda no Brasil e a posição fiscal fraca do governo restringem a resiliência econômica do país. Além disso, o momentum de reformas do governo, que antecedeu a pandemia da COVID-19, está temporariamente parado, já que os esforços fiscais se concentram em dar suporte a trabalhadores e empresas que são afetados de forma mais severa pela retração Grupo do Brasil na Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA) 6 7 Risco Econômico 5 Risco da Indústria Resiliência econômica Risco muito alto Marco institucional Risco intermediário Desequilíbrios econômicos Risco alto Dinâmica competitiva Risco alto Risco de crédito na economia Risco alto Funding de todo o sistema Risco intermediário Pontos fortes: Pontos fracos Base de depósitos de clientes extensa e estável, e mercado de capitais moderadamente amplo e profundo. Margens de intermediação financeira líquidas (NIMs - net interest margins) elevadas e bem superiores às dos sistemas bancários dos pares. Regulação bancária sólida com cobertura extensiva e, de um modo geral, alinhada aos padrões internacionais. Produto Interno Bruto (PIB) per capita e taxa de crescimento inferiores aos de outras grandes economias emergentes. Forte presença de bancos públicos no sistema, acarretando distorções de mercado. Cultura de pagamento mais fraca que à de economias desenvolvidas.

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Page 1: Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil

1

ANALISTA PRINCIPAL

Cynthia Cohen Freue

Buenos Aires

54 (11) 4891-2161

cynthia.cohenfreue

@spglobal.com

CONTATO ANALÍTICO ADICIONAL

Sergio Garibian

São Paulo

55 (11) 3039-9749

sergio.garibian

@spglobal.com

Suporte do governo: Supportive

(que provê suporte)

Avaliação do Risco da Indústria

Bancária (BICRA): Brasil 22 de junho de 2020

Nota do editor: Em 30 de junho de 2020, alteramos nossas projeções para contração e

crescimento do PIB do Brasil e as atualizamos neste relatório.

Principais Fatores da Análise

Fundamentos A S&P Global Ratings classifica o setor bancário do Brasil (BB-/Estável/B e brAAA/Estável/--) no

Avaliação do Risco da Indústria Bancária de um país (BICRA - Banking Industry

Country Risk Assessment). Outros países no grupo

Trinidad & Tobago, África do Sul e Uruguai (ver gráfico 1). Nosso critério de bancos utiliza as

classificações de risco econômico e de risco da indústria bancária do BICRA para determinar a

âncora de um banco, a qual é o ponto de partida para atribuirmos um rating de crédito de emissor.

Em nossa opinião, os baixos níveis de renda no Brasil e a posição fiscal fraca do governo restringem a

resiliência econômica do país. Além disso, o momentum de reformas do governo, que antecedeu a

pandemia da COVID-19, está temporariamente parado, já que os esforços fiscais se concentram em

dar suporte a trabalhadores e empresas que são afetados de forma mais severa pela retração

Grupo do Brasil na Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA) 6

7 Risco Econômico 5 Risco da Indústria

Resiliência econômica Risco muito alto Marco institucional Risco intermediário

Desequilíbrios econômicos Risco alto Dinâmica competitiva Risco alto

Risco de crédito na economia Risco alto Funding de todo o sistema Risco intermediário

Pontos fortes: Pontos fracos

Base de depósitos de clientes extensa e estável, e mercado

de capitais moderadamente amplo e profundo.

Margens de intermediação financeira líquidas (NIMs - net

interest margins) elevadas e bem superiores às dos

sistemas bancários dos pares.

Regulação bancária sólida com cobertura extensiva e, de

um modo geral, alinhada aos padrões internacionais.

Produto Interno Bruto (PIB) per capita e taxa de crescimento

inferiores aos de outras grandes economias emergentes.

Forte presença de bancos públicos no sistema, acarretando

distorções de mercado.

Cultura de pagamento mais fraca que à de economias

desenvolvidas.

Page 2: Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil

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econômica. Esperamos que o PIB se contraia 7% este ano e cresça 3,5% em 2021, o que deverá

colocar pressões para os já frágeis setores corporativos e de consumo.

Nossa avaliação do risco da indústria para o Brasil reflete a regulação financeira bem desenvolvida do

país que é bastante alinhada aos padrões internacionais, e o bom histórico do regulador local, que

ajudou o sistema financeiro a enfrentar as últimas crises econômicas. Além disso, o Banco Central e o

governo adotaram diversas medidas para mitigar o impacto da contração econômica sobre o sistema

financeiro. Por outro lado, o sistema bancário brasileiro tem um mix de funding (captação de recursos)

adequado, com uma base de depósitos de clientes ampla e estável, o que ajuda os bancos a lidarem com

a disrupção temporária nos mercados de capitais globais.

Gráfico 1 - Comparação do BICRA: Brasil versus Pares

*Os pares são China, Colômbia, Portugal, Tailândia, Trinidad & Tobago, África do Sul e Uruguai. Cada linha concêntrica corresponde ao nosso

sistema de pontuação de seis pontos. Pontos mais afastados do centro indicam maior risco.

Fonte: S&P Global Ratings

Copyright © 2020 por S&P Global Ratings. Todos os direitos reservados.

Tendência de risco econômico e risco da indústria Nossa tendência para o risco econômico é estável, indicando nossa expectativa de que as perdas

de crédito permanecerão administráveis. Isso se deve às margens ainda elevadas dos bancos e às

suas estratégias conservadoras de crescimento adotadas nos últimos dois anos, com foco nos

empréstimos com desconto em folha de pagamento (consignados) a funcionários públicos, no

financiamento imobiliário, com índices conservadores de loan-to-value (ou LTV; valor do

empréstimo em relação ao valor do imóvel), e em empréstimos corporativos, com exigências de

garantias mais fortes. Esses fatores permitirão ao sistema bancário brasileiro mitigar o impacto

da contração econômica em seu portfólio de crédito até que as condições econômicas melhorem

em 2021. Poderemos alterar a tendência do risco econômico para negativa se as perspectivas de

crescimento econômico diminuírem em 2021 devido a pressões políticas ou a desafios para

reabrir a economia no caso de uma propagação persistente da pandemia.

Vemos a tendência do risco da indústria como estável. Esperamos que a estrutura de funding do

sistema financeiro brasileiro e a dinâmica competitiva permaneçam saudáveis e que o Banco

Central do Brasil (BC) continue introduzindo regulamentações de forma proativa para mitigar o

forte impacto da desaceleração econômica no sistema financeiro.

0

1

2

3

4

5

6

Resiliênciaeconômica

Desequilíbrioseconômicos

Risco de créditona economia

Marcoinstitucional

Dinâmicascompetitivas

Funding de todo osistema

Brasil Média dos pares*

Risco mais alto

Risco mais baixo

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3

7 Risco Econômico

A classificação de risco econômico para o Brasil se baseia em nossa avaliação da resiliência

econômica, dos desequilíbrios econômicos e do risco de crédito na economia, conforme definição

desses termos em nosso critério.

Resiliência econômica: Baixos níveis de renda e fraca posição fiscal do

governo, mas forte compromisso para introduzir reformas estruturais

Estrutura e estabilidade econômica. A COVID-19 causará um choque a economia brasileira em

2020. As consequências das medidas para conter o vírus, a menor confiança do investidor e a

volatilidade do mercado financeiro provavelmente restringirão o consumo e o investimento. Além

disso, as exportações cairão, dado que 37% foram destinadas à China e aos Estados Unidos em

2019. Projetamos uma contração de 7% na economia brasileira, em relação ao crescimento de 1%

de 2019. Neste momento, avaliamos o choque provocado pela pandemia como temporário e sem

consequências negativas no longo prazo para a economia do Brasil. Esperamos que o PIB

brasileiro se acelere para 3,3% em 2021, devido em grande parte a um efeito estatístico. As

perspectivas de crescimento do Brasil são menores que as de outros países em um estágio

semelhante de desenvolvimento econômico, em nossa visão. Prevemos um PIB per capita de

US$7,280 para 2020.

A vulnerabilidade fiscal do Brasil representa um desafio para o governo na elaboração de medidas

para minimizar os efeitos da pandemia. A declaração de estado de calamidade pública permite a

suspensão temporária da meta fiscal primária. As autoridades anunciaram um pacote de medidas

fiscais que somam até 3,5% do PIB, uma grande parcela relacionada a realocações no orçamento

de 2020. Comparadas às medidas de outros mercados emergentes, as do governo brasileiro são

vistas como significativas.

O pacote inclui auxílio financeiro temporário a famílias vulneráveis, isenções fiscais temporárias,

linhas de crédito para empresas garantirem empregos, redução de impostos e da alíquota de

importação de suprimentos médicos essenciais, além de novas transferências do governo federal

aos governos estaduais visando ajudá-los com os maiores gastos com saúde e que servem como

um colchão contra a queda esperada nas receitas. O governo central também ajudará os governos

locais suspendendo temporariamente o pagamento de dívidas que estes lhe devem, renegociando

a dívida com bancos públicos e dando suporte às operações de crédito com garantia do governo.

Além disso, os legisladores apresentaram uma Emenda à Constituição para implementar um

Orçamento de Guerra temporário. Todos os gastos relacionados à pandemia da COVID-19 seriam

separados do restante do orçamento, o que permitiria ao governo cumprir com o limite de gastos.

Flexibilidade da política macroeconômica. Esperamos que o deficit fiscal e a carga de

endividamento se deteriorem ao longo de 2020, impulsionados pelo aumento de gastos. As

receitas também diminuirão devido à contração econômica, à isenção tributária relacionada à

COVID-19 e à redução dos royalties do petróleo, dados os baixos preços do petróleo bruto.

No curto prazo, as reformas estruturais ficarão em segundo plano, uma vez que o Congresso se

concentrará em medidas para conter a pandemia. Posteriormente, esperamos que o governo

implemente medidas de consolidação para reduzir o grande deficit fiscal, embora os riscos de

atrasos de tais medidas sejam significativos. Um ambiente político potencialmente mais dividido

Page 4: Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil

4

também pode prejudicar a capacidade do governo de formar alianças eficazes no Congresso para

avançar com sua agenda de reformas durante o restante do governo. Desde seu início, a

administração do presidente Jair Bolsonaro tem adotado políticas e reformas estruturais

destinadas a fortalecer as contas fiscais do Brasil e a incentivar uma maior participação do setor

privado na economia. Embora o Executivo não possa depender de uma coalisão sólida no

fragmentado Congresso do Brasil, os legisladores demonstraram, contudo, grande apoio para

implementar as reformas fiscais e econômicas necessárias, conforme se observou na aprovação

da Reforma da Previdência em outubro de 2019.

A lista de reformas previstas antes do surto da COVID-19 era extensa e incluía projetos de lei para

controlar gastos obrigatórios, simplificar o sistema tributário e reduzir o papel do Estado na

economia, além de políticas para aumentar a intermediação financeira e a autonomia formal do

Banco Central (BC) do Brasil. O avanço dessa agenda foi adiado devido a diferentes preocupações

políticas e sociais. Recentemente, o relacionamento do presidente com o Congresso, que é tenso

desde que assumiu o cargo, piorou ainda mais. Acreditamos agora que o governo poderá enfrentar

mais desafios para avançar com o restante da agenda econômica e fiscal, principalmente porque

várias reformas exigem Emendas à Constituição, uma condição crítica e muito particular do marco

institucional do Brasil.

Tabela 1 - Resiliência Econômica (%) 2015 2016 2017 2018 2019 2020p 2021p

PIB Nominal ($ bilhões) 1.802,2 1.795,1 2.062,8 1.885,5 1.839,8 1.461,2 1.598,2

PIB per capita ($) 8.804,9 8.698,4 9.915,6 8.992,4 8.709,1 6.868,6 7.463,1

Crescimento do PIB real (%) (3,5) (3,3) 1,3 1,3 1,1 (7) 3,5

Taxa de inflação média (IPCA) (%) 9,0 8,7 3,4 3,7 3,7 3,3 3,8

Taxa básica de juros (SELIC) % 14,3 13,8 7,0 6,5 4,5 4,5 5,0

Dívida do governo geral líquida como %

do PIB 49,7 52,4 56,5 57,4 55,3 68,7 72,1

p--Projetado,

Fonte: S&P Global Ratings

Desequilíbrios econômicos: Qualidade dos ativos pressionada conforme a

pandemia atinge a atividade econômica

Esperamos maior pressão na qualidade de ativos dos bancos, com os ativos inadimplentes (NPAs -

nonperforming assets) em relação ao volume total de empréstimos chegando a 3,6% em 2020 e a 4,1%

em 2021, e o ritmo de crescimento dos empréstimos diminuindo à medida que o surto do coronavírus

atinge a dinâmica econômica, a demanda das empresas por crédito e o financiamento ao consumo. Ao

passo que a crise de saúde pública interrompe a produção e que a queda drástica no consumo

interrompe a cadeia de pagamento, algumas empresas e tomadores de créditos individuais terão

dificuldades para pagar as dívidas, mas as medidas regulatórias mitigarão esse risco. No entanto, a

duração da quarentena determinará o grau de prejuízo à qualidade de ativos. Esperamos que as

pequenas e médias empresas (PMEs) e os trabalhadores autônomos, que têm meios limitados para lidar

com uma parada súbita no fluxo de caixa, sofram mais.

O crescimento dos empréstimos dos maiores bancos do Brasil chegou a cerca de 13% no comparativo

anual no primeiro trimestre de 2020. Foi a primeira vez que grandes bancos registraram um crescimento

de dois dígitos no agregado desde 2015. Isso se deve sobretudo ao crescente volume de empréstimos

corporativos, dado que as empresas procuram fortalecer suas posições de caixa de capital de giro

diante da pandemia. Os bancos, por outro lado, têm incentivos regulatórios para aumentar a concessão

de crédito, dado que o BC divulgou várias medidas para elevar o funding e a disponibilidade de capital ao

reduzir os depósitos de reservas e as exigências de capital. Outra importante medida regulatória

Page 5: Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil

5

permitiu que os bancos renegociassem empréstimos existentes por até seis meses sem exigir provisões

adicionais, o que ajudou a manter o portfólio de empréstimos. Em contrapartida, o crédito ao varejo

registrou um crescimento modesto devido à queda na demanda por alguns produtos, como

financiamento imobiliário, cartões de crédito e financiamento de veículos.

Gráfico 2 - Crescimento dos empréstimos bancários do Brasil no comparativo anual

Fonte: S&P Global Ratings

Copyright © 2020 por S&P Global Ratings. Todos os direitos reservados.

Gráfico 3 - Crescimento do crédito dos bancos públicos versus privados no comparativo

anual

Fonte: S&P Global Ratings

Copyright © 2020 por S&P Global Ratings. Todos os direitos reservados.

-20%

-15%

-10%

-5%

0%

5%

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30%

Empréstimos comerciais Empréstimos ao consumo Crédito imobiliário Total

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0%

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Bancos públicos Bancos privados

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6

Preços dos imóveis. Os preços dos imóveis vêm diminuindo desde 2014 devido à recessão e esperamos

uma recuperação mais demorada como consequência da contração econômica provocada pela COVID-

19. A participação do crédito imobiliário no volume nacional de empréstimos cresceu nos últimos anos,

com os bancos focando produtos de baixo risco. Contudo, o crédito imobiliário representou 18% dos

empréstimos do sistema em abril de 2020. Em contrapartida, não esperamos uma deterioração na

qualidade de ativos desse tipo de empréstimo porque seus padrões de concessão têm sido adequados

nos últimos anos. A média dos LTVs era de 61,8% em junho de 2019, com pouca participação dos

empréstimos home equity (com garantia em imóvel) e nenhuma dos empréstimos subprime. Além disso,

a Caixa Econômica Federal detinha 73,25% de todo o crédito imobiliário do sistema em dezembro de

2019.

Preços das ações. Em nossa visão, as oscilações nos preços das ações não indicam aumento dos

desequilíbrios econômicos e os maiores bancos brasileiros possuem muito pouca exposição direta ao

mercado acionário.

Posição de conta corrente e dívida externa. Esperamos que os riscos externos do Brasil permaneçam

contidos, em razão do seu moderado deficit em conta corrente, das altas reservas internacionais e de

sua dívida externa inferior à de outros mercados emergentes. Estimamos que a forte queda na demanda

doméstica causada pela COVID-19 e a alta depreciação do real (uma das moedas de mercados

emergentes com pior desempenho) levem a uma acentuada redução nas importações e exportações. O

deficit em conta corrente do país deverá ficar em torno de 2,7% do PIB em 2020. Esperamos que o

Investimento Estrangeiro Direto (IED) diminua para US$ 50 bilhões, ante US$ 79 bilhões em 2019 (4,3%

do PIB), porém, sendo ainda mais do que suficiente para financiar o deficit em conta corrente.

Esperamos ainda que o IED se acelere nos próximos anos, dependendo do ritmo de aprovação e

implementação das reformas estruturais. A dívida do governo em moeda estrangeira é baixa e vem se

mantendo estável desde 2014. A dívida externa do setor privado também permaneceu relativamente

estável.

Tabela 2- Desequilíbrios Econômicos

(%) 2015 2016 2017 2018 2019 2020P 2021P

Variação anual nos créditos de instituições depositárias para

residentes do setor privado em pontos-percentuais do PIB

(%) 2,5

(5,1) (6,1) (1,5) 0,5 (1,9) 0,3

Variação anual no principal índice para preços de imóveis

residenciais nacionais (real) (%) (7,3) (10,4) (5) (2,8) 1,3 1,3 2,7

Variação anual no índice de ações ajustado pela inflação (%) (22,3) 30,2 23,4 11,4 27,9 N.S. N.S.

Saldo em conta corrente / PIB (3) (1,3) (0,7) (2,2) (2,7) (2,7) (3)

Dívida externa líquida / PIB (%) (1) (2) (2,4) (4) (3,2) (2) 0,2 P-Projeção. N.S. - Não Significativo.

Fonte: S&P Global Ratings

Risco de crédito na economia: Qualidade dos ativos diminuirá, mas o impacto

total será depois

Capacidade e alavancagem da dívida do setor privado. Os bancos mantiveram uma estratégia de

crescimento conservadora, visto que o Brasil se recuperava de uma profunda recessão em 2015-

2016. Em 2019, o crédito cresceu 6,5%, ante 5,1% em 2018, e recuou nos dois anos anteriores,

com sua participação no PIB ficando em cerca de 47,9% no ano passado. Esse percentual é menor

que o dos pares internacionais do Brasil, mas aceitável, considerando os baixos níveis de renda do

país. Parte do fraco crescimento do crédito em 2019 se deve à queda nas taxas de juros que

levaram as empresas a refinanciar suas dívidas no mercado de capitais doméstico. Por

consequência, o mercado de capitais vem crescendo desde 2018 e as emissões corporativas no

Page 7: Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil

7

mercado doméstico aumentaram 13% em 2019. No portfólio de varejo, o foco tem sido os

empréstimos consignados (concedidos a funcionários e pensionistas do governo) e o crédito

imobiliário com LTV conservador. Já no portfólio corporativo, os bancos vêm exigindo garantias

mais fortes.

Em decorrência do choque econômico causado pelo distanciamento social devido à COVID-19,

esperamos que a qualidade de ativos se deteriore, em particular, a dos empréstimos para setores

econômicos sensíveis, como companhias aéreas, óleo e gás, metais e mineração, produtos

florestais e entretenimento. Este é especialmente o caso das PMEs e dos trabalhadores

autônomos que têm flexibilidade financeira limitada para lidar com uma parada repentina no

fluxo de caixa. O sistema bancário ainda registra um alto nível de empréstimos renegociados

decorrentes da recessão e agora se depara com esse novo desafio provocado pelo vírus. Portanto,

o portfólio corporativo estará pressionado. Os danos à sua qualidade dependerão da duração da

crise e da velocidade da recuperação.

No final de 2019, a carga de endividamento das famílias respondia por 28% do PIB, um acréscimo

em relação aos 26% de 2018, e por 44,9% da renda disponível anual das famílias, superior aos

42,5%, e o serviço da dívida correspondia a 20,0% da renda mensal familiar. Os empréstimos

problemáticos (NPLs - nonperforming loans) do portfólio de pessoas físicas atingiram 4% em abril

de 2020, contra 3,5% em dezembro de 2019, e os créditos baixados como prejuízo líquidos de

recuperação foram de 3% em outubro de 2019.

Gráfico 4 - Tendência do endividamento familiar (Incluindo/excluindo crédito

imobiliário)

Endividamento das famílias dentro do Sistema Financeiro Nacional em relação aos últimos 12 meses de lucro acumulado

Fonte: Bacen

Copyright © 2020 por S&P Global Ratings. Todos os direitos reservados.

Os NPLs corporativos caíram para 2,2% em abril de 2020, ante 2,1% em dezembro de 2019. Em

dezembro de 2019, observamos que os bancos reduziram a concessão de crédito corporativo, que

recuou para 20,1% do PIB, versus 21,2% em 2018. No entanto, esperamos agora que o crédito ao

setor corporativo aumente devido aos incentivos concedidos para emprestar a esse segmento e à

maior demanda desse setor.

45.90%

27.15%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Dívida familiar Excluindo pagamentos de crédito imobiliário

Page 8: Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil

8

Padrões de concessão de empréstimos e subscrição. Em nossa visão, os padrões para a

concessão de crédito dos bancos brasileiros são de certa forma moderadamente conservadores.

Consideramos que o setor bancário tem uma exposição limitada a empréstimos de maior risco, e a

ausência de empréstimos imobiliários subprime respaldam nossa avaliação dos padrões de

empréstimos e subscrição do Brasil. O financiamento para o setor de construção e incorporação, e

os empréstimos em moeda estrangeira responderam, respectivamente, por somente 1,0% e 3%

do total de empréstimos em dezembro de 2019. Ademais, esses empréstimos se casam

adequadamente no balanço patrimonial. Os bancos mantiveram baixa concentração de clientes;

estimamos que os 20 maiores devedores corresponderam a 10%-12% do total de empréstimos ou

a 0,4x-0,5x do patrimônio reportado.

Cultura de pagamento e Estado de Direito. Em nossa opinião, a cultura de pagamento do Brasil e

o Estado de Direito são fracos, pesando ainda mais sobre o risco de crédito. De acordo com o

Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional de 2018, o Brasil ocupava o

105º lugar, entre 180 países. Existe ainda um grande espaço para melhorias, mas o ranking do

Brasil está acima daqueles de outros países da América Latina, como México (138º), Bolívia (132º)

e alinhado ao do Peru (105º).

Gráfico 5 - NPLs dos segmentos corporativos e de varejo

Empréstimos problemáticos (NPLs - nonperforming loans). Outros créditos ao varejo: veículos, cartões de crédito, rurais e outros tipos de

financiamento ao consumo.

Fonte: S&P Global Ratings

Copyright © 2020 por S&P Global Ratings. Todos os direitos reservados.

0%

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2%

3%

4%

5%

6%

7%

Corporativo Crédito imobiliário Consignados Varejo Total

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Gráfico 6 - Composição dos empréstimos bancários do Brasil por segmento

Fonte: S&P Global Ratings

Copyright © 2020 por S&P Global Ratings. Todos os direitos reservados.

Tabela 3 - Riscos de Crédito na Economia

(%) 2015 2016 2017 2018 2019 2020P 2021P

PIB per capita (US$) 8.804,9 8.698,4 9.915,6 8.992,4 8.709,1 6.868,6 7.463,1

Empréstimos de instituições residentes depositórias

no setor residente não governamental como uma %

do PIB 53,7 49,6 47 47,3 47,8 50,9 51,3

Dívida das famílias como % do PIB 25,2 24,9 25,1 26,1 27,6 29,9 30,7

Dívida corporativa como % do PIB 28,5 24,7 21,9 21,3 20,2 21 20,6

Empréstimos em moeda estrangeira como % dos

empréstimos domésticos totais 3,6 3 2,9 3,3 3 N/A N/A

Ativos inadimplentes (NPAs) como % dos

empréstimos domésticos de todo o sistema (final do

exercício) 3,4 3,7 3,2 2,8 2,9 3,6 4,1

Provisões para créditos de liquidação duvidosa no

mercado doméstico % dos empréstimos domésticos 5,7 6,6 6,6 6,3 6,2 7,3 7,2

N/A--

Perdas de Crédito em Nosso Caso-Base

Em 2020, esperamos que o custo do crédito do sistema financeiro brasileiro aumente para 5,5%, à

medida que os bancos elevam suas provisões para cobrir perdas futuras, e, em 2021, que diminua

para 4,1%, conforme a economia se recupera. Nossa estimativa para o custo do crédito do Brasil

nos próximos dois anos incorpora as seguintes premissas:

Contração do PIB de 7% em 2020 e crescimento de 3,5% em 2021;

Aumento do desemprego de cerca de 13,3% em 2020, versus 11,9% em 2019, e estabilizando-

se em 13,0% em 2021;

Inflação relativamente baixa;

Dada a contração econômica, os ativos inadimplentes subiriam para cerca de 3,6% em 2020 e

4,1% em 2021.

53%

5%8%

14%

6% 5%8%

43%

7%

11%

18%

6% 6%9%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Corporativo Cartão decrédito

Consignados Créditoimobiliário

Financiamentode veículos

Crédito rural Outrosfinanciamentos

ao consumo

Dez-14 Dez-15 Dez-16 Dez-17 Dez-18 Dez-19 Abr-20

Page 10: Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil

10

5 Risco da Indústria

Nossa classificação do risco da indústria para o Brasil se baseia em nossa avaliação do marco

institucional, da dinâmica competitiva e do funding de todo o sistema.

Marco institucional: Cobertura regulatória extensa com melhorias graduais

Regulação e supervisão bancária. Consideramos que a regulação bancária brasileira tem extensa

cobertura das instituições financeiras e supervisão adequada, com capacidade de execução

satisfatória e um abrangente conjunto de ferramentas para monitorar os riscos no sistema. Além

disso, é bastante alinhada aos padrões internacionais em termos de contabilidade, capitalização,

lavagem de dinheiro, transações entre partes relacionadas e divulgação de demonstrações

financeiras. A regulação bancária brasileira vem melhorando e as autoridades são proativas em

adotar padrões internacionais. Basileia III foi totalmente implementada este ano, em

conformidade com os acordos internacionais de integração progressiva. O BC supervisiona

bancos, cooperativas de crédito, empresas financeiras não bancárias e outros intermediários

financeiros (como bolsas de valores, corretoras de títulos e valores mobiliários, etc.). A supervisão

é feita com base em critérios de risco, a cobertura é extensiva e há regras específicas para

liquidez, exposição a derivativos, concentração de clientes e geográfica, operações em moeda

estrangeira, risco de crédito, risco de mercado e riscos operacionais, capitalização, compensação

e divulgação de informações. Em nossa visão, as exigências mínimas regulatórias são adequadas

e as autoridades incentivam uma cultura de risco preventiva. Recentemente, o BC divulgou

algumas regulamentações para fortalecer o sistema financeiro, entre elas:

Em abril de 2018, foi publicada a regulamentação das fintechs para as chamadas SCD

(Sociedade de Crédito Direto) e SEP (Sociedade de Empréstimo entre Pessoas). As SDCs são

credoras digitais que não podem captar recursos no mercado e dependem de recursos próprios

para realizar empréstimos. As SEPs são intermediárias, oferecendo uma plataforma digital

para indivíduos concederem ou tomarem empréstimos entre si. Essa regulamentação

supervisionará as operações dessas empresas, as etapas para receberem autorização para

começar a operar e como poderão ser canceladas, bem como as etapas para transferência de

controle e reorganização.

Em dezembro de 2018, foi divulgada a Lei nº 13.755/2018, sobre a digitalização de

contas/recebíveis (denominada Duplicata Eletrônica que substituirá as duplicatas físicas. A

emissão de uma duplicata em forma de escrituração contábil será efetuada lançando-a em um

sistema de contabilidade eletrônica gerenciado por qualquer uma das entidades

escrituradoras devidamente autorizadas a fazê-lo.

Em junho de 2019, foi publicada a resolução 4.734 que define as condições e os procedimentos

para a antecipação de recebíveis oferecidos por empresas adquirentes e subadquirentes aos

estabelecimentos comerciais. Simultaneamente e em complemento a essa resolução, foi

publicada também a Circular 3.952 que disciplina o registro dessas antecipações.

Em julho de 2019, o BC e o Conselho Monetário Nacional publicaram uma regulamentação

complementar referente ao Cadastro Positivo para criar um perfil de risco de crédito mais

detalhado dos devedores. Essa iniciativa visa a inclusão automática das notas de crédito dos

cidadãos e as informações de pagamentos contidas no banco de dados.

Em abril de 2019, o BC anunciou os planos para implementar o modelo de open banking (banco

aberto), o que permitirá às instituições trocar e compartilhar dados de clientes, e do sandbox

regulatório, que envolve a criação de um ambiente controlado para testar inovações financeiras

Page 11: Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil

11

e de pagamento. O sistema de open banking se aplicará inicialmente aos 12 maiores bancos do

país. Posteriormente, outras instituições serão inscritas, a critério do BC, que espera

implementar esse modelo no segundo semestre de 2020.

Em outubro de 2019, o governo propôs uma legislação para reduzir a burocracia no mercado de

câmbio e permitir a manutenção de contas de depósito em reais e em moeda estrangeira.

Em dezembro de 2019, o governo encaminhou ao Congresso o projeto de lei

.

Histórico regulatório. O histórico regulatório do Brasil é, em nossa visão, intermediário. O BC tem

uma abordagem proativa em relação à regulamentação. O sistema financeiro brasileiro tem sido

resiliente em meio à economia fraca dos últimos anos, e as medidas do governo foram eficazes

para compensar os potenciais problemas de liquidez. O BC também identificou com êxito os

potenciais riscos referentes a alguns produtos de crédito ao consumidor e adotou medidas para

reduzi-los (como ponderadores de risco de ativos mais altos sobre financiamentos de veículos e

créditos ao consumidor mais antigos). Entretanto, 10 bancos faliram desde 2010, alguns deles

com alegações de envolvimento em atividades ilícitas. Essas instituições eram muito pequenas e

não provocaram problemas sistêmicos. Além disso, as autoridades adotaram medidas para

fortalecer a supervisão a fim de evitar práticas ilegais no sistema, exigindo, por exemplo, a

supervisão de valores menores de empréstimos de varejo. Em nossa visão, os relatórios de

estabilidade financeira semestrais do BC também contribuem para um monitoramento eficaz do

sistema financeiro e a promoção de medidas proativas. Esses relatórios incluem informações

detalhadas do sistema como um todo e testes de estresse que captam a sensibilidade dos bancos

às condições macroeconômicas.

Em resposta ao impacto pandêmico e econômico do distanciamento social provocados pela

COVID-19, os reguladores adotaram medidas tempestivas para limitar o impacto no sistema

financeiro, incluindo:

Medidas de liquidez Redução das exigências de reservas de 31% para 25% para os depósitos a prazo em vigor

desde 16 de março de 2020.

Redução das exigências de reservas de 25% para 17% para os depósitos a prazo desde 23 de

março.

Os bancos poderão emitir depósitos a prazo com garantia especial (DPGEs) sem colateralizar

nenhum ativo. Os indivíduos também podem comprá-los (o valor mínimo é de R$ 1 milhão).

Limites: 1x o patrimônio total do banco ou até R$ 2 bilhões desde 23 de março.

O BC poderá conceder empréstimos em moeda local lastreados por debêntures por meio de

uma Linha Temporária Especial de Liquidez (LTEL). Além das debêntures, essa linha estabelece

que o BC reservará, como garantia adicional, as exigências de reserva da instituição no mesmo

valor da transação desde 23 de março.

O BC poderá conceder operações de empréstimo a instituições financeiras por meio de LTELs,

via aquisição direta no mercado primário, de Letras Financeiras (LFs) com ativos ou títulos

financeiros como colateral desde 2 de abril.

O BC começou a realizar acordos de recompra (repos) de títulos públicos federais denominados

em dólar (títulos globais).

Letra Financeira Garantida: os bancos podem emitir esses títulos e o BC os investirá, com um

prazo de até um ano, até 100% do capital regulatório, garantido por empréstimos de alta

qualidade.

Page 12: Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil

12

Empréstimos Moratória: Flexibilidade para renegociar empréstimos sem constituir provisões adicionais para

eles por seis meses desde 9 de abril.

Garantias: O governo criou o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de

Pequeno Porte (PRONAMPE) que cobrirá até 85% das garantias a micro e pequenas empresas

desde 19 de maio.

Criação do Programa Emergencial de Acesso a Crédito - PEACU que será implementado em

parte por meio do FGI (Fundo de Garantia) já operado pelo BNDES desde 1º de junho.

Capital Redução das exigências de capital (colchões de conservação) de 2,5% para 1,25%, com o

retorno em 2022 desde 16 de março.

Os créditos tributários (DTAs - deferred tax assets) criados a partir de hedges para

investimentos estrangeiros não serão deduzidos para índices de adequação de capital desde

18 de março.

Limites no pagamento de dividendos ao mínimo exigido por lei, que é de 25% até setembro de

2020. O BC também restringiu as recompras de ações desde 6 de abril.

Menor exigência de capital regulatório para transações de crédito com PMEs. O BC também

permite a reestruturação de operações de crédito para pequenos e médios empreendimentos.

Redução da ponderação de risco de 100% para 85% aplicável a transações novas ou

reestruturadas até o final de 2020 desde 9 de abril.

Medidas fiscais/monetárias Redução da taxa básica de juros (Selic) para 3,75% em18 de março.

Redução da Selic para 3,00%, o nível mais baixo da história do país em 6 de maio.

Governança e transparência. Avaliamos a governança e a transparência como pelo menos

adequada. O Brasil dispõe de uma regulação bancária adequada que incentiva práticas de

governança satisfatórias. Em nossa visão, também há um nível adequado de transparência. Os

bancos publicam suas demonstrações financeiras trimestralmente e as disponibilizam online.

Também preparam suas demonstrações financeiras anuais, que são auditadas por auditores

externos. Além disso, o BC disponibiliza diversas publicações sobre o sistema financeiro

trimestralmente, entre elas: um balanço patrimonial consolidado e demonstrações de resultados

do exercício, informações detalhadas sobre empréstimos e desempenho, índices de capitalização,

e outros importantes indicadores. As autoridades também publicam outros relatórios trimestrais

que avaliam o sistema financeiro e identificam potenciais fontes de risco.

As investigações de bancos públicos nos últimos dois anos levantaram preocupações sobre a

governança dessas instituições. As investigações resultaram em prisões dos indivíduos

envolvidos, mas não em problemas sistêmicos para o sistema financeiro. Ademais, a

implementação da Lei 13.303/16 (Lei das Estatais) em 2017 melhorou significativamente a

governança dos bancos públicos, em nossa visão, promovendo maior transparência no processo

de tomada de decisão e limitando as nomeações políticas para posições executivas dos bancos.

Acreditamos que a execução diligente de tais medidas pode reduzir o risco político para os bancos

enquanto aumenta a capacidade deles para desempenhar seus papéis econômico e social.

Page 13: Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil

13

Dinâmica competitiva: As distorções de mercado provadas por bancos

públicos provavelmente se atenuarão, mas a presença deles continuará

significativa

Apetite por risco. Consideramos o apetite por risco do setor bancário brasileiro como moderado.

Durante a recente desaceleração, o setor bancário superou outros setores econômicos, em razão

da ausência de produtos complexos, de poucos empréstimos de alto risco no portfólio e de

práticas comerciais relativamente conservadoras. A rentabilidade do setor bancário tem sido

resiliente devido às altas margens de intermediação financeira líquidas (NIMs) e à diversificação

de negócios, o que inclui seguros e gestão de ativos. A rentabilidade dos bancos, calculada pelo

índice de retorno sobre patrimônio líquido (ROE - return on equity), ficou na média de15,5% nos

últimos três anos, abaixo da média de 18,9% registrada entre 2007-2011, porém, mais alta do que

a apresentada durante a recessão, quando caiu para o nível mais baixo em setembro de 2016, de

11,8%.

Nossa avaliação do apetite por risco incorpora ainda a baixa exposição do setor a empréstimos de

alto risco. Em dezembro de 2019, os financiamentos para o setor de construção e incorporação

representavam apenas 1,0% e os empréstimos em moeda estrangeira 3,0% do total de

empréstimos em meio ao uso limitado de securitização. Não há empréstimos subprime, e a

parcela de empréstimos home equity é insignificante. Exposições adicionais a outros setores

vulneráveis, tais como agricultura, também são limitadas, representando 7,4% dos empréstimos.

Gráfico 7 - ROE do sistema financeiro e lucro líquido acumulado

Fonte: S&P Global Ratings

Copyright © 2020 por S&P Global Ratings. Todos os direitos reservados.

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$

ROE em 12 meses (lucro líquido em 12 meses/patrimônio médio) (escala esquerda)Lucro líquido em 12 meses (escala direita)

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14

Tabela 4 - Dinâmica Competitiva

(%) 2015 2016 2017 2018 2019 2020P 2021P

Retorno sobre patrimônio líquido (ROE) dos bancos

domésticos 16,8 12,7 14,1 14,4 18,2 12,5 14

Retorno sobre ativos (ROA - return on assets) do sistema

todo para o setor bancário 1,2 0,9 1,2 1,3 1,7 1,1 1,3

Participação de mercado dos três maiores bancos* 59,7 62,3 59,8 57 55,4 N/A N/A

Participação de mercado de bancos públicos e bancos

sem fins lucrativos** 56 55,7 54,1 51,2 47,1 N/A N/A

Taxa de crescimento anual dos ativos domésticos de

instituições financeiras de residentes (%) 6,7 (3,5) (0,5) 5,5 6,4 5 8

p--Projetado. N/A--

Estabilidade da indústria. Em dezembro de 2019, o sistema financeiro brasileiro consistia de 173

bancos, quatro bancos de desenvolvimento e outras 1.453 instituições financeiras (incluindo

cooperativas de crédito, credores hipotecários, microfinanciamento e empresas de financiamento

ao consumidor). Os 10 maiores bancos controlavam 83,7% do mercado em termos de depósitos

em 31 de setembro de 2019. A participação de mercado dos maiores participantes (players) tem

se mantido relativamente estável nos últimos cinco anos e não prevemos grandes mudanças no

médio prazo. Os três maiores bancos controlam entre 55%-60% do mercado nos últimos cinco

anos.

A demanda por serviços bancários digitalizados no Brasil está se expandindo principalmente em

razão do uso conveniente e rápido dos serviços, dos menores custos comparados às altas tarifas

cobradas por bancos tradicionais e do acesso relativamente baixo ao crédito, em nossa visão. As

fintechs também estão se beneficiando do acesso relativamente generalizado da população a

smartphones e do fator dado que os clientes mais jovens estão mais interessados em

soluções bancárias digitais. Além disso, consideramos que uma estrutura regulatória que provê

suporte (supportive) levou essa fatia emergente do setor a crescer, promovendo a competição.

Acreditamos que com os grandes bancos adotando novas plataformas tecnológicas, a capacidade

superior dessas instituições para investir e seus modelos de banco universal os ajudarão a

preservar a dominante participação de mercado. Portanto, os bancos menores terão cada vez

mais dificuldades em acompanhar essas tendências. No médio prazo, esperamos que a

competição se intensifique e a rentabilidade diminua até que os benefícios da redução de custos

por meio da digitalização se sobressaiam. Isso provavelmente levará a uma maior consolidação

entre bancos e fintechs que hoje competem entre si.

Distorções de mercado. Apesar dos esforços do governo para reduzir a participação de mercado

dos bancos públicos, esta continua sendo relativamente alta, de 47%, e existe também um alto

diferencial de spread entre bancos públicos e privados. Esperamos que os bancos públicos se

concentrem em suas áreas tradicionais de expertise e reduzam sua participação em negócios não

essenciais. Por consequência, esperamos que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

e Social - BNDES (BB-/Estável/-- e brAAA/Estável/--) foque os principais projetos de

infraestrutura e os setores econômicos essenciais do país; o Banco do Brasil S.A. (BB-/Estável/B)

continue promovendo o setor agrícola e a Caixa Econômica Federal (BB-/Estável/B e

brAAA/Estável/brA-1+) suporte os tomadores de crédito de baixa renda e promova o crédito

imobiliário. No entanto, estimamos que essas entidades continuarão vendendo ativos não

essenciais. Acreditamos que o governo planeja continuar desinvestindo as altas participações que

o BNDES detém em empresas listadas. Em nossa opinião, o Banco do Brasil continuará focando a

venda de ativos não essenciais, em vez de vender suas unidades principais. Portanto, o banco

poderá vender seus investimentos em outras instituições financeiras. Atualmente, a Caixa está

Page 15: Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil

15

considerando fazer uma oferta inicial de ações (IPOs - initial public offer) de suas subsidiárias de

seguros e cartões de crédito que poderá acontecer este ano, e também um IPO de outras

operações, como de gestão de ativos e da loteria que poderá ocorrer depois. A Caixa também

poderá vender tanto ações que detém em seu portfólio de investimentos, como ativos imobiliários.

Gráfico 8 - Participação de mercado dos empréstimos de bancos privados versus

públicos

Fonte: S&P Global Ratings

Copyright © 2020 por S&P Global Ratings. Todos os direitos reservados.

Funding de todo o sistema: O setor bancário se beneficia de uma fonte

considerável e estável de depósitos de varejo

Depósitos de clientes. Nossa avaliação do funding do sistema reflete a baixa exposição do setor

bancário brasileiro a funding externo e sua base de depósitos de clientes adequada e estável. Os

depósitos de clientes (considerando 100% dos depósitos de varejo e 50% dos depósitos

corporativos) responderam por 78% dos empréstimos totais nos últimos cinco anos. A base de

depósito de clientes tem sido estável. Com o crescimento moderado do crédito em 2018 e 2019 e a

contração nos anos anteriores, as posições de liquidez dos bancos se fortaleceram. Esperamos

que os empréstimos aumentem nos próximos anos, com taxas de crescimento de 8% nos

próximos dois anos, o que exigirá funding adicional. Acreditamos que um aumento de depósitos,

um ligeiro crescimento das emissões locais e uma redução nos níveis de liquidez serão suficientes

para financiar esse crescimento.

Funding externo. A exposição do setor bancário brasileiro ao funding externo é moderada, e o

risco de refinanciamento é baixo. O funding externo líquido do setor em relação aos empréstimos

totais ficou na média de 9% nos últimos dois anos e apenas 20% da dívida externa do setor

financeiro vence em 2020 e 2021. A baixa dependência do funding externo se deve principalmente

à ampla base de depósitos de clientes do setor e à carteira de empréstimos em moeda estrangeira

limitada.

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Bancos privados Bancos públicos

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16

Mercados de capitais e de dívida domésticos. Em nossa visão, os mercados de capitais e de

dívida do Brasil são moderadamente amplos e profundos. A profundidade do mercado vem

melhorando nos últimos cinco anos, à medida que o apetite dos fundos de investimento e dos

fundos de pensão por dívida do setor privado aumenta. Em dezembro de 2019, os ativos geridos

pelos fundos de pensão e de investimentos somavam cerca de R$ 5,4 trilhões, o que deve

representar aproximadamente 76% do nosso PIB projetado para 2019. Atualmente, uma grande

parte desses fundos é investida em títulos públicos; no entanto, essas entidades também estão

procurando instrumentos com retornos atraentes e vencimentos de prazos mais longos.

Esperamos que nos próximos três anos o apetite por retornos mais altos amplie os recursos

disponíveis para emissores bancários e corporativos. Além disso, esperamos que os vencimentos

de longo prazo se tornem disponíveis, visto que os fundos de pensão também buscarão um melhor

casamento em seus balanços patrimoniais.

Tabela 5 - Funding de Todo o Sistema

(%) 2015 2016 2017 2018 2019P 2020P

Depósitos de clientes domésticos de todo o sistema por fórmula como

% dos empréstimos de todo o sistema 74,6 76,5 79,1 80,6 78,4 76,2

Dívida externa líquida do setor bancário como % dos empréstimos

domésticos de todo o sistema 8,9 6,7 8 5,9 5,3 4,9

Empréstimos domésticos de todo o sistema como % dos ativos

domésticos de todo o sistema 38,8 37,5 36,4 35,8 36,8 37,8

Bonds em circulação e Commercial Papers emitidos no mercado

doméstico pelo setor privado local como % do PIB 30,2 38,4 32,6 34,2 35,4 36,5

Papel do governo. O governo tem um histórico satisfatório em prover liquidez ao sistema

financeiro em períodos de estresse, e o BC atua como um credor em última instância. O Fundo

Garantidor de Crédito, uma entidade que provê garantia de depósitos, cobre até R$ 250.000,00

(cerca de US$63,442) por depositante por entidade e até R$ 1 milhão agregado em todas as

entidades. A instituição também faz parte da rede de segurança do sistema e desempenha um

importante papel nos mecanismos de resolução de vários bancos.

Classificações dos Pares do BICRA

Os países do grupo do BICRA são bem diversos. Comparado com a Colômbia, o Brasil possui um

marco regulatório mais forte e alinhado aos padrões internacionais, mas esse ponto forte é

atenuado pelas distorções ocasionadas pela grande participação dos bancos públicos, que não é

o caso da Colômbia. Embora a economia brasileira seja mais diversificada do que sua contraparte

colombiana, o Brasil ainda está se recuperando do estresse econômico anterior. A China continua

apresentando um crescimento do PIB muito mais forte (embora moderado) do que o Brasil, o que

ampara a avaliação de risco econômico daquele país. Quanto ao risco da indústria, os bancos

chineses têm perfis de funding mais fortes, no entanto, vemos como mais forte o marco

institucional dos bancos brasileiros.

Page 17: Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil

17

Tabela 6 - Classificações dos Pares do BICRA do Brasil

Brasil China Colômbia Portugal Tailândia Trinidad &

Tobago

Uruguai África do

Sul

Grupo do BICRA 6 6 6 6 6 6 6 6

Risco econômico 7 7 7 6 7 7 5 7

Risco da indústria 5 5 5 6 4 5 7 5

Probabilidade de

suporte

governamental

Supportive Altamente

supportive

Supportive Incerta Altamente

supportive

Supportive Supportive Incerta

Tendência no risco

econômico

Estável Estável Estável Estável Estável Negativa Estável Negativa

Resiliência

econômica

5 3 4 3 4 5 4 5

Desequilíbrios

econômicos

4 4 4 4 2 3 2 4

Risco de crédito na

economia

4 5 4 4 6 4 4 4

Tendência do risco

da indústria

Estável Estável Positiva Estável Estável Estável Estável Estável

Marco institucional 3 4 4 3 3 4 4 3

Dinâmicas

competitivas

4 4 3 4 4 4 4 3

Funding de todo o

sistema

3 1 3 4 2 2 4 4

Suporte do Governo

Avaliamos o governo brasileiro como supportive (que provê suporte) ao setor bancário doméstico.

Acreditamos que o governo oferecerá suporte extraordinário aos bancos sistemicamente importantes

(cuja falência poderia comprometer o sistema de pagamento do país) no evento de uma crise. O Brasil

possui diversos mecanismos de resolução vigentes que incluem soluções para o setor privado.

Tabela 7 - As Cinco Maiores Instituições Financeiras do Brasil por Ativos (31 de março de

2020)

Ativos (R$ Milhões)

Ratings de

Emissor/Contraparte Importância Sistêmica

Itaú Unibanco Holding S.A. 1,982,498 BB-/Estável/B Alta

Banco do Brasil S.A. 1,580,190 BB-/Estável/B Alta

Banco Bradesco S.A. 1,434,507 BB-/Estável/B Alta

Caixa Econômica Federal 1,313,852 BB-/Estável/B Alta

Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES) 718,265 BB-/Estável/- Alta

Em dezembro de 2019, o governo encaminhou ao Congresso um projeto de lei complementar chamado

para discussão e aprovação. O Projeto de Lei Complementar (PLP) 281/19 cria dois

mecanismos para ajudar instituições financeiras em dificuldade, como bancos, seguradoras e entidades

de previdência privada: o Regime de Liquidação Compulsória (RLC) e o Regime de Estabilização (RE).

Dependendo do mercado regulado, os dois regimes podem ser estabelecidos pelo BC, pela Comissão de

Valores Mobiliários (CVM) ou pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). Além de implementar

os regimes de resolução, eles podem exigir que as instituições elaborem planos de recuperação, com

medidas para restaurar a viabilidade dos negócios e plano de saída organizado, com medidas pós-

regime.

Page 18: Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil

18

Os reguladores podem aprovar a Resolução Bancária que considerarem mais apropriada para o caso. O

RE deve ser aplicado a instituições de importância sistêmica, cuja paralisação de suas operações

causaria instabilidade na economia, mas outros bancos também poderiam ser tratados sob esse regime.

Para esses cenários, o BC realizará uma análise de viabilidade, incluindo a análise do balanço

patrimonial e a disponibilidade de instrumentos para recapitalização interna (bail-in). Assim que

escolher um dos Regimes, o BC decidirá a ordem dos instrumentos necessários: resgate de instrumentos

ou utilização dos fundos, ou ambos (o projeto de lei fornece a ordem de recursos e resgate de

instrumentos a serem utilizados para propósitos de absorção de perdas). O Regime será executado por

um administrador nomeado pelos reguladores, que deve buscar uma solução privada para a retomada

dos negócios. Imediatamente, o RE suspende o exercício dos direitos dos acionistas e destitui os

diretores da instituição. O RLC será aplicável se o risco para a estabilidade financeira for considerado

baixo. O Regime, executado por um liquidante designado, envolve o encerramento das atividades da

instituição, a submissão ao regime de concursais (que classifica os credores por ordem de prioridade) e a

venda de ativos. As situações que podem levar à promulgação da resolução Regimes incluem:

insolvência, exposição a riscos incompatíveis com o patrimônio, ativos insuficientes para cobrir perdas e

violações repetidas das normas legais e regulatórias.

O projeto também prevê a criação de Fundos de Garantia de Crédito para fornecer liquidez ao sistema, e

Fundos de Resolução para conceder empréstimos e capitalizar instituições submetidas ao RE (mas não

mantidas ou garantidas por recursos públicos). Os recursos para a capitalização dos fundos virão do

sistema financeiro. No caso do RE, o fundo de resolução pode constituir uma instituição de transição

(bridge banks), que será capitalizada para receber os ativos e passivos da instituição sob resolução até

que sejam assumidos por terceiros ou descontinuados. Se os recursos privados não forem suficientes

para garantir a estabilidade financeira, o governo poderá emprestar recursos para a resolução. Nesse

caso, algumas condições devem ser atendidas, como o esgotamento dos recursos dos acionistas e a

possibilidade de séria ameaça ao sistema financeiro. O governo será o primeiro a ser reembolsado

quando a instituição se recuperar.

Page 19: Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil

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Certos termos utilizados neste relatório, particularmente certos adjetivos usados para expressar nossa visão sobre os fatores que são

relevantes para os ratings, têm significados específicos que lhes são atribuídos em nossos Critérios e, por isso, devem ser lidos em

conjunto com tais Critérios. Consulte os Critérios de Rating em www.standardandpoors.com.br para mais informações. Informações

detalhadas estão disponíveis aos assinantes do RatingsDirect no site www.capitaliq.com. Todos os ratings afetados por esta ação de

rating são disponibilizados no site público da S&P Global Ratings em www.standardandpoors.com. Utilize a caixa de pesquisa localizada

na coluna à esquerda no site.

Critérios e Artigos Relacionados

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Metodologia de ratings soberanos, 18 de dezembro de 2017

Metodologia e premissas para avaliação do risco da indústria bancária de um país, 9 de novembro

de 2011

Bancos: Metodologia e Premissas de Rating, 9 de novembro de 2011

Artigo

Banking Industry Country Risk Assessment On Brazil Remains Unchanged At Group '6' Following

Review, No Ratings Affected, 5 de junho de 2020

Este relatório não constitui uma ação de rating

Page 20: Avaliação do Risco da Indústria Bancária (BICRA): Brasil

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