avaliaÇÃo de biomarcadores reprodutivos, …

49
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA E PARASITOLOGIA BÁSICAS E APLICADAS NÁGILLA ORLEANNE LIMA DO CARMO AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, BIOQUÍMICOS E IMUNOLÓGICOS EM RATAS WISTAR IMUNOSSUPRIMIDAS PELO MICOFENOLATO DE SÓDIO, ANTES E DURANTE A PRENHEZ BARRA DO GARÇAS-MT 2015

Upload: others

Post on 28-Jun-2022

7 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA E PARASITOLOGIA BÁSICAS E

APLICADAS

NÁGILLA ORLEANNE LIMA DO CARMO

AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, BIOQUÍMICOS

E IMUNOLÓGICOS EM RATAS WISTAR IMUNOSSUPRIMIDAS PELO

MICOFENOLATO DE SÓDIO, ANTES E DURANTE A PRENHEZ

BARRA DO GARÇAS-MT

2015

Page 2: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

NÁGILLA ORLEANNE LIMA DO CARMO

AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, BIOQUÍMICOS

E IMUNOLÓGICOS EM RATAS WISTAR IMUNOSSUPRIMIDAS PELO

MICOFENOLATO DE SÓDIO, ANTES E DURANTE A PRENHEZ

Básicas e Aplicadas do Instituto de Ciências Biológicas e da

Saúde do Campus Universitário do Araguaia/UFMT, como

exigência parcial para obtenção do título de Mestre em

Imunologia e Parasitologia.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Kleber Eduardo de Campos

COORIENTADOR: Prof. Dr. Gustavo Tadeu Volpato

BARRA DO GARÇAS-MT

BARRA DO GARÇAS-MT

2015

Dissertação apresentada ao PPG em Imunologia e Parasitologia

Básicas e Aplicadas do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde

do Campus Universitário do Araguaia/UFMT, como exigência

parcial para obtenção do título de Mestre em Imunologia e

Parasitologia.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Kleber Eduardo de Campos

COORIENTADOR: Prof. Dr. Gustavo Tadeu Volpato

Page 3: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …
Page 4: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …
Page 5: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Sebastião e Isabel e minha irmã Francielly, que sempre tiveram ao meu lado

pelos caminhos da vida, me acompanhando, apoiando em todas as etapas até aqui conquistadas, e

principalmente acreditando em mim e me dando suporte para tornar meus sonhos em realidade.

Page 6: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por sempre me conceder sabedoria nas escolhas dos

melhores caminhos, coragem para acreditar, força para não desistir e proteção para me amparar.

Serei eternamente grata por fazer que seus planos na minha vida sejam sempre maiores do que eu

poderia supor, que mesmo em certas situações por eu não entender o seu silêncio sei que coloca

em meu coração a paciência e a fé em acreditar que algo de melhor virá. Por ter colocado em meu

caminho pessoas tão especiais, que não mediram esforços em me ajudar durante a realização deste

trabalho e no decorrer da minha vida. A estas pessoas aqui meus sinceros agradecimentos.

Aos meus pais serei eternamente grata. Vocês que tudo me deram e que de muito se

privaram para que eu pudesse chegar onde cheguei. Pelo amor que sempre me dedicaram e por

todo apoio que me proporcionaram aqui vai o meu amor e reconhecimentos eternos. Esta conquista

também é de vocês!!!

À minha irmã Francielly pelo apoio e carinho nessa longa caminhada.

Ao meu namorado Alexandre Moeller, pelo amor e carinho presente em todas as horas, pelo

apoio e incentivo nas escolhas que eu faço, pela paciência em me acompanhar, ouvir minhas

lamentações e me compreender.

Ao Prof. Dr. Kleber Eduardo de Campos, pela orientação e contribuição na minha formação

pessoal e profissional. Por compartilhar sua experiência para que minha formação fosse também

uma aprendizado de vida, meu carinho e meu agradecimento.

Ao Prof. Dr. Gustavo Tadeu Volpato, pela coorientação, apoio e experiência em ciência

transmitida.

À Prof. Madileine Américo, pela amizade, incentivos e ensinamentos que ficarão sempre

guardados.

Ao FisioTox pelo fornecimento dos animais e com isso proporcionar a realização de

inúmeras pesquisas e pelos maravilhosos dias que passei, sendo nos trabalhos, nas conversas, nos

lanches, nas festinhas, cada momento foi prazeroso.

Às meninas do “quarteto fantástico” (Loyane Almeida, Thaigra Soares e Rafaianne

Querioz), pela verdadeira amizade e companheirismo que construímos nesses seis anos. Pelos

auxílios nos trabalhos e principalmente por estarem comigo nesta caminhada tornando-a mais fácil

Page 7: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

e agradável. Pelas risadas, inúmeros lanches, tentativas loucas para emagrecer, fofocas e por tantos

momentos.

À Elisângela Miranda e Gilsielle Benício, que me ajudaram e colaboraram diretamente com

a realização deste trabalho. Pela maravilhosa contribuição, dedicação e boa vontade.

À todos os alunos que fazem parte da família FisioTox, em especial aqueles que me

ajudaram de alguma forma na realização deste trabalho. À todos alunos da equipe do Prof. Kleber,

pela ajuda, troca de experiências e conhecimentos. E a pós-graduanda Carolina Abreu Miranda

pelo parceria, amizade e por sempre me salvar nos GTT.

Aos animais que participaram involuntariamente desta pesquisa.

À Universidade Federal do Mato Grosso, instituição pela qual conclui a graduação e agora

a pós-graduação. À todos os professores do PPGIP, pelo ensinamento e dedicação, cada um de

forma especial contribuiu para a conclusão desse trabalho e consequentemente para minha

formação profissional.

Às professoras Maria do Carmo Borges Teixeira e Eliane Suchara por integrarem a banca

examinadora e por contribuírem com seus conhecimentos e experiências.

As minhas eternas amigas, Bryzza Cavalcante e Suelen Mendes, valeu pelo apoio e pela

amizade de mais de vinte anos.

À Fapemat pelo bolsa concedida durante o período do mestrado.

Por fim, gostaria de agradecer aos meus amigos e familiares, pelo carinho e pela

compreensão nos momentos em que a dedicação aos estudos foi exclusiva, a todos que

contribuíram direta ou indiretamente para que esse trabalho fosse realizado, meu eterno

AGRADECIMENTO!!!

Page 8: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

“Quando as riquezas começam a vir, vem com tal rapidez, em tal abundância, que a gente se

pergunta onde se escondiam durante todos aqueles anos estéreis.”

(Napoleon Hill)

Page 9: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

RESUMO

A utilização de medicamentos na gestação deve ser vista com cautela, sobretudo devido às

implicações na saúde materno-fetal. Dentre os medicamentos conhecidos, o imunossupressor

Micofenolato de sódio (MMS) é utilizado a fim de evitar possíveis rejeições dos tecidos e órgãos

transplantados, inibindo a proliferação de linfócitos T e B. O objetivo deste estudo é avaliar os

efeitos da imunossupressão materna pelo MMS no perfil reprodutivo, bioquímico e imunológico

em ratas. Para isto, foram divididas em três grupos: ratas tratadas com água (CONT, n=10), ratas

tratadas via oral com MMS (20mg/Kg) diariamente por 15 dias até o diagnóstico positivo de

prenhez (MICO-1, n=10) e ratas tratadas via oral com MMS (20mg/Kg) diariamente por 15 dias,

antes e durante os 21 dias de prenhez (MICO-2, n=10). Foram avaliados o peso corpóreo, glicemia,

consumo de água e de ração, todos semanalmente (antes e durante a prenhez). No 17° dia de

prenhez, foi realizado o Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) e no 21° dia, as ratas foram

anestesiadas e mortas por decapitação, para mensurar o peso relativo dos órgãos maternos, as

determinar os índices reprodutivos (Índice de fertilidade, de parto, de prenhez e número de recém-

nascidos vivos e reabsorções), análises bioquímicas séricas (parâmetros lipídicos e transaminases

hepáticas) e análise imunológica (TNF placentário e leucograma) em todos os grupos. A

significância estatística foi considerada quando p<0,05. No período pré-prenhez, embora não

ocorreram alterações nos valores de peso corpóreo, o tratamento com MMS diminuiu o consumo

alimentar e hídrico e elevou a glicemia, porém seu uso contínuo na gestação (MICO-2) fez com

que diminuísse o valor de peso corpóreo, mantendo um quadro de hiperglicemia leve (cerca de

170mg/dL), com TOTG normais. Além disso, no mesmo grupo estudado houve outros efeitos

negativos, incluindo ratas mortas, reabsorções totais de fetos, peso relativo de fígado, baço

(acompanhado de taxa de leucócitos) e gordura periovariana aumentados, taxas lipídicas séricas

diminuídas (colesterol e frações lipoprotéicas, triglicerídios e alanina aminotransferase). O uso

contínuo de MMS na gestação pode ser considerado tóxico, prejudicando a saúde materno-fetal,

por levar a hiperglicemia, perdas fetais e disfunção esplênica interferindo no metabolismo lipídico

e imunológico. Isso faz com que seu uso não seja livremente recomendado na gestação, devendo

ser substituído por outro imunossupressor.

Palavras-chave: Imunossupressão, Micofelonato de sódio, Gestação, Ratas Wistar, Metabolismo

lipídico, Intolerância à glicose.

Page 10: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

ABSTRACT

The use of medication during pregnancy should be taken with caution, especially because of its

implications for maternal and fetal health. The mycophenolate sodium (MMS) is used to avoid

possible rejection of transplanted tissues and organs by inhibiting T and B lymphocyte

proliferation. Objective of this study was to evaluate the effects of maternal immunosuppression

by MMS on reproductive, biochemical and immunological profile in rats. The rats were divided

into three groups: rats treated with water (CONT = 10) rats orally treated with MMS (20mg/Kg)

daily for 15 days until a positive diagnosis of pregnancy (MICO-1 = 10) and rats orally treated with

MMS (20mg/Kg) daily for 15 days prior to and during 21 days of pregnancy (MICO-2 = 10). It

was evaluated body weight, blood glucose, and water and food intake weekly (before and during

pregnancy). On the 17th day of pregnancy it was performed the Oral Tolerance Glucose Test

(OGTT) and on day 21 the rats were anesthetized and killed by decapitation and thus measured the

relative maternal organs, determinations of reproductive parameters (Index fertility, childbirth,

pregnancy and number of live births and resorption), serum biomarkers (lipid parameters and liver

transaminases) and immunological profile (placental and serum TNF) in all groups. Statistical

significance was p <0.05. In the pre-pregnancy period, although there were no changes in body

weight values, the continuous treatment with MMS decreased food and water consumption and

also increased blood glucose (MICO-2). During pregnancy period, these rats presented a reduction

of the body weight, maintaining a mild hyperglycemia level (about 170 mg/dL) with normal OGTT.

Furthermore, in the same study group showed other negative effects, including dead rats, total

resorption of fetuses increased relative weight of liver, spleen (including leukocytes rate) and also

periovarian fat. Moreover, it reduced rates serum lipid (cholesterol and lipoprotein fractions,

triglycerides and alanine aminotransferase). The continued use of MMS during pregnancy can be

considered toxic, damaging the maternal and fetal health, lead to hyperglycemia, fetal loss and

splenic dysfunction interfering with lipid metabolism and immune profile. This study shows that

MMS use is not recommended during pregnancy freely and should be replaced by another

immunosuppressant.

Keywords: Immunosuppression, Mycofelonate sodium, Pregnancy, Wistar rats, Lipid metabolism,

Glucose intolerance.

Page 11: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Rata da linhagem Wistar -------------------------------------------------------------- 19

Figura 02: Tratamento via oral (gavage) --------------------------------------------------------- 20

Figura 03: Esfregaço vaginal na fase estro com espermatozoides ---------------------------- 21

Figura 04: Pontos de implantação no útero com ausência de fetos -------------------------- 23

Figura 05: Câmara de Neubauer para contagem de leucócitos ------------------------------- 25

Figura 06: Demonstração da técnica para o leucograma e as células analisadas ----------- 25

Figura 07: Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) em ratas controle (CONT), ratas

não tratadas (MICO-1) e tratadas (MICO-2) com MMS na dose de 20mg/Kg durante o

período de prenhez. Os dados foram expressos com média ± desvio-padrão ----------------

30

Figura 08: Médias glicêmicas ± desvio-padrão da área sob a curva (ASC) em ratas

controle (CONT), ratas não tratadas (MICO-1) e tratados (MICO-2) com Micofenolato de

Sódio na dose de 20mg/Kg durante a prenhez ---------------------------------------------------

31

Page 12: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Parâmetros fisiológicos em ratas controle (CONT) e tratadas com MMS na

dose de 20mg/Kg antes do período da gestação --------------------------------------------------

27

Tabela 02: Parâmetros fisiológicos em ratas controle (CONT) não tratadas (MICO-1) e

tratadas (MICO-2) com MMS na dose de 20mg/Kg durante o período de prenhez ---------

29

Tabela 03: Performance reprodutiva de ratas controle (CONT) não tratadas (MICO-1) e

tratadas (MICO-2) com MMS na dose de 20mg/Kg durante o período de prenhez---------

32

Tabela 04: Peso relativo dos órgãos de ratas controle (CONT), não tratadada (MICO-1)

e tratadas (MICO-2) com MMS na dose de 20mg/Kg durante o período de prenhez -------

33

Tabela 05: Parâmetros bioquímicos e imunológico (TNF placentário) de ratas controle

(CONT), não tratadas (MICO-1) e tratadas (MICO-2) com MMS na dose de 20mg/Kg

durante o período de prenhez -----------------------------------------------------------------------

33

Tabela 06: Leucograma de ratas controle (CONT), não tratadas (MICO-1) e tratadas

(MICO-2) com MMS na dose de 20mg/Kg durante o período de prenhez -------------------

34

Page 13: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALT – Alanina aminotransferase

AST – Aspartato aminotransferase

GI – Gastrintestinal

HDL – Lipoproteína de alta densidade

IMPDH – Inosina Monofostato Desidrogenase

MMS – Micofenolato de Sódio

MMF – Micofenolato de Mofetil

MPA – Ácido Micofenólico

NK – Célula Natural Killer

RN – Recém nascidos

TNF – Fator de necrose tumoral

TOTG – Teste Oral de Tolerância a Glicose

VLDL – Lipoproteína de muita baixa densidade

Page 14: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

SUMÁRIO

1. Introdução ---------------------------------------------------------------------------------- 13

2. Objetivo -------------------------------------------------------------------------------------

2.1 Objetivo Geral -------------------------------------------------------------------------

2.2 Objetivos Específicos -----------------------------------------------------------------

18

18

18

3. Materiais e Métodos -----------------------------------------------------------------------

3.1. Animais ----------------------------------------------------------------------------

3.2. Grupos Experimentais -----------------------------------------------------------

3.3. Sequência Experimental -------------------------------------------------------------

3.3.1. Período de Tratamento Prévio -------------------------------------------

3.3.2. Período de Acasalamento -------------------------------------------------

3.3.3. Período de Prenhez --------------------------------------------------------

3.3.4. Avaliação da Toxicidade -------------------------------------------------

3.4. Resolução da Prenhez -----------------------------------------------------------

3.5. Coleta de Material e Parâmetros Reprodutivos ------------------------------

3.6. Teste de Confirmação dos Sítios de Implantação e de Reabsorções ------

3.7. Análises Séricas Materna -------------------------------------------------------

3.8. Análises Estatística --------------------------------------------------------------

19

19

19

20

20

20

21

22

22

22

23

24

26

4. Resultados ---------------------------------------------------------------------------------- 27

5. Discussão ----------------------------------------------------------------------------------- 35

6. Conclusão ----------------------------------------------------------------------------------- 40

7. Referências Bibliográficas --------------------------------------------------------------- 41

8. Anexos -------------------------------------------------------------------------------------- 47

Page 15: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

13

1. INTRODUÇÃO

A gestação normal está associada a uma reorientação das propriedades biológicas,

acarretando em acentuadas mudanças no organismo materno, incluindo a composição bioquímica

e também em seu perfil imunológico para se adaptar a presença fetal (BELARMINO et al., 2009;

SINZATO et al., 2012). Com isso, cuidados extras devem ser tomados durante este período a fim

de evitar malformações fetais e também casos de abortos (SINZATO et al., 2012).

Além disso, há uma necessidade aumentada de nutrientes essenciais, pois o inadequado

aporte energético da gestante pode levar a uma competição entre a mãe e o feto, limitando a

disponibilidade dos nutrientes necessários ao adequado crescimento fetal (DAMASCENO et al.,

2011). Portanto, a literatura é consensual ao reconhecer que o estado nutricional materno é

indicador de saúde e qualidade de vida tanto para a mulher quanto para o desenvolvimento fetal,

uma vez que a única fonte de nutrientes do concepto é constituída pelas reservas nutricionais e

ingestão alimentar materna (MELO et al., 2007). Devido às adaptações fisiológicas que ocorrem

na gravidez, alguns marcadores bioquímicos apresentam-se naturalmente alterados, sem que isso

seja motivo para o aparecimento de patologias (VITOLO, 2008).

A placenta humana desempenha um papel central na regulação do crescimento fetal, sendo

esta capaz de oferecer nutrientes para o feto (MOLTENI et al., 1978; GICHANGI et al., 1993).

Este órgão proporciona a difusão de nutrientes e oxigênio do sangue materno para o sangue fetal,

além da difusão de excretas fetais de volta para a mãe. É captado para o feto glicogênio, proteínas,

lipídios e alguns minerais necessários para seu desenvolvimento embrionário (SINZATO et al.,

2012).

O metabolismo lipídico na gestação apresenta predomínio da lipólise materna e intolerância

à glicose, a fim de auxiliar o desenvolvimento fetal e como consequência, encontram-se elevados

níveis lipídicos no sangue (SAUNDERS et al., 2002; CAMPOS et al., 2007). O metabolismo

lipídico apresenta maiores ajustes no terceiro trimestre da gestação (período catabólico), para que

o organismo materno utilize lipídios armazenados para a manutenção das necessidades energéticas

no estado pós-absortivo. Isso minimiza o catabolismo proteico e preserva a glicose e os

aminoácidos essencialmente para o feto. A mobilização dos depósitos de gordura do tecido adiposo

é estimulada, aumentando os níveis plasmáticos de ácidos graxos livres e de glicerol. No fígado,

os ácidos graxos livres são convertidos em triglicérides e retornam à circulação na forma de

Page 16: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

14

lipoproteínas de muito baixa densidade (VLDLs). O glicerol é o principal substrato para a

gliconeogênese, conservando aminoácidos para o feto (DUGGLEBY & JACKSON, 2002;

PRENTICE & GOLDBERG, 2009).

De acordo com as alterações bioquímicas descritas durante o período catabólico

gestacional, é de suma importância a avaliação do perfil bioquímico geral materno durante a

gestação, pois as sutis alterações bioquímicas podem afetar o desenvolvimento biológico e até vital

do feto.

Deve-se também levar em conta as alterações no sistema imunológico materno, já que o

sucesso gestacional depende da equilibrada interação entre populações celulares e mediadores

presentes na unidade materno-fetal, sendo determinante a participação da decídua neste processo

(DAHER & MATTAR, 2009), como por exemplo, Fator de Necrose Tumoral (TNF) e as demais

citocinas. Para que a gestação venha a termo, é necessário que o organismo da mãe suporte ao

desenvolvimento de “um corpo estranho” (neste caso, o concepto) no seu interior (PASTORE et

al., 2012). Sabe-se que há uma intrincada rede imunorregulatória que precisa ser acionada para que

o organismo materno possa tolerar esta nova presença, permitindo a implantação e manutenção do

concepto até o nascimento (MICHELON et al., 2006). Diversos estudos demonstram que o padrão

imunológico é variável ao longo da gestação e que seus efeitos observados dependem da

concentração, da dose e do período expostos (DAHER et al., 1999).

Segundo Luppi et al. (2002), com o avanço da gestação, há uma ativação progressiva do

sistema imunológico inato materno, caracterizada pelo aumento no número de granulócitos

circulantes, por uma maior atividade fagocítica destes granulócitos, pela mudança no perfil de

antígenos de superfície expressos pelos monócitos e pela produção seletiva de citocinas por estas

mesmas células. Conforme o mesmo estudo, nesse período também ocorre uma supressão do

sistema imunológico adaptativo, marcada pela diminuição na ativação dos linfócitos T, a qual é

evidenciada pela diminuição na produção de citocinas pró-inflamatórias. A soma deste conjunto

de fatores torna a gestante tolerante aos antígenos paternos expressos pelo feto, o que possibilita a

aceitação do mesmo e a manutenção da gravidez (LUPPI et al., 2002). Além disso, fatores

imunomodulatórios para a tolerância e regulação do desenvolvimento fetal e formação da placenta,

como hormônios e citocinas, agem no organismo materno atuando em células Natural Killer

uterinas (NK), na atividade dos linfócitos T regulatórios e no reconhecimento das moléculas do

Page 17: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

15

Complexo Principal de Histocompatibilidade paterno (expressas pelo embrião) (MICHELON et

al., 2006).

O TNF sintetizado no aparelho reprodutor feminino parece ser importante para a

manutenção/diferenciação placentária, para o desenvolvimento embrionário e para o parto. Por

outro lado, TNF pode promover trombose impedindo a irrigação necessária para o

desenvolvimento fetal, podendo causar até necrose no embrião (WEGMANN et al., 1993).

Portanto, os níveis de TNF são importantes no transcorrer do período gestacional (ABBAS et al.,

2012).

Tendo em vista a vulnerabilidade do processo reprodutivo frente a substâncias químicas,

pesquisas com medicamentos que possam afetar a reprodução humana despertam grande interesse

científico. O desenvolvimento de estratégias de imunossupressão durante as últimas quatro décadas

reflete um enorme progresso em compreender os mecanismos celulares e moleculares que medeiam

a rejeição do enxerto (KAHAN, 2009).

O marco inicial do progresso no resultado dos transplantes se deu na década de 80, com a

liberação do uso de ciclosporina (ARMENTI, 2004). A partir deste evento, uma série de novos

imunossupressores vêm sendo pesquisados, alguns já em uso clínico e outros ainda em fase de

estudo experimental e pré-clínica. Devido ao número de fármacos disponíveis, a imunossupressão

atual é individualizada para cada tipo de transplante, baseando-se nas variáveis do receptor e do

doador de órgãos (RAMOS, 2007).

Os imunossupressores atuais utilizados são classificados em: inibidores da calcineurina

(Tacrolimo e Ciclosporina); agentes anti-proliferativos (Azatioprina, Micofenolato Mofetil e

Micofenolato de Sódio); inibidores da mTOR (Sirolimo e Everolimo) e; corticosteroides

(Prednisona) (US, 2013).

O ácido micofenólico (MPA) tem se mostrado uma ferramenta muito útil em tratamento

com imunossupressores desde a sua introdução em 1995. O micofenolato de mofetil (MMF) é uma

pró-droga do ácido micofenólico (MPA), que foi isolado a partir de uma espécie de fungo

Penicillium (ALISSON & EUGUI, 2005). MMF é uma formulação de MPA, que melhorou os

resultados de curto e longo prazo no transplante renal, mas está associado a complicações

gastrintestinais (GI) que podem levar à redução da dose ou a interrupção do tratamento, com um

consequente impacto negativo sobre a incidência de perda do enxerto, sendo relatada em até 45%

dos pacientes, bem como evidência de que estas complicações podem resultar numa diminuição na

Page 18: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

16

adesão à medicação e sobrevida do paciente (BEHREND, 2001). Com revestimento entérico,

Micofenolato de Sódio (MMS) é uma formulação do MPA, que proporciona a mesma eficácia de

benefícios como MMF, com o potencial de reduzir os graves sintomas gastrintestinais (GI) e assim

mantendo a segurança do paciente (BJARNASON, 2001).

MMF é o único entre os medicamentos de transplante que tem capacidade de inibir a

atividade de linfócitos T e B (LU et al., 2008; BAO et al., 2008). Inibe a proliferação de linfócitos

T, diminuindo a produção de Guanosina, e em última análise, a síntese de DNA, também tem

mostrado aumentar a apoptose em linfócitos T humanos, especificamente em linfócitos T ativados

(ALISSON, 2005). Tal como acontece com os linfócitos T, inibe a via de inibição de IMPDH

(Inosina Monofosfato Desidrogenase), e assim a síntese de linfócitos B (EUGGI et al., 1991). MMF

progressivamente tornou-se o mais comum imunossupressor adjuvante para tacrolimus (MEIER-

KRIESCHE et al., 2006), e provavelmente mudou o perfil cardiovascular do inibidor da

calcineurina. A descoberta de MMF, provou ser um adição útil no arsenal da imunossupressão.

Distúrbios GI (dispepsia, diarreia) e supressão da medula óssea são os seus principais efeitos

adversos, o que requer a redução da dose ou mesmo retirada (LESLIE et al., 2007).

As células "T", as células "B" e células GI, utilizam a via de salvamento para completar o

ciclo celular, tendo preso a produção / proliferação de células T e B, desta forma Micofenolato de

Sódio confere imunossupressão. A proliferação de células GI é também afetada, causando uma

diminuição em formação de vilosidades e desse modo uma redução na sua absorção (AIYANGAR

et al., 2010). Portanto, enquanto que a inibição de IMPDH pode desempenhar um bom papel,

processos adicionais podem estar envolvidos na mediação dos efeitos gastrintestinais (DAVIES et

al., 2007).

Modelos animais são representados com uma excelente ferramenta e muito bem aplicados

para representar o organismo humano (QUINN, 2005). Entre as características para um bom

modelo animal, estão: simplicidade, baixo custo, fácil manipulação e que principalmente, seja

possível a observação de mudanças no funcionamento geral do organismo para que se obtenha

resultados conclusivos (MERWIND-LADET et al., 2009). Um modelo de grande potencial para

estudos são os ratos, em especial o Rattus novegicus albinus, da linhagem Wistar, devido a

semelhança da sua fisiologia com a do ser humano (PIRET & THAKKER, 2011).

Embora, os resultados muitas vezes teratogênicos em animais não traduzem a teratologia

humana, mesmo em doses equivalentes em humanas, com a metade de todas as gestações não

Page 19: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

17

planejadas, muitas mulheres engravidam durante o uso de medicação (SIFONTIS et al., 2006;

PÉRGOLA et al., 2001; PEREZ-AYRTES et al., 2008; LE RAY et al., 2004). Há pouca

informação disponível sobre o efeitos tóxicos e teratogênicos do Micofenolato de Sódio no estudo

relacionado com a fertilidade e a gestação da mulher, embora o conhecimento aumentou

recentemente como mais mulheres mantidas em terapia imunossupressora para transplantes de

órgãos sólidos optaram por engravidar.

Para compreender os mecanismos envolvidos no tratamento com imunossupressores no

perfil bioquímico e imunológico materno, torna-se de grande interesse desenvolver um modelo

experimental com ratas prenhes tratadas com Micofenolato de Sódio antes da gestação, a fim de

estudar seus efeitos biológicos positivos e/ou negativos na gestação, podendo talvez influenciar ou

não o desenvolvimento fetal.

Page 20: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

18

2. OBJETIVOS

2.1 Geral

Avaliar os efeitos da imunossupressão materna pela administração de Micofenolato de

Sódio no perfil reprodutivo, bioquímico e imunológico em ratas Wistar prenhes.

2.2 Específicos

Analisar a influência do tratamento com Micofenolato de Sódio nos seguintes parâmetros:

• Parâmetros ponderais maternos:

- Peso (g)

- Consumo alimentar (g) e hídrico (mL)

- Glicemia (mg/dL)

• Pesos relativos de órgãos maternos :

- Rins (g/100g pc)

- Baço (g/100g pc)

- Fígado (g/100g pc)

- Coração (g/100g pc)

- Gordura periovariana (g/100g pc)

• Índices reprodutivos:

- Índice de fertilidade feminina (%)

- Índice de prenhez (%)

- Índice de parto (%)

• Análises bioquímicas:

- Colesterol total (mg/dL)

- Triglicerídeos (mg/dL)

- Lipoproteínas: Densidade alta (HDL) e de Densidade muito baixa (VLDL), todos em mg/dL

- Transaminases hepática: Alanina aminotransferase (ALT) e Aspartarto aminotrasnferase (AST),

todos em U/L

• Análises imunológicas

- TNF

- Leucograma (%)

Page 21: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

19

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1. Animais

Foram utilizadas 41 ratas Wistar adultas em idade reprodutiva (90 dias de vida),

provenientes do Laboratório de Fisiologia de Sistemas e Toxicologia Reprodutiva (FisioTox) –

Campus Universitário do Araguaia-UFMT (Figura 01). Estas ratas permaneceram em gaiolas

coletivas de polietileno com capacidade máxima de cinco animais, em temperatura ambiente

regulada em 25°C±2, fotoperíodo de 12 horas e umidade relativa entre 45% a 55%, recebendo água

filtrada e ração ad libitum. Além disso, todos os procedimentos experimentais realizado neste

estudo foram seguidos pelo Guia de Experimentação Animal e aprovados pelo Comitê de Ética no

Uso de Animais desta Universidade, protocolo 23108.045215/2014-39 (Anexo).

3.2. Grupos experimentais

Todas as ratas foram distribuídas aleatoriamente em dois grupos experimentais primários:

- Grupo controle (CONT) (n=10): ratas que receberam diariamente por via oral, água

filtrada, no mesmo volume que o grupo tratado (MICO) de acordo com o peso. Apenas para sofrer

as mesmas condições que as ratas do outro grupo.

- Grupo tratado (MICO) (n=31): ratas tratadas via oral com MMS (20 mg/Kg)

diariamente por no mínimo 15 dias, até o diagnóstico de prenhez.

Figura 01: Rata da linhagem Wistar

Page 22: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

20

De acordo com o dignóstico positivo de prenhez, essas ratas foram divididas em três grupos

experimentais:

- Grupo controle (CONT) (n=10): ratas que receberam diariamente por via oral, água

filtrada, no mesmo volume que o grupo MICO-2, de acordo com o peso.

- Grupo tratado 1 (MICO-1) (n=10): ratas que receberam diariamente por via oral, água

filtrada, no mesmo volume que o grupo MICO-2, de acordo com o peso.

- Grupo tratado 2 (MICO-2) (n=12): ratas tratadas via oral com MMS (20 mg/Kg)

diariamente durante os 21 dias de prenhez.

3.3. Sequência experimental

3.3.1 Período de tratamento prévio

As ratas dos grupos MICO-1 e MICO-2 foram tratadas diariamente com Micofenolato de

Sódio (MMF) na dose de 20 mg/Kg, via oral (gavage) por no mínimo 15 dias e o grupo CONT

água (Figura 02). De acordo com Nielsen et al. (2003), após duas semanas de tratamento as ratas

já são diagnosticadas imunossuprimidas, e desta forma, foram colocadas para acasalamento. Foram

avaliados semanalmente o peso corpóreo, consumo alimentar e hídrico e glicemia.

3.3.2 Período de acasalamento

Este período compreendeu uma duração máxima de 7 dias. As ratas foram distribuídas

quatro a quatro em gaiolas de polietileno, com cama de maravalha, na presença de um macho

saudável no final da tarde. Na manhã subsequente, os machos foram retirados e os esfregaços

Figura 02: Tratamento via oral (gavage)

Page 23: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

21

vaginais coletados pela introdução de hastes flexíveis com pontas de algodão embebido em solução

fisiológica a 0,9%. A presença de espermatozóides e as características da fase estro do ciclo estral

confirmam o diagnóstico de prenhez, sendo considerado o dia zero (Figura 03). Esta fase é

caracterizada como a fase estrogênica máxima, onde são encontradas apenas células queratinizadas

(VOLPATO et al., 2008; DAMASCENO et al., 2011). O medicamento foi administrado até o

dignóstico de prenhez e durante este período as que não apresentaram diagnóstico positivo de

prenhez foram excluídas.

3.3.3 Período de prenhez

Durante os 21 dias de prenhez, ocorreu o tratamento por via oral (gavage). Para o grupo

CONT e MICO-1, foi administrada água destilada apenas para provocar o estresse fisiológico. Para

o grupo MICO-2, as ratas prenhes receberam diariamente MMS, na dose e período já descritos no

item 2.

Foram mensurados semanalmente o peso corpóreo, consumo alimentar e hídrico e glicemia,

antes e durante a prenhez. No 17° dia de prenhez, para avaliação do desenvolvimento da

intolerância à glicose foi utilizada um marcador empregado rotineiramente na clínica, – teste oral

de tolerância à glicose (TOTG) em todas as ratas. Após jejum prolongado (em torno de 6 horas),

Figura 03: Esfregaço vaginal na fase estro com espermatozóides

Page 24: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

22

foi coletada uma gota de sangue para determinação glicêmica por glicosímetro convencional

Prestige IQ® (tempo 0 = jejum). Em seguida, os ratas receberam solução de glicose (200 g/L) via

intragástrica (gavage) na dose de 2,0 g/Kg peso corpóreo. A glicemia foi determinada nos

intervalos 30, 60 e 120 minutos após a administração da solução (MOURA et al., 2002). A resposta

da glicose durante o TOTG foi avaliado pela estimativa total obtida na área sob a curva (ASC)

(CAMPOS et al., 2007).

3.3.4. Avaliação da toxicidade

Durante todo o período experimental, as fêmeas foram examinadas para avaliar sinais

clínicos indicativos de toxicidade materna, tais como piloereção, movimentos estereotipados,

alteração da motilidade do animal, diarréia, perda de peso, redução de consumo de alimento, perdas

sanguíneas vaginais e mortes.

3.4. Resolução da prenhez

Na manhã do 21º dia de prenhez (das 8 às 10 horas da manhã), as ratas foram anestesiadas

com pentobarbital sódico (Hypnol®) a 3% e, posteriormente, submetidas à eutanásia por

decapitação. O sangue total foi colhido para análises de bioquímica, os órgãos (coração, fígado,

baço, rins e gordura periovariana) foram submetidos a pesagem e houve a maceração das placentas

e coleta do sobrenadante para análises imunológicas.

3.5. Coleta de material e Parâmetros reprodutivos

A partir da pesagem dos órgãos foi realizado o cálculo do peso relativo de acordo com a

seguinte equação matemática: [(peso do órgão / peso corporal) x 100]. Após os procedimentos da

coleta de material biológico de todos os grupos (sangue), foram estimados índices reprodutivos

maternos. Os índices de fertilidade, prenhez e de parto foram utilizados para avaliar o efeito do

tratamento com MMS sobre a fertilidade, viabilidade da prenhez e do parto, respectivamente. Os

índices foram apresentados de acordo com os seguintes cálculos matemáticos sugeridos por Clegg

et al. (2001).

Para o cálculo do Índice de fertilidade feminina foram utilizados os números de ratas que

pariram normalmente e o número de ratas postas para acasalamento com machos no período

noturno:

Page 25: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

23

Índice de fertilidade feminina= N° de fêmeas que pariram x 100

N° total de fêmeas

A fim de determinar o Índice de parto, foram utilizados os números de ratas que pariram

normalmente e o número de ratas prenhes (diagnóstico positivo de prenhez pelo exame histológico

de esfregaço vaginal):

Índice de parto= N° de fêmeas que pariram x 100

N° de fêmeas prenhes

Para se estimar o Índice de prenhez, foram utilizados os números de ratas que apresentaram

RN vivos e também o número de ratas prenhes (diagnóstico positivo de prenhez pelo exame

histológico de esfregaço vaginal):

Índice de prenhez= N° de ratas-mães com RN vivos x 100

N° de fêmeas prenhes

3.6.. Teste para confirmação dos sítios de implantações e de reabsorções

No caso de ausência de desenvolvimento fetal ou de pontos de implantações visíveis, o

útero foi então colocado em reativo de Salewski (1964) para coloração dos pontos de implantação

(Figura 8).

Figura 04: Pontos de implantação no útero com ausência de fetos

Page 26: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

24

3. 7. Análises séricas materna

Para determinação dos parâmetros bioquímicos, as amostras de sangue coletadas foram

colocadas em tubos de ensaio livres de anticoagulante e então centrifugados a 3500rpm por 10

minutos, o sobrenadante foi coletado como soro e estocado a –80ºC. Para a avaliação da contagem

total de leucócitos foi coletado sangue em tudo com anticoagulante EDTA.

Todos os parâmetros bioquímicos foram mensurados por técnicas utilizando-se a

espectrofotometria de luz, pelo analisador bioquímico Bioplus-2000. As concentrações dos níveis

séricos de Colesterol total (mg/dL), Triglicerídios (mg/dL), HDL-C (mg/dL) (Lipoproteína de alta

densidade) e as transaminases hepáticas ALT (U/L) (Alanina aminotransferase) e AST (U/L)

(Aspartato aminotransferase) foram determinados pelo método enzimático (YOUNG et al., 2000).

Todos os parâmetros foram mensurados pelos Kits de determinação bioquímica da Wiener®.

O valor estimado do nível sérico do VLDL-C (Lipoproteína de densidade muito baixa) foi

determinado baseado nas determinações das concentrações séricas de Triglicerídeos, pelo cálculo

estabelecido por Fridewald et al. (1972), em mg/dL.

VLDL (mg/dL) = Triglicerídios (mg/dL)

5,0

Para análise do perfil de citocinas neste estudo foram coletado o sobrenadante dos tecidos

placentários os quais foram armazenados a uma temperatura de – 80 ºC, que posteriormente foram

avaliados através do método enzyme-liked immunoabsorbent assay (DuoSet ELISA) de captura (R

& D System, Inc., Minneapolis, USA) que se baseia na interação anticorpo-antígeno TNF. Para a

dosagem de citocinas no tecido placentário, uma amostra do tecido foi coletada e macerada,

acrescido de 1 ml de PBS (Tampão fosfato salino). Após a homogeneização, foi centrifugado a

3500 rpm por 10 minutos seguindo metodologia adaptada de LOURENÇO (2009).

No leucograma, para a contagem total de leucócitos, as amostras de sangue com

anticoagulante EDTA foram diluídas (1:20) em solução de TURK (ácido acético a 3%) (STIBBE

et al., 1985). Os leucócitos foram contados em Câmara de Neubauer com auxílio do microscópio

óptico (Figura 05). O resultado foi obtido com a equação matemática:

Leucócitos x mm3 de sangue = Lc. x 20 x 10

Page 27: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

25

4

Na qual:

Lc= número total de leucócitos contados em 4mm2 ;

4= fator de conversão para 1mm3;

20= fator de conversão da diluição utilizada;

10= fator de conversão para 1mm3 (profundidade da lâmina).

Para contagem diferencial de leucócitos foi utilizada a metodologia do esfregaço sanguíneo.

Para coloração do esfregaço foi utilizado o kit Panótico Rápido LB (Laborclin Ltda, BR). Os

diferentes elementos foram determinados por contador eletrônico KACIL com teclas

correspondentes a cada tipo de célula (LEANDRO et al., 2006). (Figura 06).

Figura 06: Demonstração da técnica para o leucograma e as células analisadas.

Figura 05: Câmara de Neubauer para contagem de leucócitos

Page 28: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

26

3.8. Análise estatística

Para comparação dos valores encontrados nos parâmetros reprodutivos, foi utilizado o teste

de Qui-quadrado, com 5% limite de significância. Em relação os valores médios encontrados nos

parâmetros séricos analisados, foram empregados análises de variância (ANOVA), seguidas do

Teste de Comparações Múltiplas de Tukey, considerando 5% como limite de significância.

(VIEIRA et al.,1997).

Page 29: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

27

4. RESULTADOS

Inicialmente foram utilizadas 31 ratas em tratamento com Micofenolato de Sódio, porém

13 vieram a óbito, sendo 10 antes do período gestacional e 3 durante a prenhez, todas do grupo

MICO-2. Além disso, 6 delas não apresentaram diagnóstico positivo de prenhez, tendo os dados

coletados destas ratas descartadas.

A Tabela 01 mostra os dados obtidos semanalmente, durante a fase de tratamento prévio à

gestação. Em relação ao peso corpóreo não houve diferença significativa entre os grupos CONT e

MICO. Porém, quanto ao consumo alimentar e hídrico, houve uma diminuição em relação ao grupo

CONT, e aumento no índice glicêmico.

Tabela 01: Parâmetros fisiológicos em ratas controle (CONT) e tratadas com MMS na dose de

20 mg/Kg antes do período da gestação.

Parâmetros CONT (n=10) MICO (n=22)

Peso corpóreo (g)

Dia 0 246,1±13,8 255,2±14,9

Dia 7 247,3±11,6 256,4±14,7

Dia 14 250,9±8,0 257,2±15,4

Consumo alimentar (g)

Dia 0 17,5±4,3 14,4±3,7#

Dia 7 16,3±2,3 13,2±1,5#

Dia 14 18,6±2,4 15,2±1,2#

Consumo hídrico (mL)

Dia 0 35,0±9,4 33,0±4,2

Dia 7 36,1±5,2 31,7±2,8#

Dia 14 39,4±1,6 35,5±6,8#

Índice glicêmico (mg/dL)

Dia 0 101,0±7,3 99,0±8,5

Dia 7 99,6±6,4 109,3±13,2*#

Dia 14 99,7±7,6 120,0±13,7*#

*diferença significativa comparado ao dia 0 do seu próprio grupo (Teste t de Student) # diferença significativa comparado ao grupo controle; (Teste t de Student)

Page 30: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

28

A Tabela 02 mostra os mesmos parâmetros fisiológicos mensurados durante a gestação nos

grupos experimentais, tratados durante a prenhez com água (CONT e MICO-1) ou com 20mg/Kg

de MMS (MICO-2). Em comparação com o dia 0, houve aumento do peso corpóreo nos grupos

CONT e MICO-1 nos dias 14 e 21, sendo no dia 7 aumento mensurado apenas no grupo MICO-1.

O tratamento contínuo com MMS (MICO-2) durante a prenhez fez com que o peso aumentasse até

o 14° dia, mas não até 21 dia. Além disso, as ratas dos grupos MICO-1 e MICO-2 apresentavam

maior peso corpóreo nos dias 0 e 7, mas no dia 14 apenas no grupo MICO-1, em comparação ao

grupo CONT. Contudo, houve uma diminuição de peso corpóreo nos dias 7 e 21 do grupo MICO-

2 em relação aos outros grupos e também uma queda deste valor apenas em comparação as ratas

CONT.

O consumo alimentar também foi alterado na prenhez e/ou durante o tratamento. No grupo

CONT e MICO-1 houve aumento no consumo em todas as semanas em relação ao dia zero e o uso

contínuo do medicamento (MICO-2) resultou em diminuição significativa do consumo apenas no

último dia de prenhez. De forma quase similar, o consumo hídrico também foi alterado, pois

aumentou progressivamente nas semanas subsequentes do grupo CONT em comparação ao

primeiro dia de prenhez. O consumo hídrico do grupo MICO-1 também aumentou nos dias 7 e 14

de prenhez. O uso prévio de MMS fez com que aumentasse o consumo de água no primeiro dia de

prenheez (MICO-1 e MICO-2), porém no transcorrer da gestação o consumo diminuiu.

O uso de MMS alterou drasticamente os valores glicêmicos dos grupos estudados. Tanto os

grupos CONT e MICO-1 apresentaram diminuição glicêmica apenas no último dia de prenhez, em

relação ao dia 0, enquanto que o (MICO-2) tratado antes e durante a prenhez fez com que a glicemia

fosse aumentada em valores compatíveis com o estado de hiperglicemia leve.

Page 31: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

29

Tabela 2: Parâmetros fisiológicos em ratas controle (CONT) não tratadas (MICO-1) e tratadas

(MICO-2) na dose de 20 mg/Kg durante o período de prenhez.

*diferença significativa comparado ao seu próprio grupo # diferença significativa comparado ao grupo controle diferença significativa comparado entre os dois grupos tratados

(p<0,05 – ANOVA seguida do Teste de comparações múltiplas de Tukey)

Parâmetros CONT MICO-1 MICO-2

Peso corpóreo (g)

Dia 0 243,8±14,5 264,7±4,8# 252,5±14,9#

Dia 7 246,3±14,5 282,4±3,5*# 268,4±11,5#

Dia 14 276,3±13,4* 312,3±15,0*# 272,9±13,3*

Dia 21 333,1±16,2* 363,5±16,3*# 256,8±13,3#

Consumo alimentar (g)

Dia 0 15,5±1,7 19,8±2,9# 16,4±5,5

Dia 7 19,0±1,0* 23,1±3,7 20,7±5,2

Dia 14 22,8±2,9* 25,6±6,2 22,5±4,0

Dia 21 20,5±2,2* 26,3±5,0 18,9±7,6

Consumo hídrico (mL)

Dia 0 31,0±1,9 37,0±6,7# 46,0±5,6#

Dia 7 41,5±4,1* 46,2±9,1 48,7±8,7

Dia 14 49,0±1,9* 52,2±7,0* 42,5±10,6

Dia 21 49,6±3,2* 52,0±9,1* 37,2±8,7#

Índice glicêmico (mg/dL)

Dia 0 102,5±3,1 116,8±9,2 161,1±22,2#

Dia 7 101,0±8,3 109,3±14,9 166,9±36,5#

Dia 14 94,3±3,5 101,5±10,6 179,4±52,2#

Dia 21 87,1±10,2* 80,5±15,6* 190,2±64,7#

Page 32: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

30

As curvas glicêmicas do teste oral de tolerância à glicose (TOTG) de todos os grupos

experimentais estão apresentadas na Figura 07. Comparando-se os tempos glicêmicos 0 e 120

minutos em cada curva, não foram encontradas diferenças significativas p>0,05. Comparando-se

valores glicêmicos no mesmo intervalo de tempo, o tratamento contínuo de MMS (MICO-2)

aumentou mais que duas vezes sua glicemia (p<0,05). Em relação à Figura 08, a quantidade de

glicose percorrida no sangue em 120 minutos foi muito maior que os outros grupos, mostrando que

a hiperglicemia leve se manteve durante o teste.

Figura 07 – Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) em ratas controle (CONT), ratas não tratadas

(MICO-1) e tratadas (MICO-2) com MMS na dose de 20mg/Kg durante o período de prenhez. Os

dados foram expressos com média ± desvio-padrão. # diferença significativa comparada ao controle (tempo 0) (p<0,05 – ANOVA seguida do Teste de Tukey) diferença significativa comparada entre o grupo tratado e não tratado (p<0,05 – ANOVA seguida do Teste de Tukey).

0

50

100

150

200

250

0 30 60 120

Gli

cem

ia (

mg/d

L)

Tempo (minutos)

CONT

MICO-1

MICO-2

# # # #

Page 33: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

31

Figura 08 – Médias glicêmicas ± desvio-padrão da área sob a curva (ASC) em ratas controle

(CONT), ratas não tratadas (MICO-1) e tratados (MICO-2) com Micofenolato de Sódio na dose de

20mg/Kg durante a prenhez.

#diferença significativa comparada ao controle (tempo 0) (p<0,05 – ANOVA seguida do Teste de Tukey) diferença significativa comparada entre o grupo tratado e não tratado (p<0,05 – ANOVA seguida do Teste de

Tukey).

A Tabela 03 mostra a performance reprodutiva das ratas. Das 10 ratas do grupo CONT,

100% alcançaram o período final, tiveram ninhadas com recém-nascidos (RN) vivos e nenhuma

veio a óbito durante o período de tratamento. Contudo, os grupos MICO-1 e MICO-2 apresentaram

resultados diferenciados, sendo que, no grupo MICO-1, das 14 ratas utilizadas, apenas 10 tiveram

resultado positivo de prenhez, com reabsorções fetais (incluindo-se RN vivos). Quanto ao grupo

MICO-2, das 17 ratas utilizadas, 15 tiveram diagnóstico positivo de prenhez, 03 morreram durante

o tratamento e as outras 12 tiveram reabsorção total.

Com relação a fertilidade feminina, o índice de parto e índice de prenhez no grupo CONT

foi 100%. Os animais do grupo MICO-1 apresentaram diminuição do Índice de fertilidade (37,5%).

O tratamento durante a prenhez (MICO-2) interferiu em todos esses índices, com ausência de

recém-nascidos no processo de laparotomia.

0,0

5000,0

10000,0

15000,0

20000,0

25000,0

30000,0

CONT MICO-1 MICO-1

Gli

cem

ia (

mg/d

L/1

20 m

in)

#

Page 34: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

32

Tabela 03. Performance reprodutiva de ratas controle (CONT) não tratadas (MICO-1) e tratadas

(MICO-2) no período de prenhez com Micofenolato de Sódio na dose de 20 mg/Kg.

CONT MICO-1 MICO-2

Ratas utilizadas 10 31

Ratas acasaladas 10 10 15

Ratas com gestação completa

Ratas mortas

Ratas com reabsorção total

Ratas com reabsorção e

recém-nascidos vivos

Ratas com gestação inalterada

10

0

0

02

08

10

0

0

10

0

0*

03*

12*

0

0

Índice de fertilidade 100% 62,5%# 0%#

Índice de parto 100% 100% 0%#

Índice de prenhez 100% 100% 0%#

#diferença significativa comparada ao controle (tempo 0) (p<0,05 – Teste de Qui-quadrado) diferença significativa comparada entre o grupo tratado e não tratado (p<0,05 – Teste de Qui-quadrado).

A tabela 04 mostra a média do peso relativo dos órgãos dos grupos. É possível verificar que

os animais pertencentes ao grupo MICO-1 apresentaram um aumento do peso do fígado em relação

ao grupo CONT. Quanto ao grupo MICO-2, em comparação ao MICO-1, houve aumento do

coração e baço, com diminuição do valor hepático. Já a comparação entre MICO-2 e CONT

mostrou uma diminuição no peso do fígado e da gordura periovariana, porém, houve aumentou do

baço e rim direito.

Page 35: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

33

Tabela 04: Peso relativo dos órgãos de ratas controle (CONT), não tratadas (MICO-1) e tratadas

(MICO-2) durante a prenhez na dose de 20mg/Kg de Micofenolato de Sódio.

Órgãos CONT MICO – 1 MICO – 2

Coração (g) 0,33 ± 0,02 0,31 ± 0,03 0,35 ± 0,03

Fígado (g) 3,83 ± 0,38 4,4 ± 0,41# 3,04 ± 0,30#

Baço (g) 0,18 ± 0,02 0,19 ± 0,03 0,24 ± 0,03#

Rim direito (g) 0,28 ± 0,02 0,30 ± 0,02 0,32 ± 0,04#

Rim esquerdo (g)

Gordura Periovariana (g)

0,28 ± 0,02

1,35 ± 0,43

0,28 ± 0,02

1,04 ± 0,24

0,30 ± 0,02

0,92 ± 0,35#

#p<0,05 – diferença estatisticamente significativa comparado ao grupo controle (ANOVA seguida do Teste de

comparações múltiplas de Tukey). diferença estatisticamente significativa entre os grupos tratados

Os parâmetros bioquímicos avaliados no final da prenhez estão apresentados na Tabela 05.

Os níveis séricos de Colesterol Total, Triglicerídios, liporoteínas HDL e VLDL, e também da

atividade enzimática da ALT do grupo MICO-2 apresentaram diminuição de seus valores

comparado entre os grupos CONT e MICO-1. O grupo MICO-1 apresentou apenas uma diminuição

dos níveis séricos da lipoproteína VLDL comparado ao grupo CONT. Quanto aos parâmetros

imunológicos, a concentração de TNF placentário do MICO-1 teve uma diminuição em relação ao

grupo CONT.

Tabela 05: Parâmetros Bioquímico de ratas controle (CONT), não tratadas (MICO-1) e tratadas

(MICO-2) durante a prenhez na dose de 20mg/Kg de Micofenolato de Sódio.

CONT MICO – 1 MICO – 2

Colesterol (mg/dL) 83,5±10,8 78,5±5,4 54,6±7,6#

Triglicérides (mg/dL) 146,0±28,9 180,2±80,0 51,4±8,9#

HDL(mg/dL) 55,0±2,2 51,4±8,9 39,1±5,7#

VLDL(mg/dL) 29,2±5,7 15,2±1,0# 10,2±2,1#

ALT (U/L) 70,7±9,3 72,0±4,1 57,7±12,0#

AST (U/L) 186,2±50,2 153,3±38,0 172,5±26,4

TNF placentário 100,3±24,5 40,8±14,9* -

#p<0,05 – diferença estatisticamente significativa comparado ao grupo controle (ANOVA seguida do Teste de

comparações múltiplas de Tukey). diferença estatisticamente significativa entre os grupos tratados

Page 36: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

34

A Tabela 06 mostra o leucograma de todos os grupos experimentais. Embora não foram

encontradas alterações na contagem de linfócito, neutrófilo e eosinófilo, o tratamento com MMS

prévio à prenhez fez com que aumentasse as taxas de monócitos e leucócitos totais e o uso contínuo

de MMS na prenhez aumentou o número de leucócitos totais.

Tabela 06: Leucograma de ratas controle (CONT), não tratadas (MICO-1) e tratadas (MICO-2)

durante a prenhez na dose de 20mg/Kg de Micofenolato de Sódio.

CONT MICO-1 MICO-2

Linfócito (%) 59,6 ± 7,8 61,1 ± 3,1 63,0 ± 5,0

Neutrófilo (%) 35,4 ± 7,5 34,4 ± 1,1 31,6 ± 4,9

Eosinófilo (%) 1,1 ± 0,9 0,9 ± 0,9 0,8 ± 0,9

Monócito (%) 3,5 ± 1,5 5,5 ± 1,4* 4,7 ± 1,5

Leucócitos Totais (103/mm3) 8,2 ± 1,03 12,0 ± 0,72* 12,5 ± 2,8* *p<0,05 – diferença estatisticamente significativa comparado ao grupo controle (ANOVA seguida do Teste de comparações múltiplas de Tukey)

Page 37: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

35

5. DISCUSSÃO

A terapêutica medicamentosa durante a gestação tem sido objeto de estudos que

possibilitam estimular a relação risco/benefício de farmacoterapias para gestante e para o feto.

Embora seja reconhecido que menos de 1% dos efeitos congênitos são causados por exposições a

drogas terapêuticas (FRIEDMAN et al., 1990; WEBSTER & FREEMAN, 2001), vários estudos

utilizando diferentes desenhos e números amostrais alertam para o fato de que gestantes continuam

expostas a um grande número de medicações (FONSECA et al., 2002). Evidências sobre os

potencias efeitos na gestação com o uso de imunossupressores mais antigos estão bem

estabelecidos (HOELTZENBEIN, 2012, HOU, 2013), no entanto, informações sobre efeitos de

imunossupressores mais recentes, ainda é escasso.

Sabe-se que alterações da fisiologia materna são capazes de interferir no desenvolvimento

do embrião/feto, ativando funções fisiológicas. Estes abrangem alterações de sinais respiratórios,

atividade motora, convulsão, reflexos, sinais oculares, sinais cardiovasculares, salivação,

piloereção, tônus muscular, analgesia e sinais gastrintestinais e diurese (HAYES, 1994). Sinais de

toxicidade sistêmica podem ser definidos pela diminuição considerável no consumo de água e

ração, associado às alterações comportamentais, apatia, além da redução da massa corpórea e da

evolução ponderal (CUNHA, 2009). Neste estudo foram observados vários sinais toxicológicos

como piloereção, tremores, efeitos sobre a respiração e movimentação, diarréia, perda de peso,

redução de consumo alimentar e hídrico (Tabela 01) e 31% de mortes dos animais durante o

tratamento, com isso, mostrando que o MMS, em seu uso isolado, pode ser prejudicial em vários

sistemas orgânicos.

O monitoramento do peso corpóreo durante o tratamento provê um índice do estado geral

de saúde dos animais (US EPA, 1996). As alterações no peso corpóreo de animais tratados com

xenobióticos podem refletir em efeitos tóxicos, e têm sido utilizadas como indicadores de efeitos

adversos de medicamentos e produtos químicos, especialmente se tal perda for maior do que 10%

do peso inicial (SUBRAMANION, 2011). Neste estudo, as ratas tratadas no período anterior a

prenhez não mostraram mudanças em relação ao peso (Tabela 01). Entretanto, em relação ao

consumo alimentar e hídrico houve uma ingesta menor em relação ao grupo CONT, sendo que a

análise da ingestão de alimentos e água em uma experimentação animal é importante para

Page 38: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

36

investigar a segurança das substâncias estudadas com intuito terapêutico (MUKINDA & EAGLES,

2010). Estes resultados indicam a ocorrência de um certo efeito tóxico do medicamento.

Estes parâmetros avaliados já apresentam alterações antes do período gestacional, uma vez

que seu uso durante tal período geralmente é mais agravante na saúde materno-fetal, devido as

inúmeras alterações e vulnerabilidade do organismo neste período. A gestação é caracterizada por

aumento progressivo do ganho de peso materno, decorrente do crescimento do feto e de seus anexos

(em torno de 40%) e também de adaptações próprias do organismo (os 60% restantes),

caracterizadas por um controle biológico próprio materno de um anabolismo no início e

catabolismo ao final da gestação (RUDGE et al., 2000). O perfil de peso mostrou-se alterado entre

os dias de gestação, tendo um ganho gradual até o final da mesma, fato esperado devido ao ganho

normal de peso que ocorre durante este período (CAMPOS et al., 2008), sendo proporcional no

grupo CONT e MICO-1, mostrando que o tratamento anterior a gravidez não veio a prejudicar o

decorrer da gestação.

Já com relação ao grupo MICO-2 o tratamento mostra um outro perfil de peso corpóreo,

uma vez que houve uma diminuição significativa a partir do 14° dia de prenhez em relação ao

grupo CONT e MICO-1. Este período é caracterizado após a organogênese fetal, uma vez que

interferentes exógenos (como o MMS) compromete seu desenvolvimento, podendo provocar

anomalias ou malformações, culminando em perdas fetais (VOLPATO et al., 2009)

Assim como o peso corpóreo, a redução do consumo de alimentos é indício de toxicidade

materna (YAO et al., 2007). Podemos dizer que a diminuição do consumo no grupo MICO-2 foi

devido a um efeito tóxico provocado pelo medicamento ou por alguma propriedade anorexígena

que altere o catabolismo pela via da leptina ou ainda por estimular o sistema nervoso simpático

(RIVEST & RICHARD, 1990). Além disso, não poderia também ser descartado a sugestão de que

o baixo consumo alimentar e hídrico (Tabela 2) se deve ao mau desenvolvimento fetal apresentado

indiretamente pela perda de peso materno no grupo MICO-2.

Outro parâmetro avaliado do início do tratamento até o final da prenhez foi a glicemia. Foi

observado que com a interrupção do MMS, sua glicemia voltou a níveis normais, enquanto que seu

uso continuou aumentando semanalmente, caracterizando um estado de hiperglicemia leve, entre

161 a 190 mg/dL (ADA, 2014).

A hiperglicemia gestacional não controlada é potencialmente prejudicial tanto para a mãe

como para o feto, resultando em uma maior necessidade de partos por cesariana, nascimento de

Page 39: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

37

crianças maiores, com excesso de gordura, maior risco de mortalidade infantil e fetal, e um elevado

risco de hipoglicemia do bebê imediatamente após o nascimento (METZGER et al., 2008, 2010).

Gestações normais são associadas com o quadro de intolerância à glicose, que se inicia em

meados da 24ª semana, estendendo-se até o parto, uma condição em que os tecidos periféricos

diminuem a captação glicêmica (METZGER et al., 2007). A fim de estudar a presença desta

intolerância à glicose, foi avaliado neste estudo o Teste de Tolerância Oral a Glicose (TOTG) no

17° dia de prenhez (Figura 7), sendo um método sensível e especifico para seu diagnóstico, pois é

capaz de mimetizar os eventos fisiológicos após uma refeição, sendo até mais indicado do que a

glicemia de jejum (NETO et al., 2011; BORAI et al., 2011; SIEGEL et al., 1980).

O formato da curva mostra a capacidade de absorção e retorno glicêmico durante o TOTG,

demonstrando o desempenho da insulina endógena nos tecidos periféricos (CAMPOS et al., 2007).

Se a glicemia se mantiver elevada após 2 horas da ingestão de glicose, indica que as células estão

intolerantes à glicose (diminuição do retorno glicêmico), pois estas não estão sendo captadas

(MELLO et al, 2001; VALERIO et al., 2006, CAMPOS et al., 2007). Os resultados deste estudo

mostraram que apesar da hiperglicemia leve encontrada em ratos tratados na gestação com MMS,

[e confirmada com a elevação da área sob a curva (Figura 8)], o teste de TOTG apresenta-se normal,

pois o formato da sua curva glicêmica é semelhante ao do grupo CONT. Este grupo tratado possui

característica semelhante às gestantes com complicação diabética na clínica, designadas de Grupo

IIA de Rudge (hiperglicemia de jejum e TOTG normal) (RUDGE & CALDERON, 2006).

A American National Transplantation Pregnancy Registry (NTPR) avaliou 2000 casos de

mulheres grávidas com o uso de imunossupressores. A incidência de defeitos congênitos nos

nascidos vivos mostrou ser semelhante à população em geral, exceto para gestação com o uso do

ácido micofenólico (MPA), apresentando 23% de defeitos congênitos (COSCIA et al., 2010). A

terapia imunossupressora baseada em Ciclosporina ou Tacrolimo, com ou sem esteróides e

Azatioprina pode ser utilizado em mulheres transplantadas durante a gestação, mas Micofenolato

de Mofetila e Sirolimus, não são recomendados com base nas atuais informações fornecidas

(EBPGRN, 2002; HIRACHAN et al., 2012).

O Micofenolato de Mofetila (MMF) está associado com uma alta incidência de

malformações estruturais (COSCIA et al., 2010). Em um estudo de 26 gestações com MMF, 15

tiverem RN vivos e malformação foi relatado em 4 casos (26,7%) (SIFONTIS et al., 2006). Ou

seja, dependendo do período de gestação nos quais substancias tóxicas entram em contato com o

Page 40: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

38

organismo materno, essa exposição pode resultar em diferentes respostas que variam desde um

efeito anti-implantação, alterações funcionais ou morfológicas, retardo geral de desenvolvimento,

incidência de malformações até letalidade (DAMASCENO et al., 2008). O grupo MICO-1 da

Tabela 3 não foi totalmente prejudicado, pois seu tratamento prévio com MMS à gestação pode ter

influenciado em alguns aspectos, já que todas as ratas por mais que tiveram RN vivos, apresentaram

também reabsorções. No caso do MICO-2 os resultados foram mais graves, pois durante a prenhez

houveram morte em três ratas, seis não ficaram prenhes e todas as remanescentes apresentaram

reabsorção total, sem filhote algum da próxima geração. Todos estes resultados reforçam o alto

grau de toxicidade deste medicamento apenas na gestação.

Outros sinais de toxicidade podem se expressar pela alteração da massa relativa dos órgãos,

alterações hematológicas e bioquímicas sanguíneas (GONZALEZ & SILVA, 2003). Muitos

medicamentos empregados rotineiramente na clínica podem apresentar, como reação colateral

indesejável, a agressão hepática, preocupando seu uso contínuo (BERTOLAMI, 2005). Neste

estudo, houveram dois perfis hepáticos na Tabela 04, pois o tratamento prévio à gestação aumentou

o peso relativo hepático, ao final da gestação, enquanto que o tratamento contínuo do mesmo fez

com que diminuísse seu valor. Alterações teciduais comprometem em sua funcionalidade, sendo

que por exemplo a hepatotoxicidade prejudica a metabolização de xenobióticos, além de causar

desnutrição proteica e diminuição no ganho de peso decorrente da interferência no aproveitamento

de aminoácidos (OSWEILER, 1998). Porém, em conjunto com os demais parâmetros apresentados

fica demonstrado o efeito tóxico deste medicamento, sendo talvez mais evidente no grupo MICO-

2.

O baço, que se destaca pelas funções de filtração e hematopoiética, também participa do

controle metabólico (PETROIANU et al., 2006). Existem evidências que explicam os possíveis

mecanismos implicados na regulação dos lipídios plasmáticos pelo baço (AVIRAM et al., 1986;

ASAI et al., 1988; SCHMIDT et al., 1997; GOLDFARD et al., 1991; LE-NA et al., 1988). Os

macrófagos esplênicos acumulariam grande quantidade de gordura, mediante aumento da

fagocitose com consequente hipolipidemia. Outra explicação para tal redução lipídica (mostrado

nos níveis séricos de triglicerídios, HDL e VLDL na Tabela 05) seria o efeito imunitário do sistema

mononuclear fagocitário contra estruturas encontradas nas lipoproteínas HDL e LDL, resultando

em sua depuração plasmática (GOLFARD et al, 1991; LE-NA et al, 1988).

Page 41: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

39

Além disso, Caligiuri et al. (2002) afirmaram que o baço influencia no metabolismo lipídico

por meio de linfócitos B capazes de produzir anticorpos anti-LDL-colesterol oxidado. Esse

complexo antígeno-anticorpo seria retirado da circulação por macrófagos teciduais, incluindo os

esplênicos. O baço participaria não apenas da depuração dos imunocomplexos, mas também da

produção de anticorpos anti-LDL-colesterol oxidado, por conter a maior parte dos linfócitos B de

memória e por ser o principal local de apresentação antigênica e produção de anticorpos

(GONÇALVEZ et al., 2014), fato este relacionado com os resultados deste estudo, a dose de

20mg/Kg de MMS levou uma hipertrofia esplênica (Tabela 04) acompanhado pela não-diminuição

de linfócitos e consequentemente aumento de leucócitos totais (Tabela 6).

O TNF é uma das citocinas fundamentais no início da gestação, atuando no fenômenos de

implantação do blastocisto e, de maneira adversa, nas perdas de primeiro trimestre. Com a evolução

da gestação, tende a diminuir a sua concentração no organismo materno (DENNEY et al., 2011;

RAGHPATHY, 2001; PERAÇOLI et al., 2007; COUGHLAN et al., 2001). E com o uso de MMS

que foi administrado antes do período de prenhez veio interferir nesse período, comprovando o

efeito do imunossupressor.

Page 42: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

40

6. CONCLUSÃO

De acordo com os dados apresentados, este estudo nos permite concluir que o uso de

Micofelonato de Sódio prévio à gestação pode ser indicado pois não possui toxicidade severa,

incluindo poucos efeitos colaterais. Entretanto, seu uso contínuo é considerado tóxico,

prejudicando a saúde materno-fetal, por levar a hiperglicemia, perdas fetais e disfunção esplênica

interferindo no metabolismo lipídico e imunológico. Isto faz com que seu uso não seja livremente

recomendado na gestação, devendo ser substituído por outro imunossupressor.

Page 43: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

41

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBAS, A. K. et al. Imunologia Celular e Molecular. 7ª ed. São Paulo: Saunders-Elsevier, p.

417-423, 2012.

AMERICAN DIABETES ASSOCIATION (ADA). Standards of medical care in diabetes.

Diabetes Care 2014; 36 Suppl 1: S11-S66

AIYANGAR, A. et al. Mycophenolate Induced Diarrhoea. J Ass Physicians Ind, v.58, p.192-94,

2010.

ALLISON, A.C.; EUGUI, E. M. Mechanisms of action of mycophenolate mofetil in preventing

acute and chronic allograft rejection. Transplant, v.15, n. 80, p.181-90, 2005.

ARMENTI, V.T. Immunosuppression and teratology: Evolving guidelines. J Am

Soc Nephrol, v.15, p.2759-2760, 2004.

ASAI, K. et al. Effects of splenectomy on serum lipids and experimental atherosclerosis.

Angiology, v.39, n.6, p.497-504, 1988.

AVIRAM, M. et al. Increased lowdensity lipoprotein levels after splenectomy: a role for the spleen

in cholesterol metabolism in myeloproliferative disorders. Am J Med Sci, v.291, n.1, p.25-8, 1986.

BAO, H. et al. Successful treatment of classV + IV lupus nephritis with multitarget therapy. J Am

Soc Nephrol, v.19, p.2001–2010, 2008.

BEHREND, M. Adverse gastrointestinal effects of mycophenolatemofetil: aetiology, incidence

and management. Drug Saf, v.24, n.9, p.645-63, 2001.

BJARNASON, I. Enteric coating of mycophenolate sodium: a rational approach to limit topical

gastrointestinal lesions and extend the therapeutic index of mycophenolate. Transplant Proc, v.33,

n.7-8, p.3238-40, 2001.

BELARMINO, G. et al. Risco nutricional entre gestantes adolescentes. Acta Paul Enferm, v.22,

n.2, p.169-75, 2009.

BERTOLAMI, M. C. Mecanismos de hepatotoxicidade. Arq Bras Cardiol, v.85, p.25-27, 2005.

BORAI, A. et al. Selection of the appropriate method for the assessment of insulin resistance. BMC

Med Res Methodol, v.11, n.158, p.1-10, 2011.

CALIGIURI, G. et al. Protective immunity against atherosclerosis carried by B cells of

hypercolesterolemic mice. J Clin Invest, v.109, n.6, p.745-53, 2002.

CAMPOS, K.E. et al. Effect of maternal obesity on diabetes development in adult rat offspring.

Life Sci, v.81, n.19-20, p.1473-1478, 2007.

Page 44: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

42

CAMPOS, K.E. et al. Effect of obesity on rat reproduction and on the development of their adult

offspring. Braz J Med Biol Res, v.41, n.2, p.122-125, 2008.

CLEGG, E. D. et al. Principles and methods of toxicology. Assessment of male reproductive

toxicity. In: Hayes AW (Editor), Philadelphia:Taylor & Francis; 4a ed., p.1263-1299, 2001.

COSCIA, L.A. et al. Report from the National Transplantation Pregnancy Registry (NTPR):

outcomes of pregnancy after transplantation. Clin Transpl, p.65-85, 2010.

COUGHLAN, M. T. et al. Glucose-induced release of tumour necrosis factor-alpha from human

placental and adipose tissues in gestational diabetes mellitus. Diabet Med, v.18, n.11, p.921-927,

2001

CUNHA, L. C. et al. Avaliação da toxicidade aguda e subaguda, em ratos, do extrato etanólico das

folhas e do látex de Synadenium umbellatum Pax. Rev Bras Farmacog, v.19, n.2, p.403-411, 2009.

DAHER, S. et al. Tumor necrosis factor during pregnacy and at the onset of labor and spontaneous

abortion. Eur J Obstet Gynecol Reprod Biol, v.83, n.1, p77-9, 1999.

DAHER, S.; MATTAR, R. Gestação: um fenômeno imunológico? Ver Bras Alerg Imunopatol,

v.32, n.2, p.63-67, 2009.

DAMASCENO, D. C. et al. Anomalias Congênitas: Estudos Experimentais. Coopmed: Belo

Horizonte, p.106, 2008.

DAMASCENO, D. C. et al. Maternal-fetal outcome, lipid profile and oxidative stress of diabetic

rats neonatally exposed to streptozotocin. Exp Clin Endoc Diab, v.119, n.7, p.408-13, 2011.

DAVIES, N. M. et al. Gastrointestinal side effects of mycophenolic acid in renal transplant

patients: a reappraisal. Nephrol Dial Transplant, v.22, n.9, p.2440–2448, 2007.

DENNEY, J. M. et al. Longitudinal modulation of immune system cytokine profile during

pregnancy. Cytokine, v.53, n.2, p.170-177, 2011.

DUGGLEBY, S. L.; JACKSON, A. A. Higher weight at birth is related to decreased maternal

amino acid oxidation during pregnancy. Am J Clin Nut, v.76, n.4, p.852–7, 2002.

EUGUI, E.M.et al. Lymphocyte-selective cytostatic and immunosuppressive effects of

mycophenolic acid in vitro: role of deoxyguanosine nucleotide depletion. Scand J Immunol, v.33,

n.2, p.161-173, 1991.

FONSECA, M. R. C.C. et al. Prevalência do uso de medicamentos na gravidez: uma abordagem

fármaco epidemiológica. Rev Saude Púb, v.36, n.2, p.2005-2012, 2002.

FRIEDMAN, J. M. et al. Potential human teratogenicity of frequently prescribed drugs. Obstet

Gynecol, v.75, n.4, p.594-599, 1990.

GICHANGI, P.B. et al. Pregnancy outcome and placental weight: their relationship to HIV-1

infection. East African Medical Journal, v.70, n.2, p.85-89, 1993.

GOLDFARB, A. W. et al. Abnormal low and high density lipoproteins in homozygous beta-

thalassaemia. Br J Haematol, v.79, n.3, p.481-6, 1991.

Page 45: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

43

GONÇALVEZ, T. B. et al. Efeitos do aloenxerto esplênico no lipidograma de ratos não

esplenectomizados: papel imunológico e metabólico do “baço duplo”. Rev Col Bras Cir, v.41,

n.2, p.122-128, 2014.

GONZÁLEZ, F. H. D.; SILVA, S. C. Introdução à Bioquímica Clínica Veterinária. Porto

Alegre: UFRGS, p.179-198, 2003.

HIRACHAN, P. et al. Renal Transplantation and Pregnancy. Arab Journal of Nephrology and

Transplantation, v.5, n.1, p.41-46, 2012.

HOELTZENBEIN, M. et al. Teratogenicity of mycophenolate confirmed in a prospective study of

the European Network of Teratology Information Services. Am J Med Genet A, v.158, n.3, p.588–

596, 2012.

HOU, S. Pregnancy in renal transplant recipients. Adv Chronic Kidney Dis, v.20, p.253–259,

2013.

KAHAN, B.D. Forty years of publication of transplantation proceedings--the second decade: the

cyclosporine revolution. Transplant Proc, v.9, n.41, p.1423–37, 2009.

LEANDRO, C. G. et al. Effect of L-Glutamine on the number of blood leukocytes

and on the phagocytic function of macrophages of stressed rats. Rev Nutr, v.19, n.4, p.437-444,

2006.

LE, N. A. et al. Abnormalities in lipoprotein metabolism in Gaucher type 1 disease. Metabolism,

v.37, n.3, p.240-5, 1988.

LE-RAY, C.et al. Mycophenolate mofetil in pregnancy after renal transplantation: a case of major

fetal malformations. Obstet Gynecol, v.103, p.1091-4, 2004.

LESLIE, M. S. et al. Therapeutic Drug Monitoring of Mycophenolic Acid. Clin J Am Soc

Nephrol, v.2, p.1062-1072, 2007.

LOURENÇO, N. C. V. Avaliação de citocinas pró e anti-inflamatórias e fatores pró e

antiangiogênicos em placenta de gestantes com pré-eclâmpsia. 53 f. Tese (doutorado) – Instituto

de Biociências de Botucatu, Universidade Estadual Paulista. 2009.

LU, F. et al. A prospective multicentre study of mycophenolate mofetil combined with

prednisolone as induction therapy in 213 patients with active lupus nephritis. Lupus, v.17, n.7,

p.622–629, 2008.

LUPPI. P. et al. Monocytes are progressively activated in the circulation of pregnant women. J

Leukoc Biol, v.72, n.5, p.874-84, 2002.

MEIER-KRIESCHE, H. U. et al. Immunosuppression: Evolution in practice and trends, 1994-

2004. Am J Transplant, v. 6, p.1111–1131, 2006.

MELO, A. S. O. et al. Estado nutricional materno, ganho de peso gestacional e peso ao nascer. Rev

Bras Epidem, v.10, n.2, p.249-57, 2007.

METZGER, B. E. et al. Summary and recommendations of the Fifth International Workshop-

Conference on Gestational Diabetes Mellitus. Diabetes Care, v.30, Suppl 2, p.251-260, 2007.

Page 46: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

44

METZGER, B. E.et al. Hyperglycemia and adverse pregnancy outcomes. N Engl J Med, v.358,

n.19, p.1991-2002. 2008.

METZGER, B.E. et al. Hyperglycemia and adverse pregnancy outcome study: neonatal glycemia.

Pediatrics, v.126, n.6, p.1545-1552, 2010.

MICHELON, T. et al. Imunologia da gestação. Rev AMRIGS, v.50, n.2, p.145-51, 2006.

MOLTENI, R. A. et al. Relationship of fetal and placental weight in human beings: fetal/placental

weight ratios at various gestational ages and birth weight distributions. J Reprod Med, v.21, n.5,

p.327-334, 1978.

MOURA, R. A. et al. Técnicas de Laboratório. 2 ed. São Paulo: Atheneu Editora, 2002.

MUKINDA, J.T.; EAGLES, P.F.K. Acute and sub-chronic oral toxicity profiles of the aqueous

extract of Polygala fruticosa in female mice and rats. J Ethnopharmacolo, v.128, n.1, p.236-240,

2010.

NETO, B. G.; VASQUES, A. C. J.; TAMBASCIA, M. A. Resistência à insulina: como diagnosticar

na prática clinica. In: GODOY-MATOS, A. F. Endocardiometabologia na pratica Clinica. Rio

de Janeiro: Guanabara Koogan, Cap.5, p.47-63, 2011.

NIELSEN, F.T. et al. Kidney function and morphology after short-term combination therapy with

cyclosporine A, tacrolimus and sirolimus in the rat. Nephrol Dial Transplant, v.18, n.3, p.491–

496, 2003

OSWEILER, G.D. “Toxicologia Veterinária” Artes Médicas. Porto Alegre, 1998.

PASTORE, A.P.W. et al. Implications of H1N1 influenza during pregnancy. Scientia Med, v.22,

n.1, p.53-58, 2012.

PERAÇOLI, J. C.A, et al. Tumor necrosis factor-alpha in gestation and puerperium of women with

gestational hypertension and pre-eclampsia. Am J Reprod Immunol, v.57, n.11, p.177-185, 2007.

PEREZ-AYRTES, A. et al. In utero exposure to mycophenolate mofetil: a characteristic

phenotype? Am J Med Genet, v.146, n.1, p.1-7,2008.

PÉRGOLA, P. E. et al. Kidney transplantation during the first trimester of pregnancy:

immunosuppression with mycophenolate mofetil, tacrolimus, and prednisone. Transplantat, v.71,

n.7, p.994-7, 2001.

PETROIANU, A. et al. Efeitos de operações sobre o baço no lipidograma de ratas. Rev Assoc Med

Bras, v.52, n.1, p.56-9, 2006.

PRENTICE, A. M.; GOLDBERG, G. R. Energy adaptations in human pregnancy: limits and long-

term consequences. Am J Clin Nutr, v.71, (5 Suppl), p.1226-32, 2009.

QUINN, R. Comparing rat’s to human’s age: how old is my rat in peoples years? Nutrit, v. 21, n.

6, p.775-777, 2005.

RAGHPATHY, R. Pregnancy: success and failure within Th1/Th2/Th3 paradigm. Semin

Immunol, v.13, n.4, p.219-227, 2001.

Page 47: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

45

RIVEST, S.; RICHARD, D. Hypothalamic paraventricular nucleus lesions do not prevent anorectic

effect of exercise in male rats. Am J Physiol, v.259, (3 Pt 2), p. 579-584, 1990.

RUDGE, M. V. C. et al. Adaptação do organismo materno à gravidez. In: Neme B, editor.

Obstetrícia básica. São Paulo: Sarvier, p.42-51, 2000.

RUDGE, M. V. C.; CALDERON, I. M. P. The obstetrician ethical responsibility in the diagnosis

and treatment of gestational diabetes mellitus (GDM). Rev. Bras. Ginecol. Obstet, v.28 n.10,

p.571-574, 2006.

SCHMIDT, H. H. The spleen as a storage pool in lipid metabolism. Am J Gastroent, v.92, n.6,

p.1072, 1997.

SALEWSKI, E. Farbemethode zum markroskopishen nachweis von implantatconsstellen na uterus

der ratter naunyn schmuderbergs. Archives Pharmacal, p 247-367, 1964.

SAUNDERS, C. et al. Recomendações nutricionais na gestação. In: ACCIOLY, E.; SAUNDERS,

C.; LACERDA, E.M.A. Nutrição em obstetrícia e pediatria. Rio de Janeiro: Cultura Médica,

p.145-170. 2002.

SIEGEL, E. G.; TRIMBLE, E.R.; RENOLD, A.E.; BERTHOUD, H.R. Importance of

preabsorptive insulin release on oral glucose tolerance: studies in pancreatic islet transplanted rats.

Gut, v.21, n.11, p.1002-1009, 1980.

SIFONTIS, N. M. et al. Pregnancy outcomes in solid organ transplant recipients with exposure to

mycophenolate mofetil or sirolimus. Transplantat, v.82, n.12, p.1698-702, 2006.

SINZATO, Y.K. et al. Neonatally induced mild diabetes in rats and its effect on maternal,

placental, and fetal parameters. Exp Diabetes Res, v.2012, (ID 108163), p.1-7, 2012.

STIBBE, W.; WISE, M.; SEIDEL, D. Automated platelet count in thrombocytopenic patients-a

comparison of methods. J Clin Chem Clin Biochem, v.23, n.7, p.399-404, 1985.

SUBRAMANION, L.J. et al. Acute oral toxicity of methanolic seed extract of Cassia fistula in

mice. Molecules, v.16, n.6, p.5268-5282, 2011.

US Department of Health and Human Services, “2011 Annual Report of the Organ Procurement

and Transplantation Network and the Scientific Registry of Transplant Recipients,” A J

Transplantat, v.13, n.S1, p. -36, 2013.

US EPA. Guidelines for reproductive toxicity risk assessment. EPA/630/R-96/009,

Washington, 1996.

VALERIO, G. et al. P. Insulin resistance and impaired glucose tolerance in obese children and

adolescents from Southern Italy. Nutr Metab Cardiovasc Dis, v.16, n.4, p.279-284, 2006.

VITOLO, M. R. Recomendações nutricionias para gestantes. In: VITOLO, M. R. (Eds.). Nut da

gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Rubio, p. 67-81. 2008.

VOLPATO, G. T. et al. Effectof Bauhinia forficata aqueous extract on the maternal-fetal outcome

and oxidative stress biomarkers of streptozotocin-induced diabetic rats. J Ethnopharmacol, v.116,

n.1, p.131-137, 2008.

Page 48: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

46

VOLPATO, G.T.; DAMASCENO, D.C.; KEMPINAS, W.G.; RUDGE, M.V.; CALDERON, I.M.

Effect of exercise on the reproductive outcome and fetal development of diabetic rats. Reprod

Biomed Online, v.19, n.6. p.852-858, 2009.

WEBTERS, W. S.; FREEMAN, J. A. D. Is this drug safe in pregnancy? Reprod Toxicol, v.15,

p.619-629, 2001.

WEGMANN, T.G. et al. Bidirectional cytokine interactions in the maternal-fetal relationship: is

successful pregnancy a Th2 phenomenon? Immunol Today, v.14, n.7, p.353-6, 1993.

YAO, M. et al. A developmental toxicity-screening test of valerian. J Ethnopharmacol, v.113,

n.2. p.204-9, 2007.

Page 49: AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES REPRODUTIVOS, …

47