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UNIVERSIDADE DE FRANCA UNIFRAN MESTRADO EM CIRURGIA E ANESTESIOLOGIA VETERINチRIA AVALIAヌテO DA PRESSテO INTRAOCULAR EM CテES SUBMETIDOS AO BLOQUEIO RETROBULBAR COM DIFERENTES ANESTノSICOS LOCAIS Murici Belo Segato 2010

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UNIVERSIDADE DE FRANCAUNIFRAN

MESTRADO EM CIRURGIA E ANESTESIOLOGIA VETERINÁRIA

AVALIAÇÃO DA PRESSÃO INTRAOCULAR EM CÃESSUBMETIDOS AO BLOQUEIO RETROBULBAR COM

DIFERENTES ANESTÉSICOS LOCAIS

Murici Belo Segato

2010

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MURICI BELO SEGATO

AVALIAÇÃO DA PRESSÃO INTRAOCULAR EM CÃES SUBMETIDOSAO BLOQUEIO RETROBULBAR COM DIFERENTES ANESTÉSICOS

LOCAIS

Dissertação apresentada à Universidadede Franca, como exigência parcial para aobtenção do título de Mestre em Cirurgiae Anestesiologia Veterinária.

Orientadora: Prof.ª Dra. Cristiane dos Santos Honsho

FRANCA2010

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MURICI BELO SEGATO

AVALIAÇÃO DA PRESSÃO INTRAOCULAR EM CÃES SUBMETIDOSAO BLOQUEIO RETROBULBAR COM DIFERENTES ANESTÉSICOS

LOCAIS

COMISSÃO JULGADORA DO PROGRAMA DE MESTRADO EM CIRURGIA EANESTESIOLOGIA VETERINÁRIA

Presidente: Profa. Dra. Fabiana Ferreira de SouzaUniversidade de Franca

Titular 1: Profa. Dra. Adriana Torrecilhas Jorge BrunelliMédica Veterinária autônoma

Titular 2: Profa. Dra. Celina Tie Nishimori DuqueUniversidade de Franca

Franca, 15/06/2010

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RESUMO

SEGATO, Murici Belo. Avaliação da pressão intraocular em cães submetidos aobloqueio retrobulbar com diferentes anestésicos locais. 2010. 46f. Dissertação(Mestrado em Cirurgia e Anestesiologia Veterinária) – Universidade de Franca,Franca.

Procedimentos cirúrgicos em oftalmologia veterinária são, em sua maioria,realizados sob anestesia geral, ao contrário do que ocorre em humanos, em que oemprego de diferentes modalidades anestésicas como a retrobulbar, peribulbar,subconjuntival, subtenoniana e tópica são factíveis. Sabe-se que a manutenção dapressão intraocular (PIO), abaixo dos limites normais, é benéfica para muitascirurgias extra ou perioculares, e essencial para boa anestesia em cirurgiasintraoculares. Além disso, flutuações nessa pressão podem gerar intercorrênciasdanosas durante e após tais cirurgias. Dessa forma, intentamo-nos avaliar ocomportamento da PIO em cães submetidos ao bloqueio retrobulbar pela técnicainferior temporal proposta por Accola et al. (2006), utilizando diferentes anestésicoslocais. Para tanto, foram empregados oito cães em quatro grupos experimentais: GL- bloqueio retrobulbar com lidocaína a 2%; GLB - bloqueio retrobulbar comlevobupivacaína a 0,75%; GB - bloqueio retrobulbar com bupivacaína racêmica a0,5% e GR - bloqueio retrobulbar com ropivacaína a 0,5%. Os animais receberammedicação pré-anestésica (acepromazina e meperidina), e para indução emanutenção, em infusão contínua, a associação anestésica de propofol e fentanil.Posteriormente, foi realizado o bloqueio retrobulbar. A PIO foi avaliada previamenteaos procedimentos anestésicos (T0), decorridos 30 minutos da pré-anestesia(TMPA), aos 15 (T15), 30 (T30), 45 (T45) e 60 (T60) minutos subsequentes àrealização do bloqueio retrobulbar. Após esse período, as aferições foram realizadasa intervalos de 60 minutos até a recuperação da sensibilidade corneana (T120 aT660) e 24 horas após o procedimento (T24H). Os resultados obtidos foramsubmetidos à avaliação estatística. Todos os anestésicos locais foram eficientesquanto a sua função e mantiveram a pressão intraocular dentro dos limitesfisiológicos, podendo ser utilizados com qualidade em cirurgias oftálmicas.

Palavras-chave: pressão intraocular; bloqueio intraconal; anestésico local.

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ABSTRACT

SEGATO, Murici Belo. Evaluation of intraocular pressure in dogs submitted toretrobulbar blockade with several local anaesthetics. 2010. 46f. Dissertação(Mestrado em Cirurgia e Anestesiologia Veterinária) – Universidade de Franca,Franca.

Surgical procedures in veterinary ophthalmology are mostly accomplished by generalanesthesia, unlike what it happens in humans, in which the use of different modalitiessuch as retrobulbar, peribulbar, subconjunctival, tenon and topical anesthesia arefeasible. The maintenance of intraocular pressure (IOP) below normal limits isbeneficial to several ocular surgeries, and essential for good anesthesia tointraocular surgery. The intraocular pressure fluctuations can lead to harmfulcomplications during and after intraocular surgery. Thus, the aim of this study was toevaluate IOP in dogs submitted to retrobulbar blockade by temporal inferiortechnique proposed by Accola et al. (2006), with several local anaesthetics.Therefore, eigth dogs were divided in four experimental groups: GL - retrobulbarblockade with 2% lidocaine; GLV - retrobulbar blockade with levobupivacaine 0.75%;GB - retrobulbar blockade with bupivacaine 0.5% and GR – blockade retrobulbar withropivacaine 0.5%. The animals were pre-medicated with acepromazine andmeperidine, received for inducion and a continuous infusion of propofol and fentanylfor maintenance of anesthesia. Later the retrobulbar blockade was performed. IOPwas evaluated previously to procedures (T0), 30 minutes post pre-anesthesia(TMPA) and 15 (T15), 30 (T30), 45 (T45) and 60 (T60) minutes post retrobulbarblockade. After this period, measurements were realized at 60 minutes intervals untilthe recovery of corneal sensibility (T120 to T660) and 24 hours after the procedure(T24H). The results were subjected to statistical analysis. All local anesthetics wereeffective as its function and intraocular pressure remained within physiological limitsand may be used with quality in ophthalmic surgery.

Key words: intraocular pressure; intraconal block; local anaesthetic.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Suprimento nervoso do bulbo ocular 12

Figura 2 - Colocação da agulha retrobulbar para interior do cone muscular 13

Figura 3 - Colocação da agulha peribulbar para fora do cone muscular 14

Figura 4 - Apresentação comercial de anestésicos locais. A) Frasco deanestésico local a base de lidocaína a 2% com vasoconstritor. B)Frasco de anestésico local a base de ropivacaína a 0,75%.

21

Figura 5 - Apresentação comercial de anestésicos locais. A) Frasco deanestésico local a base de bupivacaína a 0,50%. B) Frasco deanestésico local a base de levobupivacaína a 0,75%. 21

Figura 6 - A) Inserção da agulha epidural de Tuohy sobre a rima orbitalinferior, entre os terços medial e temporal. B) Notar pinça mosquitoafixada à conjuntiva bulbar impedindo a rotação do bulbo do olho. 24

Figura 7 - Cão submetido ao bloqueio retrobulbar no olho direito. Notar emolho direito centralização e dilatação pupilar; olho esquerdorotacionado.

24

Figura 8 - Tonômetro de aplanação, Tono-pen, modelo Avia da Reichert Co. 26

Figura 9 - Médias e desvios padrão da pressão intraocular aferida comtonômetro de aplanação, em olhos bloqueados e não bloqueados,do grupo lidocaína. 28

Figura 10 - Médias e desvios padrão da pressão intraocular aferida comtonômetro de aplanação, em olhos bloqueados e não bloqueados,do grupo ropivacaína. 29

Figura 11 - Cão submetido ao bloqueio retrobulbar do olho direito comropivacaína a 0,5%. A) Notar retenção de fluoresceína na regiãocentral da córnea, denotando úlcera de córnea. 30

Figura 12 - Médias e desvios padrão da pressão intraocular aferida comtonômetro de aplanação, em olhos bloqueados e não bloqueados,do grupo bupivacaína. 31

Figura 13 - Médias e desvios padrão da pressão intraocular aferida comtonômetro de aplanação, em olhos bloqueados e não bloqueados,grupo levobupivacaína.

32

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Figura 14 - Cão submetido ao bloqueio retrobulbar com levobupivacaína0,75%. A) Notar retenção de fluoresceína em região central,denotando úlcera de córnea. 32

Figura 15 - Médias e desvios padrão da pressão intraocular aferida comtonômetro de aplanação, em olhos bloqueados, pela lidocaína a2%, ropivacaína a 0,5%, bupivacaína 0,75% e levobupivacaína a0,75%. 33

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................ 91 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................. 101.1 ANATOMIA DO OLHO........................................................................................ 101.2 BLOQUEIOS OFTÁLMICOS............................................................................... 121.3 ANESTÉSICOS LOCAIS .................................................................................... 151.4 PRESSÃO INTRAOCULAR (PIO) ...................................................................... 172 OBJETIVO............................................................................................................. 193 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 193.1 ASPECTOS ÉTICOS .......................................................................................... 193.2 ANIMAIS ............................................................................................................. 193.3 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ................................................................... 203.3.1 Grupos experimentais ...................................................................................... 203.3.2 Preparo dos animais ........................................................................................ 223.3.3 Anestesia geral ................................................................................................ 223.3.4 Bloqueio retrobulbar......................................................................................... 233.3.5 Colheita de dados ............................................................................................ 253.3.6 Momentos da avaliação ................................................................................... 263.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA..................................................................................... 274 RESULTADOS ...................................................................................................... 274.1 GRUPO LIDOCAÍNA (GL) .................................................................................. 284.1.1 Olho bloqueado (OBL) e olho não bloqueado (ONBL)..................................... 284.2 GRUPO ROPIVACAÍNA (GRO).......................................................................... 294.2.1 Olho bloqueado (OBR) e olho não bloqueado (ONBR) ................................... 294.3 GRUPO BUPIVACAÍNA (GB) ............................................................................. 304.3.1 Olho bloqueado (OBB) e olho não bloqueado (ONBB).................................... 304.4 GRUPO LEVOBUPIVACAÍNA (GLB).................................................................. 314.4.1 Olho bloqueado (OBLB) e olho não bloqueado (ONBLB)................................ 314.5 TODOS OS GRUPOS......................................................................................... 334.6 INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS........................................................................ 355. DISCUSSÃO……………………………………………………. ................................ 366. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 40REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 41

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INTRODUÇÃO

Ao contrário do que ocorre em humanos, em que o emprego de

diferentes modalidades anestésicas oculares como a retrobulbar, peribulbar,

subconjuntival, subtenoniana e tópica são factíveis (COELHO et al., 2005), em cães,

há a necessidade de contenção química para cirurgias oftálmicas, o que somada à

segurança da anestesia geral inalatória, sobrepujam a utilização de bloqueios

regionais. A maioria dos procedimentos cirúrgicos em oftalmologia veterinária é

realizada sob anestesia geral, sendo raras as exceções nas quais a cirurgia é

exequível apenas com emprego de anestesia local (AL) (NUNES; LAUS, 1995).

Entretanto, nas restrições ao uso da anestesia volátil, os bloqueios regionais

oculares constituem alternativa viável, se associados à mínima restrição química.

As anestesias regionais para uso ocular auxiliam na amplificação da

analgesia, evitando a ocorrência do reflexo oculocardíaco e, ainda, possui a

vantagem de possuir baixo custo (GILLART; DUALÉ; CURT, 2002). Há várias

opções de bloqueios regionais oculares. Em 2006, Accola et al. estudaram três

técnicas de bloqueio retrobulbar em cães, e concluíram que a técnica inferior

temporal constituiu boa alternativa devido à fácil execução, à ampla distribuição do

agente anestésico no espaço retrobulbar e à ausência de complicações.

Sabe-se que a manutenção da pressão intraocular (PIO), abaixo dos

limites normais, é benéfica para muitas cirurgias extra ou perioculares, e essencial

para boa anestesia em cirurgias intraoculares. Não obstante, flutuações da pressão

podem gerar intercorrências danosas durante e após procedimento cirúrgico

(BRUNSON, 1980). Dessa forma, este estudo teve por finalidade avaliar o

comportamento da PIO em cães submetidos ao bloqueio retrobulbar pela técnica

inferior temporal proposta por Accola et al. (2006), utilizando diferentes anestésicos

locais, uma vez que existem poucos estudos sobre a utilização deste bloqueio e da

utilização dos fármacos propostos, assim sendo optou-se por estudá-los.

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1 REVISÃO DA LITERATURA

1.1 ANATOMIA DO OLHO

A órbita é a fossa óssea que envolve e protege o olho separando-o da

cavidade craniana. Nos cães, é composta por cinco a seis ossos e o ligamento

supraorbital, que se estende do osso frontal ao zigomático e ao periósteo. Recebe a

denominação de incompleta ou aberta, por ser parcialmente cercada por ossos.

Além disso, provê a passagem de nervos e vasos sanguíneos, essenciais ao bulbo

do olho, através dos forames alar, etmoidal, óptico, supraorbital e rotundo

(SAMUELSON, 2007).

Os nervos e os vasos que provêm o olho, ao adentrarem a órbita, são

envoltos pelas fáscias orbitárias originando um feixe vasculonervoso cônico (DYCE;

SACK; WESING, 1997; EVANS; deLAHUNTA, 2001; SAMUELSON, 2007). As

fáscias são subdivididas em periórbita, fáscia bulbar ou cápsula de Tenon e a fáscia

que envolve os músculos extraoculares (SAMUELSON, 2007).

O nervo óptico adentra a órbita em direção às células fotorreceptoras

da retina pelo forame óptico, juntamente com a artéria oftálmica interna (DYCE;

SACK; WESING, 1997; MAZZANTI et al., 1999; EVANS; deLAHUNTA, 2001;

SAMUELSON, 2007). Pela fissura orbital, emergem os nervos oculomotor,

abducente, oftálmico e troclear (DYCE; SACK; WESING, 1997; EVANS;

deLAHUNTA, 2001; SAMUELSON, 2007). O nervo oculomotor inerva os músculos

retos dorsal, ventral e medial, o oblíquo ventral, bem como o músculo levantador da

pálpebra superior (GUM; GELATT; ESSON, 2007; SAMUELSON, 2007). Ainda, seu

ramo ventral dirige-se ao gânglio ciliar, do qual partem os nervos ciliares curtos,

responsáveis pela inervação dos músculos esfíncter da pupila e ciliares (DYCE;

SACK; WESING, 1997; MAZZANTI et al., 1999; SLATTER, 2005). O músculo reto

lateral é inervado pelo nervo abducente, assim como o músculo retrator do bulbo do

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olho (GUM; GELATT; ESSON, 2007; SAMUELSON, 2007), e o músculo oblíquo

dorsal pelo nervo troclear (GUM; GELATT; ESSON, 2007).

Adentra a órbita pelo forame alar, juntamente com a artéria maxilar, o

nervo maxilar que é a maior ramificação do trigêmio. Dele, originam-se os nervos

oftálmico e zigomático. O zigomático emite as ramificações zigomaticofacial e

zigomaticotemporal, responsáveis pela inervação de parte das pálpebras superior e

inferior, da conjuntiva e da glândula lacrimal (MAZZANTI et al., 1999; EVANS;

deLAHUNTA, 2001; SLATTER, 2005; SAMUELSON, 2007). O nervo oftálmico

atravessa a fissura orbital e emite os nervos frontal, lacrimal e nasociliar. O nervo

frontal inerva a pálpebra superior e adjacências e o lacrimal emite ramos para a

glândula lacrimal e região lateral da pálpebra superior. O nervo nasociliar divide-se

em nervos ciliares longos que penetram a esclera, alcançando estruturas internas do

bulbo, e em infratroclear que inerva a região medial da pálpebra superior, conjuntiva,

terceira pálpebra e estruturas do sistema lacrimal (MAZZANTI et al., 1999;

SAMUELSON, 2007).

O nervo facial ramifica-se, originando vários outros nervos. Para o olho,

o nervo auriculopalpebral é o de maior importância. Ele divide-se nos ramos

auriculares rostrais e zigomático, o qual inervará o músculo orbicular (DYCE; SACK;

WESING, 1997; MAZZANTI et al., 1999; SAMUELSON, 2007) e o levantador medial

do olho (MAZZANTI et al., 1999; SAMUELSON, 2007), sem atingir o músculo

levantador da pálpebra superior (DYCE; SACK; WESING, 1997). Por serem esses

músculos responsáveis pela dinâmica palpebral, nas cirurgias extraoculares, o nervo

auriculopalpebral necessita ser bloqueado (WONG, 1993; MAZZANTI et al., 1999).

Caudalmente à articulação da mandíbula, próximo à base da orelha, o nervo

auriculopalpebral bifurca-se nos ramos auricular cranial e temporal que avançam ao

longo da borda dorsal do arco zigomático, em direção à órbita. Antes de alcançar a

órbita, uma nova divisão irá suprir, medial e lateralmente, o músculo orbicular (HALL;

CLARKE; TRIM, 2001). A Fig. 1 e Fig. 2 ilustram o suprimento nervoso do bulbo

ocular.

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Figura 1 – Suprimento nervoso do bulbo ocular.Fonte: Slatter, 2005

1.2 BLOQUEIOS OFTÁLMICOS

Entende-se por bloqueio regional a deposição de anestésico local

próximo a um nervo ou feixe de nervos, de modo a produzir extensa área de

dessensibilização (INTELIZANO et al., 2002).

Os bloqueios regionais oculares, usuais em oftalmologia humana

(WONG, 1993; GILLART; DUALÉ; CURT, 2002) e de grandes animais (COLLINS et

al., 1995; SKARDA, 1996; MUIR III et al., 2001; GILGER; DAVIDSON, 2002),

mostram-se efetivos e de fácil execução, quando associados à sedação ou

anestesia geral (OLIVA; BEVILACQUA, 2005), podendo ser empregados com intuito

de minimizar os efeitos depressores ocasionados por planos profundos de anestesia

geral (MUIR III et al., 2001).

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A inervação nociceptora do bulbo do olho é efetuada pelos nervos

óptico, oftálmico e maxilar, enquanto os nervos oculomotor, troclear e abducente são

responsáveis pela inervação motora (WONG, 1993; MAZZANTI et al., 1997; EVANS;

deLAHUNTA, 2001; SLATTER, 2005). Os anexos oculares recebem inervação

motora dos nervos oculomotor, maxilar e auriculopalpebral (SLATTER, 2005).

A nomenclatura empregada para os bloqueios regionais em

oftalmologia é controversa, porém, de modo geral refere-se à região anatômica na

qual a agulha é inserida (KUMAR; DOWD, 2008). Conforme demonstra a Fig. 3, no

bloqueio retrobulbar ou intraconal, a administração do agente anestésico é feita no

interior do cone muscular retrobulbar permitindo a sua utilização em menor volume e

obtendo-se um período de latência mais curto (OLIVA; BEVILACQUA, 2005;

ACCOLA et al., 2006; KUMAR; DOWD, 2008). Dentre os riscos admitidos, citam-se

hemorragias, perfuração do bulbo do olho, injeção do anestésico no espaço

subaracnóide podendo ocasionar convulsões ou parada respiratória (SKARDA,

1996; GILLART; DUALÉ; CURT, 2002; TORRES et al., 2005; ACCOLA et al., 2006),

injeção intravenosa do anestésico (TORRES et al., 2005), danos ao nervo óptico e

lesão dos músculos extraoculares (GILLART; DUALÉ; CURT, 2002; ACCOLA et al.,

2006). Relatam-se, ainda, cegueira e paralisia dos músculos extraoculares do olho

contralateral (TORRES et al., 2005; CHINCHURRETA-CAPOTE et al., 2006).

Figura 2 – Colocação da agulha retrobulbar para

interior do cone muscular (intraconal).Fonte: KUMAR; DOWD, 2008.

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O bloqueio regional peribulbar ou extraconal, introduzido mais

recentemente como uma alternativa segura ao intraconal, é realizado sem a

penetração da agulha no cone muscular retrobulbar (WONG, 1993; KUMAR; DOWD,

2008), conforme demonstrado na Fig. 4. Dessa forma, a ação do anestésico

dependerá da difusão tecidual do mesmo até o cone muscular. Nesta técnica, é

necessário maior volume de agente anestésico e o tempo de latência é superior,

comparativamente ao bloqueio intraconal (HAMILTON, 1995; OLIVA; BEVILACQUA,

2005; ACCOLA et al., 2006; KUMAR; DOWD, 2008). Em 2001, Ripart et al.

verificaram a existência de comunicações entre o compartimento intraconal e

extraconal. Assim, pode-se presumir que havendo rápido início da acinesia ocular, o

espaço intraconal foi alcançado, porém se esta ocorrer lentamente ou não for

completa, a agulha ou o anestésico local não atingiram o espaço intraconal e o

bloqueio realizado provavelmente foi extraconal (KUMAR; DOWD, 2008).

Figura 3 – Colocação da agulha peribulbar para fora do

cone muscular (extraconal).Fonte: KUMAR; DOWD, 2008.

Os bloqueios regionais retrobulbares e peribulbares, quando

adequadamente realizados, promovem dessensibilização dos nervos óptico,

oculomotor e troclear e das ramificações do nervo trigêmio (oftálmica e maxilar). Por

conseguinte, há anestesia do globo e das pálpebras, acinesia do bulbo do olho,

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perda transitória da visão, dilatação pupilar e diminuição da pressão intraocular

(WONG, 1993; COLLINS et al., 1995; GILLART; DUALÉ; CURT, 2002; ACCOLA et

al., 2006). Em pequenos animais, os bloqueios retrobulbar e peribulbar são os mais

empregados (COLLINS et al., 1995; OLIVA; BEVILACQUA et al., 2006).

Excetuando-se as cirurgias palpebrais, que requerem o bloqueio do nervo

auriculopalpebral (COLLINS et al., 1995; MAZZANTI et al., 1999), as demais

intervenções cirúrgicas oculares podem ser efetuadas com segurança com estas

técnicas (COLLINS et al., 1995; MUIR III et al., 2001; OLIVA; BEVILACQUA et al.,

2006).

Num estudo englobando 5000 casos de bloqueio retrobulbar, em

medicina humana, mostraram apenas três casos de hematoma retrobulbar (0,06%) e

nenhuma outra complicação (CANGIANI, 2005). Em outro estudo, realizado por

Carneiro et al. (2008), cerca de 96% dos cirurgiões e 100% dos pacientes

consideraram a anestesia retrobulbar muito boa ou excelente. Apesar disso, a

procura pelo método anestésico ideal representa ainda um desafio para os

cirurgiões oftalmológicos (BARREIRO; BARREIRO; REHDER, 2004).

1.3 ANESTÉSICOS LOCAIS

Os anestésicos locais interrompem, de forma reversível, a condução

nervosa, bloqueando o aparecimento e a propagação do impulso nervoso ao coibir a

entrada de Na+ no interior da fibra nervosa por inibição de canais iônicos (MAMA;

STEFFEY, 2003; OTERO, 2005). Ainda, são capazes de bloquear todos os tipos de

nervos e sua ação não se limita à sensação, também promove perda motora

(MAMA; STEFFEY, 2003). O local de ação é a membrana celular onde bloqueiam o

processo de excitação-condução. No nervo, à medida que o efeito anestésico

progride, o limiar para a excitabilidade elétrica deste se eleva gradualmente, o

potencial de ação declina e a condução do impulso nervoso se torna mais lenta

(ANDRADE, 2002). O bloqueio motor ocorre em diferentes graus conforme

concentração e dose utilizadas. Em cirurgias oftálmicas, o bloqueio sensitivo

necessita ser aliado à acinesia, decorrente da paralisia dos músculos extrínsecos do

Page 17: AVALIA˙ˆO DA PRESSˆO INTRAOCULAR EM CˆES …livros01.livrosgratis.com.br/cp148127.pdfFigura 1 - Suprimento nervoso do bulbo ocular 12 Figura 2 - Colocaçªo da agulha retrobulbar

16

olho por bloqueio anestésico dos nervos oculomotor, troclear e abducente

(MAGALHÃES; GOVÊIA; OLIVEIRA, 2004).

Há várias apresentações de anestésicos locais com toxicidade, latência

e tempo de ação distintos (MAMA; STEFFEY, 2003; FANTONI; CORTOPASSI;

BERNARDI, 2006). A lidocaína é o anestésico local mais utilizado na prática

veterinária (LEMKE; DAWSON, 2000), É uma amina derivada da xilidina, encontrada

sob a forma de cloridrato. (MASSONE, 1999).Tem alto poder de penetração, com

potência e duração de ação moderada (60-120 minutos) (ANDRADE, 2002).

Caracteriza-se por boa penetração e período de latência curto, comparativamente à

bupivacaína, que apresenta maior latência e longa duração (LEMKE; DAWSON,

2000; MAMA; STEFFEY, 2003).

A bupivacaína é uma amida derivada da xilidina, encontrada sob a

forma de cloridrato (MASSONE, 2002). É muito utilizada em anestesias regionais

oculares, principalmente em procedimentos que requerem efeito anestésico

duradouro (NETO et al., 2002), com ação de 2-4 horas. É cerca de quatro vezes

mais potente que a lidocaína. Pode ser empregado em bloqueios nervosos regionais

e na anestesia epidural. Sua dose máxima permitida é de 2 mg/kg e as

concentrações comumente empregadas são de 0,25 e 0,5% (FANTONI;

CORTOPASSI; BERNARDI, 2006). O uso da bupivacaína permite a realização de

cirurgias mais longas com duradoura analgesia pós-operatória (WONG, 1993;

LEMKE; DAWSON, 2000). A principal desvantagem da bupivacaína relaciona-se à

cardiotoxicidade ocasionada pelo seu enantiômero dextrógiro.

Alterações promovidas na forma estrutural da bupivacaína permitiram a

obtenção de outro agente anestésico local, a levobupivacaína, constituída apenas

pelo enantiômero levógiro, cujos efeitos tóxicos sobre o sistema cardíaco e nervoso

são menos importantes (MAGALHÃES; GOVÊIA; OLIVEIRA, 2004; FANTONI;

CORTOPASSI; BERNARDI, 2006). Outra vantagem da levobupivacaína sobre a

bupivacaína refere-se ao seu menor tempo latência (FANTONI; CORTOPASSI;

BERNARDI, 2006). Este fármaco, que foi aprovado pela Food and Drug

Admiministration (FDA) em 1999, é empregado de forma similar a bupivacaína, não

existindo ainda relatos sobre as doses máximas e a dose terapêutica admitidas nas

diferentes espécies (OTERO, 2005).

A ropivacaína foi introduzida na prática clínica no início dos anos 90

como possível alternativa segura a bupivacaína (TORRES, 2006). É o primeiro

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17

anestésico local utilizado exclusivamente na forma levógira (FANTONI;

CORTOPASSI, BERNARDI, 2006). Em mesma dose e concentração, assemelha-se

à bupivacaína quanto ao início, à duração e à extensão do bloqueio sensorial,

entretanto o bloqueio motor induzido é menos efetivo (LEMKE; DAWSON, 2000;

GILLART; DUALÉ; CURT, 2002; MAMA; STEFFEY, 2003). Apresenta menor

potencial cardiotóxico (MAGALHÃES; GOVÊIA; OLIVEIRA, 2004), oferecendo,

consequentemente, margem de segurança mais ampla, o que torna aceitável sua

utilização em maiores concentrações (LEMKE; DAWSON, 2000; GILLART; DUALÉ;

CURT, 2002). Além disso, apresenta propriedades vasoconstritoras, dispensando a

adição de adrenalina (FANTONI; CORTOPASSI; BERNARDI, 2006). Estudos

relativos aos anestésicos locais empregados em cirurgias oftálmicas, em pacientes

humanos, reportaram-se à ropivacaína como mais vantajosa (VÁSQUEZ et al.,

2002). Em pequenos animais a dose da ropivacaína varia de 0,5 a 2 mg/kg (MUIR III

et al., 2001).

1.4 PRESSÃO INTRAOCULAR (PIO)

Sabe-se que os agentes anestésicos de modo geral afetam a pressão

intraocular pela ação direta sobre o diencéfalo, facilitando ou inibindo a produção do

humor aquoso, relaxando ou contraindo o músculo orbicular e os músculos

extraoculares ou, indiretamente, por meio dos efeitos sobre os sistemas

cardiovascular e respiratório (BRUNSON, 1980; MURPHY, 1985; CUNNIGHAM;

BARRY, 1986; COLLINS et al. 1995). Ainda, há citações na literatura sobre

flutuações nos valores de pressão intraocular ocasionadas por bloqueios regionais

oculares (WONG, 1993; WATKINS et al., 2001; VENKATESAN; SMITH, 2002).

A PIO é definida como sendo a pressão exercida pelo conteúdo

intraocular contra as túnicas que o envolvem (MURPHY, 1985; CUNNIGHAM;

BARRY, 1986). Com isso, os valores desta pressão são determinados pelas taxas

de produção e drenagem de humor aquoso, pelo volume do vítreo e volume

sanguíneo da coróide, pela rigidez da esclera, tensão do músculo orbicular e

pressão externa (BRUNSON, 1980; MURPHY, 1985; CUNNIGHAM; BARRY, 1986;

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18

GUM; GELATT; ESSON, 2007). O valor de referência situa-se entre 10 e 26 mmHg

em cães (BECHARA, 2002).

As alterações vasculares provocadas pelo anestésico local, a pressão

exercida contra o bulbo pelo volume administrado no espaço retrobulbar ou, ainda, o

relaxamento da musculatura extrínseca ao bulbo podem interferir com a PIO

(WONG, 1993; ACCOLA et al., 2006). A compressão externa do bulbo, por meio da

contração dos músculos extraoculares, pode aumentar diretamente a PIO ou ter

efeitos indiretos, induzindo alterações nos volumes dos componentes intraoculares

(BRUNSON, 1980; MURPHY, 1985; WONG, 1993).

A manutenção da PIO dentro dos limites de normalidade é regida pelo

sistema nervoso central que regula o fluxo sanguíneo intraocular (BRUNSON, 1980).

Cita-se como discreta a relação entre alterações na pressão arterial sistêmica (PA) e

a PIO (BRUNSON, 1980; MURPHY, 1985; COLLINS et al., 1995). Por outro lado,

alterações na drenagem venosa ocular influenciam rapidamente a PIO, uma vez que

o aumento do volume sanguíneo orbitário e intraocular dificultam a drenagem do

humor aquoso (MACRI et al., 1961a; MACRI et al., 1961b; BRUNSON, 1980;

MURPHY, 1985).

A pressão parcial de dióxido de carbono no sangue arterial (PaCO2),

alterado pelo controle central do diencéfalo, também altera a PIO (MURPHY, 1985;

HONSHO et al., 2004; TALIERI et al., 2005). A elevação da PaCO2 suscita

vasodilatação e aumento da perfusão, promovendo maior aporte sanguíneo

intraocular e, consequentemente, aumento da PIO (BRUNSON, 1980; HONSHO et

al., 2004; TALIERI et al., 2005).

A manutenção da PIO, abaixo dos limites normais, é essencial para

boa anestesia em cirurgias intraoculares, pois flutuações na PIO podem gerar

intercorrências danosas durante e após tais cirurgias (CUNNIGHAM; BARRY, 1986;

COLLINS et al., 1995; NUNES; LAUS, 1995; HAZRA et al., 2008), como prolapso de

íris ou de lente e perda do humor vítreo associados com descompressão abrupta

(BECHARA, 2002).

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19

2 OBJETIVO

Mediante o emprego do bloqueio retrobulbar com diferentes fármacos

anestésicos, em cães, utilizando-se a técnica inferior temporal proposta por Accola

et al. (2006), intentamo-nos avaliar o comportamento da PIO durante o protocolo

proposto. Há poucos estudos sobre a utilização deste bloqueio e da utilização dos

fármacos propostos, assim sendo optou-se por estudá-los.

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 ASPECTOS ÉTICOS

A pesquisa foi realizada obedecendo-se aos critérios da Association

for Research in Vision and Ophthalmology (ARVO, 2007) e sob a anuência e

vigilância do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade de Franca,

protocolo 006/08, em 14 de março de 2008.

3.2 ANIMAIS

Utilizaram-se oito animais da espécie canina, sem raça definida,

adultos, machos e fêmeas, vacinados e vermifugados, pesando entre 10 e 25 kg,

provenientes do canil de experimentação da Universidade de Franca.

Os animais foram selecionados após avaliação das condições clínicas

gerais e dos resultados de testes laboratoriais (hemograma completo, urinálise,

perfis bioquímicos renal e hepático). Posteriormente, visando-se à exclusão de

oftalmopatias, realizou-se exame oftálmico, incluindo-se teste da lágrima de

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20

Schirmer1, tonometria de aplanação2, oftalmoscopia direta3 e indireta4 e teste da

fluoresceína5.

Após, os cães foram mantidos em canis individuais com solário e água

ad libitum e alimentados com ração comercial6.

3.3 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

3.3.1 Grupos experimentais

Foram idealizados quatro grupos experimentais, compostos por oito

animais, que foram submetidos ao bloqueio retrobulbar com cloridrato de lidocaína7

a 2% com vasoconstritor (GL) (Fig. 5A), ropivacaína8 a 0,75% (GR) (Fig. 5B),

cloridrato de bupivacaína9 a 0,5% com vasoconstritor (GB) (Fig. 6A),

levobupivacaína10 a 0,75% com vasoconstritor (GLB) (Fig. 6B). Os olhos não

bloqueados foram utilizados como controle. Os cães participaram das quatro fases

experimentais, após intervalo mínimo de 15 dias. No olho direito foi utilizado

lidocaína e bupivacaína e no olho esquerdo ropivacaína e levobupivacaína.

1 Teste da Lágrima de Schirmer - OPHTHALMOS Fórmulas Oficinais Ltda.2 Tonopen Avia – Reichert Co.3 Oto-oftalmoscópio direto - GOWLLANDS Limited.4 Oftalmolscópio indireto modelo OHC5 – EYETEC Ltda.5 Fluoresceína strips - OPHTHALMOS Fórmulas Oficinais Ltda.6 Sabor e Vida – GUABI Ltda.7 Xylestesin 2% com epinefrina- CRISTÁLIA Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda.8 Ropi 0,75% - CRISTÁLIA Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda.9 Neocaína 0,5% com epinefrina - CRISTÁLIA Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda.10 Novabupi 0,75% om epinefrina - CRISTÁLIA Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda.

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21

Figura 4 – Apresentação comercial de anestésicos locais.

A) Frasco de anestésico local a base de lidocaína a 2%

com vasoconstritor. B) Frasco de anestésico local a base

de ropivacaína a 0,75%.

Figura 5 – Apresentação comercial de anestésicos locais.

A) Frasco de anestésico local a base de bupivacaína a

0,50% com vasoconstritor. B) Frasco de anestésico local

a base de levobupivacaína a 0,75% com vasoconstritor.

A B

A B

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22

3.3.2 Preparo dos animais

Após jejum alimentar de 12 h e hídrico de duas horas, os animais

receberam, na mesma seringa, cloridrato de acepromazina11 e cloridrato de

meperidina, nas doses de 0,05 mg/kg e 2 mg/kg, respectivamente, pela via

intramuscular. As regiões das veias cefálicas direita e esquerda foram tricotomizadas

e a venopunção realizada com cateteres intravenosos periféricos 22G que,

posteriormente, foram conectados à bomba de infusão intravenosa.

A região medial do tarso do membro pélvico direito foi tricotomizada,

anestesiada com lidocaína a 2% e preparada cirurgicamente. Posteriormente,

realizou-se a cateterização da artéria metatársica dorsal com cateter intravenoso de

calibre 24G conectado, por meio de uma torneira de três vias, ao

esfigmomanômetro. Foi feita a tricotomia da região da veia jugular para colocação

de cateter intravenoso, calibre 18G, para mensuração da pressão venosa central

(PVC).

Para melhor visibilização do campo de trabalho, realizou-se tricotomia

na pálpebra inferior. Ato contínuo, os animais foram posicionados em decúbito

lateral e a antissepsia da região tricotomizada foi realizada com solução de iodo

polivinilpirrolidona tópico (PVPI).

3.3.3 Anestesia geral

A indução anestésica foi efetuada com a aplicação intravenosa, em

bolus, de 3,5 mg/kg de propofol12 e 2 μg/kg de fentanil13 (PIRES et al., 2000). Ato

contínuo, iniciaram-se as infusões de propofol e fentanil, nas doses de 0,4

11 Acepran 0,2% - UNIVET S/A.12 Propovan – CRISTÁLIA Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda.13Fentanest – CRISTÁLIA Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda.

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23

mg/kg/min e 5 μg/kg/h, respectivamente, empregando-se bombas de infusão de

seringa14.

Imediatamente à indução, procedeu-se a intubação orotraqueal para

administração de oxigênio a 100%, na taxa de 30 ml/kg/min, em circuito anestésico

com reinalação parcial de gases. Em seguida, o animal foi posicionado em decúbito

esternal sobre colchão térmico15, aquecido a 38ºC via circulação de água. No

decorrer dos procedimentos anestésicos, os animais receberam, por via intravenosa,

solução de ringer com lactato de sódio, na taxa de 5 ml/kg/h.

3.3.4 Bloqueio retrobulbar

Após o posicionamento do animal em decúbito esternal o bloqueio

retrobulbar foi realizado em conformidade à técnica inferior temporal (ACCOLA et al.,

2006), empregando-se agulha epidural16 20G e 2,0 ml do anestésico a ser avaliado.

A fim de facilitar a execução do bloqueio, a agulha foi curvada em ângulo de

aproximadamente 20°, em seu ponto médio (Fig. 7). Admitindo-se como referência a

rima orbital inferior, na junção entre os terços médio e temporal, a pálpebra foi

transpassada com a agulha, disposta paralelamente ao focinho do animal. Para

minimizar o risco de perfuração do bulbo durante o procedimento, optou-se por

centralizá-lo utilizando pinça Halstead afixada à conjuntiva bulbar superior. Com

isso, a agulha foi introduzida até que certa resistência fosse observada para, em

seguida, direcioná-la em sentido dorso-nasal, ao ápice da órbita, por mais um ou

dois centímetros (Fig. 8). Em resultado da administração do fármaco pelo bloqueio

houve dilatação da pupila e centralização do bulbo (Fig. 9).

14 Bomba de infusão de seringa, mod. 680T – SAMTRONIC Ltda.15 T-pump 500 e colchão pediátrico TP22G – GAYMAR Industries, Inc.16 Agulha Tuohy epidural – UNISIS Co.

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24

Figura 6 – A) Inserção da agulha epidural de Tuohy sobre a

rima orbital inferior, entre os terços medial e temporal. B) Notar

pinça mosquito afixada à conjuntiva bulbar impedindo a rotação

do bulbo do olho.

FIGURA 7 – Cão submetido ao bloqueio retrobulbar no olho

direito. Notar em olho direito centralização e dilatação pupilar;

olho esquerdo rotacionado.

A

B

24

Figura 6 – A) Inserção da agulha epidural de Tuohy sobre a

rima orbital inferior, entre os terços medial e temporal. B) Notar

pinça mosquito afixada à conjuntiva bulbar impedindo a rotação

do bulbo do olho.

FIGURA 7 – Cão submetido ao bloqueio retrobulbar no olho

direito. Notar em olho direito centralização e dilatação pupilar;

olho esquerdo rotacionado.

A

B

24

Figura 6 – A) Inserção da agulha epidural de Tuohy sobre a

rima orbital inferior, entre os terços medial e temporal. B) Notar

pinça mosquito afixada à conjuntiva bulbar impedindo a rotação

do bulbo do olho.

FIGURA 7 – Cão submetido ao bloqueio retrobulbar no olho

direito. Notar em olho direito centralização e dilatação pupilar;

olho esquerdo rotacionado.

A

B

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25

3.3.5 Colheita de dados

Cabe ressaltar, que os dados foram coletados pelo mesmo avaliador,

mesmo horário, mesmo ambiente, para minimizar qualquer erro na avaliação.

A pressão intraocular foi mensurada com tonômetro de aplanação2

(Fig. 10), e o olho contralateral foi adotado como controle.

A aferição da pressão arterial média (PAM) foi realizada com auxílio de

esfigmomanômetro conectado a um circuito preenchido com heparina diluída em

solução fisiológica e conectado ao cateter posicionado na artéria metatársica dorsal.

A frequência cardíaca (FC) foi obtida por meio do eletrocardiógrafo

computadorizado17, calculada a partir do intervalo entre duas ondas R. O registro de

eventuais figuras eletrocardiográficas anormais foi realizado continuamente ao longo

de toda a anestesia. A frequência respiratória (f) e a pressão parcial de dióxido de

carbono ao final da expiração (ETCO2) foram mensuradas por meio de

oxicapnógrafo18, cujo sensor de fluxo estava adaptado à máscara facial no momento

basal e trinta minutos após a medicação pré-anestésica (MPA) e, nos demais

momentos, na porção final da sonda orotraqueal. Avaliou-se a saturação de

oxihemoglobina (SpO2) pelo sensor infravermelho adaptado em região cutânea com

grau de transparência compatível com a sensibilidade do dispositivo (lábios, orelhas,

prepúcio ou mamas) no momento basal e 30 minutos após a MPA, e na língua nos

demais momentos. A temperatura corporal foi aferida em intervalos de 10 minutos

através de termômetro digital clínico.

17 TEB, mod. ECGPC software versão 1.10, São Paulo, SP, Brasil.18 DIXTAL, mod. DX 7100, Manaus, AM, Brasil

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26

Figura 08 - Tonômetro de aplanação, Tono-pen, modelo Avia da Reichert Co.

3.3.6 Momentos da avaliação

A PIO foi avaliada previamente aos procedimentos anestésicos (T0),

decorridos 30 minutos da pré-anestesia (TMPA), aos 15 (T15), 30 (T30), 45 (T45) e

60 (T60) minutos subsequentes à realização do bloqueio retrobulbar. Após esse

período, as aferições foram realizadas a intervalos de 60 minutos até a recuperação

da sensibilidade corneana (T120 a T660).

As infusões contínuas de propofol e fentanil foram interrompidas,

passados 30 minutos da indução anestésica, período suficiente para realização do

bloqueio retrobulbar.

Ao término dos protocolos anestésicos, os animais foram medicados

com antiinflamatório a base de meloxicam19, por via subcutânea, na dose de 0,2

mg/kg; no primeiro dia, seguida da aplicação de 0,1 mg/kg, por mais dois dias

subsequentes. Empregou-se pomada a base de cloranfenicol, vitamina A e

19 Bioflac – CRISTÁLIA Produtos Químicos e Farmacêuticos Ltda.

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27

aminoácidos20, a intervalos de oito horas, durante os cinco primeiros dias e colírio de

prednisolona 1%21 por mesmo intervalo e período.

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados obtidos na fase experimental foram submetidos à análise

estatística pelo programa de computador Jandel SigmaStat for Windows22. O teste

de normalidade de Kolmogorov-Smirnov foi utilizado para verificar a distribuição

normal dos dados, que foram apresentados como médias ± desvios padrão.

Para detectar diferenças das médias dentro do grupo ao longo do

tempo e entre os grupos foi utilizada a análise de variância ANOVA de uma via para

medições repetidas. Para os dados não paramétricos empregou-se o teste de

procedimento de Friedman para os dados paramétricos o teste de Student-

Newmans-Keuls.

Para comparação dos valores do mesmo grupo entre os olhos

bloqueados e os controles foi utilizado o teste t-pareado seguido pelo teste de

Student-Newmans-Keuls. As diferenças foram consideradas significativas quando

p≤0,05.

4 RESULTADOS

Durante a anestesia todos os parâmetros (FC, PAM, f, ETCO2, SPO2,

PVC e temperatura corporal) foram monitorados. Como estes permaneceram dentro

da normalidade e não fazem parte do objetivo principal do trabalho, qual seja,

avaliação da pressão intraocular dos olhos submetidos ao bloqueio retrobulbar com

diferentes anestésicos locais, estes dados não foram aqui inclusos.

20 Epitezan – ALLERGAN Produtos Farmacêuticos Ltda.21 Acetato de Prednisolona 1% - FALCON laboratórios do Brasil Ltda.22 SigmaStat for Windows, versão 3.0.1.- Systat Software Inc. Richmond, CA, EUA.

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28

4.1 GRUPO LIDOCAÍNA (GL)

4.1.1 Olhos bloqueados (OBL) e olhos não bloqueados (ONBL)

Na comparação entre momentos dos olhos bloqueados (Fig. 11 e Tab.

1), a PIO no momento T45 foi maior que nas demais, embora dentro dos limites

normais para a espécie.

Na comparação entre grupos, olhos bloqueados e não bloqueados,

houve diferença significativa nos momentos T30 e T120, sendo maior nos olhos

bloqueados.

Figura 09 - Médias e desvios padrão da pressão intraocular aferida

com tonômetro de aplanação, em olhos bloqueados e não

bloqueados, do grupo lidocaína.

0

3

6

9

12

15

18

21

24

27

Tbasal TMPA T15 T30 T45 T60 T120 T180

Pres

são

intr

aocu

lar

(PIO

-mm

Hg)

Tempo (minutos)

Grupo Lidocaína (GL)

Olhos bloqueadosOlhos não bloqueados

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29

4.2 GRUPO ROPIVACAÍNA (GR)

4.2.1 Olhos bloqueados (OBR) e olhos não bloqueados (ONBR)

À estatística, não foram verificadas diferenças significativas na PIO,

entre momentos, no grupo controle.

Na comparação entre momentos do olho bloqueado (Fig. 12 e Tab. 1),

verificou-se que T180 e T300 foram menores que T0.

Na comparação entre grupos, houve diferença significativa nos

momentos T15, T30, T45, T60, T120, T180 e T300, nos quais a PIO dos olhos

bloqueados foram menores que os olhos não bloqueados.

Figura 10 - Médias e desvios padrão da pressão intraocular aferida

com tonômetro de aplanação, em olhos bloqueado e não bloqueado,

do grupo ropivacaína.

0

3

6

9

12

15

18

21

24

27

Tbasal TMPA T15 T30 T45 T60 T120 T180 T240 T300 T360 T420

Pres

são

intr

aocu

lar

(PIO

-mm

Hg)

Tempo (minuntos)

Grupo Ropivacaína (GR)

Olhos bloqueados

Olhos não bloqueados

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30

No grupo de olhos bloqueados pela ropivacaína, apenas um animal

apresentou complicação central (Fig. 13).

Figura 11 – Cão submetido ao bloqueio retrobulbar do

olho direito com ropivacaína a 0,5%. (A) Notar retenção

de fluoresceína na região central da córnea, denotando

úlcera de córnea.

4.3 GRUPO BUPIVACAÍNA (GB)

4.3.1 Olhos bloqueados (OBB) e olhos não bloqueados (ONBB)

Não foram observadas diferenças significativas na PIO entre os

momentos do grupo olho não bloqueado (Fig. 14 e Tab. 1) e no grupo olho

bloqueado.

Na comparação entre grupos, olhos bloqueado e não bloqueado, houve

diferença significativa no momento T300, no qual o grupo olho bloqueado

apresentou média menor que GBNB, porém os valores de ambos os grupos

apresentavam-se dentro da normalidade.

A

30

No grupo de olhos bloqueados pela ropivacaína, apenas um animal

apresentou complicação central (Fig. 13).

Figura 11 – Cão submetido ao bloqueio retrobulbar do

olho direito com ropivacaína a 0,5%. (A) Notar retenção

de fluoresceína na região central da córnea, denotando

úlcera de córnea.

4.3 GRUPO BUPIVACAÍNA (GB)

4.3.1 Olhos bloqueados (OBB) e olhos não bloqueados (ONBB)

Não foram observadas diferenças significativas na PIO entre os

momentos do grupo olho não bloqueado (Fig. 14 e Tab. 1) e no grupo olho

bloqueado.

Na comparação entre grupos, olhos bloqueado e não bloqueado, houve

diferença significativa no momento T300, no qual o grupo olho bloqueado

apresentou média menor que GBNB, porém os valores de ambos os grupos

apresentavam-se dentro da normalidade.

A

30

No grupo de olhos bloqueados pela ropivacaína, apenas um animal

apresentou complicação central (Fig. 13).

Figura 11 – Cão submetido ao bloqueio retrobulbar do

olho direito com ropivacaína a 0,5%. (A) Notar retenção

de fluoresceína na região central da córnea, denotando

úlcera de córnea.

4.3 GRUPO BUPIVACAÍNA (GB)

4.3.1 Olhos bloqueados (OBB) e olhos não bloqueados (ONBB)

Não foram observadas diferenças significativas na PIO entre os

momentos do grupo olho não bloqueado (Fig. 14 e Tab. 1) e no grupo olho

bloqueado.

Na comparação entre grupos, olhos bloqueado e não bloqueado, houve

diferença significativa no momento T300, no qual o grupo olho bloqueado

apresentou média menor que GBNB, porém os valores de ambos os grupos

apresentavam-se dentro da normalidade.

A

Page 32: AVALIA˙ˆO DA PRESSˆO INTRAOCULAR EM CˆES …livros01.livrosgratis.com.br/cp148127.pdfFigura 1 - Suprimento nervoso do bulbo ocular 12 Figura 2 - Colocaçªo da agulha retrobulbar

31

Figura 12 - Médias e desvios padrão da pressão intraocular aferida

com tonômetro de aplanação, em olhos bloqueados e não

bloqueados, do grupo bupivacaína.

4.4 GRUPO LEVOBUPIVACAÍNA (GLB)

4.4.1 Olhos bloqueados (OBLB) e olhos não bloqueados (ONBLB)

Em ambos s grupos, não foram observadas, ao longo do tempo,

alterações significativas na PIO. (Fig. 15 e Tab. 1).

Na comparação entre grupos, olhos bloqueados e não bloqueados, não

houve diferença estatística.

0

3

6

9

12

15

18

21

24

27

Tbasal TMPA T15 T30 T45 T60 T120 T180 T240 T300 T360 T420

Pres

são

intr

aocu

lar (

PIO

-mm

Hg)

Tempo (minutos)

Grupo Bupivacaína (GB)

Olhos bloqueadosOlhos não bloqueados

Page 33: AVALIA˙ˆO DA PRESSˆO INTRAOCULAR EM CˆES …livros01.livrosgratis.com.br/cp148127.pdfFigura 1 - Suprimento nervoso do bulbo ocular 12 Figura 2 - Colocaçªo da agulha retrobulbar

32

Figura 13 - Médias e desvios padrão da pressão intraocular aferida com

tonômetro de aplanação, em olhos bloqueados e não bloqueados, do

grupo levobupivacaína.

No grupo olhos bloqueados com levobupivacaína, três animais

apresentaram complicações de córnea (Fig. 16).

Figura 14 – Cão submetido ao bloqueio retrobulbar com

levobupivacaína 0,75%. A) Notar retenção de fluoresceína

em região central, denotando úlcera de córnea.

0

3

6

9

12

15

18

21

24

27

Tbasal TMPA T15 T30

Pres

são

intr

aocu

lar (

PIO

-mm

Hg)

A

32

Figura 13 - Médias e desvios padrão da pressão intraocular aferida com

tonômetro de aplanação, em olhos bloqueados e não bloqueados, do

grupo levobupivacaína.

No grupo olhos bloqueados com levobupivacaína, três animais

apresentaram complicações de córnea (Fig. 16).

Figura 14 – Cão submetido ao bloqueio retrobulbar com

levobupivacaína 0,75%. A) Notar retenção de fluoresceína

em região central, denotando úlcera de córnea.

T30 T45 T60 T120 T180 T240 T300 T360 T420 T480 T540Tempo (minutos)

Grupo Levobupivacaína (GL)

Olhos bloqueadosOlhos não bloqueados

A

32

Figura 13 - Médias e desvios padrão da pressão intraocular aferida com

tonômetro de aplanação, em olhos bloqueados e não bloqueados, do

grupo levobupivacaína.

No grupo olhos bloqueados com levobupivacaína, três animais

apresentaram complicações de córnea (Fig. 16).

Figura 14 – Cão submetido ao bloqueio retrobulbar com

levobupivacaína 0,75%. A) Notar retenção de fluoresceína

em região central, denotando úlcera de córnea.

T540 T600 T660Tempo (minutos)

Grupo Levobupivacaína (GL)

Olhos bloqueadosOlhos não bloqueados

A

Page 34: AVALIA˙ˆO DA PRESSˆO INTRAOCULAR EM CˆES …livros01.livrosgratis.com.br/cp148127.pdfFigura 1 - Suprimento nervoso do bulbo ocular 12 Figura 2 - Colocaçªo da agulha retrobulbar

33

4.5 TODOS OS GRUPOS

Na comparação entre os diferentes tratamentos (Fig. 17 e Tab. 1), não

houve diferença significativa.

Figura 15 - Médias e desvios padrão da pressão intraocular aferida

com tonômetro de aplanação, em olhos bloqueados, pela lidocaína a

2%, ropivacaína a 0,5%, bupivacaína 0,75% e levobupivacaína a

0,75%.

O tempo de duração de ação de cada anestésico foi 120, 420, 420 e

660 minutos para lidocaína, ropivacaína, bupivacaína e levobupivacaína

respectivamente.

0

3

6

9

12

15

18

21

24

27

Tbasal TMPA T15 T30 T45 T60 T120 T180 T240 T300 T360 T420 T480 T540 T600 T660

Pres

são

intr

aocu

lar (

PIO

-mm

Hg)

Tempo (minutos)

Comparação entre diferentes anestésicos locais

Grupo Lidocaína Olhos bloqueados

Grupo Ropivacaína Olhos bloqueados

Grupo Bupivacaína Olhos bloqueados

Grupo Levobupivacaína Olhos bloqueados

Page 35: AVALIA˙ˆO DA PRESSˆO INTRAOCULAR EM CˆES …livros01.livrosgratis.com.br/cp148127.pdfFigura 1 - Suprimento nervoso do bulbo ocular 12 Figura 2 - Colocaçªo da agulha retrobulbar

34Tabela 1 - Valores médios e desvios padrão [DSP] da pressão intraocular dos olhos bloqueado (OBL) e não bloqueado (ONBL), em milímetrosde mercúrio (mmHg), de cães submetidos ao bloqueio retrobulbar com lidocaína a 2% (GL) com vasoconstritor; ropivacaína (GR) a 0,75%,sem vasoconstritor,;com bupivacaína a 0,5% (GB), com vasoconstritor; com levobupivacaína a 0,75% (GLB), com vasoconstritor, e pré-medicados com acepromazina e meperidina e mantidos em infusão contínua com propofol e fentanil durante 30 minutos

a = variou estatisticamente de T45b = variou estatisticamente de T30c = variou estatisticamente de T0 p < 0,05

Grupo Olho T0 TMPA T15 T30 T45 T60 T120 T180 T240 T300 T360 T420 T480 T540 T600 T660

GL

OB17

[4,3]a

16[3,0]

a

16[2,5]

a

18[2,4]

a

20[2,1]

18[2,1]

a

18[2,7]

a

16[2,7]

a- - - - - - - -

ONB17

[3,4]b

16[1,5]

b

18[2,8]

b

21[3,1]

18[2,4]

b

16[1,8b]

16[1,6]

b

16[1,5]

b- - - - - - - -

GROB 18

[4,6]16

[3,7]14

[3,6]16

[4,1]16

[2,9]15

[2,3]16

[2,6]

13[2,4]

c

14[3,9]

13[4,0]

c

14[2,3]

16[3,2] - - - -

ONB 18[4,5]

16[2,9]

17[3,7]

19[3,6]

21[3,9]

18[2,6]

19[4,1]

18[4,8]

17[8,2]

18[4,0]

17[3,9]

18[7,0] - - - -

GBOB 18

[3,4]19

[3,4]16

[4,0]17

[4,1]20

[3,3]17

[3,2]19

[3,4]16

[4,4]15

[4,3]16

[4,2]16

[2,1]17

[2,1] - - - -

ONB 19[4,0]

16[6,0]

16[5,2]

17[9,4]

19[4,7]

18[2,7]

18[2,9]

18[4,0]

17[3,4]

19[4,3]

16[1,9]

18[1,3] - - - -

GLBOB 18

[2,4]17

[2,6]18

[3,6]18

[3,3]20

[3,9]18

[3,6]16

[2,8]17

[2,9]16

[2,6]16

[3,9]15

[2,9]16

[1,8]16

[3,0]15

[2,4]15

[1,7]16

[2,4]

ONB 16[2,9]

19[3,3]

17[3,9]

18[3,9]

19[4,0]

18[2,9]

16[1,9]

17[3,7]

17[2,7]

16[4,1]

16[3,1]

15[3,5]

16[3,2]

17[3,7]

16[4,1]

16[2,9]

Page 36: AVALIA˙ˆO DA PRESSˆO INTRAOCULAR EM CˆES …livros01.livrosgratis.com.br/cp148127.pdfFigura 1 - Suprimento nervoso do bulbo ocular 12 Figura 2 - Colocaçªo da agulha retrobulbar

35

4.6 INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS

As úlceras de córnea foram tratadas com pomada oftálmica a base de

cloranfenicol, vitamina A e aminoácidos, quatro vezes ao dia por 5 dias; as quais

surgiram no grupo da ropivacaína no momento 360 minutos, e no grupo da

levobupivacaína aos 420 minutos.

Não foi utilizado lubrificante oftálmico, pois além da mensuração da

PIO a produção lacrimal também o fora como parte de outro estudo e o uso do

lubrificante interferiria com estes dados.

O colar elisabetano foi instituído ao término das avaliações, uma vez

que durante todo o período de avaliação os animais estavam sendo vigiados e

portanto impedidos de se auto-traumatizarem.

No estudo em questão foram utilizados 32 animais, sendo observado

as seguintes intercorrências clínicas: prurido, ressecamento corneano e úlcera

(desepitelização corneana), blefaroespasmo, mas não houve nenhuma complicação

mais grave como hematoma retrobulbar, cegueira, lesão nervo óptico.

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36

5 DISCUSSÃO

A centralização do bulbo do olho, o relaxamento da musculatura

extraocular e a manutenção da pressão intraocular são imprescindíveis em cirurgias

intraoculares (SMITH et al., 2004; HAZRA et al., 2008) e têm motivado a procura por

técnicas anestésicas exequíveis e seguras (OLIVA; ANDRADE; GABAS, 2003;

KLAUMANN et al., 2008). A despeito da ampla utilização de bloqueios regionais

oculares em humanos, o seu uso em medicina veterinária de pequenos animais,

ainda, é limitado. Porém, Accola et al. (2006) ao desenvolverem e estudarem três

técnicas de anestesia regional ocular, entre elas peribulbar e retrobulbar, induziram

à sua utilização (HAZRA et al., 2008; KLAUMANN et al., 2008). Os bons resultados

por eles obtidos com a técnica retrobulbar motivaram o estudo sobre a influência na

PIO de quatro diferentes anestésicos locais.

A utilização do bloqueio retrobulbar em cirurgias de catarata visa, além

da finalidade anestésica e analgésica conhecidas (SMITH et al., 2004; CARARETO

et al., 2006), à promoção de discreta proptose do bulbo, o que melhora sua

estabilidade e aumenta a exposição da córnea (HAZRA et al., 2008). Há referências

sobre o aumento da pressão intraocular com a utilização dos bloqueios oculares

perioculares (SERZEDO et al., 2000; WATKINS et al., 2001; ACCOLA et al. 2006) e

retrobulbares (WATKINS et al., 2001; ACCOLA et al. 2006), embora não sejam

claras as alterações sobre a circulação sanguínea ocular, promovidas pelas

diferentes técnicas de anestesia regional, que suscitem esse aumento (WATKINS et

al., 2001; HUBER; REMKY, 2005).

Em humanos, há grande variação no volume anestésico empregado

em bloqueios peri e retrobulbares, inclusive na possibilidade de associações

anestésicas (WONG, 1993; HAMILTON, 1995; GILLART et al., 1998; KUMAR;

DOWD, 2008). A opção pelo volume de dois mililitros dos anestésicos locais,

baseou-se no estudo desenvolvido por Accola et al. 2006, no qual os autores não

observaram complicações advindas deste volume, como exoftalmia excessiva,

aumento da PIO ou descolamento de vítreo. Assim, corroborando tais achados,

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37neste estudo, a PIO manteve-se dentro dos limites de normalidade para a espécie

em todos os grupos e momentos de avaliação, apesar de terem sido observadas

diferenças entre olhos bloqueados e não bloqueados em alguns grupos. Ainda, com

o volume utilizado houve bloqueio anestésico pelo tempo esperado para cada

anestésico, além de ter sido observada boa exposição do bulbo do olho e de forma

semelhante em todos os grupos.

A escolha dos anestésicos fundamentou-se pela ampla utilização dos

mesmos em anestesias regionais oculares em humanos (JACOBI; DIETLEIN;

JACOBI, 2000; MAGALHÃES, GOVÊIA, OLIVEIRA, 2004; AKSU et al., 2009) e,

embora, muitas vezes, estes sejam citados em associações, optou-se pela utilização

individual dada a ausência de dados pertinentes a cada um deles em bloqueios

retrobulbares em cães.

No grupo lidocaína, olhos não bloqueados e na comparação entre

grupos, houve diferença no momento T30. Este momento correspondia ao retorno

anestésico e muitos animais apresentaram contrações musculares e agitação, o que

provavelmente contribuiu com o aumento da pressão intraocular (MURPHY, 1985).

No mesmo grupo, olhos bloqueados, houve diferença no momento T45, período em

que foi verificada menor agitação dos animais e o maior valor na PIO. Após esse

momento, a PIO tendeu ao equilíbrio com valores menores. Nesse caso, pode ser

que a midríase instalada tenha contribuído com a PIO mais elevada, uma vez que

com a dilatação pupilar estreita o ângulo iridocorneano, consequentemente, há

diminuição da drenagem de humor aquoso e aumento da PIO. Posteriormente,

mecanismos de autorregulação promovem o seu restabelecimento (GUM; GELATT;

ESSON, 2007).

A ropivacaína é um anestésico local mais potente que a lidocaína e de

estrutura similar à da bupivacaína, porém, o bloqueio motor promovido é menos

intenso que o da bupivacaína, assim como menos pronunciado e de menor duração

(FANTONI; CORTOPASSI; BERNARDI, 2006). Sabe-se que a pressão externa

sobre o bulbo do olho influência a PIO (MURPHY, 1985; SLATTER, 2005). Com

isso, o relaxamento dos músculos extraoculares, diminuindo a pressão externa

sobre o bulbo do olho, contribui com a diminuição da PIO (MURPHY, 1985;

SLATTER, 2005; GUM; GELATT, ESSON, 2007) o que pôde ser constatado ao

compararem-se, no grupo ropivacaína, nos quais os olhos bloqueados e não

bloqueados, pela diferença significativa nos momentos T15, T30, T45, T60, T120,

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38T180 e T300. Relatos na literatura indicam que a ropivacaína não acrescida de

hialuronidase, promove inicialmente um aumento da PIO, comparativamente à sua

associação com esse agente difusor em bloqueio peribulbar (SERZEDO et al.,

2001).

Comparando-se todos os grupos de olhos bloqueados, não se

observou diferença significativa com relação a PIO. Todos os anestésicos

mostraram-se bastante seguros quanto à manutenção da pressão intraocular dentro

dos limites normais para cães, durante o período de avaliação. KLAUMANN et al.

(2008), observaram ao que a lidocaína a 2% sem vasoconstritor e a ropivacaína 1%

também não alteraram a PIO no bloqueio peribulbar.

A adição de vasoconstritor à solução anestésica promove menor

absorção sistêmica do anestésico local, reduzindo o seu pico de concentração

plasmática, e ajudando na diminuição da PIO (MAGALHÃES, GOUVEIA, OLIVEIRA,

2004). Considerando o efeito vasoconstritor intrínseco da ropivacaína (FANTONI;

CORTOPASSI; BERNARDI, 2006), no grupo deste fármaco não houve adição de

vasoconstritor à solução, em oposição à adição de adrenalina à solução dos outros

três anestésicos locais.

A ropivacaína e a bupivacaína apresentam tempo de ação similar

(MAMA; STEFFEY, 2003; FANTONI; CORTOPASSI; BERNARDI, 2006; TORRES,

2006), sendo a ropivacaína menos tóxica e menos potente que a bupivacaína

(ZARIC et al., 1996; TORRES, 2006). A adição de vasoconstritor a um anestésico

local prolonga o seu efeito devido à diminuição de sua absorção (MAMA; STEFFEY,

2003; WONG, 2003; FANTONI; CORTOPASSI; BERNARDI, 2006). Todavia, neste

estudo, a bupivacaína 0,5% associada ao vasoconstritor apresentou o mesmo tempo

de ação que ropivacaína 0,5% corroborando o relatado por WONG (2003), que a

adição de adrenalina à bupivacaína não prolonga o seu tempo de acinesia e de

anestesia.

Várias complicações decorrentes do bloqueio retrobulbar encontram-se

relatadas na literatura como perfuração do bulbo do olho, hemorragias conjuntivais,

quemose, ulceração corneana lesões ao nervo óptico (GILLART; DUALÉ; CURT,

2002; KUMAR; DOWD, 2008) parada respiratória (RUUSUVAARA; SETĂLĂ;

TARKKANEN, 1988), oclusão arteriovenosa retiniana (TORRES et al., 2005;

KUMAR; DOWD, 2008), surdez (GEORGE; HACKETT, 2005), cegueira e paralisia

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39dos músculos extraoculares (CHINCHURRETA-CAPOTE et al., 2006; KUMAR;

DOWD, 2008).

Nos olhos bloqueados pela ropivacaína, verificou-se a ocorrência de

ulceração corneana em um animal, o qual apresentou intenso desconforto ocular,

blefarospasmo e prurido o que, provavelmente, contribuiu para o aparecimento da

lesão. Klaumann et al. (2008) também mencionaram tal ocorrência nos animais

submetidos ao bloqueio peribulbar com ropivacaína a 1%. A despeito do efeito tóxico

da bupivacaína ser superior ao da ropivacaína (TORRES, 2006) e da presença de

adrenalina na formulação utilizada, não foi verificada a ocorrência de ulceração no

grupo bupivacaína.

No grupo levobupivacaína, os valores da PIO encontraram-se próximos

da normalidade, decorridos 660 minutos do bloqueio. Houve a ocorrência de

ulceração corneana em três animais.

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406 CONCLUSÃO

Da forma como este estudo fora conduzido, permite-se admitir que a

utilização do bloqueio retrobulbar com os anestésicos propostos demonstrou ser

factível e segura quanto à manutenção da pressão intraocular, e uma alternativa às

cirurgias intraoculares, respeitando-se o tempo de ação de cada anestésico.

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41

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