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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, CAMPUS IX COLEGIADO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA CAROLINE PAZZINI THATYANE KARY GRIGORIO DE SOUZA AVALIAÇÃO TÉCNICA DO SISTEMA INTEGRAÃO-LAVOURA-PECUÁRIA- FLORESTA BARREIRAS, BA 2018

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Page 1: AVALIAÇÃO TÉCNICA DO SISTEMA INTEGRAÃO ......4 Diante desse cenário, o sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) torna-se uma alternativa viável de produção

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, CAMPUS IX

COLEGIADO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

CAROLINE PAZZINI

THATYANE KARY GRIGORIO DE SOUZA

AVALIAÇÃO TÉCNICA DO SISTEMA INTEGRAÃO-LAVOURA-PECUÁRIA-

FLORESTA

BARREIRAS, BA

2018

Page 2: AVALIAÇÃO TÉCNICA DO SISTEMA INTEGRAÃO ......4 Diante desse cenário, o sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) torna-se uma alternativa viável de produção

CAROLINE PAZZINI

THATYANE KARY GRIGORIO DE SOUZA

AVALIAÇÃO TÉCNICA DO SISTEMA INTEGRAÃO-LAVOURA-PECUÁRIA-

FLORESTA

BARREIRAS, BA

2018

Trabalho apresentado ao Departamento de

Ciências Humanas da UNEB -

Universidade do Estado Bahia – Campus

IX, como requisito parcial para avaliação

da disciplina de Integração Lavoura e

pecuária do Curso de Engenharia

Agronômica.

Orientador: Prof. Danilo Gusmão

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 3

2 MODALIDADES DE SISTEMA ILPF .................................................................................... 4

3 PLANEJAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO DA ILPF ........................................................ 5

4 ESTUDO DE MERCADO ......................................................................................................... 6

4.1 Eucalipto ............................................................................................................................... 7

4.1.1 Clones.............................................................................................................................. 8

5 ASSISTÊNCIA TÉCNICA ........................................................................................................ 8

6 PREPARO DO TERRENO PARA INTRODUZIR A ILPF .................................................. 9

6.1 Controle de formigas e cupins ............................................................................................ 9

6.2 Preparo e Correção do solo ............................................................................................... 10

6.3 Rotação de culturas ........................................................................................................... 12

7 TÉCNICAS DE PLANTIO E MANEJO DA FLORESTA .................................................. 13

7.1 Subsolagem e adubação de plantio ................................................................................... 13

7.2 Preparo do sulco de plantio e adubação .......................................................................... 14

7.3 Arranjo espacial das árvores ............................................................................................ 14

7.4 Manejo inicial da espécie arbórea .................................................................................... 17

8 O PLANTIO DA LAVOURA .................................................................................................. 18

8.1 Uso de cultura anual para cobertura do solo .................................................................. 20

9 PLANTIO E MANEJO INICIAL DA FORRAGEIRA PARA PASTAGEM .................... 20

9.1 Manejo ................................................................................................................................ 21

9.2 Cálculo da taxa de ocupação de animais por hectare ..................................................... 22

10 BENEFICIOS ILPF ............................................................................................................... 22

10.1 Benefícios tecnológicos e ecológicos/ambientais da iLPF ............................................. 22

10.2 Benefícios econômicos e sociais da iLPF ........................................................................ 23

10.3 Benefícios para as lavouras de grãos .............................................................................. 24

10.4 Benefícios para a pecuária (carne e leite) ...................................................................... 24

10.5 Benefícios para o componente florestal ......................................................................... 25

11 PRINCIPAIS DESAFIOS E ENTRAVES NA ADOÇÃO DE SISTEMAS DE ILPF ..... 26

12 SISTEMAS DE ILPF EM CADA BIOMA .......................................................................... 27

12.1 Sistemas de ILPF no Cerrado ......................................................................................... 27

12.2 Sistemas de ILPF na Amazônia ...................................................................................... 28

12.3 Sistemas de ILPF na Caatinga ........................................................................................ 29

12.4 Sistemas de ILPF na Mata Atlântica ............................................................................. 29

12.5 Sistemas de ILPF no Pampa ........................................................................................... 30

12.6 Sistemas de ILPF no Pantanal ........................................................................................ 30

13 DESEMPENHO DE SISTEMAS AGROSSILVIPASTORIS (ILPF) E SEQUESTRO DE

CARBONO ................................................................................................................................... 31

14 RESULTADOS DE PESQUISAS ......................................................................................... 35

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 42

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1 INTRODUÇÃO

Ao longo das últimas três décadas o agronegócio brasileiro vem crescendo e se

transformando de maneira expressiva. A incorporação de terras do Cerrado ao processo produtivo

nacional, em especial a partir da década de 1970, explica boa parte desse sucesso. Em 1970, a

produção de arroz, feijão, trigo, milho e soja foi de 27 milhões de toneladas. Em 2011-2012, a

produção dessas culturas somou cerca 160 milhões de toneladas, crescimento de 583% (CONAB,

2013). Entretanto, um grande desafio para a agricultura será contornar os problemas decorrentes

de décadas de práticas agrícolas de monocultivo e de elevada pressão sobre o ambiente, tais como:

a erosão e perda de fertilidade dos solos, assoreamento dos cursos d'água, poluição do solo e da

água e emissões de gases de efeito estufa.

A pecuária de corte, frequentemente apontada como um segmento pouco produtivo,

somente se viabilizava economicamente pela expansão da área de pastagem. Entretanto, nas

últimas décadas, o modelo de produção da pecuária mudou sensivelmente e passou a priorizar

tecnologias mais intensivas em capital, que vêm gerando significativos ganhos em produtividade

e, consequentemente, liberando áreas significativas para outras atividades do agronegócio.

Entre 1950 e 1985, a expansão da área de pastagens cultivadas foi responsável por 71% do

incremento de produção de carne bovina e aumento na produtividade em 29%. No entanto, entre

1985 e 2006, observou-se redução na área de pastagem e o desempenho animal respondeu por 66%

do incremento de 4.664 toneladas equivalente-carcaça. Quando esses ganhos foram computados

para o período de 1950 a 2006, estimou-se o "efeito poupa-terra" em 525 milhões de hectares. Isso

significa que sem estes ganhos, para se obter a mesma produção, teriam que ser incorporados à

produção o adicional de 525 milhões de hectares. Contudo, a perda de produtividade das pastagens,

em razão do manejo inadequado e da falta de reposição de nutrientes, tem comprometido a

produtividade animal, contribuindo para abertura de novas áreas de vegetação nativa.

Numa visão de futuro, a demanda crescente1por alimentos, bioenergia e produtos florestais, em

contraposição à necessidade de redução de desmatamento e mitigação da emissão de gases de efeito

estufa, exige soluções que permitam incentivar o desenvolvimento socioeconômico sem

comprometer a sustentabilidade dos recursos naturais. A intensificação do uso da terra em áreas

agrícolas e o aumento da eficiência dos sistemas de produção podem contribuir para harmonizar

esses interesses.

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Diante desse cenário, o sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) torna-se

uma alternativa viável de produção para recuperação de áreas alteradas ou degradadas. A

integração de árvores com pastagens e ou com lavouras é conceituada como o sistema que integra

os componentes lavoura, pecuária e floresta, em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área.

Possibilita que o solo seja explorado economicamente durante todo o ano, favorecendo o aumento

na oferta de grãos, de carne e de leite a um custo mais baixo, devido ao sinergismo que se cria entre

lavoura e pastagem.

A ILPF tem como grande objetivo a mudança do sistema de uso da terra, fundamentando-

se na integração dos componentes do sistema produtivo, visando atingir patamares cada vez mais

elevados de qualidade do produto, qualidade ambiental e competitividade. A ILPF se apresenta

como uma estratégia para maximizar efeitos desejáveis no ambiente, aliando o aumento da

produtividade com a conservação de recursos naturais no processo de intensificação de uso das

áreas já desmatadas no Brasil.

O sistema tem sido adotado em todo o Brasil, com maior representatividade nas regiões

Centro-Oeste e Sul. Hoje, aproximadamente 1,6 a 2 milhões de hectares utilizam os diferentes

formatos da estratégia ILPF e a estimativa é de que, para os próximos 20 anos, possa ser adotada

em mais de 20 milhões de hectares.

2 MODALIDADES DE SISTEMA ILPF

I) Integração Lavoura-Pecuária ou Agropastoril: sistema de produção que integra o

componente agrícola e pecuário em rotação, consórcio ou sucessão; na mesma área e em um mesmo

ano agrícola ou por múltiplos anos.

II) Integração Pecuária-Floresta ou Silvipastoril: sistema de produção que integra o

componente pecuário e florestal, em consórcio.

III) Integração Lavoura-Floresta ou Silviagrícola: Sistema de produção que integra o

componente florestal e agrícola, pela consorciação de espécies arbóreas com cultivos agrícolas

(anuais ou perenes).

IV) Integração Lavoura-Pecuária-Floresta ou Agrossilvipastoril: sistema de produção que

integra os componentes agrícola, pecuário e florestal em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma

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área. O componente "lavoura" restringe-se ou não à fase inicial de implantação do componente

florestal.

Os sistemas apresentados abrangem os sistemas agroflorestais (SAFs), que são

classificados em: silviagrícola, silvipastoril e agrossilvipastoril, sendo portanto a ILPF uma

estratégia que apresenta classificação mais abrangente.

A ILPF busca integrar sistemas de produção de alimentos, fibras, energia e produtos

madeireiros e não madeireiros, realizados na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou

rotação, para otimizar os ciclos biológicos de plantas e animais, insumos e seus respectivos

resíduos. Visa, ainda, manutenção e reconstituição da cobertura florestal, a recuperação de áreas

degradadas, a adoção de boas práticas agropecuárias (BPA) e aumentar a eficiência com o uso de

máquinas, equipamentos e mão de obra, possibilitando, assim, gerar emprego e renda, melhorar as

condições sociais no meio rural e reduzir impactos ao meio ambiente.

Os sistemas de iLPF devem ser planejados, levando em conta os diferentes aspectos

socioeconômicos e ambientais na unidade de produção (figura 1). A forma e a intensidade da

adoção do conjunto de tecnologias que compõem o iLPF dependerão, entre outros fatore, dos

objetivos e da infraestrutura disponível de cada produtor. O pecuarista, por exemplo, pode utilizar

o consorcio ou a rotação de culturas graniferas com forrageiras, para implantação de pastagens.

Figura 1. Objetivos imediatos e reflexos na adoção da iLPF nos agroecossistemas.

Fonte:(BALBINO et al., 2011)

3 PLANEJAMENTO PARA IMPLANTAÇÃO DA ILPF

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6

O primeiro passo para a implantação da ILPF é fazer o diagnóstico da propriedade. Para

isso, o produtor deve buscar o apoio de um técnico, que fará o levantamento da situação atual da

área. Na verdade, esse profissional irá fazer uma radiografia da região, para identificar as

potencialidades e limitações existentes.

Após o diagnóstico é que será possível fazer o planejamento, com o estabelecimento de

metas, cronograma de atividades e avaliação dos resultados do sistema ILPF. Para fazer o

diagnóstico, o técnico deverá seguir um roteiro capaz de nortear o levantamento das informações

necessárias para elaborar o projeto. Ele terá que buscar informações sobre a infraestrutura

disponível na propriedade, como maquinário, pessoal e experiências com as atividades

desenvolvidas.

Sobre as atividades já adotadas, deverá levantar os índices técnicos obtidos, as práticas

tecnológicas utilizadas e o nível de gestão do empreendimento. Informações como se existem ou

não cercas na propriedade e se há necessidade de adequação das estradas, por exemplo, são itens

que também fazem parte desse levantamento.

No diagnóstico também devem constar as características da área onde o sistema será

implantado, identificando se há necessidade de marcação de curvas de nível e de construção de

terraços. Além disso, o técnico incluirá no estudo informações sobre as condições de solo e clima

da região onde o sistema será implantado, tais como tipo de solo, topografia, temperatura,

precipitação, umidade relativa do ar e altitude.

Os sistemas de ILPF são naturalmente mais complexos que lavouras de grãos, sendo a

duração do ciclo dependente principalmente do componente arbóreo. Por isso, é fundamental que

o sistema seja implantado corretamente, para se evitar problemas de manejo no futuro, que muitas

vezes são irreparáveis. A atenção a diversos detalhes no planejamento, bem como cuidados na

definição de cada passo da implantação dos diferentes componentes do sistema podem fazer a

diferença entre o fracasso e o sucesso da atividade.

4 ESTUDO DE MERCADO

O estudo de mercado também é um ponto importante a ser incluído no diagnóstico e

objetiva orientar as decisões sobre o que será implantado. Por exemplo, se há mercado para madeira

para uso nobre ou para produção de carvão. Assim, a escolha das espécies que irão compor o

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sistema ILPF deve levar em consideração os componentes agrícolas, florestal, pastagens e/ou

animal. As espécies arbóreas podem desempenhar diversas funções nesse sistema (figura 2).

Porém, a maior finalidade tem sido a produção de madeira para fins nobres.

Figura 2: Principais espécies florestais utilizadas em sistemas de integração lavoura-pecuária-

floresta nas diferentes regiões brasileiras e sua finalidade

O plantio de árvores ainda atende a destinações como produção de frutos, sementes, resina,

látex e óleos. Também promove o incremento da diversidade, ciclagem de nutrientes, melhoria do

microclima para a criação animal ou proteção do solo.

A escolha da espécie deve recair, preferencialmente, sobre aquelas que apresentam rápido

crescimento inicial. Dessa forma, é possível diminuir o intervalo de tempo entre a implantação do

sistema e a introdução dos animais.

4.1 Eucalipto

Tradicionalmente as espécies florestais mais plantadas no Brasil pertencem ao gênero

Eucalyptus. Em seguida, vêm as dos gêneros Pinus, Acacia e Tectona.

Entre as justificativas para maior plantio de espécies de eucalipto estão a adaptação às

diferentes condições climáticas, rápido crescimento, potencial de produção de madeira para usos

múltiplos, disponibilidade de mudas, conhecimento silvicultural e existência de material genético

melhorado.

A evolução da silvicultura clonal vem contribuindo para uma maior disponibilidade de

mudas clonais no mercado, facilitando o acesso a materiais genéticos de alto potencial produtivo.

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4.1.1 Clones

O uso de clones para estabelecimento de uma floresta dentro do sistema de ILPF deve

passar por criteriosa análise de viabilidade técnica.

Primeiramente, o produtor deve possuir informações seguras de que determinado clone

esteja adaptado às condições locais de clima e solo, assim como ter conhecimento das práticas

culturais que irão promover o melhor desenvolvimento da planta. Isso inclui o preparo do solo e

adubação.

O segundo ponto a considerar são as características de aptidão do clone, considerando a

finalidade de produção, isto é, madeira para uso nobre, lenha, celulose etc.

Além do eucalipto outras espécies florestais com potencial para a produção de madeira têm

sido utilizadas na ILPF. Ao escolher a espécie que irá implantar, o produtor deve estar atento a

disponibilidade de mudas, levando em consideração informações sobre a qualidade fisiológica e

genética, bem como a disponibilidade na época planejada para o plantio. Com o diagnóstico

detalhado em mãos, é possível a elaboração de um bom planejamento tanto do uso da terra quanto

das oportunidades de mercado.

5 ASSISTÊNCIA TÉCNICA

Como a ILPF representa uma mudança no modelo de exploração e gestão da atividade

agropecuária, é fundamental que o produtor conte com uma boa assistência técnica em todas as

fases do projeto. Assim, o produtor, com a orientação do técnico, deverá eleger o sistema produtivo

que será adotado. O desejável é implantar o sistema em uma parte da propriedade, sendo

recomendado não ultrapassar 20% da área. A cada ano pode ser iniciada a implantação em uma

nova área, dentro do limite da capacidade de pagamento do produtor e do respeito à

sustentabilidade ambiental.

A princípio, como uma das funções da ILPF é recuperar áreas degradadas, essas costumam

ser as primeiras alternativas na escolha do local de implantação do sistema na propriedade. Para

que o planejamento traçado para introduzir a nova tecnologia na propriedade tenha sucesso, é

preciso não descuidar do acompanhamento.

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O técnico e o produtor devem estar atentos para o cumprimento de todas as etapas e metas

previstas no projeto. A efetiva implantação do projeto deve ser avaliada periodicamente. É esse

acompanhamento que possibilitará, se necessário, a correção de rumos em tempo hábil. Com esse

procedimento, é possível evitar prejuízos e frustrações econômicas ao produtor e o descrédito no

técnico e até no sistema produtivo.

6 PREPARO DO TERRENO PARA INTRODUZIR A ILPF

Depois de certificar-se que a área apresenta bom potencial para implantação de sistemas de

ILPF, inclusive quanto à viabilidade de colheita, transporte, armazenamento e comercialização dos

produtos que serão obtidos, como grãos e madeira, deve-se observar se a área apresenta declividade

acentuada verificando a eventual necessidade de construção de terraços e outras medidas para

contenção de erosão e conservação do solo.

A adequação ou limpeza do terreno para a implantação da ILPF depende da estratégia que

será adotada para a propriedade. Se no planejamento está previsto o plantio de culturas agrícolas

no primeiro ou primeiros anos, na maioria das vezes, a limpeza é feita em toda a área.

O preparo do solo, no caso de áreas que nunca foram cultivadas, inclui a retirada de todo o

material lenhoso. Para isso, é utilizada gradagem pesada e gradagem niveladora. Se a área já tiver

sido cultivada ou for pastagem, uma alternativa é fazer a dessecação das plantas existentes com

aplicação de produtos indicados pela pesquisa e registrados no Ministério da Agricultura.

6.1 Controle de formigas e cupins

É imprescindível fazer o controle das formigas cortadeiras para o sucesso da implantação

da ILPF. Esses insetos causam grandes prejuízos tanto para as árvores quanto para as culturas

agrícolas e para o capim plantado. As formigas cortadeiras são divididas em dois grandes grupos,

as saúvas (Atta spp.) e as quem-quéns (Acromyrmex spp.). Os formigueiros de saúvas são mais

facilmente encontrados, devido à presença da terra solta em torno do ninho.

Já as quem-quéns são mais difíceis de localizar, porque não deixam pistas. É recomendado

fazer o controle com antecedência de 45 a 60 dias da implantação. Para isso, o ideal é percorrer

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toda a área, localizando e combatendo os formigueiros. O procedimento deve ser repetido 15 dias

antes do plantio. Essas duas ações são conhecidas como combate inicial e repasse.

Mas o controle ainda não acabou: durante o plantio e nos primeiros dias após a colocação

das mudas, é preciso estar vigilante e percorrer a área periodicamente, fazendo a ronda, para um

efetivo controle das formigas.

As formigas cortadeiras precisam de grande quantidade de forragem para manter seus

ninhos. Com isso, elas podem provocar grandes estragos em todas as fases de crescimento e

desenvolvimento das espécies cultivadas.

Para combater as formigas, são utilizadas iscas granuladas, produtos em pó e líquidos

termonebulizáveis — aqueles que produzem fumaça. O uso de iscas é o mais usado. Essas iscas

são distribuídas com frequência em toda a área ou podem ser colocadas próximo aos olheiros de

alimentação dos formigueiros. A recomendação para os sauveiros é aplicar de 6 a 8 gramas de isca

por metro quadrado de terra solta. Para combater as quem-quéns, a recomendação é aplicar a

mesma quantidade por ninho. O controle de cupins é feito com produtos específicos antes do

plantio do plantio das mudas da espécie arbórea. As mudas produzidas em tubetes têm o seu

substrato imerso em solução contendo de 400 a 500 gramas do preparado para cada cem litros de

água. Essa quantidade de solução é suficiente para tratar de 8 mil a 10 mil plantas. A imersão das

mudas solução deve ser feita imediatamente antes da transferência das mudas para o campo. Após

a aplicação não deve ser feita irrigação, para que o produto não seja lixiviado — o que pode até

anular a sua atuação.

6.2 Preparo e Correção do solo

O preparo do solo para implantação do sistema de ILPF pode ser realizado pelo sistema

convencional com a utilização de arados, subsoladores e/ou grades. Esses equipamentos são

primordiais, especialmente, na implantação do sistema em áreas mais degradadas, para mais rápida

incorporação dos corretivos e bem como para facilitar o plantio das culturas. Em sistemas com

histórico de cultivos recentes, é possível o uso de plantio direto, que deve ser priorizado sempre

que possível.

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Especialmente na região dos Cerrados, ocorrem solos com propriedades químicas pouco

favoráveis à implantação de culturas sem aplicação prévia de corretivos, pois esses solos, em sua

maioria, contêm altos teores de alumínio (Al) trocável e acidez ativa elevada (baixo pH).

Além desses dois fatores, usualmente, existem problemas de baixos teores de fósforo (P)

disponível e de bases trocáveis como cálcio (Ca), magnésio (Mg) e potássio (K). Para que os

sistemas de produção vegetal e animal sejam conduzidos de forma integrada e sustentável, é

necessário que seja realizada amostragem e análise de solo para eventual correção química com

corretivos e fertilizantes. A correção da acidez do solo é usualmente realizada com a aplicação de

calcário e gesso agrícola, que são os corretivos de solo mais amplamente utilizados no Brasil. As

quantidades de calcário e de adubo devem ser determinadas com base na interpretação da análise

química e física do solo da área definida para a implantação, tomando se por base as exigências

nutricionais das culturas que serão implantadas na área. Recomenda-se que sejam coletadas

amostras de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm de profundidade, que devem ser devidamente preparadas,

embaladas, identificadas e enviadas para laboratório. De posse dos resultados da análise química e

física do solo, a mesma deve ser encaminhada para um engenheiro agrônomo para interpretação e

recomendações técnicas. Definidas as quantidades de calcário e/ou gesso agrícola e de adubo que

serão aplicadas na área de plantio, o próximo passo é a distribuição uniforme desse corretivo no

solo e a incorporação do mesmo por meio de grade pesada ou arado (figura 3 a, b). O calcário deve

ser incorporado ao solo até a profundidade de 20 cm, sendo necessária a utilização de grade pesada

ou arado (figura 3 a). O gesso agrícola (sulfato de cálcio) também pode ser aplicado, dependendo

também do resultado da análise química do solo. Nesse caso deve-se observar a saturação de

alumínio na camada de 20 a 40 cm de profundidade e as exigências nutricionais das culturas que

se pretende utilizar no sistema. Após a incorporação do calcário em toda a área de implantação do

sistema de ILPF, é realizada a marcação das linhas de plantio do eucalipto (Eucalyptus spp.)

(Figuras 4). É importante lembrar que em sistemas de ILPF, para a definição da distância entre as

fileiras do componente arbóreo deve-se levar em conta a mecanização da área, especialmente para

a utilização de pulverizadores e colhedoras para os cultivos anuais.

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Figura 3: a) prepare do solo com grade niveladora no espaço entre as linhas de eucalipto. Foto: Ademar P. Serra.; b)

Grade pesada para incorporação de calcário na área total onde será implantado o sistema de ILPF. Foto Ademar P.

Serra.

Com a marcação das linhas, o preparo do solo com grades intermediárias e grades

niveladoras fica restrito às entrelinhas do eucalipto. Recomenda-se que a marcação das linhas de

árvores seja realizada com estacas para orientar o operador de máquinas no momento do preparo

do solo e plantio. Além deste modelo sugerido, existem outras possibilidades tais como o plantio

das mudas de eucalipto antes do preparo do solo para o plantio da cultura anual. Na segunda safra

da cultura anual de verão, bem como nos futuros plantios de grãos, é recomendado, sempre que

possível, o sistema de plantio direto na palha da cultura de cobertura. O plantio direto apresenta

diversas vantagens como maior conservação do solo, melhorando as propriedades físicas, químicas

e biológicas, favorecendo inclusive a fixação de carbono.

Figura 4: a) detalhe das linhas marcadas para o plantio do eucalipto antes do plantio da cultura anual. Foto. Ademar P.

Serra.; b) detalhe das linhas marcadas para o plantio do eucalipto e a soja recém emergida; c) plantio direto na palha.

Foto. Ademar P. Serra

6.3 Rotação de culturas

O ideal para a implantação do sistema ILPF é fazer três cultivos de grãos, em rotação de

cultura (arroz/soja/milho, consorciado com capim), para formar a pastagem. Isso porque, em geral,

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são necessários de dois a três anos para recuperar a fertilidade do solo. Nesse intervalo de tempo

são plantadas, em média, as três lavouras, obedecendo à rotação de culturas e de acordo com a

realidade de cada região do País.

A primeira lavoura, preferencialmente, deve ser uma cultura que exija menos nutrientes do

solo, como o arroz. A segunda cultura pode ser feijão, soja ou milho, consorciado com uma

leguminosa. Essa segunda cultura também vai atuar no enriquecimento de nutrientes para o solo,

principalmente o nitrogênio. Lembrando que, nos solos degradados, a maior carência é por

nitrogênio.

No lugar do cultivo de lavouras, pode ser implantada uma leguminosa com função de adubo

verde, isto é, utilizada apenas para a recuperação do solo. Na implantação sucessiva de lavouras, é

desejável fazer o plantio direto, conhecido também como plantio na palha, visando à conservação

do solo e da água.

Simultaneamente, a floresta implantada no primeiro ano está crescendo. Após o terceiro

ano não é recomendável mais fazer lavoura, porque o sombreamento proporcionado pelas árvores

em crescimento prejudica a plantação. Já a pastagem é menos afetada com o sombreamento.

7 TÉCNICAS DE PLANTIO E MANEJO DA FLORESTA

7.1 Subsolagem e adubação de plantio

O eucalipto, assim como as demais espécies de rápido crescimento, se desenvolve melhor

em solos bem preparados. Melhores resultados têm sido obtidos com a subsolagem na linha de

plantio a uma profundidade em torno de 60 centímetros, utilizando a adubação profunda com fonte

solúvel ou parcialmente solúvel de fosforo. Essa operação é eficaz quando realizada com solo na

faixa de umidade adequada.

O subsolador rompe a camada endurecida abaixo da camada arável. A descompactação vai

reduzir a densidade e elevar a porosidade do solo. Com isso, estimula-se o enraizamento e o

crescimento das raízes das plantas, bem como aumenta-se a permeabilidade e a taxa de infiltração

de água no solo. A subsolagem também contribui para a melhor incorporação dos adubos, uma vez

que adubação inicial da floresta é feita apenas na linha de plantio.

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Não havendo possibilidade de ser feita a subsolagem, a recomendação é fazer a abertura de

covas com, no mínimo, 60 cm de profundidade.

7.2 Preparo do sulco de plantio e adubação

O terreno deve preferencialmente ser sulcado no dia do plantio das mudas de eucalipto, mas

quando isso não for possível, é aceitável que a operação seja realizada previamente. É muito

importante que, no momento de se fazer o sulco, seja realizada adubação fosfatada em

profundidade de 40 a 50 cm. A definição da quantidade de adubo a ser aplicada dependerá da

análise química e física do solo que permite a recomendação de uma formulação que contemple as

exigências nutricionais do eucalipto, lembrando que o fornecimento de cálcio, magnésio e enxofre

se dá pela aplicação e incorporação de corretivos, feitas previamente na área total do sistema. A

adubação de plantio demanda a aplicação de macronutrientes como nitrogênio (N), fósforo (P) e

potássio (K), bem como de micronutrientes como boro (B), zinco (Zn) e cobre (Cu). Essa aplicação

pode ser realizada no dia do plantio ou até cinco dias após o mesmo em covetas laterais,

distribuindo a metade da dose do adubo em cada lado da muda.

Aproximadamente aos 90 dias e aos 12 meses após o plantio das mudas, são realizadas a

primeira e segunda adubação de cobertura, respectivamente, para completar o suprimento de

nutrientes, especialmente de nitrogênio, potássio e micronutrientes. A adubação de cobertura é

realizada em covetas laterais. A distância ideal é de 10 a 15 cm do caule, tomando-se sempre o

cuidado de não se aplicar o adubo demasiadamente próximo das mudas. Quando se realiza a

adubação de cobertura com o eucalipto com mais idade, é recomendado que a adubação seja

realizada na área de projeção da copa.

7.3 Arranjo espacial das árvores

O arranjo das lavouras agrícolas devem seguir os critérios indicados para as condições

locais. A distribuição espacial das árvores em sistemas da iLPF com componente florestal deve ser

considerada, estrategicamente, de acordo com o tipo de produtor e o objetivo de maior ênfase do

sistema (madeira, carne, leite e grãos exigem arranjos diferentes). Além dos objetivos do sistema

e do tipo de produtor, é preciso considerar outros fatores, como uso da madeira, penetração da

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radiação entre linhas, equipamentos a serem utilizados, culturas agrícolas a serem plantadas entre

linhas, tolerância à sombra da pastagem a ser plantada, entre outros. Para lavoureiros ou

pecuaristas, diferentemente dos(as) silvicultores(as), os sistemas silvipastoril e agrossilvipastoril

devem ser implantados com espaçamentos maiores entre linhas.

Deve-se respeitar a largura mínima entre os renques de árvores, guardando-se, sempre que

possível, uma proporcionalidade com a largura das máquinas ou implementos maiores, como

colhedoras e pulverizadores, otimizando assim, as operações agrícolas e consequentemente os

custos com as mesmas. Espaçamentos maiores permitem a produção de árvores com diâmetros

maiores no mesmo período de tempo. As disposições de árvores em fileiras simples, duplas ou

triplas (Figuras 5 a,b,c) são as mais utilizadas, sendo possível, também, a utilização de um número

maior de fileiras por renque de árvores em função da finalidade principal do sistema. A orientação

das fileiras de árvores deve seguir o nível do terreno, para favorecer a conservação do solo e da

água e, no caso de terrenos com terraceamento, as fileiras de árvores devem ser implantadas no

terço inferior dos terraços. A disposição das árvores deve acompanhar o direcionamento dos

terraços, não devendo ser plantadas sobre os mesmos para evitar danos em sua estrutura. Quando

as condições topográficas permitem, o direcionamento das fileiras deve ser no sentido Leste-Oeste

permitindo maior incidência de luz nas entrelinhas onde estão os cultivos de grãos e forrageiras.

No caso da necessidade de orientação das fileiras de árvores no sentido Norte-Sul, recomendam-

se espaçamentos mais amplos entre fileiras de árvores.

Para o cultivo de eucalipto em sistemas de ILPF, os espaçamentos usualmente adotados

entre árvores nas fileiras é de 1,5 a 5m enquanto que entre fileiras varia de 9 a 50m para fileiras

simples. Para plantios em fileiras duplas e triplas a combinação de 3 metros entre fileiras por 2 m

entre árvores nas fileiras e 14 ou 24 m entre faixas ou renques de árvores são as combinações mais

amplamente utilizadas. É importante enfatizar que a disposição das árvores deve sempre levar em

consideração as características das máquinas e implementos, tanto próprios quanto terceirizados,

que serão utilizados no sistema, inclusive quando as árvores já estiverem adultas.

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Figura 5: a) fileira simples; b)fileira dupla; c) fileira tripla de arvores de eucalipto com três meses de plantio no sistema

de ILPF. Foto. Ademar P. Serra.

Figura 7: Tipos de arranjos e densidades de plantio de arvores em sistemas silvipastoris. Fonte: Adaptado de Muller at

al. (2010).

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Figura 6: Exemplo de espaçamentos e quantidades de árvores por hectare. Fonte: Extraída de Porfírio et al. (2009); [1]

Carvão, lenha, palanques para cerca; [serraria e laminação]

7.4 Manejo inicial da espécie arbórea

No início do desenvolvimento da árvore de eucalipto, assim como de outras espécies, é

realizado o coroamento da muda, para evitar-se a mato-competição. O crescimento rápido das

árvores nos sistemas de ILPF é fundamental para que os animais possam entrar o mais cedo

possível no sistema, otimizando assim o uso da área. O coroamento pode ser feito por capina

manual ou com herbicidas pré e pós-emergentes, mantendo-se um raio mínimo de 1 m da muda

livre de plantas daninhas. Quando herbicidas não seletivos são utilizados, é necessário que se utilize

mecanismos para evitar a deriva dos mesmos. Além de se proteger as mudas, o uso do acessório

conhecido por chapéu de Napoleão na ponta da lança de pulverização costuma ser uma boa opção

para evitar-se a deriva. Dois princípios ativos de herbicidas pré-emergentes, o Isoxaflutole e o

Oxifluorfem são seletivos para o eucalipto. O coroamento nas linhas de eucalipto é recomendado

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até o segundo ano, lembrando que especialmente no início, a utilização de herbicidas nas culturas

anuais apresenta mais riscos de fitotoxicidade para o eucalipto, assim como os herbicidas

recomendados para as árvores podem afetar as culturas anuais se não forem usados

cuidadosamente. Um engenheiro agrônomo deve ser sempre consultado.

8 O PLANTIO DA LAVOURA

O componente agrícola é constituído por espécies anuais para produção de grãos. As

espécies são semeadas em consórcio com espécies forrageiras (componente pecuário), entre as

linhas de plantas do componente florestal, até o momento em que o componente florestal permita

adequada luminosidade para as espécies dos componentes agrícola e pecuário. O componente

agrícola é o de maior exigência quanto à qualidade dos atributos do solo, o que faz com que seja o

agente condicionador da qualidade do solo para o componente pecuário. Está associado à redução

dos custos de implantação e manutenção do sistema ILPF como um todo (ALVARENGA et al.,

2010).

A lavoura deve ser implantada ao mesmo tempo que a floresta, assim que as condições de

umidade do solo forem favoráveis ao plantio. A implantação da lavoura deve seguir o planejamento

traçado para a área da ILPF. A máquina ideal para o plantio das culturas anuais e forrageiras vai

de áreas planas e extensas, as plantadeiras tracionadas por tratores podem ser usadas no plantio

tanto da cultura de grãos quanto da forrageira. Em ou mesmo em pequenas áreas, as plantadeiras

podem ser tracionadas por animais. Algumas máquinas possibilitam a semeadura simultânea de

sementes maiores, como milho e soja, bem como sementes pequenas como as do capim- -

braquiária. Nas máquinas que não possuem o sistema de plantio para sementes pequenas, as

sementes de forrageira são misturadas ao adubo.

As sementes devem ser misturadas de forma homogênea, na quantidade regerminação das

sementes das forrageiras. Para obter uma boa distribuição, basta regular o equipamento para a

aplicação do adubo e das sementes. Para a escolha do fertilizante, a preferência deve recair sobre

as formulações granuladas com baixa concentração de nitrogênio e potássio.

As culturas agrícolas anuais, como arroz, milho, feijão e soja, ou bianuais, como a

mandioca, são implantadas normalmente durante o período de desenvolvimento inicial da floresta.

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A distribuição das plantas reflete-se na produtividade da lavoura na competição com a

forrageira. Assim, junto com a densidade de plantio, deve ser considerada a distância entre as linhas

de plantio e o número de plantas por metro de fileira.

Atualmente, há uma tendência para redução dos espaçamentos entre fileiras na cultura do

milho, utilizado no cultivo consorciado ou isolado. A redução do espaçamento entre fileiras

promove o fechamento mais rápido e torna a cultura mais competitiva com as plantas daninhas e

com a forrageira, no caso da consorciação. Porém, deve ser observada a distância de um metro

dana cultura do milho, utilizado no cultivo consorciado ou isolado. A redução a cultura mais

competitiva com as plantas daninhas e com a forrageira, no caso da consorciação. Porém, deve ser

observada a distância de um metro da última fileira das culturas anuais para a primeira linha da

floresta,

O retorno econômico do componente arbóreo em sistemas de ILPF acontece em médio e

longo prazo. Dessa forma, a utilização de culturas anuais no primeiro e segundo ano proporciona

uma amortização de parte do investimento de implantação, bem como nos custos de renovação das

pastagens quando o sistema já está em andamento.

As culturas agrícolas anuais, como arroz, milho, feijão e soja, ou bianuais, como a

mandioca, são implantadas normalmente durante o período de desenvolvimento inical da floresta.

É recomendável fazer a rotação de culturas para não exaurir o solo, e realizar o plantio direto.

A escolha da cultura anual dependerá da aptidão agrícola da região em que o sistema será

implantado. Na região do Cerrado brasileiro, as culturas tradicionais como soja, milho, sorgo e

arroz, vêm sendo empregadas de forma satisfatória para compor o componente lavoura do sistema.

Em sistemas de ILPF, via de regra, as práticas para instalação da cultura anual, como época de

plantio, espaçamento, população de plantas, adubação e tratos culturais seguem as recomendações

técnicas para cada região. Em sistemas maiores, usualmente se utiliza a cultura do milho para

silagem ou grão em consórcio com forrageira (sistema Santa Fé) ou a cultura da soja, que

normalmente demandam uma melhor infraestrutura regional. Ambas têm apresentado bons

resultados econômicos em diversas regiões do Brasil. A soja vem sendo inserida no primeiro e

segundo ano de instalação do sistema. Há também a possibilidade da cultura anual,

preferencialmente a soja, ser reinserida no sistema a cada quatro anos com a finalidade de melhorar

a fertilidade do solo, reciclando nutrientes e deixando adubação residual para a forrageira. Nesse

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caso, é necessário o desbaste de árvores para aumentar a incidência de luz para a cultura anual e a

forrageira.

8.1 Uso de cultura anual para cobertura do solo

Na escolha da espécie a ser utilizada para cobertura do solo, o volume de produção e o

tempo de permanência da palha sobre o solo é importante para assegurar uma boa cobertura.

Espécies que apresentem alta taxa de decomposição não são interessantes para utilizar como

cobertura do solo, a menos que essa espécie seja utilizada visando o incremento do nitrogênio,

como as leguminosas. O milheto (Pennisetum glaucum) é uma das espécies vegetais mais utilizadas

para cobertura do solo na região do Cerrado. Essa espécie é semeada no outono, após a colheita da

soja, ou no início da primavera, para formar palhada para a próxima semeadura da soja. Além do

milheto, há outras boas opções para cobertura do solo como Brachiaria sp., especialmente

Brachiaria ruziziensis que pode ser cultivada isoladamente ou em consórcio com Crotalaria sp. ou

feijão guandu (Cajanus cajan) cuja cultivar atualmente mais indicada é a Mandarim. Essas espécies

vêm proporcionando bom resultado na produção de palhada e permanência desta sobre a superfície

do solo.

9 PLANTIO E MANEJO INICIAL DA FORRAGEIRA PARA PASTAGEM

O componente pecuário é composto por espécies forrageiras e animais. A espécie forrageira

pode fazer parte do sistema desde sua implantação, quando no primeiro e segundo ano é semeada

em consórcio com as espécies que compõem o componente agrícola. A partir do segundo ano é

componente obrigatório do sistema ILPF, quando passa a ser utilizado como forragem para os

animais. Os animais entram, portanto, no sistema a partir do segundo ano, quando não mais causam

danos às espécies do componente florestal.

Após a recuperação do solo e, com a floresta crescendo, chegou a hora de plantar o capim,

que servirá de alimento ao gado. O plantio do capim será consorciado com a terceira lavoura e pode

ter entre as linhas diversos tipos de cultura: soja, milho, arroz, sorgo, mandioca, feijão e até girassol.

Uma das formas de plantio do capim pode ser a distribuição das sementes, a lanço antes do plantio

de milho ou sorgo, com espaçamentos reduzidos. O plantio consorciado do capim com as culturas

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pode ser feito utilizando o Sistema Santa Fé, desenvolvido pela Embrapa, que mistura a semente

de capim com o adubo de plantio dessas culturas.

Mais uma alternativa para o plantio do capim é fazer a distribuição das sementes durante a

adubação de cobertura com nitrogênio. Isso acontece de 25 a 30 dias após o plantio dos grãos. O

agricultor deve misturar a semente de capim ao fertilizante nitrogenado, que pode ser ureia ou

sulfato de amônia. Esse fertilizante vai ser incorporado superficialmente ao solo, a cerca de 3 cm

de profundidade.

O plantio da espécie de forrageira deve seguir as recomendações para a espécie/ cultivar

que se deseja implantar na área, sendo que, Brachiaria brizantha cvs. Marandu, Piatã e Xáraes, B.

decumbens cv. Basilisk, Panicum maximum cvs. Aruana, Mombaça e Tanzânia, e Panicum spp.

cv. Massai, são boas opções para os sistemas de ILPF, por apresentarem boa tolerância ao

sombreamento. A forrageira usualmente entra no sistema a partir do segundo ano de sua instalação.

O plantio da forrageira é realizado sobre a palhada da cultura de verão ou de inverno. Em algumas

regiões, a forrageira pode ser também plantada em sistema de consórcio com o milho safrinha ou

sorgo (sistema Santa Fé). Dessa forma, após a colheita do milho ou sorgo, a forrageira está com o

sistema radicular estabelecido, aproveitando melhor a água e nutrientes disponíveis,

potencializando o crescimento e desenvolvimento da planta. Devido à correção do solo e adubação

realizada no plantio da cultura anual, usualmente não há necessidade de aplicação de adubo no

momento de plantio da forrageira, reduzindo seus custos de implantação.

Via de regra, a adubação remanescente é suficiente para suprir as exigências nutricionais

para a forrageira no início do seu desenvolvimento. Contudo, após a implantação da mesma, é

importante realizar-se acompanhamento da fertilidade do solo e nutrição da planta, para se definir

o momento de aplicação da adubação de manutenção. No caso de utilização da forrageira para

produção de silagem ou feno, é muito importante a realização de adubação de acordo com o

objetivo da produção.

9.1 Manejo

O manejo do milho ou sorgo deve seguir as recomendações técnicas. Se houver competição

entre a cultura do milho e o capim, deverá ser retardado o crescimento do capim. Se o capim crescer

muito vai dificultar a colheita do milho.

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A colheita do milho, ou seja, da terceira lavoura, que foi plantada consorciada com o capim,

será feita de 120 a 150 dias após o plantio. Cerca de 40 a 60 dias após a colheita do milho, a

pastagem estará formada e em condições de receber o gado para pastejo. Esse tempo de espera é

necessário para recuperar o capim do corte do milho ou sorgo.

9.2 Cálculo da taxa de ocupação de animais por hectare

Esse cálculo é feito considerando uma unidade animal (UA) = 450 quilos de peso vivo. No

período chuvoso, um hectare comporta de 3 a 6 UA; no período seco, o mesmo hectare comporta

de 1,5 a 3 UA.

O produtor deve lembrar de fazer o cálculo considerando o máximo de animais que poderá

comportar no período seco. A não ser que ele disponha de outras possibilidades para alimentar o

gado. Considerando a ILPF implantada no espaçamento 10m x 4m (fileira simples), a área será

ocupada com 80% de pastagem e 20% de floresta. A capacidade de ocupação da pastagem será de

2,4 a 4,8 UA/ha no período chuvoso e de 1,2 a 2,4 UA/ha no período seco.

10 BENEFICIOS ILPF

10.1 Benefícios tecnológicos e ecológicos/ambientais da iLPF

• Melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo devido ao aumento da

matéria orgânica;

• Redução de perdas de produtividade na ocorrência de veranicos, quando associado a

práticas de correção da fertilidade do solo e ao sistema de plantio direto;

• Minimização da ocorrência doenças e plantas daninhas;

• Aumento do bem-estar animal, em decorrência do maior conforto térmico;

• Maior eficiência na utilização de insumos e ampliação do balanço positivo de energia;

• Possibilidade de aplicação dos sistemas para grandes, médias e pequenas propriedades

rurais.

• Redução da pressão para a abertura de novas áreas;

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• Melhoria na utilização dos recursos naturais pela complementaridade e sinergia entre os

componentes vegetais e animais;

• Diminuição no uso de agroquímicos para controle de insetos-pragas, doenças e plantas

daninhas;

• Redução dos riscos de erosão;

• Melhoria da recarga e da qualidade da água;

• Mitigação do efeito estufa, resultante da maior capacidade de sequestro de carbono;

• Menor emissão de metano por quilo de carne produzido;

• Promoção da biodiversidade, e favorecimento de novos nichos e habitats para os agentes

polinizadores das culturas e inimigos naturais de insetos-pragas e doenças;

• Intensificação da ciclagem de nutrientes;

• Aumento da capacidade de biorremediação do solo;

• Reconstituição do paisagismo, possibilitando atividades de agroturismo;

• Melhoria da imagem pública dos agricultores perante a sociedade, atrelada à

conscientização ambiental.

10.2 Benefícios econômicos e sociais da iLPF

• Incremento da produção anual de alimentos a menor custo;

• Aumento da produção anual de fibras, biocombustíveis e biomassa;

• Aumento da competitividade das cadeias de produtos de origem animal nos mercados

nacional e internacional;

• Aumento da produtividade e da qualidade do leite e redução da sazonalidade de produção;

• Dinamização de vários setores da economia, principalmente em nível regional;

• Possibilidade de novos arranjos de uso da terra, com possibilidade de exploração das

especialidades e habilidades dos diferentes atores (arrendatários e proprietários);

• Redução de riscos em razão de melhorias nas condições de produção e da diversificação

de atividades comerciais;

• Fixação e maior inserção social pela geração de emprego e renda no campo;

• Aumento da oferta de alimentos seguros;

• Estímulo à qualificação profissional;

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• Melhoria da qualidade de vida do produtor e da sua família;

• Estímulo à participação da sociedade civil organizada;

• Melhoria da imagem da produção agropecuária e dos produtores brasileiros, pois concilia

atividade produtiva e meio ambiente;

• Maiores vantagens comparativas na inserção das questões ambientais nas discussões e

negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC).

• Aumento da renda dos empreendimentos rurais.

10.3 Benefícios para as lavouras de grãos

• Rotação de culturas proporcionando redução de pragas, doenças e invasoras;

• Produção de palhada em quantidade e qualidade para o plantio direto, viabilizando o

plantio direto em condições tropicais e solos ácidos;

• Menor custo de produção principalmente pela diminuição do uso de insumos, máquinas e

mão-de-obra;

• Diversificação das atividades rurais, com melhor aproveitamento da mão-de-obra durante

todo o ano;

• Recuperação de nutrientes lixiviados ou drenados para camadas mais profundas do solo,

especialmente pelas raízes das árvores e das forrageiras, e incremento da matéria orgânica do solo

pela serapilheira e raízes mortas das árvores, das lavouras e das forrageiras;

• Redução da pressão para abertura de novas áreas para plantios;

• As árvores podem ser usadas na propriedade rural como mourões, postes para construção

de cercas, galpões, pontes, bueiros entre outros, com menor custo;

• Redução de riscos climáticos e mercadológicos, com maior sustentabilidade.

10.4 Benefícios para a pecuária (carne e leite)

• Aumento da competitividade das cadeias de carne nos mercados nacional e internacional,

com produção de carcaças de melhor qualidade, por uma pecuária de ciclo curto, pautadas em

alimentação de qualidade, controle sanitário e melhoramento genético;

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• Aumento da produtividade e da qualidade do leite, inclusive na entressafra (período seco),

também, em pasto, especialmente por pequenos e médios produtores; • Amortização dos custos de

formação e recuperação ou renovação de pastagens;

• Manutenção da capacidade produtiva das pastagens em patamares sustentáveis;

• Aumento da capacidade de suporte;

• Aumento da oferta de alimentos e de melhor qualidade (especialmente na seca): pastagem,

grão, silagem e feno com menor custo de produção;

• Substituição da forrageira por espécie mais produtiva;

• Redução da idade de abate;

• Redução na idade da primeira cria e produção de leite;

• Redução do intervalo de partos;

• Melhoria da fertilidade do solo com reduções da erosão e da infestação de plantas

daninhas;

• Aumento do valor nutritivo das forrageiras;

• Ambiência e conforto animal.

10.5 Benefícios para o componente florestal

• Aceleração do crescimento, em diâmetro, das árvores devido ao maior espaçamento;

• Redução do custo de implantação das árvores, devido ao menor número de árvores

plantadas (em alguns arranjos) e pela renda oriunda dos componentes agrícola e pecuária

intercalares;

• Melhoria na qualidade da madeira produzida (maior regularidade da espessura de anéis

de crescimento, adequando-se melhor às necessidades da indústria), uma vez que ciclos de

concorrência e desbaste são menos frequentes;

• Garantia do acompanhamento e dos cuidados com as árvores decorrentes das atividades

dos plantios intercalares. Em particular, com o pastoreio ou com cultivos intercalares de inverno;

• Maior proteção contra fogo em áreas de maior risco de incêndios;

• A iLPF permite o desenvolvimento de madeira de qualidade que é um recurso que

complementa, ao invés de concorrer com os produtos da floresta tradicionalmente

produzidos/explorados. É importante para produzir madeiras que possam substituir as madeiras

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extraídas de florestas naturais, que se tornarão cada vez mais escassas e de acesso limitado. As

áreas concernentes ao

cultivo agrícola no país são vastas e poderiam proporcionar incremento substancial na

oferta de madeira de maior valor agregado. Espécies de árvores que são pouco utilizadas nos

plantios comerciais tradicionais, mas que possuem

elevado valor, poderiam ser plantadas em iLPF.

11 PRINCIPAIS DESAFIOS E ENTRAVES NA ADOÇÃO DE SISTEMAS DE ILPF

• Tradicionalismo e resistência à adoção de novas tecnologias por parte dos produtores;

• Exigência de maior qualificação e dedicação por parte dos produtores, gestores, técnicos

e colaboradores;

• Necessidade de maior investimento financeiro na atividade;

• Retorno apenas em médio e longo prazo, especialmente do componente florestal;

• Disponibilidade do volume de capital financeiro suficiente para investimento ou acesso

ao crédito;

• Altos investimentos em infraestrutura para implantação de cada um dos componentes dos

sistemas de integração;

• Falta de infraestrutura básica regional e mercado local para os produtos. A produção

depende da disponibilidade e manutenção de máquinas e equipamentos, e também de fatores

externos à unidade produtiva, como energia,

armazenamento e transporte;

• Longas distâncias até as regiões consumidoras e as agroindústrias. Em algumas regiões,

há dificuldade de aquisição de insumos como fertilizantes, sementes, mudas, agroquímicos e

animais, bem como comercialização dos

produtos;

• Pouca disponibilidade de mão-de-obra qualificado em todos os níveis, principalmente de

técnicos de nível superior;

• A adoção de novas tecnologias exige maior agilidade na validação e na transferência das

que são mais adequadas a cada sistema de integração, bem como na qualificação da mãode-obra;

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• Pouca ênfase aos sistemas de integração nas grades curriculares de cursos de ciências

agrárias;

• Os sistemas de iLPF são mais complexos e envolvem uma série de atividades e alto

investimento o que os tornam mais propícios a riscos. Entre as atividades contempladas pelos

sistemas, a produção de grãos apresenta maiores riscos, tais como: clima, pragas e doenças,

armazenamento e mercado.

Apesar de alguns entraves iniciais à sua adoção, os sistemas de iLPF vem sendo adotado

por muitos produtores e empresas rurais com sucesso e de forma irreversível.

12 SISTEMAS DE ILPF EM CADA BIOMA

12.1 Sistemas de ILPF no Cerrado

Para o Bioma Cerrado, a ILPF se caracteriza com as espécies agrícolas algodão, soja, milho,

sorgo, feijão, arroz e girassol. Os principais consórcios são de milho + capim/forrageiras (80%),

sorgo (granífero ou silagem) + capim/forrageiras (15%), e outros consórcios (milheto, sorgo

pastejo, guandu) (5%). Como espécies forrageiras, as do gênero Brachiaria (80%), espécies de

Panicum (10%) e outras (10%). Como principais espécies florestais têm-se o eucalipto (80%), a

teca, o cedro australiano e o mogno (15%) e outras (5%). E por fim, as espécies/raças de animais

são de bovinos de corte (50%), bovinos de leite (30%), e, ovinos e caprinos (20%).

Atualmente, os sistemas de ILPF completos, ou seja, que contemplam as espécies agrícolas,

pastagem e floresta conjuntamente ainda são pouco adotados. Algumas opções de sequência de

implantação em pasto degradado envolvem no 1o ano a soja ou arroz, no 2o ano milho ou sorgo,

no 3o ao 5o ano pastagem ou volta com soja; ou então, no 1o ano milho ou sorgo ou milheto, e no

3o ao 5o ano pastagem.

Para a situação de solo já agricultável: rotação – milho ou sorgo para silagem no verão +

capim/forrageiras para pastejo na entressafra e algodão; soja, milho ou sorgo para silagem no verão

+ capim/forrageiras para pastejo na entressafra. O pasto, além da primeira entressafra, pode ficar

por mais um ou dois anos e voltar à lavoura.

As opções de sucessão em safrinha de verão compreendem: soja, safrinha de milho ou sorgo

+ capim/forrageiras para pastejo de safrinha, e voltar à soja ou ao milho no verão. Pode ser rotação

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soja/safrinha de milho+ capim/forrageiras (verão) / safrinha de pasto, ou sucessão milho ou sorgo

silagem no verão + capim/forrageiras para pastejo na entressafra.

12.2 Sistemas de ILPF na Amazônia

No Bioma Amazônia, em termos de ILPF, predominam os sistemas silviagrícolas e

silvipastoris. Em diversas propriedades, os sistemas silvipastoris vêm sendo adotados com êxito,

com uso das espécies florestais: paricá, eucalipto, teca e mogno africano. Entre as forrageiras

destacam-se: braquiarão, quicuio, Panicum sp., capim-gengibre, jaraguá, Pueraria, Centrosema

macrocarpum e Capsicum pubescens. O componente animal é composto por bovinos e bubalinos

para produção de carne e leite, além da produção de ovinos deslanados.

O sistema silviagrícola é normalmente implantado em áreas degradadas, com o plantio de

grãos por duas a três safras, com predominância de arroz, milho, soja e feijão caupi. Esta

implantação ocorre nas entrelinhas de espécies florestais adaptadas às condições edafoclimáticas

locais. O plantio dessas espécies é feito concomitantemente à primeira lavoura. Para isso, é

necessária a recuperação da área cultivada e a correção e adubação do solo. Com o solo em

melhores condições de fertilidade, a partir da terceira safra inicia-se o processo de consorciação

das lavouras de grãos com pastagens (com espécies diferentes das anteriormente cultivadas) para

a formação das pastagens e para a introdução dos animais, estabelecendo a dinâmica da

implantação de sistemas agrossilvopastoris sequenciais.

Experiências silvipastoris foram realizadas em sua maior parte por empresas do setor

florestal e por fazendas pecuárias, que efetuaram plantios florestais em áreas preferencialmente de

pastagem degradada. A obrigatoriedade legal em reflorestar, a necessidade da diversificação da

produção e a manutenção da posse da terra são motivos para investir no plantio de árvores.

A redução de custos de limpeza da área é a principal razão para adoção do enfoque

silvipastoril. Tem-se como estratégia de atuação na região a geração de tecnologias voltadas para

o desenvolvimento de sistemas pecuários sustentáveis em áreas alteradas da Amazônia, e a

disponibilização de resultados de pesquisa e transferência de tecnologia adaptados às condições de

cada estado e aplicáveis aos demais sistemas produtivos.

A ILPF permite incorporar tecnologias, a exemplo do "Sistema Bragantino" que visa ao

cultivo contínuo de diversas culturas, em rotação e consórcio, usando a prática do Sistema Plantio

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Direto (SPD), busca aumentar a produtividade das culturas, a oferta de mão-de-obra na região

durante todo o ano, a renda e a qualidade de vida do produtor rural.

12.3 Sistemas de ILPF na Caatinga

O sistema de ILPF mais utilizado e de maior aplicabilidade na região do Bioma Caatinga é

o agrossilvipastoril. É indicado como resposta às pressões por produção de alimentos para a

população humana e para os rebanhos. Esse sistema integra a exploração de espécies lenhosas

perenes, associadas às culturas e às pastagens.

A tecnologia objetiva garantir a estabilidade e a diversidade da produção, elevar a

produtividade, melhorar a fertilidade do solo e aumentar a oferta de forragem de boa qualidade. O

uso de espécies arbóreas garante a circulação de nutrientes e o aporte significativo de matéria

orgânica do solo, condições essenciais para cultivar, de maneira continuada, os solos tropicais.

Também vem sendo adotado o sistema silvipastoril, em duas modalidades:

1. Introdução de animais em lavouras de espécies arbóreas comerciais permanentes;

2. Introdução ou manutenção do componente arbóreo (nativo ou exótico) em pastagens

cultivadas, adaptadas ao Semiárido.

A adoção de pastagens cultivadas adaptadas ao Semiárido (capim-buffel e braquiárias) tem

aumentado ao longo dos anos. Entretanto, a maioria dos pecuaristas adota o regime extrativista; as

áreas de pastagens, na sua grande maioria, não tiveram o devido manejo, nem correção e

manutenção da fertilidade do solo. Atualmente, grande percentual dessas áreas apresenta-se

degradada.

12.4 Sistemas de ILPF na Mata Atlântica

Nas áreas de Mata Atlântica da região Sul predominam sistemas de ILPF baseados na

sucessão de culturas no verão (soja, milho e feijão) e pastagens cultivadas no inverno, sobretudo

com espécies de clima temperado (aveia-preta e azevém anual).

Na região Sudeste, predominam as rotações de forrageiras com culturas anuais (soja, milho,

algodão) para produção de palhada, para plantio direto ou produção de forragens para alimentação

animal na entressafra. Nos sistemas silvipastoris da região predominam as combinações de

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pastagem e de eucalipto para madeira ou de pastagens com espécies lenhosas fixadoras de

nitrogênio, para manutenção e/ou recuperação da fertilidade do solo.

Na região Nordeste, os sistemas de ILPF predominantes são os silvipastoris, que usa

principalmente a Gliricidia sepium como leguminosa, representando o componente florestal nas

diversas formas de associação, e as braquiárias, como componente herbáceo. O processo inicia-se

com o consórcio da leguminosa com culturas de milho e/ou feijão, repetido por 2 a 5 anos,

dependendo do sistema, seguido do consórcio pasto/árvores. Em algumas áreas é utilizado o

consórcio de soja e eucalipto seguido do sistema silvipastoril após o 3º ano. Nas áreas de cana, a

cada 5 anos, cultivam-se leguminosas anuais (feijão de corda), na época da reforma do canavial.

12.5 Sistemas de ILPF no Pampa

Existem várias alternativas de sistemas de ILPF no Bioma Pampa. Na metade sul do Rio

Grande do Sul, o sistema mais comum é o agropastoril com plantio de arroz irrigado e

bovinocultura de corte ou de leite. As principais pastagens perenes incluem o azevém anual, o trevo

branco, a aveia branca, festuca, cornichão e pensacola, ou revegetação com espécies nativas. O

plantio de citros/pêssego, grãos ou forrageiras é uma forma de integração silviagrícola ou

silvipastoril encontrada na região.

Na metade norte, outra versão do sistema agropastoril é utilizada com o plantio de soja-

milho (verão)/trigo-pastagem (inverno) e bovinocultura de corte e leite. Na zona de Planalto, o

sistema de integração predominante é o silviagrícola com plantio de erva mate, soja-milho,

pastagem anual de inverno (aveia-preta, azevém, ervilhaca, milheto etc.).

Já a integração agrossilvipastoril prevê lavouras cultivadas nas entrelinhas de espécies

florestais, em consórcio/sucessão de lavouras com pastagens (pecuária) e floresta. Este sistema

ocorre nas diversas regiões do bioma Pampa, sendo bastante utilizado em áreas de agricultura e de

vegetação campestre em processo de degradação ou invadidas pelo capim-annoni.

No componente florestal predomina a utilização de espécies arbóreas exóticas de pinus,

eucalipto e acácia negra. Por isso, é oportuna a introdução de espécies de alto valor forrageiro.

12.6 Sistemas de ILPF no Pantanal

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O sistema tradicional de criação de gado de corte envolve a criação extensiva de gado em

grandes áreas, em sistema de pastejo contínuo numa taxa de lotação média de 3,6 ha/animal, cuja

produção de bezerros (cria) é uma das principais vocações da região. Esses sistemas podem ser

considerados como sistemas silvipastoris extensivos, adaptados às características peculiares do

ambiente em que se desenvolveram, respeitando sua dinâmica temporal e espacial.

Com relação ao sistema silvipastoril natural (SSPN), os produtores da região fazem uso das

diferentes espécies que compõem a paisagem, tais como bocaiúva, canjiqueira, acuri, paratudo e

aroeira. Alguns produtores adotam práticas de manejo de exclusão do gado em algumas

fitofisionomias para regeneração de espécies de interesse, tais como a aroeira.

Sistemas silvipastoris alterados ou intensificados também são comuns no Pantanal,

especialmente os que utilizam áreas de campo cerrado, substituindo as espécies herbáceas nativas

por forrageiras exóticas, mas mantendo as espécies arbóreas, em respeito ao padrão natural das

paisagens. Ainda há poucas experiências registradas de plantio de espécies arbóreas associadas a

pastagens nativas e exóticas. Um exemplo refere-se ao plantio de bálsamo em pastagem de

Brachiaria brizantha implantada em área anteriormente ocupada por cerradão.

Embora ainda haja desmatamento no Pantanal para a introdução de gramíneas exóticas, a

grande maioria dos fazendeiros opta pela substituição das pastagens nativas pouco usadas pelo

gado (áreas de "macegas") por pastagens cultivadas. Uma prática muito utilizada em áreas de

campo cerrado é manter as espécies arbustivas e arbóreas nativas, mantendo o padrão natural das

paisagens.

Portanto, a promoção e manutenção de sistemas silvipastoris (SSP) que integra o manejo

das espécies arbustivas e herbáceas, distribuídas em mosaico, nas diferentes fitofisionomias,

respeitando o padrão natural das paisagens é uma das principais estratégias para manter e conservar

a biodiversidade e aumentar a produtividade na região.

13 DESEMPENHO DE SISTEMAS AGROSSILVIPASTORIS (ILPF) E SEQUESTRO DE

CARBONO

A sustentabilidade da produção animal é ameaçada pelos sistemas de produção baseados

em monocultivos, geralmente de braquiárias o que favorece a degradação das pastagens. Nos

sistemas formados com pastagens a fertilidade do solo afeta a produção de biomassa aérea e

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radicular, o que aumenta a quantidade de resíduos depositados no solo sequestrando carbono.

Estudos realizados em diversos países estimaram que as práticas de manejo que aumentam a

fertilidade do solo sob pastagens podem aumentar de 50 a 150 kg/hectare a quantidade de carbono

sequestrada, bem como a ausência de adubação nitrogenada e a utilização menos frequente da

pastagem resultaram em perda para a atmosfera de 57 g C/m²/ano (PAULINO; TEIXEIRA, 2009).

Teixeira e Paulino (2012), trabalhando em um Argissolo de boa fertilidade, em Sertãozinho-

SP com diversos sistemas agrícolas (mata - reserva biológica, pastagem melhorada – capim

tanzânia, pastagens degradadas, área de fenação de brizantha e o cultivo convencional do milho),

verificaram que o desmatamento, o cultivo convencional do milho, o manejo inadequado das

pastagens e a exploração de áreas de fenação diminuíram os estoques de C no solo (Figura 8).

Considerando que 1.0 tonelada de C é equivalente a 3,6 toneladas de CO2 (IPCC, 2007), estima-se

que 54,36 Mg/ha de CO2 são sequestrados ou não emitidos quando a pastagem é melhorada

mediante a adubação e manejo em relação a pastagem degradada. Os autores estimaram valores de

167.0, 136.0, 124.9 e 112.7 Mg/ha de CO2 emitidos ou não sequestrados pela pastagem degradada

de capim tanzânia, área de feno de capim brizantha milho – plantio convencional, e área com

pastagem melhorada, respectivamente, quando comparado aos valores da mata - transição bioma

mata atlântica e cerrado (tomada como valor de referência e/ou com maior valor de estoque).

A emissão de CO2 é resultante de uma série de processos físicos e bioquímicos no solo, que

refletem a atividade biológica e bioquímica do solo, incluindo a atividade microbiana e respiração

radicular, que provocam as trocas gasosas entre o solo e a atmosfera por difusão ou fluxo de massa,

que variam com a temperatura e umidade do solo.

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Figura 8: Impactos da diversidade de manejos agrícolas sobre o estoque de carbono, em

Sertãozinho, SP. Fonte: TEIXEIRA et al. (2012)

Estudos realizados por Paulino e Teixeira (2011) relacionaram o manejo da pastagem de

Brachiaria brizantha cv. Marandu correspondente à 100% de interceptação luminosa (altura de

entrada de 35 cm) e 95% de interceptação luminosa (altura de entrada de 25 cm) e as adubações

com 50 e 200 kg/ha de N com o estoque de carbono no solo. Os estoques de carbono encontrados

para altura de 35 cm (110 Mg/ha) foram superiores aos obtidos com entrada de animais a 25 cm

(84,4 Mg/ ha). Os maiores valores de estoque de carbono foram observados mediante a aplicação

de 200 kg/ha de N associado à altura de 35 cm de pastejo (119,3 Mg/ha), (figura 9). A entrada dos

animais numa altura de pré-pastejo mais elevada (35 cm) resulta em maiores acúmulos de material

vegetal morto. Este fato está diretamente relacionado as perdas de massa de forragem que foram

mais elevadas (24,1%) na altura de pré-pastejo de 35 cm que na altura de 25 cm de 20,3%. Ressalta-

se que os valores elevados de estoque de carbono nesta pastagem são atribuídos também ao fato

que a pastagem já existente na área com aproximadamente 15 anos, ultimamente ela cresceu

livremente por 10 meses sem animais e no início desse sistema de manejo (2008) foi roçada e toda

a biomassa vegetal produzida foi deixada sobre o solo.

Figura 9: Estoques de carbono em pastagens de Urochloa brizantha cv. Marandu sob pastejo

rotativo e adubação nitrogenada. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste

de Skott-Knott (P>0,05). Fonte: PAULINO; TEIXEIRA (2011).

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Informações para sistemas integrados de produção são escassos e mais ainda nas condições

tropicais. Müller et al (2009), estimaram o acúmulo de carbono em sistema silvipastoril na Zona

da Mata Mineira, em sistema composto por 105 árvores/ha, sendo 60 árvores de Eucalyptus

grandis/ha e 45 arvores de Acacia mangium/ha, com o estrato herbáceo formado por Brachiaria

decumbens. Aos 10 anos de cultivo da floresta e 4 da pastagem, obtiveram 14,29 Mg/ha de C.

Estes trabalhos mostram que a presença de árvores e arbustos incrementam o sequestro de

carbono, mitigando os gases de efeitos estufa. Em experimentos com sistemas integrados realizados

na Embrapa Gado de Corte (Kichel et al., 2012), em que pastagem em degradação foi comparada

com sistemas de iLP e iLPF em que o capim-massai foi plantado após 4 anos de lavoura de soja

com e sem eucalipto, a produtividade nos sistemas integrados foi mais que três vezes superior

(figura 10). Esses sistemas, além de alta produtividade, tem grande potencial para sequestrar

carbono, compensando ou até mesmo superando a fixação de carbono, quando comparada a

produção de metano de animais de recria (figura 11). À medida que aumenta o número de árvores

nos sistemas integrados, a capacidade de sequestro de carbono aumenta.

Figura 10: Produtividade na recria de animais (kg peso vivo/ha) em pastagem recuperada com lavoura de soja,

capim-massai consorciado ou não com eucalipto. Fonte: KICHEL, A.N. et al. (2014).

Figura 11: Sequestro de carbono e mitigação de gases do efeito estufa do eucalipto (tronco) em sistemas de ILPF

com 16 meses de idade. Fonte: KICHEL, A.N. et al. (2014).

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35

14 RESULTADOS DE PESQUISAS

Em um experimento conduzido na Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande, MS, foram

implantados dois sistemas de ILPF, como estratégias de renovação de pastagens degradadas de

braquiária. Foi realizado preparo total do solo com semeadura da soja, em outubro de 2008. Em

janeiro de 2009 foi realizado o plantio de Eucalyptus urograndis (clone H-13) em densidades de

227 árvores/ha (ILPF1) e 357 árvores/ha (ILPF2.

Neste mesmo experimento, a pastagem de capim-piatã foi avaliada na época seca (agosto

de 2010), tendo sido observado que os teores de proteína bruta na folha e no colmo da forrageira

foram maiores nas áreas à sombra do que nas áreas ao sol.

Na folha, também foi observada maior digestibilidade in vitro da matéria orgânica à sombra

(63,2%) do que ao sol (54,1%), indicando melhor valor nutritivo de pastos em ILPF. Também, foi

observado que os animais apresentavam preferência de pastejo pelas áreas sombreadas, que

favorecem o conforto térmico.

No período de maio de 2010 a agosto de 2012, em 618 dias de avaliação, os sistemas ILPF1

e ILPF2 foram submetidos a uma taxa de lotação média de 1,39 e 1,30 UA/ha, respectivamente. O

sistema ILPF1 apresentou maior ganho de peso vivo do que o sistema ILPF2, com valores de 968

e 688 kg/ha, respectivamente, e com ganhos médios diários de 454 e 395 g/animal/dia,

respectivamente. A disponibilidade de forragem foi inferior no sistema ILPF2, sendo um indicativo

do efeito do sombreamento em decorrência da maior densidade de árvores.

Pelo segundo ano seguido, uma pesquisa realizada pela Embrapa Agrossilvipastoril em

parceria com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e Associação dos Criadores

do Norte de Mato Grosso (Acrinorte) mostrou que o sistema de integração lavoura-pecuária-

floresta (ILPF) foi mais eficiente no ganho de peso de bovinos de corte da raça nelore.

O estudo compara quatro sistemas produtivos: pecuária exclusiva, integração lavoura-

pecuária (ILP), integração pecuária-floresta (IPF) e ILPF completa.

No sistema em que a área foi lavoura de soja e milho com braquiária por dois anos, seguida

por dois anos de pastagem com Brachiaria brizantha cv. Marandu, com linhas simples de eucalipto

a cada 37 metros, resultou em 40 arrobas por hectare no ano, em média. O número é 30% superior

às 30 arrobas que foram obtidas nos demais sistemas (figura 12).

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Figura 12: Produtividade @/ha em diferentes sistemas agrossilvipastoril

De acordo com o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Bruno Pedreira, apesar de ter

resultado em maior produção de forragem em todos os sistemas, o aumento da adubação teve maior

impacto na pecuária exclusiva e na IPF. Na pecuária houve um aumento de 56% no acúmulo de

forragem e na IPF de 36%, com ambos os sistemas produzindo cerca de 20 toneladas/ha por ano.

Ainda assim, a produção na ILP (22 ton/ha) e na ILPF (25 ton/ha) foi maior (figura 13).

Figura 13: Acúmulo de forragem com adubação em diferentes sistemas agrossilvipastoril

Com a melhor disponibilidade de forragem em todos os sistemas e com o aumento da

suplementação alimentar, a alteração no ganho de peso médio diário foi de aproximadamente 100

g por animal nos quatro sistemas avaliados. Isso representou aproximadamente 17% de melhoria

quando comparado ao primeiro ano de avaliação, com uso de 0,1% de peso vivo de proteinado por

dia. Estatisticamente não houve diferença, com os valores do segundo ano variando de 678 a 777

gramas de ganho de peso diário. Logo, o que contribuiu para o aumento da produtividade por

hectare foi a maior capacidade de lotação do sistema ILPF.

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De acordo com a pesquisa, a média anual de lotação na ILPF foi de 3,47 UA/ha, contra 3

UA/ha da IPF, 2,78 da pecuária e 2,66 da ILP.

Havia uma expectativa de resultados melhores na integração lavoura-pecuária. Porém, por

algum motivo que ainda precisa ser estudado, esse sistema foi mais suscetíveis ao ataque de

cigarrinha do que os demais.

Uma década de inovação tecnológica em integração lavoura-pecuária-floresta na Fazenda

Boa Vereda

Autores: Abílio Rodrigues Pacheco; Clarisse Maia Lana Nicoli; Francine Neves Calil;

Cristiane Fioravante Reis; Alessandra da Cunha Moraes

Na safra 2008/2009, foi estabelecido o sistema de iLPF 1 em área de 47 ha. O sistema

seguiu a seguinte sequência: 1) no primeiro ano foram plantadas a soja e o eucalipto, sendo

considerado o Ano 0; 2) no ano seguinte, Ano 1, foi efetuado plantio de milho, na área em que a

soja foi colhida, consorciado com braquiária. Assim, após a colheita do milho, o pasto já está

implantado e, como a braquiária apresenta rápida rebrota, a pastagem pode ser utilizada aos

aproximadamente um mês após a colheita do milho.

Aos 18 meses após o plantio, as árvores de eucalipto apresentaram, em média, 8 m de altura

e 10 cm de diâmetro à altura do peito, o que permitiu a entrada dos animais no sistema, sem risco

de danos às árvores. Desde a sua implantação, o pasto tem sido adubado anualmente para manter

sua capacidade suporte. A partir do Ano 2, essa área de pastagem é utilizada para recria e engorda

do gado de corte, que se repete anualmente.

Na safra 2009/2010 foi iniciada a instalação do sistema de iLPF 2 em área de 17 ha. Na

safra 2010/2011, os sistemas de iLPF’s 3 e 4 foram implantados em área de 27 ha. Foi utilizada a

mesma combinação e sequência de culturas em todos os sistemas de iLPF’s. Porém, nos sistemas

de iLPF’s 3 e 4 implantou-se o eucalipto em dois arranjos espaciais diferentes.

O sistema de iLPF 1 foi implantado em arranjo espacial de renques de três linhas de

eucalipto, espaçadas de 3 m entre si e 3 m entre plantas, entre renques de 14 m para o plantio da

lavoura e, posteriormente, pastagem. Esse sistema de iLPF é composto de 62,5% lavoura/pastagem

e 37,5% de floresta. Para o plantio da lavoura distanciou-se em 1 m da linha do eucalipto e

considerou-se 0,25 m como bordadura para o plantio das culturas, logo 0,75 m foi considerado

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como área do eucalipto. Assim, a densidade de plantio foi 500 árvores por hectare. Maiores detalhes

dos demais sistemas são apresentados na figura 14.

Figura 14: Descrição e caracterização dos quatro sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta implantados na

Unidade Tecnológica da Fazenda Boa Vareda, em Cachoeira Dourada, Goias.

Fonte: PACHECO, A.R. et al., (2011)

A unidade de referência tecnológica (URT) de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF)

foi instalada na Fazenda Boa Vereda, situada no Município de Cachoeira Dourada, no Sul de Goiás.

A principal atividade da fazenda até então era pecuária de corte extensiva. A opção pelo uso do

sistema de iLPF ocorreu em razão da referida área ter pastagens degradadas, baixa capacidade de

suporte animal e, consequentemente, baixo retorno financeiro.

Na pecuária de corte, a produtividade média alcançada tem sido de 18 arrobas/ha.ano, ao

passo que, antes da implantação da referida URT, era de 4 arrobas/ha.ano. O sistema iLPF permite

a prática de uma pecuária de corte com balanço de carbono positivo, o qual proporciona benefícios

ao ambiente, com produção da propalada “carne carbono neutro”.

A produtividade média em volume de madeira no sistema iLPF é 40 st/ha.ano com 500

árvores por ha. Essa produtividade é similar à média nacional em condições tradicionais de

monocultivos comerciais. Em cada hectare do sistema iLPF 1, com sete anos de idade, foram

obtidos, até o momento, os seguintes produtos madeiráveis: 100 postes/ha para escoramento de

redes de alta tensão de excelente qualidade e 280 st/ha de lenha (fonte renovável de energia). No

sistema iLPF 1, as 200 melhores árvores/ha permanecem ainda em campo, com objetivo de

atingirem as dimensões ideais para produção de madeira serrada de maior valor agregado, com

expectativa de corte aos 15 anos de idade. Vale destacar que a escolha do eucalipto como

componente arbóreo ocorreu em razão da possibilidade das várias oportunidades de usos da

madeira com diversificação da renda. As árvores dos sistemas de iLPF 2, 3 e 4 permanecem em

campo em sua totalidade, em razão da idade precoce para corte e obtenção de madeira para

comercialização. Quando essas árvores atingirem idades de corte serão obtidos produtos

madeiráveis em similaridade ao conduzido no sistema de iLPF 1.

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O experimento foi implantado em área experimental da Embrapa Gado de Corte, Campo

Grande, MS, no sudoeste da região do Cerrado, em solo caracterizado como Latossolo Vermelho

Distrófico.

Foi utilizado o delineamento de blocos casualizados, com dois tratamentos e quatro

repetições. Os tratamentos foram constituídos por dois arranjos espaciais: (1) implantação de

mudas de eucalipto em linhas simples, com espaçamento de 14 metros entre linhas e dois metros

entre plantas, resultando em um estande de 227 árvores de eucalipto por hectare, e (2) implantação

de mudas de eucalipto em linhas simples, com espaçamento de 22 metros entre linhas e dois metros

entre plantas, obtendo uma densidade de 357 árvores por hectare.

Os sistemas integrados foram compostos por capim-piatã (Brachiaria brizantha cv. BRS

Piatã) em consórcio com eucalipto “urograndis” (Eucalyptus urophylla x Eucalyptus grandis),

clone H 13. Antes da implantação dos sistemas, a área experimental apresentava pastagem de

Brachiaria sp. com baixa capacidade produtiva e foi reformada em setembro-outubro de 2008, por

meio de sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF), com preparo total do solo e

semeadura de soja. As mudas de eucalipto foram transplantadas em janeiro de 2009 e o capim-

piatã foi semeado sobre os restos culturais da soja, em abril de 2010. Antes do início do pastejo, os

pastos foram mantidos sob cortes para fenação, até que as árvores de eucalipto atingissem diâmetro

à altura do peito (DAP) maior que 60 mm, para evitar possíveis danos pelos animais.

Verifica-se pela figura 14 que, aos 36 meses após o plantio, os arranjos espaciais utilizados

não influenciaram no desempenho produtivo individual das árvores, considerando que não houve

diferença significativa nas características de desempenho silvicultural. Em experimento com vários

arranjos espaciais, Oliveira et al. (2009) verificaram que, aos 38 meses de idade, o DAP foi

influenciado pela área útil por planta, sendo os maiores valores encontrados nos arranjos em que

havia maior área útil por planta. Também, Bernardo (1995) cita que, de modo geral, o crescimento

em diâmetro é uma característica altamente responsiva aos espaçamentos. Entretanto, quando se

utiliza espaçamentos maiores, como os empregados no presente trabalho, espera-se detectar

influência destes espaçamentos sobre o DAP após maior tempo de idade das plantas. Para altura,

Bernardo (1995) afirma que não há correlação direta, para a fase jovem de crescimento das árvores,

entre altura e espaçamento, pois há casos em que ocorre aumento da altura em espaçamentos

maiores e outros em que o resultado é o oposto. No presente trabalho, não detectou-se influência

do espaçamento entre linhas sobre a característica altura, aos 36 meses após o plantio das mudas

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de eucalipto, sendo provavelmente em função dos elevados espaçamentos adotados. A

característica volume de madeira por planta é altamente influenciada pelas características altura e

DAP, e como não foram verificadas diferenças para estas duas características, era de se esperar que

não houvesse diferenças estatísticas para o volume de madeira por planta.

Figura 14: Médias do diâmetro na altura do peito (DAP), altura, volume por árvore e volume de madeira por

hectare de cada sistema, em Campo Grande, MS, 2012.

Ao fazer a análise do volume de madeira por hectare, nota-se influência do número de

árvores por unidade de área, em que para o arranjo mais adensado (14m x 2m) foi encontrado maior

produtividade em volume de madeira quando comparado ao espaçamento menos adensado (22m x

2m). O presente trabalho corrobora com Botelho (1998) e Oliveira Neto et al. (2003), que afirmam

que ocorre maior produção por unidade de área nos espaçamentos mais reduzidos em função do

maior número de árvores.

Figura 15: Médias de carbono (C), de CO2 eq. E do potencial de neutralização de emissão de GEEs por

bovinos (PNEB), aos 36 meses após o plantio do eucalipto, para casa sistema, em Campo Grande, MS, 2012.

Observa-se pela figura 15 que quanto maior o número de árvores por unidade de área, maior

é a fixação de carbono e, consequentemente, maior é a capacidade de mitigar os efeitos da emissão

de GEEs pelos bovinos. No arranjo espacial 14m x 2m (357 plantas/ha) houve a fixação de 20,09

t/ha/ano de C, que corresponde a 72,32 t/ha/ano de CO2eq., sendo suficiente para neutralizar a

emissão de gases de efeito estufa de 38,47 bovinos de corte/ha/ano, considerando a emissão anual

média de um bovino de corte de 1,88 t CO2eq./ano. Para o estande de 227 plantas/ha (22m x 2m),

a fixação de C foi da ordem de 11,07 t/ha/ano, correspondendo a 39,88 t/ha/ano de CO2eq.,

mitigando a emissão dos gases de efeito estufa de 21,21 bovinos de corte/ha/ano.

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15 CONCLUSÃO

Este trabalho proporciona o direcionamento inicial para a implantação de um sistema de

ILPF com árvores de eucalipto. Boa parte das recomendações com relação ao manejo,

especialmente do componente arbóreo, valem também para sistemas silvipastoris, onde não há o

cultivo de grãos. Da mesma forma, muitas das recomendações feitas para o eucalipto devem ser

seguidas também quando se utiliza outra espécie arbórea.

Portanto, conhecer as principais etapas da implantação do sistema, familiarizar-se com as

técnicas e conhecer riscos e dificuldades, é fundamental para que o produtor empreendedor faça

um bom planejamento de seu sistema. Todas as orientações aqui apresentadas devem fazer parte

de um conjunto, compondo um amplo projeto de implantação do sistema. Para isso, é fundamental

que o produtor faça um planejamento detalhado de todo o empreendimento, considerando cada fase

de cada cultura bem como as várias interações entre as mesmas e seus efeitos recíprocos.

Os sistemas de ILPF são sustentáveis, proporcionam a oferta de alimento no período

seco/inverno e diminuem a pressão por abertura de novas áreas para atividades agropecuárias.

Programas de pesquisa em sistemas iLPF devem idealmente levar em consideração alguns

dos aspectos aqui levantados, seja para o desenvolvimento de novos sistemas e suas respectivas

práticas de manejo, para a melhor compreensão das respostas agronômicas de tais sistemas, como

para o melhoramento genético de plantas forrageiras mais aptas a serem utilizadas em cada

modalidade de cultivo.

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