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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE AMOSTRAS OBTIDAS POR PASTEJO SIMULADO EM CAPIM-XARAÉS ADUBADO COM NITROGÊNIO Deise Rafaelle de Omena Nicácio Nova Odessa - SP Janeiro- 2012

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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE AMOSTRAS OBTIDAS POR

PASTEJO SIMULADO EM CAPIM-XARAÉS ADUBADO COM

NITROGÊNIO

Deise Rafaelle de Omena Nicácio

Nova Odessa - SP

Janeiro- 2012

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE AMOSTRAS OBTIDAS POR PASTEJO

SIMULADO EM CAPIM-XARAÉS ADUBADO COM NITROGÊNIO

Deise Rafaelle de Omena Nicácio

Orientador: Prof. Dr. Fábio Prudêncio de Campos

Nova Odessa - SP

Janeiro – 2012

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação do Instituto de Zootecnia,

APTA/SAA, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Produção

Animal Sustentável.

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Ficha elaborada pelo

Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia

Bibliotecária responsável – Ana Paula dos Santos Galletta - CRB8/7166

Nicácio, Deise Rafaelle de Omena

N493a Avaliação nutricional de amostras obtidas por pastejo simulado em

capim-xaraés adubado com nitrogênio. / Deise Rafaelle de Omena

Nicácio. Nova Odessa - SP, 2012.

70p. : il.

Dissertação (Mestrado) - Instituto de Zootecnia. APTA/SAA.

Orientador: Prof. Dr. Fábio Prudêncio de Campos.

1. Capim – Avaliação nutricional. 2. Pastagem. I. Campos,

Fábio Prudêncio de. II. Título.

CDD 633.2

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE AMOSTRAS OBTIDAS POR PASTEJO SIMULADO EM

CAPIM-XARAÉS ADUBADO COM NITROGÊNIO

Deise Rafaelle de Omena Nicácio

Orientador: Prof. Dr. Fábio Prudêncio de Campos

Prof. Dr. Fábio Prudêncio de Campos (Orientador)

Prof. Dr. Carlos Augusto Brandão de Carvalho

Prof. Dra. Alessandra Aparecida Giacomini

Data da realização: 24 de Janeiro de 2012

Presidente da Comissão Examinadora

Prof. Dr. Fábio Prudêncio de Campos

Nova Odessa - SP

Janeiro, 2012

Aprovado como parte das exigências para obtenção do título de MESTRE em Produção

Animal Sustentável, pela Comissão Examinadora:

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“Lançando sobre Ele toda vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós.”

(I Pedro 5:7)

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Aos meus Pais,

Eliseu e Angelina

Aos meus irmãos,

Julliana, Elianderson e Kate

E minha sobrinha,

Emilia

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela companhia e por me fazer descansar mesmos nos dias mais difíceis. Foi por

Sua vontade que realizamos e conquistamos mais esse sonho.

Aos meus queridos pais Eliseu Ferreira Nicácio e Angelina de Omena Nicácio que tanto

me apoiaram mesmo a distância (física) me ajudando a não perder o ânimo para concluir tudo

isso.

Aos meus irmãos Elianderson de Omena Nicácio, Julliana Cintia de Omena Nicácio e

Kate de Omena Nicácio pelo refúgio em vossa casa e braços em momentos tão necessários e

tantas horas de conversa e conselhos valiosos.

Aos meus tios Genivaldo José dos Santos e Ana Lice Marinho de Omena Santos, pelo

acolhimento em vossa casa, tornando-a minha por esse período, e por todos os conselhos e apoio.

Aos meus primos/irmãos Ely Jonathans e Neemias Felipe Marinho de Omena Santos por

estarem ao meu lado todos os dias, me fazendo rir até com lágrimas no rosto.

Aos meus orientadores Dr. Fábio Prudêncio de Campos e Drª. Patrícia Sarmento pela

orientação conjunta, toda paciência, compreensão, todas as palavras de incentivo e pela

oportunidade de aprender com a experiência profissional e de vida de ambos.

Aos Professores Dra. Mara Cristina Pessoa da Cruz e Dr. Manoel Evaristo Ferreira, do

Departamento de Solo – Laboratório de Fertilidade do Solo da FCAV/ UNESP /Jaboticabal – SP,

que deram todo o suporte financeiro para o desenvolvimento do projeto de pesquisa, ligados a

montagem da estrutura da área experimental, adubos, análises laboratoriais de solos e minerais,

enfim tudo que proporcionou a finalização desse trabalho.

Aos amigos e companheiros de experimento, por todos os momentos juntos, pela

oportunidade de conhecê-los e aprender tanto com vocês: Ana Flávia Gouveia Farias, Thiago

Martins dos Santos e Marcos Rogério Gasqui da Conceição.

Aos colegas de mestrado das turmas de 2009, 2010 e 2011 pelo apoio durante as

disciplinas cursadas, especialmente aos colegas: Ana Cláudia Koki Sampaio, Julliano Issakovisc,

Lucas Eduardo Pilon, Joana Batista Demski e Lívia Castelani.

Aos funcionários e colegas da Fazenda Palmeira, por tornar tão familiar o convívio entre

vocês, especialmente à Tereza, Ana Maria, Creuza, Valéria.

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Aos professores e funcionários da pós-graduação.

Ao Instituto de Zootecnia, através da pós-graduação, pela oportunidade de realização do

curso de Mestrado.

A CAPES - Coordenação de aperfeiçoamento de nível superior, pelo suporte financeiro

aos meus estudos.

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SUMÁRIO

Lista de Tabelas ................................................................................................................................ x

Lista de Figuras ...............................................................................................................................xi

Resumo .......................................................................................................................................... xii

Abstract ......................................................................................................................................... xiii

1. Introdução ..................................................................................................................................... 1

2. Revisão de literatura ..................................................................................................................... 4

2.1. Produção animal sustentável ................................................................................................. 4

2.2. Brachiaria brizantha cv. Xaraés .......................................................................................... 5

2.3. Adubação nitrogenada e valor nutricional ............................................................................ 7

2.4. Simulação de pastejo ........................................................................................................... 10

3. Material e Métodos ..................................................................................................................... 13

3.1. Local, período e descrição da área experimental ................................................................ 13

3.2. Análise química e granulométrica do solo, calagem e adubação ....................................... 16

3.3. Condução do experimento .................................................................................................. 18

3.4. Metodologia de amostragem ............................................................................................. 20

3.5. Avaliação qualitativa da forragem ...................................................................................... 21

3.6. Delineamento experimental e análises estatísticas ............................................................. 22

4. Resultados e Discussão ............................................................................................................... 24

4.1. Regressão linear segmentada .............................................................................................. 36

5. Conclusões .................................................................................................................................. 46

6. Referências bibliográficas .......................................................................................................... 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Alturas médias de plantas no pré-pastejo do capim-xaraés adubado com nitrogênio nos

diferentes ciclos .............................................................................................................................. 19

Tabela 2. Porcentagens médias de lâminas foliares (L), colmos+bainhas (CB) no pré e pós-

pastejo do acúmulo do capim-xaraés adubado com nitrogênio nos ciclos de pastejo .................... 19

Tabela 3. Período de coleta do capim-xaraés por blocos. ............................................................. 20

Tabela 4. Médias dos teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido

(FDA) do capim-xaraés em função das doses de nitrogênio (N) em cada ciclo de pastejo (CP). .. 25

Tabela 5. Médias dos teores de celulose (CEL), hemicelulose (HEMI) e lignina (LIG) do capim-

xaraés em função das doses de nitrogênio (N) em cada ciclo de pastejo (CP). ............................. 28

Tabela 6. Médias dos teores de proteína bruta (PB), carboidrato não fibroso (CNF) e dos

coeficientes de digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) do capim-xaraés em função das

doses de nitrogênio (N) em cada ciclo de pastejo (CP). ................................................................ 33

Tabela 7. Médias dos teores de extrato etéreo (EE), material mineral (MM) e matéria seca (MS)

do capim-xaraés em função das doses de nitrogênio (N) em cada ciclo de pastejo (CP). ............ 35

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Dados climáticos durante o período experimental. Colunas representam a precipitação,

o, + e x referem-se à temperatura do ar máxima, média e mínima, respectivamente.... ................ 14

Figura 2. Extrato do balanço hídrico mensal dos períodos anterior (2008/09) e posterior (2010/11)

ao período experimental (2009/10); e correspondem ao excesso e déficit de precipitação

(mm), respectivamente ................................................................................................................... 14

Figura 3. Representação esquemática da área experimental .......................................................... 15

Figura 4. Área de reserva onde ficavam os bebedouros (I) e as coberturas feitas com sombrite

para os animais (II) ......................................................................................................................... 16

Figura 5. Adubação a lanço em faixas demarcadas de 7 m de comprimento x 1 m de largura. ..... 18

Figura 6. Animais pastejando na área experimental ....................................................................... 21

Figura 7. Representação gráfica dos teores de FDN (%) do capim-xaraés em função de doses de

N (kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressão polinomial e linear segmentada. .......................... 38

Figura 8. Representação gráfica dos teores de CEL (%) do capim-xaraés em função de doses de N

(kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressão polinomial e linear segmentada. .............................. 39

Figura 9. Representação gráfica dos teores de HEMI (%) do capim-xaraés em função de doses de

N (kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressão polinomial e linear segmentada ........................... 40

Figura 10. Representação gráfica dos teores de LIG (%) do capim-xaraés em função de doses de

N (kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressão polinomial e linear segmentada ........................... 41

Figura 11. Representação gráfica dos teores de PB (%) do capim-xaraés em função de doses de

N (kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressão polinomial e linear segmentada ........................... 42

Figura 12. Representação gráfica dos teores de CNF (%) do capim-xaraés em função de doses de

N (kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressão polinomial e linear segmentada. .......................... 43

Figura 13. Representação gráfica dos teores de EE (%) do capim-xaraés em função de doses de N

(kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressão polinomial e linear segmentada ............................... 43

Figura 14. Representação gráfica dos coeficientes da DIVMS (%) do capim-xaraés em função de

doses de N (kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressão polinomial e linear segmentada............. 44

Figura 15. Representação gráfica dos teores de MM (%) do capim-xaraés em função de doses de

N (kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressão polinomial e linear segmentada ........................... 45

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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE AMOSTRAS OBTIDAS POR PASTEJO SIMULADO

EM CAPIM-XARAÉS ADUBADO COM NITROGÊNIO

RESUMO

O valor nutricional das forragens tropicais pode ser melhorado através da adubação

nitrogenada pelo suprimento do nutriente requerido pelas plantas em maior quantidade. Essa

atividade, se praticada de forma sustentável, poderá ainda promover o crescimento da atividade

pecuária através da intensificação e tecnificação do uso da terra. Assim o objetivo do presente

experimento foi avaliar a composição químico-bromatológica e digestibilidade in vitro do capim-

xaraés adubado com nitrogênio, colhido por simulação de pastejo em diferentes ciclos, além de

detectar a dosagem mínima de N aplicado ao solo que estabiliza as possíveis respostas lineares

das principais variáveis qualitativas do capim-xaraés. Foram estudadas seis doses de nitrogênio

(0; 125; 250; 375; 500 e 625 kg ha-1

), aplicadas na forma de uréia. O experimento foi delineado

de blocos completos casualizados com quatro repetições, totalizando 24 unidades experimentais

de 112 m2

cada (14 m x 8 m). A Brachiaria brizantha cv. Xaraés foi estabelecida em janeiro de

2008, em solo classificado como Gleissolos Melânicos com classe textural franco arenoso. As

adubações nitrogenadas foram parceladas em cinco vezes no período das águas em ciclos de

pastejo de 26 a 27 dias (CP). No primeiro e segundo ciclo de pastejo a altura média do resíduo

pós-pastejo do capim-xaraés foi de 15 cm e nos demais ciclos foi de 24 a 27 cm. A colheita do

capim foi realizada por simulação de pastejo, tomando-se por referência o comportamento de

pastejo dos animais, a fim de estabelecer uma amostragem de capim representativa daquela

selecionada pelos animais. Foram estimados os teores de matéria seca (MS), material mineral

(MM), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),

carboidrato não fibroso (CNF), celulose (CEL), hemicelulose (HEMI), lignina (LIG) e o

coeficiente de digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS). Foram efetuadas análises de

regressão polinomial para os estudos das doses de N e obtenção de suas curvas e fatores para o

teste de regressão linear segmentada a fim de estimar a dose mínima e satisfatória de N a 10% de

probabilidade, e teste de Tukey a 5% de probabilidade para as comparações dos ciclos de pastejo

e nos desdobramentos das possíveis interações. Houve efeito decrescente das doses de N sobre os

teores de FDN, FDA, CEL, HEMI, CNF, MM e MS e crescente sobre os teores de LIG, PB, EE e

DIVMS. As dosagens mínimas de aplicação de N ideais, em kg ha-1

, para atingir o patamar de

estabilização para as variáveis FDN, CEL, HEMI, LIG, MM e DIVMS foram de 193, 560, 273,

179, 61, 266, respectivamente, na grande maioria do quarto ao sexto CP. Concluiu-se que a

adubação nitrogenada melhora o valor nutricional do capim-xaraés pelo aumento do teor de PB,

EE e do coeficiente de DIVMS e redução nos teores de FDN, FDA, celulose e CNF. A adubação

nitrogenada propiciou aumento na digestibilidade da matéria seca de amostras do capim-xaraés

colhido por simulação de pastejo. Através da regressão segmentada foi possível obter teores de

PB superiores a 13,21% com tendência a estabilização nas dosagens de 218 a 374 kg ha-1

de

nitrogênio aplicado no solo.

Palavras-chave: Brachiaria brizantha, estabilização, regressão linear segmentada, uréia

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NUTRITIONAL EVALUATION OF SAMPLES OBTAINED BY SIMULATED GRAZING

ON XARAES PALISADEGRASS FERTILIZED WITH NITROGEN

ABSTRACT

The nutritional value of tropical forages can be improved by nitrogen fertilization through

the supply of nutrients required by plants in larger quantities. This activity if practiced in a

sustainable manner, can also promote the growth of cattle ranching and technification by

intensifying land use. The objective of this experiment was to evaluate the chemical composition

and in vitro digestibility of Xaraes palisadegrass fertilized with nitrogen, harvested by simulated

grazing at different cycles. In addition, detecting the minimum dosage of N applied to soil that

establishes the possible linear results of the main qualitative variables of Xaraes palisadegrass.

Six nitrogen levels were studied (0, 125, 250, 375, 500 and 625 kg ha-1

) and were applied as urea.

The experiment was designed in random complete blocks with four replications, totaling 24

experimental units of 112 m2 (14 m x 8 m). Brachiaria brizantha cv. Xaraes was established in

January 2008 in a soil classified as Gleysols melanin with a sandy loam textural class. The

nitrogen fertilizers were split five times during rain periods in grazing cycles of 26 to 28 days

(CP). In the first and second grazing cycles the average height of the stubble of Xaraes

palisadegrass was 15 cm and the other cycles were 24 to 27 cm. The harvest was carried out by

the grass grazing simulation, taking as a reference the behavior of the grazing animals, to

establish a representative sample of grass that the animals selected. The dry matter (DM), mineral

material (MM), ether extract (EE), neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF),

non-fibrous carbohydrates (NFC), cellulose (CEL), hemicellulose (HEMI), lignin (LIG) and in

vitro digestibility of dry matter (IVDMD) were all estimated. Polynomial regression analysis was

conducted to study the N levels and to obtain their curves and factors to test the segmented

regression, estimating the minimal and satisfactory dosage of N to a 10% probability. The Tukey

test was conducted at a 5% probability to obtain comparisons of the grazing cycles and the

outspread of possible interactions. There was a decreasing effect of the dosage of nitrogen on

NDF, ADF, CEL, HEMI, NFC, MM and MS and an increasing effect on LIG, CP, EE and

IVDMD. The ideal minimum dosages of N applied in kg ha-1

, to meet the threshold of

stabilization for the variables NDF, CEL, HEMI, LIG, MM and IVDMD were 193, 560, 273,

179, 61, 266, respectively, in the majority from the fourth to the sixth CP. It was concluded that

nitrogen improves the nutritional value of Xaraes palisadegrass by increasing the CP content, EE

and the coefficient of IVDMD and reduced NDF, ADF, cellulose and NFC. Nitrogen fertilization

increased the growth and dry matter digestibility of samples of Xaraes palisadegrass harvested by

simulated grazing. Through the segmented regression was possible to obtain CP content greater

than 13.21% with a tendency of stabilize at doses from 218 to 374 kg ha-1

nitrogen to the soil.

Key words: Brachiaria brizantha, stabilization, segmented linear regression, urea

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1. INTRODUÇÃO

No Brasil a expansão das fronteiras agrícolas através de aberturas de áreas de florestas na

utilização das terras para pastagem chegou ao seu limite. O crescimento da atividade

agropecuária é dependente do aumento da produtividade associado à sustentabilidade pela

intensificação e tecnificação do uso da terra. Segundo Pedreira (2006) há a menção de que muitos

produtores aumentam a pastagem sem ao menos fazer um bom manejo do pasto para o rebanho

que possuem. Quando se utilizam da adubação nitrogenada e não o fazem de maneira eficiente,

pode-se ocasionar grandes perdas de forragem e até mesmo a degradação dos pastos pelo manejo

incorreto.

Atualmente a preservação do meio ambiente tem sido frequentemente discutida em várias

partes do mundo. Na área de produção animal tem-se buscado as formas mais sustentáveis de

criação em relação à eficiência e menores impactos ambientais.

A produção de animais em pastagens, mesmo ocupando área significativa, quando bem

estabelecido e bem manejado não haverá necessidade de expansão e isso será justificado pela sua

elevada produtividade. Além disso, é a forma mais rentável em relação aos demais sistemas de

criação de ruminantes, devido ao animal buscar seu alimento diretamente no pasto (CORRÊA e

SANTOS, 2011).

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O suprimento das exigências de um capim constitui-se um fator importante na nutrição de

gramíneas, tendo em vista que o incremento de nutrientes contribui efetivamente no aumento da

produção e consequentemente na recuperação da planta (BONFIM-SILVA e MONTEIRO,

2006).

Dentre os nutrientes utilizados na produção de pastagens, o nitrogênio é o nutriente

requerido em maior quantidade devido a sua eficiência de uso e das formas de manejo que

minimizam nas perdas no sistema solo-pastagem (OLIVEIRA, TRIVELIN e CORSI, 2004) e ao

alto potencial de resposta em melhoria do valor nutricional das plantas. Provavelmente pela ativa

participação desse nutriente na síntese de compostos orgânicos que formam a estrutura do

vegetal.

No entanto, a adubação nitrogenada muitas vezes tem apresentado respostas produtivas

abaixo do esperado. Dentre os fatores que podem justificar tal resposta estão: proporção

inadequada de nutrientes que favoreçam a absorção e aproveitamento do nitrogênio pela planta

(OLIVEIRA et al., 2003), condições de solo inadequadas ocasionadas pela falta de preparação do

solo para bom aproveitamento da adubação, forma de nitrogênio utilizada incompatível com as

condições da área plantada e realização incorreta da prática de adubação (OLIVEIRA et al.,

2007).

O lançamento de novas cultivares deve ser atrelado a estudos ecofisiológicos em primeira

instância. Esses estudos envolvem produção de massa seca, produtividade, longevidade, manejo

da planta com animais e por fim suas características qualitativas que poderão trazer melhor

desempenho animal.

Nesse sentido, a Brachiaria brizantha cv. Xaraés lançada em 2002 pelo Centro

Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (EMBRAPA) apresentava como características: resistência moderada a

cigarrinhas-das-pastagens, persistência, boa produtividade e distribuição estacional da produção

de 30% na seca e 70% no período das chuvas (BRASIL, 2010), podendo ser utilizada para a

produção exclusivamente a pasto, como as demais cultivares de Braquiária.

Essa cultivar vem sendo amplamente estudada e características como estabelecimento

rápido, florescimento tardio, alta produção de sementes (VALLE et al., 2001); rebrotação

vigorosa (MARTUSCELLO et al., 2005), boa capacidade de suporte e acúmulo de forragem

(VALLE et al., 2004), a diferencia das demais braquiárias, tornando-a superior a braquiaria

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brizantha cv. Marandu, uma das plantas forrageiras mais estudadas no meio científico pela sua

expressividade em pastagens (DA SILVA, 2004).

Apesar dos diversos estudos envolvendo essa cultivar, a maioria das avaliações realizadas

são referentes a cortes da forragem rente ao solo. Assim, não consideram a seleção de forragem

exercida pelos animais, ou seja, não avaliam a forragem que é potencialmente consumida pelos

animais em pastejo. Os animais consomem as folhas em detrimento aos colmos e material morto,

sendo esses os componentes da planta que podem limitar consumo (EUCLIDES et al., 2007).

A técnica de amostragem conhecida como pastejo simulado se utiliza da observação da

busca e seleção do alimento exercida pelo animal para coletar uma porção da planta similar

àquela selecionada pelos animais, a ser avaliada nutricionalmente. Desta forma o pastejo

simulado pode ser utilizado como ferramenta para aferir a qualidade da forragem potencialmente

consumida pelos animais durante o pastejo.

Assim, o objetivo do presente trabalho foi estudar a qualidade da Brachiaria brizantha cv.

Xaraés adubada com nitrogênio, potencialmente consumida por animais em pastejo, através da

técnica de pastejo simulado e detectar a dosagem mínima de N aplicado ao solo que estabiliza as

possíveis respostas lineares das principais variáveis qualitativas do capim-xaraés.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Produção animal sustentável

A produção animal em pastagens é considerada a forma mais prática e rentável de criação.

A praticidade está no animal buscar seu próprio alimento, reduzindo assim os custos de produção

da atividade pecuária. Segundo Abreu et al. (2006) a utilização do pasto para alimentação é o

fator de maior importância na redução dos custos da atividade.

Estima-se que no Brasil 48% das terras disponíveis são utilizadas para pastagens naturais

ou plantadas; 21% são constituídas de lavouras permanentes e temporárias e 28% de matas e/ou

florestas naturais destinadas a preservação permanentes ou reservas legais (IBGE, 2009).

No entanto, além de disponibilidade de área e clima favorável para estabelecimento da

pastagem, para que a pastagem seja sustentável há também necessidade de manter a

produtividade e a qualidade nutricional das forrageiras utilizadas. Segundo Da Silva (2004) as

premissas básicas para idealização e condução de sistemas eficientes de produção animal em

pastagens são o conhecimento da morfologia, ecofisiologia e ecologia do pastejo, que possibilita

maior precisão nas ações de manejo e nas respostas produtivas das pastagens.

Basso et al. (2010) ressaltam a importância do estudo morfofisiológico do crescimento da

planta para estabelecer métodos de manejo mais adequados. Para esses autores quando se trata de

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forrageiras tropicais os conhecimentos mais importantes são: as taxas de aparecimento e

alongamento de folhas, duração da vida das folhas e taxa de alongamento de colmo.

Assim, a produção animal em pastagens para ser sustentável deve-se estar norteada ao real

conceito de sustentabilidade que é: ser um sistema ambientalmente/ecologicalmente correto,

socialmente justo e economicamente viável (CNJ, 2012).

Muitas vezes, as áreas de pastagens nas regiões tropicais não têm sido

ambientalmente/ecologicamente corretas por necessitarem de ampliação da pastagem para

alimentação dos animais em resposta a redução da produtividade por área. No entanto, para Lana

(2009) isso só é possível quando a disponibilidade de terras não for fator limitante. Apesar do

Brasil apresentar grande extensão territorial, suas fronteiras agrícolas chegaram ao seu limite.

Dessa forma, há a ocorrência das expansões ilegais que levam à invasão de áreas florestais,

colocando-as em risco de extinção permanente.

A prática da adubação pode ser utilizada para intensificar o uso da terra através do

aumento da produtividade por área. No entanto, se essa atividade for realizada de forma

inadequada pode se tornar onerosa, justamente pelo elevado custo dos fertilizantes. Assim, a

escolha adequada do fertilizante e a quantidade mínima a ser aplicada faz com que esteja de

acordo com as condições financeiras dos produtores rurais, assegure a produtividade da forragem

e a torne economicamente viável, socialmente justa e ecologicamente correta com menor impacto

ambiental.

2.2. Brachiaria brizantha cv. Xaraés

As plantas do gênero Brachiaria são caracterizadas pela sua grande flexibilidade de uso e

manejo, sendo tolerantes a uma série de limitações e/ou condições restritivas de utilização (DA

SILVA, 2004). Devido às inúmeras cultivares já lançadas no mercado, as gramíneas desse gênero

tem contribuído para o avanço da pecuária. É reconhecida internacionalmente, tem rompido

barreiras de adaptação e permitido ganhos expressivos na taxa de lotação, no desempenho e na

produtividade animal (COSTA et al., 2006).

Entre as novas cultivares forrageiras que foram lançadas, após 15 anos de avaliações, a

Brachiaria brizantha Hochst Stapf cv. Xaraés foi difundida em 2003 pelo Centro Internacional

de Agricultura Tropical (CIAT) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

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(EMBRAPA). Com origem na África Equatorial, apresenta ciclo vegetativo perene com altura

em crescimento livre de 1,50 m como uma opção para a diversificação das pastagens, onde

predomina a cultivar Marandu, formando extensos monocultivos (VILELA, 2005; VALLE et al.,

2004).

Essa cultivar foi apresentada inicialmente com as seguintes características: resistência

moderada a cigarrinhas-das-pastagens, alta produtividade, especialmente de folhas, persistência,

florescimento tardio e distribuição estacional da produção de 30% na seca e 70% no período das

chuvas, podendo ser utilizada como as demais cultivares do gênero Brachiaria para a produção

animal exclusivamente a pasto (BRASIL, 2010; VILELA, 2005).

Desde seu lançamento, os estudos apontam a velocidade de rebrota como uma

característica marcante nessa cultivar, por tornar a forrageira capaz de se adaptar ao frequente

regime de desfolhação, recuperando mais rapidamente seu aparato fotossintético e mantendo as

folhas no sistema (BRASIL, 2010; MARTUSCELLO et al., 2005; BERTOLINI et al., 2010).

Para Bertolini et al. (2010) a capacidade de emissão de folhas do capim-xaraés, após a

desfolhação, é uma característica expressa em condições climáticas adequadas. Pois, em baixa

temperatura e pluviosidade ocorre queda na taxa de acúmulo do capim, principalmente nos pastos

mantidos entre 15 a 45 cm de altura do dossel forrageiro. Esses autores preconizam que maiores

taxas de acúmulo de forragem são atingidas mantendo os pastos a 30 cm de altura.

Valle et al. (2004) verificaram, em experimento realizado na região do cerrado, que o

capim-xaraés, apesar de individualmente promover menor ganho de peso, sua maior taxa de

rebrota garantiu maior taxa acúmulo de massa seca e taxa de lotação 25% superior a cultivar

Marandu, resultando em 4 arrobas de peso vivo ha-1

por ano a mais do que a cultivar Marandu.

A superioridade da cultivar Xaraés em relação a Marandu, segundo Andrade et al.

(2009b) é verificada por apresentar maior tolerância a solos com má drenagem temporária, maior

proporção de lâminas e extração de nitrogênio. No entanto, quanto ao número de folhas

(ANDRADE et al., 2009b), à resistência a cigarrinha (Zulia spp. e Deois spp.), valor nutricional e

produção de sementes a cultivar Marandu é superior à Xaraés (NAVE, 2007).

O capim-xaraés apresenta produtividade anual de cerca de 23 a 25 t ha-1

de massa seca e

resposta à adubação nitrogenada positivamente lineares ou quadráticas para a maioria das

variáveis, refletindo nas características nutricionais desejáveis da gramínea (BRASIL, 2010;

VILELA, 2005).

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O percentual de PB do capim-xaraés encontra-se acima do nível critico de 7% para a

manutenção da flora microbiana e metabólica dos bovinos (HEINRICHS et al., 2009) e o teor de

FDN se mantem em 73%, quando manejado à altura de 30 cm de altura, segundo constatou

Galbeiro (2009).

O teor de FDA para o capim-xaraés encontrado na literatura é de 31 a 36%, sendo

classificada por Pereira et al. (2009a) a cultivar de menor teor de FDA não diferindo da cultivar

Marandu e Brachiaria decumbens cv. Basilisk. Isepon et al. (2009) comparando gramíneas do

gênero Brachiaria brizantha, verificaram que o teor de FDA da cultivar Xaraés foi superior aos

demais cultivares estudados (Marandu, MG-4 e Mulato). Ou seja, a cultivar apresentou forragem

de qualidade inferior não só por apresentar alto teor de FDA, mas também por apresentar

menores teores de nutrientes digestíveis totais (NDT).

Quanto aos teores de lignina, o capim-xaraés possui em torno de 3 a 6%, valores esses que

não afetam a digestibilidade dessa gramínea segundo PEREIRA et al., (2009b) e FARIA (2010).

2.3. Adubação nitrogenada e valor nutricional

O nitrogênio é o nutriente de maior predominância na atmosfera (78,3%), sendo

encontrado também na biosfera (0,27%). Mas, apesar dessa abundância, a forma presente no ar

(N2) não é diretamente aproveitada pelas plantas, uma vez que essas reconhecem apenas o

nitrogênio na forma mineral (amônio ou nitrato) (PRADO, 2008).

Nos solos tropicais o nitrogênio encontra-se em maior percentual sob a forma orgânica

(95%) e através da atividade microbiana a forma mineral (5%) tende a passar para forma

orgânica, voltando à forma mineral somente após a morte dos microrganismos (RAIJ et al., 1996;

PRADO, 2008).

Segundo Bonfim-Silva e Monteiro (2006) a disponibilidade do nitrogênio exerce grande

influência na nutrição das plantas, o que reflete na produção e qualidade da forragem. A demanda

do nitrogênio pela planta não é naturalmente suprida pelo solo, devido a sua elevada exigência e

também pela retirada de N do sistema por intermédio dos produtos colhidos.

Para que a atividade agrícola seja sustentável é necessário que os nutrientes removidos do

solo ou exigidos em maior proporção sejam repostos por meio de aplicação de fertilizantes com

bons índices de aproveitamento (CUNHA et al., 2010).

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As exigências nutricionais das plantas são definidas a partir da proporção que os

nutrientes devam aparecer na matéria seca. Prado (2008) ressalta que o nitrogênio encontra-se no

primeiro grupo dos nutrientes exigidos em maior proporção como: os macronutrientes - fósforo,

potássio, cálcio, magnésio e enxofre.

Martuscello et al. (2005) preconizam que o aumento do teor de nitrogênio no solo por

meio da fertilização é uma das formas de incrementar a produtividade das pastagens. A

produtividade das plantas forrageiras é o efeito mais pronunciado da fertilização se comparado à

alteração na composição química (GOMIDE, 1989), provavelmente pelas alterações positivas nas

características estruturais e morfológicas das plantas em resposta a adubação nitrogenada que

promovem o incremento da produção de massa seca.

Além disso, a adubação nitrogenada acelera o ritmo de crescimento das plantas,

interferindo na qualidade da forragem produzida (ALVIM et al., 2000). Essa alteração da

velocidade de crescimento das plantas também foi observada por Sarmento et al. (2005), quando

da aplicação de N esse promoveu a busca por ambiente luminoso, emissão de folhas e

intensificação no processo de senescência por causa do auto sombreamento.

No entanto, em altas doses de aplicação, o nitrogênio pode promover também efeito

positivo nas taxas de aparecimento e alongamento das folhas, aumentando a proporção de folhas

e diminuindo a porcentagem de tecidos considerados ricos em lignina e celulose (BASSO et al.,

2009). Assim, de forma geral, gramíneas que não recebem adubação nitrogenada tornam-se

ineficientes no crescimento e diminuem drasticamente o fluxo de tecidos.

Neste contexto, a fertilização pode ser responsável ainda pela potencialização da

qualidade da planta ou pela perda de forragem causada pela senescência das folhas em função da

aceleração da maturidade fisiológica causada pela quantidade de nitrogênio aplicada ao solo pela

adubação. Desta forma, para se evitar perdas, aumentar a eficiência de utilização do N e

maximizar a produção de massa seca de forragem e consequentemente a produção animal, torna-

se necessário conhecer a dose adequada de sua aplicação.

Para que haja eficiência da adubação nitrogenada é necessário um mínimo de umidade do

solo. Assim, as condições climáticas regionais podem ser limitantes no processo de absorção do

N no solo. Segundo Marcelino et al. (2003) quanto menor a tensão hídrica sofrida pelo solo,

associada ao incremento de N, maior será a produção de massa seca de plantas. Esses autores

observaram que a dose de 360 kg ha-1

de N e a menor tensão hídrica estudada (35 kPa)

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proporcionaram a maior produção de massa seca nos períodos com condições climáticas não

limitantes, e o índice de área foliar elevou-se com o aumento nas doses de nitrogênio no manejo

do capim Tifton 85.

A principal estrutura acumuladora do nitrogênio do solo é a parte aérea das plantas. Esse é

mobilizado para produção de novas folhas ou qualquer outro órgão de crescimento que apresente

alta demanda do nutriente (PRADO, 2008). Os animais consomem as folhas em preferência a

colmo e material vivo em detrimento ao material morto. Assim, os capins que são adubados com

nitrogênio são mais selecionados pelos animais, por apresentarem maior digestibilidade em

função da maior proporção de folhas. E essas são mais digestíveis que o colmo e material morto

(EUCLIDES et al., 1992).

Segundo Black (1968) o N disponível na fertilização da planta, apesar de estimular o seu

crescimento, aumenta a utilização dos carboidratos disponíveis para formação de células e de

protoplasma em vez de provocar o espessamento das paredes das células pelo acúmulo desses

carboidratos.

A adubação nitrogenada promove elevação no teor de PB uma vez que o nitrogênio

participa ativamente na síntese de compostos orgânicos que formam a estrutura do vegetal. Neste

sentido Corrêa et al. (2007), estudando pastos de capim-coastcross com a adubação de N até a

dose de 200 kg ha-1

observaram que, além da elevação da produção de massa seca, houve

também acréscimo nos teores de proteína bruta e N-NO3, redução nos teores de FDN e MS e

aumento na digestibilidade da matéria seca com o aumento de doses de N durante dois anos

agrícolas, proporcionando melhor qualidade de forragem.

A elevação nos teores de proteína bruta observada nos experimentos com gramíneas

proporcionada pela adubação nitrogenada ocorre devido a essa variável ser resultante de

aminoácidos que são gerados em vias metabólicas para incorporação do nitrogênio (PRADO,

2008) e pela maior concentração de proteína ocorrer nas folhas, sendo de alto valor biológico e de

composição aminoacídica de elevada qualidade (DIAS, 2011).

Segundo Nussio et al. (1998), com o aumento de doses de nitrogênio ocorre também a

redução no teor de fibra e consequente elevação na digestibilidade. A redução do teor de FDN na

planta promove aumento no consumo de massa de forragem de melhor qualidade e na

digestibilidade pelo maior aproveitamento dessas fibras. Segundo Andrade et al. (2009a), a FDA

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apresenta relação inversa com a digestibilidade, principalmente pela presença de lignina, devido a

redução na velocidade de passagem do alimento no sistema digestório dos animais.

Segundo Costa et al. (2008) manejar o solo com a prática de adubação, a partir do

conhecimento das exigências nutricionais das plantas forrageiras, é fator primordial para o

manejo, porque interfere na produção e na qualidade das pastagens.

No entanto, alguns autores como Moreira et al. (2009) e Ferrazza et al. (2009), estudando

a produção de pastagens com adubação nitrogenada, não observaram efeito do nutriente sobre os

características químico-bromatológicas (PB, FDN, LIG e NDT) e DIVMS. Para esses autores o

melhor resultado apresentado pelas gramíneas é na expressão do potencial produtivo,

corroborando com Gomide (1989) que adverte que não se deve esperar alteração substancial na

composição químico-bromatológica da forragem pela adubação nitrogenada em virtude do efeito

ser mais pronunciado na produção de massa de forragem.

No entanto os estudos realizados para se conhecer as características nutricionais das

forragens adubadas com nitrogênio, na grande maioria, não consideram a seleção da forragem

exercida pelo animal, visto que as avaliações são realizadas na por cortes rente ao solo da massa

de forragem. Assim, torna-se necessário conhecer as características nutricionais dos capins

quando esse é colhido semelhantemente ao potencialmente consumido pelos animais.

2.4. Simulação de pastejo

As mensurações das características morfológicas, fisiológicas e nutricionais das forragens

podem ser realizadas a partir de amostras que representem a realidade observada no campo. De

forma geral, as amostras utilizadas para avaliação nutricional da forragem devem considerar a

capacidade de consumo e ingestão voluntária do animal, pois a qualidade da dieta selecionada

pelos bovinos em pastejo possui características químicas e botânicas diferentes da forragem

disponível no pasto (GOES et al., 2003). Consequentemente, quando comparada com a forragem

disponível, a dieta selecionada pelos animais apresenta maior valor nutritivo (EUCLIDES et al.,

1992).

As técnicas de massa total de forragem, extrusa e simulação de pastejo são utilizadas para

amostragem de forragem e predição dos valores nutricionais da forragem potencialmente

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consumida. Por suas diferentes formas de obtenção da forragem, esses métodos de coleta são

comparados e criticados por diversos autores.

Segundo Euclides et al. (1992) o uso de animais fistulados no esôfago permite coleta de

boas amostras da forragem pastejada. As amostras coletadas por esse método só não serão

representativas quando os animais fistulados no esôfago forem submetidos ao jejum prolongado

ou não estiverem familiarizados com a área a ser pastejada. No entanto, para Jones e Lascano

(1992) esse método pode fornecer estimativas errôneas do valor nutricional da forragem pela

contaminação por nitrogênio salivar.

Segundo Moraes et al. (2005) no método de massa de forragem, em que são realizados

cortes rente ao solo, tem-se observado que as amostras da forragem normalmente não são

representativas da dieta ingerida pelos animais, pois a análise direta do pasto não é a melhor

maneira de se estimar a composição químico-bromatológica da dieta dos animais em pastejo

(SANCHEZ, 1993).

A determinação da forragem disponível no pasto é de extrema importância por

possibilitar estimativas do desempenho animal e suas perdas (DERESZ et al., 2006). No entanto,

esse método não é representativo da dieta ingerida pelos animais. As estimativas obtidas por este

método de amostragem são frequentemente associadas a alto erro experimental por não

considerar a seleção que o animal executa para compor sua dieta. Desta forma, os valores são

subestimados quando comparado à simulação de pastejo e a extrusa (GOES et al., 2003,

MORAES et al., 2005) por avaliar estruturas de menor valor nutricional e que provavelmente não

são consumidas pelos animais em pastejo.

A técnica de amostragem por simulação de pastejo leva em consideração o

comportamento de pastejo do animal, sem presença de suplementos. Segundo Carvalho et al.,

(2009) o processo de pastejo envolve a busca, a seleção e a captura da forragem pelo animal.

Contudo, a intensidade que ocorre nesse processo é depende do tempo de pastejo e da massa seca

da forragem, entre outros aspectos.

A estrutura do pasto, massa de forragem e seu valor nutricional podem afetar o

comportamento de pastejo e consequentemente a ingestão voluntária do alimento. A metodologia

do pastejo simulado se utiliza da observação do processo de busca, seleção e captura da forragem

pelos animais, que preferencialmente priorizam as folhas ao colmo e materiais verdes em

detrimento ao material morto. Por isso sua utilização tem sido indicada como um método viável

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tanto por sua representatividade da forragem consumida, quanto pela praticidade (EUCLIDES et

al., 1992; GOES et al., 2003).

Galbeiro (2009), assim como Euclides et al. (2007) e Oliveira (2008), reconhecendo as

diferenças qualitativas entre a massa de forragem disponível no pasto e a consumida pelos

animais, utilizaram os métodos de disponibilidade total para mensurar componentes morfológicos

da forragem, e de simulação de pastejo para predizer o valor nutricional da forragem.

Todavia, Morais et al. (1998) afirmaram que o método de pastejo simulado só é eficaz

quando se tem grande quantidade de massa de forragem disponível. Para Berchielli, Silveira e

Furlan (2002) amostras oriundas de método de extrusa apresentam valores médios de

digestibilidade superiores ao do pastejo simulado, provavelmente devido à maior seletividade dos

animais.

Neste contexto, de acordo com Goes et al. (2003) a determinação da composição química

da forragem é influenciada pelo método de amostragem, principalmente para os teores de

proteína bruta. Esses autores, estudando a qualidade do capim Tanner-Grass (Brachiaria arrecta)

por três métodos de amostragem concluíram que as amostras obtidas através da disponibilidade

de massa seca total, por considerar a planta toda, não são representativas da dieta ingerida pelos

bovinos. As amostras obtidas por pastejo simulado e extrusa podem propiciar melhor estimativa

da dieta selecionada pelos bovinos.

Diante desse contexto, espera-se a adubação nitrogenada melhore valor nutricional da

forragem oriunda de pastos de capim-xaraés. O presente estudo visa observar a alteração no valor

nutricional do capim-xaraés adubado com doses de nitrogênio, além de estabelecer a dosagem

mínima de N aplicado ao solo que estabiliza as possíveis respostas lineares das principais

variáveis qualitativas do capim-xaraés. Visa também à aplicação do método de simulação de

pastejo para a obtenção de amostras representativas do possível consumo animal dessa forragem.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Local, período e descrição da área experimental

O experimento foi desenvolvido no período de agosto de 2009 a março de 2010, no

Centro de análises de pesquisas Tecnológicas do agronegócio - Bovinos de Leite, do Instituto de

Zootecnia, localizado na cidade de Nova Odessa, estado de São Paulo, nas coordenadas 47º 27’

81’’ longitude oeste e 22° 75’ 12’’ latitude sul. O clima dessa região, segundo a classificação de

Köppen, é do tipo Cwa, tropical quente e úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno.

Os dados climáticos durante o período em que foi realizado o experimento foram obtidos

a partir do monitoramento climatológico realizado pelo Centro Integrado de Informações

Agrometeorologias (CIIAGRO/IAC), através da estação meteorológica situada em Nova

Odessa/Instituto de Zootecnia a uma distância de aproximadamente 10 km do local do

experimento (Figura 1). O extrato do balanço hídrico mensal (Figura 2) foi calculado segundo

metodologia de Rolin, Sentelhas e Barbieri (1998) considerando-se uma capacidade de

armazenamento de água no solo (CAD) de 175 mm estimada conforme a classificação do solo, a

partir dos valores tabelados por Thornthwaite e Mather (1957).

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Figura 1. Dados climáticos durante o período experimental. Colunas representam a precipitação

pluvial, o, + e x referem-se à temperatura do ar máxima, média e mínima,

respectivamente.

Figura 2. Extrato do balanço hídrico mensal dos períodos anterior (2008/09) e posterior (2010/11)

ao período experimental (2009/10); e correspondem ao excesso e déficit de

precipitação (mm).

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A gramínea Brachiaria brizantha cv. Xaraés foi implantada em janeiro de 2008, após a

remoção completa do Panicum maximum cv. Tanzânia, por meio de super pastejo, seguido de

roçada, aragem e gradagem pesada para revolver o solo.

Os piquetes compreenderam área de 112 m2

cada (14 m de comprimento x 8 m de

largura), divididos com cerca elétrica com dois fios de arame liso, utilizando-se mourões de

eucalipto. O experimento foi realizado segundo um delineamento de blocos completos

casualizados. Os tratamentos correspondem a seis doses de nitrogênio (0, 125, 375, 500, 625 kg

ha-1

), com 4 repetições dispostas nas unidades experimentais, e adotou-se esquema de parcelas

subdivididas, com medidas repetidas no tempo para análise de dados. A representação

esquemática da área experimental encontra-se na Figura 3. Foram colocados quatro bebedouros e

duas coberturas com sombrite ao lado da área experimental para os animais (Figuras 3 e 4).

Figura 3. Representação esquemática da área experimental.

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Figura 4. Área de reserva onde ficavam os bebedouros (I) e as coberturas feitas com sombrite

para os animais (II).

3.2. Análise química e granulométrica do solo, calagem e adubação.

Amostras do solo para análises química e granulométrica da área experimental foram

coletadas em agosto de 2009, na profundidade de 0 a 20 cm. Foram coletadas 24 amostras

simples por piquetes. As análises químicas foram feitas no Laboratório de Fertilidade do Solo da

FCAV/ UNESP, em Jaboticabal (SP) seguiu-se a metodologia descrita por Raij et al. (2001) e

apresentou os seguintes resultados médios: P (resina) = 13 mg dm-3

; MO = 21 g dm-3

; pH

(CaCl2)= 4,6; K+ = 1,2 mmoc dm

-3; Ca

+2 = 11 mmoc dm

-3; Mg

+2 = 5 mmoc dm

-3; H+Al = 33 mmoc

dm-3

; SB = 17 mmoc dm-3

; CTC = 50 mmoc dm-3

e V = 35%. As análises granulométricas foram

realizadas no Laboratório Athenas Consultoria Agrícola, em Jaboticabal (SP) segundo a

metodologia de Camargo et al. (1986) cujos resultados foram: Areia = 669 g kg-1

, Silte = 188 g

kg-1

e Argila = 143 g kg-1

e classe textural franco-arenosa. O solo da área experimental é do tipo

Gleissolos Melânicos com horizonte A Gleis Húmicos segundo classificação do Sistema

Brasileiro de Classificação do Solo (SBCS) (EMBRAPA, 1999).

O calcário, cujo PRNT foi de 75%, foi aplicado em setembro de 2009 visando elevar a

saturação por base do solo a 60%. Aplicou-se a quantidade de 1,7 t ha-1

de calcário com teor de

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Mg entre 12 e 15% após o rebaixamento das plantas com pastejo e corte mecânico á altura de

aproximadamente 15 cm da superfície do solo. O resíduo da forragem proveniente do corte

mecânico para uniformização não foi removido do solo. A distribuição do calcário foi feita

manualmente, a lanço sem incorporação na pastagem estabelecida.

A quantidade de adubo fosfatado adicionada ao solo foi baseada nas exigências das

espécies do gênero Panicum maximum (VALLE et al., 2004), aplicando-se 40 kg ha-1

de P2O5 na

forma de superfosfato simples, o que correspondeu a 26 kg ha-1

de S. Utilizou-se essa quantidade

deP2O5 para não haver limitação na maiores de nitrogênio aplicados na área experimental. A

adubação fosfatada foi realizada juntamente com a primeira parcela de adubo nitrogenado.

A adubação potássica foi feita com base na extração do nutriente pelo capim-xaraés,

considerando produção de massa de forragem de 20 t ha-1

por ano (VALLE et al., 2001), e na

concentração de K nas lâminas de folhas recém-expandidas de 20 g kg-1

(SILVEIRA et al., 2005),

o que resultaria em extração de potássio pela parte aérea de 400 kg ha-1

que foram aplicados ao

solo na forma de cloreto de potássio. A aplicação de potássio, devido a textura do solo ser

Franco-arenosa, conforme recomendado por Oliveira et al. (2003), foi parcelada em 2 vezes entre

os dias 22 a 25 de setembro de 2009, nos blocos 1, 2, 3 e 4, respectivamente e entre os dias 17 a

20 de novembro do mesmo ano, nos respectivos blocos experimentais.

Inicialmente, foram pesados, separadamente e por parcela, o superfosfato simples, o

cloreto de potássio e a uréia (esta de acordo com as doses de N). Posteriormente, os adubos foram

misturados em sacos de plásticos e lacrados por serem higroscópicas. A mistura de adubos foi

aplicada a lanço e uniformemente na superfície de cada parcela.

As doses de nitrogênio aplicadas (0; 125; 250; 375; 500 e 625 kg ha-1

) na forma de uréia

agrícola foram parceladas igualmente em cinco vezes durante o período das águas. A primeira

adubação nitrogenada foi feita no mês de setembro (entre os dias 22 a 25/09/2009), após pastejo e

corte mecânico para uniformização da altura do dossel forrageiro a 15 cm, sendo que as demais

adubações foram realizadas nos meses de outubro (entre os dias 20 a 23/10/2009), de novembro

(entre os dias 17 a 20 /11/2009), de dezembro (entre os dias 15 a 18/12/2009) e de janeiro (entre

os dias 12 a 15/01/2010) após a saída dos animais dos piquetes.

Cada unidade experimental foi dividida em faixas de 7 m de comprimento x 1 m de

largura para melhorar a qualidade da distribuição manual do calcário, assim como a aplicação

manual do adubo fosfatado, potássico e nitrogenado (Figura 5).

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Figura 5. Adubação a lanço em faixas demarcadas de 7 m de comprimento x 1 m de largura.

3.3. Condução do experimento

As avaliações do experimento foram realizadas no período das águas compreendido entre

setembro de 2009 a março de 2010. Foram feitas seis amostragem de forragem, em seis ciclos de

pastejo antes da entrada dos animais nos piquetes. Durante todo o período experimental a altura

de pós-pastejo foi controlada por meio da adição ou retirada de animais em cada unidade

experimental.

A determinação da altura média das plantas foi obtida por aferição de 10 plantas.

Realizou-se o caminhamento zigue-zague dentro da área útil da parcela com medida aferida com

régua graduada, e observando à distância de, aproximadamente, 5 metros e à altura de curvatura

das folhas (ALMEIDA et al., 2000).

Como o presente experimento foi realizado concomitantemente ao de Santos (2010), na

mesma área experimental, utilizou-se de seus resultados médios como forma de caracterização

inicial dos pastos de capim-xaraés nas avaliações do pastejo simulado. As variáveis utilizadas

foram: alturas do dossel forrageiro do pré-pastejo (Tabela 1), percentagem de lâminas e

colmo+bainhas no pré e pós-pastejo e acúmulo de forragem (Tabela 2).

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Tabela 1. Alturas médias de plantas no pré-pastejo do capim-xaraés adubado com N nos ciclos.

Dose de N Ciclos de pastejo

kg/ha 1 2 3 4 5 6

Alturas das plantas (cm)

0 33,15 41,13 51,23 56,18 50,83 53,65

125 37,02 45,28 62,70 60,05 56,75 63,38

250 39,87 49,75 71,90 54,65 54,53 64,15

375 42,37 59,93 68,23 63,53 59,63 70,80

500 44,25 61,90 70,95 71,20 61,30 65,88

675 47,47 63,25 71,83 61,58 56,70 65,25 Fonte: SANTOS, 2010

Tabela 2. Porcentagens médias de lâminas foliares (L), colmos+bainhas (CB) no pré e pós-

pastejo e acúmulo de forragem do capim-xaraés adubado com N nos ciclos de pastejo.

Dose de N Ciclos de pastejo

kg/ha 1 2 3 4 5 6

Pré-pastejo

----------- % de lâminas, colmos+bainhas ----------

L CB L CB L CB L CB L CB L CB

0 48 13 56 18 57 30 64 29 54 31 54 26

125 48 14 55 21 59 34 58 31 52 32 50 28

250 53 16 62 22 60 31 59 28 58 28 51 26

375 56 16 64 24 52 34 56 32 55 31 49 35

500 62 16 62 24 53 34 60 27 57 32 58 30

675 57 19 65 23 54 35 67 30 61 29 51 32

Pós-pastejo

----------- % de lâminas, colmos+bainhas ----------

L CB L CB L CB L CB L CB L CB

0 20 22 28 32 47 34 41 36 33 39 20 41

125 22 21 30 33 41 46 29 39 24 46 27 41

250 16 25 30 35 40 41 35 37 24 44 34 34

375 21 29 30 42 35 41 30 44 28 46 36 36

500 26 29 26 42 43 37 36 39 26 46 28 40

675 20 31 38 35 44 40 35 37 27 43 22 46

Acúmulo de forragem

--------- (kg/ha) --------

0 1187,04 2690,05 1880,56 3014,81 2521,06 1896,76

125 1839,35 3740,05 2133,33 4021,53 3947,45 2475,69

250 1697,45 3138,43 2599,31 4048,61 4019,91 2388,19

375 2168,06 4383,10 2694,91 4301,16 4627,31 3236,81

500 1554,86 4311,34 6204,40 5653,47 3735,42 2178,24

675 1737,27 4002,55 2896,53 4218,75 3928,47 3333,10 Fonte: SANTOS, 2010

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No primeiro e segundo ciclo de pastejo a altura média do resíduo pós-pastejo do capim-

xaraés foi de 15 cm (EMBRAPA, 2003), para tanto foram colocados três animais em cada

unidade experimental, exceto no tratamento testemunha, onde foram colocados dois animais

devido a menor altura das plantas, durante o período de ocupação de 1 dia por bloco com intuito

de rebaixar o capim à altura desejada.

O período de rebrotação do primeiro e segundo ciclos de pastejo foi de 27 dias. Nos

demais ciclos os períodos foram de 26 dias devido a necessidade de se elevar o período de

ocupação para 2 dias. Isso foi necessário pela dificuldade em atingir a altura do resíduo abaixo de

20 cm com o período de ocupação de um dia e também para diminuir a perda de forragem por

tombamento, pisoteio, excrementos fisiológicos dos animais e também pela colheita para

estimativa da massa de forragem, realizada por Santos (2010). E, portanto, optou-se por aumentar

a altura da forragem no pós-pastejo para 24 a 27 cm a fim de garantir a perenidade do capim.

3.4. Metodologia de amostragem

A amostragem do capim-xaraés foi feita, segundo a técnica de simulação de pastejo

descrita por Johnson (1978). As amostragens foram realizadas sempre pela manhã, buscando

colher manualmente forragem semelhante à apreendida pelos animais, um bloco a cada dia

(Tabela 3).

Tabela 3. Período de coleta do capim-xaraés por blocos

CP (1)

BL1(2)

BL2(2)

BL3(2)

BL4(2)

1º 19/10/2009 20/10/2009 21/10/2009 22/10/2009

2° 16/11/2009 17/11/2009 18/11/2009 19/11/2009

3° 14/12/2009 15/12/2009 16/12/2009 17/12/2009

4° 11/01/2010 12/01/2010 13/01/2010 14/01/2010

5° 08/02/2010 09/02/2010 10/02/2010 11/02/2010

6° 08/03/2010 09/03/2010 10/03/2010 11/03/2010

(1)

CP: ciclos de pastejo (período de 26-27 dias); (2)

BL: bloco (Parcela com seis unidades experimentais).

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Para a realização da simulação de pastejo observou-se o comportamento dos animais que

pastejavam, ou seja, a área, a altura e as partes das plantas que eram consumidas, a fim de

estabelecer-se uma amostragem mais próxima da selecionada pelos animais. No momento da

amostragem, a apreensão do capim foi feita com as mãos simulando a movimentação horizontal

da língua dos animais e o corte realizado com canivete a altura de pastejo de acordo com o

bocado dos animais, ou seja, o material era constituído apenas por folhas. Foram coletadas

amostras de no mínimo 500 g por unidade experimental.

Para realização da simulação de pastejo observou-se os animais da raça Holandesa, nas

categorias de vacas secas e novilhas. Após a simulação de pastejo os animais continuavam na

área experimental para consumir a forragem (Figura 6) até a altura de resíduo de pastejo de 15 cm

nos ciclos de pastejo 1 e 2 e alturas de resíduo de 24 a 27 cm nos demais ciclos de pastejo.

Figura 6. Animais pastejando nos piquetes da área experimental com cercas elétrica

3.5. Avaliação qualitativa da forragem

As análises químico-bromatológicas e de digestibilidade in vitro da matéria seca foram

realizadas no Laboratório de Bromatologia e Análises Minerais do Instituto de Zootecnia (IZ) da

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Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e

Abastecimento (SAA). Após a coleta, as amostras foram acondicionadas em sacos de papel e

colocadas em estufa com ventilação forçada de ar a 55°C por 72 horas até peso constante.

Posteriormente, as amostras foram pesadas para estimativa da matéria seca total, processadas em

moinho estacionário tipo “Willey”, utilizando-se peneira com malha de 1 mm e armazenadas em

sacos plásticos para posterior análise.

Foram realizadas as seguintes análises: Matéria Seca (MS), Matéria mineral (MM), Fibra

em Detergente Neutro (FDN), Fibra em Detergente Ácido (FDA), Lignina a 72% de H2SO4

(LIG), Proteína Bruta (PB) e Extrato Etéreo (EE) segundo metodologia de Van Soest et al. (1991)

e Goering e Van Soest (1970). A celulose (CEL) e hemicelulose (HEMI) foram obtidas por

cálculo após as estimativas de FDN e FDA. Para determinações de digestibilidade in vitro da

matéria seca foi utilizado a método da digestibilidade verdadeira a partir do resíduo de FDN, sem

a adição de sulfito, como proposto por Goering e Van Soest (1970). A partir da equação de

Sniffen et al. (1992) obteve-se os teores de carboidratos não fibrosos (CNF).

3.6. Delineamento experimental e análises estatísticas

O delineamento experimental foi de blocos completos casualizados, os tratamentos

corresponderam a seis doses de nitrogênio (0, 125, 375, 500, 625 kg ha-1

), com quatro repetições,

em esquema de parcelas subdivididas, com medidas repetidas no tempo. As doses de nitrogênio

foram estudadas nas parcelas principais e os ciclos de pastejo nas subparcelas.

Para análise estatística dos dados utilizou-se os procedimentos do modelo linear e não

linear pacote estatístico SAS® (Statistical Analysis System), para Windows (SAS INSTITUTE,

2005). Os dados foram submetidos à análise de variância utilizando-se o PROC MIXED

(modelos mistos) do SAS. Para escolha da matriz de covariância foi utilizado o critério de

informação de Akaike (WOLFINGER, 1993). Assim, foi possível detectar os efeitos dos ciclos

de pastejo. As médias entre tratamentos foram estimadas usando-se o LSMEANS e a comparação

entre elas, quando necessário, realizada por meio da probabilidade da diferença (PDIFF), usando

o teste Tukey à 5% de probabilidade.

Para avaliar o efeito das doses de N nas variáveis respostas aplicou-se a análise de

regressão polinomial, através do procedimento GLM, com ajuste das equações de primeiro e

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segundo grau a 10% de probabilidade para obtenção das curvas e seus fatores para posterior

aplicação da regressão linear segmentada. A dose mínima ideal de N para a estabilização de

resposta dos constituintes estudados foi obtida através da aplicação do teste de regressão linear

segmentada modelo NLIN “brokenline” no SAS. Optou-se pela utilização das reais doses de N

(fracionamento de N: 25, 50, 75, 100 e 125 kg ha-1

) aplicadas ao solo para realização do teste de

regressão segmentada pela imediata resposta nos teores das variáveis estudadas, principalmente

na proteína bruta. O modelo da regressão, segundo Robins (2006), é do tipo: y= L + U * (Z1)

onde L representa a coordenada no eixo das ordenada; U é o coeficiente de inclinação de uma

linha sob a condição Z1 para y ≠ 0 ocorrendo a estabilização dos teores dos constituintes em

doses R≥DOSESN que corresponde a maior dose estudada: Z1=(DOSESN<R)*(R-DOSESN).

Assim a equação foi definida por: y=L+U* (R-X). O nível de probabilidade adotado para esse

teste foi de 10%.

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4. RESULTADOS e DISCUSSÃO

Houve efeito da interação ciclo x dose (P<0,05) para os teores de FDN. Para os teores de

FDA houve significância (P<0,05) para os efeitos principais, ou seja, das doses e ciclos de

pastejo testados pela análise de variância, analisando assim os valores médios de dose e de ciclo

de pastejo. Realizou-se o teste de média para os ciclos e estudo de regressão para as doses de N

(Tabela 4).

O efeito de dose para o teor de FDN, quando avaliado pelo teste de regressão, ajustou-se

ao modelo linear, exceto para o ciclo de pastejo 1. Nesse ciclo de pastejo, os teores de FDN não

foram alterados pela adubação nitrogenada, apresentando valor médio de 64% (Tabela 4). Por

outro lado, diversos autores não observaram alteração nos teores de FDN nas forragens em

função da adubação nitrogenada (ISEPON et al., 2009; BERNARDI et al., 2009; CORRÊA et

al., 2007; MOREIRA et al., 2009; PATÊS et al., 2008 e QUARESMA et al., 2009).

No primeiro ciclo de pastejo foram verificados menores teores de FDN para todas as

doses de N em relação aos demais ciclos (Tabela 4). Os prováveis efeitos talvez estejam

relacionados ao parcelamento da aplicação do nitrogênio, do super-pastejo antes da roçada inicial

de uniformização do capim, ou do consumo do N pelos microrganismos do solo para

decomposição do material remanescente da roçada inicial de uniformização dos pastos, bem

como do possível corte dos meristemas apicais do capim, que pode ter retardado seu crescimento.

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Sabe-se que o N proporciona a aceleração do crescimento do capim e também é atrelado às

condições climáticas momentâneas. Assim, no primeiro ciclo de pastejo (CP1) não houve efeito

do total de N aplicado, por isso a planta apresentou menor crescimento, o que refletiu em menor

teor de FDN.

Tabela 4. Médias dos teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido

(FDA) do capim-xaraés em função das doses de nitrogênio (N) em cada ciclo de

pastejo (CP)

CP

Dose de N (kg ha-1) Equação R2

P

0 125 250 375 500 625 Média1

FDN (%)

CP1 64,72c 64,26c 64,48b 63,99c 64,06b 63,96b 64,24 ns - 0,3036

CP2 69,06b 68,59ab 68,68a 67,21b 65,42b 66,09a 67,50 y= -0,0059x + 69,35 0,91 0,0054

CP3 70,25ab 69,99a 68,42a 66,06b 65,58b 65,76ab 67,67 y= -0,0086x + 70,39 0,95 <,0001

CP4 69,22b 68,80ab 67,74a 67,77b 65,65b 66,73a 67,48 y= -0,0052x + 69,11 0,94 0,0002

CP5 71,92a 68,75ab 68,70a 70,34a 67,71a 67,15a 69,09 y= -0,0057x + 70,90 0,96 0,0002

CP6 69,04b 67,22b 66,98a 65,95b 65,27b 66,73a 66,86 y= -0,0042x + 68,17 0,91 0,0079

Média2 69,03 67,93 67,50 66,71 65,61 66,07 - - - -

FDA (%)

CP1 35,50 35,23 35,30 34,33 35,29 34,35 35,00E - - -

CP2 37,22 36,64 38,81 36,33 34,39 34,63 36,00D - - -

CP3 40,27 39,03 38,72 38,84 38,29 38,22 38,89A - - -

CP4 38,73 37,89 37,83 37,44 37,52 37,86 37,88B - - -

CP5 38,64 38,89 37,27 37,84 36,23 36,01 37,48BC - - -

CP6 37,75 37,24 37,06 36,11 36,93 36,39 36,91C - - -

Média2 38,02 37,48 37,16 36,81 36,44 36,24 - y= -0,0028x + 37,90 0,95

<,0001

Médias seguidas por letras minúsculas distintas, na mesma coluna, são diferentes entre si pelo teste Tukey à 5% de probabilidade e denotam o

desdobramento da interação ciclo x doses. 1-Médias seguidas por letras maiúsculas distintas, na mesma coluna, são diferentes entre si

pelo teste Tukey à 5% de probabilidade, representando efeito principal - Ciclos. 2-Médias de efeito principal - Doses: Equação de regressão significativa pelo teste F à 10% de probabilidade. ns: não significativo. R2: Coeficientes de determinação. P: probabilidade de significância

Alencar et al. (2010a), avaliando a produtividade de massa seca dos capins Mombaça,

Xaraés, Tanzânia, Pioneiro, Marandu e Estrela manejados sobre efeito de doses de nitrogênio e

épocas climáticas, observaram que o fator temperatura foi promotor da superioridade produtiva

conferida ao capim-xaraés, pois em temperaturas mais elevadas essa cultivar apresentou maior

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crescimento e desenvolvimento. Assim, o menor teor de FDN no primeiro ciclo de pastejo pode

também estar associado ao menor desenvolvimento da planta em temperaturas mais baixas e

menor quantidade de água no sistema pela menor precipitação pluvial ocorrida neste ciclo de

pastejo (Figura 1).

De acordo com o modelo linear de regressão, à medida que se elevou a dose de N ocorreu

redução no teor de FDN, e isso pode também ser justificado pelo crescimento da planta, pela

disponibilidade do nitrogênio, que aumenta a utilização dos carboidratos disponíveis para a

formação de células e de protoplasma em vez de provocar o espessamento das paredes das células

pelo acúmulo desses carboidratos (BLACK, 1968). A utilização de carboidratos pela planta

ocorre para obtenção de energia que será utilizada nos processos de crescimento, síntese de

substâncias, absorção de sais minerais entre outros.

A partir do segundo ciclo de pastejo houve efeito (P<0,005) das doses de N devido,

provavelmente, a maior disponibilidade de nitrogênio no solo pelas adubações realizadas, o que

proporcionou redução significativa nos teores de FDN dos capins amostrados por pastejo

simulado, e que foi representado somente por lâminas. Essas reduções foram na ordem de 2,97;

4,49; 2,49; 4,77 e 2,31 unidades percentuais nos ciclos de pastejo 2 a 6, da dose zero para 625 kg

ha-1

, respectivamente (Tabela 4). Segundo Corsi (1984) a adubação com N pode reduzir os teores

de FDN da planta ao estimular o crescimento de novos tecidos, que são desejáveis por possuírem

menores teores de carboidratos estruturais na matéria seca e maior potencial de digestibilidade.

Nos ciclos de pastejo 3 e 5 ocorreram as maiores reduções percentuais dos teores de FDN

do capim amostrado (4,49 e 4,47 unidades percentuais, respectivamente) em relação aos demais

ciclos de pastejo (Tabela 4). O ciclo de pastejo 5, na dose de 500 kg ha-1

de N, foi

significativamente superior aos demais ciclos (P<0,05) (Tabela 4) devido, provavelmente, ao

melhor aproveitamento de N. Nesse ciclo de pastejo, houve alterações positivas nas

características estruturais e morfológicas das plantas em resposta a adubação nitrogenada

ocasionada pelo intenso crescimento celular. Isso resultou em elevação nas percentagens de

lâminas foliares com a aplicação de nitrogênio (Tabela 2), pois a última dose de adubação

nitrogenada foi aplicada no ciclo pastejo 4.

O efeito das interações ciclo x doses de N observado para os teores de N do capim-xaraés

evidenciou a importância de aliar condições climáticas adequadas à prática de adubação

nitrogenada para obter melhoria na qualidade deste capim (Tabela 4). Esses resultados estão de

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acordo com o que foi preconizado por Andrade et al. (2009b) sobre a necessidade de aliar

práticas de manejo de pastagens a boas condições climáticas e irrigação.

Houve efeito das doses de N (P≤0,05) para os teores de FDA, cuja equação ajustou-se ao

modelo de regressão linear na média os ciclos de pastejo (Tabela 4). Decréscimos lineares nos

teores de FDA com a aplicação de doses de nitrogênio (100, 500 e 1000 kg ha-1

) também foram

observados por Bernardi et al. (2009) em capim-tanzânia.

Nos ciclos de pastejo 1 e 2 foram observados as menores (P≤0,05) teores de FDA devido,

provavelmente, à menor quantidade de N que esses pastos haviam recebido (Tabela 4). Segundo

Nussio et al. (1998) mencionaram que quando o teor de FDA se encontra acima de 40% esse

pode interferir negativamente no consumo e digestibilidade da MS. Dessa forma no presente

estudo, os teores de FDA obtidos, mesmo nas menores doses de N, sempre favoreceriam o

consumo da forragem por estarem abaixo do valor mencionado (Tabela 4). Nesse contexto, na

produção animal o que se preconiza é propiciar meios que elevem o consumo de forragem de

maneira desejável a fim de proporcionar aumento no ganho de peso corporal ou na produção de

leite de bovinos.

Na Tabela 5 estão apresentados os resultados dos teores de CEL, HEMI e LIG, em que

pela análise de variância detectou-se significância para os efeitos principais: doses e ciclos de

pastejo para a variável CEL e da interação entre doses e ciclos de pastejo para HEMI e LIG.

Pelo fato de não ter havido efeito de interação entre as doses de N e os ciclos de pastejo

estudados para CEL avaliou-se os valores médios dessa variável (Tabela 5). Com a utilização de

doses crescentes de nitrogênio (0, 125, 250, 375, 500 e 625 kg ha-1

) houve resposta linearmente

significativa e decrescente nos teores de celulose (CEL).

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Tabela 5- Médias dos teores de celulose (CEL), hemicelulose (HEMI) e lignina (LIG) do capim-

xaraés em função das doses de nitrogênio (N) em cada ciclo de pastejo (CP).

CP

Dose de N (kg ha-1) Equação R2

P

0 125 250 375 500 625 Média1

CEL (%)

CP1 29,86 30,16 30,38 29,54 30,41 29,65 30,00D - - -

CP2 31,82 31,70 32,22 31,86 30,11 30,25 31,30B - - -

CP3 34,25 33,35 33,40 33,77 33,23 33,12 33,51A - - -

CP4 33,87 33,27 33,30 32,51 32,44 33,48 33,14AB - - -

CP5 33,76 33,98 32,54 33,00 31,30 31,45 32,67B - - -

CP6 31,85 31,67 31,45 30,63 31,24 30,89 31,29C - - -

Média2 32,57 32,35 32,21 31,88 31,45 31,89 - y=-0,0005x + 31,95 0,86 <,0001

HEMI (%)

CP1 29,21d 29,03c 29,18b 29,66bc 28,77b 29,61bc 29,24 ns - 0,5938

CP2 31,84b 31,94a 31,87a 30,87b 31,02a 31,46a 31,50 ns - 0,1902

CP3 29,97cd 30,96ab 29,70b 27,23d 27,32c 27,55d 28,78 y = -0,0012x + 31,90 0,95 <,0001

CP4 30,49bcd 30,91ab 29,91b 29,32c 28,13bc 28,88cd 29,60 y = -0,6307x + 30, 82 0,93 0,0008

CP5 33,28a 30,11bc 31,43a 32,51a 31,48a 31,14a 31,65 ns - 0,3363

CP6 31,29bc 29,97bc 29,92b 29,84bc 28,33bc 30,34ab 29,94 ns - 0,1186

Média2 31,01 30,48 30,33 29,90 29,18 29,83 - - - -

LIG (%)

CP1 3,18ab 3,04b 3,19a 3,24b 3,52a 3,41bc 3,26 y = 0,0006x + 3,07 0,93 0,0005

CP2 3,25a 3,24a 3,18a 3,23bc 3,18b 3,33c 3,23 ns - 0,3494

CP3 3,05b 3,19ab 3,25a 3,24b 3,22b 3,53ab 3,24 y = 0,0005x + 3,07 0,92 0,0013

CP4 3,00b 3,04b 3,15a 3,04c 3,17b 3,05d 3,07 ns - 0,1773

CP5 2,77a 3,08ab 3,11a 3,29ab 3,36ab 3,12d 3,12 y = 0,0006x + 2,93 0,94 0,0006

CP6 3,28c 3,11ab 3,24a 3,45a 3,53a 3,68a 3,38 y = 0,0007x + 3,13 0,95 <,0001

Média2 3,08 3,11 3,18 3,24 3,32 3,35 - - - -

Médias seguidas por letras minúsculas distintas, na mesma coluna, são diferentes entre si pelo teste Tukey à 5% de probabilidade e denotam o

desdobramento da interação ciclo x doses. 1-Médias seguidas por letras maiúsculas distintas, na mesma coluna, são diferentes entre si

pelo teste Tukey à 5% de probabilidade, representando efeito principal - Ciclos. 2-Médias de efeito principal - Doses: Equação de regressão significativa pelo teste F à 10% de probabilidade. ns: não significativo. R2: Coeficientes de determinação. P: probabilidade de significância

O menor teor de CEL (P<0,05) foi detectado no primeiro ciclo de pastejo seguido do

último ciclo, o sexto (Tabela 5). Além disso, observou-se que os ciclos de pastejo 3 e 4 foram os

que apresentaram os maiores (P<0,05) teores de CEL. No entanto, o ciclo de pastejo 4 não diferiu

(P>0,05) dos ciclos 2 e 5. Talvez, esses resultados tenham ocorrido em conseqüência das maiores

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variações de temperatura (19,99 a 31,85°C; 19,64 a 29,59°C e 20,10 a 30,27°C, respectivamente)

e do maior acúmulo de precipitação pluvial (227,0; 299,4 e 393,9 mm, respectivamente) que

ocorreram durante o segundo, terceiro e quarto ciclo de pastejo (Figura 1) e excesso de chuvas

observado neste período (Figura 2). Assim, isso propiciou melhores condições de aceleração da

conversão dos produtos fotossintéticos em componentes estruturais, como relatado por Paciullo et

al. (2001).

Dessa forma, propiciou-se o aumento dos teores de CEL que é a fração mais abundante

dos componentes vegetais e de maior utilização pelos ruminantes. Isso favoreceu a

digestibilidade da matéria seca do capim-xaraés, que apresentou aumento de 4,98, 6,83 unidades

percentuais (p<0,0001) no primeiro e quarto ciclo de pastejo (Tabela 6), respectivamente. Esses

resultados corroboram com aqueles observados por Basso et al. (2009) onde elevadas doses de N

atuariam de forma a aumentar a proporção de folhas e diminuir a proporção dos tecidos

considerados ricos em lignina e celulose, fato que também pode estar de acordo com Alencar et

al. (2010b) que mencionaram que a irrigação pode alterar a composição bromatológica e a

qualidade das plantas e que é essencial, ao usar esse recurso, o uso de adubação nitrogenada, para

que as forrageiras mantenham seu teor protéico. Entretanto, Maraschin (1999) relatou que a

rápida resposta da planta ao nitrogênio aplicado pode ter pouco efeito no conteúdo de proteína

bruta da forragem, por provocar, dentre outros efeitos, aceleração no amadurecimento da planta.

A fração hemicelulose (HEMI) seguiu a mesma tendência de redução linear do teor de

celulose (Tabela 5). No entanto, apenas nos ciclos de pastejo 3 e 4 observou-se significância

estatística (P<0,10).

De forma geral a redução nos teores de HEMI com a adubação nitrogenada, assim como

dos teores de CEL, provavelmente devido ao processo de aceleração do crescimento do capim

pela dosagem elevada de N. Esse ao atingir seu potencial máximo no tecido transloca energia

para as frações solúveis da planta ou até mesmo para a lignificação da mesma. Segundo

Brennecke et al. (2007) a energia contida na CEL e HEMI é a principal contribuição das

forragens para suprir as exigências nutricionais para mantença, crescimento e/ou produção de

ruminantes. Os teores de CEL e HEMI no presente estudo provavelmente proporcionaram os

elevados valores de digestibilidade do capim-xaraés colhidos por simulação de pastejo (Tabela

6).

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Os teores de lignina aumentaram linearmente (P<0,05) com a adubação nitrogenada nos

ciclos de pastejo 1, 3, 5 e 6 (Tabela 5). Provavelmente esta elevação do teor de LIG esteja

atrelada a proporção de folhas não consumidas pelos animais e o consequente envelhecimento

dessas folhas mantidas no pasto em detrimento ao crescimento de novas folhas principalmente

nas maiores doses de N e nos ciclos em que a altura de resíduo de pastejo foi aumentada (Tabela

2), ou ainda devido às mudanças estruturais na parede celular no crescimento e desenvolvimento

da planta com o fim de proporcionar sustentação dos órgãos na planta (MOREIRA et al., 2005).

Apesar de no quarto ciclo de pastejo não ter sido verificado efeito das doses de N para

lignina, essa levou a um aumento de 6,83 unidades percentuais da DIVMS (Tabela 6), da menor

para maior dose de N aplicado. Já no sexto ciclo de pastejo, em que se observaram as maiores

médias dos teores de LIG, houve a redução do coeficiente de digestibilidade in vitro da matéria

seca do capim em 3,52 unidades percentuais. Provavelmente esse efeito é dado pela relação

inversa da lignina com a digestibilidade, conforme foi preconizado por Andrade et al. (2009a)

que, segundo relato de Paciullo et al. (2001), causam o impedimento da ação dos microrganismos

do rúmen pelo efeito do ácido cumárico ou ferúlico componentes da lignina.

No entanto, mesmo com a elevação dos teores de lignina por meio da adubação

nitrogenada, os teores médios de LIG (Tabela 5) apresentados entre os ciclos de pastejo não

foram capazes de interferir negativamente na digestibilidade in vitro da MS (Tabela 6),

provavelmente pela qualidade do material amostrado na simulação de pastejo, exceto para o sexto

ciclo de pastejo, em que o elevado teor de LIG promoveu a redução no coeficiente de

digestibilidade in vitro da MS.

Nas maiores doses de N, os teores de LIG foram maiores nos dois últimos ciclo de pastejo

(5 e 6) devido a gramínea já ter recebido todas as doses de N (Tabela 5). Isso pode ter acelerado o

processo de senescência da planta e aumentado a proporção de colmos+bainha do capim-xaraés,

principalmente nas maiores doses de aplicação de N (Tabela 2).

Na Tabela 6 estão apresentados os resultados dos teores de PB, CNF e DIVMS. Pela

análise de variância todos apresentarem efeito da interação entre doses e ciclos de pastejo, e

portanto estão apresentados os devidos desdobramentos dessa interação.

Os teores da proteína bruta (Tabela 6) foram linearmente significativos (p=0,0001),

aumentando conforme as doses de nitrogênio aplicadas. Os resultados obtidos corroboram com a

literatura, onde se sabe que o nitrogênio disponível para a planta, por meio da adubação

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nitrogenada, é utilizado para formação estrutural de proteínas e aminoácidos (MOREIRA et al.,

2009; PATÊS et al., 2008; QUARESMA et al., 2009; CARLOTO et al., 2009;

MALAVOLTA,VITI e OLIVEIRA, 1997).

Segundo Moreira et al. (2009), a elevação dos teores de proteína bruta da planta com a

adubação nitrogenada sofre influência das melhores condições do ambiente, principalmente a

precipitação pluvial, que pode contribuir para maiores disponibilidades de nitrogênio,

aumentando sua absorção e concentração na parte aérea da planta. No presente experimento

houve aumento dos teores de PB na faixa de 2,84 a 5,56 unidades percentuais em função da

adubação nitrogenada (Tabela 6), o que contradiz Maraschin (1999) que mencionou que a rápida

resposta da planta ao nitrogênio aplicado pode ter pouco efeito no conteúdo de proteína bruta da

forragem, por provocar, dentre outros efeitos, aceleração no amadurecimento da planta.

Quaresma et al. (2009) avaliando capim-estrela-africana observou aumento de apenas

0,007 unidades percentuais por kg de N aplicado (0, 60, 120, 180, 240 kg ha-1

), o que equivale a

2,63; 5,26; 7,88; 10,5 unidades percentuais de aumento de PB, respectivamente. O presente

experimento apresentou menores elevações de PB, apesar de usar maiores doses de N (0, 125,

250, 375, 500 e 625 kg ha-1

), provavelmente pela diferença de espécie de forrageira avaliada, que

possui potencial genético distinto para acumulação de nitrogênio nas folhas.

Os teores de CNF apresentaram redução linearmente significativa de 27,9%; 21,7% e

11,7% no primeiro, segundo e quarto ciclos de pastejo (p=0,0001; p=0,0948 e p=0,0929),

respectivamente, com o aumento da aplicação de N no solo. Nos ciclos de pastejo 3 e 6 os teores

de CNF não foram alterados (P>0,10) pela adubação nitrogenada.

Para Siqueira et al. (2009), os teores de CNF e FDN estão intimamente relacionados, pois

no cálculo de CNF é subtraído o teor de FDN do teor de carboidratos totais. Conseqüentemente,

quanto menor o teor de FDN maior será o teor de CNF.

No presente experimento, mesmo com a redução linear significativa (P<0,05) dos teores

de FDN do segundo ao sexto ciclo de pastejo (Tabela 4) não houve elevação significativa nos

teores de CNF em nenhum ciclo de pastejo avaliado (Tabela 6). Provavelmente isso tenha

ocorrido pela baixa redução de FDN com o aumento das doses de N no presente estudo (Tabela

4). Contudo, houve aumento significativo para LIG e PB em função da adubação nitrogenada.

Para os resultados da DIVMS apenas o ciclo de pastejo 5 apresentou efeito quadrático

(P<0,05) e os ciclos 1, 4 e 6 foram lineares e significativos (Tabela 6). Apenas nos ciclos de

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pastejo 1 e 4 houve aumento do coeficiente de DIVMS. As melhores respostas lineares nas

digestibilidade da matéria seca em função do aumento das doses de nitrogênio ocorreram

provavelmente pela redução do conteúdo fibroso (FDN, FDA, CEL e HEMI), exceto para os

teores de lignina que aumentaram com o aumento das doses de N. Esse fato está de acordo com

relatos de Nussio et al. (1998) que mencionaram que com o aumento de doses de nitrogênio

ocorre também a redução no teor de fibra e conseqüente elevação na digestibilidade.

Nos ciclos de pastejo 1 e 4 houve elevação de 6,31% e 9,27%, respectivamente, no

coeficiente da DIVMS em função do aumento de doses de N, em relação da menor para a maior

dose de N aplicado. A elevação da DIVMS que ocorreu no ciclo de pastejo 4 pode estar

relacionada com o baixo valor de LIG neste mesmo ciclo de pastejo (Tabela 5). Provavelmente,

houve melhor aproveitamento dos componentes estruturais com maior facilidade de degradação

pelos microrganismos ruminais.

Estudo conduzido por Moreira et al. (2009), com Brachiaria decumbens cv. Basilisk

submetido à adubação nitrogenada (75, 150, 225 e 300 kg/ha/ano de N), em lotação contínua,

com taxa de lotação variável em dois anos agrícolas consecutivos constataram que o nitrogênio

influenciou os coeficientes de DIVMS apenas no primeiro mês de avaliação, cuja média foi

54,6%. Os autores atribuíram o baixo coeficiente de digestibilidade ao manejo de pastejo

adotado, ou seja, a lotação contínua e a altura do pós-pastejo que foi mantida a 20 cm.

No presente experimento, as médias da DIVMS apresentadas foram superiores as obtidas

por Moreira et al. (2009) (Tabela 6), provavelmente pela maior qualidade do material obtido pelo

pastejo simulado altura pós-pastejo do dossel foi mantida entre 24 a 27 cm do solo, exceto no

primeiro ciclo de pastejo (15 cm).

Apenas no ciclo de pastejo 6 houve redução linear na digestibilidade do capim-xaraés

(Tabela 6) devido, provavelmente, ao elevado teor de LIG apresentado (Tabela 5). Nesse ciclo de

pastejo houve os maiores resultados da altura do dossel do capim-xaraés no pré-pastejo e pós-

pastejo, principalmente nas maiores doses de aplicação de N (375, 500 e 625 kg ha-1

), além da

elevada percentagem de lâminas, colmos+bainha no pré-pastejo, e maior acúmulo de forragem no

pasto (Tabelas 1 e 2).

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Tabela 6- Médias dos teores de proteína bruta (PB), carboidratos não fibrosos (CNF) e dos

coeficientes da digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) do capim-xaraés em

função das doses de nitrogênio (N) em cada ciclo de pastejo (CP)

CP

Dose de N (kg ha-1) Equação R2

P

0 125 250 375 500 625 Média1

PB (%)

CP1 12,12a 12,80ab 13,92a 14,56a 15,75ab 16,62a 14,29 y = 0,0073x + 12,01 0,96 <,0001

CP2 10,72b 12,06bc 12,64bc 13,84ab 16,11a 16,28a 13,60 y = 0,0094x + 10,67 0,95 <,0001

CP3 11,33ab 12,57ab 13,35ab 14,09a 15,63ab 15,94ab 13,81 y = 0,0075x + 11,46 0,98 <,0001

CP4 9,57c 10,83d 11,84c 12,68c 13,75c 13,37c 12,00 y = 0,0065x + 9,96 0,95 <,0001

CP5 10,50bc 11,32cd 12,38bc 12,70bc 13,81c 13,14c 12,30 y = 0,0048x + 10,81 0,96 <,0001

CP6 12,14a 13,56a 14,33a 14,31a 14,83bc 14,98b 14,02 y = 0,0041x + 12,74 0,97 <,0001

Média2 11,06 12,19 12,99 13,69 14,97 15,09 - - - -

CNF (%)

CP1 12,07a 12,36a 10,90a 10,89ab 9,66ab 8,82bc 10,78 y = -0,0055x + 12,52 0,95 0,0001

CP2 9,69b 9,17bc 8,94b 9,47abc 8,75b 7,59c 8,94 y = -0,0025x + 9,74 0,89 0,0948

CP3 8,11b 7,36c 8,32b 9,31bc 8,67b 8,09c 8,35 ns - 0,2447

CP4 11,95a 10,70ab 11,04a 11,39a 11,05a 10,55ab 11,07 y = -0,0011x + 11,43 0,94 0,0929

CP5 8,34b 10,17b 9,41ab 7,91c 9,49ab 11,08a 9,40 ns - 0,1151

CP6 8,76b 8,95bc 8,51b 9,52abc 9,26ab 8,04c 8,78 ns - 0,9412

Média2 9,82 9,83 9,52 9,75 9,48 9,03 - - - -

DIVMS (%)

CP1 73,70a 74,44a 70,79bc 74,60a 74,19a 78,68a 74,40 y = 0,0063x + 72,41 0,95 0,0012

CP2 71,70a 72,39a 72,43ab 73,70a 73,45a 72,91b 72,76 ns - 0,2958

CP3 67,99b 67,70b 69,64c 66,70b 67,67b 71,30bc 68,50 ns - 0,2307

CP4 66,84b 68,08b 72,39ab 73,25a 74,23a 73,67b 71,40 y = 0,0122x + 67,59 0,95 <,0001

CP5 68,43b 72,69a 73,04ab 72,82a 72,16a 72,24bc 71,89 y = -0,00002x2 + 0,0217x + 69,18 0,89 0,0240

CP6 73,64a 74,18a 74,30a 72,17a 74,48a 70,12c 73,14 y = -0,0043x + 74,49 0,90 0,0339

Média2 70,38 71,58 72,10 72,21 72,69 73,15 - - - -

Médias seguidas por letras minúsculas distintas, na mesma coluna, são diferentes entre si pelo teste Tukey à 5% de probabilidade e denotam o

desdobramento da interação ciclo x doses. 1-Médias seguidas por letras maiúsculas distintas, na mesma coluna, são diferentes entre si pelo teste Tukey à 5% de probabilidade, representando efeito principal - Ciclos. 2-Médias de efeito principal - Doses: Equação de regressão

significativa pelo teste F à 10% de probabilidade. ns: não significativo. R2: Coeficientes de determinação. P: probabilidade de significância.

Na Tabela 7 estão apresentados os resultados dos teores de EE, MM e MS, em que pela

análise de variância detectou-se significância para os efeitos principais: doses e ciclos de pastejo

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para a média destas variáveis. Assim, foram analisadas as médias dos tratamentos por meio dos

testes de média para ciclo de pastejo e regressão para as doses de N.

Os teores de EE aumentaram linearmente (P<0,010) com a adubação nitrogenada (Tabela

7). Entretanto, nos primeiros dois ciclos de pastejo foram constatados apresentaram os maiores

teores de EE, porém não diferiram entre si. Faria (2010) avaliando lâminas de capim-xaraés, na

mesma unidade experimental, também observou elevação do teor de EE com a elevação das

doses de aplicação de N no período chuvoso.

Os teores médios de MM do capim-xaraés diminuíram linearmente (P<0,10) com a

aplicação de N ao solo (Tabela 7). Cbservou-se também que os teores de MM nos ciclos de

pastejo 1, 3 e 6 não diferiram entre si. O ciclo de pastejo 5 foi o que apresentou menor teor de

MM, provavelmente devido a baixa precipitação pluvial ocorrida em fevereiro, o que interferiu

na absorção do nutriente do solo pela planta e consequente acúmulo de forragem (Tabela 2).

Faria (2010) também observou decréscimo nos teores de MM em lâminas de capim-xaraés

avaliado no período seco.

Estudos realizados por Heinrichs et al. (2009), com adubação nitrogenada em capim-

xaraés e diferentes fontes de N (Uréia e Ajifer) constataram aumento nos teores de MM para

folhas e folhas mais bainha. Para os autores as amostras provavelmente estavam contaminadas

com solo, pois essas foram colhidas a 15 cm do solo por meio do método de massa total de

forragem.

Neste estudo, as amostras que foram coletadas à 15 cm do solo (CP 1 e 2), não

apresentaram valores subestimados de MM em comparação as amostras coletadas à 20 cm do

solo (CP 3 a 6), provavelmente pela seleção de forragem realizada pelo pastejo simulado.

Quanto aos teores de MS constatou-se efeito significativo apenas para os efeitos

principais: ciclos de pastejo e doses de N. Verificou-se decréscimo linear (P<0,10) dos teores de

MS com o aumento das doses de nitrogênio aplicadas ao solo (Tabela 7).

No primeiro ciclo de pastejo o teor de MS foi significativamente inferior aos demais e,

esse resultado pode ser atribuído ao menor efeito de N no crescimento do capim, crescimento

lento do capim após a roçada de uniformização, apresentando em conseqüência disso menor

percentagem de folhas no primeiro ciclo de pastejo (Tabela 2) e também por não ter recebido a

dose total de N estabelecido no experimento. Ou seja, nos demais ciclos sempre houve N

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remanescente das aplicações anteriores no solo, o que favorecia o crescimento do capim, que por

sua vez influenciem na composição estrutural dos mesmos (Tabela 7).

Tabela 7- Médias dos teores de extrato etéreo (EE), material mineral (MM) e matéria seca (MS)

do capim-xaraés em função das doses de nitrogênio (N) em cada ciclo de pastejo (CP).

CP

Dose de N (kg ha-1) Equação R2

P

0 125 250 375 500 625 Média1

EE (%)

CP1 2,04 1,91 2,15 2,14 2,02 2,35 2,10A - - -

CP2 2,01 2,23 1,75 1,88 2,01 2,19 2,01A - - -

CP3 1,52 1,17 1,33 1,61 1,51 1,66 1,47C - - -

CP4 1,26 1,37 1,47 1,32 1,66 1,59 1,44C - - -

CP5 1,58 1,70 1,61 1,74 1,63 1,63 1,65B - - -

CP6 1,44 1,55 1,38 1,52 1,54 1,40 1,47C - - -

Média2 1,64 1,65 1,62 1,70 1,73 1,80

- y= 0,0002x + 1,61 0,84 0,0258

MM (%)

CP1 9,07 8,68 8,57 8,44 8,52 8,27 8,59A - - -

CP2 8,53 7,98 8,02 7,62 7,73 7,86 7,95B - - -

CP3 8,83 8,66 8,59 8,95 8,61 8,56 8,69A - - -

CP4 8,03 8,32 7,93 7,86 7,91 7,77 7,96B - - -

CP5 7,68 8,09 7,91 7,31 7,39 7,01 7,56C - - -

CP6 8,64 8,75 8,82 8,71 9,12 8,87 8,81A - - -

Média2 8,46 8,41 8,31 8,24 8,30 8,18 - y= -0,0006x + 8,46 0,86

0,0074

MS (%)

CP1 19,90 19,32 18,31 18,16 18,78 16,81 18,21B - - -

CP2 22,00 23,37 18,50 19,14 17,46 18,68 19,84A - - -

CP3 22,03 19,81 19,16 19,24 18,68 18,40 19,55A - - -

CP4 20,90 19,14 19,58 18,81 18,45 20,90 19,81A - - -

CP5 21,94 20,87 20,21 19,98 19,26 20,46 20,45A - - -

CP6 21,17 20,52 19,58 19,23 18,50 19,49 19,75A - - -

Média2 21,50 20,78 19,15 19,22 18,25 18,72 - y= -0,0049x + 21,13 0,93

<,0001

1-Médias seguidas por letras maiúsculas distintas, na mesma coluna, são diferentes entre si pelo teste Tukey à 5% de probabilidade, representando

efeito principal - Ciclos. 2-Médias de efeito principal - Doses: Equação de regressão significativa pelo teste F à 10% de probabilidade. ns: não significativo. R2: Coeficientes de determinação. P: probabilidade de significância.

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Outra provável causa de redução do teor MS, nos primeiros ciclos de pastejo, pode ter sido

o efeito da imobilização do N mineral ocasionada pela elevação da relação C/N em consequência

da adição de resíduos orgânicos. Provavelmente isso tenha ocorrido no presente experimento pelo

fato pela palhada ter ficado sobre a superfície do solo após o corte de uniformização.

Segundo Victoria, Piccolo e Vagas (1992) na adição desses resíduos orgânicos a microbiota

torna-se ativa na decomposição da matéria orgânica eleva rapidamente a produção de CO2,

desaparece o nitrato do solo e em certos períodos predominam condições de pouca ou nenhuma

disponibilidade de N mineral para os vegetais superiores. Mencionam também que relação C/N

elevadas causa a imobilização do N mineral, pele menos temporária, cessando a nitrificação por

falta de substrato e podendo causar a deficiência de N para os vegetais superiores.

Provavelmente a liberação de N mineral só ocorreu de maneira gradual após a

decomposição dos resíduos e na diminuição da C/N quando os níveis das atividades microbianas

se encontram reduzidos, assim a nitrificação volta a ser ativa.

Corrêa et al. (2007), estudando o capim-coastcross adubado com duas fontes de nitrogênio

(Uréia e Nitrato de Amônia) e cinco doses de N (0, 25, 50, 100 e 200 kg N ha-1

corte-1

) em cinco

cortes consecutivos não constataram alterações significativas nos teores de MS e FDN.

As médias de MS observadas no presente experimento foram semelhantes aos

encontrados na literatura para as gramíneas forrageiras, que variam entre 19 a 25 %. Pereira et al.

(2009a) avaliando a produção de matéria seca e valor nutricional de cinco cultivares de

braquiária, obtiveram teores de MS para o capim-xaraés variando entre 22 a 24%. Os menores

valores observados no presente experimento ocorreram provavelmente pelo material analisado

ser constituído por folhas e pelo menor intervalo entre corte, visto que no experimento realizado

por Pereira et al. (2009a) os intervalos foram de 42 dias de rebrotação e as amostras foram

colhidas por massa de forragem.

4.1. Regressão linear segmentada

Ao avaliar os teores de FDN pelo teste de regressão linear segmentada (Figura 7) as

dosagens mínimas ideais foram obtidas nos ciclos de pastejo 1, 4 e 6. No entanto, para o primeiro

ciclo de pastejo, apesar de haver convergência dos valores de FDN com doses de N abaixo da

dose máxima estudada o resultado mostrou-se não significativo a 10% de probabilidade

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(p=0,7684). Nos ciclos de pastejo 4 e 6 foi possível obter a menor dose de nitrogênio responsável

pela redução expressiva do teor de FDN. No quarto ciclo de pastejo a adição de nitrogênio até

380,1 kg ha-1

foi suficiente para que ocorresse redução do teor de FDN em 3,03 unidades

percentuais (p=0,003). Já no sexto ciclo de pastejo com apenas 192,8 kg ha-1

de N foi possível

ocorrer redução de 2,77 unidades percentuais para FDN (p=0,005).

Contudo, os teores de FDN são reflexos indiretos da produção de fitomassa. Nesse

sentido, na Tabela 2 é evidenciado o acúmulo de forragem do capim-xaraés obtido por Santos

(2010), que obteve resultados significativos e quadráticos no primeiro e no quinto ciclo de pastejo

em decorrência da adubação nitrogenada, tendo o ponto de inflexão da curva quadrática de

acúmulo de forragem correspondente aos 375 kg N ha-1

. Esse resultado corrobora com Magalhães

et al. (2009) que recomenda menor dose de N, que avaliando o efeito de dosagens de nitrogênio e

lâminas de irrigação sobre o rendimento de massa seca do capim-planaltina (Andropogon)

observaram que a dose de 800 kg ha-1

de N resultou em rendimento de massa seca semelhante ao

maior rendimento de massa seca na aplicação de 600 kg ha-1

de N (18,76 t ha

-1).

Para os teores de FDA obtidos no presente experimento não foi possível estabelecer a

dosagem mínima de nitrogênio a fim de evidenciar seu ponto de estabilização na análise de

“brokenline”, pois em todos os ciclos de pastejo as tentativas dos testes de convergência nas

doses de nitrogênio (0 a 625 kg ha-1

) com os teores dessa variável não foram consistentes. Esse

resultado indica que quanto maior a dose de N menores os seus teores de FDA (Tabela 4).

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38

Figura 7. Representação gráfica dos teores de FDN (%) do capim-xaraés em função de doses de

N (kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressões polinomial ( ) e linear segmentada

( ).

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39

Nas relações gráficas das doses mínimas de N para redução do teor de CEL em função da

adubação nitrogenada nos ciclos de pastejo 5 e 6 as doses obtidas foram superiores a 500 kg ha-1

de N, contudo somente o quinto ciclo de pastejo foi significativo no estudo de regressão linear

segmentada (p=0,0015) (Figura 8). Nos ciclos de pastejo 3 e 4 houve convergência entre os

teores de CEL e as doses de aplicação de N e as doses mínimas de aplicação foram obtidas (370,8

e 156 kg ha -1

de N, respectivamente), no entanto, não se mostraram significativas (p= 0,5235 e

p= 0,2890, respectivamente).

Figura 8. Representação gráfica dos teores de CEL (%) do capim-xaraés em função de doses de

N (kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressões polinomial ( ) e linear segmentada

( ).

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40

Para o teor de HEMI foi possível obter a dose mínima ideal de N no terceiro ciclo de

pastejo (p=0,0002). O ponto de inflexão (Figura 9) para esse ciclo foi na dose 272,94 kg ha-1

obtido pela equação: y= 27,43 – 0,0076* (272,94 – X).

Figura 9- Representação gráfica dos teores de HEMI (%) do capim-xaraés em função de doses

de N (kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressões polinomial ( ) e linear

segmentada ( ).

Para o teor de LIG só foi possível obter a dose mínima ideal de N através do teste de

regressão linear segmentada a 10% de significância, no 5° ciclo de pastejo (p=0,0003). O ponto

de inflexão para este ciclo de pastejo foi à dose 179,4 kg ha-1

, a partir desse valor de N haveria

estabilização da resposta do teor de LIG para a adubação (Figura 10) para folhas.

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Figura 10- Representação gráfica dos teores de LIG (%) do capim-xaraés em função de doses de

N (kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressões polinomial ( ) e linear segmentada

( ).

A determinação da dose mínima ideal de N, suficiente para aumentar os teores de PB e

atingir o patamar de estabilização na regressão linear segmentada nos primeiros ciclos de pastejo

(1 e 2), apresentou convergência dos valores acima das doses máximas aplicadas nos ciclos (125

e 250 kg N ha-1

, respectivamente). Provavelmente pela imediata resposta de N nos teores de PB,

onde se sabe que o nitrogênio disponível para a planta, por meio da adubação nitrogenada, é

utilizado para aceleração do crescimento da planta e consequentemente sua formação estrutural

resultando na elevação percentual, principalmente da proteína bruta. Nesse sentido, a dosagem

mínima de N só foi obtida a partir do terceiro ciclo de pastejo (R2=0,93) em que os pontos de

inflexões obtidos nas curvas para os ciclos de pastejo 3 a 6 foram: 337,8 kg ha-1

de N (p<0,0001),

374 kg ha-1

de N (p<0,0001), 366,6 kg ha-1

de N (p<0,0001) e 218,3 kg ha-1

de N (p=0,0006),

respectivamente (Tabela 11). A partir da dosagem de 218 a 374 kg ha-1

de nitrogênio aplicado ao

solo foi possível obter teores de PB superiores a 13,21% com tendência a estabilização.

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Figura 11- Representação gráfica dos teores de PB (%) do capim-xaraés em função de doses de

N (kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressões polinomial ( ) e linear segmentada

( ).

A dose mínima de N ideal para que houvesse a estabilização do teor de CNF foi obtida

apenas no segundo ciclo de pastejo (96,24 kg ha-1

de N), no entanto, não se mostrou significativa

(p=0,5658) (Figura 12). O mesmo ocorreu para os teores de EE, no primeiro ciclo de pastejo

(p=0,4129) (Figura 13).

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Figura 12- Representação gráfica dos teores de CNF (%) do capim-xaraés em função de doses de

N (kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressões polinomial ( ) e linear segmentada

( ).

Figura 13- Representação gráfica dos teores de EE (%) do capim-xaraés em função de doses de

N (kg ha-1

) avaliados pelo teste de regressão polinomial ( ) e linear segmentada

( ).

Nos ciclos de pastejo 1 e 4 as médias de DIVMS convergiram abaixo da dose máxima

para cada ciclo para obtenção de dosagens mínimas de N satisfatórias para elevação dos

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coeficientes de digestibilidade da MS (Figura 14). No entanto, apenas no ciclo de pastejo 4 o

resultado (266,08 kg N ha-1

) mostrou-se significativo (p=0,0003).

Figura 14- Representação gráfica dos coeficientes de digestibilidade in vitro da matéria seca da

(DIVMS, %) do capim-xaraés em função de doses de N (kg ha-1

) avaliados pelos

testes de regressões polinomial ( ) e linear segmentada ( ).

A dose mínima de N para o teor de MM foi obtida nos ciclos de pastejo 1 e 2, pelo teste

de regressão linear segmentada. No primeiro e segundo ciclos de pastejo, para o teor de MM, os

pontos de inflexões das curvas ocorreram nas doses 61,24 e 135,12 kg ha-1

de N, respectivamente

(Figura 15).

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Figura 15- Representação gráfica dos teores de MM (%) do capim-xaraés em função de doses de

N (kg ha-1

) avaliados pelos testes de regressões polinomial ( ) e linear segmentada

( ).

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5. CONCLUSÕES

A adubação nitrogenada melhora o valor nutricional do capim-xaraés, colhido por pastejo

simulado, pelo aumento dos teores de PB, EE e redução nos teores de FDN, FDA, celulose e

CNF, e aumenta da digestibilidade de MS.

A dosagem de aplicação mínima de N ideal ao solo, em kg ha-1

, para respostas expressivas

da FDN, CEL, HEMI, LIG, MM e DIVMS do capim-xaraés foi 193, 560, 273, 179, 61, 266,

respectivamente.

Através da regressão segmentada foi possível obter teores de PB superiores a 13,21% com

tendência a estabilização nas dosagens de 218 a 374 kg ha-1

de nitrogênio aplicado no solo.

As condições ambientais, o manejo de estabelecimento e condução das alturas de pré e pós

pastejo alteraram o valor nutricional do capim-xaraés.

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