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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
CAMPINAS 2017
CAROLINE HONAISER LESCANO
AVALIAÇÃO IN SILICO, IN VITRO E IN VIVO DE
COMPOSTOS CANDIDATOS A INIBIDORES DE
FOSFODIESTERASE 5
CAMPINAS 2017
CAROLINE HONAISER LESCANO
AVALIAÇÃO IN SILICO, IN VITRO E IN VIVO DE COMPOSTOS CANDIDATOS A
INIBIDORES DE FOSFODIESTERASE 5
Tese apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos
exigidos para a obtenção do título de Doutora em
Farmacologia.
ORIENTADOR: PROF. DR. GILBERTO DE NUCCI
COORIENTADORA: PROFa. DRa. FABÍOLA TAUFIC MÓNICA IGLESIAS
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA CAROLINE HONAISER LESCANO, E ORIENTADA PELO PROF. DR. GILBERTO DE NUCCI.
BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE DOUTORADO
CAROLINE HONAISER LESCANO
ORIENTADOR: PROF. DR. GILBERTO DE NUCCI
COORIENTADOR: PROFa. DRa. FABÍOLA TAUFIC MÓNICA IGLESIAS
MEMBROS:
1. PROF. DR. GILBERTO DE NUCCI
2. PROF. DR. RICARDO NASCIMENTO DOS SANTOS
3. PROF. DR. RODRIGO ALVARO BRANDÃO LOPES MARTINS
4. PROFa. DRa. SORAIA KÁTIA PEREIRA COSTA
5. PROF. DR. STEPHEN HYSLOP
Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da Faculdade de Ciências
Médicas da Universidade Estadual de Campinas.
A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca
examinadora encontra-se no processo de vida acadêmica da aluna.
Data: 28/07/2017
Dedico a minha MÃE e meu
PAI, por representarem
tudo na minha vida.
AGRADECIMENTOS
Esta tese é fruto do trabalho e apoio de inúmeras pessoas, ainda que a memória me
deixe registrar aqui apenas uma parcela delas, espero agradecer a todas.
Agradeço ao meu orientador, Gilberto De Nucci, pela oportunidade dada a mim.
Obrigada por sua disponibilidade, pelo respeito ao nosso trabalho, e pelo ser humano que
você é. A você, meus incondicionais agradecimentos por contribuir na minha formação. Por
disponibilizar a infraestrutura e pelo seu empenho em promover recursos para que o
trabalho pudesse ser desenvolvido.
Agradeço muito a Profa Fabíola Zakia Mónica pela oportunidade, confiança e por
sempre contribuir imensamente com seus comentários argutos e perspectivas no nosso
trabalho. Agradeço a todos os Professores do Departamento de Farmacologia que
contribuíram diretamente na minha formação e, sobretudo por dividirem por muitas às
vezes seus conhecimentos. E aos funcionários do Departamento de Farmacologia, como
reconhecimento do trabalho inestimável dedicado aos alunos. Sou grata especialmente ao
Gustavo, Bruno, Maísa e Cidinha.
Agradeço a algumas pessoas muito especiais: Camila, Tiago, Cristiano, Mauro
Napolitano, Roberta, Fernando e Glaucia por sua amizade. Meus sinceros agradecimentos.
Agradeço aos amigos e colegas do Laboratório: André, Antônio, Noedi, Beto, Sandra, Júlio,
Renan, Edith, Diana, Samara, Fernanda, Evandro, Pedro, Cleber e Cristiane. Agradeço
imensamente ao Mauro Sucupira pela disponibilidade na quantificação dos compostos e
seus ensinamentos.
À minha família, pelo apoio, carinho e amor, especialmente à minha mãe, por
compreender pacientemente a minha ausência. Mãe e Pai são para vocês que ofereço o
resultado deste trabalho e obrigado por tudo que ensinaram a ser. Ao Alex, Paulette, Bia e
Tales pelas coisas que cultivamos e pela sorte de ter vocês em minha vida!
Ao Ivan, pelo amor, apoio, incentivo e paciência dado a mim. Por todos os dias
vividos ao seu lado e ter me ensinado a cada dia ter ações para ser uma pessoa melhor.
À Capes e Fapesp (N. 2010/16947-9, 2011/11828-4, 2013/05475-7 e 2013/08293-
7) e CNPq (N.470374/2013-6) pelo financiamento desta pesquisa.
À todos agradeço, profundamente.
MUITO OBRIGADA!
RESUMO
A terapêutica farmacológica dos inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5) é
considerada como tratamento de primeira linha para a disfunção erétil. Adicionalmente,
são utilizados para o tratamento da hipertensão pulmonar idiopática e hiperplasia
prostática benigna. Todos os inibidores de PDE5 têm semelhanças estruturais com o
monofosfato de guanosina cíclico (GMPc) e competem pela ligação no sítio catalítico. A
seletividade e afinidade dos inibidores de PDE5 são determinadas pelo contato direto
entre certos resíduos do domínio catalítico, e entender como ocorrem as interações
moleculares pode ajudar no desenvolvimento de novos fármacos. Desse modo, o
presente trabalho pretendeu avaliar uma série de novos derivados de 6,7-dihidro-3H-
oxazolo[3,4-a] pirazina-5,8-diona in silico e in vitro sobre a proteína alvo PDE5, bem
como avaliar a biodisponibilidade das novas moléculas. Neste trabalho, usamos como
ferramenta de estudo a docagem molecular e a simulação de dinâmica molecular para
analisar as interações das novas moléculas com a PDE5, além de utilizar métodos in vitro
para estudar os efeitos dos compostos em células, plaquetas e tecidos humanos e por fim
investigar os parâmetros farmacocinéticos. Os resultados de docagem e dinâmica
molecular sugerem que os resíduos dos bolsões (bolsão-Q, bolsão-H e região L), que
formam o domínio catalítico da PDE5A são orientados para criar uma rede de interações
que acomodam os inibidores da forma mais estável, dependendo das características
moleculares, estruturais e amostragem conformacional. Ademais, nas células de
carcinoma de colón ou T84 os compostos promoveram o aumento dos níveis de GMPc
sem efeito citotóxico. Nas plaquetas os compostos foram capazes de inibir a agregação
após estímulo com o doador de óxido nítrico (nitroprussiato de sódio) e aumentar os
níveis e GMPc e AMPc com melhores resultados na presença do composto BL-106.
Complementarmente, mostramos que os compostos BL-106, BL-220, BL-230 e BL-236
foram capazes de inibir a enzima fosfodiesterase 5A. A atividade do BL-106 foi
investigada no corpo cavernoso humano e de coelho e em ureter humano mostrando
relaxamento com valores de pEC50 de 6.48 ± 0.20 (coelho), 7.14 ± 0.30 (humano) e 5.88
± 0.38 (humano). Finalmente, espera-se que os resultados apresentados nesta tese
auxiliem no entendimento das interações dos novos compostos com a PDE5. Fornecendo
embasamento químico para a compreensão da ação destes compostos em nível biológico
e que a descoberta destes possam abrir uma nova alternativa para o desenvolvimento de
outros inibidores.
Palavras-chave: Nucleotídeos cíclicos. Modelagem molecular. Plaquetas.
ABSTRACT
The pharmacological therapy with phosphodiesterase type 5 (PDE5) inhibitors is
considered a first line of treatment for erectile dysfunction. In addition, they are used for
the treatment of idiopathic pulmonary hypertension and benign prostatic hyperplasia.
All PDE5 inhibitors have structural similarities with cyclic guanosine monophosphate
(cGMP) and compete for the bond in the catalytic site. The selectivity and affinity of
PDE5 inhibitors are determined by the direct contact between certain residues of the
catalytic domain, and understanding how the molecular interactions occur may help in
the development of new drugs. This study, therefore, sought to assess a series of new
6,7-dihydro-3H-oxazolo[3,4] pyrazine-5,8-dione derivatives through in silico and in vitro
studies on the target protein PDE5, in addition to evaluating the bioavailability of the
new molecules. In this study, we used the molecular docking and molecular dynamics
simulation tools to analyze the interactions of the new molecules with PDE5, in addition
to using in vitro methods to study the effects of the compounds on cells, platelets and
human tissue, and finally, to investigate the pharmacokinetic parameters. The molecular
docking and dynamics results suggest that residues of pocket (Q-pocket, H-pocket and
region L), which form the catalytic domain of PDE5A, are oriented to create a network of
interactions that can accommodate the inhibitors in a more stable way, depending on
the molecular, structural and conformational sampling characteristics. Furthermore, the
compounds promoted increased levels of cGMP in the colon carcinoma or T84 cells
without cytotoxic effect. In the platelets, the compounds were able to inhibit aggregation
after stimulation with the nitric oxide donor (sodium nitroprusside) and to increase the
cGMP and cAMP levels with better results in the presence of the BL-106 compound. In
addition, we showed that the BL-106, BL-220, BL-230 and BL-236 compounds were able
to inhibit the phosphodiesterase 5A enzyme. The activity of BL-106 was investigated in
the corpus cavernosum of a human and rabbit and in a human ureter, showing
relaxation with pEC50 values of 6.48 ± 0.20 (rabbit), 7.14 ± 0.30 (human) and 5.88 ± 0.38
(human). Finally, it is expected that the results presented in this thesis may assist in
understanding the interactions of new compounds with PDE5, providing a foundation
for understanding the action of these compounds on a biological level, and that the
discovery of these mechanisms may open up new alternatives for the development of
other inhibitors.
Keywords: Cyclic nucleotides. Molecular modeling. Platelets
LISTA DE DROGAS
SUBSTÂNCIA PROCEDÊNCIA
Ácido araquidônico Cayman Chemical
BL-106 Laboratório Biolab (Brasil)
BL-106.1 Laboratório Biolab (Brasil)
BL-106.2 Laboratório Biolab (Brasil)
BL-106.3 Laboratório Biolab (Brasil)
BL-220 Laboratório Biolab (Brasil)
BL-230 Laboratório Biolab (Brasil)
BL-236 Laboratório Biolab (Brasil)
DMEM-F12 Ham Sigma-Aldrich (EUA)
DMSO Sigma-Aldrich (EUA)
Enterotoxina termoestável tipo A Bachem (EUA)
Estreptomicina Gibco (EUA)
Forscolina Sigma-Aldrich (EUA)
Nitroprussiato de sódio Sigma-Aldrich (EUA)
Noradrenalina Sigma-Aldrich (EUA)
Penicilina Gibco (EUA)
Tadalafil Laboratório Biolab (Brasil)
Tadalafil-d3 C/D/N Isotopes (Canadá)
LISTA DE ABREVIAÇÕES
AA Ácido araquidônico
AC Adenilato ciclase
ACTB Gene da Beta-actina
Ala Alanina
AMPc Monofosfato cíclico de adenosina
ANOVA Análise de variância
ANP Peptídeo natriurético atrial
ASCinf Área sob a curva de concentração da droga versus tempo do tempo
0 (zero) extrapolada ao infinito
ASCúltimo Área sob a curva de concentração da droga versus tempo do tempo
0 (zero) ao tempo da última concentração
ATCC American Type Culture Cell
ATP Trifosfato de adenosina
BNP Peptídeo natriurético cerebral
C0 Concentração no tempo 0
CAM Ca+2/calmodulina
cDNA DNA complementar
CG Gradiente conjugado
Cl Clearance ou Depuração
CNP Peptídeo natriurético do tipo C
CO2 Dióxido de carbono
CQA Controle de qualidade alto
CQB Controle de qualidade baixo
CQM1 Controle de qualidade médio 1
CQM2 Controle de qualidade médio 2
Cúltimo Concentração correspondente ao último tempo
DE Disfunção erétil
DEPC Dietilpirocarbonato
DMEM-F12 Meio de cultura Eagle’s modificado-F12 Ham’s
DMSO Dimetilsulfóxido
DNA Ácido desoxirribonucleico
DPBS Tampão fosfato salino de Dulbecco
DTNB Ácido 5,5-ditiobis 2-nitrobenzóico
DTT Ditiotreitol
EDRF Fator de relaxamento dependente do endotélio
EDTA Ácido etilenodiaminotetra acético
eNOS Óxido nítrico sintase endotelial
EPM Erro padrão da média
FDA Food and Drug Administration
GC Guanilato ciclase
GCp Guanilato ciclase particulada
GCs Guanilato ciclase solúvel
Gln Glutamina
Glu Glutamato
Gly Glicina
GMPc Monofosfato cíclico de guanosina
GTP Trifosfato de guanosina
HPLC High Performance Liquid Chromatography
Ile Isoleucina
iNOS Óxido nítrico sintase induzível
InsP3 Inositol trifosfato
IP3R Receptor de inositol trifosfato
Ke Constante de eliminação
LDH Lactato desidrogenase
Leu Leucina
MD Dinâmica molecular
Met Metionina
MLC Fosfatase de cadeia leve da miosina
MLCK Kinase de cadeia leve da miosina
mRNA Ácido ribonucléico mensageiro
MTT Brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio
nNOS Óxido nítrico sintase neuronal
NOS Óxido nítrico sintase
ON Óxido nítrico
PCR Reação em cadeia da polimerase
PCR-RT Reação em cadeia da polimerase em tempo real
pEC50 Antilog da concentração de droga necessária para produzir 50%
do efeito máximo
PDB Protein data bank
PDE Fosfodiesterase
PDE4 Fosfodiesterase tipo 4
PDE5 Fosfodiesterase tipo 5
PDE6 Fosfodiesterase tipo 6
Phe Fenilalanina
PKA Proteína kinase dependente de AMPc
PKG Proteína kinase dependente de GMPc
PPP Plasma pobre em plaquetas
PRP Plasma rico em plaquetas
qPCR Reação em cadeia da polimerase quantitativa
RMSD Root-mean-square deviation
RNA Ácido ribonucleico
SBF Soro fetal bovino
SNC Sistema nervoso central
SNP Nitroprussiato de sódio
STa Enterotoxina termoestável tipo A
T1/2 Tempo de meia vida
T84 Linhagem celular de carcinoma de cólon humano
TBX Tromboxano
Thr Treonina
Túltimo Tempo da última concentração
Tyr Tirosina
Val Valina
Vasp Fosfoproteína estimulada por vasodilatador
Vd Volume de distribuição
VMD Visual Molecular Dynamics
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Isoformas da família de fosfodiesterases, distribuição e seus principais
substratos. ....................................................................................................................................................... 32
Tabela 2. Descrição dos sistemas considerados em estudos de dinâmica molecular. ..... 50
Tabela 3. Sequências de primers oligonucleotídicos para genes alvo utilizados na RT-
PCR. .................................................................................................................................................................... 56
Tabela 4. Parâmetros farmacocinéticos dos compostos em cães. ............................................ 93
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Cascata de sinalização do GMPc.. ........................................................................................ 28
Figura 2. Alvos do GMPc após a cascata de sinalização. ............................................................... 30
Figura 3. Hidrólise de AMPc e GMPc em AMP e GMP pelas fosfodiesterases. ...................... 33
Figura 4. Diagrama em fita da estrutura cristalográfica da fosfodiesterase 5 (PDB:1XO7).
.............................................................................................................................................................................. 35
Figura 5. Mecanismo de ação dos inibidores de PDE5 na ereção peniana ............................ 37
Figura 6. Desenho representativo dos parâmetros geométricos que definem os
potenciais de interações intra e intermoleculares dos campos de força utilizados em
simulações de dinâmica molecular ........................................................................................................ 42
Figura 7. Estrutura molecular dos novos candidatos a inibidores de fosfodiesterase 5.
.............................................................................................................................................................................. 44
Figura 8. Redocking da molécula do Tadalafil usado como validação da docagem
molecular. ........................................................................................................................................................ 66
Figura 9. Conformações de encaixe molecular e pontuações (score) previstas para os
candidatos a inibidores de PDE5A. ........................................................................................................ 68
Figura 10. Distâncias amostradas entre átomos de oxigênio da carbonila da cadeia
lateral de Gln817 e nitrogênio do grupo indol dos inibidores .................................................... 70
Figura 11. Mapa de distribuições das distâncias para os pares do anel benzeno no grupo
indol dos inibidores com cadeias laterais não polares dos resíduos Phe820 (d1) e Val782
(d2) nas trajetórias de simulação de dinâmica molecular. ........................................................... 71
Figura 12. Interações específicas entre inibidores e resíduos de PDE5, de acordo com as
modificações químicas. ............................................................................................................................... 72
Figura 13. Modelo de interação observado durante as simulações de dinâmica
molecular mostrando a proximidade entre os resíduos do sítio de ligação da PDE5 e
grupamentos dos compostos. .................................................................................................................. 74
Figura 14. Efeito dos compostos na atividade celular metabólica pelo ensaio de MTT.
.............................................................................................................................................................................. 75
Figura 15. Atividade citotóxica dos compostos pelo ensaio de LDH. ...................................... 76
Figura 16. Efeito dos compostos sobre o acúmulo de GMPc em células. ............................... 77
Figura 17. Curva concentração resposta para os compostos no acúmulo de GMPc
induzido por STa em diferentes concentrações (0.01-1 µM) em células T84.. ..................... 78
Figura 18. Expressão do gene PDE5 em células T84 a partir RT-PCR semi-quantitativa.
.............................................................................................................................................................................. 79
Figura 19. Expressão do gene PDE5 em células T84 foi analisada por PCR quantitativa
em tempo real. ............................................................................................................................................... 80
Figura 20. Efeito dos compostos sobre a agregação plaquetária. ............................................ 81
Figura 21. Efeito do BL-106 ou tadalafil sobre a agregação plaquetária. .............................. 82
Figura 22. Efeito do BL-106 sobre a agregação plaquetária ....................................................... 82
Figura 23. Efeito do BL-106 (A) ou Tadalafil (B) na viabilidade das plaquetas pelo
ensaio de MTT. ............................................................................................................................................... 83
Figura 24. Efeito do BL-106 (A) ou Tadalafil (B) sobre os níveis de GMPc em plaquetas
.............................................................................................................................................................................. 84
Figura 25. Efeito do BL-106 sobre os níveis de GMPc em plaquetas na presença de SNP.
.............................................................................................................................................................................. 85
Figura 26. Efeito do BL-106 ou Tadalafil sobre os níveis de GMPc nas plaquetas em
diferentes tempos de incubação. ............................................................................................................ 85
Figura 27. Efeito do BL-106 (A) ou Tadalafil (B) sobre os níveis de GMPc intracelular e
extracelular em plaquetas ......................................................................................................................... 86
Figura 28. Efeito do BL-106 ou Tadalafil sobre os níveis de AMPc em plaquetas ............. 87
Figura 29. Efeito do BL-106 sobre os níveis de AMPc em plaquetas na presença de SNP.
.............................................................................................................................................................................. 87
Figura 30. Efeito dos compostos sobre os níveis de tromboxano B2 em plaquetas .......... 88
Figura 31. Efeito do BL-106 em diferentes concentrações sobre os níveis de tromboxano
B2 em plaquetas ............................................................................................................................................. 89
Figura 32. Inibição da fosfodiesterase 5 pelos compostos. ......................................................... 90
Figura 33. Inibição da fosfodiesterase 5 pelo composto BL-106. ............................................. 90
Figura 34. Curvas concentração-resposta para BL-106 e Tadalafil em corpo cavernoso
de (A) coelho e (B) humano e pré-contraído com fenilefrina ...................................................... 91
Figura 35. Curva concentração-resposta para BL-106 e Tadalafil em ureter humano e
pré-contraído com cloreto de potássio (KCl, 80 mM). .................................................................... 92
Figura 36. Concentração sérica média calculada pela administração endovenosa em
cães na dose de 3 mg/kg. ........................................................................................................................... 92
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 25
1.1 Nucleotídeos cíclicos .................................................................................................................... 26
1.2 Sinalização do GMPc ..................................................................................................................... 27
1.3 Alvos moleculares do GMPc ...................................................................................................... 29
1.3.1 Proteínas kinases dependentes de GMPc ............................................................................ 30
1.3.2 Canais iônicos controlados por GMPc .................................................................................. 31
1.3.3 Fosfodiesterases .......................................................................................................................... 32
1.4 Fosfodiesterase tipo 5 ................................................................................................................. 33
1.5 Estrutura e função da PDE5 ...................................................................................................... 34
1.6 Inibição da PDE5 ............................................................................................................................ 36
1.7 Inibidores de PDE5 ....................................................................................................................... 38
1.8 Docagem molecular ...................................................................................................................... 39
1.9 Simulações de dinâmica molecular ...................................................................................... 40
1.10 Candidatos a inibidores de PDE5 ........................................................................................ 44
2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................................................... 46
3 OBJETIVOS .................................................................................................................................................. 48
3.1 Objetivo geral ................................................................................................................................... 48
3.2 Objetivos específicos .................................................................................................................... 48
4 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................................................... 49
4.1 Docagem molecular ...................................................................................................................... 49
4.1.1 Seleção da estrutura da PDE5 para docagem molecular ............................................. 49
4.1.2 Preparo dos ligantes e docagem molecular ....................................................................... 49
4.2 Simulação de dinâmica molecular ........................................................................................ 50
4.3 Ensaio celular ................................................................................................................................... 51
4.3.1 Cultivo celular .............................................................................................................................. 51
4.3.2 Ensaio da atividade metabólica celular por MTT ........................................................... 51
4.3.3 Dosagem de lactato desidrogenase ...................................................................................... 52
4.3.4 Extração de GMPc das células ................................................................................................ 53
4.3.5 Quantificação do nucleotídeos cíclico GMPc ..................................................................... 53
4.3.6 Extração de RNA das células T84 .......................................................................................... 54
4.3.7 Quantificação de RNA das células T84 ................................................................................ 54
4.3.8 Retrotranscripção do RNA....................................................................................................... 55
4.3.9 Reações em cadeia da polimerase ........................................................................................ 55
4.3.10 PCR Quantitativo em Tempo Real (qRT-PCR) ................................................................ 56
4.4 Avaliações dos compostos na agregação de plaquetas humanas ......................... 57
4.4.1 Agregação plaquetária ............................................................................................................. 58
4.4.2 Extração e quantificação de GMPc e AMPc........................................................................ 58
4.4.3 Dosagem do tromboxano B2 ................................................................................................... 59
4.5 Atividade inibitória da fosfodiesterase 5 (PDE5) in vitro ........................................ 59
4.6 Avaliações do composto BL-106 no relaxamento de músculo liso ...................... 59
4.6.1 Animais .......................................................................................................................................... 60
4.6.2 Preparação de corpo cavernoso de coelho......................................................................... 60
4.6.3 Preparação de corpo cavernoso e ureter humanos ........................................................ 60
4.6.4 Banho para corpo cavernoso e ureter humanos .............................................................. 60
4.7 Avaliação farmacocinética ........................................................................................................ 61
4.7.1 Animais .......................................................................................................................................... 61
4.7.2 Administração dos compostos ................................................................................................ 61
4.7.3 Coleta das amostras ................................................................................................................... 62
4.8 Quantificação compostos ........................................................................................................... 62
4.8.1 Curvas de calibração ................................................................................................................. 62
4.8.2 Controles de Qualidade ............................................................................................................. 62
4.8.3 Extração das amostras ............................................................................................................. 63
4.8.4 Condições cromatográficas e espectrometria de massas .............................................. 63
4.8.5 Obtenção dos parâmetros farmacocinéticos ..................................................................... 64
4.9 Análise estatística .......................................................................................................................... 64
5 RESULTADOS ............................................................................................................................................ 66
5.1 Docagem molecular ...................................................................................................................... 66
5.2 Simulação de dinâmica molecular ........................................................................................ 69
5.3 Ensaios in vitro com células ...................................................................................................... 74
5.3.1 Viabilidade e toxicidade celular ............................................................................................ 74
5.3.2 Efeito dos compostos nos níveis de GMPc ........................................................................... 76
5.3.3 Expressão da fosfodiesterase 5 nas células T84 ............................................................... 79
5.4 Efeito dos compostos na agregação plaquetária ........................................................... 80
5.4.1 Viabilidade das plaquetas ........................................................................................................ 83
5.4.2 Efeito dos compostos nos níveis de GMPc nas plaquetas............................................... 84
5.4.3 Efeito dos compostos nos níveis de AMPc nas plaquetas............................................... 86
5.4.4 Efeito do composto BL-106 nas concentrações de tromboxano B2 .......................... 88
5.5 Inibição da PD5A ............................................................................................................................ 89
5.6 Relaxamento induzido pelo composto BL-106 no corpo cavernoso e ureter
......................................................................................................................................................................... 91
5.7 Perfil farmacocinéticos dos compostos ............................................................................. 92
6 DISCUSSÃO ................................................................................................................................................. 95
7 CONCLUSÃO ............................................................................................................................................ 104
7.1 Conclusões ...................................................................................................................................... 104
7.2 Conclusão geral ............................................................................................................................ 105
ANEXO 1........................................................................................................................................................ 118
ANEXO 2........................................................................................................................................................ 119
ANEXO 3........................................................................................................................................................ 120
ANEXO 4........................................................................................................................................................ 122
25
25
1 INTRODUÇÃO
O monofosfato de guanosina cíclico (GMPc) é um segundo mensageiro
fundamental na via de sinalização intracelular o qual desempenha papéis críticos em
muitos processos fisiológicos que vão desde o relaxamento do músculo liso,1 inibição da
adesão e agregação plaquetária,2 natriurese,3 motilidade do esperma,4 secreção de íons5
ao crescimento e apoptose celular.6-8
A formação do GMPc ocorre pela guanilato ciclase solúvel e/ou guanilato ciclase
particulada que catalisam a conversão de trifosfato de guanosina (GTP) para GMPc. O
GMPc formado atua diretamente através de três principais alvos celulares: as proteínas
kinases dependentes de GMPc,9 canais controlados por nucleotídeos cíclicos e
fosfodiesterases reguladas por GMPc.10
As fosfodiesterases (PDEs) possuem pelo menos 11 famílias de genes diferentes
em mamíferos e são enzimas funcionalmente distintas e altamente regulamentadas. A
atividade das PDEs tem papel de destaque na sinalização celular, pois são responsáveis
por promoverem a hidrólise dos nucleotídeos cíclicos. A fosfodiesterase 5 (PDE5)
modula as concentrações intracelulares de GMPc para monofosfato de guanosina.11
A regulação do metabolismo dos nucleotídeos cíclicos depende do perfil de
expressão específica dos diferentes tipos de fosfodiesterase num dado tecido. A PDE5 é
considerada uma proteína citosólica e está expressa em vários tecidos, incluindo
próstata,12 bexiga,13 testículos,14 rim,15 células gastrointestinais,16 células de Purkinje do
cerebelo,17 corpo cavernoso18 e plaquetas.19
Dada a importância do GMPc nas vias de sinalização intracelular sua elevação
permitiu identifica-lo como potencial alvo terapêutico. O aumento do GMPc celular
ocorre através da inibição da PDE5. Esta modulação continua sendo uma interessante
abordagem farmacológica. Atualmente, os inibidores de PDE5 como Sildenafil, Tadalafil
e Vardenafil estão aprovados para tratamento da disfunção erétil,20 hipertensão
pulmonar,21,22 insuficiência cardíaca congestiva23 e sintomas do trato urinário inferior
secundários à hiperplasia prostática benigna.15
26
26
Todos os inibidores de PDE5 têm semelhanças estruturais com GMPc e
competem pela ligação no sítio catalítico da PDE5.24 A seletividade e afinidade dos
inibidores de PDE5 são determinadas pelo contato direto entre certos resíduos do
domínio catalítico na porção carboxi-terminal. O domínio catalítico de interação é
dividido em bolsão-Q, bolsão-H e região-L, estes subdomínios acomodam os resíduos
que interagem diretamente com as moléculas inibidoras.25
De maneira geral, já se sabe que determinados resíduos de aminoácidos são
importantes na estabilização e seletividade da ligação do substrato GMPc bem como dos
inibidores vardenafil, sildenafil e tadalafil no domínio catalítico da PDE5. Por outro lado,
tratando de novas moléculas compreender as possíveis interações que estes compostos
podem fazer com a enzima permite extrair informações importantes para planejamento
racional de fármacos. Adicionalmente, associar as técnicas de modelagem molecular no
qual admite-se avaliar estas predições de interação proteína-ligante a ensaios in vitro,
pode contribuir para explicar em parte os possíveis mecanismos de ação de novas
moléculas.
1.1 Nucleotídeos cíclicos
Os nucleotídeos fosfato cíclico de adenosina (AMPc) e monofosfato cíclico de
guanosina (GMPc) são sintetizados pelas enzimas adenilato ciclase e guanilato ciclase,
respectivamente. AMPc e GMPc são segundos mensageiros ubíquos que medeiam as
respostas biológicas a uma grande variedade de estímulos extracelulares, incluindo
hormônios, neurotransmissores, quimiocinas e citocinas.26 O aumento da concentração
destes nucleotídeos cíclicos resulta na ativação de proteína kinase dependente de AMPc
(PKA) e proteína kinase proteína dependente de GMPc (PKG).9
Através das proteínas kinases dependentes de nucleotídeos cíclicos, é possível
controlar vários processos fisiológicos, tais como resposta inflamatória,27 imunitária,28
cardíaca,23 contração do músculo liso,15 resposta visual,27 sinais neuroendócrinos,29
glicogenólise,30 agregação plaquetária,2 condutância dos canais de íons,27 a apoptose e
controle de crescimento.7
27
27
O papel importante do AMPc e do GMPc nas vias de sinalização intracelular
permitiu identifica-los como potenciais alvos terapêuticos.30 Dada a sua relevância por
estarem ligados principalmente a família de enzimas fosfosdiesterases, que hidrolisam
especificamente os nucleotídeos cíclicos, mediando o controle dos níveis de AMPc e
GMPc e seu retorno ao estado basal.31
O AMPc foi descoberto na década de 1950 durante os estudo sobre a regulação
hormonal do metabolismo dos mamíferos e foi considerado uma molécula
sinalizadora.32 Os níveis celulares de AMPc são controlados através da sua síntese pela
adenilato ciclase (AC) que catalisa a ciclização intramolecular de ATP em AMPc
liberando pirofosfato33 e sua degradação acontece através das PDEs.34
Por sua vez, o GMPc foi descoberto na urina de coelho em 1963,35 logo após foi
confirmada sua existência em 1967.36 As concentrações intracelulares de GMPc são
estritamente controladas pela ação da guanilato ciclase e das fosfodiesterases.37-40 O
GMPc produzido medeia o seu efeito em diferentes alvos celulares com as proteína
kinases dependentes de GMPc, os canais catiônicos dependentes de GMPc e as
fosfodiesterases (PDEs).27 A cascata de sinalização segue em mais detalhes na próxima
seção.
1.2 Sinalização do GMPc
A produção de GMPc ocorre por duas isoformas de guanilato ciclase: a guanilato
ciclase solúvel (GCs) e guanilato ciclase particulada (GCp) através das principais vias de
sinalização, pelo óxido nítrico e por peptídeos (Fig. 1) estes eventos acontecem em um
largo espectro de células.1,41
O óxido nítrico ganhou maior destaque após sua identificação como fator de
relaxamento dependente do endotélio (EDRF).42,43 Somente em 1987, o EDRF e o óxido
nítrico foram reconhecidos como sendo uma mesma molécula.44,45 A formação do óxido
nítrico advém da óxido nítrico sintase (NOS), a qual é expressa em três isoformas: óxido
nítrico sintase neuronal (nNOS), óxido nítrico sintase induzível (iNOS) e óxido nítrico
28
28
sintase endotelial (eNOS), através da ação catalítica da NOS que convertem o aminoácido
precursor L-arginina em ON e L-citrulina.46
Figura 1. Cascata de sinalização do GMPc. O GMPc é produzido pelas guanilato ciclase: particulada (GCp)
e solúvel (GCs), a ativação das guanilato se dá pelos ligantes: peptídeos endógenos como a uroguanilina e
através do óxido nítrico, respectivamente. O GMPc formado pode ativar as isoformas de PDEs, proteína
kinase e canais iônicos controlados por GMPc.
O óxido nítrico após ser sintetizado vai atuar ativando a CGs na subunidade
da porção N-terminal composta por quatro átomos de nitrogênio e um átomo de ferro,
onde se liga formando um complexo heme ferroso nitrosil e promove a mudança
conformacional capaz de ativar a GCs, gerando assim GMPc, que por sua vez ativa outros
alvos moleculares.47
Outra via de ativação da GC envolve os peptídeos natriuréticos, que
compreendem uma família de mediadores polipeptídicos. Os principais peptídeos
natriuréticos são peptídeo natriurético atrial (ANP ou do tipo A), peptídeo natriurético
cerebral (BNP ou do tipo B) e peptídeo natriurético do tipo C (CNP). Os peptídeos
natriuréticos exercem os seus efeitos biológicos ligando-se aos receptores da guanilato
29
29
ciclase associadas a membranas (alternativamente conhecida como guanilato ciclase
particulada).48
O nível de GMPc em toda a célula é determinado principalmente pelo balanço
entre as atividades das GC e das PDEs que hidrolisam o GMPc. O GMPc pode ser carreado
para o meio extracelular das células pela ação de alguns dos membros da família de
proteínas transportadora de resistência a múltiplos fármacos dependente de ATP.49 No
entanto, a sua contribuição quantitativa na exportação do GMPc é pouca quando
comparado com a ação das PDEs.50 O GMPc produzido tanto pela guanilato ciclase
solúvel quanto pela guanilato ciclase particulada tem suas funções celulares exercidas
através da sua ligação em alvos moleculares.
1.3 Alvos moleculares do GMPc
Processos fisiológicos importantes são regulados pela via dependente de GMPc
como por exemplo: o relaxamento do músculo liso vascular e gastrointestinal, a inibição
da agregação plaquetária, o bloqueio da hipertrofia cardíaca, a proteção contra danos de
isquemia e a melhoria das funções cognitivas.9 Estudos sugerem que estes efeitos (Fig.
2) são largamente mediados pela ativação de proteínas kinases dependente de
GMPc,51,52 canais iônicos controlado por GMPc53 e pelas as PDEs.27
30
30
Figura 2. Alvos do GMPc após a cascata de sinalização. Os vários subtipos de guanilato ciclase e seus
vários ligantes capazes de desencadear diversos efeitos em alvos como as proteína kinases, isoformas de
PDEs e canais iônicos controlados por GMPc que estão envolvidos no controle fisiológico em órgãos como
coração, rim, nos vasos sanguíneos e tecido adiposo. Adaptado de Burnett.54
1.3.1 Proteínas kinases dependentes de GMPc
Dentre a família das proteínas kinases existe a PKG. Quando o GMPc se liga aos
seus resíduos de serina ou treonina ocorrem vários eventos de fosforilação a partir de
um doador, normalmente um nucleosídeo trifosfato (por exemplo, ATP),55 que conduz
ao relaxamento como, por exemplo, em células de músculo liso.
O papel da via do ON/GMPc/PKG é muito importante no relaxamento do músculo
liso, o qual parece estar envolvido na regulação de três principais processos: na redução
das concentrações intracelulares de cálcio livre, na regulação da sensibilização do cálcio
e na regulação dos filamentos finos.56
31
31
Além da implicação do GMPc no músculo liso através da PKG, outro papel
importante deste segundo mensageiro é nas plaquetas.57 Nas plaquetas o GMPc aciona a
ativação da PKG e esse processo leva à inibição da agregação plaquetária através da
fosforilação de diferentes alvos.58 As plaquetas expressam principalmente a isoforma
PKG-Iβ localizada no citosol, que pode interagir com substratos diferentes através do
seu domínio N-terminal.59 Adicionalmente, no trato gastrointestinal a isoforma PKG-II
atua na regulação da secreção de água e cloreto, em células intestinais.60
Convém ainda pontuar a sua participação na ossificação,61 no controle da
liberação de renina no rim,62 além da capacidade de promover a abertura de canais de
potássio ativados pelo cálcio, ocasionando o relaxamento das células do músculo liso.51
Durante os últimos anos uma variedade de funções das PKGs tem sido exploradas
principalmente em órgãos periféricos e no SNC.63-65
1.3.2 Canais iônicos controlados por GMPc
Os canais iônicos controlados por GMPc são proteínas de membrana que
desempenham funções relevantes na transdução sensorial em fotorreceptores e
receptores olfativos.66-68 Estas proteínas podem ser encontradas em uma variedade de
células, incluindo células da retina e de gânglios,68 pinealócitos,69 músculo aórtico,70
células epiteliais e esperma.71
O papel fisiológico de maior destaque dos canais iônicos controlados por
GMPc é na fototransdução. Neste mecanismo o GMPc atua na abertura do canal quando
não há passagem de fóton. Entretanto, quando há luz esse mecanismo é controlado pela
PDE6 através de sua hidrólise que permite a passagem de Na+ e K+ resultando no
fechamento e hiperpolarização do canal.72 De maneira geral, a síntese e a degradação do
GMPc no processo de fototransdução são controlados pela guanilato ciclase retiniana e
PDE6.
32
32
1.3.3 Fosfodiesterases
As PDEs são categorizadas em 11 principais tipos, são enzimas
funcionalmente distintas e altamente reguladas.26,73,74 Cada tipo de fosfodiesterase tem
diferentes especificidades de substrato com base em sua capacidade de discriminar
entre GMPc e AMPc (Tabela 1).26
Tabela 1. Isoformas da família de fosfodiesterases, distribuição e seus principais substratos.
Isoforma Seletividade Distribuição primária em tecido
PDE1 AMPc/GMPc Cérebro, pulmão, coração e células do músculo liso
PDE2 AMPc Córtex supra-renal, cérebro, coração, fígado, corpo cavernoso,
olfato bulbo e plaquetas
PDE3 AMPc Linfócitos, pâncreas, fígado, pulmão, coração e tecido adiposo
PDE4 AMPc Linfócitos, pulmão e cérebro.
PDE5 GMPc Corpo cavernoso, pulmão, plaquetas e células de músculo liso
PDE6 GMPc Retina
PDE7 AMPc Células T e músculo esquelético
PDE8 AMPc Testículos, ovário, intestino delgado, cólon
PDE9 GMPc Amplamente expresso no fígado e rim
PDE10 AMPc/GMPc Cérebro
PDE11 AMPc/GMPc Testículos, cérebro, corpo cavernoso, músculo esquelético e
próstata
Fonte: Adaptado de Essayan.28
As PDEs de mamífero compartilham uma organização estrutural comum,
como o domínio catalítico conservado localizado perto da extremidade C-terminal e um
domínio de regulação perto da extremidade N-terminal da proteína.
Complementarmente, apresentam domínios com ligação de íons metálicos como Zn²+,
Mg²+ e Mn²+. 26
Algumas PDEs, tal como a PDE4 e PDE7 são altamente específicas para
hidrólise de AMPc, entretanto, as PDE5, PDE6 e PDE9 são específicos para GMPc. Ao
mesmo tempo que as PDE1, PDE2 e PDE3 hidrolisam ambos os nucleotídeos.28 As
estruturas e os produtos hidrolisados de AMPc e GMPc são mostradas na Figura 3.
33
33
Figura 3. Hidrólise de AMPc e GMPc em AMP e GMP pelas fosfodiesterases.31
Como vimos a regulação do metabolismo dos nucleotídeos cíclicos depende
do perfil de expressão específica dos diferentes tipos de fosfodiesterase num dado
tecido.30 As PDEs são reguladas por diversos mecanismos bioquímicos que incluem a
fosforilização/desfosforilização, a ligação de GMPc ou AMPc em regiões alostéricas, a
ligação de Ca+2/calmodulina e várias interações proteína-proteína. PDEs participam de
diferentes funções fisiológicas no corpo e por inferência, também em diferentes
condições patológicas.31,71 São reconhecidas como bons alvos de fármacos.30
As fosfodiesterases estão expressas em vários tipos de células, tornando-as
um importante regulador da concentração de AMPc e GMPc.27 Ademais, a utilização de
inibidores podem prolongar a ação intracelular dos nucleotídeos cíclicos pelo aumento
de suas taxas. Convém ainda destacar o papel da fosfodiesterase 5 como alvo na
terapêutica da disfunção erétil.11
1.4 Fosfodiesterase tipo 5
A PDE5 foi originalmente identificada, isolada e caracterizada a partir de
plaquetas.75 Mais tarde foi descrita no tecido pulmonar, nos estudos sobre proteína
AMPc
GMPc
34
34
kinase dependente de GMPc e outras proteínas de ligação ao GMPc, também foi
identificada a PDE5A como uma das principais proteínas de ligação ao GMPc.76 Três
variantes da proteína PDE5A foram identificados. O que difere as três variantes
(PDE5A1-A3) são seus N-terminais e exões únicos seguido por uma sequência comum
de 823 aminoácidos.77,78
PDE5 é considerada uma proteína citosólica expressa no coração, placenta,
músculo esquelético, pâncreas, cérebro, fígado, vários tecidos gastrointestinais e
pulmão,16,31,78 também é expressa em plaquetas onde foi originalmente descoberta.75 É
claro está proeminentemente expressa no músculo liso vascular incluindo os tecidos do
pênis.17
Na PDE5 a estabilização da ligação do GMPc acontece pela fosforilação dos
resíduos serina e treonina. A principal responsável por esta fosforilação é a
PKG. Contudo, quando os níveis de GMPc são elevados e GAF-A já está ocupada pelo
GMPc, a PKA pode também fosforilar este local. Esta fosforilação então aumenta a
atividade catalítica de PDE5, através da afinidade de ligação do GMPc para o domínio
GAF.26 Postula-se que este mecanismo proporciona a célula um método para prolongar a
ativação da PDE5 em um ciclo de retroalimentação iniciada pela síntese de GMPc.79
1.5 Estrutura e função da PDE5
As estruturas cristalográficas demostraram que a PDE5 humana é uma
proteína monomérica e tem uma massa molecular de aproximadamente 200 kDa
composta pelo domínio C-terminal onde se encontra o bolsão catalítico com cerca de
364 aminoácidos.25,31 O domínio N-terminal que é caracterizado por apresentar os
domínios reguladores GAF-A e GAF-B que são as regiões de ligação alostérica para o
substrato enzimático GMPc e local de fosforilação (na posição Ser92). Adicionalmente,
PKA e PKG podem fosforilar a PDE5, o que resulta em um aumento da afinidade de
ligação de GMPc no seu sítio de ligação a PDE5, promovendo um processo alostérico e
aumento da atividade da PDE5.80
35
35
A ligação do GMPc aos locais alostéricos provoca também uma mudança
conformacional na enzima aumentando a afinidade do domínio C-terminal da PDE5 para
o substrato e para os inibidores, mesmo na ausência de fosforilação.80 O domínio
catalítico está localizado na extremidade C-terminal da proteína (resíduos de
aminoácidos: 535-860) que contém a ligação de dois íons metálicos divalentes
necessários para a função catalítica (Zn2+ e Mg2+), também presentes em outras PDEs.81
O domínio é composto por vários resíduos que são responsáveis pela seletividade com o
substrato GMPc bem como aos inibidores. Na Figura 4 podemos ver a participação de
alguns resíduos que são de suma importância na especificidade da ligação do GMPc no
sítio catalítico.25
Figura 4. Diagrama em fita da estrutura cristalográfica da fosfodiesterase 5 (PDB:1XO7). Vista ampliada
do sítio catalítico em complexo com GMPc (vermelho), abaixo a molécula do GMPc com os principais
resíduos responsáveis por sua estabilização no domínio catalítico. Adaptado de Sung et al. 2006.25
36
36
A base da purina é mantida fortemente no sítio ativo através de um "grampo
hidrofóbico" formado pelos resíduos Gln817, Phe820, Val782 e Phe786 de cada lado da
molécula e também é estabilizada por meio de interações hidrofóbicas adicionais que
acontecem com os resíduos Phe786 e Ile768 da PDE5A. O grupo hidroxila do anel da
ribose do GMPc está ligado com moléculas de água presentes no bolsão catalítico por
ligações de hidrogênio. Adicionalmente, a ribose tem uma configuração que facilita a
sua estabilização pelos resíduos Leu725, Leu765 e Phe786 na PDE5A.82
Apesar da semelhança estrutural com outras PDEs, a PDE5 exibe afinidade ~
100 vezes maior para GMPc do que para AMPc.11 Outra semelhança importante é na
sequência de aminoácidos dos domínios catalíticos das PDE5 e PDE6, ambas altamente
específicas para GMPc e com ~ 42% de similaridade no seu sítio catalítico, o que as
difere é a taxa catalítica sete vezes mais fraca na PDE6 quando comparada com a PDE5.83
A caracterização estrutural da PDE5 permite novas abordagens na concepção de novos
inibidores que podem auxiliar no tratamento de patologias associadas com o GMPc.
1.6 Inibição da PDE5
A inibição da PDE5 aumenta os níveis de GMPc após a liberação de óxido
nítrico nos terminais nervosos parassimpático durante estimulação sexual, aumentando
assim o relaxamento do músculo liso (Fig. 5). Consequentemente, conduz a diminuição
do tônus vascular nas artérias e no pênis. Isto faz com que ocorra um aumento do fluxo
sanguíneo e um alargamento do tecido cavernoso do pênis induzindo a ereção.38,84
A ereção peniana ocorre quando o sangue intumesce o corpo cavernoso, um
efeito facilitado pelo relaxamento do músculo liso da região peniana. O tônus do
músculo liso é regulado pelo Ca2+ intracelular, que ativa a Ca2+/calmodulina (CaM)
enzima dependente da kinase de cadeia leve da miosina (MLCK) o que leva à fosforilação
e contração da fosfatase de cadeia leve da miosina (MLC).85
37
37
Figura 5. Mecanismo de ação dos inibidores de PDE5 na ereção peniana. Adaptado de Beavo e Brunton.85
A via do óxido nítrico (NO) leva ao relaxamento do músculo liso por
estimulação da guanilato ciclase solúvel (GCs) que resulta na produção de GMPc e na
ativação da proteína kinase dependente de GMPc. A PKG causa relaxamento do músculo
liso por um mecanismo que inclui a redução da concentração citosólica de Ca2+ (pela
exportação de Ca2+ e/ou pela redução do inositol trifosfato (InsP3) mediada pela
mobilização do Ca2+ ao receptor).85 Ocorre também a desfosforilação de cadeias leves de
miosina pela ativação da fosfatase MLC e/ou pelo sequestro de MLCK numa forma
fosforilada que não é prontamente ativada por Ca2+/CaM. Os inibidores de PDE5 atuam
especificamente inibindo a degradação do GMPc celular pela PDE5 e assim prolongam e
aumentam os efeitos do NO/GMPc.85
Apesar da PDE5 ser a principal enzima de metabolização do GMPc no tecido
cavernoso, a estimulação contribui de forma significativa para a vasodilatação.86,87 As
formas mais abundantes das PDEs no corpo cavernoso humano são a PDE5 (cerca de
70%) e PDE2 (30%).88,89 Há relatos de quantidade pouco expressiva de PDE3 e PDE4.90
38
38
Esta é também a razão para os efeitos mínimos sobre a pressão arterial sistêmica
relatados em estudos clínicos com inibidores de PDE5.74
1.7 Inibidores de PDE5
Na medida em que as funções fisiológicas da PDE5 foram elucidadas, a
descoberta e a especificidade de seus inibidores ganharam destaque no meio científico.
Em meados de 1998 a Pfizer aprovou o Sildenafil para o tratamento da disfunção erétil
(DE) atribuída a sua capacidade de inibição da PDE5,91 que levou a um grande avanço na
terapia farmacológica da DE e ao desenvolvimento de outros inibidores da PDE5, como
Vardenafil, Tadalafil e Iodenafil.92,93
Baseados nos efeitos vaso-relaxantes do GMPc, os inibidores de PDE5 foram
originalmente utilizados para o tratamento de hipertensão, hipertensão pulmonar,
incluindo, doença cardíaca coronária e angina.81 Mais tarde, os inibidores de PDE5
surgiram como uma interessante indicação para DE.94 A expressão abundante de PDE5
no corpo cavernoso humano em relação aos outros tecidos é considerada a principal
razão da eficácia clínica dos inibidores de PDE5 no tratamento da DE.18
O sildenafil foi o primeiro fármaco utilizado por via oral para o tratamento da
DE que teve um sucesso comercial notável com vendas mundiais que ultrapassaram 1.5
milhões de dólares em 2001.94 São numerosos os estudos sobre a prevalência,
fisiopatologia e fatores de risco para DE,95 também sobre a sua farmacologia e eficácia
de tratamento.96
Todos os inibidores de PDE5 são análogos do GMPc, que inibem a degradação
do nucleotídeo cíclico e por competirem com a ligação ao sítio catalítico.97 Ademais, o
nível de GMPc é regulado por um equilíbrio entre a taxa de sua síntese através da
guanilato ciclase e a sua hidrólise para o fisiologicamente inativo GMP através da
PDE5.55
Atualmente, formulações dos inibidores de PDE5 indicados para DE, isto é
Sildenafil, Tadalafil e Vardenafil, foram aprovados pela FDA como parte da terapêutica
39
39
para hipertensão pulmonar.22 Apesar do amplo uso terapêutico ainda existem os fatores
relacionados aos efeitos colaterais dos inibidores de PDE5.84 Dentre os efeitos colaterais
mais descritos estão a dor de cabeça e a congestão nasal. Os efeitos podem ser
interpretados como um resultado da dilatação dos vasos arteriais bem como, da inibição
não seletiva da PDE1 que também hidroliza GMPc, localizada predominantemente nas
células do músculo liso vascular.
A dispepsia é frequentemente relatada como um efeito colateral, o que pode
ser explicado pela alta expressão de PDE5 no esôfago inferior, assim como distúrbios
visuais. Os efeitos oftalmológicos estão provavelmente relacionados com a inibição da
atividade da PDE6 presente na retina, que é responsável pelo controle da transdução de
sinal no olho.46,86
Uma alternativa para diminuição dos efeitos colaterais é a maior seletividade
dos inibidores de PDE5. Devido aos avanços nos estudos in silico, agora é possível
resolver algumas problemáticas no desenvolvimento de novas moléculas através da
concepção de fármacos baseados na estrutura do alvo e na modelagem computacional
de potenciais candidatos a fármacos. De forma paralela, é possível utilizar a
complementação experimental para sanar a hipótese de como ocorre a sinalização.
1.8 Docagem molecular
A docagem molecular é baseada em estruturas que são capazes de se ligarem
a um alvo molecular.98 O objetivo desta técnica computacional está relacionada a
identificação de novas entidades químicas, através de abordagens por triagem virtual
que une o algoritmo da busca conformacional e uma função de pontuação. O algoritmo
de busca é capaz de explorar todas as possíveis orientações e conformações de uma
pequena molécula dentro do local de ligação referente ao alvo.99
A docagem molecular explora o espaço conformacional de ligantes flexíveis,
enquanto a estrutura proteica permanece fixa (dependendo do método empregado),
nesta exploração cada conformação que o ligante assume quando está ligado a proteína
é chamada de hit. A cada pose é dado um valor referente à função de pontuação. A
40
40
função de pontuação representa um método matemático aproximado usado para prever
e avaliar as forças de interações entre o ligante e a proteína alvo.100 Durante a triagem
virtual, é bastante comum usar a função de pontuação para selecionar os melhores
candidatos para ensaios biológicos e bioquímicos.100
A escolha da melhor pontuação representa um estágio inicial para
desenvolvimento de novos fármacos onde os melhores candidatos sofrem uma
otimização racional para aperfeiçoar as suas características farmacodinâmicas,
estabilidade, afinidade e seletividade em relação ao alvo biológico, bem como sua
eficácia nos ensaios celulares.101
De fato, o conhecimento da relação entre a estrutura química de uma
molécula e a sua atividade biológica é importante para compreender que tipo de
substituições químicas se espera para melhorar a atividade dos compostos. De forma
semelhante, a simulação de dinâmica molecular pode ser utilizada para estimar as
interações moleculares entre o ligante e macromoléculas biológicas.102
Em particular os cálculos de dinâmica molecular são capazes de estudar alvos
complexos e seus possíveis ligantes, com objetivo de racionalizar os estudos
experimentais e melhorar os resultados da triagem virtual e docagem.103
1.9 Simulações de dinâmica molecular
Simulações de Dinâmica Molecular (MD do inglês Molecular Dynamics) são
utilizadas para estudar como um dado sistema molecular evolui com o tempo,
considerando as interações entre os átomos do ponto de vista da Mecânica Clássica.
Para realizar os cálculos de MD é preciso conhecer as coordenadas iniciais dos átomos,
seus potenciais de interação (intra e intermoleculares) e as equações de movimento
clássicas.104
Existem disponíveis diversos potenciais clássicos para a realização das
simulações de MD, cada um com uma composição própria sobre as equações que
fornecem o potencial resultante. Desta forma, diferentes campos de força, que é a
41
41
combinação da forma funcional com o conjunto dos arquivos de parâmetros de
potenciais e topologia, podem ser utilizados para realizar as simulações MD, como
CHARMM,105,106 OPLS,107 GROMOS108 e AMBER.109 Estes campos de força possuem
funções de energia potencial similares à da Equação 1.1.
∑
∑
∑ [ ]
∑ [(
)
(
)
]
∑
Nesta equação, é uma soma dos potenciais intra e intermoleculares,
como: ligações covalentes (1º termo); ângulos, formados por três átomos adjacentes e
ligados covalentemente (2º termo); torções diedrais, para um conjunto de quatro
átomos (3º termo); potenciais de Lennard-Jones, para pares de átomos que interagem
por forças de Van der Walls (4º termo); e potencial eletrostático, que descreve as
interações entre átomos carregados (5º termo).
Na Equação 1.1 os seguintes parâmetros são definidos: , , , , , , ,
, , . de acordo com cada potencial . Tais parâmetros podem ser obtidos por
métodos experimentais ou cálculos quânticos e faz parte do processo de parametrização
molecular.
Outras contribuições podem ser adicionadas ao cálculo de através de
termos como os potenciais de Urey-Bradley e ângulos impróprios. Portanto, é
composto pelos potenciais que descrevem as interações intramoleculares (ligações,
ângulos e diedros, além de Urey-Bradley e impróprios) e intermoleculares (Lennard-
Jones e Coulomb), mostradas na Figura 6.
42
42
Figura 6. Desenho representativo dos parâmetros geométricos que definem os potenciais de interações
intra e intermoleculares dos campos de força utilizados em simulações de Dinâmica Molecular.
As coordenadas iniciais dos átomos para proteínas podem ser obtidas pelo
banco de dados PDB (Protein Data Bank),110 por exemplo. Os demais componentes como
solventes e contra-íons podem ser adicionados ao sistema para representar a condição
biológica do estudo. O início da simulação se dá pela definição das velocidades iniciais
dos átomos que compõem o sistema, estas velocidades são atribuídas de acordo com a
distribuição de probabilidades de Maxwell-Boltzmann, com a energia cinética do sistema
correspondendo à temperatura termodinâmica. Cada componente da velocidade segue a
distribuição:
(
)
*
+
43
43
Onde: é a probabilidade do átomo de massa na temperatura T ter
velocidade .
Com os parâmetros do campo de força, posições e velocidades iniciais
definidos, as trajetórias podem ser obtidas por integração numérica das equações
diferenciais de movimento. Ou seja, deve se determinar as posições e velocidades em um
passo seguinte , isto é feito através do método de diferenças finitas, com as
posições seguintes sendo calculadas por expansões de Taylor. Os programas de
simulação de MD usam geralmente algoritmos de Verlet,111 ou variações deste como
Velocity-Verlet, implementado no NAMD.112
De modo geral, estes algoritmos calculam as interações entre os átomos
considerando suas posições e as forças que atuam em cada átomo. A força que atua em
cada átomo é calculada pelo gradiente do potencial . Desta forma, usando
a segunda Lei de Newton, a aceleração de cada átomo também é calculada:
, onde é a massa do átomo . Depois do cálculo da aceleração, a
velocidade de cada átomo no instante deve ser calculada:
. Obtendo-se as velocidades em , as novas posições podem ser calculadas
de acordo com: .
Com as novas posições definidas, o programa recalcula os potenciais de
interação, seguido do calculo de força, aceleração, velocidade e novas posições. Diversos
ciclos correspondem a trajetória da simulação e descrevem a evolução temporal do
sistema molecular.
A simulação de MD é uma técnica ideal para buscar informações a respeito
das interações entre macromoléculas alvo e novas moléculas. Sabemos por estudos
prévios que o domínio catalítico da PDE5 apresenta aminoácidos essenciais para a
ligação do GMPc assim como para os inibidores.25 Por outro lado, o trabalho apresenta
novas moléculas com características distintas. Entretanto, estas moléculas apresentam
algumas similaridades com o composto Tadalafil.
Considerando que novos compostos possuem uma maior mobilidade
conformacional devido as suas estruturas, portanto, maior a probabilidade de interações
44
44
com os resíduos do bolsão catalítico da PDE5, a dinâmica de interação com os resíduos
de aminoácidos devem ocorrer de forma alternativa ao do Tadalafil. Entender como
acontece à interação dos novos compostos no bolsão catalítico da PDE5 pode ajudar a
desvendar o mecanismo que envolve a estabilização destas novas moléculas.
1.10 Candidatos a inibidores de PDE5
Novas moléculas derivadas da estrutura principal 6,7-dihidro-3H-
oxazolo[3,4-a] pirazina-5,8-diona foram sintetizadas pela Biolab indústria farmacêutica.
Como representado na Figura 7, podemos ver a estrutura química destes compostos e a
inserção de grupamentos em R1 e R2. A maioria dos novos compostos possuem uma
porção com grupamento metilenodioxifenil conhecido como um grupo químico
importante na eficácia dos inibidores de PDE5.24
Figura 7. Estrutura molecular dos novos candidatos a inibidores de fosfodiesterase 5, em destaque as
modificações estruturais das novas moléculas.
45
45
As modificações químicas nos novos compostos ocorrem em R1 conforme
ilustrado na Figura 7, onde no composto BL-106 há inserção do grupamento
metilenodioxifenil, em BL-106.1 há adição do grupamento metoxibenzeno, BL-106.2 há
adição do anel benzeno e no composto BL-106.3 ocorre a troca em R1 pelo grupamento
clorobenzeno. Enquanto isso, nos compostos BL-220, BL-230 e BL-236 ocorre a
mudança em R2 no grupamento metil ausente em BL-220, no BL-230 a inserção do
grupamento etanol e no composto BL-236 há a inserção de 2-metiletanol.
Embora hajam disponíveis no mercado inibidores de PDE5, o sucesso destas
terapias ainda é muito limitado. Assim, novos compostos podem sugerir novas
abordagens, uma vez que os inibidores de PDE5 são utilizados na clínica para disfunção
erétil, hipertensão pulmonar e sintomas do trato urinário inferior secundários à
hiperplasia prostática benigna. Complementarmente estudos mostram a relação dos
inibidores de PDE5 na potencialização da ação de fármacos antitumorais.113,114
De modo geral, o desenvolvimento de novas moléculas candidatas a
inibidores de PDE5 ainda está em fase inicial dada a complexidade do desenvolvimento
de um medicamento, por certo já passamos por várias etapas importantes. Convém fazer
uma referência especial às técnicas in silico em combinação com as abordagens
bioquímicas através de ensaios in vitro que permitiram percorrer uma grande linha
deste longo processo.
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2 JUSTIFICATIVA
Devido ao papel biológico importante dos nucleotídeos cíclicos, enzimas
como PDE5 são consideradas um potencial alvo para desenvolvimento de fármacos.
Recentemente, os inibidores da PDE5 foram aprovados para uso clínico no tratamento
de sintomas do trato urinário inferior secundários a hiperplasia prostática benigna e
hipertensão pulmonar. A priori estes fármacos eram usados apenas para disfunção
erétil. No entanto, o sucesso da terapia com os inibidores de PDE5 atualmente
disponíveis no mercado ainda é limitado. Ademais, nenhum novo inibidor de PDE5 com
grande eficiência e que tenha sido incluído como uma nova opção terapêutica na clínica
foi reportado nos últimos anos.
A partir deste panorama, uma série de moléculas orgânicas com alta
diversidade estrutural foi sintetizada pela empresa farmacêutica Biolab. Uma
característica importante dos novos compostos aqui apresentados é um esqueleto
químico distinto dos outras moléculas disponíveis no mercado como o Tadaladil e
Sildenafil. Hipoteticamente, os novos inibidores de PDE5 poderiam alcançar uma
seletividade maior, possivelmente por apresentarem uma mobilidade conformacional
que facilite a sua interação com o sítio catalítico da enzima.
Estudos experimentais in vitro demonstraram que o composto BL-106 foi
capaz de relaxar o corpo cavernoso humano e este relaxamento foi dependente da
concentração, reduzindo a contração induzida pela noradrenalina.115 No corpo
cavernoso a enzima PDE5 está intimamente ligada à hidrólise do GMPc, a sua inibição
ocasiona o aumento do GMPc, proporcionando assim o relaxamento da musculatura lisa
e favorecendo a ereção peniana. De maneira concordante, foi demonstrado os efeitos dos
compostos BL-230 e BL-236 no relaxamento do corpo cavernoso de coelho após
contração induzida pela fenilefrina.116
Nesse sentido, consideramos relevante conduzir novos achados para estas
moléculas promissoras, que podem representar novas possibilidades para criação de
inibidores mais específicos (tanto de PDE5 como outras PDEs). Ainda no que tange à
47
47
metodologia, os estudos in silico trazem uma grande novidade, uma vez que as
moléculas estudadas aqui são inéditas.
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48
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Avaliar in silico , in vitro e in vivo as interações e os efeitos dos compostos
candidatos a inibidores de fosfodiesterase 5.
3.2 Objetivos específicos
• Investigar as interações moleculares dos compostos com a PDE5, através de
docagem molecular e simulações de dinâmica molecular.
• Mapear quais os resíduos que podem interagir com os compostos.
• Investigar os efeitos dos compostos no acúmulo do GMPc em células de
carcinoma de cólon (T84).
• Investigar os efeitos dos compostos na agregação de plaquetas humana in vitro,
avaliar as alterações nos níveis de GMPc, AMPc e TBX.
• Avaliar a capacidade inibitória dos compostos sobre a PDE5.
• Analisar a farmacocinética dos compostos administrado por via endovenosa em
cães, utilizando técnica HPLC-MS/MS.
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49
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Docagem molecular
4.1.1 Seleção da estrutura da PDE5 para docagem molecular
Primeiramente foram feitas buscas no banco de dados de proteínas (PDB),110
a procura da estrutura cristalográfica com as coordenadas tridimensionais que
apresentavam resolução de até 3Å. Fez-se a escolha da proteína PDE5A humana código
PDB: 1XOZ e em seguida, foi analisado o arquivo contendo as coordenadas da PDE5
(.pdb) para a presença de ligantes, cofatores e outras informações relevantes.
4.1.2 Preparo dos ligantes e docagem molecular
As estruturas tridimensionais das moléculas estudadas neste trabalho BL-
106, BL-106.1, BL-106.2, BL-106.3, BL-220, BL-230, BL-236 e Tadalafil foram
construídas e minimizadas com o programa ChemBioDraw Ultra 12.0. A otimização da
geometria dos ligantes foi realizada utilizando o campo de força MMFF94. Já com a
estrutura proteica da PDE5A e a estrutura dos compostos preparadas, utilizamos o
programa DockThor para docagem.
Na plataforma DockThor o arquivo da proteína e posteriormente o arquivo
do ligantes foram carregados e os íons de Zn2+ e Mg2+ foram adicionados como cofatores.
O centro de coordenadas da grade para a docagem foi definido pela posição do bolsão
catalítico da PDE5, assim como suas dimensões. Para o experimento foi utilizado o
centro da grade X: 46.96 Y: 33.83 Z: 11.77, com 12Å em cada eixo e em seguida, foi
realizada a docagem. Os resultados foram visualizados usando o programa VMD 1.9.2.
50
50
4.2 Simulação de dinâmica molecular
As simulações foram feitas a partir da estrutura cristalográfica da PDE5A (a
mesma estrutura utilizada nos ensaios de docagem), obtidos a partir do Protein Data
Bank (PDB: 1XOZ), com uma resolução de 1.37Å.25 Os sistemas a serem simulados foram
construídos para estudar as diferenças conformacionais entre PDE5 complexados com
Tadalafil ou compostos (BL-106, BL-106.1, BL-106.2, BL-106.3, BL-220, BL-230 e BL-
236) (Tabela 2).
Tabela 2. Descrição dos sistemas considerados em estudos de dinâmica molecular.
Sistema Notação Moléculas de água Compostos Largura da caixa (Å)
1 BL-106 27000 BL-106 94.70
2 BL-106.1 27000 BL-106.1 94.55
3 BL-106.2 27000 BL-106.2 94.62
4 BL-106.3 27000 BL-106.3 94.61
5 BL-220 27000 BL-220 94.60
6 BL-230 27000 BL-230 94.61
7 BL-236 27000 BL-236 94.70
8 TAD 27000 Tadalafil 94.65
Simulações realizadas em duplicatas independentes.
Os compostos BLs bem como o composto Tadalafil foram alocados de forma
idêntica no sítio catalítico, tal como determinado pela estrutura cristalográfica. As
configurações iniciais foram construídas com Packmol,117 contendo a PDE5 (sem
complexo, complexo com Tadalafil ou com os compostos), com água (27000 moléculas),
com íons Na+ e Cl- para neutralizar a carga da proteína a concentrações de
aproximadamente 0.1 molL-1. Os sistemas foram simulados da seguinte maneira: com
todos os átomos da proteína fixados, a água e o inibidor complexado foram relaxados,
realizando 1000 passos de minimização pelo método de Gradiente-Conjugado (CG)
seguido por 200 os de simulação MD; mantendo somente os átomos de Cα da proteína
51
51
fixados, foram realizadas 500 passos de minimização de CG, seguidas de 200 ps de
simulação MD. Todos os átomos de PDE5 foram liberados e foram realizadas 2.2 ns de
simulação MD. As coordenadas e velocidades finais foram utilizadas para iniciar cada
etapa de produção. Duas simulações de 80 ns foram realizadas para cada sistema em
ensemble NPT a 1 atm e 310.15 K, totalizando 1280 ns. A pressão foi controlada em
banho de Nosé-Hoover Langevin com um coeficiente de amortecimento de 10 ps-1. O
campo de força CHARM foi utilizado para proteína PDE5, íons, água e para os
inibidores.118 Os parâmetros para Tadalafil e novos inibidores foram obtidos a partir do
programa CGenFF47 e o modelo TIP3 foi utilizado para água.107 As simulações foram
realizados com o programa NAMD112 e a visualização foi feita com o VMD.119 As
distâncias entre os átomos foram calculadas utilizando o programa MDAnalysis.
4.3 Ensaio celular
4.3.1 Cultivo celular
A linhagem de cólon carcinoma humano (T84) foi doada pelo Prof. Dr.
Alexander Kots da George Washington University, Estados Unidos. A linhagem T84 foi
cultivada em garrafas de 75 cm2 contendo meio DMEM-F12 suplementados com 10% de
soro fetal bovino e com antibióticos penicilina (100 U/mL) e estreptomicina (100
µg/mL). As células foram mantidas em estufa a 37 °C sob atmosfera úmida contendo 5%
de CO2, com pH do meio de 7.4. Posteriormente, as células T84 foram cultivadas em
placas de 12 poços até atingirem confluência para realização dos ensaios. Semanalmente
estas células foram propagadas para a realização dos experimentos e congelamento.
4.3.2 Ensaio da atividade metabólica celular por MTT
A mensuração da atividade metabólica constitui a base de numerosos ensaios
in vitro para determinar a resposta de uma população de células a fatores externos como
por exemplo a novos fármacos. Utilizando como indicador a redução de sais de
52
52
tetrazólio. O tetrazólio amarelo ou Brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-
difeniltetrazólio conhecido como MTT é reduzido por células metabolicamente ativas,
em parte pela ação das enzimas desidrogenase, para gerar equivalentes redutores como
NADH e NADPH, levando a formação do formazano roxo intracelular que pode ser
solubilizado e quantificado por meios espectrofotométricos.120 Desta forma utilizamos
esta metodologia para avaliar a viabilidade das células T84 e das plaquetas.
Protocolo nas células T84: Em placa de 96 poços foram incubadas células T84
em estufa úmida com 5% de CO2 a 37 °C por 72 h até atingirem confluência de 80-100%.
Foram incubados os compostos na maior concentração testada nas células (50 µM)
durante os tempos de 1, 24 e 48 h. Decorrido o tempo de incubação, o meio foi
substituído por meio sem soro e acrescentado 10 µL do volume de MTT. Incubando por
1-3 h em estufa a 37 °C (até ficar roxo). Este meio foi retirado e substituído pela solução
álcool isopropílico/HCl 0.04 M. A densidade óptica foi medida através do leitor de
microplaca (SpectraMax-M2e – software SPECTRAmax M2e ROM versão 2.1 Molecular
Devices, CA, EUA) em 570 nm.
Protocolo nas plaquetas: Em placa de 96 poços contento a suspensão
plaquetária (1.5 x 108/mL, 50 µL; obtidas conforme descrito na seção 4.4.1) o composto
BL-106 ou Tadalafil (0.01-100 µM) foi incubado por 5 min, 15 min, 30 min ou 60 min,
posteriormente foi adicionado em cada poço 10 µL de solução de Krebs. Finalmente, 10
µL de MTT (5 mg/mL) foram adicionados em cada poço e após incubação por 3 h a 37
°C, a reação foi interrompida com 100 µL de SDS 10% em HCl (0.01 M). A placa foi lida
em leitor de microplacas (Spectramax 340, Molecular Devices, Sunnyvale, CA, EUA) no
comprimento de onda de 540 nm.
4.3.3 Dosagem de lactato desidrogenase
A liberação da enzima lactato desidrogenase (LDH) uma enzima presente no
meio intracelular mais especificamente no citosol, é liberada para o meio extracelular
quando ocorre a apoptose celular. Desta forma, utilizamos o sobrenadante da cultura de
células T84 para mensurar a LDH colorimetricamente, utilizando o kit de detecção de
53
53
citotoxicidade LDH (Cayman Chemical, MI, USA). As células T84 foram cultivadas numa
placa de 96 poços a uma densidade óptima previamente determinada em 200 µL de
meio de cultura. O Triton X-100 (10%; 20 µL) foi adicionado aos poços contendo células
para obtenção da liberação máxima de LDH (controle positivo) e o tampão de ensaio (20
µL) foi adicionado para se obter a liberação espontânea (controle negativo).
A maior concentração dos compostos (50 µM) usada nos testes com células
T84 foi testada ou veículo foram adicionados (20 µL) e a placa foi incubada em CO2 a 37
°C por 1, 24 e 48 h. Em seguida, as placas foram centrifugadas a 400 x g durante 5 min e
100 µL de sobrenadante foi transferido para uma nova placa de 96 poços para a
realização da reação, onde 100 µL de solução de reação foi adicionada a cada poço. As
placas foram incubadas com agitação suave num agitador orbital durante 30 min à
temperatura ambiente e a absorbância foi lida a 490 nm.
4.3.4 Extração de GMPc das células
As células T84 foram cultivadas em placas de 12 poços. Cada poço foi lavado
por três vezes com DPBS (tampão fosfato salino de Dulbecco). As células foram tratadas
com o veículo (DPBS + 0.1% de DMSO) ou compostos teste (BL-106, 106.1, BL-106.2, BL-
106.3, BL-220, BL-230 e BL-236) ou Tadalafil durante 10 min, em seguida, o acúmulo de
nucleotídeo cíclico foi estimulado com ativador da guanilato particulada, a Enterotoxina
termoestável tipo A (STa) por 10 min. O meio foi aspirado e o nucleotídeo foi extraído
com HCl 0.1 M (0.3 mL por poço) por 20 min sob agitação. As amostras foram coletadas,
centrifugadas e o sobrenadante, contendo os nucleotídeos cíclicos, foi retirado para
quantificação.121 Após centrifugação e separação do sobrenadante as proteínas foram
extraídas com NaOH 0.1 M e dosadas de acordo ao método de Bradford.122
4.3.5 Quantificação do nucleotídeos cíclico GMPc
Os níveis de GMPc foram quantificados utilizando-se o kit da Cayman
(Cayman Chemical, MI, USA) seguindo as instruções do fabricante. Após a diluição e
54
54
acetilação cada amostra foi quantificada em duplicata e os resultados expressos em
pmol de GMPc/mL/mg de proteína.
4.3.6 Extração de RNA das células T84
O RNA total foi extraído a partir de células T84 após a incubação por 10 min
com o composto BL-106, seguido de estimulação ou não com a STa. As células foram
rompidas utilizando 0.5 mL do reagente TRIzol. O RNA foi então extraído com 20% de
clorofórmio, incubando por 3 min. Em seguida o mesmo foi centrifugado a 12000 rpm, a
4 °C, por 15 min. Nesta etapa foi obtida a solução bifásica, uma orgânica e outra aquosa,
a qual contém o RNA.
Posteriormente, a fase aquosa foi transferida para outro tubo de ensaio com
tampa seguida da adição de isopropanol a 100%. O material foi agitado por 10 min em
temperatura ambiente e realizada uma nova centrifugação a 12000 rpm, a 4 °C, por 10
min. O sobrenadante foi descartado, mantendo o pellet onde foi acrescentado etanol
75%. O material foi ressuspendido em tampão de DNase 1X (10 mM Tris-HCl (pH 7.5 a
25 °C), 2.5 mM MgCl2, 0.1 mM CaCl2) e incubou-se de 30 min a 37 °C com 2.5 unidades de
DNase livre de RNase I. Subsequentemente, o RNA foi re-extraído com fenol: clorofórmio
ácido (1:1, v/v - pH 4.5) e o precipitado com 2 volumes de etanol a 100%. Finalmente, o
precipitado foi lavado com etanol a 75% e ressuspensos em volumes variáveis de água
tratada com DEPC (dietilpirocarbonato).
4.3.7 Quantificação de RNA das células T84
A quantificação do RNA foi realizada através da leitura de uma alíquota da
amostra no espectrofotômetro Nanodrop 2000c (ThermoFisher Scientific, MA, EUA), em
comprimento de onda equivalente a 260 nm, considerando que 1DO260nm equivale a 40
µg de RNA/mL.
A relação entre as leituras realizadas a 260 e 280 nm foi utilizada como
parâmetro na estimativa do grau de contaminação do RNA por proteínas.
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55
Invariavelmente, o valor desta relação deve estar contido na faixa de 1.7 a 2.1. A análise
da qualidade do RNA extraído foi realizada por eletroforese da amostra em gel de
agarose 1.2 %, e visualização das bandas 28S e 18S, correspondentes ao RNA
ribossomal.
4.3.8 Retrotranscripção do RNA
O cDNA foi sintetizado a partir de 1.5 µg de RNA total utilizando Superscript
III (200 U/µL). Resumidamente, o RNA total foi misturado com dNTPs 10 mM (solução
dinucleotídeos trifosfato - dATP, dTTP, dCTP, dGTP), e 200 ng de primers em volume
final de 13 µL. Após um passo de desnaturação durante 5 min a 65 °C, os tubos foram
colocados em gelo durante pelo menos 3 min, para evitar a reformação da estrutura
secundária.
Posteriormente, os componentes seguintes foram adicionados à mistura
reacional: tampão de reação 5X, (DTT 0.1 M), 20 U de RnaseOUTTM e 200 U de
Superscript III em 20 µL de volume final. Os primers foram deixados para hibridar com o
RNA durante 5 min a 25 °C e para o alongamento foi deixado em 50 °C durante 60 min. A
reação terminou com um passo final de inativação da enzima (15 min a 70 °C). Um
controle negativo, uma reação que não contêm enzima RT, foi efetuada em paralelo com
cada retro-transcrição.
4.3.9 Reações em cadeia da polimerase
As amplificações de PCR foram realizadas em 25 µL de volume final
utilizando AmpliTaq Gold Master Mix (Applied Biosystems, MA, EUA). Para cada 1 µL de
reação de cDNA foram utilizados os seguintes primers:
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Tabela 3. Sequências de primers oligonucleotídicos para genes alvo utilizados na RT-PCR.
Genes Fita molde e codificadora
pde5a-F 5’-GGAAGAGGTTGTTGGTGTAGC-3’
pde5a-R 5’- GTTCTCCAGCAGTGAAGTCTC-3’
H-ACTB-F 5’- CTGGGCATGGAGTCCTGTG-3’
H-ACTB-R 5’- AGGGCAGTGATCTCCTTCTG-3’
O programa de amplificação consistia de 35 ciclos de: desnaturação a 95 °C
durante 30 segundos, primers de anelamento durante 30 segundos a 57 °C e um passo
de alongamento a 72 °C durante 30 segundos. Cada programa foi precedido por um
passo de desnaturação preliminar para 95 °C durante 5 min e seguido por um passo de
alongamento final a 72 °C durante 7 min. As reações de PCR foram realizadas utilizando
um sistema de PCR GeneAmp 2400 (Perkin Elmer, MA, EUA). Os produtos de PCR foram
separados por eletroforese em 1.2% (m/v) de géis de agarose e visualizados sob luz UV,
após coloração com brometo de etídio.
4.3.10 PCR Quantitativo em Tempo Real (qRT-PCR)
As amostras de cDNA utilizadas na reação de qRT-PCR foram quantificadas
num sistema StepOne PlusTM detecção em tempo real (Applied Byosystems, MA, EUA)
usando a mistura SYBRTM Green PCR Master Mix® (Applied Biosytems, USA), que além
de conter todos os reagentes necessários para PCR (dNTP’s, MgCl2, tampão, Taq Ampli-
Gold), contém o corante SYBR Green, uma molécula que emite maior quantidade de sinal
fluorescente ao intercalar com DNA dupla fita.
As reações foram realizadas em placas de 96 poços (Applied Biosystems, MA,
EUA), onde foi feita uma curva com a mistura de todos os cDNA, conforme mostrado no
esquema abaixo:
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57
Esquema 1. Diluição seriada da curva padrão utilizando todas as amostras e diferentes
fatores de diluição.
Todas as amostras foram ensaiadas em 12 µL de volume final, sendo 6.25 µL
do reagente SYBR Green PCR Master Mix®, 1 µL de amostra de cDNA (na concentração
de 10 ng/dL) e 0.75 µL dos primers na concentração de 300 nM. Em todas as placas
foram pipetados controles negativos, ou seja, para cada primer avaliado foram feitos
poços contendo água estéril em substituição à amostra.
O programa foi iniciado a 95 °C/10 min, seguido de 45 ciclos: 95 °C/15
segundos e 60 °C/1 min. Ao final de uma amplificação normal foi adicionado um passo
de 20 min, no qual a temperatura aumenta gradualmente de 60° para 88 °C. O gene
ACTB constitutiva foi utilizado como padrão endógeno. Expressão gênica relativa foi
calculada pelo método 2-Ct.123
4.4 Avaliações dos compostos na agregação de plaquetas humanas
58
58
4.4.1 Agregação plaquetária
O sangue venoso periférico foi coletado de voluntários saudáveis (Parecer
CEP n° 184.172) que não receberam qualquer medicamento até 10 dias antes do ensaio.
As amostras foram retiradas e adicionadas em tubo de ensaio contendo anticoagulante
citrato de sódio 3,8% (9:1 v/v).
O plasma rico em plaquetas (PRP) foi obtido após a centrifugação do sangue
total à 400 x g, em temperatura ambiente durante 15 min. O sobrenadante
correspondendo ao PRP foi coletado e o sangue remanescente foi novamente
centrifugado à 800 x g, temperatura ambiente durante 12 min, para obtenção do plasma
pobre em plaquetas (PPP). A agregação foi monitorada utilizando-se um agregômetro de
oito canais Platelet Aggregation Profiler, 8 channel PAP-8 V2.0 optics - Bio-Data
Corporation (Bio-Data Corporation, PA, EUA) calibrado para 0% com PRP e 100% com
PPP.
Em cada ensaio, foram utilizadas amostras de 200 µL de PRP adicionados em
cubetas siliconizadas, mantidas sob agitação constante a 37 °C no agregômetro. Foram
adicionados ao PRP os compostos e incubados por 5 min. Foram avaliados também os
efeitos dos compostos na presença de nitroprussiato de sódio/(SNP 0.1 µM). Após a
incubação, foi adicionado o agonista ácido araquidônico na concentração final de 500
µM. A curva de agregação foi registrada durante 5 min.
4.4.2 Extração e quantificação de GMPc e AMPc
O plasma rico em plaquetas foi incubado como descrito no protocolo
experimental e então estimuladas com ácido araquidônico (500 µM) durante 5 min. A
reação foi interrompida adicionando-se etanol absoluto acidificado (99%) a 4°C, e as
amostras agitadas durante 30 segundos. Em seguida, as amostras foram incubadas em
gelo por 30 min e centrifugadas à 4000 x g, 4°C, por 30 min. Os sobrenadantes das
amostras foram recolhidos. As amostras foram secas à 45 °C, sob fluxo constante de
nitrogênio e estocados à -80 °C até a dosagem.
59
59
A dosagem foi realizada utilizando-se kits comerciais da Cayman (Cayman
Chemical, MI, USA), seguindo-se as instruções do fabricante. A leitura foi realizada a 412
nm. O limite de detecção foi de 0.1 pmol/mL para GMPc e AMPc.
4.4.3 Dosagem do tromboxano B2
O plasma rico em plaquetas foi incubado como descrito no protocolo
experimental e então estimuladas com ácido araquidônico (500 µM) durante 5 min. A
reação foi interrompida adicionando-se 60 µL de solução de EDTA 10 mM a 4°C e as
amostras acondicionadas imediatamente em gelo. Em seguida, as amostras foram
centrifugadas à 4000 x g, 4 °C, por 5 min. Os sobrenadantes das amostras foram
recolhidos e armazenado a −80 °C até os ensaios de quantificação. A quantificação foi
realizada utilizando-se kits comerciais da Cayman (Cayman Chemical, MI, USA),
seguindo-se as instruções do fabricante. A leitura foi realizada a 412 nm. O limite de
detecção foi de 5 pg/mL de TBX B2/mL.
4.5 Atividade inibitória da fosfodiesterase 5 (PDE5) in vitro
Em uma placa de 96 poços foram incubados: 25 µL do substrato GMPc, 20 µL
da enzima fosfodiesterase 5A (BPSBioscience, CA, EUA) e 5 µL dos compostos durante 1
h a 37 °C, após a incubação foi adicionado a reação 100 µL do agente de ligação e
incubado por 30 min sob agitação lenta. Em seguida, a placa foi lida por fluorescência
polarizada (Filter Max F5-Molecular Devices, CA, EUA) com comprimentos de onda de
excitação de 485 nm e detecção emitido em 535 nm.
4.6 Avaliações do composto BL-106 no relaxamento de músculo liso
60
60
4.6.1 Animais
Foram utilizados coelhos machos New Zealand adultos (2-3 kg, n=4)
provenientes da granja Anilab (Paulínia, SP). Ração e água foram fornecidas a vontade.
Todos os protocolos realizados tiveram a aprovação prévia da Comissão de Ética no Uso
de Animais da Universidade Estadual de Campinas (protocolo CEUA-UNICAMP 2383-1).
4.6.2 Preparação de corpo cavernoso de coelho
Os animais foram anestesiados com isoflurano (100 mg/kg) e xilazina (10
mg/kg) e exsanguinados por secção da artéria carótida. O pênis do coelho foi retirado na
região de inserção da crura e imediatamente colocado em solução Krebs (pH 7.4)
composição (mM): NaCl (118); NaHCO3 (25); glucose (5.6); KCl 4.7; KH2PO4 (1.2);
MgSO4.7H2O (1.17) e CaCl2.2H2O (2.5). Em seguida, o tecido cavernoso foi dissecado,
após a remoção dos tecidos conectivos e da túnica albugínea.
4.6.3 Preparação de corpo cavernoso e ureter humanos
Foram utilizados corpos cavernosos e ureteres de três pacientes (23-34 anos
de idade, n=3-4) que haviam sido submetidos a múltiplas doações de órgãos após o
consentimento informado da pessoa apropriada. Todos os protocolos realizados tiveram
a aprovação do Comitê de Ética da Universidade Estadual de Campinas (protocolo de
estudo nº 490/2009).
4.6.4 Banho para corpo cavernoso e ureter humanos
Os tecidos foram montados em câmaras de incubação de tecido (10 mL)
preenchidas com solução Krebs; continuamente aeradas com mistura de O2:CO2
(95:5%), mantidas à temperatura de 37 °C. Mudanças na força isométrica foram
registadas utilizando um sistema PowerLab 4/30 de aquisição de dados (Chart software,
versão 7.0; ADInstruments, Colorado Springs, CO).
61
61
Curvas de concentração-resposta foram obtidas contraindo com
noradrenalina (NOR, 10 μM) no caso do corpo cavernoso ou cloreto de potássio (KCl, 80
mM) no caso de ureter através de doses cumulativas (0.0003 - 30 µM). Uma curva de
concentração-resposta do BL-106 foi construída em cada tira. As tiras de controle
(tratadas com DMSO 40 mM) foram também executadas em paralelo a cada
experimento.
4.7 Avaliação farmacocinética
4.7.1 Animais
Foram utilizados cães adultos da raça Beagle pesando 10 – 15 Kg (n=3-5). Os
animais foram alocados no canil do Hospital Veterinário da Universidade Camilo Castelo
Branco na cidade de Fernandópolis – SP (protocolo CEUA-UNICAMP 3340-1). Os animais
foram avaliados clinicamente pelo médico-veterinário responsável e apresentaram
parâmetros cardiorrespiratórios e de temperatura dentro da normalidade. Em todos os
protocolos, no dia anterior ao estudo, os cães ficaram em jejum não hídrico por 8 h antes
do início das coletas. Do mesmo modo, após 6 h de aplicação do composto, os animais
eram reposicionados nas respectivas baias onde se alimentaram e beberam água
normalmente.
4.7.2 Administração dos compostos
Em primeiro lugar foi colocado o colar “Elizabetano” no cão. Em seguida, foi
realizada tricotomia na porção radial dos membros anteriores. Após esse procedimento
foi feita a assepsia no local com auxílio de gaze umedecida em álcool 70%; seguidamente
foi estancado o acesso venoso com garrote pediátrico na porção superior do úmero. Foi
introduzido o cateter 22G em cada membro para administração pela via endovenosa. A
introdução do cateter foi feita de modo que este acesse a veia cefálica e, em seguida, foi
fixado no local com esparadrapo contornando a pata do animal.
62
62
4.7.3 Coleta das amostras
As coletas das amostras de sangue foram realizadas através de cateter
intravenoso 22G introduzido na veia cefálica de uma ou das duas extremidades
anteriores, foram coletados 1.5 mL de sangue em cada tempo de coleta. Os tempos de
coleta foram: pré dose (0:00); 0:02; 0:05; 0:10; 0:15; 0:20 e 0:30 min; 1:00; 2:00; 3:00;
4:00; 6:00; 8:00; 12:00 e 24:00 h (15 coletas no total). As amostras de sangue foram
centrifugadas a 2500 × g por 10 min a 4 °C e o plasma foi coletado e armazenado a −20
°C até os ensaios de quantificação.
4.8 Quantificação compostos
4.8.1 Curvas de calibração
As soluções padrão estoque dos analitos foram preparadas em acetonitrila
em várias concentrações. As curvas de calibração foram preparadas pela adição da
solução padrão no plasma de cão livre de fármacos, rendendo as concentrações de: 20,
50, 100, 200, 500, 1000, 2000 e 3000 ng/mL para os compostos. As concentrações do
padrão interno (Tadalafil - d3) foram mantidas sempre na concentração 5 ng/mL.
4.8.2 Controles de Qualidade
O controle de qualidade é realizado para antecipar os limites dos valores
analíticos. Foram realizados diariamente durante os ensaios as amostras de controle de
qualidade (baixa, média e alta concentração), com a corrida de um novo controle de
qualidade a cada 10 amostras desconhecidas. Amostras foram preparadas em plasma de
cão livre de fármacos para os controles: CQB – 60 ng/mL, CQM1 – 400 ng/mL, CQM2 –
1200 ng/mL e CQA – 3000 ng/mL.
63
63
4.8.3 Extração das amostras
A extração dos compostos foi realizada com 100 µL de amostra de plasma
adicionado em tubos de ensaio seguida da adição de 20 µL de solução de padrão interno
(5 ng/mL Tadalafil - d3) e 20 µL de hidróxido de amônia 50%, as amostras foram
homogeneizadas por 10 s. Uma extração líquido - líquido foi realizada adicionando 2.5
mL de eter/hexano (60:40, v/v), e homogeneizadas por 40 segundos. As amostras foram
depois centrifugadas à 2000 × g por 5 min, congeladas a -80 °C durante 10 min e após a
separação das fases, a fase orgânica foi coletada e evaporada até a secagem por um fluxo
de nitrogênio a temperatura de 45 °C. O resíduo foi dissolvido com 120 µL de
acetonitrila - água (10:90 v/v) - hidróxido de amônia (2.5 mM), e agitado por 10
segundos.
Após a extração, as soluções foram transferidas para uma placa de 96 poços e
acondicionadas para posterior análise por cromatografia líquida acoplada a
espectrometria de massas (LC-MS/MS). Foram injetados 10 µL de amostra. Os
procedimentos apresentados também foram aplicados não só na avaliação das amostras,
mas também para a extração da curva padrão e das amostras do controle de qualidade.
4.8.4 Condições cromatográficas e espectrometria de massas
Os compostos BL-106, BL-220, BL-230 e BL-236 foram quantificados em
plasma por cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massa (LC-MS/MS),
usando Tadalafil - d3 como padrão interno. A detecção das massas foi realizada através
do monitoramento dos íons resultantes no modo MRM. O sistema LC-MS/MS consistiu
de um cromatógrafo líquido LC-10AVP (Shimadzu - Japão) acoplado a um espectrômetro
de massas triplo quadrupolo (Quattro Micro; Waters Micromass, Milford, MA, USA)
equipado com uma fonte de ionização por "electrospray". A integração foi realizada
usando o software MassLynx 4.0 SP4 (Waters Micromass).
A fase estacionária consistiu de uma coluna kinetex 100A XB-C18 2,6 µm (75
mm × 4.6 mm i.d., Phenomenex®, CA, EUA). As análises dos compostos foram realizadas
com uma fase móvel composta por acetonitrila - água (70:30 v/v) + ácido fórmico
64
64
(0.1%) + acetato de amônia (5 mM), sendo os íons detectados em modo positivo. Os
compostos foram eluídos em velocidade de fluxo de 0.350 mL/min. O tempo de corrida
foi de 5 min. As transições para os íons precursores protonados e para os íons de
produto selecionados do composto BL-106, BL-220, BL-230 e BL-236 foram m/z
404/281.8, 389.50/250, 434/250 e 448.2/250.1, respectivamente.
4.8.5 Obtenção dos parâmetros farmacocinéticos
Os logaritmos das concentrações plasmáticas dos compostos foram traçados
graficamente como uma função de tempo. Os seguintes parâmetros farmacocinéticos
foram obtidos: a área sob a curva de concentração plasmática versus tempo, do tempo
zero ao tempo 24 h, (ASC0-24h) foi calculada através do método da regra trapezoidal. A
extrapolação desta área até o tempo infinito (ASC0-∞) foi realizada pela adição do valor
Cúltimo/Ke à ASC0-24h, onde Cúltimo é a ultima concentração do fármaco determinada
experimentalmente e Ke é a constante de eliminação da fase terminal.
A concentração plasmática inicial (C0) foi obtida pela extrapolação ao tempo
zero desde a fase terminal da eliminação. A constante de eliminação (Ke) foi estimada
pela regressão linear e o meia-vida de eliminação (T½) foi obtida usando a equação T½=
0.693.Ke-1. O volume de distribuição (Vd) foi calculado através da razão da dose
administrada pela concentração plasmática do fármaco ao tempo zero (C0). O software
usado foi o WinNonlin Professional Network - versão 3.2 e GraphPad Prism versão 6.0.
4.9 Análise estatística
Os valores experimentais foram expressos como média ± erro padrão das
médias (E.P.M.) de n experimentos indicados em cada caso. Os dados foram analisados
utilizando a análise de variância (ANOVA), seguida do teste de Tukey para avaliar
diferenças entre grupos experimentais. Valores de p<0.05 foram considerados
significativos. Os valores de relaxamento provocados pelo composto BL-106 no corpo
cavernoso e ureter foram calculados como percentual da contração induzida, as quais
65
65
foram tomadas como 100%. O programa Graph (GraphPad, version 6.0 Software, EUA)
foi usado para as análises.
66
66
5 RESULTADOS
5.1 Docagem molecular
Para investigar o modo de acoplamento dos compostos na PDE5A e atribuir
uma pontuação para a interação entre os compostos e os resíduos do bolsão catalítico
foram realizados cálculos de docagem. O arquivo PDB utilizado para o presente estudo
contém a estrutura da PDE5A co-cristalizada com o inibidor seletivo Tadalafil.
Portanto, o valor do desvio quadrático médio (RMSD) foi utilizado para a
validação interna do processo de acoplamento, com valor de 0.32Å, este valor obtido foi
bem dentro do limite aceitável (inferior a 2.0Å). Além da pose do Tadalafil no redocking
ser quase completamente sobreposta com a orientação cristalográfica, validando os
parâmetros de docagem (Fig. 8).
Figura 8. Redocking da molécula do Tadalafil usado como validação da docagem molecular. Comparação
entre a estrutura cristalográfica do Tadalafil (azul) e a melhor pose gerada pela docagem molecular
(vermelha).
67
67
A validação indicou que o programa utilizado na docagem pode reproduzir
com precisão a estrutura e a posição das moléculas usadas no estudo.
Consequentemente, o algoritmo de acoplamento e o protocolo foram adequados para as
simulações de docagem com os compostos.
A docagem molecular permite a obtenção de uma pontuação que é útil para
estimar a afinidade de ligação entre a proteína e o ligante através destas funções,
ademais permite selecionar a conformação mais provável.124 Neste sentido,
apresentaremos a seguir os resultados obtidos no estudo das interações dos compostos
com a PDE5 (Fig. 9). Esse estudo visou elucidar as funções de pontuação e quais são as
interações com a PDE5.
BL106.1 Score -8.67
BL106.2 Score -8.10
BL106 Score -8.77
Tadalafil Score -9.34
68
68
Figura 9. Conformações de encaixe molecular e pontuações (score) previstas para os candidatos a
inibidores de PDE5A (verde). As interações intermoleculares são identificadas como ligações de
hidrogênio (vermelho), apolares (azul) e íon-dipolo (preto).
Todos os compostos BLs foram acomodados na bolsão catalítico através de
interações intermoleculares tais como ligações de hidrogênio, não polares e íon-dipolo.
As pontuações para os novos inibidores variaram entre 8.10 a 8.77 kcal/mol.
Os resultados da docagem indicaram claramente que o composto BL-106 foi a
melhor molécula ancorada, apresentando o valor de menor energia de ligação. De modo
geral, as posições dos compostos no bolsão catalítico sugerem a capacidade dos
compostos em inibir a ligação do GMPc no sítio.
BL106.3 Score -8.43
BL220 Score -8.28
BL230 Score -8.39
BL236 Score -8.15
69
69
5.2 Simulação de dinâmica molecular
Considerando a existência de diferentes conformações para os compostos e a
enzima PDE5A, foram realizadas simulações de dinâmica molecular para encontrar
possíveis novas interações entre os ligantes e o alvo. Convém a partir de agora, então,
analisar a mobilidade conformacional do bolsão catalítico. Usamos esse modelo para
refinar os nossos resultados, para assim obtermos uma conformação do sítio ativo que
possibilitasse a ocorrência das interações em um sistema totalmente dinâmico.
A relação estrutura-função não é apenas influenciada pelos resíduos flexíveis
do bolsão catalítico, mas também pelo equilíbrio das interações, incluindo as interações
de ligação de hidrogênio e o empilhamento π-π entre os compostos e a PDE5A.
As ligações de hidrogênio entre os compostos e a PDE5A são muito
importantes, especialmente a ligação de hidrogênio com o resíduo Gln817. Como
mostrado nas Figura 10A e 10B as interações são sempre amostradas em distâncias
superiores a 3Å, com poucas ligações de hidrogênio calculadas entre Gln817.
No entanto, os novos compostos podem ser estabilizados por interações
polares dipolodipolo com anel indol dos compostos. Os compostos BL106.2 e BL220
são fortemente estabilizados pela cadeia lateral da Gln817, indicando que a orientação
espacial destes compostos favorece a exposição do anel indol formando mais facilmente
ligações de hidrogênio com a carbonila do resíduo Gln817.
70
70
Figura 10. Distâncias amostradas entre átomos de oxigênio da carbonila da cadeia lateral de Gln817 e
nitrogênio do grupo indol dos inibidores: (A) Tadalafil e (B) candidatos a inibidores.
Para compreender a progressão na capacidade de adaptação dinâmica do
sítio ativo da PDE5A após a ligação dos compostos, a partir da hipótese de que outros
resíduos importantes podem estabilizar os novos inibidores no bolsão catalítico, fizemos
uma varredura no sítio ativo a fim de buscar quais foram os resíduos responsáveis por
está estabilização.
Como ilustrado na Figura 11 há interações do anel indol de todos os
compostos com os resíduos da Phe820 e Val782. Estes resíduos também são
responsáveis pela estabilização dos compostos Sildenafil, Tadalafil e Vardenafil.25
Esta análise mostrou uma notável frequência na estabilização do composto
BL-106 com ambos os resíduos da Phe820 e Val782, uma característica significativa na
docagem desse inibidor no bolsão catalítico da PDE5A, uma vez que o mesmo não foi
visto para os outros compostos.
71
71
Figura 11. Mapa de distribuições das distâncias para os pares do anel benzeno no grupo indol dos
inibidores com cadeias laterais não polares dos resíduos Phe820 (d1) e Val782 (d2) nas trajetórias de
simulação de dinâmica molecular. A proximidade de todos os novos inibidores com Phe820 foi
frequentemente observada, exceto para BL-106.3. Adicionalmente, BL-106.1 e BL-236 são observados
distantes de Val782.
72
72
Descobrimos que estas são apenas algumas das possibilidades para as
interações do inibidor com o bolsão catalítico e buscamos avaliar as interações para
cada modificação química feita nos inibidores.
Figura 12. Interações específicas entre inibidores e resíduos de PDE5, de acordo com as modificações
químicas. (A) Met816 com BL-106; (B) Ala779 com BL-106.1; (C) Gln817 (d1) e cadeia lateral Met816 (d2)
com BL-106.2; (D) Gln817 com BL-106.3; (E) Tyr612 com BL-220; (F) Gln779 (d1) e Gly659 (d2) com BL-
230; (G) Met805 (d1) e Phe786 (d2) com BL-236.
73
73
Os resultados mostraram que o grupamento metil no composto BL-106
favoreceu sua estabilização com resíduo da Met816 (Fig. 12A), a inserção do
grupamento metoxi faz interações dipolares com backbone da Ala779 (Fig. 12B), a
inserção do anel benzênico no BL-106.2 aumentou seu caráter hidrofóbico (Fig. 12C), o
átomo de cloro no BL-106.3 (Fig. 12D) aumentou a eletronegatividade do anel atraindo
grupamentos carregados positivamente, ligações de hidrogênio com os resíduos Gln817
foram amostradas para os compostos BL-220 devido a ausência do metil no anel de
pirazina (Fig. 12E) e BL-230 a inserção do etanol no mesmo grupamento (Fig. 12F), e
por fim a inserção do radical metil hidrofóbico na BL236 favoreceu interações
intermoleculares não polares (Fig.12G).
A Figura 13 mostra esquematicamente um modelo de interação para cada
composto baseado na posição dos resíduos catalíticos da estrutura modelada dos
compostos com a PDE5A. Podemos observar uma verdadeira rede de interações que
acomodam os compostos da maneira mais estável possível, dependendo de suas
características moleculares, amostragem estrutural e conformacional.
74
74
Figura 13. Modelo de interação observado durante as simulações de dinâmica molecular mostrando a
proximidade entre os resíduos do sítio de ligação da PDE5 e grupamentos dos compostos. Alguns resíduos
são caracterizados pela versatilidade de interações como Met816, Phe820, Val782, Tyr612, Phe786 e
Gln817.
Ao mesmo tempo que as análises in silico geram resultados satisfatórios
como a possibilidade de avaliar em nível molecular as interações de fármacos com alvos
biológicos, o estudo destes pode e muito se beneficiar através de estudos in vitro e in
vivo. Assim, há um sinergismo entre as informações originadas dos estudos in silico com
seus respectivos efeitos in vitro.
5.3 Ensaios in vitro com células
5.3.1 Viabilidade e toxicidade celular
BL236
75
75
A fim de investigar a influência dos compostos na viabilidade celular foi
utilizado o ensaio de MTT. Os resultados mostraram que não houve diminuição da
viabilidade nos tempos de 1 e 24 h (Fig. 14). No entanto, o tratamento com os compostos
Tadalafil, BL-106 e BL-220 mostraram diminuição da viabilidade celular durante o
período de incubação de 48 h nas células T84 (23.18%, 23,82% e 40.83%,
respectivamente).
Figura 14. Efeito dos compostos na atividade celular metabólica pelo ensaio de MTT. Células T84 foram
pré-tratadas com 50 µM dos compostos ou veículo (0.1% DMSO) por 1h, 24h e 48h. As colunas
representam a média + E.P.M. Dados de três experimentos independentes n=9; Two-way ANOVA seguida
pelo teste de Tukey; *p<0.05 comparado com grupo controle.
Dado os resultados no tempo de 48 h, resolvemos investigar melhor o efeito
citotóxico dos compostos, usando um ensaio mais fidedigno, visto que o sal MTT pode
por muitas às vezes interagir com o próprio composto teste.120 Então utilizamos o ensaio
que mensura a liberação da enzima lactato desidrogenase.
76
76
Figura 15. Atividade citotóxica dos compostos pelo ensaio de LDH. Células T84 foram pré-tratadas com
50 µM dos compostos ou veículo (0.1% DMSO) por 1h e 24h. As colunas representam a média + E.P.M.
Dados de três experimentos independentes n=9; Two-way ANOVA seguida pelo teste de Tukey; *p<0.05
comparado com grupo controle.
Os compostos não aumentaram de forma significativa a liberação da enzima
LDH nas células T84. Portanto, não houve influencia dos compostos sobre a viabilidade
celular, sobretudo nas respostas durante os ensaios de GMPc.
5.3.2 Efeito dos compostos nos níveis de GMPc
Com finalidade de verificar e comparar a atividade dos compostos no sistema
celular, foi seguido um modelo bem aceito para mensuração do acúmulo de GMPc, uma
vez que a PDE5 que é expressa em células T84.16 Decidimos avaliar o acúmulo de GMPc
após estimulação do receptor da guanilato ciclase particulada pela enterotoxina estável
(STa) nas células T84. Como visto na Figura 16A, houve o aumento no acúmulo de GMPc
para os compostos Tadalafil, BL-106, BL-220, BL-230 e BL-236 em cerca de 57%, 58%,
34%, 57% e 64%, respectivamente.
77
77
Figura 16. Efeito dos compostos sobre o acúmulo de GMPc em células. (A) Células T84 foram pré-tratadas
com 50 µM dos compostos, seguido de estimulação pela STa (1 µM). (B) Células T84 foram pré-tratadas
com 50 µM dos compostos ou veículo (0.1% DMSO) por 10 min. As colunas representam a média + E.P.M.
Dados de 3 experimentos independentes n=4-6; #p<0.05 comparado com grupo veículo (DPBS + 0.1%
DMSO). *p<0.05 comparado com grupo STa.
Então, para compreender se os compostos são capazes ded estimular o
aumento de GMPc por si só, as células foram incubadas apenas com as moléculas. Apesar
dos compostos terem aumentado os níveis do nucleotídeo cíclico nas células após
estimulação, isso não é visto nas células que não receberam estímulo na guanilato
ciclase. Os dados mostram que não houve mudança significativa nos níveis de GMPc (Fig.
16B).
Observamos que os compostos geraram uma elevação nos níveis de GMPc
após estimulação das células T84. com a STa. Posteriormente avaliamos se essa elevação
é contida em diferentes concentrações de STa como mostrado na Figura 17.
Para isto, foram construídas curvas concentração-resposta com a STa nas
células T84 na presença dos compostos (50 µM), após incubação por 10 min. Em todas
as concentrações de STa (0.01-1 µM) os níveis de GMPc estão elevados após tratamento
com os compostos.
A B
78
78
Figura 17. Curva concentração resposta para os compostos no acúmulo de GMPc induzido por STa em
diferentes concentrações (0.01-1 µM) em células T84. (A) BL-106, (B) BL-220, (C) BL-230, (D) BL-236 e
(E) Tadalafil, na concentração de 50 µM. Os pontos representam a média + E.P.M. Dados de 2
experimentos independentes (n= 6).
A B
C D
E
79
79
5.3.3 Expressão da fosfodiesterase 5 nas células T84
A PDE5A é reconhecida por hidrolisar cerca de 75% do GMPc nas células
T84.16 Por isso, investigamos se o gene da PDE5A estava realmente transcrito nas células
T84 usadas nos ensaios. Conforme ilustrado na Figura 18, foram obtidos produtos de
RT-PCR correspondentes aos transcritos do gene da PDE5.
Figura 18. Expressão do gene PDE5 em células T84 a partir RT-PCR semi-quantitativa. As reações foram
produzidas com (+) e sem (-) RT. Os genes das proteínas codificadas correspondentes em estudo
aparecem abaixo dos respectivos géis. Os valores apresentados são médias + E.P.M de três réplicas
biológicas independentes.
Também foi observada uma diferença na intensidade da banda positiva para
PDE5 na condição estimulada. Para verificar está hipótese, o nível da expressão da PDE5
foi avaliado por PCR-quantitativa em quatro condições.
Baseados nos resultados da docagem molecular, simulação de dinâmica
molecular e acúmulo de GMPc, o efeito putativo do composto BL-106 foi escolhido para
maiores investigações. Tratamos as células T84 com o composto BL-106 ou com a STa
ou com a combinação do BL106+STa e verificamos se o uso BL-106 aumentaria a
expressão da PDE5A (Fig. 19).
80
80
Figura 19. Expressão do gene PDE5 em células T84 foi analisada por PCR quantitativa em tempo real. Os
níveis de transcritos foram normalizados relativamente ao gene endógeno da ACTB (beta-actina). As
colunas representam a média + E.P.M de três réplicas biológicas independentes.
Sobre a expressão de genes que codificam a PDE5A, os resultados mostraram
que não houve alteração significativamente biológica na expressão após incubação com
composto BL-106.
5.4 Efeito dos compostos na agregação plaquetária
Foi avaliado o efeito dos compostos na agregação de plaquetas humanas
após ativação da agregação pelo ácido araquidônico (Fig. 20). Não houve inibição
significativa em nenhum dos tratamentos (Fig. 20A).
As investigações seguiram para avaliação do efeito dos compostos na
presença do nitroprussiato de sódio (SNP), um doador de óxido nítrico. Primeiramente
checamos a concentração na qual o SNP não apresentasse efeito na inibição da
agregação; a concentração escolhida foi de 0.1 µM.
Diferentemente do observado para a agregação sem estímulo da guanilato
ciclase solúvel, os compostos BL-106, BL-220, BL-230, BL-236 e Tadalafil diminuíram
significativamente a agregação em cerca de 76%, 71%, 75%, 74% e 44%,
respectivamente (Fig. 20B).
81
81
Figura 20. Efeito dos compostos sobre a agregação plaquetária. (A) Plasma rico em plaquetas (PRP) foi
pré-tratado com compostos (30 µM) por 5 min, em seguida as plaquetas foram estimuladas com ácido
araquidônico (AA-500 µM). (B) PRP foi pré-incubado com compostos (30 µM) por 5 min, seguida da
adição de SNP- 0.1 µM, posteriormente o PRP foi estimulado com ácido araquidônico (AA-500 µM).
Colunas representam a média + E.P.M. n=5 indivíduos; *p<0.05 comparado com grupo AA. #p<0.05
comparado com grupo SNP 0.1 µM.
Foi observado uma sutil diminuição da agregação com composto BL-106 na
concentração de 30 µM (Fig. 20A), o que nos indagou a avaliar se o BL-106 poderia ter
um efeito inibitório em outras concentrações. Uma vez que estudo reportam o efeito dos
inibidores de PDE5 como por exemplo o sildenafil que inibe a agregação plaquetária em
concentrações de 100 a 200 µM.125
Como mostrado na Figura 21A o BL-106 inibiu significativamente a
agregação das plaquetas após ativação pelo ácido araquidônico. O mesmo não foi
observado para o Tadalafil (Fig. 21B).
B A
82
82
Figura 21. Efeito do BL-106 ou tadalafil sobre a agregação plaquetária. PRP pré-tratado com (A) BL-106 e
(B) tadalafil em diferentes concentrações por 5 min, em seguida as plaquetas foram estimuladas com
ácido araquidônico (AA-500 µM); (SNP=nitroprussiato de sódio). Colunas representam a média + E.P.M.
n=5 indivíduos.
Também foi observada uma diferença significativa na diminuição da
agregação plaquetária com adição do composto BL-106 após ativação da guanilato
ciclase solúvel com o SNP 0.1 µM (Fig. 22).
Figura 22. Efeito do BL-106 sobre a agregação plaquetária. PRP pré-tratado com BL-106 por 5 min,
seguida da adição de nitroprussiato de sódio (SNP- 0.1 µM), posteriormente o PRP foi estimulado com
ácido araquidônico (AA-500 µM). (n=5 indivíduos) Colunas representam a média + E.P.M. n=5 indivíduos.
*p<0.05 comparado com grupo AA. #p<0.05 comparado com grupo SNP 0.1 µM.
A
A
B
83
83
5.4.1 Viabilidade das plaquetas
A fim de investigar a influência dos inibidores na viabilidade e
posteriormente averiguar se a diminuição da agregação plaquetária em maiores
concentrações poderia ser oriunda da apoptose das plaquetas foi utilizado o ensaio de
MTT. Os resultados mostraram (Fig. 23) que não houve diminuição da viabilidade nos
tempos de incubação 5, 15, 30 e 60 min. Portanto, não houve influencia dos compostos
BL-106 e do Tadalafil sobre a viabilidade celular, sobretudo nas respostas observadas
posteriormente.
Figura 23. Efeito do BL-106 (A) ou Tadalafil (B) na viabilidade das plaquetas pelo ensaio de MTT. As
plaquetas isoladas foram incubadas com BL-106 ou Tadalafil (0.01-100 µM) por 5 min, 15 min, 30 min e
60 min. As colunas representam a média + E.P.M. Dados de três experimentos independentes n=9, (Two-
way ANOVA seguida pelo teste de Tukey). *p<0.05 comparado com grupo basal.
B
A
84
84
5.4.2 Efeito dos compostos nos níveis de GMPc nas plaquetas
Com o objetivo de avaliar as possíveis vias intracelulares de sinalização
envolvidas na inibição da agregação das plaquetas pelo composto BL-106, estudamos o
efeito dos inibidores nos níveis dos nucleotídeos cíclicos. Como observado na Figura 24,
os níveis de GMPc nas plaquetas incubadas com BL-106 ou Tadalafil não aumentaram
significativamente comparado com basal.
Figura 24. Efeito do BL-106 ou Tadalafil sobre os níveis de GMPc em plaquetas. O PRP foi incubado com
(A) BL-106 ou (B) Tadalafil em diferentes concentrações por 5 min seguida da estimulação por ácido
araquidônico (AA-500 µM). As colunas representam a média + E.P.M. n=4 indivíduos; *p<0.05 comparado
com grupo Basal (ANOVA seguido pelo teste de Tukey).
Como a incubação com composto BL-106 não causou alterações nos níveis de
GMPc, corroborando com resultados observados nas células T84, procuramos investigar
se na presença do SNP, os inibidores proporcionariam um aumento dos níveis dos
nucleotídeos cíclicos. A incubação do composto BL-106 com SNP (0.1 μM) aumentou
significantemente a concentração intracelular de GMPc em relação ao grupo SNP (Fig.
25). Entretanto, nas concentrações menores que 30 μM não houve aumento nos níveis
de GMPc.
A B
85
85
Figura 25. Efeito do BL-106 sobre os níveis de GMPc em plaquetas na presença de SNP. O PRP foi pré-
incubado com BL-106 em diferentes concentrações por 5 min, seguida da adição de SNP 0.1 µM.
Posteriormente, o PRP foi estimulado com ácido araquidônico (AA-500 µM). As colunas representam a
média + E.P.M. n=4 indivíduos; #p<0.05 comparado com grupo Basal, *p<0.05 comparado com grupo SNP
0.1 µM (ANOVA seguido pelo teste de Tukey).
Buscamos ainda avaliar os níveis de GMPc em diferentes tempos de
incubação. Realizamos incubações com BL-106 ou Tadalafil, durante 5, 10, 15, 20 e 30
min, frente a estimulação da guanilato ciclase pelo SNP 0.1 µM. A Figura 26 mostra o
acúmulo de GMPc intracelular nas plaquetas durante a evolução temporal.
Figura 26. Efeito do BL-106 ou Tadalafil sobre os níveis de GMPc nas plaquetas em diferentes tempos de
incubação. As plaquetas foram incubadas com (A) BL-106 ou (B) Tadalafil na concentração de 30 µM em
diferentes tempos. As colunas representam a média + E.P.M. n=4 indivíduos; *p<0.05 comparado com
grupo SNP 0.1 µM (ANOVA seguido pelo teste de Tukey).
A B
86
86
Na Figura 26B podemos observar que houve um aumento significativo do
GMPc em 5 min em ambas incubações quando comparado com os demais.
Adicionalmente, avaliamos o nível extracelular do GMPc nas plaquetas após a incubação
com composto BL-106 e Tadalafil. No entanto, não houve aumento significativo do GMPc
extracelular entre os tratamentos (Fig. 27).
Figura 27. Efeito do BL-106 ou Tadalafil sobre os níveis de GMPc intracelular e extracelular em plaquetas.
As plaquetas foram incubadas com BL-106 ou Tadalafil na concentração de 30 µM em diferentes tempos
seguida da adição de SNP 0.1 µM. As colunas representam a média + E.P.M. n=4 indivíduos.
5.4.3 Efeito dos compostos nos níveis de AMPc nas plaquetas
Avaliamos também o efeito dos inibidores nos níveis de AMPc. Assim como
observados no ensaio de GMPc, os compostos estudados não foram capazes de induzir
um aumento nos níveis de AMPc (Fig. 28A).
87
87
Figura 28. Efeito do BL-106 ou Tadalafil sobre os níveis de AMPc em plaquetas. O PRP foi incubado com
(A) BL-106 ou (B) Tadalafil por 5 min, seguida da estimulação por ácido araquidônico (AA-500 µM). As
colunas representam a média + E.P.M. n=4 indivíduos. *p<0.05 comparado com grupo basal (ANOVA
seguido pelo teste de Tukey). (FORSK=Forscolina 3 µM).
As investigações seguiram para avaliando os níveis de AMPc nas plaquetas
que foram incubadas com BL-106 na presença de SNP (Fig. 29), na tentativa de observar
um acúmulo de AMPc, uma vez que a PDE3 pode ser inibida quando há uma
concentração elevada de GMPc. Houve aumento discreto do AMPc com o composto BL-
106 nas concentrações de 3 e 30 µM na presença de SNP 0.1 µM.
Figura 29. Efeito do BL-106 sobre os níveis de AMPc em plaquetas na presença de SNP. O PRP foi incubado
com BL-106 em diferentes concentrações por 5 min, seguida da adição de SNP 0.1 µM posteriormente o
A B
88
88
PRP foi estimulado com ácido araquidônico (AA-500 µM). As colunas representam a média + E.P.M. n=4
indivíduos; *p<0.05 comparado com grupo SNP 0.1 µM; #p<0.05 comparado com grupo basal (ANOVA
seguido pelo teste de Tukey).
5.4.4 Efeito do composto BL-106 nas concentrações de tromboxano B2
Como já é sabido, o ácido araquidônico é um mediador liberado pela ação da
fosfolipase A2 e atua como um potente agonista na agregação de plaquetária, também
atua com um regulador fisiológico na contração das células do músculo liso vascular.126
Ademais, estudos in vivo mostraram que GMPc é capaz de fosforilar receptores de TBX
A2, contribuindo para inibição da ativação plaquetária.127 Por essa razão investigamos os
níveis de tromboxano B2, um metabolito do tromboxano A2 nas plaquetas, após
incubação dos compostos, seguidos pela estimulação do ácido araquidônico. A Figura 30
mostra que todos os compostos foram capazes de diminuir significativamente os níveis
de TBX B2 nas plaquetas.
Figura 30. Efeito dos compostos sobre os níveis de tromboxano B2 em plaquetas. O PRP foi incubado com
10 µM dos compostos por 5 min, seguida da estimulação por ácido araquidônico (AA-500 µM). As colunas
representam a média + E.P.M. n=3-4. *p<0.05 comparado com grupo AA, #p<0.05 comparado com grupo
basal (ANOVA seguido pelo teste de Tukey).
89
89
O composto BL-106 foi escolhido para maiores investigações (Fig. 31).
Verificamos uma diminuição da produção de TBX A2 nas plaquetas quando incubadas
com composto BL-106, podemos observar que esta redução foi dependente da
concentração. Assim, os compostos poderiam conduzir uma diminuição dos níveis de
tromboxano A2 estabelecimento um ganho na inibição da via da agregação plaquetária
com consequências fisiológicas potencialmente importantes.
Figura 31. Efeito do BL-106 em diferentes concentrações sobre os níveis de tromboxano B2 em plaquetas.
(A) O PRP foi incubado com 10 µM dos compostos por 5 min, seguida da estimulação por ácido
araquidônico (AA-500 µM). (B) O PRP foi incubado com diferentes concentrações do composto BL-106
(0.01-100 µM) por 5 min, seguida da estimulação por ácido araquidônico (AA-500 µM). As colunas
representam a média + E.P.M. n=3-4 indivíduos. *p<0.05 comparado com grupo AA (ANOVA seguido pelo
teste de Tukey).
5.5 Inibição da PD5A
O estudo do mecanismo de ação com possíveis inibidores da enzima PDE5 foi
realizado utilizando a técnica de fluorescência polarizada. Na Figura 32 mostra que o
composto BL-106 apresentou maior inibição quando comparado com os compostos BL-
220, BL-230 e BL-236; está diminuição foi de 83%, 74%, 58% e 78%, respectivamente.
90
90
Figura 32. Inibição da fosfodiesterase 5 pelos compostos. Incubação com 10 µM dos compostos BL-106,
BL-220, BL-230 e BL-236. As colunas representam a média + E.P.M. (n=3 experimentos individuais).
Analisamos também, a atividade inibitória do composto BL-106 em
diferentes concentrações. Foi observado um aumento importante na inibição da PDE5
na concentração de 0.01 µM que foi de 53.84% . Do mesmo modo, o Tadalafil inibiu na
concentração de 0.01 µM apenas 12.39% (Fig. 33).
Figura 33. Inibição da fosfodiesterase 5 pelo composto BL-106. Incubação com diferentes concentrações
do BL-106 ou Tadalafil. Resultados foram expressos pela média + E.P.M, (n=3 experimentos individuais).
91
91
5.6 Relaxamento induzido pelo composto BL-106 no corpo cavernoso e ureter
Este ensaio teve como objetivo avaliar o efeito relaxante do composto BL-106
em tecidos isolados que expressam a PDE5 como corpo cavernoso e ureter. Foram
obtidas curvas concentração resposta em ambos os tecidos. Como podemos observar na
Figura 34, o composto BL-106 induziu o relaxamento no corpo cavernoso de coelho e
humano após contração induzida com a fenilefrina, com valores de pEC50 de 6.48 ± 0.20
(coelho) e 7.14 ± 0.30 (humano) para o composto BL-106 e valores de pEC50 de 6.89 ±
0.06 (coelho) e 7.58 ± 0.07 (humano)
Figura 34. Curvas concentração-resposta para BL-106 e Tadalafil em corpo cavernoso de (A) coelho e (B)
humano pré-contraído com fenilefrina. Os pontos representam a média ± E.P.M (n = 4 coelhos e n = 3-4
doadores humanos).
Para verificar os efeitos do composto BL-106 em outro tecido no qual os
inibidores de PDE5 atuam foi analisado o relaxamento em ureter humano. Como
mostrado na Figura 35, ocorreu também nítida redução da contração induzida pelo KCl
de maneira dependente da concentração com valores de pEC50 de 5.88 ± 0.38 para BL-
106 e pEC50 de 6.18 ± 0.16 para Tadalafil.
A B
92
92
Figura 35. Curva concentração-resposta para BL-106 e Tadalafil em ureter humano pré-contraído com
cloreto de potássio (KCl, 80 mM). Os pontos representam a média ± E.P.M (n = 3-4 doadores humanos).
5.7 Perfil farmacocinéticos dos compostos
O perfil farmacocinético dos compostos foi avaliado após administração
endovenosa em cães Beagle seguido de quantificação por LC-MS/MS. As concentrações
séricas médias dos compostos BL-106, BL-220, BL-230 e BL-236 até 24 após a
administração i.v. são apresentadas na Figura 36.
Figura 36. Concentração sérica média calculada pela administração endovenosa em cães na dose de 3
mg/kg. Os pontos representam a média ± E.P.M (n= 3-5).
93
93
Os parâmetros farmacocinéticos dos compostos estão descritos na Tabela 4.
Os resultados mostraram que as concentrações plasmáticas dos compostos aumentaram
rapidamente após a administração endovenosa. Posteriormente, as concentrações
diminuíram com valores t1/2 de 2.18 - 7.27 h, sugerindo uma extensa distribuição nos
tecidos.
Tabela 4. Parâmetros farmacocinéticos dos compostos em cães.
COMPOSTOS
Endovenoso
(3 mg/kg) BL-106 BL-220 BL-230 BL-236
ASCinf
([ng/h]/mL) 4527.58 ± 764.91 2656.11 ± 905.40 13757.99 ± 4072.59 9857.21 ± 351.71
ASCúltimo
([ng/h]/mL) 4258.14 ± 1583.49 2556.90 ± 883.78 14892.72 ± 4773.47 8859.33 ± 586.45
C0
(ng mL) 1258.56 ± 401.56 1448.64 ± 645.63 4226.50 ± 185.95 1474.83 ± 671.79
Cúltimo
(ng mL) 28.25 ± 17.35 30.62 ± 6.11 113.50 ± 60.01 94.55 ± 7.57
ke
(1/h) 0.11 ± 0.01 0.33 ± 0.08 0.11 ± 0.01 0.10 ± 0.02
t1/2
(h) 6.23 ± 0.63 2.18 ± 0.53 6.67 ± 0.80 7.27 ± 1.14
túltimo
(h) 24.00 ± 0.00 10.40 ± 2.19 24.00 ± 0.00 24.00 ± 0.00
Vd
(L/kg) 8.12 ± 1.52 3.70 ± 0.73 2.02 ± 0.39 3.20 ± 0.61
Cl
(L/h) 9.31 ± 2.64 1.25 ± 0.44 0.21 ± 0.06 0.30 ± 0.01
A depuração total do plasma e o volume de distribuição foram maiores após
administração do composto BL-106 (9.31 ± 2.64 L/h e 8.12 ± 1.52 L/kg),
respectivamente. O composto BL-236 mostrou o maior volume de distribuição em cães
94
94
com valor de t1/2 de 7.27 ± 1.14. Destacam-se também outro parâmetro farmacocinético
a ASC último, que foi maior para o composto BL-230 com 14892.72 ± 4773.47 ng.h/mL.
95
95
6 DISCUSSÃO
A PDE5 é abundantemente expressa em uma ampla gama de células como no
músculo liso do corpo cavernoso e é também encontrada em plaquetas.128 Conduz
respostas vasorelaxadoras e diversos mecanismos bioquímicos. Nas últimas duas
décadas, uma quantidade cada vez maior de evidências através de estudos celulares e
em animais apontaram os potenciais benefícios dos inibidores seletivos da PDE5 em
diversas doenças.81 Entre elas, disfunção erétil,20 hipertensão pulmonar,21,22
insuficiência cardíaca congestiva23 e sintomas do trato urinário inferior secundários à
hiperplasia prostática benigna.15
A análise estrutural da PDE5 permitiu entender a base da seletividade para o
substrato GMPc.25 A análise do domínio catalítico da PDE5 indicou que o arranjo e a
natureza de alguns resíduos na maior proporção de aminoácidos hidrofóbicos são
cruciais para especificidade.82
Desse modo, a identificação do sítio ativo, a conformação dos ligantes e a sua
estabilidade no bolsão catalítico favoreceram a utilização de métodos computacionais.129
Essas ferramentas computacionais especialmente docagem e simulações de dinâmica
molecular podem ter impacto no processo de desenvolvimentos de novos
fármacos.130,131 Portanto, a importância da utilização de métodos computacionais
proporciona uma melhor compreensão e previsão do comportamento de moléculas
complexadas com o alvo.132 Desta forma, neste estudo descrevemos dois estudos
comparando o acoplamento através de docagem e simulações de dinâmica molecular
para investigar as interações entre a PDE5A e as novas moléculas.
Para investigar o modelo de ligação e atribuir uma pontuação para a
interação entre os compostos BLs e a bolsão catalítico da estrutura cristalográfica da
enzima PDE5A (PDB 1XOZ), foram realizados cálculos de energia livre através das
posições de docagem molecular. A capacidade da função de pontuação é identificar os
melhores ligantes para um determinado alvo. Esta pontuação é considerada a partir dos
melhores modos de interação e sua classificação é de acordo com critérios de energia de
96
96
ligação. Os compostos ancorados que apresentarem maior afinidade de ligação com alvo
recebera a maior pontuação, consequentemente, a melhor classificação.133
Outro critério avaliado foi o RMSD (desvio quadrático médio). Conforme
mostrado nos resultados a conformação experimental assumida pelo Tadalafil foi
reproduzida com RMSD de 0.32 Å em relação à estrutura cristalográfica. Os estudos de
docagem molecular sugeriram que a maioria dos compostos apresentam potencial na
inibição na PDE5.
Os dados mostram que todos os compostos se encaixam muito bem no sítio
ativo. Todos os compostos foram acomodados no bolsão catalítico através de interações
intermoleculares tais como ligações de hidrogênio, não polares e eletrostáticas. As
pontuações para os novos inibidores variaram entre 8.10 a 8.77 kcal /mol. No entanto,
entre todos os compostos o BL-106 mostrou melhor energia de ligação na PDE5A com
uma energia de ligação de 8.77 kcal/mol.
A interação espacial do BL-106 no domínio catalítico é estabilizada por
ligações de hidrogênio, sendo observadas nos resíduos Ser661 e Asp724. Enquanto que
interações apolares aconteceram entre os resíduos Leu804 e Phe820. As interações
hidrofóbicas e ligações de hidrogênio desempenham papel importante na manutenção
da estabilidade conformacional de acoplamento dos novos compostos a PDE5.24,25
A análise do composto BL-106 mostrou que a porção metilenodioxifenil se
encaixa bem no sítio ativo e foi coordenada pelos resíduos Phe820 e Gln817, estes
resíduos são importantes na estabilização de inibidores de PDE5.25 O BL-106 exibiu
arranjo espacial dentro do sítio catalítico semelhante ao Tadalafil. A vista do bolsão
catalítico (Fig.9) com composto 106 ilustra claramente a orientação espacial do anel
pirazina com os resíduos hidrofóbicos do sítio ativo, ao passo que o resíduo da Leu804
está envolvido nas interações apolares.
Por conseguinte, com base nos resultados, pode-se inferir que os compostos
podem apresentar propriedades de ligação semelhantes aos inibidores de PDE5 como
Tadadafil e compartilharem o mesmo bolsão catalítico da proteína devido as
conformações de ligação e aos vários resíduos chave na PDE5.
97
97
Entretanto, a mobilidade conformacional dos novos compostos sugerem que
pode haver diferentes possibilidades de interação entre o sítio catalítico e os inibidores.
Considerando a existência de diferentes conformações para os compostos e a enzima
PDE5A, foram realizadas simulações de dinâmica molecular para encontrar novas
interações entre os compostos e a enzima. Entretanto, agora analisando a mobilidade
conformacional dos compostos e principalmente do bolsão catalítico.
A PDE5 é composta por vários domínios, no qual o domínio C-terminal é onde
o sítio ativo está localizado.25,97 O domínio C-terminal é dividido em outros subdomínios
os quais são: sítio M, bolsão Q, bolsão H e região L, estes bolsões compõem do sítio
catalítico da PDE5A. Sung e colaboradores25 descreveram os resíduos essenciais para
interação e estabilização de moléculas, mostrando que cada bolsão apresenta
particularidades que os dão a possibilidade de seletividade para o substrato. Assim
como para moléculas que competem com o substrato para mesmo local bem como para
diferentes locais de ligação.
Portanto, buscamos entender melhor como as novas moléculas poderiam
interagir com os resíduos de cada subdomínio dentro do bolsão catalítico. Um resíduo
com grande contribuição para estabilização é a Gln817, que apesar das baixas
probabilidades na formação de ligações de hidrogênio entre os novos inibidores com a
sua cadeia lateral, existe a participação de outros resíduos na estabilização dos
compostos com o domínio catalítico.
Isso porque possivelmente à mobilidade do anel indol auxiliou na melhor
estabilização destes compostos, possibilitando a interação com diferentes resíduos. Os
resultados mostraram que houve interações do anel de indol dos inibidores com as
cadeias laterais de resíduos hidrofóbicos Val782 e Phe820, mostrando as interações
apolares no bolsão da PDE5, especialmente para BL-106, BL106.2, BL-106.3, BL220 e
Tadalafil. Essas interações apolares π foram amostras muitas vezes entre o anel benzeno
e anel indol da Phe820 para todos os inibidores (d1).
As simulações de MD mostraram que o Tadalafil interagiu fortemente com
Gln817, Phe820, Ile768, Tyr612, Ala767 e Val782, como descrito na literatura.25,97 Em
geral, este perfil de interação também foi observado para os compostos BL-106,
98
98
BL106.2, BL106.3 e BL-220. A mobilidade conformacional do anel indol dos novos
inibidores aumenta a probabilidade de interações com outros resíduos da proteína. Isto
é verificado para os inibidores: BL106 (Phe820, Leu765, Leu725, Thr761); BL106.1
(Phe820, Tyr612, Leu765, Leu725); BL106.2 (Gln817, Phe820, Ile768, Tyr612, Ala767,
Val782, Leu765); BL106-3 (Phe820, Ile768, Tyr612, Ala767, Val782, Leu765); BL220
(Gln817, Phe820, Ile768, Tyr 612, Ala767, Val782, Leu765); BL230 (Phe820, Tyr612,
Leu765) e BL236 (Phe820, Tyr612, Leu765, Leu725, Thr761). Para todos os inibidores
foi observada uma elevada afinidade para Phe820, sugerindo a importância deste
resíduo em manter os novos inibidores no sítio catalítico, tal como descrito para o
Sildenafil, Tadalafil e Vardenafil.25
Para manter a molécula inibidora no sítio catalítico é necessária a interação
de outros grupos, tais como metilenodioxifenil no bolsão H e anel metilpirazina na
região L. Os resíduos que compõem bolsão H (tal como Ala783, Phe786, Phe787, Leu804
e Ile813) e a região L (Met816) agem em conjunto para estabilizar os inibidores na
PDE5.24,25 Descobrimos que estas são apenas algumas possibilidades para as interações
dos inibidores com a PDE5.
Também avaliamos como as modificações químicas influenciariam na
estabilização dos compostos no sítio catalítico. Curiosamente Met816 pode estabilizar os
inibidores através de interações diretas com o backbone, como observados para BL106.
Alternativamente, a Ala779 pode estabilizar os inibidores por sua cadeia lateral e a
backbone através de interações hidrofóbicas ou dipolo entre agrupamento metoxi
(BL106.1) e o grupo carbonila.
As modificações químicas realizadas no composto BL106.2 aumentaram o
seu carácter hidrofóbico (substituição do grupo metilenodioxifenil pelo anel benzeno),
neste sentido, foram observadas interações com o carbono não polar do resíduo da
cadeia lateral da Met816. Outra possível estabilização pode ocorrer através da interação
com Gln817. O átomo de cloro adicionado no anel de benzeno proporcionou uma alta
eletronegatividade, tal como pode favorecer as interações dipolares, onde o halogêneo é
atraído eletrostaticamente por átomos de resíduo carregados positivamente. Isto foi
verificado pela possibilidade de interação com a cadeia lateral da Gln817,
especificamente está interação ocorre entre os átomos de cloro e nitrogênio (NH2 Cl).
99
99
No composto BL-220 a substituição do grupo metil no anel da pirazina pelo
átomo de hidrogênio faz com que aconteça múltiplas ligações de hidrogênio com cadeia
lateral da Tyr612. Os compostos BL230 e BL236 têm alterações semelhantes como a
inserção de grupamentos como o etanol e metiletanol adicionado em ambos os casos.
Possibilitando a amostragem de novas interações realizadas com o resíduo Gln817
(usando BL230 ou BL236 com o grupo hidroxila do átomo de nitrogênio do resíduo da
amida, mediada pela hidroxila ou hidrogênios da amida). Interações com backbone da
Gly659 também foram observados devido aos dipolos do oxigênio da carbonila com as
hidroxilas etanólicas, mediadas pelo hidrogênio. Entretanto, não orientada suficiente
para formar ligações de hidrogênio. A inserção do radical hidrofóbico metil no BL236
favoreceu as interações intermoleculares não polares, como observado para Phe786.
Além disso, também foi observada a interação do BL-236 com Met805.
As simulações de MD mostraram que todos os inibidores incluindo o
Tadalafil apresentaram o mesmo perfil de interação com este resíduo. Além disso,
observou-se que a Phe820 desempenha um papel importante na estabilização deste
grupo para todos os inibidores. Os resíduos dos bolsões que constituem o sítio catalítico
da PDE5 (bolsão-Q, bolsão-H e região L) não interagem unidirecionalmente, isto é, com
apenas um ou outro anel específico do inibidor.
O que acontece na verdade é uma rede de interações que acomodam o
inibidor mais estável possível, dependendo de suas características moleculares,
amostragem estrutural e conformacional. Um aspecto interessante é que determinados
resíduos (por exemplo, Phe820, Tyr612 e Gln817) podem estabilizar as diferentes
partes do mesmo inibidor, isto é possível devido às conformações tridimensionais
permitidas, principalmente para os novos inibidores estudados aqui.
Alguns resíduos mostraram ser muito importante devido à possibilidade de
estabilizar as diferentes partes de inibidores, tais como: Met816, Phe820, Val782,
Tyr612, Phe786 e Gln817. As análises in silico permitiram avaliar a inibição da PDE5A e
como a inibição está associada ao modo de interação com os resíduos do domínio
catalítico da enzima. No entanto, é necessário análises in vitro para estabelecer a
atividade de inibição de PDE5 dos compostos.
100
100
Primeiramente visamos assegurar que as possíveis respostas adivinham de
células viáveis. Os resultados mostraram que nenhum dos compostos estudados induziu
alterações significativas na viabilidade celular no tempo de incubação adotado no
estudo, adicionalmente, não afetou a viabilidade celular quando incubados durante o
maior tempo de 48 h.
Ademais, estudos têm mostrado que os inibidores de PDE5 podem
potencializar a ação de fármacos antitumorais e aumentar a sensibilidade de diversos
tipos de câncer para os fármacos quimioterápicos.6,113,114 O aumento de GMPc tem sido
reportado como um mecanismo capaz de interferir na apoptose e a proliferação de
várias linhagens de células mutagênicas como de mama, próstata e cólon,114,134 bem
como células em cultura primária derivada de câncer de cólon.135
Os níveis de GMPc nas células T84 são regulados principalmente pela PDE5.
Por sua vez a PDE5 é caracterizada por ter uma elevada afinidade nos sítios de ligação
para GMPc.136 Por está razão, buscamos verificar e comparar a atividade dos compostos
em um sistema celular, seguindo um modelo bem aceito para mensurar os níveis de
GMPc em células de carcinoma de cólon.121
Nossos resultados mostraram que os compostos foram capazes de aumentar
os níveis de GMPc nas células estimuladas com STa em diferentes concentrações,
refletindo uma provável inibição da PDE5. Contudo, o mesmo comportamento não foi
observado na incubação nas células apenas com os compostos. Ademais, resultados
semelhantes foram relatados por Sopory e colaboradores,16 utilizando citrato de
sildenafil. Estes achados levaram a investigações adicionais sobre uma possível
modulação na expressão da PDE5A. Entretanto, o composto BL-106 não foi capaz de
influenciar na expressão da enzima nas células na presença e ausência de STa.
Interessantemente, a expressão da PDE5 também ocorre em plaquetas, local
onde foi inicialmente descoberta,75 assim como as isoformas PDE2 e PDE3.9 Atualmente,
as plaquetas apresentam um papel importante nas doenças cardiovasculares e
emergiram como um bom alvo terapêutico.137 Neste sentido, a elevação de GMPc através
da inibição de PDE5 pode ser de grande valia uma vez que é responsável pela regulação
da amplitude e a duração do GMPc intracelular.
101
101
A consequência mais imediata, da inibição da PDE5 nas plaquetas é o
acúmulo do GMPc, que induz a ativação de proteínas kinases que fosforilam substratos
específicos, tais como fosfoproteína estimulada por vasodilatador (VASP), impedindo a
ativação plaquetária.138 Desse modo, julgamos relevante avaliar os efeitos do BL-106
sobre os níveis de GMPc, AMPc e TBX B2 nas plaquetas.
Os resultados demonstraram que o BL-106 aumentou significativamente os
níveis de GMPc e AMPc, o que poderia explicar, pelo menos em parte, a interação com
PDE5 nas plaquetas. Neste sentido, Gudmundsdóttir e colaboradores125 demonstraram
que o sildenafil inibe a agregação plaquetária in vitro através da sua capacidade de inibir
a PDE5 potencializando o efeito o nitroprussiato de sódio. É descrito que os inibidores
de fosfodiesterases atuam aumentando os segundos mensageiros intracelulares nas
plaquetas tais como GMPc e AMPc.19,58
Complementarmente, o tromboxano A2, sintetizado principalmente por
plaquetas, tido como um vasoconstritor potente e um estimulador da agregação
plaquetária também pode ser modulado pelo GMPc. Estudos do mapeamento de
peptídeos demonstraram que o GMPc pode mediar efeitos sob a fosforilação do domínio
carboxi-terminal do receptor do TBX A2.127 Os dados apresentados mostraram que todos
os compostos foram capazes de reduzir significativamente os níveis de TBX. Dessa
forma, não se poderia descartar um possível efeito antiplaquetário contribuindo
diretamente para a inibição da ativação plaquetária.
Por conseguinte, finalmente avaliamos a atividade inibitória dos compostos
frente a PDE5. O composto BL-106 mostrou ter uma afinidade melhor, que pode ser
explicada pelo fato das várias posições conformacionais de sua estrutura favorecendo
assim maiores e melhores interações com o domínio catalítico da enzima. Esse fato pode
ser observado através dos dados de docagem e de dinâmica molecular.
Ao passo que o GMPc é um regulador fisiológico crucial da vasodilatação
induzida por óxido nítrico (que leva à ereção do pênis) que ocorre após a estimulação
sexual e dado que PDE5 tem uma expressão relativamente alta no corpo cavernoso, os
inibidores de PDE5 podem ser usados para prevenir a degradação de GMPc e, assim,
102
102
aumentar a função erétil em homens não afetados ou em pacientes com disfunção
erétil.27
Pelo fato do composto BL-106 ter sido capaz de aumentar os níveis de GMPc
celular, foram realizadas curvas de concentração dose resposta em corpo cavernoso (de
coelho ou humano) e ureter isolado. O BL106 produziu relaxamento dependente da
concentração no isolado do corpo cavernoso e no ureter. Estes resultados são
interessantes porque a PDE5 é a isoenzima mais importante no corpo cavernoso,
responsável pela atividade hidrolítica do GMPc nas células do músculo liso do pênis.11
Adicionalmente, a expressão da PDE5 não é restrita para o corpo cavernoso, também é
encontrada nas células do músculo liso da aorta, coração, plaquetas, placenta, músculo
esquelético, pâncreas e, em menor grau, em cérebro, fígado e pulmão.77
A diferença em valores pEC50 entre os tecidos pode estar relacionada com a
seletividade e a distribuição da PDE5, uma vez que a regulação do metabolismo dos
nucleotídeos cíclicos depende do perfil de expressão específica dos diferentes tipos de
fosfodiesterase num dado tecido.30 PDE5 é menos expressa no ureter, quando
comparado com a sua distribuição no corpo cavernoso.128,139 Também ocorre a
influência das isoformas na degradação do GMPc nestes diferentes tecidos, as possíveis
diferenças funcionais entre as isoformas de PDE5 podem influir na localização
subcelular, atividade enzimática e sensibilidade a inibidores.77,128,140
Outro aspecto interessante que também devemos considerar são os
parâmetros de farmacocinética. Os modelos cinéticos fornecem um meio robusto de
avaliar como ocorre a cinética de distribuição para uma determinada molécula no
organismo.141 Esses modelos fornecem informações importantes sobre a absorção,
distribuição e eliminação de um fármaco dentro de uma escala de tempo. Além disso,
auxilia a estabeler como diferentes mecanismos estão relacionados, identificando quais
estratégias podem simultaneamente alterar cada parâmetro.142
O comportamento farmacocinético de novos fármacos é primeiramente
determinado em modelos experimentais com animais antes de serem administrados em
humanos. Neste sentido avaliamos os perfis farmacocinéticos dos novos compostos em
cães da raça Beagle, onde o composto BL-236 apresentou melhor perfil farmacocinético
103
103
devido ao maior t1/2, o que é desejável do ponto de vista terapêutico.143 Por conseguinte,
é necessário desenvolver formulações para administração oral dos novos compostos. Os
achados forneceram o passo inicial da farmacocinética destes novas moléculas o que
deve ser considerado para melhora da absorção antes da sua aplicação na clínica.
104
104
7 CONCLUSÃO
7.1 Conclusões
A docagem molecular mostrou melhor valor de pontuação para BL-106.
Foram detalhadas as interações do anel indol dos inibidores BL-106.2 e
BL-220 com a cadeia lateral Gln817. Devido à mobilidade deste anel nos novos
inibidores, foram colhidas outras interações, por exemplo, com cadeias laterais
de resíduos hidrofóbicos Val782 e Phe820.
Em geral, os resíduos dos bolsões (bolsão-Q, bolsão-H e região L) que
compreendem o domínio catalítico de PDE5A são orientados criando uma rede
de interações que acomodaram os inibidores da forma mais estável,
dependendo da estrutura molecular dos inibidores e da capacidade rotacional
dos seus grupos. É interessante notar que nesta rede de interações, alguns
resíduos têm grande importância (especialmente Phe820, Tyr612 e Gln817)
que pode estabilizar diferentes grupos do mesmo inibidor.
Os ensaios demonstraram que estes novos inibidores não apresentavam
toxicidade celular. Os compostos aumentam os níveis GMPc na linhagem
celular testada bem como nas plaquetas. Ademais, o composto BL-106
aumentou os níveis de AMPc e diminuiu os níveis de tromboxano nas
plaquetas
O composto BL-106 induziu relaxamento eficaz no corpo cavernoso, ureter
e na inibição da agregação plaquetária.
Os compostos BL-106, BL-220, BL-230 e BL-236 inibiram a PDE5A in vitro,
com maior valor de inibição para o BL-106.
105
105
O perfil farmacocinético mostrou extensa distribuição tecidual dos
compostos.
7.2 Conclusão geral
Em conclusão, os resultados proporcionam uma percepção da rede molecular
de interação que ocorre no sítio catalítico de PDE5 com os novos compostos
apresentados aqui. Os novos compostos apresentam potencial para serem utilizados
como novos inibidores de PDE5.
106
106
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ANEXO 2
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ANEXO 3
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ANEXO 4