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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS INSTITUTO DE EDUCAÇÃO, AGRICULTURA E AMBIENTE CAMPUS VALE DO RIO MADEIRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS HUMAITÁ AM 2018 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS DECORRENTE DA ATIVIDADE CEMITERIAL EM HUMAITÁ-AM RAFAEL BEL PRESTES DA SILVA

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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO, AGRICULTURA E AMBIENTE

CAMPUS VALE DO RIO MADEIRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS

HUMAITÁ – AM

2018

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO

POR METAIS PESADOS DECORRENTE DA ATIVIDADE

CEMITERIAL EM HUMAITÁ-AM

RAFAEL BEL PRESTES DA SILVA

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HUMAITÁ – AM

2018

RAFAEL BEL PRESTES DA SILVA

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR

METAIS PESADOS DECORRENTE DA ATIVIDADE CEMITERIAL EM

HUMAITÁ-AM

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Ciências Ambientais (PPGCA) da

Universidade Federal do Amazonas

(UFAM), como requisito para a

obtenção do grau de Mestre em

Ciências Ambientais.

Área de Concentração: Ambiente e

Sociobiodiversidade.

MILTON CÉSAR COSTA CAMPOS

Professor Orientador do PPGCA/UFAM

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR

METAIS PESADOS DECORRENTE DA ATIVIDADE CEMITERIAL EM

HUMAITÁ-AM

Defesa de Dissertação Aprovada em 21 de Junho de 2018.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________

Prof. Dr. José Maurício da Cunha – PRESIDENTE

Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA) – UFAM

______________________________________________________

Prof. Dr. Renato Abreu Lima

Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA) – UFAM

______________________________________________________

Renato Eleotério Aquino

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia - IFRO

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À minha mãe, Leni, grande incentivadora e realizadora de meus sonhos, principalmente

quanto à questão educacional e profissional.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, autor da vida, “por tanta luz, por tanto amor,

tantas alegrias”, ao qual dou Glória, pela oportunidade única vivenciada por mim.

Agradeço, principalmente, a Universidade Federal do Amazonas, a toda equipe do

Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambiental, ao meu orientador e professor

Milton César, aos professores e membros da banca José Maurício, Renato Abreu e

Renato Eleotério e aos professores que contribuíram para minha formação através das

aulas lecionadas e dos incentivos pessoais: Suely Mascarenhas, Marcos Vaz, Paulo

Fonseca, Fabiana Leal, Viviane da Silva, Ânderson Bergamin, Janaína de Lima e Aldair

de Andrade.

Agradeço às pessoas que conseguiram me distrair, tirar do tédio e me livrar da

loucura através de sua arte que admiro: Joelma Mendes, Mylla Karvalho, Lenne

Bandeira, Dayse Santana, Michele Andrade, Rose Sales, Déborah Lóren, Leya Sanches,

Linda Nill, Simara Pires, Vanda, Rogéria, Scheila, Francis, Joelma Mota, Gil, Ely,

Manu, Nayra Rêgo, Thaylla Costa, Flávia Anjos, Patrícia Lia, Michelle Menezes,

Francine Travassos, Natália Sarraff, Priscila Senna, Carla Maués, Thábata Mendes,

Leya Emmanuely, Candy Mel, Davi Sabbag e Mateus Carrilho.

Agradeço aos colegas que me acompanharam durante essa caminhada: Jemima,

Mizael, Nátia, Alzir, Maria de Nazaré, Luciana, Maria Francisca, Sério, Tatiane, Uilson,

e em especial minha amiga Laura que já me acompanha desde a graduação e a

especialização.

Agradeço a todos os alunos de graduação e técnicos que me ajudaram na coleta e

na análise nos laboratórios da UFAM e da UFRPE, em especial os alunos Brito e Allan

(UFAM), as alunas Aline e Rayanna e a técnica Simone (UFRPE).

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Agradeço a Prefeitura Municipal de Humaitá, em nome dos prefeitos José Cidenei

Lobo do Nascimento e Herivâneo Vieira de Oliveira e do vice-prefeito Rademacker

Chaves pelo afastamento concedido para a realização deste estudo.

Agradeço aos meus amigos Jemmy Kilber e Katherinne Lorenna pelo incentivo

para a criação do projeto de inscrição deste mestrado e a Carlos Magno pela cooperação

na confecção das estruturas deste trabalho.

Agradeço a todos os meus familiares, em especial, meus pais Irenilson Santos da

Silva e Leni Prestes da Silva, razões do meu viver e meus irmãos Gabriel Prestes da

Silva e Matheus Prestes da Silva.

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“Eu quero agradecer […] até aquele que nos tacaram pedras: Eu te agradeço, em

nome de Jesus; com essas pedras eu construí algo muito especial.”

(Joelma Mendes, 2015)

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RESUMO

O foco principal deste estudo é identificar e quantificar a concentração de metais

pesados em solos, decorrente da ocupação de cemitérios em Humaitá-AM, visando

avaliar o potencial de contaminação ambiental, onde, para alcançar este objetivo, foram

selecionados pontos representativos no Cemitério Municipal São João Batista I e no

Cemitério Municipal São João Batista II, abrindo-se trincheiras para coleta de amostras

de solo, sendo realizadas análises físicas, químicas e de teores de metais pesados.

Através desta análise, pode-se verificar a pobreza do material de origem por esses

elementos. O estudo demonstra que grande parte do acúmulo de metais pesados

presentes no solo pode provir da atividade cemiterial, tendo em vista a verificação de

aumento de concentração de metais pesados ao se comparar com ambientes não

antropizados. Pode-se verificar, ainda, que os teores de todos os metais pesados indicam

que os solos das áreas cemiteriais da cidade de Humaitá atendem ao critério de Valores

Orientadores de Referências de Qualidade preconizado pelo Conselho Nacional do

Meio Ambiente.

PALAVRAS-CHAVE: Análise química. Solos de cemitério. Teores de metais pesados.

Contaminação ambiental.

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ABSTRACT

The main focus of this study is to identify and quantify the concentration of heavy

metals in soils, due to the occupation of cemeteries in Humaitá-AM, aiming to evaluate

the potential of environmental contamination, where, to achieve this objective,

representative points were selected in the Municipal Cemetery São João Batista I and in

the Municipal Cemetery São João Batista II, trenches were opened to collect soil

samples, and physical, chemical and heavy metal analyzes were performed. Through

this analysis, one can verify the poverty of the source material by these elements. The

study demonstrates that a large part of the accumulation of heavy metals present in the

soil can come from the activity of cemetery, in order to verify the increase of

concentration of heavy metals when comparing with non-anthropic environments. It can

also be verified that the contents of all the heavy metals indicate that the soils of the

cemiterial areas of the city of Humaitá meet the criterion of Guiding Values of Quality

References recommended by the National Council of the Environment.

KEYWORDS: Chemical analysis. Graveyard soil. Heavy metal contents.

Environmental contamination.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

% – Porcentagem

° – Grau

°C – Grau Celsius

’ – Minuto

” – Segundo

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

Al – Alumínio

Al3+ – Cátion alumínio

AM – Amazonas

Ba – Bário

BA – Bahia

Ca2+ – Cálcio trocável

CETESB – Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo

Cd – Cádmio

cmolc · dm-3 – Centimol de carga por decímetro cúbico

CO – Carbono orgânico

Co – Cobalto

Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente

Cr – Cromo

Cu – Cobre

EDTA – Ácido etilenodiamino tetra-acético

Fe – Ferro

g – Grama

g · cm-3 – Grama por centímetro cúbico

g · kg-1 – Grama por quilo

H+ – Cátion hidrogênio

H + Al – Acidez potencial

ICP OES – Espectrometria de emissão óptica com plasma

IEAA – Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente

IEC – International Electrotechnical Commission

ISO – International Organization for Standardization

K – Potássio

KCl – Cloreto de potássio

kg - Quilograma

m – Metro

m2 – Metro quadrado

mg · dm-3 – Miligrama por decímetro cúbico

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mg · kg-1 – Miligrama por quilo

Mg2+ – Magnésio trocável

mL - Mililitro

mm – Milímetro

Mn – Manganês

mol · L-1 – Mol por litro

N – Normal

NaOH – Hidróxido de sódio

NBR – Norma Brasileira

Ni – Níquel

OMS – Organização Mundial de Saúde

p – p-valor (teste t de Student)

P – Fósforo

pH – Potencial hidrogeniônico

Pb – Chumbo

S – Sul

UFAM – Universidade Federal do Amazonas

UFRPE – Universidade Federal Rural de Pernambuco

VI – Valores de Investigação

VP – Valores de Prevenção

VRQ – Valores Orientadores de Referência de Qualidade

W – Oeste

Zn – Zinco

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 15

2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CEMITÉRIOS NO BRASIL ............................... 15

2.2 CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR CEMITÉRIOS ................................................ 17

2.3 CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR CEMITÉRIO EM CONDIÇÕES

AMAZÔNICAS ..................................................................................................................... 20

3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 23

3.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO ...................................... 23

3.2 TRABALHO DE CAMPO ............................................................................................... 24

3.3 ANÁLISES FÍSICAS E QUÍMICAS ............................................................................... 25

3.4 ANÁLISES DOS TEORES DE METAIS PESADOS ..................................................... 26

3.5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS .......................................................................................... 27

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 28

4.1 ATRIBUTOS FÍSICOS E QUÍMICOS DOS SOLOS DAS ÁREAS CEMITERIAIS ..... 28

4.2 TEORES DE METAIS PESADOS DOS SOLOS DAS ÁREAS CEMITERIAIS ........... 32

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 41

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 42

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS DECORRENTE DA

ATIVIDADE CEMITERIAL EM HUMAITÁ-AM

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1 INTRODUÇÃO

A palavra cemitério pode ser considerada originada do grego Koumetèrian e do latim

Coemeterium, possuindo o significado de dormitório, lugar onde se dorme, recinto onde se

enterram ou se guardam os mortos, tendo como sinônimos as expressões necrópole, carneiro,

sepulcrário, campo-santo, cidade dos pés juntos e a última moradia (CAMPOS, 2007).

Segundo Silva e Malagutti Filho (2009), o sepultamento de cadáveres gera fontes de

poluição para o meio físico, e por isso deve ser considerado como atividade causadora de

impacto ambiental. Veiga e Fernandes (1999) afirmam que no Brasil, o controle da qualidade

do meio ambiente em relação aos poluentes não-reativos é realizado comparando-se as

concentrações encontradas nos corpos d’água com as concentrações máximas permitidas pela

legislação (CONAMA, 2009), podendo-se perceber que áreas cemiteriais têm a capacidade de

se aumentar concentrações específicas de compostos orgânicos e inorgânicos. citando-se

ainda a possibilidade de haver metais pesados no solo e também em concentrações em

elevadas.

A partir de estudo relacionado à influência nociva de íons metálicos no ecossistema,

houve um grande interesse relacionado à compreensão do comportamento e dos mecanismos

de transporte dos metais pesados no solo e em outros compartimentos do ambiente

(CAMPOS, 2010), estudo este que tem ajudado na possibilidade de se aplicar uma

biorremediação na área considerada afetada por uma contaminação ambiental, devido ao

aumento das concentrações iônicas nesse sistema. Para se definir a expressão “metal pesado”,

cada metal deve ser estudado separadamente, levando em considerações suas características

químicas, biológicas e suas propriedades toxicológicas (DUFFUS, 2004). Neste trabalho, o

termo metal pesado será adotado a definição de Malavolta et al. (2006), como sendo os

elementos que possuem massa superior a 5 g·cm-3 ou possuir número atômico maior que 20.

Por não serem biodegradáveis, os metais pesados podem se acumular nos tecidos

vivos ao longo da cadeia alimentar chegando ao ser humano principalmente por meio da

alimentação (VIRGA, GERALDO e SANTOS, 2007). Embora não sejam metabolizáveis,

alguns metais pesados participam, em pequenas quantidades, de certas atividades metabólicas,

agindo como micronutrientes, como, por exemplo, o ferro (Fe), o cobre (Cu) e o zinco (Zn),

que fazem parte da estrutura das metaloenzimas e agem como cofatores enzimáticos, estando

envolvidas em funções metabólicas como crescimento linear (SANTOS, AMANCIO e

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS DECORRENTE DA

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OLIVA, 2007; SILVA et al., 2006). Porém, se a quantidade desses elementos no corpo

exceder os níveis essenciais, eles passam a ser tóxicos, causando sérios riscos à saúde ou até

mesmo a morte (POZEBON, DRESSLER e CURTIUS, 1999).

Estudos mostram que metais pesados podem ser absorvidos por seres vivos em geral,

causando intoxicações em todos os níveis das cadeias tróficas. Neste sentido, pode-se citar o

chumbo (Pb) como impactante para o sistema nervoso central e periférico, medula óssea e rins

(MOREIRA e MOREIRA, 2004); o cromo (Cr) como causador de danos para a pele e

brônquios (GOMES; ROGERO e TIRAPEGUI, 2005); o cádmio (Cd) como provocador de

danos no sistema ósseo (ROMAN, 2002); o níquel (Ni) como causador de doenças

respiratórias e alergias (ALI; GROTTI e RISCALA, 1987); o Cu como causador de febre,

náuseas e diarreias (SARGENTELLI; MAURO e MASSABNI, 1996); o Fe como causador

de vômitos, diarréias e de problemas intestinais (SIQUEIRA; ALMEIDA e ARRUDA, 2006);

o manganês (Mn) como favorável a distúrbios neurológicos, como o Mal de Parkinson

(CASTROPIL, 1972); o Zn como causador de tosse, febre, náusea e vômitos (CRUZ e

SOARES, 2011); alumínio (Al) tem sido associado à constipação intestinal, cólicas

abdominais, anorexia, náuseas, fadiga, alterações do metabolismo do cálcio (raquitismo),

alterações neurológicas com graves danos ao tecido cerebral (GARCIA; GIODA e

NASCIMENTO, 1997).

As principais fontes de metais pesados no solo tratam-se das contaminações naturais

relacionadas com os processos de litogênese, representando-se as concentrações destes metais

como sendo introduzidos a partir da rocha-mãe e a contaminação advinda de processos

antrópicos como, por exemplo, as atividades cemiteriais (HORCKMANS et al., 2005; XUE et

al., 2003; BARROS et al., 2008). Uma vez presente no solo, seja por ocorrência natural ou

por ação antrópica, o metal pesado pode adentrar na cadeia alimentar e, ao atingir

concentrações elevadas nas plantas, animais e homem, causam problemas de toxicidade,

diminuindo a produtividade de plantas e animais, e, por conseqüência, causar doenças aos

seres humanos, podendo, contudo, levá-lo à morte (MELO, MELO e MELO, 2004).

Reconhecendo que atualmente há um aumento nas áreas de cemitérios nas regiões

brasileiras, há uma percepção aprofundada de que a falta de medidas de proteção ambiental no

sepultamento de corpos humanos em covas do solo faz com que a área de muitos cemitérios

seja contaminada por substâncias diversas, orgânicas e inorgânicas, e, ainda, por alguns

microrganismos patogênicos, contaminação esta que ocorre quando os cemitérios são

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implantados em locais que apresentam condições ambientais desfavoráveis (SILVA e

MALAGUTTI FILHO, 2009).

Uma estratégia para se atentar à aplicação de medidas de proteção ambiental é o

estudo relativo à caracterização dos solos de cemitérios, bem como interações e dinâmicas

químicas, dando ênfase na geração de novos conhecimentos sobre o bioma amazônico,

visando, assim, a aplicação de recursos que levem à sustentabilidade. Tais estudos, embora

existam, são recentes e pouco abordados pela comunidade científica como um todo, fato este

que vem muito a implicar na carência de informações e dados para que pesquisas referentes à

temática sejam abordadas.

Felicioni e Bortolozzo (2007) nos mostram que não se tem a devida atenção para esta

temática e, muitas vezes, este tipo de pesquisa é visto com olhares de reprovação, onde se

pode perceber que tal ação possa ser influenciada tendo em vista a ênfase de Silva, Rodrigues

e Oliveira (2012), que afirmam não haver o hábito de se associar os seres humanos como

seres prejudiciais ao meio ambiente mesmo após a morte.

No estado do Amazonas não existem registros de estudos dessa natureza. No caso da

cidade de Humaitá, que possui dois cemitérios, sendo um parcialmente inativado devido à

construção e ativação do segundo cemitério, percebe-se a presença de pessoas que vivem em

seus entornos, chegando, em alguns casos, a haver consumo de água de poços que estão

próximos a eles, e não há controle ambiental que delimita a área cemiterial com os objetos de

acesso direto à sociedade.

Diante do que foi exposto, o estudo foi desenvolvido com propósito de identificar e

quantificar a concentração de Cd, Cr, Cu, Ni, Pb, Zn, Al, Fe e Mn em solos, decorrente da

ocupação de cemitérios em Humaitá-AM, visando avaliar o potencial de contaminação

ambiental.

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS DECORRENTE DA

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CEMITÉRIOS NO BRASIL

No período Neolítico, quando havia a morte de um ente querido, seu corpo era

colocado em cavernas naturais onde se fechava a entrada por uma rocha (DUARTE, 1998). O

ato de sepultar cadáveres vem acontecendo desde a Idade Média, com um significado de uma

aproximação entre os cadáveres; esta época tratava-se de um período onde muitas vítimas de

inúmeras epidemias de doenças contagiosas eram largadas em locais abertos e de maneira

imprópria, o que acabou ocasionando a disseminação de muitos agentes patogênicos

(KEMERICH et al., 2014).

Os cemitérios, desde a antiguidade, situavam-se fora das cidades, ao longo das

estradas, afastados dos centros urbanos, mas devido ao processo de urbanização, tornaram-se

ilhados por bairros, o que retornou a aproximação dos vivos com os mortos (SILVA, 1998).

Este processo de contínuo aumento da população e a consequente expansão das áreas urbanas

acabou provocando a poluição ambiental de modo indireto, onde muitos desses danos

ambientais são causados no momento em que são tomadas decisões políticas e econômicas de

maneira erradas (MANO, PACHECO e BONELLI, 2005; DIAS, 2004).

Inicialmente, as decisões sobre a implantação de cemitérios fora das cidades se davam

baseadas no mau cheiro dos cadáveres e em “emanações” tidas como perigosas para a saúde,

mas a preocupação com os problemas ecológicos causados pelos corpos sepultados é bem

mais recente, onde, apenas em 1998 a Organização Mundial da Saúde (OMS) publica um

documento afirmando que as atividades cemiteriais causam impactos ao ecossistema através

da liberação de substâncias orgânicas e inorgânicas e impregnando a este meio alguns

microorganismos que podem ser patogênicos para o solo e para os lençóis freáticos (SILVA e

MALAGUTTI FILHO, 2009).

No Brasil, até a segunda metade do século XIX, haviam grandes variações

relacionadas às formas de sepultamento dos mortos, sendo estas influenciadas principalmente

por processos culturais de raízes indígenas, dos negros e, também, dos europeus (SOUZA,

2015). Os sepultamentos se iniciaram com influência da cultura portuguesa, dentro de igrejas

e em seu entorno (PALMA e SILVEIRA, 2011). Porém, a partir do século XVIII, os médicos

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS DECORRENTE DA

ATIVIDADE CEMITERIAL EM HUMAITÁ-AM

16

começaram a se preocupar com essa ação, devido acreditarem que a localização correta para

implantação destas áreas cemiteriais deveriam ser realizadas em áreas externas às cidades, em

terrenos arejados e longe de fontes hídricas, levando em consideração que os ventos não

soprassem de maneira que as emanações pudessem ser transportadas desta forma para a área

urbana da cidade (CAMPOS, 2007).

A partir destas ações, em 1828 o império reage criando uma lei que determina a

construção e ativação de cemitérios em áreas fora do perímetro urbano, lei esta que só entra

em vigor em 1836, tendo alguns higienistas1 como responsáveis pela promoção do

higienismo, uma estratégia para se acabar com os domínios da Igreja, que encontram

dificuldades com relação aos costumes religiosos e tradicionalistas, transformando-se,

futuramente, em modo cultural da sociedade e costumes locais (CAMPOS, 2007). A multidão

não se encontra satisfeita com esta lei, e acabam se revoltando a ponto de destruírem o

cemitério campal, construído em Salvador-BA, ação esta conhecida como Cemiterada, que

traz consigo o surgimento de outros cemitérios campais (PALMA e SILVEIRA, 2011;

CAMPOS, 2007).

Entre os tipos de cemitérios existentes em nossa atualidade podemos citar os

cemitérios verticais2, os cemitérios tradicionais3, crematórios4 e os campos ou jardins5

(KEMERICH et al., 2014; CAMPOS, 2007; CONAMA, 2003).

Atualmente, quase sempre, a implantação dos cemitérios tem sido feita em terrenos de

baixo valor imobiliário ou com condições geológicas, hidrogeológicas e geotécnicas

inadequadas (KEMERICH et al., 2014). As áreas cemiteriais exigem maior atenção, não

apenas dos órgãos municipal, estadual e federal, mas de toda a sociedade a fim de se tentar

minimizar problemas ambientais, para, assim, haver um aumento da qualidade de vida

(PALMA e SILVEIRA, 2011; BARROS et al., 2008).

1 Pessoa que se especializou em higiene, parte da medicina que busca resguardar a saúde, criando medidas para a

prevenção de doenças; sanitarista. 2 Cemitério construído acima do nível do solo, de forma vertical e sem contato com a terra, onde os corpos são

sepultados separadamente em gavetas, um ao lado do outro, o que origina andares, tendo a circulação de

visitantes sendo feita por meio de escadas ou elevadores através de corredores. 3 Necrópoles que são compostas por alamedas pavimentadas, contendo túmulos e podendo conter, ainda, capelas

com altar, crucifixos e imagens, tendo monumentos funerários revestidos de mármores e granitos, possuindo

pouca ou nenhuma arborização. 4 Formados por fornos com filtros capazes de reter materiais particulados, capazes de incinerar os corpos em

compartimentos isolados. 5 Cemitério recoberto por jardins, com falta de construções tumulares, como nos cemitérios tradicionais, tendo

identificações descritas em uma lápide, localizada ao nível do chão e em pequenas dimensões.

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS DECORRENTE DA

ATIVIDADE CEMITERIAL EM HUMAITÁ-AM

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2.2 CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR CEMITÉRIOS

No Brasil, a Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado de São

Paulo (CETESB) foi precursora em propor os valores orientadores – concentrações de

substâncias químicas que fornecem orientação sobre a qualidade e as alterações do solo e da

água subterrânea – para substâncias potencialmente tóxicas em solos (CETESB, 2001;

CONAMA, 2009). A legislação brasileira estabelece três valores orientadores distintos:

Valores Orientadores de Referência de Qualidade (VRQ)6, Valores de Prevenção (VP)7 e

Valores de Investigação (VI)8 (CONAMA, 2009; BIONDI, NASCIMENTO e FABRÍCIO

NETA, 2011), com isso, considerando-se que as elevadas concentrações em relação aos

valores de referência já se constituem em caracterização de uma área contaminada, pode-se

perceber que os estudos de aumentos de concentrações destes metais que advêm da atividade

cemiterial pode identificar a existência de uma configuração de sério risco à saúde pública e

ao meio ambiente.

Migliorini (1994) mostra que na maioria das vezes, no momento da instalação de

grande parte dos cemitérios não são levados em considerações os estudos geológicos e

hidrogeológicos da área, podendo este ser a causa principal de alto potencial de risco de

contaminação ambiental. Com isso, os cemitérios podem ser considerados fontes potenciais

de impactos ambientais associados à contaminação das águas subterrâneas e superficiais por

vírus e bactérias. Tais microorganismos com potenciais patogênicos proliferam durante os

processos de decomposição dos corpos e são responsáveis pela liberação de substâncias

químicas que também podem causar problemas à saúde das pessoas.

Estudos de Bouwer (1978) demonstram que há registros de contaminação das águas

subterrâneas por líquidos humorosos, oriundos de cadáveres, em águas cujo destino final era o

consumo humano. Silva e Malagutti Filho (2009), por exemplo, mostram a existência de

relatos de 1970 relacionados à Berlim (Alemanha) e Paris, apontando o posicionamento dos

cemitérios em relação a fontes de água – como lençóis freáticos e nascentes – como uma das

6 Concentração de determinada substância que define a qualidade natural do solo, sendo determinado com base

em interpretação estatística de análises físico-químicas de amostras de diversos tipos de solos. 7 Concentração de valor limite de determinada substância no solo, tal que ele seja capaz de sustentar as suas

funções principais. 8 Concentração de determinada substância no solo ou na água subterrânea acima da qual existem riscos

potenciais, diretos ou indiretos, à saúde humana, considerando um cenário de exposição padronizado, sendo

estes valores trabalhados com base na análise de solos sob condição natural (sem nenhuma ou mínima

interferência antrópica) e na análise de risco.

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS DECORRENTE DA

ATIVIDADE CEMITERIAL EM HUMAITÁ-AM

18

causas de epidemias de febre tifóide, afirmando que esses locais nunca foram incluídos entre

as fontes tradicionais de contaminação ambiental.

Estudos mostram que os caixões construídos de madeira não se apresentam como a

principal fonte de contaminação do solo, mas no momento em que são adicionados

conservantes de madeira, fontes de metais pesados, principalmente Cr, ou à base de

organoclorados, como o pentaclorofenol, pode haver contaminação deste solo (SPONGBERG

e BECKS, 2000). Segundo Campos (2007), estes caixões devem ser feitos, de preferência,

com o uso de material biodegradável sem a aplicação de produtos químicos que venham a

agredir o meio ambiente. No entanto, madeiras não tratadas se decompõem rapidamente,

permitindo uma rápida disseminação de líquidos humorosos (KLEIN, 2010). Segundo Barros

et al. (2008) e Silva e Malagutti Filho (2009), contaminantes químicos, como arsênio e

mercúrio, usados em práticas de embalsamento de corpos com formaldeído e metanol, podem

ter sido responsáveis, no passado, pela contaminação do solo e da água em cemitérios.

Um dos resultantes do processo de decomposição dos corpos provenientes da

atividade cemiterial, que pode ser transportado pelas chuvas infiltradas nas covas ou pelo

contato dos corpos com a água subterrânea, é o necrochorume, uma solução aquosa liberada

por cada corpo decomposto – em torno de 30 a 40 litros –, rica em sais minerais e substâncias

orgânicas degradáveis, com duração de seis a oito meses, ou mais, dependendo das condições

ambientais, e cuja formação se inicia após a morte, no período coliquativo (após a fase

gasosa), sendo considerado o principal contaminante na decomposição dos corpos, possuindo

aparência viscosa e coloração castanho-acinzentada, contendo aproximadamente 60% de

água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas degradáveis e que em virtude da

densidade em relação à água, cerca de 1,23 g·cm-3, há a formação de plumas de

contaminação, que podem vir a disseminar-se no solo, dependendo, sobretudo, de sua

formação geológica e seguindo o fluxo subterrâneo, e podem conter quantidades elevadas de

diferentes tipos de bactérias e muitos tipos de vírus causadores de doenças com a

possibilidade de serem veiculadas hidricamente (ALMEIDA e MACÊDO, 2005;

KEMERICH, UCKER e BORBA, 2012; CAMPOS, 2007; SILVA; MALAGUTTI FILHO,

2009; BACIGALUPO, 2012).

Grande parte dos estudos relacionados a esta temática se concentra em poluentes não-

metálicos. Segundo Pacheco (1997), nos líquidos humorosos, ocorrem duas diaminas muito

tóxicas, que são a putrescina (1,4-butanodiamina) e a cadaverina (1,5-pentanodiamina). A

decomposição de cadáveres humanos gera a putrescina e a cadaverina, classificadas na função

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS DECORRENTE DA

ATIVIDADE CEMITERIAL EM HUMAITÁ-AM

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amina que está presente nos aminoácidos, formadores das proteínas, componentes

fundamentais dos seres vivos, componentes químicos estes responsáveis pelo cheiro de carne

podre e considerados como veneno potente que não dispõem de antídotos eficientes

(FELTRE, 2004; SILVA; MALAGUTTI FILHO, 2009; CAMPOS, 2007).

Silva e Malagutti Filho (2009) descrevem a existência de outros estudos baseados na

qualidade de água, onde em um cemitério de Santos (SP), a água subterrânea próxima a

sepultamentos recentes apresentava alta condutividade elétrica e íons de cloreto e nitrato,

além de bactérias e vírus. Em São Paulo, investigou-se a situação de 600 cemitérios do país

(75% municipais e 25% particulares) e constatou-se que de 15% a 20% deles apresentam

contaminação do subsolo pelo necrochorume, líquido formado quando os corpos se

decompõem.

Pacheco (1997) concluiu que amostras de águas subterrâneas de três cemitérios do

Brasil, com diferentes tipos de solos, estavam insatisfatórias sob o ponto de vista sanitário,

onde coliformes fecais, bactérias proteolíticas e lipolíticas foram abundantes em algumas

amostras de água, sendo que as menores contaminações ocorreram em solos mais argilosos.

Para minimizar o risco de infiltrações e a contaminação das águas subterrâneas é

recomendável manter estanque a base das sepulturas e a utilização de locais com aquíferos a

grandes profundidades (CAMPOS, 2007). Quando não há jazigos nos sepultamentos,

percebe-se que há um agravo nesta problemática devido o caixão ficar em contato direto com

o solo (GORGULHO, 1999).

Deve-se atentar, ainda, ao estudo de Campos (2010) demonstrando que em estudos de

solo é primordial o conhecimento dos materiais originários, dos processos pedogenéticos

dominantes, da disposição de seus horizontes e, ainda, as relações entre seus atributos, assim

como as concentrações dos metais pesados presentes neste sistema. Precisa-se, ainda,

relacionar e compreender os processos e a dinâmica dos ecossistemas, analisando a influência

social nesses processos e sua consequência para a biodiversidade e sustentabilidade do bioma

amazônico.

Propriedades físicas e químicas como pH, acidez potencial (H + Al), teores de

Alumínio (Al3+), carbono orgânico (CO), potássio (K), fósforo (P), cálcio trocável (Ca2+),

magnésio trocável (Mg2+) e textura do solo permitem que este tenha uma capacidade de

depuração natural dos contaminantes (PACHECO, 2000). Estudos relacionados à presença de

metais pesados advindos de atividades cemiteriais estão tomando seus primeiros passos no

Brasil, tendo demonstrado que alguns comportamentos físicos e químicos indicam

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS DECORRENTE DA

ATIVIDADE CEMITERIAL EM HUMAITÁ-AM

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contaminação nos solos do cemitério, onde se mostra a grande variação nos teores totais dos

metais entre as profundidades avaliadas, com maiores teores de metais nas amostras tomadas

na subsuperfície (profundidade de 0,20 a 1,20 m) onde se percebe que caso a única fonte de

metais pesados dos solos fossem os teores naturais, esperavam-se concentrações mais

próximas entre as amostras tomadas em diferentes profundidades no mesmo ponto de

amostragem (BARROS et al., 2008).

2.3 CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL POR CEMITÉRIO EM CONDIÇÕES

AMAZÔNICAS

Grandes quantidades de metais pesados encontrados em solos resultam de processos

naturais remotos, mas também podem resultar de intensas atividades humanas (NOWACK et

al., 2001), como é o caso das atividades cemiteriais (BARROS, 2008). Quando se trata de

áreas cemiteriais, principalmente localizadas dentro de zonas urbanas, se faz necessário saber

da existência de impactos ambientais, buscando conhecê-los e verificar quais os danos que

causam à saúde pública, acometendo um comprometimento negativo da qualidade de vida,

não só dos moradores destas áreas, mas, ainda, havendo a possibilidade de atingir diretamente

a vida de pessoas que venham a se expor nestas áreas, estando sujeitas a algum tipo de

contaminação (CAMPOS, 2007; FELICIONI e BORTOLOZZO, 2007; PALMA e

SILVEIRA, 2011; BACIGALUPO, 2012).

As atividades cemiteriais podem ser tratadas como responsáveis pelo aumento na

concentração de metais pesados nos solos amazônicos, onde o movimento descendente

realizado por esses metais é governado pelo regime hídrico, auxiliado da capacidade de

retenção do solo, onde a própria posição do solo na paisagem favorece a distribuição vertical

e horizontal destes poluentes no ambiente (KASHEM, SINGH e KAWAI, 2007;

SALVADOR-BLANES et al., 2006).

Ao se determinar as quantidades de metais pesados nos solos advindos de atividades

cemiteriais, deve-se levar em consideração a sua movimentação no perfil, fato este

dependente das propriedades físicas e químicas do íon metálico e de cada tipo deste solo

(CAMPOS, 2010). Ao se tratar da região amazônica, percebe-se que esta região apresenta

solos ácidos, profundos, bem drenados, com textura classificada como de média à argilosa,

possuindo alta porosidade, boa aeração e boa permeabilidade (CAMPOS, 2012).

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ATIVIDADE CEMITERIAL EM HUMAITÁ-AM

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Deve-se considerar ainda que a idade geológica dos solos amazônicos interfere na

distribuição e na lixiviação dos metais pesados, tendo em vista nos estudos da distribuição do

Cr, Cu, Mn e Fe no perfil do solo, refletindo o transporte de solutos ao longo do tempo no

período Pleistoceno e Holoceno (PROHASKA, WENZEL e STINGEDER, 2005). Naidu,

Sumner e Harter (1998), afirmam, ainda que, em solos desta região as variações da solução do

solo podem influenciar diretamente no surgimento das cargas elétricas da superfície das

argilas, ou nas reações de sorção específica, que envolve os ânions entre as camadas das

argilas.

Outra característica que influencia diretamente na distribuição de metais pesados é a

mineralogia do solo, onde, segundo Vale Júnior et al. (2011), nas áreas de floresta, os solos

amazônicos vêm apresentando uma classificação caulinítica, solos estes que, segundo Biondi

et al. (2011), possuem uma capacidade menor de reduzir a mobilidade de metais pesados

através de processos de sorção, tornando-se possível a perda ou a translocação de metais no

perfil do solo.

Nas camadas do solo onde ocorrem os sepultamentos, o teor e a qualidade da argila

tornam-se fatores importantes para definir a capacidade de adsorção de metais pesados

(BARROS et al., 2008). Em solos tropicais, a mineralogia é constituída basicamente por

caulinita, óxidos de ferro e óxidos de alumínio, considerados pedoindicadores ambientais e

responsáveis pela dinâmica química e física do solo (SCHWERTMANN e TAYLOR, 1989;

BIGHAM, FITZPATRICK e SCHULZE, 2002; INDA et al., 2013), acompanhados de

minerais tipo 2:1 (esmectita e vermiculita) em solos menos intemperizados (MELO et al.,

2001). Pode-se verificar que componentes coloidais do solo, como minerais da fração argila e

fração húmica, apresentam uma alta capacidade de troca de cátions, o que determina a

capacidade de armazenamento iônico e o poder-tampão do solo para os metais pesados e

outros poluentes (BARROS et al., 2008).

Pode-se verificar, ainda, que o próprio comportamento químico do metal pesado

advindo de atividades cemiteriais e sua relação de afinidade com a matriz do solo amazônico

podem interferir no processo de lixiviação e mobilidade destes metais, onde, por exemplo,

elevadas concentrações de um elemento metálico favorece significantemente o seu processo

de lixiviação (PALUMBO et al., 2000; CHEN et al., 2006). Por essa razão, a construção de

cemitérios não deve ser realizada em solos com alta permeabilidade ou solos com textura fina,

pois isto prevalece às condições de anaerobiose. Os solos de textura média, com o nível

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ATIVIDADE CEMITERIAL EM HUMAITÁ-AM

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hidrostático de pelo menos 2,5 m da superfície, devem ser preferidos para evitar a

contaminação da água subterrânea (BARROS et al., 2008).

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23

3 METODOLOGIA

3.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO

O estudo foi desenvolvido em dois cemitérios municipais de Humaitá, Amazonas

(Figura 1): a) cemitério municipal São João Batista I, que apresenta área total de 7.274 m2 e

coordenadas geográficas 7° 30’ 01,7” S e 63° 01’ 17,6” W; b) cemitério municipal São João

Batista II, que apresenta área total de 66.522 m2 e coordenadas geográficas de 7° 30’ 58,8” S

e 63° 02’ 27,9” W. Em ambos os casos, houve autorização da Secretaria Municipal de

Desenvolvimento Ambiental Sustentável da Prefeitura Municipal de Humaitá, AM.

Figura 1. Mapa de localização dos dois cemitérios municipais em Humaitá, AM.

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS DECORRENTE DA

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O clima da região é classificado como sendo do tipo Am, segundo o método de

Köppen, devido haver uma precipitação anual onde há a variância de 2.250 a 2.750 mm, com

estação seca de pequena duração (mês de julho) e sua temperatura média anual varia de 24 °C

a 26 °C, com umidade relativa do ar bastante elevada, variando de 85 a 90%, possuindo

altitude média de 90 m acima do nível do mar (EMBRAPA, 1997).

A geologia da região é formada por materiais do Holoceno chamados de Aluviões

Atuais provenientes de deposições fluviais (BRASIL, 1978). Os solos da região são

classificados como Latossolos, Argissolos, Plintossolos, Gleissolos, Espodossolos, Neossolos

e Cambissolos trazendo consigo uma vegetação característica de Floresta Tropical Densa,

tendo, assim, a presença de árvores multiestratificadas entre 20 e 50 m de altura (ZEE-AM,

2008; CAMPOS, 2012). Segundo classificações feitas por Costa et al. (2017), o Cemitério

Municipal São João Batista I possui solos classificados como Gleissolo e o Cemitério

Municipal São João Batista II possui solos classificados como Cambissolo.

O relevo desta região é variado, onde se tem uma parte inserida na província

geomorfológica de acumulação da Planície Fluvial, constituída por uma área aplainada

resultante de acumulação fluvial, periódica ou permanentemente alagada, sendo a outra parte

localizada em formas dissecadas de interflúvios tabulares, com relevos de topo aplainado,

separados geralmente por vales em “V” e/ou localmente, por vales de fundo plano (BRASIL,

1978).

3.2 TRABALHO DE CAMPO

Para a amostragem das áreas, foram selecionados pontos representativos em cada

cemitério, sendo seis pontos no Cemitério Municipal São João Batista I com coordenadas

geográficas determinadas e para o Cemitério Municipal São João Batista II foram

selecionados nove pontos representativos com coordenadas geográficas determinadas na

Tabela 1.

Para cada ponto de amostragem, foi aberta uma trincheira utilizando a metodologia de

Barros et al. (2008), sendo suas medidas de 0,60 x 1,00 m de largura e 1,20 m de

profundidade. Amostras de solos foram coletadas, com cerca de 2 kg de amostras

indeformadas, nas profundidades de 0,0-0,40 m, 0,40-0,80 m e 0,80-1,20 m, com auxílio de

faca de aço inox e esterilizado com álcool 70% após cada amostragem.

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ATIVIDADE CEMITERIAL EM HUMAITÁ-AM

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Tabela 1. Coordenadas geográficas dos pontos selecionados nas duas áreas cemiteriais em

Humaitá, AM. Cemitério Municipal São João Batista I Cemitério Municipal São João Batista II

Pontos de amostragem Coordenadas geográficas Pontos de amostragem Coordenadas geográficas

Ponto 1 7°30’0.82” S e

63°1’17.92” W

Ponto 1 7°30’50.02” S e

63°2’34.50” W

Ponto 2 7°30’0.39” S e

63°1’17.92” W

Ponto 2 7°30’57.93” S e

63°2’32.97” W

Ponto 3 7°30’0.84” S e

63°1’18.77” W

Ponto 3 7°30’57.92” S e

63°2’30.97” W

Ponto 4 7°30’0.34” S e

63°1’18.95” W

Ponto 4 7°30’58.96” S e

63°2’32.30” W

Ponto 5 7°30’0.00” S e

63°1’19.81” W

Ponto 5 7°30’58.55” S e

63°2’29.56” W

Ponto 6 7°30’2.06” S e

63°1’19.98” W

Ponto 6 7°31’0.98” S e

63°2’29.34” W

Ponto 7 7°31’0.98” S e

63°2’29.34” W

Ponto 8 7°30’59.93” S e

63°2’31.00” W

Ponto 9 7°30’59.93” S e

63°2’32.68” W

3.3 ANÁLISES FÍSICAS E QUÍMICAS

As amostras coletadas foram acondicionadas em sacos plásticos imediatamente

identificados e foram transportadas para o galpão da área de solos do Laboratório de Solos e

Nutrição de Plantas do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente (IEAA) da

Universidade Federal do Amazonas (UFAM), onde foram secas ao ar. Após perderem o

excesso de umidade o material foi destorroado, homogeneizado e passado em peneira de 2,0

mm de abertura de malha, obtendo-se terra fina seca ao ar (TFSA), seguindo posteriormente

para o laboratório, para realização das análises físicas e químicas.

As amostras de solo foram encaminhadas ao Laboratório de Solos e Nutrição de

Plantas do Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente, onde foram realizadas análises dos

atributos físicos: textura e atributos químicos: pH em água, H + Al, Al3+, Ca2+, Mg2+, P, K e

CO.

A análise granulométrica foi determinada pelo método da pipeta, utilizando solução de

NaOH 0,1 N como dispersante químico e agitação mecânica com bastão com tampa de

borracha, seguindo metodologia proposta pela Embrapa (2017). A fração argila foi separada

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por sedimentação, a areia por tamisação e o silte foi calculado pela diferença. A classificação

textural do solo foi obtida usando um triangulo textural, de acordo com o método da Embrapa

(2011).

O pH em água foi determinado potenciometricamente, utilizando-se a relação 1:2,5 de

solo, em água, de acordo com Embrapa (2017). H + Al foi extraída com solução tamponada a

pH 7,0 de acetato de cálcio, tendo determinação volumétrica com solução de NaOH em

presença de fenolftaleína como indicador (EMBRAPA, 2017). Al3+ foi determinado

utilizando-se KCl 1 mol·L-1 como extrator e NaOH 0,025 mol·L-1 como titulante em presença

de azul de bromotimol como indicador colorimétrico, de acordo com Embrapa (2011).

Já os teores totais de Ca2+ e Mg2+ foram extraídos com auxílio de KCl 1 mol/L, e

determinados por titulação com EDTA (EMBRAPA, 2011). P e K foram extraídos por

extrator Mehlich-1, determinando-se o K por fotometria de chama e o P por espectrometria no

UV visível (EMBRAPA, 2011). CO foi determinado pelo método de oxidação via úmida,

com aquecimento externo (YEOMANS e BREMNER, 1988).

3.4 ANÁLISES DOS TEORES DE METAIS PESADOS

Para a determinação dos teores de metais pesados, amostras de solos foram

encaminhadas ao Laboratório de Fertilidade do Solo da Universidade Federal do Pernambuco

(UFRPE), e assim seguindo a metodologia proposta pela Embrapa (2011).

Retirou-se uma amostra de 50 gramas de solo de cada ponto de coleta para determinar

os teores naturais dos metais pesados Cd, Cr, Cu, Fe, Ni, Pb, Zn, Al e Mn. Coletou-se uma

alíquota desse material, macerou-se em almofariz de ágata e foi passada em peneira de aço

inoxidável de 0,074 mm de abertura (ABNT nº 50), com malha de aço inoxidável, sendo

esterilizado com álcool 70% após cada amostragem, visando evitar contaminações.

A digestão das amostras foi baseada no método 3051ª, descrito pela Agência de

Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA, 1998). A digestão consistiu em transferir

0,5 g das amostras de solo pulverizados para tubos de teflon e acrescentou-se 9 mL de ácido

nítrico e 3 mL de ácido clorídrico. Após averiguar que os tubos estavam hermeticamente

fechados, os mesmos foram mantidos em forno de microondas (Mars Xpress) por 18 minutos,

tempo necessário para atingir 175 °C, mantendo esta temperatura por 5 minutos. Após o

resfriamento das amostras foram vertidos para balões volumétricos certificados (NBR

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ISO/IEC) de 25 mL e completados com água ultrapura e filtrados os extratos em papel de

filtragem lenta.

Os ácidos utilizados nas análises foram de elevada pureza (Merck PA). As diluições e

soluções foram preparadas com balões e pipetas certificadas (ABNT NBR ISO/IEC 17025), e

em água ultrapura (Sistema Direct-Q 3 Millipore). Os extratos foram filtrados em papel de

filtro quantitativo – faixa azul, filtração lenta (Macherey Nagel®). Para limpeza e

descontaminação das vidrarias, foram mantidas em solução de ácido nítrico 5% por 24 horas e

enxaguadas com água destilada.

A determinação dos teores de metais pesados foi efetuada por Espectrometria de

Emissão Ótica (ICP-OES/Optima 7000, Perkin Elmer) com modo de observação dupla (axial

e radial) e detector de estado sólido, com sistema de introdução via amostrador automático AS

90 plus. O modo de observação dos elementos (axial ou radial) foi escolhido de acordo com

os parâmetros operacionais do equipamento e as recomendações do fabricante.

3.5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Os dados obtidos foram submetidos à análise descritiva calculando-se a média, desvio

padrão, mediana, mínimo e máximo. Em seguida, foi empregado o teste de comparação de

médias de t de Student, a 5% de probabilidade, para identificar diferenças significativas entre

os cemitérios. Todas as análises estatísticas foram processadas no software livre R versão

0.99.903 (R FOUNDATION, 2016).

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 ATRIBUTOS FÍSICOS E QUÍMICOS DOS SOLOS DAS ÁREAS CEMITERIAIS

Os valores de pH (Tabela 2) variaram de 3,84 a 4,87 no Cemitério Municipal São João

Batista I e de 3,74 a 5,51 no Cemitério Municipal São João Batista II, o que caracterizam os

solos como ácidos, nas áreas estudadas. Em média, não houve diferença significativa (p>0,05)

entre os cemitérios avaliados. Segundo Reis et al. (2009) afirmam que os baixos valores de

pH nos solos da região amazônica são devido à elevada perda de bases trocáveis e

consequente concentração de íons H+ no solo, provocada pelo processo de intemperismo

influenciado pelas altas temperaturas e longos períodos de precipitação. As condições ácidas

do solo favorecem a mobilidade de íons metálicos catiônicos (RIEUWERTS et al., 2006),

visto que sob esta condição predominam cargas positivas no solo, o que propicia sua

lixiviação no perfil do solo (MORAES e HORN, 2010).

Os valores de H + Al (Tabela 2) variaram de 5,45 a 9,73 cmolc·dm-3 no Cemitério

Municipal São João Batista I e de 1,49 a 11,05 cmolc·dm-3 no Cemitério Municipal São João

Batista II. Assim como para o pH, H + Al não diferiu significativamente entre os cemitérios

analisados. Os teores de acidez trocável (Al3+) (Tabela 2) variaram de 2,1 a 5,4 cmolc·dm-3 no

Cemitério Municipal São João Batista I e de 2,6 a 7,9 cmolc·dm-3 no Cemitério Municipal São

João Batista II. Verificou-se menores valores na camada 0,0-0,40 m, que segundo Fonseca

(2017), são horizontes que apresentam a maior quantidade de matéria orgânica.

Os teores de CO (Tabela 2) variaram de 5,54 a 18,46 g·kg-1 no Cemitério Municipal

São João Batista I e de 39,51 a 46,03 g·kg-1 no Cemitério Municipal São João Batista II.

Ficou evidente que na superfície (0,0-0,40 m) de ambos ocorre maior valor que as demais

profundidades, fato este encontrado por Cunha et al. (2007), que afirmam que há maiores

teores de CO nos horizontes superficiais de solos amazônicos. Relacionando-se os dois

cemitérios, inferiu-se ainda que todas as médias de CO obtida no Cemitério Municipal São

João Batista II possuem diferença significativa com as médias do outro cemitério, possuindo

maior teor de carbono orgânico.

Os teores de K disponível (Tabela 2) variaram de 0,04 a 0,07 cmol·dm-³ no Cemitério

Municipal São João Batista I e de 0,03 a 0,06 cmol·dm-³ no Cemitério Municipal São João

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Batista II. Para P disponível foram encontrados teores variando de 0,20 a 0,45 mg·dm-³ no

Cemitério Municipal São João Batista I e de 0,19 a 1,38 mg·dm-³ no Cemitério Municipal São

João Batista II. Os teores de K e P disponíveis foram semelhantes, não diferindo

significativamente nas médias obtidas para nenhum dos cemitérios analisados.

Os teores de Ca2+ (Tabela 2) variaram de 0,24 a 1,32 cmol·dm-³ no Cemitério

Municipal São João Batista I e de 0,36 a 1,44 cmol·dm-³ no Cemitério Municipal São João

Batista II. Os teores de Ca2+ não diferiram a 5% de probabilidade entre as médias obtidas

entre os cemitérios.

Os teores de Mg2+ (Tabela 2) variaram de 0,07 a 0,50 cmol·dm-3 no Cemitério

Municipal São João Batista I e de 0,10 a 0,30 cmol·dm-3 no Cemitério Municipal São João

Batista II. Ao se conferir as médias entre os dois cemitérios percebemos que houve diferença

significativa, sendo que os maiores valores de teores de Mg2+ são encontrados no extrato mais

profundo (0,80-1,20 m) do Cemitério Municipal São João Batista II.

Na tabela 2, observa-se pelo desvio padrão que a variação ocorrida entre os dados foi

entre 0,04 na variável Mg2+ no Cemitério Municipal São João Batista II e 5,29 na variável

Ca2+ no Cemitério Municipal São João Batista I, ambos no extrato profundo (0,80-1,20 m).

Os valores encontrados para o desvio padrão de atributos químicos foram baixos, indicando

uma boa precisão da coleta de dados.

A textura de cada tipo de solo possibilita haver espaços – conhecidos como poros –

entre os grupamentos texturais que são formados por partículas de solo (OMETTO, 1981;

BRAGA et al., 2005), espaços estes responsáveis por lixiviar as fontes de contaminação,

atingindo a vizinhança do sistema deste solo, em que, de acordo com Dube et al. (2001), pode

haver dificuldade de determinação das interações de adsorção para cada metal proveniente

neste solo, devido uma complexidade em sua textura.

A partir das médias dos materiais granulométricos (Tabela 3), percebeu-se que a fração argila

predomina no solo, classificando-se, assim, ambos os cemitérios como sendo de solos

argilosos. Segundo Biondi et al. (2011), o teor de argila é uma das características que melhor

se correlaciona com grande parte dos metais pesados em ambos os horizontes, devido à íntima

relação dessa fração, seja contribuindo para a liberação de metais no sistema do solo ou pela

afinidade com alguns metais em processos de sorção, limitando a mobilidade dos metais no

sistema.

Tabela 2. Estatística descritiva da textura dos solos das áreas dos dois cemitérios municipais

em Humaitá, AM. Cemitério Municipal São João Batista I Cemitério Municipal São João Batista II

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ATIVIDADE CEMITERIAL EM HUMAITÁ-AM

31

* Médias com letras iguais, não diferem pelo teste t de Student, a 5% de significância, realizado entre os

cemitérios.

Assim, essa relação se dá devido à maior quantidade de cargas elétricas presentes em

solos argilosos – em maior número, as negativas – constituintes do solo que são responsáveis

pela retenção de nutrientes e de poluentes dispostos na superfície do solo (RIBEIRO et al.,

2011). Observa-se que não houve diferença significativa para os solos de nenhum dos

cemitérios analisados. Por sua vez, quando se compara as médias entre os dois cemitérios

distinguimos que há diferença significativa apenas para fração areia, de forma que os maiores

teores de areia ocorreram no solo do Cemitério Municipal São João Batista I para os extratos

mais superficiais (0,0-0,40 m e 0,40-0,80 m).

Na tabela 3, observa-se pelo desvio padrão que a variação ocorrida entre os dados foi

entre 37,62 na variável areia no Cemitério Municipal São João Batista I e 138,55 na variável

argila no Cemitério Municipal São Joõa Batista II, ambos no extrato superficial (0,0-0,40m).

Na maioria das variáveis, encontram-se altos valores de desvio padrão para silte e argila,

indicando que as texturas dos solos possuem alta variabilidade desses atributos.

Estatística Areia Silte Argila Areia Silte Argila

g·kg-1

0,0 – 0,40 m

Média 330,12a 206,04a 463,84a 211,82b 268,19a 519,99a

Desvio Padrão 37,62 126,65 108,40 100,81 128,47 138,55

Mediana 340,14 189,47 470,39 179,20 279,97 467,59

Mínimo 261,11 46,52 317,86 99,44 60,22 349,45

Máximo 364,05 372,09 589,43 414,24 432,97 794,25

40,0 – 0,80 m

Média 278,22a 180,16a 541,61a 151,68b 310,37a 537,95a

Desvio Padrão 49,90 122,33 134,81 74,66 115,42 92,21

Mediana 280,70 182,04 530,89 127,44 245,21 548,50

Mínimo 206,70 9,00 400,26 85,06 192,38 402,06

Máximo 333,75 341,27 691,72 293,67 498,41 650,85

0,80 – 1,20 m

Média 248,23a 181,74a 570,03a 192,23a 214,30a 593,47a

Desvio Padrão 70,37 64,28 105,66 99,49 106,24 73,03

Mediana 251,78 174,62 564,74 168,26 257,39 578,53

Mínimo 172,23 96,22 447,60 92,15 77,47 499,51

Máximo 331,14 259,32 731,55 423,02 366,34 724,95

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4.2 TEORES DE METAIS PESADOS DOS SOLOS DAS ÁREAS CEMITERIAIS

Dos metais analisados, o Cd foi o único metal pesado não detectado nas análises deste

estudo (Tabela 4), fato este ocorrido também nos trabalhos de Barros et al. (2008) realizados

em um Cambissolo para o extrato médio (0,40-0,80 m) e de Costa (2015), também em

Cambissolo, porém detectado em um Gleissolo da região amazônica, no sul do Amazonas,

onde houve uma variação de 0,00 a 0,03 mg·kg-1. Mesmo nos ambientes que foram

encontrados Cd, as concentrações não estiveram acima do VRQ proposto pelo CETESB

(2014) e do VP estabelecido pelo Conama (2009), ou seja, 0,5 mg·kg-1 e 1,3 mg·kg-1,

respectivamente. Tal fato indica que o uso do solo para atividades cemiteriais, até o momento,

não provocaram valores anômalos de Cd. Provavelmente, porque o incremento de Cd no solo

está mais associado a áreas que recebem resíduos industriais, ou áreas agrícolas sob

aplicações excessivas de fertilizantes (SILVA et al., 2016)

Os teores de Cr (Tabela 4) variaram de 8,10 a 22,60 mg·kg-1 no Cemitério Municipal

São João Batista I e de 7,45 a 27,95 mg·kg-1 no Cemitério Municipal São João Batista II.

Realizando-se a análise de variância ao nível de 5% de probabilidade para a comparação entre

as profundidades compreendeu-se que houve não houve diferença significativa nas médias

obtidas para os dois cemitérios.

Os valores de média de teor de Cr presente nos dois cemitérios são maiores ao se

comparar com os de ambiente não antropizados, onde os extratos superficiais (0,0-0,40 m) e

os extratos mais profundos (0,80-1,20 m) dos dois cemitérios foram comparados com o

trabalho de Costa (2015), onde para solos do tipo do Cemitério Municipal São João Batista I,

nos extratos superficiais (0,00-0,40 m) o valor identificado foi de 8,33 mg·kg-1 e nos extratos

mais profundos (0,80-1,20 m) o valor encontrado foi de 12,35 mg·kg-1, onde neste estudo

foram encontrados 10,94 mg·kg-1 e 17,17 mg·kg-1, respectivamente; e para solos do tipo do

Cemitério Municipal São João Batista II, nos extratos superficiais (0,00-0,40 m) o valor

encontrado foi de 6,53 mg·kg-1 e nos extratos mais profundos (0,80-1,20 m) o valor

identificado foi de 15,66 mg·kg-1, onde neste estudo foram vistos 11,36 mg·kg-1 e 17,59

mg·kg-1, respectivamente.

Sheppard e Thibault (1992) apresentam o Cr como um elemento de baixa mobilidade,

fato este que torna o Cr acumulativo na superfície. Além disso, os maiores teores de Cr

encontrados na superfície podem ser atribuídos aos maiores teores de MO, onde, de acordo

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com Griffin e Shimp (1978), esse elemento tende a diminuir à medida que a matéria orgânica

diminui, isto é, nas camadas subsuperficiais. Este fato não foi verificado neste estudo, o que

pode indicar o provável depósito deste metal relacionado à atividade cemiterial, tendo em

vista que teores de Cr e Ni, de maneira geral, são utilizados como matéria-prima das partes

metálicas dos caixões na forma de liga cromo-níquel (SILVA, 1999).

Comparando-se o extrato médio (0,40-0,80 m) com os trabalhos de Floriani (2013),

sendo detectado o valor de 95,83 mg·kg-1 em um cambissolo, os resultados evidenciam que

para este estudo o Cemitério Municipal São João Batista II possui valores menores, sendo

descoberto 15,08 mg·kg-1. Verifica-se que o Cr não está em concentrações acima do VRQ

apresentado pelo CETESB (2014), que é 40 mg·kg-1. Percebe-se, ainda, que o Cr não está em

concentrações acima do VP colocado pelo Conama (2009), que é 75 mg·kg-1.

Os teores de Cu (Tabela 4) variaram de 2,83 a 28,48 mg·kg-1 no Cemitério Municipal

São João Batista I e de 2,27 a 20,18 mg·kg-1 no Cemitério Municipal São João Batista II. Os

teores de Cu foram semelhantes, não diferindo significativamente entre as médias dos dois

cemitérios analisados.

Ao se comparar os teores de Cu com os de ambiente não antropizados, as médias

presentes no Cemitério Municipal São João Batista I são menores na superfície (0,0-40 m) e

são maiores no extrato mais profundo (0,80-1,20), e para o Cemitério Municipal São João

Batista II são maiores nos mesmo extratos. Quando defrontado com o trabalho de Costa

(2015), verifica-se resultados semelhantes para solos do Cemitério São João Batista I, em que

nos extratos superficiais (0,00-0,40 m) o valor reportado foi de 16,75 mg·kg-1 e, 3,42 mg·kg-1

nos extratos mais profundos (0,80-1,20 m), e para este estudo foi verificado 5,85 mg·kg-1 e

14,58 mg·kg-1, respectivamente. Ainda no estudo de Costa (2015), os teores de Cu

encontrados nos solos do Cemitério São João Batista II foram de 2,14 mg·kg-1 (0,00-0,40 m) e

2,79 mg·kg-1 (0,80-1,20 m), resultados bem diferentes dos teores determinados neste estudo,

isto é, 5,34 mg·kg-1 e 13,07 mg·kg-1, respectivamente. Todavia, os teores Cu não sinalizam

risco ambiental, já que encontram-se dentro do VRQ (CETESB, 2014), que é 35 mg·kg-1,

muito menor do VP (CONAMA, 2009), que é 60 mg·kg-1.

Os teores de Ni (Tabela 4) variaram de 0,92 a 4,92 mg·kg-1 no Cemitério Municipal

São João Batista I e de 1,27 a 9,88 mg·kg-1 no Cemitério Municipal São João Batista II. Ao se

realizar a comparação das médias entre os cemitérios resultou-se que houve diferença

significativa, onde todas as profundidades do Cemitério Municipal São João Batista I

possuem valores de médias menores que os encontrados no Cemitério Municipal São João

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Batista II. Além disso, Sheppard e Thibault (1992) mostram que o Ni é um elemento de alta

mobilidade tornando-o mais acumulativo nos extratos mais profundos, o que permite inferir

que o incremento de Ni, nos extratos mais profundos, pode estar associado à atividade

cemiterial, não tendo concentrações maiores na superfície graças à grande quantidade de

chuvas desta região.

Ainda para o Ni, a relação do extrato médio (0,40-0,80 m) para os resultados

encontrados por Barros et al. (2008), sendo verificado o valor de 0,03 mg·kg-1, apurou-se que

neste estudo o Cemitério Municipal São João Batista II possui valor de 4,84 mg·kg-1, sendo

um valor maior. Tais valores podem ser vistos com diferenças significativas tendo em vista

que região de estudo de Barros et al. (2008) trata-se da região Sul do país e percebe-se que,

segundo Oliveira et al. (2007), solos com mesma classificação podem ter concentrações de

substâncias de maneira diferenciada graças ao clima diferenciado nestas regiões. Pôde-se

verificar que as concentrações de Ni não estão acima do VRQ aventado pelo CETESB (2014),

que é 13 mg·kg-1, e também não estão em concentrações acima do VP preconizado pelo

Conama (2009) para este metal, que é 30 mg·kg-1.

Os teores de Pb (Tabela 4) variaram de 4,58 a 14,72 mg·kg-1 no Cemitério Municipal

São João Batista I e de 5,08 a 31,02 mg·kg-1 no Cemitério Municipal São João Batista II. Ao

desempenhar a análise de variância ao nível de 5% de probabilidade para a comparação entre

os cemitérios, houve diferença significativa nas médias obtidas entre os cemitérios para os

extratos mais profundos (0,40-1,20), mostrando valores maiores no Cemitério Municipal São

João Batista II.

Ao se equiparar com os de ambiente não antropizados, os teores de Pb no solo do

Cemitério Municipal São João Batista I são menores na superfície (0,0-40 m) e no extrato

mais profundo (0,80-1,20), e para o Cemitério Municipal São João Batista II são maiores nos

mesmo extratos, quando comparado com o trabalho de Costa (2015). Para solos como o do

Cemitério Municipal São João Batista I, nos extratos superficiais (0,00-0,40 m) o valor

encontrado foi de 14,28 mg·kg-1 e nos extratos mais profundos (0,80-1,20 m) o valor

reportado foi de 12,10 mg·kg-1, onde neste estudo foi avistado 5,74 mg·kg-1 e 7,89 mg·kg-1,

respectivamente; e para solos como o do Cemitério Municipal São João Batista II, para os

extratos superficiais (0,00-0,40 m) o valor identificado foi de 5,14 mg·kg-1 e para os extratos

mais profundos (0,80-1,20 m) encontrou-se 7,70 mg·kg-1, em que neste estudo foram

detectados 6,84 mg·kg-1 e 14,84 mg·kg-1, respectivamente.

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Comparando-se o extrato médio (0,40-0,80 m) com os resultados encontrados nos

estudos de Barros et al. (2008), o valor de Pb é de 7,95 mg·kg-1, neste estudo o Cemitério

Municipal São João Batista II possui valores maiores, 14,75 mg·kg-1. Sabe-se que metais

provenientes de fontes antrópicas são relativamente mais móveis e potencialmente mais

fitodisponíveis que metais presentes no material de origem dos solos e neste estudo deve-se

levar em consideração que o incremento de metais pesados nos solos analisados pode estar

relacionado aos materiais usados na confecção de caixões e alças, tintas utilizadas, processos

de embalsamento, além dos próprios corpos em decomposição (CHLOPECKA et al., 1996;

SPONGBERG; BECKS, 2000).

Detectou-se que Pb não está em concentrações acima do VRQ, proposto pelo

CETESB (2014), que é 17 mg·kg-1. O Pb também não está em concentrações acima do VP,

registrado pelo Conama (2009), que é 72 mg·kg-1. Mas, não se deve deixar de lado a

informação fornecida por Kemerich, Ucker e Borba (2012) que alertam que caixões de metal

podem provocar contaminação do solo por Pb, o que nos leva à dedução de que a atividade

cemiterial esteja aumentando os teores de Pb em solos das áreas estudadas.

Os teores de Zn (Tabela 4) variaram de 0,52 a 13,07 mg·kg-1 no Cemitério Municipal

São João Batista I e de 2,08 a 28,38 mg·kg-1 no Cemitério Municipal São João Batista II.

Procedendo a comparação entre as profundidades percebeu-se que houve diferença

significativa nas médias obtidas entre os cemitérios, verificando-se concentrações maiores no

Cemitério Municipal São João Batista II para todos os extratos analisados.

Teores de Zn naturais sofrem incrementos pela atividade cemiterial, tendo em vista

que o corpo humano adulto tem em média de 2 a 3 g de Zn (CRUZ, SOARES, 2011) e estes

serem incorporados ao solo durante o processo de decomposição, além de caixões de metal

poder provocar contaminação do solo por esse metal (KEMERICH, UCKER e BORBA,

2012).

Nos ambientes não antropizados, os teores médios de Zn nos solos do Cemitério

Municipal São João Batista I são menores na superfície (0,0-40 m) e são maiores no extrato

mais profundo (0,80-1,20), e para o Cemitério Municipal São João Batista II são maiores nos

mesmo extratos, quando equiparados com o trabalho de Costa (2015), verificando-se que para

solos do tipo do Cemitério Municipal São João Batista I, no extrato superficial (0,00-0,40 m)

o valor encontrado foi de 8,05 mg·kg-1 e para os extratos mais profundos (0,80-1,20 m) o

valor encontrado foi de 2,80 mg·kg-1, e neste estudo foi encontrado 2,69 mg·kg-1 e 6,05

mg·kg-1, respectivamente; para solos do tipo do Cemitério Municipal São João Batista II, no

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extrato superficial (0,00-0,40 m) o valor encontrado foi de 1,89 mg·kg-1 e nos extratos mais

profundos (0,80-1,20 m) o valor foi de 1,34 mg·kg-1, sendo que neste estudo foram

encontrados 6,78 mg·kg-1 e 17,43 mg·kg-1, respectivamente. Equiparando-se o extrato médio

(0,40-0,80 m) com os trabalhos de Floriani (2013), sendo encontrado o valor de 34,65 mg·kg-1

percebe-se que para este estudo o Cemitério Municipal São João Batista II possui valores

menores, sendo encontrado 15,29 mg·kg-1. Nota-se que os valores baixos podem ser dados

devido o Zn sofrer adsorção devido ao teor de carbono orgânico associado a outras

características, como a argila (ARAÚJO et al., 2002), influenciando de modo direto na

mobilidade deste metal.

Verifica-se ainda que Zn não está em concentrações acima do VRQ, ditado pelo

CETESB (2014) que é 60 mg·kg-1. Zn também não está em concentrações acima do VP,

descrito pelo Conama (2009), sendo este valor de 300 mg·kg-1. Os estudos de Sheppard e

Thibault (1992) afirmam que o Zn trata-se de um metal de alta mobilidade, o que o torna mais

acumulativo nos extratos mais profundos, o que nos resulta que provavelmente o Zn

verificado neste estudo para os extratos mais profundos possam ser originados da atividade

cemiterial, não tendo concentrações maiores na superfície graças à quantidade de chuva da

região.

Os teores de Al (Tabela 4) variaram de 5,95 a 20,90 g·kg-1 no Cemitério Municipal

São João Batista I e de 7,72 a 19,86 g·kg-1no Cemitério Municipal São João Batista II.

Comparando-se as médias obtidas entre as profundidades, verificou-se que não diferença

significativa nas médias obtidas para os dois cemitérios.

Quando comparado os teores de Al com os de ambiente não antropizados, os valores

médios obtidos no Cemitério Municipal São João Batista I são iguais na superfície (0,0-40 m),

com o valor de 9,91 g·kg-1, e são maiores no extrato mais profundo (0,80-1,20), e para o

Cemitério Municipal São João Batista II são maiores nos mesmo extratos, quando contraposto

com o trabalho de Costa (2015), verificando-se que para solos do tipo do Cemitério Municipal

São João Batista I, para os extratos mais profundos (0,80-1,20 m) o valor encontrado foi de

6,03 g·kg-1, onde neste estudo foi constatado 15,18 g·kg-1; e para solos do tipo do Cemitério

Municipal São João Batista II, para os extratos superficiais (0,00-0,40 m) o valor observado

foi de 4,56 g·kg-1 e para os extratos mais profundos (0,80-1,20 m) o valor foi de 5,62 g·kg-1,

onde neste estudo foram encontrados 11,78 g·kg-1 e 15,49 g·kg-1, respectivamente.

Os teores de Fe (Tabela 4) variaram de 14,21 a 34,06 g·kg-1 no Cemitério Municipal

São João Batista I e de 16,81 a 84,13 g·kg-1 no Cemitério Municipal São João Batista II. Os

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resultados para a comparação entre as profundidades mostraram que houve diferença

significativa nas médias dos dois cemitérios, nos extratos mais profundos (0,40-1,20), onde há

maiores concentrações no Cemitério Municipal São João Batista II.

Os valores de média de teor de Fe presente nos dois cemitérios são maiores ao se

comparar com os de ambiente não antropofizados, onde os extratos superficiais (0,0-0,40 m) e

os extratos mais profundos (0,80-1,20 m) dos dois cemitérios foram comparados com o

trabalho de Costa (2015), verificando-se que para solos do tipo do Cemitério Municipal São

João Batista I, nos extratos superficiais (0,00-0,40 m) o valor observado foi de 3,37 g·kg-1 e

para os extratos mais profundos (0,80-1,20 m) o valor encontrado foi de 20,45 g·kg-1, onde

neste estudo foram identificados 19,39 g·kg-1 e 29,37 g·kg-1, respectivamente; e para solos do

tipo do Cemitério Municipal São João Batista II, nos extratos superficiais (0,00-0,40 m) o

valor encontrado foi de 7,41 g·kg-1 e nos extratos mais profundos (0,80-1,20 m) o valor foi de

21,25 g·kg-1, onde neste estudo foram detectados 22,95 g·kg-1 e 47,61 g·kg-1,

respectivamente.

Os teores de Mn (Tabela 4) variaram de 0,02 a 0,04 g·kg-1 no Cemitério Municipal

São João Batista I e de 0,01 a 0,91 g·kg-1 no Cemitério Municipal São João Batista II. Pelos

resultados obtidos na comparação das médias entre os cemitérios, foi percebido que houve

diferença significativa nas médias obtidas no extrato superficial (0,0-0,40 m), percebendo-se

menores valores no Cemitério Municipal São João Batista I.

Entretanto, não é possível fazer inferência quanto ao impacto ambiental que este

elemento pode proporcionar, já que não existem valores orientados. Segundo Biondi et al.

(2011), provavelmente a dificuldade de enquadrá-lo em uma legislação ou valores

orientadores deve-se sua ocorrência em mais de um estágio de oxidação, Mn2+ e Mn3+. O Mn

pode provocar sérios problemas, pois polui o solo, a água e o ar e desta forma contamina os

organismos vivos, devido a seu efeito bioacumulativo, em toda a cadeia alimentar, chegando a

causar distúrbios neurológicos nos seres humanos, como o Mal de Parkinson, por exemplo

(CASTROPIL, 1972).

Ao contrastar os valores de Mn com os de ambiente não antropizados, os valores de

média de teor deste metal presente no Cemitério Municipal São João Batista I são menores na

superfície (0,0-40 m) e no extrato mais profundo (0,80-1,20 m), e para o Cemitério Municipal

São João Batista II também são menores na superfície, mas são maiores no extrato mais

profundo, quando verificados com o trabalho de Costa (2015), onde para solos do tipo do

Cemitério Municipal São João Batista I, nos extratos superficiais (0,00-0,40 m) o valor

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS DECORRENTE DA

ATIVIDADE CEMITERIAL EM HUMAITÁ-AM

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reportado foi de 0,13 g·kg-1 e para os extratos mais profundos (0,80-1,20 m) o valor

identificado foi de 0,06 g·kg-1, tendo sido detectado 0,03 g·kg-1 e 0,03 g·kg-1,

respectivamente, neste estudo; e nos solos do tipo do Cemitério Municipal São João Batista II,

nos extratos superficiais (0,00-0,40 m) o valor reportado foi de 0,14 g·kg-1 e nos extratos mais

profundos (0,80-1,20 m) o valor foi de 0,10 g·kg-1, sendo que neste estudo foram encontrados

0,05 g·kg-1 e 0,18 g·kg-1, respectivamente.

Na tabela 4, observa-se pelo desvio padrão que a variação ocorrida entre os dados foi

entre 0,004 para o metal Mn no Cemitério Municipal São João Batista I em todas as

profundidade e 39,16 para o metal Al no Cemitério Municipal São João Batista I no extrato

mediano (0,40-0,80 m). Os valores encontrados para o desvio padrão de teores de metais

pesados foram baixos, indicando uma boa precisão da coleta de dados.

Os valores da mediana (Tabelas 2, 3 e 4) foram muito próximos das médias obtidas,

indicando que os dados apresentam baixa assimetria e poucos valores discrepantes.

Os baixos teores de Cd, Cr, Cu, Ni, Pb, Zn, Al, Fe e Mn, estando abaixo dos VRQ,

evidenciam que a prática cemiterial não corrobora para o incremento desses metais, além de

refletirem a pobreza do material de origem por esses elementos. Tal fato é uma característica,

considerando que os teores de metais pesados tendem a ser maiores em solos provenientes de

rochas basálticas, isto é, sob condições naturais (SILVA et al., 2016; COSTA et al., 2017), o

que não é o caso do presente estudo.

Percebe-se que para este estudo foram utilizados os VRQ do CETESB e os VP do

Conama graças ao Estado do Amazonas não haver estabelecido seus VRQ, o que se trata de

um estudo de alto custo, devido a necessidade de equipamentos específicos, demanda de

substâncias químicas perigosas e profissionais especializados, além de se ter um grande

território amazônico rico em diversidades de rocha, solo e biodiversidade, que são fatores que

complicam a inda mais a preconização de VRQ, uma vez que a realização de estudo nessa

expectativa demandaria de um grande número de amostras e grande consumo de tempo.

O desenvolvimento do presente estudo complementa outras investigações já

desenvolvidas. A exemplo disso pode-se citar o trabalho de Costa et al. (2017), em que os

autores avaliaram as concentrações de metais pesados bário (Ba), cobalto (Co), Cd, Zn, Cu,

Pb, Cr, Fe, Mn e Al em solos de diversas regiões fisiográficas do Estado do Amazonas.

Espera-se que ao longo do tempo, trabalhos nessa escala possa compor um banco de dados

que represente o Estado do Amazonas.

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS DECORRENTE DA

ATIVIDADE CEMITERIAL EM HUMAITÁ-AM

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Por fim, pode-se perceber que grande parte do acúmulo dos metais presentes no solo

pode provir da atividade cemiterial, graças à verificação de teores em camadas mais

profundas de metais que possuem pouca mobilidade, como o Pb, Cu e o Cr. Para os

cemitérios estudados, acredita-se que os elementos depositados nesses solos podem ser

levados, tendo em vista a lixiviação de áreas de terra firme das proximidades desse ambiente

durante o período das cheias, submersas nas águas do rio Madeira para o Cemitério São João

Batista I. Nota-se que este estudo ainda é inovador para região, e poderá servir para balizar

futuras investigações de impacto ambiental, na delimitação ou destinação de futuras áreas

para tal atividade, permitindo o planejamento ou a gestão política da região neste segmento.

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS DECORRENTE DA

ATIVIDADE CEMITERIAL EM HUMAITÁ-AM

41

5 CONCLUSÃO

Os teores de Cd, Cr, Cu, Fe, Ni, Pb, Zn, Al e Mn dos solos das áreas cemiteriais

variam em função do tipo de solo e do material de origem. De maneira geral, os teores

naturais de metais pesados foram maiores que os teores normalmente observados em solos da

região amazônica, no sul do Amazonas sem interferência antrópica, indicando aumento de

concentração devido à atividade cemiterial para os metais Cr, Cu, Pb, Zn, Al, Fe e Mn.

Maiores concentrações de metais pesados foram obtidas nas amostras coletadas nos extratos

mais profundos, possivelmente pela maior proximidade aos locais de sepultamento.

Os solos do Cemitério Municipal São João Batista I apresentaram teores de metais

pesados mais elevados para Cr e Fe em todos os extratos e para Cu, Zn e Al para os extratos

mais profundos, enquanto os solos do Cemitério Municipal São João Batista II apresentaram

os teores de metais pesados mais elevados para Cr, Cu, Pb, Zn, Al e Fe em todos os extratos e

Mn nos extratos mais profundos.

As características químicas e físicas dos solos e a topografia da região podem ter

contribuído para tais concentrações encontradas, tendo em vista que as amostras do Cemitério

Municipal São João Batista I foram retiradas de um ambiente que sofre influência dos

períodos de cheias e seca do Rio Madeira, em razão da elevação do nível freático, o que é

potencializado nos períodos chuvosos, do qual pode adquirir diversos materiais, originários de

diferentes locais, em épocas de cheia.

A mobilidade dos metais pesados no solo está relacionada diretamente com os

atributos do solo, tendo dependência direta com as propriedades químicas dos metais,

podendo estas sofrer interferências nas reações ocorrentes, como sorção/dessorção,

precipitação/dissolução, complexação, quelatação e oxirredução.

Os teores de todos os metais pesados indicam que os solos das áreas cemiteriais da

cidade de Humaitá atendem ao critério de VRQ preconizado pelo Conama.

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