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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO PRODUTIVO E REPRODUTIVO DE ANIMAIS MESTIÇOS DO CRUZAMENTO HOLANDÊS X GIR Alexandre Balancin Junior Nova Odessa - SP Janeiro, 2011

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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO PRODUTIVO E REPRODUTIVO DE ANIMAIS MESTIÇOS DO CRUZAMENTO HOLANDÊS X GIR

Alexandre Balancin Junior

Nova Odessa - SP Janeiro, 2011

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO PRODUTIVO E REPRODUTIVO DE ANIMAIS MESTIÇOS DO CRUZAMENTO HOLANDÊS X GIR

Discente:Alexandre Balancin Junior Orientador (a): Lenira El Faro Zadra

Co-orientador: Aníbal Eugênio Vercesi Filho

Nova Odessa - SP Janeiro, 2011

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação do Instituto de Zootecnia, APTA/SAA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Produção Animal Sustentável.

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Ficha elaborada pelo Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia

Bibliotecária responsável – Ana Paula dos Santos Galletta - CRB8/7166

B171a Balancin Junior, Alexandre

Avaliação de desempenho produtivo e reprodutivo de animais mestiços do cruzamento Holandês x Gir. / Alexandre Balancin Junior. Nova Odessa - SP, 2010.

52p. : il.

Dissertação (Mestrado) - Instituto de Zootecnia. APTA/SAA. Orientador: Dra. Lenira El Faro Zadra.

1. Bovino de leite. 2. Leite - Produção. I. Zadra, Lenira El Faro. II.

Título.

CDD 636.2

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

TÍTULO: AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO PRODUTIVO E REPRODUTIVO DE ANIMAIS MESTIÇOS DO CRUZAMENTO HOLANDÊS X GIR AUTOR: ALEXANDRE BALANCIN JUNIOR

Orientador: Dra. Lenira El Faro

Co-orientador: Dr. Aníbal Eugênio Vercesi Filho

Aprovado como parte das exigências para obtenção de título de MESTRE em Produção

Animal Sustentável, pela Comissão Examinadora:

Dra. Lenira El Faro Instituto de Zootecnia – APTA/SAA

Dr. Danísio Prado Munari Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP

Dra. Maria Eugênia Zerlotti Mercadante

Instituto de Zootecnia – APTA/SAA

Data da realização: 26 de Janeiro de 2011

Presidente da Comissão Examinadora Dra. Lenira El Faro

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Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus, pois só Ele é digno e toda honra, glória e louvor. Senhor, obrigado pelo fim de mais essa etapa. Aos meus pais e minha irmã, pelo amor incondicional, pela compreensão e confiança em mim depositados, e enfim por lutarem comigo. À minha namorada, pela compreensão das horas em que tivemos que permanecer longe um do outro, pelo amor, pelo carinho e auxílio na elaboração deste trabalho. À minha orientadora Dra. Lenira El Faro, pelos ensinamentos e dedicação a mim concedidos, possibilitando assim a conclusão deste trabalho. Ao Marco Aurélio (Mineiro) pelo auxílio, pelo companheirismo e pela amizade construída nessa fase. À APTA Centro-Oeste, pelo fornecimento de suas instalações para a realização desta pesquisa. À Fazenda Santa Luzia pelo fornecimento dos dados utilizados nesta pesquisa. À CAPES, pela bolsa de estudos.

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“... Gostaria de lhe dizer que produtores rurais

não são a espécie arrogante e retrógrada que os

canalhas (governantes) dizem que são. São gente

que está vivendo em lugares onde você não se

animaria a viver, transitando por estradas

intransitáveis e mortais, acordando nas

madrugadas para ver nascer um animal, rezando

para chover na hora de plantar e para parar de

chover na hora de colher, com um contato e um

conhecimento da natureza muito maior do que o

seu ...”

(Eng. Agr. Fernando Sampaio)

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SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................................. XI

ABSTRACT......................................................................................................................... XII

LISTA DE TABELAS......................................................................................................... XIII

LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................... XIV

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................ 3

2.1 Características reprodutivas......................................................................................... 4

2.2 Características produtivas............................................................................................ 6

2.3 Curva de lactação......................................................................................................... 8

3 MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................ 11

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................... 17

4.1 Características produtivas........................................................................................... 17

4.2 Características reprodutivas........................................................................................ 19

4.3 Curva de lactação........................................................................................................ 21

4.4 Concepção e produção de leite................................................................................... 24

5 CONCLUSÕES.............................................................................................................. 27

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 29

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RESUMO Os cruzamentos entre raças européias e zebuínas geralmente apresentam vantagens frente às raças puras na produção de leite em sistemas de produção nas regiões tropicais. O objetivo deste trabalho foi avaliar os desempenhos produtivos e reprodutivos de animais mestiços do cruzamento Holandês x Gir, assim como a variação de suas curvas de lactação e o efeito da gestação sobre a produção de leite. Foram utilizadas neste estudo 8.516 lactações de vacas de seis grupos genéticos Holandês (H) x Gir, oriundos de cruzamentos absorvente e alternado pertencenteS ao rebanho da fazenda Santa Luzia, localizada no município de Passos – MG. As características produtivas: produção de leite acumulada até 305 dias (P305), produção total de leite (PTL) e produção por intervalo de partos (PIP); e as características reprodutivas: idade ao primeiro parto (IPP), intervalo de partos (IDP), período de serviço (PS) e período de gestação (PG), foram analisadas utilizando-se modelos mistos. A função Gama Incompleta foi utilizada para a estimação dos parâmetros das curvas de lactação. Para as características produtivas, os animais dos grupamentos genéticos 3/4H e 7/8H apresentaram os melhores desempenhos, com médias de P305 de respectivamente, 4251,31±41,09Kg e 4367,99±58,87Kg. Para as características reprodutivas, as vacas 1/2H apresentaram os melhores desempenhos, com IPP de 30,95±0,18 meses e IDP de 388,14±2,78 dias, sendo estes desempenhos superiores em relação aos demais grupos genéticos (P<0,05). As formas das curvas de lactação foram influenciadas pelos grupos genéticos. Os animais puros por cruza Holandês apresentaram menores persistências e tempo de pico de lactação, com maiores produções no pico. A influência negativa do período de gestação sobre a produção de leite foi maior para as vacas PC. As vacas mestiças, com fração de genes Holandês entre 3/4 e 7/8, obtiveram melhores desempenhos produtivos, indicando que as condições da fazenda não foram limitantes para que essas expressassem seu potencial genético.

Palavras-chave: bovinos de leite, curva de lactação, período de gestação, sistemas de cruzamento.

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ABSTRACT Crossbreed European and zebu often have advantages over the pure breeds in the production of milk production systems in tropical regions. The aim of this study was to evaluate the productive and reproductive performance of crossbred Holstein x Gir, as well as the variation of their lactation curves and the gestation on milk production. Were used in this study lactations of 8516 cows from six Holstein (H) x Gir genetic groups derived from absorbent and rotative crosses came from Santa Luzia’s herd situated in Passos - MG. Production traits: milk yield accumulated up to 305 days (P305), total milk production (PTL) and calving interval production (PIP) and the reproductive characteristics: age at first calving (IPP), calving interval (IDP), service period (PS) and gestation period (PG) were analyzed using the mixed models. The Gamma Incomplete function was used to estimate the parameters of lactation curves. For production traits of animals and genetic groups 3/4H 7/8H showed the best performance, with average of P305, respectively, 4251,31± 41,09 kg and 4367,99 ± 58,87kg. For reproductive traits, the F1 showed the best performance with IPP to 30,95 ± 0,18 months and IDP 388.14 ± 2.78 days, these superior performance compared to other genotypes (P <0.05). The shapes of lactation curves were affected by genetics groups. The Holstein cows had lower persistence and time of peak lactation, with highest yields at the peak. The negative influence of gestation on milk production was higher for cows PC. The crossbred cows with the gene fraction between 3 / 4 and 7 / 8 to Holstein, had better performance, indicating that conditions of farm were not limiting to those who express their genetic potential. Keywords: dairy cattle, lactation curve, gestation length, crossbreed

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Lista de Tabelas

Tabela 1 - Idade ao primeiro parto (IPP) e intervalo de partos (IDP) de acordo com as

composições genéticas das vacas.........................................................................................

5

Tabela 2 - Produção total de leite (kg) e Produção por intervalo de partos (kg) de acordo

com as composições genéticas das vacas, segundo dois autores.........................................

8

Tabela 3 - Número de observações (N) e médias estimadas pelo método dos quadrados

mínimos para a produção de leite até os 305 dias de lactação (P305) produção total de

leite (PL) e produção por dia de intervalo de partos (PIP) em função do grupo genético

(GG), de vacas mestiças Holandês X Gir............................................................................

18

Tabela 4 - Número de lactações (N), médias estimadas por quadrados mínimos para

idade ao primeiro parto (IPP), intervalo de partos (IDP), período de serviço (PS) e

período de gestação em função do grupo genético (GG), de vacas mestiças Holandês X

Gir........................................................................................................................................

20

Tabela 5 - Parâmetros, produção acumulada até os 305 dias (PM), produção no pico

(PP), tempo de pico (TP) e persistência de lactação (S) de vacas mestiças Holandês X

Gir, estimados pela Função Gama Incompleta, em função do grupo genético (GG)..........

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Lista de Figuras

Figura 1 - Curvas de lactação estimadas para os diferentes grupos genéticos Holandês x

Gir, em função do dia em lactação (DEL)...........................................................................

23

Figura 2 - Influência do período de gestação sobre a produção de leite diária de vacas

provenientes de cruzamentos entre as raças Holandesa e Gir..............................................

26

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1. INTRODUÇÃO

Estudos sobre a população humana mundial indicam crescimento populacional até 2050

para, aproximadamente, 9 bilhões de pessoas, sendo que 7,7 bilhões destas viverão em países em

desenvolvimento e 800 milhões viverão em países de terceiro mundo. Embora a produção

agrícola mundial seja capaz de produzir alimentos para toda a população, não é garantido que

parte desta tenha acesso a uma alimentação saudável que seja capaz de atender suas demandas

nutricionais, pois não apresentarão condições financeiras para adquirir tais alimentos (FAO,

2010).

Por outro lado, o Agronegócio do leite e seus derivados desempenha um papel relevante

no suprimento de alimentos e na geração de emprego e renda para a população. Acrescenta-se

ainda a importância nutritiva do leite como alimento, sendo este rico em uma grande quantidade

de nutrientes essenciais ao crescimento e à manutenção de uma vida saudável (EMBRAPA,

2010).

Neste contexto, segundo o MAPA (2010) o agronegócio brasileiro é responsável por

33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos

brasileiros. Deste total, 41% correspondem a produtos pecuários, tendo o leite posição de

destaque com 17% do valor bruto da produção pecuária, sendo superado apenas pela carne

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bovina.A produção de leite deve crescer a uma taxa de 1,95% ao ano, de acordo com projeções

até 2020, aumentando dos atuais 30,4 bilhões para 37,8 bilhões de litros de leite cru ao final do

período projetado. Os desafios a serem alcançados incluem um aumento da demanda desse

produto tradicional e também da eficiência e da qualidade daquilo que é produzido, e a redução

de custos de produção e a adoção de animais geneticamente superiores e adaptados aos sistemas

de produção brasileiros.

O sistema de pastejo, ou semi-confinamento, onde os animais são suplementados na

época de escassez de forrageiras é dominante no Brasil. Incorporado a esse sistema, a

participação do gado mestiço obtido do cruzamento entre a raça Holandesa e as zebuínas

predomina, por serem os animais desses grupos genéticos mais rústicos e mais adaptados ao

sistema de pastejo em ambiente tropical do que os de origem européia (VILELA, 1996).

Desse modo, a exploração de sistemas produtivos com animais cruzados tem se

mostrado altamente viável para regiões em que as condições climáticas tornam impossível a

exploração com animais puros taurinos, tornam estes sistemas sustentáveis do ponto de vista

econômico e também ambiental. De acordo com Deresz et al. (2001), o criador de gado leiteiro

deve estipular o sistema de produção mais adequado para determinada região, além de determinar

a raça ou grupo genético a ser utilizado.

Vários estudos (FERREIRA e MADALENA, 1997; MADALENA, 2001) têm indicado

que no Brasil existe uma grande diversidade ambiental e que, para a maior parte das regiões do

país, a adoção de sistemas de cruzamento entre raças taurinas e zebuínas mostra-se muito viável

do ponto de vista econômico. Segundo os autores, para regiões onde há o rigor do clima aliado a

uma condição de manejo mais simples, a heterose deve ser explorada nos sistemas de

cruzamento, sugerindo a reposição contínua com animais ½ Holandês x ½ Zebuíno leiteiro como

a composição mais desejável.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho produtivo e reprodutivo de diferentes

composições genéticas oriundas do cruzamento entre as raças Holandesa e Gir leiteira bem como

descrever a variação das curvas de lactação e a interferência do período de gestação sobre a

produção de leite desses animais.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

O rebanho bovino brasileiro manteve-se em crescimento até 2005, todavia a partir de

2006 houve decréscimo no rebanho efetivo, sendo que em 2009 a estimativa foi de 193,1 milhões

de cabeças bovinas (ABIEC, 2010). Com relação ao rebanho bovino leiteiro, a média produtiva

de leite foi de 1.200 litros/vaca/ano entre os anos de 2005 a 2008 (EMBRAPA, 2008).

Em 2008, a região Sudeste liderou a produção leiteira, atingindo 10,132 milhões de

litros, produzidos principalmente (7,657 milhões) pelo estado de Minas Gerais, enquanto que a

região Norte obteve os menores valores, em torno de 1,665 milhões de litros (MILKPOINT,

2010).

Na região Sudeste, a exploração leiteira é principalmente baseada em sistemas de

produção, envolvendo animais mestiços oriundos dos cruzamentos entre as raças européias e

zebuínas, sob condições de criação de natureza bastante extensiva heterogênea (PEIXOTO et al.,

2000), entretanto, segundo Pereira (1998), não existe opinião consensual no meio técnico quanto

ao tipo de sistema de produção e de gado mais conveniente às nossas condições de criação.

Na tentativa de melhorar a produtividade destes sistemas, tem-se utilizado em larga

escala o cruzamento de raças zebuínas (ou nativas adaptadas), que apresentam excelente

adaptação às condições tropicais, com raças de origem européia especializadas para produção de

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leite. Os cruzamentos são realizados com o intuito de reunir em um só animal as características

desejáveis de duas ou mais raças (complementaridade) e, também, de explorar a heterose, que é

observada na maioria das características de importância econômica para bovinos leiteiros nos

trópicos (TEODORO et al., 1996).

Entretanto, o cruzamento deve superar sérios problemas de adaptação dos animais puros

de raças especializadas sob condições tropicais (estresse térmico, baixa qualidade dos alimentos,

manejo inadequado, maior susceptibilidade a parasitas e doenças, etc.) que, em muitos casos,

inviabilizam o sistema de produção.

Quanto aos efeitos genéticos obtidos pelo cruzamento nos bovinos leiteiros, esses são

baseados em dois componentes: aditivos e não aditivos (FACÓ et al., 2008). O efeito aditivo está

relacionado ao mérito genético médio das raças envolvidas no cruzamento. Dos efeitos não

aditivos, os de dominância e sobredominância, são os principais efeitos que explicam a heterose,

que é a diferença entre as médias das características avaliadas (fenótipo) nos indivíduos oriundos

do cruzamento, e a média desta característica medida nos pais puros.

De acordo com Hohenboken et al. (1996), a heterose é maior quanto maior a distância

genética entre as raças usadas nos cruzamentos. Além disso, maiores ganhos heteróticos são

observados quando os animais são criados em ambientes adequados e, também, as características

reprodutivas e adaptativas, ou seja, características de baixa herdabilidade.

2.1 Características reprodutivas

Dentre as características reprodutivas mais importantes, a idade ao primeiro parto, o

período de serviço e o intervalo de partos têm sido bastante beneficiados em sistemas de

cruzamentos buscando animais mais adaptados aos ambientes adversos do Brasil.

A idade ao primeiro parto (IPP) e o intervalo de partos (IDP) são características

importantes, uma vez que vacas boas produtoras de leite, com baixa idade ao primeiro parto e

reduzidos intervalos de partos produzirão mais crias e maior quantidade de leite na sua vida,

apresentando maior vida útil. Estes podem ser animais mais lucrativos para os sistemas de

produção de leite (VERNEQUE et al., 2005). Os mesmos autores observaram que vacas puras e

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mestiças Gir obtiveram idade média ao primeiro parto tardia, por volta de 43 meses. Como a

idade ao primeiro parto possui baixa herdabilidade, próxima a 15%, o cruzamento deve trazer

grande ganho para essa característica, por meio da heterose.

Outra característica reprodutiva importante é o intervalo de partos (IDP), que é composta

pelo período de serviço e pelo período de gestação. O ambiente exerce grande influência sobre o

IDP, uma vez que tal característica possui baixa herdabilidade, em geral, menor de 0,10. Assim,

os genes de efeito aditivo possuem pouca influência, enquanto que os efeitos das interações intra

e entre locus predominam.

Geralmente, em rebanhos mestiço Holandês-Zebu, ocorrem lactações mais curtas e

menos persistentes em animais com menor proporção dos genes da raça Holandês, havendo a

necessidade de compensá-las com menores intervalos entre partos para que o período seco não

seja excessivamente longo (FACÓ et al., 2002). Os autores encontraram que os intervalos entre

partos mais curtos foram dos animais com composição genética 1/2 Holandês, em comparação

com os animais 3/4 e 7/8H, indicando a máxima heterose nos animais desse grupamento. Em

geral, houve uma tendência de elevação da IDP conforme houve o incremento na fração de genes

da raça Holandesa. Entretanto, McManus et al. (2008), observaram menores intervalos nos

animais 3/4H (Tabela 1), e atribuíram essa superioridade ao clima da região, que influencia,

principalmente na alimentação e no manejo adotado.

Tabela 1. Idade ao primeiro parto (IPP) e intervalo de partos (IDP) de acordo com as

composições genéticas das vacas.

Composição

Genética

Característica IPP(dias) IDP (dias)

Facó et al. (2005)

McManus et al. (2008)

Facó et al. (2005)

McManus et al. (2008)

1/2 H 1.002,18 1.003,1 409,14 442,9 1/4 H 1.041,71 1.278,8 413,02 438,8 3/4 H 1.025,82 844,4 418,60 355,7 3/8 H - 1.240,2 - 412,0 5/8 H 1.053,51 - 418,09 - HPB 1.018,65 1.069,0 433,47 458,0

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O prolongamento do IDP traz prejuízos aos sistemas de produção, pois diminui a

produção de leite e o número de lactações durante a vida útil do animal, além do número de

novilhas para reposição e machos para a venda, reduzindo a eficiência produtiva e econômica do

rebanho (VERNEQUE et al., 2005). Outro aspecto relevante, é que IDP elevados podem reduzir

a taxa de ganho genético anual (STEVENSON, 1996).

O período de serviço (PS), que é definido como o número de dias requerido pela vaca

para conceber após a parição, é um dos melhores critérios para determinar a habilidade

reprodutiva de um rebanho. Trata-se de característica influenciada, principalmente, por variações

do ambiente em que a vaca é criada, e as estimativas de herdabilidade são baixas ou próximas de

zero (CAVALCANTE et al., 2001).

Segundo Guimarães et al. (2002), o intervalo do parto ao primeiro serviço tem sido, em

média, de 70 a 90 dias. Períodos de serviços mais curtos estão associados a menores produções

durante o período final da lactação, uma vez que os nutrientes ingeridos naquele período serão

compartilhados para produção e gestação, podendo também resultar em lactações mais curtas do

que 305 dias (TEIXEIRA et al., 2001). Por outro lado, havendo mais dias de período de serviço,

haverá mais tempo para renovação das reservas corporais, que poderão ser usadas na lactação

seguinte (FUNK et al., 1987; SADEK e FREEMAN, 1992; TEIXEIRA et al., 1999).

O período de gestação (PG) caracteriza-se pelo intervalo transcorrido entre a concepção

e a parição. Dada a impossibilidade de determinar com precisão o momento exato da concepção,

então este período pode ser avaliado em dias ou em meses, entre a data do serviço (monta natural

ou inseminação artificial) e a data do parto (SOARES et al., 2006). Esse período apresenta uma

média de 280 dias, ocorrendo variações entre raças e animais.

2.2 Características produtivas

A produção acumulada em 305 dias de lactação (P305) é a característica de maior

importância econômica na atividade leiteira (VERNEQUE et al., 2005).

Os cruzamentos alternados entre as raças taurinas e zebuínas leiteiras tem procurado

aliar o maior potencial genético para a produção de leite da raça Holandesa, com uma maior

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capacidade adaptativa dos animais zebuínos, aos trópicos, como a raça Gir ou Guzerá,

explorando então a complementaridade entre raças.

Em ambientes tropicais é sabido que as altas temperaturas normalmente reduzem a

eficiência reprodutiva, principalmente de animais taurinos, afetando também, direta e

indiretamente, a produção de leite, o que pode ser atribuído não somente ao baixo consumo de

alimentos ou à baixa qualidade destes, mas também aos efeitos de mecanismos fisiológicos

ligados à lactação (LEMOS e LOBO, 1992).

Lemos et al. (1996), trabalhando com 6 grupos genéticos Holandês-Zebu (1/4, 1/2, 5/8,

3/4, 7/8 e PC Holandês) e 2 níveis de manejo (alto e baixo), observaram que para os altos níveis

de manejo, a produção de leite dos animais das diferentes composições genéticas não apresentou

diferenças significativas. Em contrapartida, os animais ½ Holandês-Zebu, mantidos sob baixo

nível de manejo, apresentaram produções de leite superiores quando comparadas às dos demais

grupos genéticos.

Vacas de alta produção leiteira, em geral, têm maior dificuldade para conceber do que as

de baixa produção. Esse aspecto influencia a produção total durante a vida útil da vaca, devido ao

aumento do período de serviço, sendo a produção máxima obtida em vacas com período de

serviço mínimo (GUIMARÃES et al., 2002).

Do ponto de vista econômico, a produção de leite por dia de intervalo de partos é mais

importante do que a produção de leite total. Com este parâmetro é possível calcular a quantidade

de leite e estimar a produtividade anual do rebanho (BARBOSA et al., 2009). Glória et al. (2006)

e Camilo et al. (2009), observaram maiores produções de leite por dia de intervalo de partos em

animais com maiores frações de genes da raça Holandesa. Essa tendência também foi observada

pelos autores para a produção total de leite, conforme pode ser observado na Tabela 2.

Também Facó et al. (2008), trabalhando com diversos grupos genéticos Holandês-Gir,

observaram efeito genético aditivo significante para a produção de leite por dia de intervalo de

partos, sendo a contribuição dos genes da raça Holandesa importantes para uma maior produção.

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Tabela 2. Produção total de leite (kg) e produção por dia de intervalo de partos (kg) de acordo

com as composições genéticas das vacas, segundo dois autores.

Composição

Genética

Características Produção total de leite (kg) Produção por dia de intervalo de partos

(kg dia-1) Gloria et al.

(2006) Camilo et al.

(2009) Gloria et al.

(2006) Camilo et al.

(2009) 1/2 H 3.549 3.870 9,0 10,6

3/4 H 4.331 4.167 10,6 11,8

7/8 H 4.515 4.460 11,0 12,5

2.3 Curva de Lactação

O estudo das curvas de lactação a partir de modelos matemáticos é importante para o

estabelecimento de estratégias capazes de otimizar a seleção e a busca de novos genótipos mais

eficientes e rentáveis para o produtor (OLIVEIRA et al., 2007). O estudo da curva de lactação

também permite ao produtor manejar os seus animais de acordo com as fases da lactação, ou seja,

as vacas em mesmo estágio da lactação e nível de produção devem ser agrupadas em um mesmo

grupo de manejo, visando oferecer a melhor nutrição e melhorar a eficiência alimentar do

rebanho (NOVAES et al., 2009).

Assim, a produção de leite ao longo da lactação caracteriza a curva de lactação de uma

vaca, que pode ser dividida em três fases. A primeira é ascendente e ocorre entre o parto e o pico

de lactação; a segunda é relativamente constante e ocorre ao redor do pico de lactação; e, por

último, a terceira fase, descendente, vai do pico de lactação ao término desta, também conhecida

como persistência da lactação. A representação gráfica da curva de lactação pode determinar a

produção de leite de uma vaca no decorrer de sua lactação (COBUCI et al., 2001).

De acordo com Novaes et al. (2009), na primeira e na segunda fases da curva de

lactação, período entre o parto e o pico da lactação, são períodos em que a vaca apresenta déficit

energético negativo, pois a ingestão de energia é menor que seu requerimento. O animal,

portanto, mobiliza as reservas corporais para suprir seu déficit, geralmente perdendo peso. Na

terceira fase ocorre a estabilização do peso, início de balanço energético positivo e é a fase em

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que a vaca inicia a gestação, perdurando até o final da lactação, sendo este próximo aos 60 dias

antes do parto.

A duração do período de lactação é altamente influenciada pela persistência da lactação,

sendo este o componente mais importante da curva de lactação. A persistência da lactação é

definida como a capacidade da vaca em manter sua produção de leite após atingir sua produção

máxima na lactação. Maiores persistências da lactação são consideradas vantajosas por inúmeras

razões, principalmente no que se refere aos aspectos econômicos (COBUCI et al., 2004).

Segundo Venâncio (2005) a persistência pode ser medida pelo declínio da produção

diária após a vaca ter alcançado o pico de lactação. A produção de leite no dia do controle é

expressa como uma porcentagem da produção no controle leiteiro anterior, ou seja, quanto maior

essa porcentagem em relação a um controle leiteiro e outro menor será o declínio da produção

diária. Um nível ótimo seria 90%, no caso de vacas Holandesas de alta produção, mas pode cair a

menos de 80% em animais cruzados.

Estudos relataram que vacas com alta produção até o pico de lactação apresentam

declínio acentuado da produção de leite, quando comparadas às de menores produções nessa

primeira fase da lactação (Cobuci et al., 2004). Os autores observaram picos por volta de 60 a 90

dias de lactação, em vacas primíparas da raça Holandesa. Para vacas Gir, Ledic et al. (2002)

observaram produção máxima no 23° dia pós-parto, o que não segue a curva de produção para a

raça Holandesa, em que o pico de lactação tem sido observado próximo aos 60 dias.

Em geral, para raças taurinas mantidas em clima temperado, a curva de lactação é

chamada típica, ou seja, apresenta pico de produção após 60-90 dias e apresenta boa taxa de

persistência da lactação, com um período de 305 dias de produção (MADALENA et al., 1979).

As raças zebuínas ou animais mais azebuados, não apresentam curvas típicas, pois estas já

iniciam no pico de produção, tendendo a um declínio constante até o final da lactação, que pode

ocorrer em período anterior aos 305 dias (PAPAJCSIK e BODERO, 1988).

Molento et al. (2004), trabalhando com pico e persistência das lactações de vacas

Holandesas, pôde observar que o pico ocorreu por volta do segundo mês de lactação e a produção

no pico foi diretamente proporcional à ordem de parição, assim como o nível de produção do

rebanho. Vacas que produziram menores quantidades de leite no início da lactação apresentaram

lactações com declínios menos acentuados na produção de leite diária. No entanto, as vacas

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pertencentes às classes de maiores produções iniciais apresentaram maiores taxas de declínio da

produção e maiores produções na lactação (COBUCI et. al, 2001).

Oliveira et al. (2007) verificaram que as curvas de lactação de animais F1 Holandês x

Gir, apresentaram queda na produção de leite já a partir do início da lactação, sem o pico de

produção. Da mesma forma Madalena et al. (1979), trabalhando com vacas F1, 3/4 e Holandesas,

observaram pico de lactação por volta do 5° dia, ou seja, o pico de produção praticamente não

ocorreu.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

Os dados utilizados no presente estudo foram provenientes de animais do rebanho da

Fazenda Santa Luzia, de propriedade de José Coelho Vitor e filhos, localizada no município de

Passos, MG, microrregião de Furnas. A fazenda possui uma área de 900ha, sendo que 413ha

destinados à pecuária leiteira.

A propriedade disponibilizou um banco de dados de 8.516 lactações, com 75.791

controles leiteiros, obtidos no período de 1990 a 2007, provenientes de 4.177 animais com

composições genéticas que variaram entre 1/2 (F1), 3/4, 7/8 e iguais ou superiores a 15/16

Holandês, sendo estas consideradas PC Holandês, provenientes do cruzamento absorvente de

vacas da raça Gir inseminadas com touros da raça Holandesa ou provenientes de algumas vacas

Holandesas inseminadas com touros da raça Gir. Havia ainda no rebanho, animais oriundos de

cruzamento alternado, tendo como composição genética o 5/8 Holandês ou 5/8 Gir. O objetivo da

propriedade é possuir um animal que apresente boa produção leiteira, e que consiga adaptar-se ao

sistema de produção utilizado na propriedade.

O sistema de produção da fazenda Santa Luzia possui pastejo rotacionado, formado por

módulos de 16 a 17 piquetes, subdivididos por cerca elétrica, com dois dias de período de pastejo

e período de descanso de 30 ou 32 dias. Os módulos possuem área de descanso com sombra,

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saleiro, água e, na maioria das vezes, cocho para fornecimento de concentrado e volumoso no

período da seca. Nos piquetes são utilizadas gramíneas dos gêneros Brachiaria brizantha cv

Marandu, Panicum maximum cv Tanzânia, Cynodon dactylon x Cynodon nlenfuensis e Cynodon

plectostachyus, que já existiam na propriedade. Correções de solo necessárias e adubações são

feitas objetivando explorar o máximo potencial produtivo da área.

Para as vacas em lactação são destinados 8 módulos, totalizando área de 200 ha, com

lotação média de 6 a 7 UA/ha. As primíparas são manejadas em módulos separadamente com

objetivo de fornecer alimentação adequada às suas exigências e evitar competição. Outro módulo

é destinado às vacas F1 visando a facilidade no manejo na ordenha, já que estes animais são

ordenhados com a presença do bezerro. Existem ainda módulos para as vacas 3/4 e 7/8 Holandês-

Gir, vacas secas e novilhas prenhes e um módulo para vacas amojando.

Durante o período das águas (de novembro a abril), os animais são mantidos

exclusivamente em pastagem. No período da seca (de maio a outubro), as vacas recebem silagem

de milho e cana de açúcar como suplementação volumoso. Os animais recebem durante todo ano

ração concentrada na proporção de 1 kg para cada 3 litros de leite produzido. A forragem

utilizada no período de seca é produzida na propriedade, sendo 90ha destinados à produção de

silagem de milho, 90ha para a produção de silagem de sorgo safrinha e 45ha para a produção de

cana de açúcar. As vacas são secas 60 dias antes do parto ou com produções inferiores a 4 litros

de leite por dia, sendo que as vacas vazias não são secas.

Como uma das principais atividades da fazenda é a comercialização de fêmeas, o

descarte voluntário é muito grande, fazendo com que o número de vacas jovens seja elevado. É

importante ressaltar que, atualmente, das fêmeas 7/8 Holandês-Gir que nascem na fazenda apenas

as com pelagem escura são mantidas, pois tem se observado muita dificuldade de adaptação das

vacas 7/8 Holandês-Gir ao pastejo.

As informações que constaram nos arquivos de dados da fazenda são: identificação da

vaca; composição genética do animal; data do nascimento; ordem de parto; data do parto; data do

controle leiteiro, sexo da cria e produção total na lactação.

As análises dos modelos mistos foram realizadas pelo método de máxima

verossimilhança restrita através do procedimento MIXED do pacote estatístico Statistical

Analysis System para a produção de leite ajustada a 305 dias (P305), produção de leite total

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(PTL), produção de leite por dia de intervalo de partos (PIP), idade ao primeiro parto (IPP),

intervalo de partos (IDP), período de serviço (PS) e período de gestação (PG). Os efeitos

incluídos no modelo geral foram o grupo genético (GG) e os grupos de contemporâneos (GC),

compostos por ano e estação de parto. O efeito da repetição por animal foi considerado como

aleatório, usando-se uma estrutura de covariância composta simétrica (CS) para modelá-los. A

opção pela estrutura CS ou AR(1) (Auto Regressivo Heterogêneo de Primeira Ordem) deu-se, em

análise preliminar, por aquela que apresentou o melhor ajuste no teste de Akaike.

As preparação dos arquivos de dados para o cálculo da P305 excluíram dados errôneos

quanto a anotações e digitação na propriedade, restando 54.000 controles leiteiros mensais

provenientes de 6.120 lactações de 2.530 vacas. Para a análise dessa característica, foi incluído

no modelo o efeito de ordem do parto.

A PTL foi estimada a partir de 59.200 controles leiteiros mensais, provenientes de 5.655

lactações de 2339 vacas que apresentavam aos menos três controles leiteiros por lactação e com

intervalo de partos mínimos de 280 dias. Assim como a P305, ao modelo geral também foi

incluído a ordem de parto. A PIP foi estimada a partir 5.560 lactações provenientes de 2.339

vacas, em que a PLT foi dividida pelo IDP, sendo incluídos no modelo a ordem de parto e

duração da lactação.

Para a IPP foi adicionado na formação do GC as informações de ano e estação de

nascimento. Após a consistência restaram 3252 vacas. Para a média do IDP foi incluído no

modelo a idade da vaca ao parto (regressão linear e quadrática), além das variáveis já

consideradas no modelo geral. O mesmo foi feito para a análise do PS que, após a consistência

dos dados, restaram 6174 lactações para ambas características.

Para análise do período de gestação (PG), que é calculado pela diferença entre a data do

parto e a data da última inseminação artificial (data da concepção), no modelo geral foram

incluídos os efeitos de ordem do parto e o sexo do bezerro.

Para todas as características analisadas foram estimadas as médias por quadrados

mínimos para o efeito de GG e estas foram comparadas pelo teste de Tukey, admitindo-se um

nível de significância mínimo de 5%.

As produções de leite em cada controle mensal foram ajustadas, para cada grupo

genético, por meio de funções não-lineares ou lineares, usando-se o Proc Nlin (SAS, 2003).

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Dentre as funções citadas na literatura, foram empregadas no ajuste às produções de leite a

Função Polinomial Inversa (NELDER, 1966), a Gama Incompleta (WOOD, 1967); e a

Exponencial (WILMINK, 1987). Como todas estas funções são paramétricas, existe interpretação

biológica dos seus parâmetros, pode-se assim, estimar a produção e o tempo de pico da lactação,

bem como a persistência da lactação. Estes componentes da curva de lactação foram então

calculados para a função que melhor ajustou os dados de produção de leite.

A função Gama Incompleta (FGI) é representada por ctbt eatY −= , em que Yt é a

produção de leite em kg no tempo de lactação t; a, b e c são os parâmetros que representam,

respectivamente, a produção inicial da vaca, a taxa média de aumento da produção até atingir o

pico e, a taxa média de declínio na produção após atingir o pico; e é a base do logaritmo natural.

Para a Função Polinomial Inversa (FPI), 12)( −++= ctbtatYt , Yt é a produção de leite

no tempo t; a, b e c, são parâmetros do modelo.

A função de Wilmink (WIL) também é composta por três parâmetros, sendo descrita

pela fórmula: )05,0( tt cebtY a

−++= , em que, a, b e c são parâmetros da função associados,

respectivamente, à produção inicial de leite, à taxa de declínio da produção de leite após o pico de

lactação e à taxa de ascensão da produção de leite até atingir o pico de lactação. Para a escolha

da melhor função, o ajuste aos dados foi feito para uma tendência média do rebanho para cada

função. Foi calculado o coeficiente de determinação (R2) para cada modelo, sendo que o maior

valor determinou o melhor ajuste aos dados médios para este rebanho. O coeficiente de

determinação é calculado com base na seguinte fórmula:

SQT

SQRR =2

Em que: SQRC = Soma de Quadrados devido ao Modelo de Regressão

SQTC = Soma de Quadrados Total

Após a escolha da melhor função, foram realizadas análises para descrever a curva de

lactação para cada GG, após a correção para os efeitos que influenciam a produção de leite. As

análises para o ajuste das curvas de lactação foram realizadas em duas etapas. Inicialmente as

produções de leite em cada controle foram corrigidas para os efeitos fixos de GC (rebanho, ano e

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estação do controle) e classe de idade da vaca ao parto. Para esse ajuste foi empregado um

modelo linear, usando-se o procedimento GLM (SAS, 2003). Após a correção das produções para

estes efeitos, os resíduos acrescidos da média foram modelados por meio de regressão não-linear

sobre o dia em lactação, para a função de melhor ajuste à curva média de lactação do rebanho.

Para verificar a influência do GG sobre os parâmetros da curva de lactação, função com

melhor ajuste foi então testada em dois modelos, denominado reduzido e completo. O modelo

reduzido assume para todos os GG que a curva de lactação, pode ser definida por um único

conjunto de parâmetros. No modelo completo, foi testado o efeito dos GG sobre os parâmetros da

curva de lactação, estimando assim seis curvas de lactação diferentes, uma para cada GG. A

hipótese de nulidade admite-se a ausência de diferença entre o modelo reduzido e completo,

enquanto a hipótese alternativa testou se houve diferença entre os modelos, ou seja, diferenças

entre as formas das curvas para os GG. Para comparar se houve diferença na forma das curvas de

lactação entre os modelos reduzido e completo foi realizado o teste do “Lack of fit”, comparado a

uma distribuição F, como usado por Paz et al. (2004):

Em que:

SQRMR= soma de quadrados de resíduo para o modelo reduzido

SQRMC= soma de quadrados de resíduo para o modelo completo

GLRMC e GLRMR = graus de liberdade para o resíduo, para os dois modelos

QMRMC = quadrado médio do resíduo do modelo completo.

A probabilidade do valor observado de F foi calculada por Prob>F = 1 – ProbF [Fobs,

(GLRMR-GLRMC), GLRMC], empregando a função PROBF (SAS, 2003).

As curvas estimadas para cada GG foram comparadas duas a duas para verificar se

ocorreram grupos com curvas cujas formas foram semelhantes no decorrer do período da

lactação. Com o intuito de verificar a influência do período de gestação sobre as produções de

leite em cada controle leiteiro para cada GG, foram realizadas análises pelo método dos

quadrados mínimos pelo procedimento GLM (SAS). O período de gestação foi classificado de 1 a

9 de acordo com o intervalo gestacional: PG-1 - intervalo entre 1 e 30 dias; PG-2 – 31 a 60 dias;

PG-3- 61 a 90 dias; PG-4 – 91 a 120 dias; PG-5 – 121 a 150 dias; PG-6 – 151 a 180 dias; PG-7 –

( ) ( )[ ],

/

MC

MCMRMCMRobs QMR

GLRGLRSQRSQRF

−−=

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181 a 210 dias; PG-8 – 211 a 240 dias; e PG-9 – acima dos 241 dias. As informações que

apresentavam PG-8 e PG-9 foram excluídas, devido ao período seco do animal. O modelo foi

composto pelas variáveis GG, GC, período de gestação e a interação entre o período de gestação

e GG.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Características Produtivas

As maiores médias estimadas para a P305 ocorreram para os grupos genéticos

compostos por 3/4H ou 7/8H, sendo que ambas não diferiam entre si (Tabela 3). Os animais do

grupo PC apresentaram menores médias (P<0,05) para P305, em relação aos grupos 3/4H e 7/8H,

e maiores (P<0,05) que para as F1. A superioridade na P305 para animais cruzados 3/4H e 7/8H

em relação aos puros por cruza também foi observada por Camilo et al. (2009), Facó et al. (2002)

e Mcmanus et al. (2008), e pode ser explicada pela maior adaptação dos mestiços aos sistemas de

produção adotados no Brasil.

A menor média para a P305 (P<0,05) observada para os animais F1 pode ser explicada

pelo fato da fazenda adotar sistema de manejo de ordenha com bezerro ao pé da vaca para este

grupamento genético. Como uma parte da produção de leite era mantida para o bezerro e este não

era computado, este fato pode ter subestimado a produção acumulada.

Segundo Junqueira et al. (2005), o manejo de ordenha com bezerro ao pé da vaca é

bastante comum, principalmente para vacas F1 e para animais Zebu ou azebuados, pois este

manejo estimula a descida do leite. Além disso, alguns estudos relatam que a ocorrência de

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mastite nas vacas em lactação, assim como a ocorrência de diarréia nos bezerros, diminui quando

estes são usados para fazer a esgota ou mesmo quando parte do leite é reservada para os bezerros.

No caso, como a quantidade de leite deixada para os bezerros, filhos das vacas F1 não foi

mensurada, fica difícil estimar o quanto deixou de ser computado. Além disso, embora os

bezerros filhos de vacas com maior proporção de genes da raça Holandesa não tenham mamado

diretamente nas mães, estes receberam o leite em mamadeiras.

Tabela 3. Número de observações (N) e médias estimadas pelo método dos quadrados mínimos

para a produção de leite até os 305 dias de lactação (P305), produção total de leite (PTL), duração

da lactação (DL) e produção por dia de intervalo de partos (PIP), em função do grupo genético

(GG), de vacas mestiças Holandês X Gir.

GG N P305 (kg) N PTL (kg) DL PIP (kg d-1)

1/2H 2997 3470,90±38,65c 2856 3475,33±56,77b 286,75±11,64 b 7,80±0,11b

3/4H 2307 4251,31±41,09a 2076 4562,01±62,14a 317,18±11,79 a 9,69±0,12a

7/8H 508 4367,99±58,87a 421 4759,74±93,73a 325,32±12,36 a 9,91±0,18a

PCH 253 3873,86±63,79b 145 4442,16±130,20a 310,23±13,51 a 9,60±0,25a

Médias com letras iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey 5%.

As médias estimadas para a PTL para os diferentes grupos genéticos acompanharam a

mesma tendência descrita para a P305, exceto que as médias estimadas para os animais PC não

diferiram das 3/4H e 7/8H. Esses resultados estão de acordo com os encontrados por Facó et al.

(2002), que trabalhando com diversos sistemas de produção, verificaram superioridade dos

animais dos GG 7/8 e 3/4H em sistema semi-intensivo, com um manejo semelhante ao da

fazenda em estudo. Os autores concluíram que animais com maior fração de genes da raça

Holandesa, apresentaram maiores desempenhos produtivos, quando houve melhoria nas

condições de manejo, permitindo que estes animais expressassem seu potencial genético.

Os animais com maior proporção da raça Holandesa apresentaram maiores DL, não

diferindo estatisticamente entre os três GG. Esses resultados corroboram com os encontrados por

Glória et al. (2006), em que a DL foi menor para os GG com maior percentual de genes da raça

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Gir. Os resultados indicaram, no entanto, a mesma tendência observada para as características

P305 e PTL, em que o ambiente provavelmente não foi o fator limitante à produção de leite das

vacas mestiças.

As médias estimadas para PIP não foram diferentes entre os GG 3/4, 7/8 e PC Holandês

(P>0,05), mas sim destes a F1. Estes resultados indicaram que as maiores produções de leite não

foram acompanhadas por maiores intervalos de partos ou maiores períodos secos, que são

características bastante influenciadas pelos efeitos de heterose. Madalena et al. (1983) e Facó et

al. (2008), também relataram o aumento na PIP, quando se aumentou a fração dos genes da raça

Holandesa em cruzamentos. Barbosa et al. (2001) não observaram a influência do GG sobre a

produção de leite por dia de intervalo de partos, em rebanhos mestiços Holandês-Gir.

4.2 Características Reprodutivas

Tendência contrária à observada para as características produtivas (Tabela 3) ocorreu

para as reprodutivas (Tabela 4), com os animais 1/2 H apresentando melhores desempenhos que

os animais com maior fração dos genes da raça Holandesa. Vale salientar que para as

características reprodutivas, que possuem menores herdabilidades associadas, os efeitos de

heterose são mais relevantes, podendo explicar o melhor desempenho das F1.

Para IPP foram verificadas diferenças significativas nas médias estimadas (P<0,05)

quando comparados os GG 1/2H, 3/4H, 7/8H e PCH entre si. Os animais do GG 1/2H

apresentaram a menor média estimada para IPP e esta aumentou conforme o aumento da

proporção de genes da raça Holandesa. Os resultados obtidos para IPP comprovam que os

animais 1/2H foram os mais precoces, seguidos dos 3/4, 7/8 e PC. Como as características

reprodutivas são fortemente influenciadas por efeitos ambientais, neste estudo, as diferenças entre

os valores de IPP podem ter sido causadas por uma prática comum a alguns criadores que pré-

determinam a idade e o peso para que as novilhas sejam expostas pela primeira vez à reprodução,

o que aumentaria a idade ao primeiro parto (MCMANUS et al., 2008). Freitas et al. (1980),

também relataram que animais 1/2H apresentaram maior vigor híbrido traduzindo em maior

precocidade sexual.

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Apesar das IPP encontradas neste estudo serem inferiores às encontradas por Madalena

et al. (1980), Facó et al. (2005) em sistemas de cruzamentos Holandês x Gir e Verneque et al.

(2010), com rebanhos de Gir puros, a redução da IPP é um fator importante na determinação dos

custos de produção da fazenda (VERCESI FILHO et al., 2000).

Os animais do GG 1/2H obtiveram menores IDP (P<0,05), quando comparados aos GG

3/4H, 7/8H e PC (Tabela 4). Freitas et al. (1980) e Facó et al. (2005) também verificaram que

animais com maior proporção de genes da raça Holandesa apresentaram maiores IDP e

atribuíram este fator à maior produção de leite deste GG. Por outro lado, Madalena et al. (1983),

trabalhando com vacas 3/4, 7/8H e puras holandesas; Lemos et al. (1997) com animais F1 e 5/8

Holandês; e Guimarães et al. (2002) com GG que variaram do Gir puro ao Holandês puro por

cruza, não verificaram diferenças significativas entre os IDPs encontrados.

O PS apresentou a mesma tendência observada para o IDP para todos os GG

comparados, explicando, provavelmente, o aumento no IDP dos animais com maior fração de

genes Holandeses. As vacas F1 apresentaram melhor desempenho em relação aos demais GG

(P<0,05). São necessárias, porém, a adequação nutricional e a adoção de medidas profiláticas no

rebanho, uma vez que a deficiência nutricional e a ocorrência de doenças infecciosas podem levar

ao aumento no intervalo parto-concepção e no período de anestro pós parto, fazendo com que o

animal não apresente cio em no máximo 90 dias pós-parto (NEVES et al., 1999; LEITE, 2000).

Tabela 4. Número de observações (N), médias estimadas por quadrados mínimos para idade ao

primeiro parto (IPP), intervalo de partos (IDP), período de serviço (PS) e período de gestação

(PG) em função do grupo genético (GG), de vacas mestiças Holandês (H) X Gir.

GG N IPP (meses) N IDP (dias) PS (dias) N PG (dias)

1/2H 1284 30,95±0,18d 2950 388,14±2,78b 109,36±2,75b 4865 278,35±0,32c

3/4H 1307 32,76±0,16c 2151 404,92±2,79a 125,46±2,77a 3939 278,52±0,33c

7/8H 359 33,62±0,27b 424 407,26±4,34a 125,92±4,31a 948 280,07±0,42b

PCH 296 34,89±0,32a 549 407,80±4,12a 125,69±4,10a 529 281,85±0,40a

Médias com letras iguais na mesma coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey 5%.

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A amplitude média no período de gestação dos diferentes GG foi pequena, de

aproximadamente, quatro dias. Os animais dos GG 1/2H e 3/4H apresentaram as menores médias

para PG, em relação aos grupos com maiores frações de genes da raça Holandês. Estes resultados

estão de acordo com os encontrados por MacManus et al. (2008), que também verificaram

gestações mais curtas em animais 1/2 e 3/4 Holandês x Gir e atribuíram este fato devido ao

menor peso dos bezerros com maior grau de sangue Gir. De acordo com Valle (1995), animais da

raça Holandesa, por serem de maior porte, são mais pesados ao nascer, assim, as vacas podem

apresentar maiores períodos de gestação.

4.3 Curva de Lactação

Uma curva de lactação geral foi estimada para cada uma das funções: Gama Incompleta,

Polinomial Inversa e Wilmink, apresentando coeficiente de determinação (R2) por volta de 0,90.

Trabalhos da literatura, envolvendo o ajuste de funções de regressão aos dados de produção de

leite, têm preconizado bons ajustes quando o coeficiente de determinação R2 foi maior que 0,80

(EL FARO e ALBUQUERQUE, 2002). Como os R2 foram idênticos para as três funções, a

função Gama Incompleta foi adotada para a estimação das curvas para cada GG, pois os

componentes da curva de lactação (como o pico e a persistência da lactação) são melhores

descritos e esta, dentre as funções de regressão citadas na literatura, tem sido a mais utilizada.

As produções de leite em cada controle foram corrigidas, inicialmente, para os efeitos

fixos de idade e grupo de contemporâneas (rebanho-ano e estação de parto), após a constatação

de que ambos foram significativos (P<0,05) pela análise de variância.

Após as correções das características analisadas para os efeitos fixos foram então

testados dois modelos, o reduzido, que estimou uma curva geral para todos os GG e o completo,

que estimou uma curva para cada GG. De acordo com o teste de “Lack of fit”, houve diferença

significativa entre o modelo reduzido e o modelo completo (P<0,01), rejeitando-se então a

hipótese de nulidade. Esse resultado indicou que o efeito do GG afetou a forma da curva de

lactação desses animais, sugerindo, que apenas uma curva de lactação média não seria adequada

para descrever a produção de leite dos animais dos diferentes grupos genéticos deste rebanho.

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Como a hipótese de nulidade foi rejeitada, então foram testadas as curvas de lactação

para cada GG comparando-as entre si, duas a duas. Nesse caso, o modelo reduzido estimou uma

função única para descrever a curva de lactação entre dois GG, enquanto o modelo completo

estimou uma curva para cada um dos GG. As curvas para todos os GG apresentaram produção

inicial seguida de fase ascendente até o pico de lactação e fase descendente posterior ao pico.

Esse formato foi semelhante ao descrito por Glória et al. (2010) para vacas mestiças Holandês-

Gir.

As curvas de lactação das vacas F1, 3/4H, 7/8H e PCH apresentaram o mesmo padrão

curvilíneo, com curvas de lactação típicas, porém houve diferença significativa entre o modelo

reduzido e completo (P<0,01), ou seja, ocorreram diferenças nas formas das curvas destes grupos

(Figura 1). Assim, a hipótese de nulidade foi rejeitada para a comparação entre dois GG,

separadamente. El Faro e Albuquerque (2002) constataram que a curva de lactação, para

zebuínos ou animais mais azebuados, não apresentou pico ou, quando apresentou, ocorreu nas

primeiras semanas. Como geralmente o sistema de controle é mensal, o pico não é estimado e a

curva é considerada atípica.

A média de tempo de pico de lactação para todos os GG foi de 28,00, 35,94, 44,67e

19,55 dias para os GG F1, 3/4H, 7/8H e PCH, respectivamente (Tabela 5). Os animais PC

apresentaram maiores níveis de produção inicial e no pico, mas este ocorreu antes que para os

demais GG. As curvas de lactação dos animais 3/4H e 7/8H foram bastante próximas, embora

haja diferença significativa entre elas pelo teste do “Lack of fit”.

Quanto aos níveis de produção inicial, os animais PC, 3/4H e 7/8H apresentaram os

maiores níveis, entretanto, o grupo PC apresentou uma queda mais pronunciada para produção

após o pico. Cobuci et al. (2001), obtiveram resultados semelhantes, onde vacas com maiores

produções até o pico da lactação resultaram em menores persistências.

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23

Figura 1. Curvas de lactação estimadas para os diferentes grupos genéticos Holandês x Gir, em

função do dia em lactação (DEL).

Segundo Oliveira et al. (2007), estimativas próximas a zero dos parâmetros b e c (Tabela

5) são responsáveis por forma atípicas nas curvas de lactação e que valores negativos ou nulos do

parâmetro b estão atribuídos à falta de registros anteriores ao pico de produção. A ausência de

pesagens de leite a intervalos menores, pelo menos semanais, pode ter deixado de aferir

produções importantes para a modelagem da curva, contribuindo para que sua forma se

apresentasse atípica.

Segundo Jakobsen et al. (2002) os animais não são capazes de consumir quantidades

suficientes de nutrientes para atender sua exigências nas primeiras semanas de lactação,

resultando em alto déficit de energia (balanço energético negativo), pois nesse período há

aumento continuo da produção de leite. Portanto a menor persistência da lactação do GG PCH

pode ser devido ao maior estresse fisiológico ocorrido logo após o parto.

Quanto às produções estimadas no pico de lactação (Tabela 5), os animais com maior

fração genética da raça Holandesa tiveram maiores produções no pico da lactação e maiores

níveis de produção, porém não necessariamente as maiores persistências. Os animais dos GG 3/4

e 7/8H apresentaram as maiores persistências quando comparados com os animais PC. A

persistência de lactação para o grupo F1 ficou pouco abaixo às dos GG 3/4H e 7/8H.

8

10

12

14

16

18

20

5 35 65 95 125 155 185 215 245 275 305

DEL

Lei

te (

kg)

1/2 H 3/4 H 7/8 H PC H

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A persistência foi definida por Wood (1967), como o período de tempo em que o pico de

lactação é mantido e é o componente da curva de lactação mais importante. Entretanto, o uso da

função Gama Incompleta para estimar esse parâmetro lactacional não apresenta unidade de

medida, o que dificulta sua interpretação biológica. Segundo El Faro e Albuquerque (2002),

quanto maior esse valor, maior persistência terá esse animal na lactação. Estes foram observados

para os GG 3/4H e 7/8H.

Dekkers et al. (1996;1998) avaliaram os aspectos econômicos relacionados com a

persistência da lactação e verificaram que o valor econômico desta característica é influenciado

pelos custos relativos à saúde dos animais, desempenho reprodutivo, custos com alimentação e ao

retorno econômico obtido pelo diferencial na produção de leite nos 305 dias de lactação devido a

melhoria na persistência da lactação.

Tabela 5. Parâmetros, produção acumulada até os 305 dias (PM), produção no pico (PP), tempo

de pico (TP) e persistência de lactação (S) de vacas mestiças Holandês X Gir, estimados pela

Função Gama Incompleta, em função do grupo genético (GG).

GG A B C PM (kg) PP (kg) TP (dias) S

1/2H 13,31 0,089 0,0032 3827,63 16,41 28,00 2,72

3/4H 13,70 0,101 0,0028 4387,18 17,78 35,94 2,81

7/8H 12,52 0,117 0,0026 4444,82 17,40 44,67 2,88

PCH 16,49 0,057 0,0029 4235,60 18,47 19,55 2,68

4.4 Concepção e Produção de Leite

A produção de leite no decorrer da lactação em função do período de gestação variou de

acordo com cada grupo genético (Figura 2). Verificou-se queda praticamente linear na produção

média de leite mensal, em função do avanço do período de gestação, de 0,481, 0,433, 0,393 e

0,801 kg, mês -1 respectivamente, para os grupos 1/2H, 3/4H, 7/8H e PCH. A queda maior na

produção de leite foi observada a partir do quinto mês de gestação.

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Os animais do grupamento PCH apresentaram quedas mais acentuadas nas produções de

leite em função do avanço da gestação. Os animais PC tendem a maiores estaturas e podem

apresentar maiores exigências de mantença. Assim, as exigências para a lactação, somada à

exigência de uma gestação, pode não ser supridas pelo manejo alimentar da propriedade que se

baseia, principalmente em pastagens. É interessante observar que os animais PCH apresentaram

também as menores persistências da lactação (Tabela 5) em relação aos animais 3/4H, 7/8H e

1/2H, quando era esperado, que animais taurinos obtivessem maiores persistências. O efeito da

alimentação e do clima nos trópicos parecem ser os maiores responsáveis pela menor persistência

da lactação em animais com maior fração de genes da raça Holandesa, em sistemas de

alimentação a pasto, como da propriedade estudada.

Segundo Olori et al. (1997), a queda na produção de leite no início da gestação não

depende dos fatores ligados à produção de leite da vaca, à raça ou ao período de serviço, porém

após os seis meses de gestação, esses fatores passam a influenciar uma maior queda na produção

de leite. Coulon et al. (1998), relataram que a queda na produção de leite com o avançar da

gestação pode estar ligada a um aumento na produção de hormônios esteroidais pela placenta,

principalmente o estrógeno. Segundo os mesmos autores, o peso fetal também é um fator

determinante na queda da produção de leite, pois a medida que este aumenta de tamanho, há uma

diminuição no volume ruminal e a vaca necessita de um maior requerimento energético para

atender sua exigência nutricionais e do crescimento fetal.

A partir dos resultados, sugere-se que para as condições de manejo da propriedade em

questão, o cruzamento alternado com repetição da raça Holandesa até atingir o 7/8 H seria o mais

adequado, sendo que estas fêmeas poderiam ser acasaladas com touros de raças adequadas para o

cruzamento triplo, obtendo assim mais uma alternativa para a produção de leite. Dentre as raças

leiteiras mais especializadas, a Jersey tem sido a mais preconizada. Outra alternativa seria a volta

com reprodutores Gir provados para produção de leite, produzindo animais com composição

genética de, aproximadamente, 50% Holandês e 50% Gir, que são bastante aceitos no mercado.

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Figura 2. Variação da produção de leite em função do período de gestação.

Os animais 3/4H e 7/8H apresentaram melhores desempenhos produtivos, enquanto as

1/2H, obtiveram os melhores desempenhos reprodutivos. Outras características importantes para

o sistema de produção incluem as relacionadas à adaptabilidade, resistência à doenças tanto das

vacas em produção quanto dos bezerros, custos com alimentação, entre outros. Estas não foram

mensuradas nesse rebanho, assim como os custos ligados à manutenção dos animais de cada GG

na fazenda.

Estudos indicaram que animais F1 apresentam maior lucratividade em sistemas de

produção de leite a pasto, principalmente na região Sudeste (MADALENA et al.,1990). Talvez se

estudos econômicos fossem realizados, haveria uma mudança no desempenho de cada GG.

10

1112

13

14

1516

17

18

0 1 2 3 4 5 6 7Gestação (meses)

F1 3/4 H 7/8 H PC H

Lei

te (

kg)

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5. CONCLUSÕES

As condições de ambiente, incluindo as práticas de manejo, não foram limitantes para

que as vacas com uma fração de genes da raça Holandesa, até 3/4H e 7/8H, expressassem seu

maior potencial para produção de leite. A maior precocidade sexual observada para as fêmeas F1

sugere a influência de efeitos heteróticos para as características reprodutivas. O avanço da

gestação não proporcionou quedas importantes na produção de leite dos animais cruzados no

decorrer da lactação, exceto a partir do 5° mês de gestação.

Há necessidade de se avaliar qual sistema de cruzamento seria mais viável

economicamente para o sistema de produção com gado mestiço, confirmando os resultados

obtidos de que os animais do grupamento 7/8H ou 3/4H foram os mais produtivos. Entretanto

com a divergência encontrada pelos diversos autores, é necessária a condução de mais estudos

abordando os custos de produção dos animais provenientes de cruzamentos alternados.

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