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Psicologia e Educação 73 Vol. VII, nº 1, Jun. 2008 Avaliação dos objectivos de vida e aconselhamento vocacional - Estudos de adaptação da versão portuguesa do APG* Graciete Franco-Borges** Piedade Vaz-Rebelo*** Resumo: Este trabalho tem por objectivo principal apresentar os primeiros resul- tados dos estudos de adaptação para a população portuguesa da escala The Assessment of Personal Goals - APG (Ford & Nichols, 2004) a partir de uma amostra de 614 jovens adultos (estudantes universitários). Esta escala permite a avaliação dos objectivos pessoais através da apresentação de um conjunto de cenários quotidi- anos, sendo particularmente útil no contexto do aconselhamento vocacional. São apontadas algumas linhas de orientação para o aconselhamento vocacional através da comparação entre a Taxonomia dos Objectivos Pessoais proposta pelos autores e a nova Taxonomia resultante deste estudo e a partir dos padrões de objectivos dos estudantes inquiridos em função do curso frequentado. Palavras-chave: objectivos pessoais; avaliação; padrões de objectivos; aconselhamento. Abstract: The aim of this study is to present the first data obtained with Portuguese version of The Assessment of Personal Goals- APG (Ford & Nichols, 2004) from a sample of 614 young adults (college students). This instrument allows for the personal goals evaluation trough the presentation of a large range of daily life scenarios, being useful in the context of vocational counseling. It is outlined some guide lines for vocational counseling comparing the authors Taxonomy of Human Goals with the new Taxonomy obtained from this study, and discussing the subjects goals patterns by academic scientific area. Key-words: personal goals; assessment; core-goals; counseling. Introdução Os objectivos pessoais constituem um aspecto chave para a compreensão das variáveis motivacionais que sustentam a direcção do comportamento e a sua con- cretização através da escolha de cursos de acção. Atendendo ao seu carácter idiossincrático, a avaliação dos objectivos pessoais contribui para uma análise sistémica do processo de construção pesso- al dos percursos de vida, esclarecendo as suas últimas razões (o “porquê?”). No entanto, de um modo geral, o conteúdo dos objectivos subjacentes aos episódios e aos padrões comportamentais não corresponde _______________ * Projecto realizado no âmbito do IPCDVS-FEDER/POCTI-SFA-160-192. ** Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação – Instituto de Psicologia Cognitiva, Desenvol- vimento Vocacional e Social – Universidade de Coimbra. E-mail: [email protected]. *** Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. E-mail: [email protected].

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Psicologia e Educação 73

Vol. VII, nº 1, Jun. 2008

Avaliação dos objectivos de vida e aconselhamento vocacional -Estudos de adaptação da versão portuguesa do APG*Graciete Franco-Borges**Piedade Vaz-Rebelo***

Resumo: Este trabalho tem por objectivo principal apresentar os primeiros resul-tados dos estudos de adaptação para a população portuguesa da escala The Assessmentof Personal Goals - APG (Ford & Nichols, 2004) a partir de uma amostra de614 jovens adultos (estudantes universitários). Esta escala permite a avaliação dosobjectivos pessoais através da apresentação de um conjunto de cenários quotidi-anos, sendo particularmente útil no contexto do aconselhamento vocacional.São apontadas algumas linhas de orientação para o aconselhamento vocacional atravésda comparação entre a Taxonomia dos Objectivos Pessoais proposta pelos autorese a nova Taxonomia resultante deste estudo e a partir dos padrões de objectivosdos estudantes inquiridos em função do curso frequentado.Palavras-chave: objectivos pessoais; avaliação; padrões de objectivos;aconselhamento.

Abstract: The aim of this study is to present the first data obtained with Portugueseversion of The Assessment of Personal Goals- APG (Ford & Nichols, 2004) froma sample of 614 young adults (college students). This instrument allows for thepersonal goals evaluation trough the presentation of a large range of daily lifescenarios, being useful in the context of vocational counseling.It is outlined some guide lines for vocational counseling comparing the authorsTaxonomy of Human Goals with the new Taxonomy obtained from this study,and discussing the subjects goals patterns by academic scientific area.Key-words: personal goals; assessment; core-goals; counseling.

Introdução

Os objectivos pessoais constituem umaspecto chave para a compreensão dasvariáveis motivacionais que sustentam adirecção do comportamento e a sua con-cretização através da escolha de cursos deacção. Atendendo ao seu carácter

idiossincrático, a avaliação dos objectivospessoais contribui para uma análisesistémica do processo de construção pesso-al dos percursos de vida, esclarecendo assuas últimas razões (o “porquê?”). Noentanto, de um modo geral, o conteúdo dosobjectivos subjacentes aos episódios e aospadrões comportamentais não corresponde

_______________* Projecto realizado no âmbito do IPCDVS-FEDER/POCTI-SFA-160-192.** Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação – Instituto de Psicologia Cognitiva, Desenvol-

vimento Vocacional e Social – Universidade de Coimbra. E-mail: [email protected].*** Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. E-mail: [email protected].

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a uma representação cognitiva facilmentecomunicável (Ford, 1992), exigindo autilização de instrumentos que acedam in-directamente a esse conteúdo, tal como o“Assessment of Personal Goals” – APG(Ford & Nichols, 2004). O principalobjectivo desta escala é facilitar umaabordagem ideográfica que ajude o sujeitoa identificar ou a consciencializar objec-tivos temáticos que facilitem a auto-com-preensão, sendo indicada para as diversassituações de aconselhamento ou para es-tudos comparativos entre grupos de sujei-tos para análise dos padrões dos objecti-vos de vida.A avaliação dos objectivos permitecontextualizar as opções vocacionais noâmbito dos processos motivacionais quedireccionam os percursos de vida, possi-bilitando uma abordagem abrangente ousistémica da configuração dos diferentescompromissos pessoais face aos seusmúltiplos contextos. Rounds e Armstrong(2005) apontam igualmente as vantagensda contemplação das motivações pessoais,nomeadamente no âmbito do estudo darelação entre os valores pessoais e osvalores do trabalho. Neste caso, os valorese os objectivos pessoais surgem comosinónimos, remetendo para uma dimensãointegradora das diferentes acções do su-jeito e, como tal, conferindo suporte àidentidade ou ao “sentido do self”, segun-do a expressão utilizada por Bill Law noseu Modelo das Interacções Comunitárias(Guichard & Huteau, 2001). Podemosassim considerar diferentes níveis deanálise do “porquê” do comportamento,sendo útil aqui recorrer à diferenciação queLittle (2007, p. 37) estabelece entre ob-jectivos e projectos: “Personal projects areextended sets of personally salient action,and such action has both an inner faceand an outer face. It is the inner face ofaction that is most closely related to goals.”

Deste modo, o estudo do conteúdo dosobjectivos remete directamente para a fi-nalidade última da acção, explicando a di-ficuldade em validar modelos outaxonomias universais, atendendo às múl-tiplas formas possíveis de realização dosobjectivos. Esta dificuldade não anula,porém, a utilidade de tais ferramentas naexploração das variáveis motivacionais,verificando-se que o declínio da investi-gação do conteúdo dos objectivos face aosobstáculos encontrados para validarempiricamente modelos clássicos (taiscomo o modelo da auto-actualização deMaslow) é actualmente compensado como investimento actual neste domínio. Omodelo da “Auto-Determinação” de Decie Ryan (2000) procurou contornar a di-ficuldade de aceder às motivações últimasdo comportamento através das denomina-das “necessidades psicológicas”, de origemorganísmica e definidas enquanto qualida-des da experiência que todos procuramalcançar. Desta forma, as necessidades sãoconceptualizadas enquanto exigências deinputs e não como motivos mobilizadoresda acção (Sheldon, Kim & Kasser, 2001).Entretanto, este modelo tem desenvolvidouma extensa investigação com o objectivode validar um modelo estrutural do con-teúdo das necessidades em torno de duasdimensões, extrínseco versus intrínseco eauto-transcendente versus físico (Grouzetet al., 2005).Relativamente à taxonomia dos objectivos deFord e Nichols (2004), robustamente anco-rada numa abordagem sistémica do funcio-namento humano a partir do modelo “LivingSystems Framework” (Ford, 1987), constata-se uma quase inexistência de estudos que avalidem empiricamente. Tal situação contras-ta com o papel de referência que esta pers-pectiva ocupa enquanto modelo para a inte-gração teórica no domínio das abordagenssistémicas (Patton & McMahon, 1999).

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O objectivo deste trabalho é, pois, con-tribuir para a validação empírica dataxonomia dos objectivos humanos de Forde Nichols (1992) a partir de estudospsicométricos da adaptação portuguesa doAPG (Ford & Nichols, 2004) e do estudoda relação entre os objectivos valoradospelos sujeitos e a área de estudo frequen-tada por estudantes universitários.

Taxonomia dos objectivos pessoais

A taxonomia dos objectivos de Ford eNichols (2004) é proposta no seio da“Teoria dos Sistemas Motivacionais”(Ford, 1992), cuja assumpção teórica básicaassenta no “princípio do triunviratomotivacional”, segundo o qual a motiva-ção abarca três sistemas de variáveispsicológicas interdependentes: objectivos,emoções e crenças pessoais agenciais. Ataxonomia dos objectivos pessoais preten-de constituir um instrumento heurísticopara a compreensão da direcção e orga-nização do comportamento humano, atra-vés da descrição do conteúdo de objec-tivos básicos universais. O pressuposto deuniversalidade não ignora as limitações queadvêm da idiossincrasia e da especificidadecontextual dos objectivos pessoais, antespretendendo oferecer uma perspectivaglobal e compreensiva da mobilização docomportamento que facilite o processo decomparação inter-individual e inter-grupala partir do levantamento dashierarquizações pessoais dos objectivosmais valorados. A proposta destataxonomia pretende superar as limitaçõesde outras, tais como as de Maslow (1970)e McClelland (1985), que não explicariama diversidade de objectivos envolvidos emalgumas categorias motivacionais propos-tas, assim como as limitações das propos-tas de outros autores que se centram num

número restrito de necessidades básicas(Ford, 1992).A taxonomia de Ford e Nichols (2004) éconstituída por 24 categorias que preten-dem representar classes de objectivos ouprotótipos de consequências desejadas, nãoobedecendo a qualquer hierarquização.Estas categorias de objectivos estãoorganizadas em torno de dois grandes tiposde objectivos que traduzem o tipo deconsequências desejadas, respectivamente“intra-pessoais” (afectivos, cognitivos e deorganização subjectiva) e “inter-pessoais”(relacionamento social auto-assertivo eintegrativo e objectivos executivos).A hierarquização pessoal dos objectivoscorresponde à valoração diferencial quecada sujeito atribui às metas ou finalida-des, dando origem aos denominados “coregoals” que sustentam um padrão preferen-cial de acção e, como tal, a construçãoda própria identidade.

Estudos de adaptação da versão portu-guesa do APG

A versão portuguesa do APG utilizadaneste estudo respeitou a versão inglesaoriginal, tendo a tradução dos itens sidoautorizada pelo editor da escala, MindGarden, Inc. Os dados foram recolhidosentre 2005 e 2007.

Metodologia

SujeitosO estudo foi desenvolvido a partir de umaamostra de 614 estudantes universitários,distribuídos da seguinte forma pelos dife-rentes cursos frequentados: 311 (50.7%) dePsicologia; 88 (22.5%) de Engenharia; 187(30.5%) de Enfermagem; 34 (5.6%) doscursos de Formação de Professores FCTUC.

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A idade dos sujeitos está compreendidaentre os 17 e os 37 anos, sendo a médiade 21.48 e o desvio padrão de 2.36. Amaioria dos sujeitos é do sexo feminino(74%) e é solteira (98%).

InstrumentoO APG é constituído por 120 itens dis-tribuídos por 24 sub-escalas (cinco itenspor cada sub-escala) organizados em tornode 6 factores correspondentes às catego-rias de objectivos propostos pelos autores:Objectivos afectivos, cognitivos, de orga-nização subjectiva, auto-assertivos,integrativos e executivos (Quadro 1).

O conteúdo dos itens refere-se a situaçõesdo dia-a-dia que envolvem opções pesso-ais face a comportamentos alternativos,sendo pedido ao sujeito que se imaginea vivenciar cada uma das situações des-critas, focando a sua atenção no modocomo se sentiria face à opção de acçãodescrita em cada item. Esta metodologiaassenta no pressuposto de que o sujeitonão tem consciência da maioria dos ob-jectivos que guiam o comportamento,sendo necessário identificá-los a partir davalência emocional positiva ou negativaassociada a acções diárias específicasimaginadas. Além disso, atendendo ao

slohciNedroFropatsoporpsiaossePsovitcejbOsodaimonoxaT-1ordauQ

siaossep-artnisovitcejbO siaossep-retnisovitcejbO

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A resposta a cada um dos itens é dadaa partir de uma escala de nove intervalos(desde “Não, definitivamente não.” até“Sim, Definitivamente.”). A pontuaçãoobtida poderá assim situar-se entre 0 e 9para cada item e entre 0 e 45 para cadasub-escala.

“princípio do triunvirato motivacional”referido anteriormente, considera-se que amelhor forma de avaliar a relevânciapessoal de um objectivo será através dadeterminação da probabilidade da suaactivação numa série de episódioscomportamentais específicos.

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ProcedimentosProcedeu-se à tradução portuguesa eretroversão do APG, com o objectivo dese avaliar o nível de valoração pessoalatribuído pelos sujeitos às categorias deobjectivos contemplados por esta escala.A escala foi administrada colectivamentea estudantes universitários em horáriolectivo, tendo-se desenvolvido estudospsicométricos para analisar a sua validadee consistência interna. A sua validadepreditiva foi analisada a partir do estudoda relação entre os objectivos e a área deestudo dos sujeitos inquiridos.

Resultados

Estrutura factorial do APGO estudo factorial do APG teve comoobjectivo analisar a estrutura interna destaescala, procurando desta forma verificar aestrutura referida pelos seus autores (Ford& Nichlos, 2004).Para o cálculo da análise factorial, a matrizdos dados foi sujeita a uma análise factorialem componentes principais (ACP) com ro-tação varimax e oblimim, não se tendo,no entanto, obtido convergência. Esta foiconseguida com uma análise factorial em

diferente de zero (c2(2211)=11529.43,p=.000), permitindo rejeitar a hipótese dea matriz de correlações constituir umamatriz de identidade.Deste estudo prévio emergiram 36 facto-res com valores próprios superiores a 1,explicando no seu conjunto 62% davariância. Atendendo a que os autores daescala propõem uma estrutura de 24 sub-escalas, foi feita uma análise factorial emcomponentes principais forçada a essenúmero de factores. Os 24 factores expli-cam 50.73% da variância. No entanto, aestrutura factorial encontrada não se de-monstrou interpretável. Procedeu-se entãode novo a uma análise factorial em com-ponentes principais, tendo sido considera-dos 6 factores para fins de rotação, aten-dendo ao facto do modelo original inte-grar as referidas 24 sub-escalas em 6categorias. A medida de adequação daamostra à análise factorial é meritória(0.849) (Kaiser, 1974) e o Bartlett’s Testof Sphericity é significativo(2(7140)=23204.31, p=.000), resultadosque são apresentados no Quadro 2. Onúmero de sujeitos por item é cerca de9.2, superando assim o valor mínimo de5 sujeitos. Estes resultados vão no sentidoda adequação do tamanho da amostra e

oãçazirotcafàzirtamadeartsomaadoãçauqedaedserodacidnI-2ordauQ

serodacidnI artsomA

ycauqedAgnilpmaSfoerusaeMniklO-reyeM-resiaK 58.

yticirehpSfotseTs’tteltraB 000.=p,13.40232=)0417(2

componentes principais seguida de rota-ção quartimax.Os resultados obtidos indicaram um valorde adequação da amostra de 0.88, valorque indica que os dados satisfazem razo-avelmente os pré-requisitos de uma aná-lise factorial. No mesmo sentido vai oresultado obtido no teste de esfericidadede Bartlett, em que se obteve um valor

da matriz, tendo permitido prosseguir comos cálculos.De seguida foi feita uma análise emcomponentes principais com rotaçãoortogonal pelo método varimax. No Qua-dro 3, são apresentados os valores própri-os e as percentagens da variância totalexplicadas por cada factor. Embora osfactores IV, V e VI tenham valores pró-

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prios baixos, a manutenção destes factoresdeve-se ao facto de se ter procuradorespeitar os factores originalmente propos-tos e se ter verificado que apresentam umaboa consistência interna. Os seis factoresexplicam 27.28% da variância total.

originariamente no factor designado comoObjectivos Auto-Assertivos; Pertença (31,55, 79, 103) e Provisão de Recursos (23)- incluídos originariamente no factordesignado como Objectivos Integrativos;Tranquilidade (28, 52, 76, 100), Felicida-

GPAodalacseadserotcafsoasovitalerserolaV-3ordauQ

serotcaFlatoT

I II III VI V IV

soirpórpserolaV 14.41 20.6 04.4 08.2 56.2 54.2

aicnâiraV 10.21 20.5 76.3 33.2 12.2 40.2 82.72

siairotcafseõçarutaS-4ordauQIrotcafodsedadilanumoce

snetI I h2

5 14, 44,

9 63, 23,

12 53, 04,

22 83, 64,

32 83, 15,

42 14, 54,

82 83, 73,

92 93, 14,

13 44, 15,

25 73, 34,

35 14, 15,

55 74, 84,

07 44, 15,

67 54, 04,

77 73, 04,

97 23, 83,

18 34, 25,

68 03, 93,

001 33, 54,

301 43, 14,

Com base nos valores obtidos para a matrizfactorial calculada a partir da matriz decorrelações, foram seleccionados os itenscom uma saturação factorial igual ousuperior, em módulo, a 0.30, verificando-se que os itens que integram os 6 factoresconsiderados não correspondem na íntegraaos itens que caracterizam os 6 factoresoriginários da taxonomia de Ford e Nichols(2004). Deste modo, foi feita uma análisedo conteúdo dos itens que passaram aintegrar agora cada um dos factores eproposta uma nova designação para estes.Nos Quadros 4, 5, 6, 7, 8 e 9 são apre-sentadas as saturações factoriais obtidaspelos itens em cada factor e as respectivascomunalidades, tendo-se considerado ape-nas os itens que, em cada factor, obtive-ram saturação factorial com valor superiora 0.30.O factor I é composto por vinte itens: 5,9, 21, 22, 23, 24, 28, 29, 31, 52, 53, 55,70, 76, 77, 79, 81, 86, 100 e 103, sendoas respectivas saturações factoriais ecomunalidades apresentadas no Quadro 4.Uma análise destes itens segundo ataxonomia de Ford e Nichols (2004) mostraque este factor é composto por itenspertencentes originariamente às seguintessub-escalas: Aquisição de recursos (5, 29,53, 77) e Individualidade (21) – incluídos

de (9, 81), Sensoriais (86) - incluídosoriginariamente no factor designado comoObjectivos Afectivos; Auto-avaliaçãoPositiva (22, 70) e Segurança (24). Uma

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snetI I h2

02 23, 14,

72 73, 44,

73 83, 34,

64 33, 44,

15 73, 74,

16 54, 84,

58 44, 45,

29 83, 73,

49 44, 85,

69 83, 34,

501 23, 34,

901 85, 45,

411 93, 64,

511 34, 24,

611 35, 94,

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snetI I h2

6 33, 63,

01 25, 73,

51 63, 24,

91 53, 34,

43 35, 54,

83 43, 23,

93 733, 93,

54 54, 93,

85 15, 35,

95 03, 24,

96 23, 92,

87 73, 24,

28 05, 34,

78 14, 34,

39 93, 84,

101 34, 64,

201 54, 24,

análise de conteúdo dos itens referidosrevela que o factor I abarca itens relaci-onados sobretudo com os objectivos deProvisão de Recursos e Afectivos, pelo quedesignámos este factor de ObjectivosAfectivos e Sócio-Integrativos.As saturações factoriais e as comunalidadesdos itens que constituem o factor II sãoapresentadas no Quadro 5, integrando ositens 20, 27, 37, 46, 51, 61, 85, 92, 94,96, 105, 109, 114, 115 e 116, num totalde 15 itens. Estes itens estavam integradosna taxonomia original nas sub-escalas dosobjectivos seguintes: Gestão (itens 37, 61,85 e 109) e Mestria (itens 27 e 51) –incluídos originariamente no factor desig-nado como Objectivos Executivos; Auto-avaliação Positiva (itens 46 e 94), Feli-cidade (item 105) e Transcendência (item114).Uma análise de conteúdo dos itens queintegram o factor II sugere que o seusignificado expressa o desejo de controloe agência, o que justifica a nova desig-nação dada ao factor – ObjectivosAgênticos.O factor III é constituído por 18 itens (6,10, 15, 19, 34, 38, 39, 45, 58, 59, 69, 78,82, 87, 93, 101, 102 e 106), cujas satu-rações factoriais e as comunalidades sãoapresentadas no Quadro 6.Uma análise de conteúdo dos itens refe-ridos sugere que a maioria pertence às sub-escalas originárias referentes aos objecti-vos de Superioridade (itens 10, 34, 58, 82e 106), Individualidade (itens 45, 69, 93),Auto-determinação (itens 15, 39, 87) eExploração (itens 6, 78, 102). Integramainda este factor itens das sub-escalasoriginárias relativas aos objectivos deAquisição de Recursos (101), Compreen-são (59), Sensoriais (38) e Ganhos Ma-teriais (19). Deste modo, atribuiu-se aofactor III a designação de Objectivos Auto-Assertivos.

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O factor IV integra 15 itens (11, 17, 36,41, 60, 63, 65, 71, 75, 89, 91, 95, 108,113 e 119), sendo as saturações factoriaise as comunalidades apresentadas no Qua-dro 7. Os referidos itens integravam, nomodelo original, as sub-escalas de Equi-dade (itens 17, 41, 65, 89, 113), Provisãode Recursos (itens 71, 95, 119), Respon-sabilidade Social (itens 36, 60, 108),Mestria (item 75), Ganhos Materiais (item91), Auto-determinação (item 63) e Com-preensão (item 11).

26 e 74). A análise de conteúdo dosmesmos revela sobretudo a expressão dodesejo de criatividade, justificando desig-nação atribuída a este factor - ObjectivosCriativos e de Exploração.

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11 73, 24,

71 33, 13,

63 94, 24,

14 43, 14,

06 84, 34,

36 13,- 63,

56 04, 73,

17 24, 85,

57 13, 14,

98 04, 15,

19 33,- 34,

59 04, 15,

801 63, 63,

311 43, 63,

911 33, 23,

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8 64, 54,

62 53, 74,

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94 94, 83,

65 34, 104,

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37 83, 74,

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2 25, 34,

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05 26, 65,

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09 73, 73,

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701 93, 74,

211 73, 54,

Uma análise de conteúdo dos itens dofactor IV sugere que a maioria expressao desejo de ajudar os outros, ser útil, oque justifica a nova designação proposta– Objectivos Generativos.O factor V (Quadro 8) integra 12 itens (8,26, 32, 40, 49, 56, 64, 73, 74, 80, 88 e104) originários das sub-escalas de Cri-atividade Intelectual (itens 40, 64, 88),Criatividade (itens 8, 32, 56, 80, 104),Exploração (itens 49 e 73) e Unidade (itens

O factor VI (Quadro 9) é constituído poroito itens (2, 18, 50, 66, 90, 98, 107 e112) originários das sub-escalas dos ob-jectivos de Transcendência (itens 18, 66,90), Unidade (2, 50, 98) e Compreensão(item 107).Dado que a análise de conteúdo sugere queos itens que integram este factor expres-

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sam objectivos espirituais, o factor foi destaforma designado – Objectivos Espirituais.

Consistência interna, análise dos itens eestatística descritiva do APGNo sentido de verificar a homogeneidadedos elementos que compõem a versãoportuguesa do APG, isto é, o grau dehomogeneidade das respostas aos diversositens que fazem parte da escala, procedeu-se à análise da sua consistência interna,calculando o coeficiente alfa de Cronbach.O valor do coeficiente alfa obtido foi de0.92, o qual pode ser considerado bastantebom, dado que tem sido referido que umaescala que apresente uma consistênciainterna de 0.70 pode ser consideradaadequada para avaliar a(s) variável(is) quepretende medir (Nunnally, 1978). Osvalores apurados para os coeficientes alfade Cronbach de cada um dos factores eda escala global do APG são apresentadosno quadro 10.

O índice de consistência interna do factorI é de 0.84. As correlações de cada itemcom o total deste factor variam entre 0.34no item 9 e 0.51 no item 53. Nenhum item,se for retirado, faz aumentar o valor docoeficiente de consistência interna do factorI, podendo então considerar-se que cons-tituem um factor coerente e homogéneo.Os valores relativos à análise dos itens quecompõem o factor II são apresentados noquadro 12.O índice de consistência interna do factorII é de 0.82. As correlações de cada itemcom o total do factor variam entre 0.30no item 20 e 0.52 no item 85. Nenhumdos itens, se for retirado, faz aumentar o

aflasetneicifeoC-01ordauQGPAodhcabnorCed

GPA aflasetneicifeoC

sneti02–IrotcaF 48.0

sneti51–IIrotcaF 28.0

sneti81–3rotcaF 08.0

sneti51–VIrotcaF 67.0

sneti21–VrotcaF 57.0

sneti8–IVrotcaF 08.0

atelpmocalacsE 29.0

Procedeu-se ainda a uma análise dos itenscom base no estudo da correlação entrecada item e a pontuação total da escalaa que o item pertence e ao cálculo docoeficiente alfa de Cronbach da escala semconsiderar, nesta última, o item em causa.No quadro 11 são apresentados os valoresda análise dos itens que compõem o factorI do APG.

snetisodesilánA-11ordauQIrotcafomeõpmoceuq

metIoãçalerroClatot-meti

edaflAoeshcabnorC

rofmetiodariter

5 14.0 38.0

9 43.0 38.0

12 93.0 38.0

22 24.0 38.0

32 14.0 38.0

42 93.0 38.0

82 83.0 38.0

92 34.0 38.0

13 34.0 38.0

25 73.0 38.0

35 15.0 28.0

55 54.0 38.0

07 25.0 28.0

67 73.0 38.0

97 83.0 38.0

18 05.0 28.0

68 43.0 38.0

77 14.0 38.0

001 44.0 38.0

301 304.0 38.0

Psicologia e Educação82

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valor do coeficiente de consistência inter-na do factor II. Como já tivemos opor-tunidade de referir, este aspecto evidenciaa coerência e homogeneidade do factor.Em relação ao factor III, o valor docoeficiente alfa de Cronbach é 0.80, sendoos valores da análise dos itens que compõemo factor III apresentados no quadro 13.As correlações dos itens com o total dofactor variam entre 0.26 no item 69 e 0.50no item 106, constatando-se também quenenhum item, se for retirado, faz aumentara consistência interna do factor III, con-tribuindo assim todos os itens para a suahomogeneidade.No quadro 14 são apresentados os valoresrelativos à análise dos itens que compõemo factor IV.Dado que os itens 63 e 91 apresentaramsaturação factorial negativa, foram consi-derados de forma inversa. O índice deconsistência interna neste factor foi de 0.76e as correlações de cada item com o total

snetisodesilánA-21ordauQIIrotcafomeõpmoceuq

metIoãçalerroClatot-meti

edaflAoeshcabnorC

rofmetiodariter

02 92.0 18.0

72 14.0 18.0

73 83.0 18.0

64 14.0 18.0

15 24.0 18.0

16 44.0 08.0

58 25.0 08.0

29 73.0 18.0

49 45.0 97.0

69 14.0 18.0

501 14.0 18.0

901 35.0 97.0

411 34.0 18.0

511 14.0 18.0

611 15.0 08.0

euqsnetisodesilánA-31ordauQIIIrotcafomeõpmoc

metIoãçalerroClatot-meti

edaflAoeshcabnorC

rofmetiodariter

6 33.0 97.0

01 64.0 97.0

51 73.0 97.0

91 83.0 97.0

43 54.0 97.0

83 33.0 97.0

93 13.0 97.0

54 44.0 97.0

85 64.0 97.0

95 92.0 97.0

96 62.0 08.0

87 53.0 97.0

28 93.0 97.0

78 53.0 97.0

39 14.0 97.0

101 34.0 97.0

201 04.0 97.0

601 05.0 87.0

euqsnetisodesilánA-41ordauQVIrotcafomeõpmoc

metIoãçalerroClatot-meti

edaflAoeshcabnorC

rofmetiodariter

11 72.0 57.0

71 33.0 57.0

63 74.0 37.0

14 43.0 47.0

06 54.0 37.0

56 44.0 37.0

17 74.0 37.0

57 63.0 47.0

98 64.0 47.0

59 84.0 37.0

801 92.0 57.0

311 43.0 47.0

911 33.0 47.0

vni36 23.0 57.0

vni19 41.0 77.0

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variam entre 0.14 no item 91 e 0.48 noitem 95.Relativamente ao factor V (Quadro 15), ovalor de alfa de Cronbach é 0.75, variandoas correlações item-total entre 0.27 no item40 e 0.52 no item 104. Nenhum dos itensaumenta o valor de alfa de Cronbach casoseja retirado, pelo que se optou por mantero conjunto dos itens referido.

Em síntese, podemos afirmar que osvalores de consistência interna obtidospelos factores encontrados na análisefactorial são muito satisfatórios, o quejustifica a consideração e manutenção dosmesmos, apesar dos valores próprios dosfactores IV, V e VI serem baixos (Quadro3) como foi referido anteriormente.

Relação entre objectivos pessoais e áreade estudoO estudo da relação entre os objectivospessoais e o curso/área de estudo dossujeitos foi feito com base na Anova, sendoos principais resultados apresentados noQuadro 17. Uma análise dos mesmosevidencia que os objectivos pessoais sediferenciam de forma estatisticamentesignificativa em função do curso que osujeito frequenta, com excepção do factorV – Objectivos Criativos e de Exploração.No sentido de identificar os grupos em queas diferenças ocorreram utilizou-se o testepost hoc de Scheffe. No caso do factorI - Objectivos Afectivos e Sócio-Integrativos, existem diferenças estatisti-camente significativa entre os estudantesde Psicologia e de Engenharia (I-J=14.17,p<0.001), assim como entre os estudantesde Enfermagem e os de Engenharia (I-J=16.07, p<0.001). Em ambos os casos,os sujeitos frequentando os cursos dePsicologia e de Enfermagem têm valoresmais elevados que os que frequentam ocurso de Engenharia. Resultados semelhan-tes ocorrem em relação ao curso deFormação de Professores (I-J=10.24,p=0.015), ou seja, os estudantes de En-fermagem obtêm pontuações mais eleva-dos neste factor relativamente aos estudan-tes dos cursos de Formação de Professo-res.No Factor II - Objectivos Agênticos, osresultados são semelhantes aos referidospara o Factor I. Assim, os estudantes de

O valor do alfa de Cronbach é 0.80 no factorVI, variando a correlação item-total entre 0.37no item 90 e 0.69 no item 90 (Quadro 16).

euqsnetisodesilánA-61ordauQIVrotcafomeõpmoc

metIoãçalerroClatot-meti

edaflAoeshcabnorC

rofmetiodariter

2 15.0 77.0

81 14.0 97.0

05 95.0 67.0

66 16.0 57.0

09 73.0 97.0

89 96.0 47.0

701 44.0 87.0

211 14.0 67.0

euqsnetisodesilánA-51ordauQVrotcafomeõpmoc

metIoãçalerroClatot-meti

edaflAoeshcabnorC

rofmetiodariter

8 64.0 37.0

62 43.0 47.0

23 44.0 37.0

04 72.0 57.0

94 33.0 47.0

65 34.0 37.0

46 43.0 47.0

37 92.0 57.0

47 73.0 47.0

08 54.0 37.0

88 93.0 37.0

401 25.0 27.0

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sodesilánaàsovitalerAVONAeoãrdap-soivsed,saidéM-71ordauQosrucodoãçnufmesiaossepsovitcejbo

sovitcejbO osruC n aidéM PD F

esovitcefAsovitargetnI-oicóS

aigolocisP 113 98,541 68,41 **15.02

airahnegnE 28 17,131 43,12

megamrefnE 781 87,741 30,71

edoãçamroFserosseforP

43 45,731 72,12

latoT 416 11,441 96,71

socitnêgA aigolocisP 113 31,211 55,11 **32.11

airahnegnE 28 01,401 96,51

megamrefnE 781 95,111 72,41

edoãçamroFserosseforP

43 26,301 21,71

latoT 416 24,011 76,31

sovitressA-otuA aigolocisP 113 69,001 90,91 **74.5

airahnegnE 28 46,59 64,91

megamrefnE 781 44,001 90,02

edoãçamroFserosseforP

43 23,68 98,31

latoT 416 90,68 20,31

sovitareneG aigolocisP 113 67,68 81,21 *98.4

airahnegnE 28 50,18 20,41

megamrefnE 781 61,78 73,31

edoãçamroFserosseforP

43 23,68 98,31

latoT 416 90,68 20,31

oãçarolpxE-sovitairC aigolocisP 113 36,57 53,41 631.

airahnegnE 28 71,57 66,21

megamrefnE 781 93,57 97,41

edoãçamroFserosseforP

43 30,47 37,51

latoT 416 04,57 33,41

siautiripsE aigolocisP 113 91,25 37,01 **00.31

airahnegnE 28 42,44 79,01

megamrefnE 781 10,94 78,01

edoãçamroFserosseforP

43 83,84 69,8

latoT 416 59,94 30,11

50.0<paicnâcifingisedlevíN*100.0<paicnâcifingisedlevíN**

Psicologia e Educação 85

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Psicologia (I-J=8.03, p<0.001) e de Enfer-magem (I-J=7.49, p=0.001) têm valoresmais elevados do que os estudantes deEngenharia e os estudantes de Enferma-gem obtêm valores mais elevados nestefactor relativamente aos estudantes doscursos de Formação de Professores (I-J=7.98, p=0.01).No factor III – Objectivos Auto-Assertivos,os estudantes de Psicologia (I-J=12.64,p=0.005) e de Enfermagem (I-J=12.11,p=0.01) têm valores mais elevados rela-tivamente aos estudantes da área da For-mação de Professores.Analisando os resultados relativos aoFactor IV - Objectivos Generativos, ve-rifica-se que há diferenças estatisticamen-te significativas entre os estudantes dePsicologia (I-J=5.71, p=0.006) e Enferma-gem (I-J=6.11, p=0.005) e os de Engenha-ria, sendo os primeiros os que apresentamvalores mais elevados.No Factor VI - Objectivos Espirituais, sãoos estudantes de Psicologia que obtém osvalores mais elevados, diferenciando-se deforma estatisticamente significativa emrelação aos estudantes de Engenharia (I-J=7.94, p<0.001) e de Enfermagem (I-J=3.17, p=0.017). A diferença entre mé-dias dos estudantes de Enfermagem e deEngenharia também é estaticamente sig-nificativa (I-J=4.77, p=0.011).Em síntese, pode afirmar-se que, de acor-do com os resultados obtidos, todos os

factores, com excepção do Factor V, sãomais valorizados pelos estudantes dePsicologia e de Enfermagem, resultado queos distingue dos estudantes de Engenharia(Factor I, Factor II, Factor IV e Factor VI)e de Formação de Professores (Factor I,Factor II e Factor III).Por outro lado, os estudantes de Engenhariaconstituem o grupo que menos valoriza osObjectivos Afectivos e Sócio-Integrativos(Factor I), os Objectivos Generativos (Fac-tor 4) e os Objectivos Espirituais (Factor 6).Os sujeitos que frequentam o curso de For-mação de Professores são os que menosvalorizam os Objectivos Auto-Assertivos(Factor III) e os Objectivos Agênticos (Fac-tor II).

Comparação dos padrões de Core Goalsem função dos cursosNo sentido de aprofundar a análise darelação entre os objectivos pessoais e ospercursos vocacionais em função da áreade estudo, procedeu-se a um estudo com-parativo (teste do c2), a partir da selecçãodos sujeitos cujos valores em cada factoreram superiores a 8 pontos. Desta formaprocurou-se identificar os Core Goals(Ford & Nichols, 2004) e analisar em quemedida estes se diferenciam em função daárea de estudo.Os resultados obtidos são apresentados noquadro 18, constando-se que o Factor I -Objectivos Afectivos e Sócio-Integrativos

sosrucsoertneoãçarapmoc:slaoGeroC-81ordauQ

aigolocisP airahnegnE megamrefnEedoãçamroFserosseforP 2 p

N % N % N % N %

8>IrotcaF 65 3.81 6 4.7 15 7.72 5 2.51 21.61 100.

8>IIrotcaF 941 1.06 62 6.63 48 6.95 9 3.33 95.81 000.

8>IIIrotcaF 7 3.2 2 4.2 4 2.2 1 9.2 90. 399.

8>VIrotcaF 0 0 0 0 0 0 0 0 00 0

8>VrotcaF 0 0 0 0 0 0 0 0 00 0

8>IVrotcaF 44 1.41 3 7.3 61 6.8 1 0,4 92.01 20.

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- é mais valorizados pelos estudantes deEnfermagem, seguido pelos de Psicologia.Constata-se ainda que o Factor II- Objec-tivos Agênticos - é o mais valorizado pelosestudantes de Enfermagem e de Psicolo-gia, enquanto o Factor III – ObjectivosAuto-Assertivos discrimina os estudantesde Psicologia relativamente aos dos outroscursos.

Conclusão

A escala resultante dos procedimentosconducentes à validação da versão portu-guesa do APG acabou por dar origem auma versão mais reduzida (88 itens) re-lativamente à versão inglesa original (120),tendo a Taxonomia de Objectivos Pesso-ais de Ford e Nichols (2004) sido igual-mente modificada. Assim, das 24 sub-escalas originais organizadas em torno de6 categorias resultaram igualmente 6 ca-tegorias de objectivos, mas reorganizadossem a distinção de sub-escalas: Os objec-tivos afectivos, cognitivos, de reorganiza-ção subjectiva, auto-assertivos, integrativose executivos deram lugar aos objectivosAfectivos e Sócio-Integrativos, Agênticos,Auto-Assertivos, Generativos, Criativos-Exploração e Espirituais. De salientar afusão entre os objectivos afectivos e sócio-integrativos (Factor I), contextualizando aafectividade no seio das relaçõesinterpessoais caracterizadas pela provisãode recursos aos outros. Os objectivosagênticos (Factor II) traduzem o desejo decontrolo e de agência, constituindo umanova categoria aparentemente próxima dosobjectivos auto-assertivos (associados àbusca do sentimento de competência –Factor III), mas distinguindo-se destes namedida em que remetem para o controlopessoal (não dependência), indo ao encon-tro da distinção que a Teoria da Auto-

Determinação (Deci & Ryan, 2000) fazentre controlo e competência. Os objec-tivos generativos (Factor IV) traduzem decerta forma os objectivos incluídos origi-nariamente na sub-escala de provisão derecursos, mas a designação agora adopta-da permite uma expansão do leque deacções a que poderá dar origem, de acordocom os estudos realizados em torno desteconstructo (Franco-Borges & Vaz-Rebelo,2007). Os objectivos criativos e de explo-ração (Factor V) estão teoricamente muitopróximos dos anteriores, sendo necessárionovos estudos para compreender melhora sua especificidade. Finalmente, os ob-jectivos espirituais (Factor VI) correspon-dem muito aproximadamente aos originá-rios objectivos de organização subjectivae constituem um grupo de objectivosrecorrentemente apontados por outrastaxonomias.Esta escala revelou uma validade internasatisfatória, tendo igualmente reveladovalidade preditiva ao diferenciar os padrõesde objectivos em função da área de estudodos sujeitos da amostra. Relativamente aestas diferenças, atendendo ao facto dosdados obtidos resultarem do primeiroestudo realizado com a versão portuguesado APG, é aconselhável o aprofundamen-to dos resultados em futuras investigações,nomeadamente para procurar responder àsseguintes questões: Até que ponto osdiferentes padrões de objectivos dos es-tudantes em função da área de estudoresultam de uma valoração diferencialpessoal anterior à frequência do curso oude uma valoração decorrente do contextoeducativo actual? Até que ponto e de quemodo os padrões pessoais de objectivossão “distribuídos” pelos diferentes contex-tos de vida? Estas questões chamam aatenção para a necessidade de atender aosdiferentes sistemas ecológicos do sujeito,perspectivando os objectivos como vari-

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áveis motivacionais que se constroem eminteracção e, como tal, exigindo que oprocesso de aconselhamento vocacionalcontemple o padrão de gestão pessoal dastransições ecológicas.

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