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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO AVALIAÇÃO DE CAMPO DE PETRÓLEO MADURO POR OPÇÕES REAIS FREDERICO MAGALHÃES JUNIOR ORIENTADOR: Prof. Dr. ROBERTO MARCOS DA SILVA MONTEZANO CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. LUIZ EDUARDO TEIXEIRA BRANDÃO Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 2006

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO

AVALIAÇÃO DE CAMPO DE PETRÓLEO MADURO POR OPÇÕES REAIS

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Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 2006

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AVALIAÇÃO DE CAMPO DE PETRÓLEO MADURO POR OPÇÕES REAIS

FREDERICO MAGALHÃES JUNIOR

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Administração Geral

ORIENTADOR: PROF. DR. ROBERTO MARCOS DA SILVA MONTEZANO

CO-ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ EDUARDO TEIXEIRA BRANDÃO

Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 2006.

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FICHA CATALOGRÁFICA

332.6711 V181

Magalhães Junior, Frederico. Avaliação de campo maduro de petróleo por opções reais / Frederico Magalhães Junior -. Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec. 2006. Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração das Faculdades Ibmec, como requisito parcial necessário para a obtenção do título de Mestre em Administração. Área de concentração: Administração Geral. 1. Opções reais. 2. Derivativos financeiros. 3. Finanças.

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DEDICATÓRIA

Dedico essa dissertação à minha esposa, Jeanine, fundamental presença em minha vida, e aos meus pais, que estarão, de algum modo, sempre presentes.

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Roberto Marcos da Silva Montezano, pela orientação precisa e fundamental

ajuda em todas as etapas deste trabalho.

Ao professor Luiz Eduardo Teixeira Brandão, que me orientou de maneira decisiva sobre

avaliação em tempo discreto e a modelagem do problema.

Ao professor Fernando Nascimento de Oliveira, por suas importantes contribuições.

Ao professor Marco Antonio Guimarães Dias, pela fundamental ajuda sobre o setor de

petróleo, incertezas e aplicações em opções reais.

À minha esposa, Jeanine de Lacerda Grillo, presença decisiva em minha vida.

Aos mais que simplesmente amigos, realmente irmãos, André Lopes Brandão Paraízo, Carlos

Lopes Brandão Paraízo e Paulo Lopes Brandão Paraízo, os primeiros trilhando comigo estes

mesmos passos no mestrado e o último apresentando-me aos seus contatos preciosos na

Petrobras.

E aos professores do Ibmec Antônio Carlos de Jesus Assumpção e Maria Augusta Soares

Machado, por sua ajuda em econometria e estatística, aos Cláudio Borba e Ângela Pumputis,

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da Petrobras, com seu conhecimento sobre o setor de petróleo, ao Leandro Almeida, com sua

rede de contatos, aos Hélio Rosa Guimarães e Normando Costa Paes, da Pamergy, na Bahia,

por seu conhecimento insuperável sobre as novas licitações sobre campos maduros no Brasil,

e ao professor José Baptista de Oliveira Júnior (China) e ao bolsista Luis Antônio de Oliveira

Júnior, da UFBA, por toda colaboração, ajuda e informações sobre os campos escola na

Bahia, e visita a Quiambina.

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RESUMO

A pesquisa realizada na presente dissertação objetivou avaliar uma pequena empresa

produtora de petróleo, que opera em um pequeno campo de petróleo e está inserida no atual

cenário proposto pela ANP, após a 7a Rodada de Licitações. Esse novo cenário, formado pelas

licitações de acumulações marginais de petróleo e gás em campos maduros no Brasil, tem

permitido o surgimento de um novo setor, formado por pequenos e médios produtores de

petróleo e gás. A avaliação pretende demonstrar o valor das flexibilidades operacionais que

esses projetos muitas vezes apresentam, tais como ampliar a produção e interrompê-la. Essas

flexibilidades serão avaliadas com a utilização da teoria das Opções Reais em tempo discreto.

Para isso, adotou-se a metodologia proposta por Copeland & Antikarov (2002), a qual

adiciona à avaliação tradicional de Fluxo de Caixa Descontado as Opções Reais que o projeto

possui.

Palavras Chave: petróleo, campos maduros, flexibilidade, opções reais

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ABSTRACT

The objective of this research was to evaluate a small oil producer and a small oil field,

regarding the new scenario that has just begun after the 7th Bidding Round organized by ANP.

This new scenario, made by marginal oil fields auctions, has allowed the creation of a new

sector, one made by small and average size oil & gas producers. The evaluation of a small

mature oil field intends to show the value of the operational flexibilities that such project

presents many times, such as improving the production capacity or stopping the production.

These flexibilities will be evaluated by the Real Option approach, considering discrete time. It

was used the Copeland & Antikarov (2002) methodology, which adds to the traditional

Discounted Cash Flow approach the Real Options that the project has.

Key Words: oil, mature field, flexibility, real options.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Modelo Binomial 16

Figura 2 – Evolução dos Preços do Petróleo de 1947 a 2004 37

Figura 3– Gráfico demonstrativo da evolução da produção doméstica de petróleo da Petrobras

– 1970 até 2005 41

Figura 4 – Perfil de produção do campo de Pilar, após a perfuração de mais poços, Alagoas,

Brasil, 1980 - 2020 47

Figura 5 – Árvore Binomial 58

Figura 6– Modelo de parte da árvore de eventos sem Opções 79

Figura 7 – Modelo da árvore binomial com Opções de Expansão 82

Figura 8 – Modelo da árvore binomial com Opções de Abandono 85

Figura 9 – Modelo da árvore binomial com Opções de Expansão e Abandono 86

Figura 10 – Modelo da árvore binomial com Opções de Expansão e Abandono 87

Figura 11 – Resumo dos resultados percentuais do exercício das Opções de Expansão e

Abandono no mesmo campo 88

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Produção e Demanda de Petróleo no Mundo 36

Tabela 2– Resultados das Rodadas de Licitação da ANP, da 1a a 7a 42

Tabela 3 – Resultado da 7a Rodada da ANP – Fase B, out 2005 51

Tabela 4 – Resultado da 2a Rodada da ANP para Acumulações Marginais, jun 2006 52

Tabela 5 – Resultados do Teste de Dickey-Fuller Aumentado 64

Tabela 6 – Resultados do Teste Phillips-Perron Aumentado 65

Tabela 7 – Resultados do Teste Kwiatkowski-Phillips-Schmidt-Shin 66

Tabela 8 – Perfil de produção do campo de petróleo maduro 70

Tabela 9 – Fluxo de caixa do campo hipotético 75

Tabela 10 – Resumo dos resultados da Simulação de Monte Carlo 77

Tabela 11 - Resumo das Opções de Expansão, Abandono e Ambas no campo 90

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LISTA DE ABREVIATURAS FCD Fluxo de Caixa Descontado

FC Fluxo de Caixa

VP Valor Presente

VPL Valor Presente Líquido

OR Opções Reais

MGB Movimento Geométrico Browniano

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

WACC Weight Average Cost of Capital - Custo Médio Ponderado de Capital

MAD Marketed Asset Disclaimer – Negação do Ativo Negociado

Rf Taxa de Juros Livre de Risco

EUA Estados Unidos da América

URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1

1.1 O PROBLEMA .................................................................................................................................... 2

1.2 OBJETIVO ........................................................................................................................................... 3

1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ..................................................................................................5

2 REVISÃO DA LITERATURA DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS ......................... 6

2.1 FLUXO DE CAIXA DESCONTADO E VALOR PRESENTE LÍQUIDO ...................................... 7 2.1.1 Pontos Fortes ................................................................................................................................... 11 2.1.2 Pontos Fracos .................................................................................................................................. 12

2.2 OPÇÕES REAIS ................................................................................................................................... 14 2.2.1 O Valor de uma Opção..................................................................................................................... 17 2.2.2 Tipos de Opções Reais .................................................................................................................... 19 2.2.3 Aplicações no Mundo – Fora do Brasil ........................................................................................... 21 2.2.4 Aplicações no Brasil ........................................................................................................................ 22 2.2.5 Vantagens na Utilização de Opções Reais ....................................................................................... 26 2.2.6 Limitações no Uso de Opções Reais ................................................................................................ 28

3 O SETOR DE PETRÓLEO .......................................................................................... 30

3.1 BREVE HISTÓRICO DO SETOR NO MUNDO ............................................................................ 30

3.2 HISTÓRICO DO SETOR NO BRASIL ............................................................................................ 38

3.3 CAMPOS MADUROS E MARGINAIS .............................................................................................43

4 METODOLOGIA ......................................................................................................... 53

4.1 O MODELO ......................................................................................................................................... 53

4.2 SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO ................................................................................................ 58

4.3 PREMISSAS .........................................................................................................................................60

4.4 A HIPÓTESE DO MOVIMENTO GEOMÉTRICO BROWNIANO..............................................62

5 AVALIAÇÃO DE CAMPO MADURO DE PETRÓLEO ........................................ 67

5.1 ESTIMATIVA DO VALOR PRESENTE SEM FLEXIBILIDADES .............................................. 69 5.1.1 Principais Premissas Adotadas ........................................................................................................ 69 5.1.2 Cálculo do Custo de Capital da Empresa ........................................................................................ 71 5.1.3 Cálculo do Valor Presente sem Flexibilidade ................................................................................. 73

5.2 CÁLCULO DA VOLATILIDADE ...................................................................................................... 76 5.2.1 Identificação das Principais Variáveis para o Cálculo da Volatilidade ........................................... 76 5.2.2 Determinação da Volatilidade Consolidada do Projeto ................................................................... 76

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5.3 MODELAGEM DA ÁRVORE BINOMIAL ...................................................................................... 77

5.4 CÁLCULO DAS OPÇÕES REAIS NO PROJETO E MODELAGEM DA ÁRVORE ................. 79 5.4.1 Opção Real de Expansão ................................................................................................................. 80 5.4.2 Opção Real de Abandono ................................................................................................................ 82 5.4.3 Opções Reais de Expansão e Abandono ........ ..................................................................................85

5.5 RESUMO DOS RESULTADOS .......................................................................................................... 89

5.6 LIMITAÇÕES ....................................................................................................................................... 90

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES .......................................................................................................... 94

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 99

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1 INTRODUÇÃO

A evolução das técnicas de avaliação de negócios e projetos, o que inclui as ferramentas

utilizadas pela teoria de Opções Reais (OR), propicia uma abordagem dinâmica. Isso -

para diversas atividades - tem-se mostrado superior à análise por Fluxo de Caixa

Descontado (FCD). No caso da Exploração e Produção (E&P) de petróleo e gás, há

inúmeras incertezas e flexibilidades operacionais envolvidas para a produção econômica

de ambos, tais como a existência de hidrocarbonetos em volume, especificação e preços

que tornem as reservas comercialmente explotáveis. Vale destacar que explotação -

aqui - refere-se a tirar proveito econômico de reserva natural. As flexibilidades

operacionais estão comprometidas com o adiamento dos investimentos, com o aumento

da escala, com a possibilidade de diminuí-la ou, até, em algumas situações, com o

abandono do projeto, entre outras. A avaliação por OR tem demonstrado, nesses casos,

superioridade frente à avaliação pelo FCD, por permitir capturar o valor embutido

nessas flexibilidades.

O estudo desta dissertação visa a avaliar a atividade petrolífera no Brasil. A relevância

está em investigar cientificamente o setor depois da abertura promovida em agosto de

1997, por intermédio da Lei 9.478, que regulamentou a emenda constitucional de

flexibilização do monopólio estatal do petróleo, e, ainda, com a criação da Agência

Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que promoveu o

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surgimento de novos participantes no setor de E&P de petróleo no Brasil, além da

Petrobras.

A 7a Rodada de Licitações, fase B, para acumulações marginais, promovida pela

Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2005, revelou

a participação de pequenas empresas na atividade de produção de petróleo e gás no

Brasil. A explicação é que nos campos maduros licitados pela ANP o volume de

investimentos é menor, se comparados aos campos das licitações de blocos maiores. Ao

mesmo tempo, por serem campos onde a presença de petróleo e gás já foi confirmada,

afasta-se o risco geológico e possibilita-se a geração de caixa desde o início das

operações. Este fator facilita enormemente as pequenas empresas, sendo este mais um

facilitador a estas pequenas empresas, que assim, concebem viabilização econômico-

financeira para esses projetos.

No estudo sobre campos maduros utilizar-se-á a definição proposta por Câmara (2004),

na qual eles seriam campos onde já foi produzido volume de hidrocarbonetos que

representa pelo menos 40% do volume recuperável encontrado originalmente no campo.

Entende-se por volume recuperável aquele que efetivamente será produzido na vida útil

do campo. Para isso, basta esclarecer que o volume a produzir no campo jamais será

igual a 100% do volume de hidrocarbonetos estimado originariamente como presente

naquele campo.

1.1 O PROBLEMA

A avaliação de determinado campo de petróleo maduro procura analisá-lo de acordo

com as variáveis mais importantes, tais como o volume de petróleo que poderá ser

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produzido, as características do petróleo a ser extraído que determinarão o preço de

venda, a razão da produção no tempo de vida, os custos fixos e os custos variáveis para

produzi-lo. Esta avaliação poderá ser feita, além disto, segundo várias abordagens que

procurem estimar seu valor.

A revisão da literatura apresenta a análise consolidada para avaliação de projetos,

representada pelo FCD, assim como a adoção da avaliação por Opções Reais (OR)

embutidas no projeto, caso ele possua flexibilidades operacionais. A avaliação por OR

seria complementar à original por FCD, pois adiciona à análise sem flexibilidade as OR

do projeto, que representam as flexibilidades existentes.

É esse exatamente o caso da Exploração e Produção (E&P) de petróleo, tendo em vista

as inúmeras flexibilidades operacionais e incertezas envolvidas, tais como adiamento,

expansão e abandono. Tudo isso em um cenário que embute o risco geológico e os

riscos inerentes à volatilidade dos preços do petróleo, o tipo de óleo, entre outros. A

avaliação do campo de petróleo embutirá, de acordo com o que se sublinhou acima, o

somatório da valoração por FCD e por OR, associada às flexibilidades operacionais do

projeto.

1.2 OBJETIVO

O estudo realizado nesta dissertação será constituído inicialmente por uma avaliação

estática, sem flexibilidades, por FCD, de um campo maduro de petróleo em terra, a qual

serão somadas posteriormente as OR relativas à ampliação da produção de petróleo por

intermédio da reabertura de mais poços produtores - se o cenário de preços do petróleo

permitir - e a interrupção da produção, caso o cenário dos preços não mais viabilize

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economicamente a atividade. Buscará demonstrar que somente com a utilização da

abordagem por OR será possível valorar as flexibilidades embutidas no projeto, o que a

avaliação estática pelo FCD não permite.

Essa avaliação seguirá os passos propostos por Copeland & Antikarov (2002), que

compreendem o cálculo do Valor Presente (VP) sem flexibilidade, agora identificado

como o valor do ativo base, por meio do FCD, a modelagem das incertezas para a

obtenção da volatilidade consolidada do projeto com base na simulação de Monte Carlo,

assim como a modelagem da árvore de eventos sem flexibilidades operacionais, a

identificação e incorporação de flexibilidade gerencial, o que permitirá a criação de uma

árvore de decisões, e finalmente a incorporação e a análise das OR embutidas no

projeto, que representam as flexibilidades operacionais, as quais deverão somar-se ao

VP sem flexibilidade. Todo o modelo será feito em tempo discreto. Considerou-se –

para efeito da pesquisa - o intervalo de um ano entre cada momento.

O campo maduro de petróleo proposto será hipotético, mas os dados estimados, de

natureza técnica, operacional, econômica e financeira baseiam-se no Edital

Internacional da Petrobras para Licitação de E&P – CORP No 001/2002, na 7a Rodada

de Licitações, fase B, para acumulações marginais, promovida pela ANP em 2005 e no

campo escola operado pela Universidade Federal da Bahia e pela ANP em Quiambina,

Bahia. Baseado em informações colhidas nessas duas concorrências e no campo escola

constituiu-se o campo hipotético com volume teórico recuperável de petróleo,

característica dele, custos operacionais e fixos, além da vazão de produção versus taxa

de declínio, que estabelecerá a vida produtiva do campo em 10 (dez) anos.

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1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

A relevância deste estudo reside no fato de realizar a avaliação por OR em projetos

relacionados à exploração e produção de petróleo, nos quais pretende demonstrar a

importância da utilização dessa ferramenta, que permite capturar as flexibilidades

operacionais do projeto ao valor dele, o que não acontece na avaliação tradicional por

FCD. Procura-se enfatizar, então, a razão da utilização de OR, as quais, diferentemente

das avaliações tradicionais, permitem mensurar as flexibilidades embutidas no projeto.

Dias (2005, p.36) observa a relevância e a importância de campos maduros, ao

exemplificar com o caso da Chevron, que com a utilização das OR decidiu investir em

campo maduro na Califórnia (EUA) e, ao mesmo tempo, não investiu em exploração de

petróleo no Canadá. Ou seja, optou por campo maduro em vez de campo exploratório,

sem a certeza da presença de hidrocarbonetos.

Além disso, a produção de petróleo e gás em campos maduros no Brasil está apenas no

início das atividades, o que atrai inúmeros novos atores para esse setor. Esses novos

participantes possuem dimensão muito menor se comparados às companhias petrolíferas

de grande porte, que têm representado maioria entre as empresas vencedoras das

licitações da ANP realizadas anteriormente à 7a Rodada de Licitações, fase B. O sucesso

das novas licitações - pelo número de participantes em relação às áreas oferecidas -

demonstra o interesse despertado pela atividade petrolífera no Brasil. Provavelmente

motivada por esse sucesso, a ANP realizou licitação dedicada exclusivamente a campos

maduros em 2006, no dia 29 de junho, e pretende licitar, durante a 8a Rodada de

Licitações, em 28 e 29 de novembro de 2006, entre outros, blocos com acumulações

marginais de hidrocarbonetos, em sua maioria campos maduros.

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2 REVISÃO DA LITERATURA DE AVALIAÇÃO DE PROJETOS

A revisão da literatura relacionada à avaliação de projetos pretende apresentar breve

evolução dela. A ênfase da avaliação de projetos consolidada é trazer a Valor Presente

(VP) os Fluxos de Caixa (FC) do projeto em toda a vida, ao considerar nesse ponto uma

taxa de retorno adequada ao projeto e/ou à empresa no momento de retornar a VP

aqueles FC, deduzidos os investimentos necessários para a realização desse mesmo

projeto. Pretende-se, então, obter o Valor Presente Líquido (VPL). Mas a revisão da

literatura demonstra que paulatinamente procura-se incorporar flexibilidades a essa

avaliação. Brandão et al. (2005a) comentam que uma das mais importantes limitações

da utilização do Fluxo de Caixa Descontado (FCD) é não considerar o valor das

flexibilidades presentes em muitos modelos de projeto.

Com Black & Scholes (1973) surge, de forma consistente, a teoria para a avaliação de

Opções Financeiras, que constrói o embasamento para a teoria das OR, a qual permitirá

a incorporação de flexibilidades à avaliação original por FCD. As OR são somadas à

avaliação de projeto sem flexibilidade e traduzem as flexibilidades que não podem ser

mensuradas segundo aquela mesma avaliação tradicional. Essas flexibilidades, portanto,

podem ser valoradas segundo o arcabouço teórico proporcionado pelas OR.

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2.1 FLUXO DE CAIXA DESCONTADO E VALOR PRESENTE LÍQÜIDO

Segundo Brealey & Myers (2003), o VPL, derivado da avaliação por Fluxo de Caixa

Descontado (FCD), depende somente dos FC do projeto que é avaliado e também do

custo de oportunidade do capital. A avaliação da empresa ou do projeto, segundo a

abordagem do VPL sem flexibilidade, estabelece que a aceitação desses mesmos

projetos está condicionada ao VPL ser maior que zero. Com VPL igual a zero haveria

indiferença quanto a se aceitar ou não o projeto. Caso o VPL seja menor que zero, o

projeto seria rejeitado.

Ross, Westerfield & Jaffe (1995) consideram importante a avaliação por VPL baseada

no FCD, pois traduz somente os FC, ao contrário de outros parâmetros de medição,

como a regra do período de Payback, a regra do período de Payback Descontado e a

Taxa Interna de Retorno (TIR), que podem dificultar a interpretação dos resultados.

Além disso, segundo os mesmos autores, o VPL utiliza todos os FC do projeto,

enquanto algumas avaliações ignoram FC além de determinada data. Eles observam

ainda que a aceitação de projetos com VPL positivo beneficia os acionistas, pois trata-se

de medida teórica de agregação de riqueza.

Brealy & Myers (2003) argumentam que a regra do VPL facilita a separação entre o

gestor da empresa e os detentores de capital dela. Independentemente do fato de os

acionistas possuírem diferentes preferências e interesses entre si e, ao mesmo tempo, do

gestor da empresa, a esse último cabe procurar projetos que maximizem o VPL da

empresa, e que - ao mesmo tempo - maximizem o valor para o acionista. Ao fazê-lo, o

gestor terá tomado as melhores decisões para o acionista. Acrescentam que atualmente é

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muito importante a separação entre a gestão e o controle da empresa. Destacam, ainda,

que a regra de maximização do VPL auxilia na delegação de poder pelo acionista.

Copeland & Antikarov (2002) também argumentam que um dos principais fatores da

teoria de sustentação do VPL é o princípio da separação. Para eles, os gestores de

determinada empresa, de maneira dissociada dos interesses pessoais, devem maximizar

os interesses dos acionistas ao buscarem os maiores VPL, que maximizariam a riqueza

dos acionistas.

Brealey & Myers (2003) argumentam que o VPL enfatiza o valor do dinheiro no tempo.

Comentam que isso depende somente dos FC futuros do projeto e, ao retornar todos os

FC para uma mesma data, permite compará-los na tomada de decisão.

O método possibilita ainda a classificação dos projetos, em função do tamanho do VPL.

Projetos que possuem maiores VPL são melhores. Mas segundo essa abordagem,

derivada do FCD, os projetos são aceitos ou rejeitados naquele momento, e toda a

avaliação da vida daquele projeto segue com os parâmetros definidos, bem como a

escala do projeto, nível de vendas, custos, preços, taxas de desconto, riscos etc.

A fórmula para a obtenção do VPL, baseada no FCD, considera:

VPL = ∑= +

n

ttK

FCt0 )1(

(1)

Onde FCt representa o valor esperado de cada um dos FC do projeto, K é a taxa de

desconto apropriada ao risco do projeto e t é um instante específico associado a um FCt

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do projeto. Importante destacar que os Fluxos de Caixa do projeto podem ser positivos

ou negativos, e o somatório deles descontados a um mesmo instante vai resultar no

VPL. A taxa de desconto apropriada para retornar esses FC em toda a vida do projeto

pode ser obtida por intermédio do Custo Médio Ponderado de Capital, também

conhecido como Weight Average Cost of Capital (WACC), o qual considera a

ponderação do Custo de Capital Próprio empregado e do Custo do Capital de Terceiros,

em função da composição da estrutura de capital e do benefício fiscal da dívida.

O WACC considera a ponderação entre o custo do capital próprio, e o custo do capital

de terceiros emprestado à empresa que compõe a estrutura de capital da empresa,

abatido do benefício fiscal decorrente do pagamento dos juros da dívida.

Onde WACC = Ke)Pr(

PrerceirosCapitaldeTóprioCapital

óprioCapital+

+

)Pr( erceirosCapitaldeTópioCapital

erceirosCapitaldeTKd+

x(1–AlíquotaIR) (2)

Ressalte-se a natureza estática da avaliação, com base na consideração de estrutura de

capital próprio e de terceiros imutável na avaliação. Para o cálculo do Custo do Capital

Próprio (Ke), utiliza-se o Capital Asset Price Model (CAPM), de acordo com Sharpe

(1970). Formalmente:

Ke = Rf + Beta x (E(Rm)– Rf) (3)

Onde Rf é Taxa Livre de Risco; Beta é o risco sistêmico da ação que corresponda ao

risco do capital próprio e E(Rm) é o retorno esperado da carteira de mercado.

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A Taxa Livre de Risco seria a taxa de juros equivalente a um título de renda fixa

emitido pelo governo, o qual se conceitua como risco igual a zero. Para o Custo de

Capital de Terceiros (Kd) emprestado aquele projeto e/ou empresa, ele seria calculado

ao considerar-se o patamar das taxas de juros da economia do país no qual o projeto

estiver inserido e o risco de não pagamento daquele empréstimo. As empresas de

classificação de risco procuram avaliar esses componentes. Para isso, consideram a

geração de caixa da empresa e/ou projeto frente aos compromissos com terceiros, de tal

forma a considerar a empresa mais ou menos arriscada, no que tange a se emprestar

recursos a ela.

Luehrman (1997) propõe que a avaliação baseada no cálculo do WACC possui

limitações. Ao considerar a mesma estrutura de capital para todas as operações de

determinada empresa, ao mesmo tempo assume o mesmo custo médio ponderado de

capital para todos os projetos, pode trazer os FC a valor presente de forma incorreta.

Observa que o problema seria mais apropriadamente abordado ao se avaliar as

operações da empresa por intermédio do Valor Presente Ajustado.

O Valor Presente Ajustado, segundo Luehrman (1997), representaria considerar os

vários FC e/ou projetos da empresa separadamente, em vez de limitar-nos à obtenção do

Valor Presente por um único WACC. Ele considera que as variadas operações da

empresa supõem diferentes premissas para os respectivos FC, tais como diferentes taxas

de desconto apropriadas ao risco inerente a cada um daqueles FC. Deve-se considerar

ainda que a estrutura de capital da empresa pode mudar durante a avaliação, o que

prejudicaria a abordagem de estrutura de capital fixa segundo o WACC. Isso,

conseqüentemente, inviabilizaria a obtenção dos FCD e do VPL segundo uma única

taxa de desconto.

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2.1.1 Pontos Fortes

São apresentados a seguir alguns pontos fortes encontrados na literatura, conforme Ross

et al. (1995) e Brealy & Myers (2003), para a utilização do FCD e do VPL para

avaliação de projetos.

A avaliação por VPL apresenta valores que facilitam a classificação dos projetos, do

maior para o menor VPL segundo o FCD. A avaliação utiliza Fluxos de Caixa, que

podem ter qualquer destino, como dividendos, novos investimentos etc. Não possui

parâmetros que possam dificultar a análise, como lucros. Utiliza todos os Fluxos de

Caixa do projeto, enquanto algumas abordagens ignoram os Fluxos de Caixa além de

determinada data, como a avaliação por Payback. Considera, ainda, o custo de capital

para trazer os Fluxos de Caixa a VP. Depende, portanto, de somente dois parâmetros: os

Fluxos de Caixa do projeto e/ou empresa e o custo de capital.

Além disso, como todos os projetos podem ser avaliados segundo um valor no mesmo

instante de tempo, é possível somar esses valores obtidos de cada projeto. Rejeita os

projetos com VPL negativos. Caso o VPL seja muito negativo, provavelmente será

difícil que eventuais Opções Reais embutidas tornem o VPL do mesmo projeto positivo.

Além disso, um projeto sem flexibilidade, que não admita OR, é extremamente

adequado à avaliação estática por VPL. Além de considerar todos os FC do projeto,

também considera somente os FC, o que torna a avaliação mais simples, clara e

objetiva.

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2.1.2 Pontos Fracos

São apresentados, a seguir, alguns pontos fracos dessa abordagem. Os FC são futuros. A

menos que sejam certos, possuem riscos na estimação. São estimados os FC futuros do

projeto, e todas as incertezas inerentes a, por exemplo, vendas, preços de venda, custos,

participação de mercado etc. A definição da taxa de desconto para o FCD e o risco

correto para ele supõe premissas baseadas na estimativa atual, não necessariamente

constantes ao longo do tempo. Premissas essas que poderão alterar-se no futuro.

Na consideração de uma única taxa de desconto, o FCD apresenta rigidez e

simplificação que podem se traduzir em erro na avaliação. Além disso, a utilização do

WACC também representa simplificação que pode traduzir-se em erro, pois considera

estrutura de capital fixa durante a vida do projeto. E não é só. De acordo com Brandão

et al. (2005a), a avaliação por FCD não considera o valor das flexibilidades

operacionais presentes em vários tipos de projeto.

Brandão (2002) observa que o método do FCD avalia o projeto com as informações

conhecidas no momento inicial dele. Ao receber novas informações no futuro, o gestor

daquele projeto que possua flexibilidade operacional poderá tomar novas decisões que

maximizem o resultado ou minimizem o prejuízo. E o valor associado a essas decisões

não é capturado pelo FCD. Dias (2005) também observa que em aplicações de projetos

de Exploração e Produção (E&P) de petróleo, os quais possuem flexibilidade

operacional e estão submetidos a incertezas como variação do preço do petróleo e

existência dele, entre outras, o método de avaliação por FCD subavalia o projeto.

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Damodaran (1997) acrescenta que há várias considerações iniciais que podem embutir

erros na avaliação de determinada empresa ou projeto. Muitas vezes consideram-se

etapas e taxas de crescimento cujas premissas podem embutir erros. Acrescenta ainda

que o nível de risco para cada fase de crescimento e maturidade da empresa poderá

mudar. Diz mais: que ao assumir-se, na avaliação de determinado projeto, a taxa de

desconto como o WACC, assume-se o mesmo nível de risco da empresa e para aquele

projeto, o que muitas vezes embute erros.

Ehrhardt & Daves (2000) apresentam artigo que discute a técnica de avaliação de FC

que não ocorre normalmente nas operações de projetos. Comentam o caso de projetos

iguais, exceto que possuam FC negativo certo e FC negativo com risco. Ao trazermos os

FC a VP, descontando os FC negativos por taxa sem risco e com risco respectivamente,

produziremos menor VPL no caso de FC negativo certo. Propõe, nessa abordagem, a

taxa de desconto ajustada ao risco que minimize esse efeito, visto que este FC não usual

ao projeto possa ser positivo ou negativo.

Permanece, no entanto, a imensa potência do VPL baseado em FCD para decisões de

investimento, por obtenção de resultados de forma objetiva, de clara visualização, além

da facilidade na classificação deles, do maior VPL para o menor VPL. Além desse

ponto, mesmo projetos com flexibilidade que se traduza em OR, quando possuem VPL

muito negativo, dificilmente serão atrativos, pois dificilmente essas OR somadas ao

VPL original o tornarão positivo.

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2.2 OPÇÕES REAIS (OR)

A avaliação por Opções Reais (OR) deve ser considerada como extensão da avaliação

por VPL sem flexibilidade, por intermédio do FCD, pois contempla as flexibilidades

embutidas no projeto, as quais, na abordagem rígida tradicional do FCD, não são

mensuradas. Fundamenta-se, sim, na teoria desenvolvida para a avaliação de Opções

Financeiras, segundo a proposição de Black & Scholes (1973). Essa teoria permite,

porém, uma única fonte de incerteza e uma única Opção. A abordagem da teoria das

Opções Financeiras é então expandida para a avaliação que compreenda diversas

incertezas, que permita múltiplas Opções e que esteja associada a ativo real, sendo então

aplicada a OR. A terminologia OR foi utilizada por ser tratar de avaliação de Opções

relacionadas a ativos reais, enquanto que Opções, isoladamente, representam ativos

financeiros.

Bachelier (1900) realizou estudo que, de acordo com Merton (1995), representa a base

da matemática utilizada para processos estocásticos em tempo contínuo e a valoração de

Opções também em tempo contínuo. Demonstra que os fundamentos para a teoria de

Opções antecedem o trabalho de Black & Scholes (1973), mas permaneceram

desconhecidos durante dezenas de anos.

Ferraro, Pfeffer & Sutton (2005) apresentam estudo no qual demonstram que a teoria

das Opções, segundo Black & Scholes (1973), foi empregada paulatinamente pela Bolsa

de Opções de Chicago (Chicago Board Options Exchange – CBOE). Inicialmente, a

Bolsa de Opções de Chicago não adotou essa teoria para a valoração de Opções, apesar

de ter sido criada também em 1973. Os primeiros meses de operação da Bolsa de

Chicago indicam desvios, em relação à teoria proposta, de até 40%. Somente a partir de

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1976 esses desvios foram reduzidos substancialmente. O estudo revelou que no período

entre 1976 e 1978 os desvios caíram a aproximadamente 2%, o que demonstra que a

partir daquele momento as operações na Bolsa de Chicago incorporam a teoria proposta.

Trigeorgis (1993) observa que a avaliação por FCD muitas vezes subavalia o projeto, ao

não considerar as OR embutidas nele. Brandão (2002) acrescenta que ativos financeiros,

compatíveis com a abordagem proposta por Black & Scholes (1973), têm como uma das

características serem investimentos passivos, cujos preços independem de qualquer ação

que um investidor individual venha tomar. No entanto, ainda de acordo com Brandão

(2002), isso não se aplica a ativos reais, que podem apresentar flexibilidade operacional.

Os FC futuros podem ser alterados em função das decisões tomadas à medida que o

cenário futuro seja descortinado. Ou seja, as OR podem ter o valor alterado por ações

daquele que possuir o ativo do qual derivam. A gestão é ativa.

Dias (2004) observa que a abordagem das OR é uma ferramenta para avaliação de

projetos sob incerteza. Dixit e Pindyck (1998) afirmam que, analogamente às Opções

Financeiras, para as OR a oportunidade de investir é uma opção de compra, assim como

a oportunidade de desinvestimento é uma opção de venda. Ainda segundo Dixit &

Pindyck (1998), o exercício ótimo da OR ocorre quando o VPL obtido é grande o

suficiente frente aos custos por esperar por mais informações. Brandão (2002)

acrescenta que para determinado projeto possuir valor para OR, deve embutir três

características: o investimento necessário deverá ser total ou parcialmente irreversível,

ter flexibilidade que admita adiamento, suspensão, ampliação e abandono, e, também,

que os FC futuros sejam incertos.

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Dixit & Pindyck (1994) apresentam estudo cuja ênfase é a avaliação econômica por

intermédio da teoria das OR em tempo contínuo. Considerada a modelagem em tempo

discreto com árvore binomial, Cox, Ross & Rubinstein (1979) pela primeira vez

desenvolveram proposição na qual o valor inicial evolui segundo a variável aleatória,

em tempo discreto. E esta mesma variável aleatória pode assumir dois valores, u ou d. O

modelo proposto, conforme a Figura 1, prevê que o preço de determinado ativo S pode

assumir no momento 1 um valor Su, com probabilidade de ocorrência p, e um valor Sd,

com probabilidade de ocorrência (1-p). No momento 2 o ativo S poderá assumir três

valores: Su2, Sud ou Sd2.

Su Su2

S Sud

Sd Sd2

t=0 t=1 t=2

Figura 1 – Modelo Binomial

Essa mesma proposição é utilizada por Copeland e Antikarov (2002) na avaliação da

evolução dos preços em tempo discreto, segundo a multiplicação do mesmo por u, no

movimento ascendente, e d, no descendente, ainda considerada a probabilidade p para o

movimento ascendente e (1-p) para o movimento descendente.

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O estudo revela ainda que os movimentos ascendentes e descendentes seriam

proporcionais à volatilidade do projeto. Quanto maior a volatilidade, maior a variação

para mais ou para menos dos preços. A abordagem de Copeland & Antikarov (2002)

propõe ainda que o valor que inicialmente melhor representa um ativo real, desde que se

admita que o mesmo não seja negociado no mercado, é o próprio Valor Presente sem

flexibilidade. Copeland & Tufano (2004) também consideram que a evolução do valor

do projeto pode ser aproximada, em tempo discreto, a uma grade binomial, e o VP desse

mesmo projeto representa o ativo subjacente.

Ainda segundo Copeland & Antikarov (2002), a avaliação de determinado projeto com

OR abrange obter o VP sem flexibilidade dele, modelar as incertezas, utilizar a

Simulação de Monte Carlo para obter a volatilidade consolidada do projeto avaliado, e -

de posse dessa volatilidade - construir a árvore de eventos de acordo com o Movimento

Geométrico Browniano, e finalmente inserir as OR. O novo VP obtido, após a inserção

das OR, será o somatório do VP sem flexibilidade com as OR. O valor dessas OR será,

portanto, a diferença entre ambos.

2.2.1 O Valor de uma Opção

Damodaran (1997) apresenta alguns determinantes e características do valor de uma

Opção. Uma Opção deriva o valor de determinado ativo subjacente. Importante ressaltar

que a posse de uma Opção assegura ao detentor o direito, mas não o dever, de compra

ou venda do ativo sobre o qual deriva aquela Opção. Essa Opção pode ser de 2 (dois)

tipos: Européia ou Americana. A do tipo Européia tem o prazo de exercício somente ao

final do prazo de vencimento dela. Já a Opção do tipo Americana pode ser exercida em

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qualquer momento até o vencimento da Opção. Para um ativo sem dividendos, os

determinantes do valor das Opções são apresentados a seguir.

O valor atual do ativo do qual deriva a Opção influencia o valor da Opção; no caso de

uma Opção de Compra, o valor dela aumenta com o aumento do valor do ativo, e no

caso de uma Opção de Venda o valor dela diminui com o aumento do valor do ativo. A

Variância do valor do ativo do qual deriva a Opção também influencia seu valor: quanto

maior for a variância do ativo, maior será o valor da Opção, seja de Compra ou Venda.

O preço do exercício da Opção, o preço contratado para a compra ou venda do ativo do

qual deriva essa Opção, afeta o valor da Opção. No caso da Opção de Compra, o valor

dela decresce com o aumento do preço de exercício. E no caso da Opção de Venda

ocorre o contrário. O valor dela aumenta à medida que aumenta o preço de exercício.

Com respeito ao prazo até o vencimento da Opção, quanto maior for o prazo, maior será

o valor das Opções, sejam de Compra ou Venda. As taxas de juros influenciam as

Opções diferentemente: o aumento incrementa o valor das Opções de Compra e diminui

o valor das Opções de Venda.

Trigeorgis (1993) desenvolve estudo sobre a interação das OR, ao concluir que elas

podem ser aditivas ou não. Por exemplo, uma Opção de Abandono pode eliminar o

valor do exercício futuro de OR após ele ter sido exercida. Assim como uma Opção que

reduz a escala de um projeto fará com que o ativo subjacente do próximo exercício seja

menor, ocasionando a redução do valor da Opção que poderá ser exercida após esse

fato.

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2.2.2 Tipos de Opções Reais

De acordo com Trigeorgis (1993), as oportunidades de investimento em um projeto

produzem flexibilidade associada a diferir o projeto, abandonar o projeto, contrair a

escala dele, aumentar a escala e trocar a opção existente tecnológica por uma melhor.

Cada uma dessas oportunidades representa uma Opção.

Segundo Copeland e Antikarov (2002), de maneira semelhante a Trigeorgis (1993), as

OR associadas a esse ativo podem ser como as que estão agrupadas a seguir. Porém,

essa classificação não esgota todas as possibilidades existentes de OR.

• Opções de Abandono – A Opção de encerrar-se a operação de determinado projeto

por um preço. Na proposição de estudo da dissertação sobre Campos Maduros,

equivaleria a fechar os poços de produção e desmobilizar o projeto.

• Opção de Contração – A Opção relacionada à diminuição da escala da operação de

determinado projeto. A se considerar a operação de um Campo Maduro com seis poços

produtores, significa, por exemplo, fechar três poços e manter a produção nos outros

três.

• Opção de Expansão – A Opção de ampliar a escala de determinado projeto. Também

se for considerada a operação em Campo Maduro, está relacionada à abertura de mais

poços produtores de petróleo, o que permitirá maior produção de hidrocarbonetos.

• Opção de Conversão – A Opção associada à mudança de tecnologia ou modo de

operação a custo fixo. Conforme Dias (2005, p.108) exemplifica, as sucessivas

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conversões do navio da Petrobras P.P. Moraes, inicialmente teve dimensão e capacidade

aumentados para – finalmente - ser transformado em um FPSO – Floating, Storage,

Process and Offloading – processamento, armazenamento e transbordo de petróleo,

exemplo da plataforma P-34, significam sucessivas opções de conversão.

• Opção de Diferimento – A Opção associada a projetos, cujo início possa ser adiado

até que as condições sejam mais favoráveis à implementação, com base na espera de

mais informações. Na aquisição de um Campo Maduro, pode-se - caso as condições de

preços do petróleo não sejam favoráveis – aguardar até que as ofertas de preços sejam

favoráveis para, então, reabrir os poços para a efetiva produção de petróleo.

• Opção Composta – OR que compreendem fases sucessivas do projeto, as quais

exigem investimentos em cada uma antes de ocorrer o próximo. Pode-se optar por fazer

o projeto em etapas. Cada etapa é uma Opção contingente ao exercício anterior de

outras OR. Um fábrica, por exemplo, pode ser construída em fases, tais como projeto,

engenharia e construção.

• Opção Composta do Tipo Arco-Íris – OR sucessivas, como no caso da Opção

Composta. O desdobramento poderá resultar em investimentos de natureza diferenciada.

São OR com múltiplas fontes de incerteza. A Exploração e Produção de petróleo, com

várias fontes de incerteza, tais como a presença ou não de hidrocarbonetos, preços deles

e tipos de óleo, representam OR compostas do tipo Arco-Íris.

É possível, ainda, combinar alguns tipos de OR, sem se esgotar as possibilidades de

fazê-lo. Por exemplo, podemos diferir o início de um projeto, iniciá-lo em momento que

maximize o VPL, interrompê-lo temporariamente, caso o cenário assim determine, para

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retomá-lo posteriormente. Verifica-se, portanto, que os diversos tipos de OR podem ser

associados de diversas maneiras.

2.2.3 Aplicações no Mundo – Fora do Brasil

O primeiro trabalho acadêmico sobre OR publicado no mundo - para valorar reservas de

recursos naturais - foi produzido pelo brasileiro Tourinho (1979). O estudo considera

haver custos de manutenção das reservas de recursos naturais, e que os custos de extraí-

los aumentam com o tempo. Considera ainda a existência de custos de armazenamento

do recurso natural extraído. Estima, também, que o preço do recurso obedeça ao

processo estocástico de Gauss-Wiener.

Kemma (1993) apresentou utilizações de avaliação por OR em petróleo, oriundas de

consultoria desenvolvida para a Shell. Discute o momento ótimo para desenvolver a

concessão de petróleo na qual a empresa é obrigada a perfurar poços extraordinários.

Dixit & Pindyck (1994) descrevem várias aplicações relacionadas ao setor de petróleo,

com as naturais considerações sobre a tomada de decisões seqüenciais na operação de

campos de petróleo.

Cortazar & Schwartz (1998) estudam modelo para avaliação de determinado campo de

petróleo não desenvolvido. Para isso, consideram que os preços do petróleo obedeçam

ao processo estocástico, mas com reversão à média. Demonstram que uma sensível

parcela do valor do campo vem da flexibilidade de adiar o investimento para

desenvolvê-lo. O tempo gasto para fazer o desenvolvimento do campo e também o

preço do petróleo são variáveis decisivas na valoração das OR. Quanto maior o tempo e

menor os preços, maiores serão as OR.

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Cortazar, Schwartz & Casassus (2001) desenvolveram trabalho sobre avaliação de

recursos naturais por OR, baseado em 2 (duas) fontes de incerteza: preços desse recurso

e técnico-geológica. Consideraram ainda que o investimento, na fase de exploração,

pode ser interrompido ou retomado, a depender daquelas incertezas combinadas.

Mostraram, também, que com o início da produção, o projeto pode ser adiado,

interrompido temporariamente e retomado. Fazem uso da evolução do projeto segundo

o Movimento Geométrico Browniano (MGB) em tempo contínuo.

Amstrong, Galli, Bailey & Couët (2004) desenvolvem trabalho no qual, após realizar

breve histórico da evolução do estudo de OR, dos fundamentos oriundos em Opções

Financeiras, apresentam estudo sobre as incertezas técnicas e o impacto delas na

avaliação de OR em projetos ligados à exploração e produção de petróleo.

2.2.4 Aplicações no Brasil:

Dezen (2001) desenvolve trabalho onde avalia a hipótese de que determinada tecnologia

oferece à empresa flexibilidade de execução do projeto. Essa hipótese é desenvolvida na

avaliação de campos de petróleo marítimos por intermédio de OR. Procura mostrar que

o valor dessa flexibilidade somente poderá ser capturado por meio da Teoria das OR.

Propõe ainda que para cada alternativa tecnológica exista um conjunto diferente de OR

embutidas. Acrescenta que a utilização da volatilidade do projeto como sendo a

variação dos preços do petróleo representa a limitação na abordagem, face às outras

incertezas presentes.

Silva (2002) apresenta o caso da empresa Impsat, que atua no oferecimento de infra-

estrutura para o serviço de conexão à Internet por banda larga. Avalia a empresa de

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acordo com a metodologia proposta por Copeland & Antikarov (2002), e obtém o VP

sem flexibilidade, ao considerar o período de 2002 a 2011. Para o cálculo da

flexibilidade do projeto consolida as volatilidades do crescimento de vendas, margem

bruta, taxa de juros, margem de despesas administrativas e gerais e, ainda, prazos para a

composição do capital de giro, com a utilização da simulação de Monte Carlo. Com essa

única volatilidade obtida desenvolve a árvore binomial e insere OR de expansão e

abandono. Assim, demonstra o aumento do valor do negócio com as flexibilidades

embutidas.

Brandão (2002) avalia em tempo discreto, ainda segundo Copeland & Antikarov (2002),

uma concessão rodoviária no Brasil, com a soma do valor obtido por FCD as OR de

expansão e abandono, caracterizadas por construção de mais faixas de rolamento na

rodovia em concessão e devolução da concessão. Utiliza árvore binomial, por

intermédio do programa DPL, que permite melhor visualização e inserção das OR. Mais

uma vez fica demonstrado que as OR associadas às flexibilidades do projeto

acrescentam valor à mensuração tradicional. O estudo em tempo discreto conclui que

entre as maiores limitações do projeto está a possibilidade de erros em assumir-se o VP

como o melhor Valor para ele sem flexibilidade, o que significaria as mesmas

limitações da avaliação por FCD.

Pinto (2004) apresenta o caso da empresa Vista Rio, que atua no setor de informações

geográficas digitais. O pesquisador avalia o projeto segundo FCD, sem flexibilidade, ao

qual acrescenta OR de expansão e abandono. Utiliza a mesma metodologia proposta por

Copeland & Antikarov (2002), em tempo discreto e conforme os 4 passos apresentados

por ambos. De acordo com essa abordagem, calcula a volatilidade consolidada, ao

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considerar as volatilidades dos preços dos sistemas, quantidade dos sistemas, preço de

processamento, percentual de processamento de base e percentual de venda por sistema.

Silva (2004) avalia a Opção de expansão somada à avaliação tradicional por VPL da

CST, por intermédio da metodologia proposta por Copeland & Antikarov (2002), na

qual fica demonstrado que a flexibilidade tem valor. A Opção Real de expansão é

representada pelo aumento da capacidade de produção de placas em 1,5 milhão de

toneladas. Consolida a volatilidade do projeto para a obtenção da árvore de eventos, ao

considerar a variação dos preços de placas de aço, preço da bobina e margem bruta.

Leva em conta as limitações da aplicação por ter utilizado apenas uma Opção e o prazo

do exercício.

Dias (2004) discute aplicações de OR no setor de petróleo, apresenta breve revisão

bibliográfica, discute processos estocásticos e a reversão à média para preços de

petróleo, investimento em exploração, obtenção de informações e a opção de expansão

de produção com a utilização de poços adicionais. Felipetto (2005) estuda a Opção de

expansão em um projeto de concessão de tratamento de resíduos em Nova Iguaçu (RJ).

Para tanto, faz abordagem segundo proposição de Copeland & Antikarov (2002), em

tempo discreto. Importante ressaltar que nesse estudo de caso, a Opção de expansão

representa negócio não relacionado ao ativo base, pois pretende estudar a instalação da

planta de geração de energia elétrica, cujo combustível é o subproduto do aterro

sanitário. Faz avaliação tradicional, sem flexibilidade, do projeto, em 18 anos, para

depois inserir a Opção. Consolida as volatilidades mais relevantes, tais como o preço de

energia, para a obtenção da volatilidade consolidada do projeto.

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Dias (2005) apresenta abordagem na qual combina a teoria das OR com outras teorias,

chamadas OR híbridas. Nesse contexto, a principal combinação é a que se refere à teoria

das OR e a teoria dos jogos, que objetiva propor a avaliação do comportamento das

outras empresas, assim como as reações. As aplicações acontecem principalmente no

setor de petróleo. Conclui também que em modelagem de incertezas, no caso do preço

do petróleo, para períodos de 10 a 30 anos, o MGB é uma ótima abordagem.

Apresentou, ainda, os conceitos inovadores de distribuição de revelações e de processos

de revelações. É discutida também a literatura existente sobre jogos de OR.

Albuquerque (2005) estuda o projeto da empresa Aracruz Celulose, avalia-o segundo a

abordagem tradicional por VPL e insere a Opção de Abandono. O estudo segue a

abordagem proposta por Copeland & Antikarov (2002). É feito em tempo discreto e

demonstra que a Opção de abandono soma valor à avaliação tradicional por VPL. As

variáveis mais importantes para o cálculo da volatilidade consolidada foram o preço

internacional da celulose de eucalipto, o preço de compra da madeira de eucalipto e a

taxa de câmbio projetada. Acrescenta que - segundo Copeland & Tufano (2004) - em

várias oportunidades semelhantes há conflitos entre o controle gerencial e o exercício

ótimo da Opção de Abandono. Argumenta, ainda, que as premissas utilizadas para o

valor dos alienáveis podem se traduzir em expressivos erros na estimativa.

Carvalho (2005) utiliza a abordagem proposta por Copeland & Antikarov (2002), avalia

em tempo discreto determinada empresa de tecnologia com OR e com a ajuda do

programa DPL. Ao fazê-lo, evolui o valor do projeto com e sem OR através de uma

árvore binomial, e não uma grade binomial, o que torna a visualização mais fácil. Após

encontrar o valor presente da empresa sem as OR, insere as Opções de Expansão,

considerando o lançamento de um novo produto, e de Abandono. O valor do projeto,

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com as Opções Reais, é acrescido em aproximadamente 10%. Conclui que a maior

limitação do estudo está associada às premissas sugeridas por Copeland & Antikarov

(2002). Em primeiro lugar, ao avaliar-se o VP do projeto para sua melhor estimativa

sem flexibilidade podemos estar introduzindo vários erros. A utilização do MGB pode

não ser a mais apropriada, devido à assimetria de informações. Importante destacar que

esta última premissa não é pré-requisito para a metodologia de Copeland & Antikarov

(2002).

2.2.5 Vantagens na Utilização de Opções Reais

A utilização de OR para avaliar projetos e empresas permite incorporar um ponto de

vista dinâmico à avaliação tradicional por FCD. E quanto maiores as flexibilidades

intrínsecas nesse projeto, maior a existência de OR nele. A complexidade original do

ferramental utilizado para a avaliação das OR tem diminuído com o emprego de

aplicativos computacionais que proporcionam interface mais inteligível na utilização

dessa ferramenta.

Verifica-se que a avaliação de projetos com flexibilidades sem OR torna-se incompleta.

A avaliação por FCD estabelece as premissas utilizadas na vida do projeto com as

informações que hoje se possui. O futuro guarda mudanças com respeito às premissas

assumidas originalmente. Com impactos sobre os FC futuros daquele projeto. Subavalia

projetos, sem levar-se em conta possíveis OR embutidas. Propicia a tomada de decisões

equivocadas, ou no mínimo, subótimas. Além disso, projetos com VPL igual a zero ou

levemente negativos - segundo a abordagem por FCD - podem apresentar VPL positivo

quando se soma as OR reais embutidas à análise tradicional.

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O setor de petróleo - foco do estudo desta dissertação - assim como outros onde o ativo

em questão é um recurso natural finito, apresenta inúmeras flexibilidades que o torna

inapropriado para avaliação por FCD. O desafio é o de avaliar o projeto com base nos

riscos inerentes, por exemplo, a flutuação dos preços do petróleo, variação dos preços

dos bens e serviços necessários às operações, existência ou não de petróleo, tipo de óleo

e o impacto sobre os preços dele, volume recuperável, possibilidade de adiamento da

produção, retomada da produção e abandono dela.

E essa é justamente a proposta da avaliação com a utilização de OR, de tal forma a

capturar o valor dessas flexibilidades embutidas. Ao acompanhar um princípio de

Finanças, o estudo da teoria das OR demonstra que essas flexibilidades têm valor. E

muitas vezes adicionam valor à análise tradicional por FCD de maneira que torna os

projetos atraentes e viáveis. Com a mudança paulatina de paradigmas, do paradigma da

avaliação estática de projetos por intermédio do FCD para o paradigma da avaliação

dinâmica deles com base nas OR, incorpora-se maneira de abordar o problema

relacionado à avaliação de projetos. Perfaz-se a visão dinâmica que é capaz de enxergar

o valor das flexibilidades, assim como incorporar informações à medida que o projeto

evolui.

Essa nova abordagem permite também a inserção de maiores possibilidades e

alternativas à tomada de decisão. A empresa pode comprar o direito de fazer

determinado projeto por um percentual dele. Caso não o faça, deixa de exercer esse

direito, mas o mais importante, deixa de investir valor expressivo em determinado

cenário que propiciará maior perda. Pode escalonar os investimentos sucessivos, tomar

decisões sobre eles quando obtiver mais informações. E pode criar “gatilhos” que a

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permita abandonar o projeto. Pode, ainda, permitir que ela deixe de desperdiçar

recursos, que poderão e deverão ser melhor empregados em outros projetos.

2.2.6 Limitações no Uso de Opções Reais

As limitações no uso das OR estão relacionadas a algumas premissas assumidas por

elas. Considera-se, após realizarmos a Simulação de Monte Carlo, uma única

volatilidade para o projeto. Consolidamos as volatilidades mais relevantes do projeto em

unidade singular, obtida por Simulação de Monte Carlo. Sabemos tratar-se de

simplificação, pois a volatilidade poderá variar a cada período, o que embute

possibilidade de exercício sub-ótimo das OR. Quanto maior o período de tempo

avaliado, maior a possibilidade de incorrer-se em erros com respeito à volatilidade

considerada.

Utiliza-se o VP como o valor do projeto, pois ele não é negociado no mercado, segundo

Copeland & Antikarov (2002). Esse fato pode embutir erros na avaliação, que se

traduzirá em erros na modelagem. Este VP foi obtido segundo avaliação por FCD, com

premissas e considerações realizadas com antecedência e poderão apresentar

incorreções, o que altera o VP do projeto. Na própria determinação do custo de capital,

podem ser assumidas premissas erradas, que se traduzirão em VP equivocado.

Ao utilizar-se árvore binomial, faz-se simplificação, pois, neste caso, o trabalho

desenvolve-se em tempo discreto, e não contínuo, o que trará algumas diferenças nos

valores obtidos nas OR e promoverá exercício subótimo das OR. A teoria das OR,

segundo Brandão (2002), prevê a gestão ativa, ou seja, o detentor do direito de exercê-la

é o agente que tanto poderá exercer a Opção quanto promover decisões que influenciem

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esse exercício. Diferentemente da situação de Opções Financeiras, em OR, esse

exercício, na maioria das vezes, não pode ser efetivado imediatamente, o que inviabiliza

o exercício ótimo das OR. Segundo Pinto (2004), o exercício não instantâneo

freqüentemente leva a decisões subótimas. Copeland & Tufano (2004) concluem que

freqüentemente os gestores não exercem as OR no melhor momento. Normalmente -

após algum tempo - seja por dificuldade de fazê-lo imediatamente seja por

subavaliações do melhor momento de exercício. Os autores sugerem, então, que as

empresas devem indicar claramente os responsáveis pelo exercício das OR, com a

natural identificação dos “gatilhos” para exercê-las.

O exercício das OR pressupõe que tudo acontecerá no cenário sem contramedidas pela

concorrência. No mundo dos negócios, no entanto, isso não acontece. Certamente, a

cada decisão de investimento haverá reação da concorrência, o que, muitas vezes, terá

como conseqüência decisões subótimas do detentor do direito sobre as OR, ou seja, a

Opção pode ou não ser exercida.

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3 O SETOR DE PETRÓLEO

O setor de petróleo conquistou importância sem par no mundo a partir do século XX. E

essa importância tem motivado a busca crescente por mais petróleo, primeiro em terra, e

depois no mar, para atender à crescente demanda por essa matéria-prima na economia

mundial. É apresentado, a seguir, breve histórico dessa atividade, primeiro no mundo e

depois no Brasil, para, em seguida, abordarmos a produção e a exploração de petróleo

em campos maduros.

3.1 BREVE HISTÓRICO DO SETOR NO MUNDO

Conforme Melo (2006), o setor de petróleo evoluiu paulatinamente no mundo com a

importância que essa matéria-prima tem representado desde o século XIX na economia

mundial. Em princípio, com aplicação mais limitada, o petróleo era obtido para o

aproveitamento do querosene para a iluminação. Os primeiros registros da obtenção do

petróleo por poços perfurados remontam à China, no século IV e, alguns estudos

revelam vestígios desses registros anteriores a esse período. O primeiro poço de

petróleo moderno, frente às mais antigas iniciativas, foi perfurado na Rússia imperial,

próximo a Baku, em 1848. Em 1859, o coronel Drake perfurou o primeiro poço de

petróleo, na Pensilvânia, Estados Unidos (EUA). Naquela época, a indústria do petróleo

crescia lentamente, impulsionada pela demanda por querosene e óleo para iluminação.

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Ainda na segunda metade do século XIX, de acordo com Melo (2006), é criada a

Standard Oil e o estado da Califórnia começa a produzir o produto. Com a incorporação

da tecnologia do motor de combustão interna à indústria, no fim do século XIX - a Ford

fabrica o primeiro modelo em 1896 - e a utilização do petróleo em várias aplicações na

indústria e no transporte, o setor petrolífero é incorporada à dinâmica da economia

mundial com importância relativa cada vez maior.

O início do século XX apresenta significativas descobertas de petróleo na província de

Alberta, Canadá, Índias Orientais Holandesas - atual Indonésia - Pérsia - atual Irã,

Venezuela e México. Durante esse mesmo século, a participação do petróleo na

economia mundial ganha relevância decisiva e fundamental. A Segunda Guerra

Mundial (1939-1945), o maior conflito armado a que o mundo até hoje assistiu, foi

marcada por grandes decisões tomadas que objetivaram conquistar, assegurar ou negar a

posse do petróleo. As campanhas do exército alemão no Cáucaso, na ex-União Soviética

(URSS), objetivaram alcançar as reservas soviéticas de petróleo. A campanha culminou

na decisiva batalha de Stalingrado. No Norte da África, as campanhas dos exércitos

alemão e italiano pretendiam alcançar o canal de Suez e as reservas britânicas de

petróleo no Oriente Médio.

Conforme observa Deighton (1993), o Japão teve sua entrada no conflito precipitada

pela ameaça ao fornecimento de petróleo do exterior, do qual o Japão era totalmente

dependente. Essa situação deflagrou o início da guerra na Ásia, com o ataque à

Indonésia, à época Índias Orientais Holandesas, para assegurar a posse das reservas de

petróleo na região. Bombardeios estratégicos protagonizados por aviões anglo-

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americanos foram realizados nas refinarias romenas em Ploesti. O objetivo era o de

destruí-las, para impedir o uso pelos exércitos alemães.

Com o fim da II Guerra Mundial e o enfraquecimento das antigas potências coloniais,

como Grã-Bretanha, França e Holanda, deflagra-se generalizado movimento de

independência nas antigas colônias localizadas na África e na Ásia. Com isso, imensas

reservas de petróleo dessas colônias, agora, passariam a pertencer a países que

recentemente conquistaram a independência nesses continentes. Ao mesmo tempo,

surgem as duas novas superpotências mundiais, EUA e URSS, que vêm ocupar o posto

mantido até a II Guerra Mundial pelas antigas potências coloniais. O mundo passa a ser

quase totalmente dividido em esferas de influência dos blocos de países alinhados com

os EUA ou com a URSS. Surgem diversos conflitos em regiões periféricas, longe da

Europa e EUA, boa parte deles relacionados aos recursos financeiros provenientes do

petróleo.

Entre os movimentos, ora pacíficos ora sangrentos, de independência desses antigos

impérios coloniais, surgem os primeiros conflitos e crises do setor de petróleo no

mundo. O primeiro deles, conforme Kinzer (2004), foi deflagrado com a nacionalização

das instalações da Anglo-Iranian pelo primeiro-ministro iraniano Mossadegh, em 1951.

Em 1960, é criada a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP),

organização constituída na maioria por ex-colônias. A entidade objetivava regular

preços e também os níveis de produção dos países-membro face à demanda dos países

importadores de petróleo.

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Em 1967, a crise deflagrada pela secessão de Biafra, que se tornou independente da

Nigéria, também foi motivada pelas reservas de petróleo existentes na região e pelos

interesses de grandes empresas de petróleo. Nesse conflito, de acordo com Forsyth

(1977), os interesses econômicos subjugam todos os demais, pois na guerra contra a

recém-criada Biafra, o regime militar da Nigéria é apoiado pela Grã-Bretanha, EUA e

URSS. Importante ressaltar que atualmente, nesta mesma região, de um país-membro

da OPEP, um movimento guerrilheiro separatista ameaça as instalações de empresas de

petróleo.

A descoberta de petróleo no Mar do Norte, no final da década de 1960, permite o

aumento de oferta do produto no mercado mundial. Ali, os principais produtores eram a

Grã-Bretanha e a Noruega. Os EUA, apesar de possuírem produção de petróleo há

muitos anos, e terem incorporado inclusive a atividade Offshore no Golfo do México no

lado norte-americano, são cada vez mais dependentes da importação de petróleo. De

acordo com registros apresentados por Duncan & Youngquist (1998), os EUA atingiram

o pico de produção doméstica de petróleo em 1970, mas são grandes importadores do

produto desde 1955.

Porém, em 1973, acontece o chamado primeiro grande choque de preços do petróleo,

com a Guerra do Yon Kippur, entre Israel e os países árabes vizinhos. São registrados

aumentos expressivos no valor do petróleo. O preço do barril do tipo Brent subiu de

US$ 3,78, em 1973, para US$ 15,50, em 1974. Em 1974, a crise provoca o embargo do

fornecimento de petróleo pelos países árabes produtores para os EUA e a Europa. Os

países produtores membros da OPEP percebem o grande poder representado pelo

petróleo. Isso em razão de que as maiores potências industriais - representadas pelos

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EUA, Europa e Japão – dependerem estrategicamente do petróleo, por não possuí-lo em

quantidade suficiente para atender às necessidades internas de consumo. O preço médio

do petróleo atinge US$ 13 o barril, em 1978.

Em 1979, acontece o segundo choque de preços do petróleo, com a deflagração da

Guerra Irã-Iraque. Naquele momento, os preços médios do barril do petróleo avançam

de US$ 13 para mais de US$ 40, o barril tipo Brent. No conflito, o regime do Iraque,

comandado pelo ditador Saddam Hussein, era apoiado pelos EUA.

Em 1990, o Kuwait é invadido pelo Iraque, comandado pelo regime de Sadam Hussein.

Face ao risco a algumas das maiores reservas de petróleo do mundo encontradas no

Oriente Médio, nesse caso, principalmente pelas reservas localizadas na Arábia Saudita

e no Kuwait, os EUA comandam uma coalizão de países na invasão do Kuwait para

expulsar as tropas iraquianas.

Com a manutenção dos preços do petróleo abaixo de US$ 20 por barril em boa parte da

década de 1990, identifica-se movimento de fusões e aquisições de grandes empresas de

petróleo, dentre as quais podemos exemplificar a fusão das British Petroleum e a

Amoco (1998), a aquisição da YPF pela Repsol (1999), as fusões entre a TotalFina e a

Elf Aquitaine, a Exxon com a Mobil em 1999, e a aquisição pela Chevron da Texaco em

2001. Essas empresas buscavam reunir sinergias, aumentar a escala das operações e

reduzir custos. Queriam, ainda, ampliar mercados e atingir novos, ao mesmo tempo, que

asseguravam maiores reservas e produção de petróleo.

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Em 2003, a invasão do Iraque representou novo cenário de instabilidade ao setor de

petróleo em todo o mundo. Esse temor generalizado provocou nova subida dos preços

internacionais do produto. A instabilidade na região do Oriente Médio permanece até

hoje. A situação política promove mais incertezas no mercado de petróleo.

Concomitantemente a isso, registre-se a ocorrência de fenômenos naturais como o

furacão Katrina, no Golfo do México, em 2005, que ajudou a aumentar ainda mais o

quadro de incertezas. Resultado: a manutenção dos preços do petróleo em níveis

elevados. Em 2006, o preço do barril se aproximou de US$ 80,00.

Nesse cenário de preços que beiram os US$ 70/barril, as estimativas e projeções iniciais

de reservas de petróleo até meados do século XXI devem ser reavaliadas, uma vez que

esse novo patamar de preços tem viabilizado projetos de produção de petróleo antes

inviáveis economicamente. O desenvolvimento de tecnologias para a busca e produção

de petróleo em profundidades sob o nível do mar cada vez maiores tem permitido a

prospecção da matéria-prima em regiões antes inimagináveis por serem inatingíveis.

Porém, resta a questão: o petróleo é um recurso natural finito e deverá ter o papel na

economia mundial paulatinamente substituído. A avaliação mais precisa quanto ao

tempo de duração das reservas de petróleo, no entanto, permanece ainda sem resposta.

Na tabela 1 é apresentado quadro relacionando à produção de petróleo de países

membros da OPEP, a produção de petróleo por países que formavam a ex-URSS e a

demanda líquida significativa representada pelos EUA e China.

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Item País Barris/dia x 1000 % OPEP01 Arábia Saudita 9.550 31,82%02 Argélia 1.352 4,50%03 Emirados Árabes Unidos 2.433 8,11%04 Indonésia 942 3,14%05 Irã 3.938 13,12%06 Iraque 1.875 6,25%07 Kuwait 2.529 8,43%08 Líbia 1.633 5,44%09 Nigéria 2.438 8,12%10 Qatar 800 2,67%11 Venezuela 2.525 8,41%

Total OPEP 30.015

01 Ex-Membros da URSS

01 EUA02 China

12.4106.900

Produção de Petróleo dos Países da OPEP - média 2005

Produção de Petróleo dos Países da Ex-URSS - média 2005

Demanda Líquida de Petróleo dos EUA e China

11.730

Tabela 1 - Produção e Demanda de Petróleo no mundo. Fonte: EIA, www.eia.doe.gov .

As economias dos países-membro da OPEP não demandam a maior parte da produção

de petróleo. A maior do que é produzido é destinado à exportação. Em contrapartida, os

países desenvolvidos, maioria das vezes, demandam mais do que produzem petróleo. O

maior exemplo são os EUA. A situação da China fica também demonstrada na tabela 1.

Tanto ela quanto a Índia estão em situação semelhante. Por isso, buscam novas fontes

para a obtenção do petróleo. A Índia adquiriu direitos sobre blocos exploratórios no

Brasil e a China no Oeste da África, em 2006.

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Figura 2 – Evolução dos preços do petróleo de 1947 a 2004, base 2004, segundo uma média dos

preços de petróleo bruto nos EUA e no mercado internacional. Fonte: WTRG Economics,

www.wtrg.com .

O gráfico apresenta na figura 2 a evolução dos preços do petróleo e o impacto sobre

eles, representado principalmente pela Guerra do Yom Kippur (1973), a Guerra Irã –

Iraque e a crise de instabilidade de preços iniciada pela 2a Guerra do Iraque, com a

invasão do país e a derrubada do regime de Saddam Hussein. Essa última fase de crise

dos preços tem sido alimentada também pelos furacões no Golfo do México, pela

guerrilha na Nigéria e ainda pela crise motivada pelo programa nuclear iraniano.

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3.2 HISTÓRICO DO SETOR NO BRASIL

A história do setor de petróleo no Brasil confunde-se com a história da Petrobras, criada

em 1953. Conforme Melo (2006), após algumas tentativas frustradas desde o final do

século XIX, em 1942 foram descobertos em Aratu, campos de gás natural e de petróleo

na ilha de Itaparica, ambos situados no recôncavo baiano.

Com a criação da Petrobras em 1953, o governo brasileiro cedeu-lhe campos de petróleo

no recôncavo baiano, uma refinaria em Mataripe, na Bahia, uma refinaria e uma fábrica

de fertilizantes, ambas em fase de construção, em Cubatão (SP), a Frota Nacional de

Petroleiros, com 22 navios e os bens da Comissão de Industrialização do Xisto

Betuminoso. A produção de petróleo naquele momento limitava-se a 2.700 barris por

dia. O parque de refino atendia a uma pequena fração do consumo nacional de

derivados, que chegava a 137 mil barris por dia, a maior parte importada.

Inicialmente, a Petrobras, detentora no Brasil do monopólio da produção e importação

de petróleo, optou pela construção de um parque de refino no Brasil que viabilizasse o

fornecimento de derivados para a demanda interna. Havia uma pequena produção de

petróleo no Brasil, basicamente concentrada no recôncavo baiano. Em contrapartida, a

produção de derivados de petróleo no Brasil - pela Petrobras - permitiria economia de

divisas, pois os derivados de petróleo representam maiores valores unitários quando

comparados ao petróleo bruto. Ou seja, seria mais vantajoso economicamente importar

petróleo bruto e refiná-lo no Brasil do que importar derivados de petróleo como a

gasolina e o diesel.

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A aplicação dessa estratégia, de acordo com Melo (2006), permitiu que na década de

1960 a Petrobras alcançasse um dos objetivos principais: a auto-suficiência na produção

dos principais derivados. Iniciaram operações as Refinarias de Duque de Caxias

(Reduc), no Rio de Janeiro, Gabriel Passos (Regap), em Betim, Minas Gerais e Alberto

Pasqualini (Refap), em Canoas, Rio Grande do Sul. Ainda nessa mesma década, a

Petrobras realizou a primeira descoberta de petróleo no mar: o campo de Guaricema, no

litoral de Sergipe.

O crescimento médio superior a 10% ao ano do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro

no início da década de 1970 fez com que o consumo de derivados de petróleo

duplicasse, o que obrigou a Petrobras a acelerar os investimentos em refino para atender

à demanda. São iniciadas as construções das refinarias de Paulínia (Replan) e do Vale

do Paraíba (Revap). São dessa época também a modernização da refinaria de Cubatão

(RPBC), e o início de construção da unidade de lubrificantes da Reduc.

Ao mesmo tempo a Petrobras incrementou esforços para aumentar a produção interna

de petróleo. Após a descoberta do campo de Guaricema, no litoral do estado de Sergipe,

foram realizadas mais de 20 descobertas no litoral de vários estados, todas de pequeno e

médio porte, mas que apontavam a direção dos investimentos da Petrobras em E&P nos

próximos anos. Com a descoberta do campo de Garoupa em 1974, no litoral do Estado

do Rio de Janeiro, inicia-se etapa bem-sucedida de E&P de petróleo na Bacia de

Campos, litoral brasileiro, que assumiria – anos depois - a posição de mais importante

província produtora de petróleo no país.

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40

Na década de 1970 também foi adotada a modalidade dos contratos de risco. A

experiência, mal sucedida, procurava aumentar a produção de petróleo brasileiro, ao

mesmo tempo em que diminuía a importação do produto, cujo custo unitário era cada

vez maior, face às duas crises do petróleo na década. Por intermédio dessa modalidade

de contratação algumas petroleiras vieram ao Brasil e procuraram petróleo, sem

sucesso. As despesas com a importação de petróleo e produtos derivados, segundo Melo

(2006), cresciam significativamente, impulsionadas pelas sucessivas crises do petróleo,

e atingiram US$ 10 bilhões em 1981.

Para o desafio de produzir em águas na faixa de 120 metros de profundidade, a

Petrobras valeu-se de tecnologia disponível no exterior. Assim foi implantada a primeira

fase de produção da Bacia de Campos, que permitiu ao Brasil aumentar

substancialmente a produção de petróleo, antes concentrada em terra. A produção

atingiu 675 mil barris diários em dezembro de 1989.

No início dessa etapa a Petrobras precisou desenvolver tecnologia para que fosse

possível a exploração e a produção de petróleo em profundidades antes não atingidas. A

iniciativa foi bem-sucedida. Tanto que a produção de petróleo na Bacia de Campos

passou a ser maior dentre todas as províncias produtoras de petróleo no Brasil. Em

1999, a empresa registrou 1.853 metros abaixo do nível do mar no campo de Roncador,

na Bacia de Campos, o que somente comprova a evolução no desenvolvimento de

tecnologia para exploração e produção de petróleo em profundidades antes nunca

atingidas. O gráfico, figura 3, apresenta a mudança do perfil de produção interna de

petróleo da Petrobras. É possível verificar que , a partir de meados da década de 1980, a

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41

parcela mais significativa da produção foi concentrada no mar, e que, em 2005, atingiu

mais de 86% de toda a produção.

Petrobras - Produção de Petróleo

0

200.000

400.000

600.000

800.0001.000.000

1.200.000

1.400.000

1.600.000

1.800.000

1970

1972

1974

1976

1978

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

Anos

Prod

ução

(bbl

/d) Terra

MarTotal

Figura 3 – Gráfico demonstrativo da evolução da produção de petróleo doméstica da Petrobras –

1970 até 2005. Fonte: Petrobras.

Há dois pontos significativos que explicam o comportamento do gráfico da Figura 3.

Em meados da década de 1980 é iniciada a produção nos campos marítimos em águas

rasas na Bacia de Campos, como Garoupa e Cherne. E em meados da década de 1990 é

iniciada a produção nos campos de petróleo em águas profundas na Bacia de Campos,

como demonstrado no gráfico. As duas datas foram marcos na produção rumo à auto-

suficiência em produção de petróleo, alcançada em 2006.

Em agosto de 1997 surge um novo cenário de competição na indústria do petróleo

brasileira. É criada a Lei 9.478, que regulamenta a emenda constitucional de

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flexibilização do monopólio estatal do petróleo. Viabiliza-se a entrada de novos

participantes na E&P de petróleo no Brasil. Por meio da mesma lei surge a Agência

Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que foi criada para

regular, contratar e fiscalizar as atividades do setor petrolífero no país.

A ANP organiza desde então licitações, nas quais blocos exploratórios no Brasil são

leiloados. As empresas vencedoras desses leilões são, durante o período de concessão,

detentoras do direito de explorar e produzir recursos de petróleo e gás que venham a ser

descobertos nesses blocos. Entre a 1a e a 7a rodada de licitação promovidas pela ANP -

sem considerar a fase B da 7a rodada, campos com pequenas acumulações de

hidrocarbonetos - foram ofertados 3.112 blocos. Desses, 594 forma adquiridos, o que

representou 19,09% dos blocos oferecidos em leilão. Foram arrecadados R$3,255

bilhões em bônus de assinatura para a aquisição de direitos exploratórios sobre os 594

blocos.

Na tabela 2 há o quadro com o resumo das rodadas da ANP de 1 a 7, não incluídos os

blocos com pequenas acumulações de hidrocarbonetos.

Rodada Ano Blocos Licitados Arrematados % Empresas Bônus R$ 1a 1999 27 12 44,44 11 321.656.6372a 2000 23 21 91,30 16 468.259.0693a 2001 53 34 64,15 22 594.944.0234a 2002 54 21 38,89 14 92.377.9715a 2003 908 101 11,12 6 27.448.4936a 2004 913 154 16,87 19 665.196.028

7a - Fase A 2005 1.134 251 22,13 22 1.085.802.800Total 3.112 594 19,09 3.255.685.021

Tabela 2 – Resultado das rodadas de licitação da ANP, da 1a a 7a Rodadas. Fonte: ANP.

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3.3 CAMPOS MADUROS E MARGINAIS

A partir da 7a Rodada de Licitações, fase B para acumulações marginais, realizada em

outubro de 2005, é inaugurada, segundo a ANP, uma nova etapa da flexibilização do

setor de petróleo e gás no Brasil. Além dos blocos oferecidos com risco exploratório, a

ANP disponibiliza blocos na fase B da licitação constituídos por campos de petróleo e

gás em terra, nos estados da Bahia e Sergipe, na maioria pertencentes a campos

maduros, nos quais a presença de hidrocarbonetos já havia sido confirmada.

De acordo com a ANP, foram licitados pela Petrobras, na primeira iniciativa, em maio

de 2000, 73 campos maduros. Mas somente foram arrematados 13 campos, 4 deles em

Alagoas e 9 na Bahia. Ainda de acordo com a ANP, o relativo insucesso da 1a iniciativa

deveu-se, principalmente, aos preços mínimos excessivamente elevados. A Petrobras,

após essa primeira experiência, organizou, em 2002, a licitação internacional

CORP/001/2002, que objetivou leiloar mais campos maduros.

Para atrair interesse das empresas postulantes a esses campos, eles foram agrupados

nessa licitação. Dessa forma, o leilão compreendia grupos de campos. Cada grupo

leiloado de campos reunia campos com mais acumulações e campos com menos

acumulações de hidrocarbonetos. Ou seja, cada lote leiloado reunia ao mesmo tempo

campos com maiores volumes e com menores volumes de hidrocarbonetos. Essa

licitação, porém, foi cancelada pela Petrobras, devido à volta do cenário de elevação

preços do petróleo, que novamente tornou atrativa economicamente para a Petrobras a

atividade de produção em campos com pequenos volumes de hidrocarbonetos.

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Segundo a Assessoria de Comunicação da Petrobras, o cenário de preços elevados do

petróleo a partir de 2001 fez com que a empresa investisse em gerenciamento de

reservatório, com o objetivo de aumentar a produção desses campos em terra. E desde lá

a empresa tem sido bem-sucedida nessa iniciativa, como atesta a experiência no campo

de Massapé, na Bahia. Em operação há mais de 40 anos, registrava produção de 200

barris/dia de petróleo. Foi objeto de trabalhos com sísmica 3D e nova modelagem

geológica. O que permitiu, no fim de 2003, a abertura de um novo poço que atingiu

vazão inicial de 1.300 barris de petróleo/dia.

Ainda de acordo com a Assessoria de Comunicação da empresa, técnicas usadas no

aumento do fator de recuperação de hidrocarbonetos nesses campos permitem que eles

sejam utilizados como pilotos no desenvolvimento de outros campos. Seriam,

posteriormente, aplicadas em campos offshore, cuja escala de produção é muito maior.

Além disso, a aquisição da Perez Companc em 2002, na Argentina, hoje Petrobras

Energia, especializada em campos de petróleo e gás maduros em terra, tem permitido a

utilização no Brasil das melhores técnicas lá empregadas.

Os EUA e Canadá, com a atividade do setor do petróleo em um estágio de maior

maturidade que o brasileiro, possuem experiências bem-sucedidas de empresas de

pequeno e médio porte que produzem petróleo e gás em terra. De acordo com o diretor

da ANP, Newton Monteiro, 23.000 empresas de pequeno e médio porte dedicam-se nos

EUA à produção de petróleo em campos maduros, cujo volume produzido em 2005

superava a produção de petróleo da Petrobras no Brasil. Isso representa

aproximadamente 25% da produção interna de petróleo nos EUA. No Canadá, onde

segundo a Canadian Association of Petroleum Producers (www.capp.ca) foram

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produzidos em média em 2005 2,6 milhões barris de petróleo por dia, há uma

associação de pequenas empresas reunidas na Small Explores and Producers

Association (SEPAC). Segundo a ANP, há 2,2 mil pequenos e médios produtores de

petróleo e gás no Canadá. As pequenas e médias empresas nos EUA e Canadá, de

acordo com a ANP, são responsáveis por 300 mil empregos diretos.

A Universidade Federal da Bahia (UFBA), que junto a ANP opera o campo escola de

Quiambina, perto de Salvador, relatou que o pequeno produtor de petróleo e gás nos

EUA possui as seguintes características médias: produz 400 barris/dia de petróleo e 200

mil m3 de gás; 75% dos poços operados produzem menos do que 15 barris de petróleo

por dia; possuem em média 50 poços de petróleo e 40 poços de gás; 11 funcionários

empregados por empresa; idade média da operação de cada campo é de 25 anos; receita

bruta anual de US$4 milhões e lucro líquido anual de US$500 mil. A UFBA ainda

acrescentou que a operação do campo de Quiambina tem demonstrado viabilidade

operacional, técnica e econômica de um campo maduro. Destaca, ainda, que o campo

possui somente um único poço produtor de petróleo.

Baseada nessas, e em outras experiências internacionais, a ANP pretendia, com as

licitações de campos maduros, estimular o surgimento de grupos de empresas até agora

ausentes na atividade de exploração e produção de petróleo e gás no Brasil, constituído

por firmas de pequeno e médio porte. Nesses leilões, a ANP tem procurado afastar o

risco geológico da atividade proposta, pois na maioria das vezes, a presença de

hidrocarbonetos nos campos ofertados já havia sido comprovada. Além disso, muitos

desses campos já produziram hidrocarbonetos. Não seria necessário o aporte de

significativos recursos financeiros para iniciar-se a produção nesses campos, quando

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comparados aos campos com risco exploratório, ao mesmo tempo em que esses campos

permitem a geração de caixa mais célere.

Um último componente contribuiu para estimular a concorrência por esses campos: os

atuais altos níveis de preço do petróleo impulsionaram a participação e viabilizaram a

produção nesses campos de acumulações marginais de hidrocarbonetos. Dados na

Bloomberg News de 4/7/2006 indicam que esse aumento de preço do petróleo tem

impulsionado pequenas empresas nos EUA a produzir petróleo de campos

subexplorados anteriormente por grandes empresas. Segunda a publicação, o

Departamento de Energia dos EUA afirma que aproximadamente 7% da produção de

petróleo norte-americana vem de campos abandonados por grandes empresas.

Conforme citado por Dias (2005), a eliminação do risco geológico tem estimulado

empresas a investirem em campos maduros, em vez de fazê-lo em campos onde o risco

está presente. Acrescenta ainda que empresas têm considerado os campos terrestres

especialmente valiosos, porque em um cenário de preços favoráveis do petróleo -

exatamente o quadro atual - podem ser colocados em produção mais rapidamente do

que os campos marítimos. Borba et al. (2004) apresenta estudo sobre a revitalização de

um campo maduro em terra, no estado de Alagoas, o qual, como conseqüência de novos

estudos e novas perfurações realizadas, incrementa o perfil de produção, originalmente

em fase de declínio. É apresentado na figura 4 gráfico sobre esse campo, com a

produção revitalizada.

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Figura 4 – Perfil de produção no campo de petróleo de Pilar, após perfuração de mais poços,

Alagoas, Brasil, 1980-2020. Fonte: Borba, et al (2004).

O perfil de produção projetado do campo de Pilar era declinante (linha vermelha), típico

de um campo maduro. Após as intervenções realizadas, voltou a aumentar, o que

significou a recuperação do quadro de declínio original (linha azul).

Neste trabalho utilizaremos a definição proposta por Câmara (2004) para a conceituação

de campos de petróleo maduros. Segundo pesquisa realizada por ele, diante dos

resultados obtidos com os profissionais do setor de petróleo, o autor classifica campos

maduros de petróleo como aqueles que já produziram 40% do volume recuperável de

petróleo, conforme às medições iniciais do volume de petróleo encontrado no campo.

Câmara (2004) também observa que há a superposição de conceituações de campos

maduros e marginais na literatura do segmento.

Campo de Pilar – Perfil de Produção

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Ainda de acordo com a proposição do autor, o conceito atribuído a campos marginais

aplica-se àqueles que operam no limite da produção econômica. Em um cenário de

preços de petróleo extremamente voláteis, encontraremos campos cujas operações

podem migrar de não econômicas a econômicas à medida que os preços do barril do

petróleo aumentam, o que faz viabilizar as operações.

Portanto a abordagem destaca que a conceituação de campos maduros aplica-se a

critérios técnicos, relacionados ao volume recuperável de hidrocarbonetos do campo,

enquanto a conceituação de campos marginais relaciona-se a requisitos de natureza

econômica, sobre quanto custará produzir quando comparado a quanto significará em

receitas determinado campo de petróleo.

A conceituação de campos maduros de Câmara (2004), somada às inúmeras

acumulações de hidrocarbonetos subexplorados existentes no Brasil, descortina o

cenário promissor para esse setor recém-criado, formado pela atividade de produção de

hidrocarbonetos em pequenos volumes e por novas empresas no setor de petróleo no

Brasil. Um campo maduro de petróleo compreende, portanto, um campo cujo volume de

hidrocarboneto já havia sido confirmado, seja em volume recuperável ou em tipo de

óleo já produzido. Para a empresa que produzirá petróleo de um campo maduro, estão

afastadas incertezas técnicas referentes ao volume e ao tipo de petróleo a ser produzido.

As incertezas presentes relacionam-se à volatilidade dos preços do petróleo. Além disto,

não há dúvida sobre o início da produção em um campo maduro após a abertura de

poços produtores de petróleo. A presença dele já foi confirmada. O volume a ser

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produzido, considerado o histórico de produção anterior, é variável estimada com

razoável precisão. Portanto, um campo maduro de petróleo e/ou gás é um que já possui

a presença do hidrocarboneto assegurada e, diante da definição de Câmara (2004), com

um perfil de produção em fase de declínio, pois já produziu pelo menos 40% do

petróleo recuperável.

De acordo com Paes (2003), a Petrobras possuía 142 campos maduros no Brasil, cujas

reservas representavam aproximadamente 100 milhões de barris de petróleo, volume

inferior a 1% das reservas provadas da Petrobras em 2005, segundo o critério da SEC.

No entanto, para um mercado emergente desse setor, representa interesse econômico

significativo.

A realização, pela ANP, da 7a Rodada - fase B, em outubro de 2005, e da 2a Rodada de

Campos com Acumulações Marginais de Hidrocarboneto, em junho de 2006,

possibilitou o surgimento de inúmeras novas empresas no setor de petróleo no Brasil.

Os resultados alcançados nas licitações demonstram o grande interesse pelas áreas

oferecidas nas duas rodadas, representado pelo percentual de campos arrematados em

relação aos oferecidos.

Na 7a Rodada da ANP - Fase B, foram arrematados 16 dos 17 blocos oferecidos em

leilão (94,12%), enquanto na 2a Rodada da ANP de Acumulações Marginais, foram

adquiridos 11 das 14 áreas oferecidas (78,57%). O grande percentual de áreas

arrematadas em relação às oferecidas, quando comparado aos percentuais registrados

nas rodadas anteriores da ANP, somado ao interesse demonstrado pelo número de

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empresas que apresentaram propostas - 46 na 7a Rodada e 30 na 2a Rodada - demonstra

o sucesso dessa iniciativa. Baseada provavelmente no bom resultado obtido, a ANP

organizará, ainda em 2006, a 8a Rodada de Licitações. Nela, dentre os blocos

oferecidos, há 49 deles situados em bacias terrestres maduras. As ofertas para esses

blocos, situados na bacia de Sergipe-Alagoas, serão recebidas em novembro de 2006.

Importante observar que, enquanto nas rodadas anteriores para áreas inativas com

acumulações marginais de hidrocarbonetos, as áreas oferecidas representavam

respectivamente 88 km2 e 220,8 km2 , na 8a Rodada de Licitações da ANP, para campos

maduros, a área total oferecida totaliza 1.459,85 km2 . As empresas vencedoras dessa

licitação deverão, segundo cronograma proposto pela ANP, assinar os contratos de

concessão em 14 de março de 2007.

A ANP, provavelmente, vai licitar, a partir de 2007, entre uma e duas vezes por ano,

áreas inativas com acumulações marginais de hidrocarbonetos. O cenário atual de

elevados preços do petróleo permite supor a manutenção do grande interesse pelas

empresas por essas licitações. Nas tabelas 3 e 4 há quadros-resumo das duas licitações

realizadas pela ANP, em outubro de 2005 e junho de 2006, de campos com pequenos

volumes de hidrocarbonetos.

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Item Área Bacia Estado Empresa/Grupo Bônus R$01 Sempre Viva Tucano Sul BA Orteng/Delp/Logos 300.00002 Curral de Fora Tucano Sul BA Sem Proposta Sem Proposta03 Araçás Leste Recôncavo BA Egesa 401.01104 Rio Una Recôncavo BA Sinalmig 51.23305 Bom Lugar Recôncavo BA Geobras 50.00006 Jacarandá Recôncavo BA Alcom 279.99907 Fazenda São Paulo Recôncavo BA Petrolab 102.60108 Pitanga Recôncavo BA Dalcoquio 97.56009 Gamboa Recôncavo BA Petrolab 2.00110 Jiribatuba Camamu BA Pioneira 104.20011 Morro do Barro Camamu BA Panergy/ERG 710.99912 Cidade de Aracaju Sergipe SE Pioneira 106.20013 Alagamar Sergipe SE C Foster 10.00014 Foz Vaza Barris Sergipe SE RAL Engenharia 413.00015 Tigre Sergipe SE Severo & Vilares 200.00016 Carapitanga Sergipe SE Silver Marlim 207.00017 Cidade Pirambu Sergipe SE C Foster 10.000

Totais 3.045.804

7a Rodada da ANP/Fase B - Áreas Inativas com Acumulações Marginais

Tabela 3 – Resultado da 7a Rodada da ANP, Fase B, para acumulações marginais, outubro de 2005.

Fonte: ANP

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Item Área Bacia Estado Empresa/Grupo Bônus R$01 Espigão Barreirinhas MA Panergy 1.115.55002 Oeste de Canoas Barreirinhas MA Engepet/Perícia 3.275.20003 São João Barreirinhas MA Rio Proerg 4.237.50004 Rio do Carmo Potiguar RGN Proen 51.10005 Carnaubais Potiguar RGN Sem Proposta Sem Proposta06 Riacho Velho Potiguar RGN Genesis 500.00007 Chauá Potiguar RGN Sóllita 105.00008 São Manoel Potiguar RGN Arclima 150.00009 Trapiá Potiguar RGN Proen 150.00010 Quixabá Potiguar RGN Sem Proposta Sem Proposta11 Porto do Mangue Potiguar RGN Rio Proerg 337.70012 Rio Ipiranga E Santo ES Cheim 611.00013 Rio Barra Nova E Santo ES Sem Proposta Sem Proposta14 Crejoá E Santo ES Koch 144.008

Totais 10.677.058

2a Rodada da ANP de Acumulações Marginais em Áreas Inativas

Tabela 4 – Resultado da 2a Rodada da ANP de Acumulações Marginais, junho de 2006.

Fonte: ANP.

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4 METODOLOGIA

O estudo apresentado nessa dissertação baseia-se na metodologia proposta por Copeland

& Antikarov (2002), a qual estabelece premissas para a evolução do projeto, da

volatilidade e das OR. Os passos previstos consideram análise em tempo discreto, que

permitirá a identificação do comportamento do projeto a cada período inteiro de tempo,

o que no caso específico desta dissertação corresponde a um ano de intervalo entre cada

momento.

4.1 O MODELO

O modelo proposto por Copeland & Antikarov (2002) considera duas premissas: a

negação do ativo negociado – Marketed Asset Disclaimer (MAD) - cuja abordagem

prevê que o valor do ativo negociado em questão - que em nosso caso será o projeto em

análise - sem flexibilidade, representa a melhor estimativa para o valor do projeto, e que

os retornos são normalmente distribuídos, o que implica que as variações do VP

seguirão caminho aleatório.

A primeira consideração propõe uma maneira alternativa para avaliar o ativo subjacente.

Ele não é uma commodity, nem tampouco um título negociado regularmente no

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mercado, sobre o qual haja histórico de preços. Portanto não há parâmetros para

compará-lo a algum título cujo preço e comportamento sejam conhecidos. Nessa

situação, Copeland & Antikarov (2002) propõe abordagem na qual, face às restrições

apresentadas, o valor que melhor representa aquele projeto é o próprio VP sem

flexibilidade, obtido por intermédio do método tradicional de FCD.

A segunda consideração apresentada diz respeito à evolução dos valores do projeto

analisado e ao qual serão adicionadas as OR. Segundo Samuelson (1965), em um

mercado eficiente, os preços de um ativo já embutem todas as informações disponíveis.

Independentemente de quais sejam os fluxos de caixa esperados para o projeto, o VP

possuirá variações que obedeçam a um caminho aleatório. Se utilizar-se a abordagem de

Samuelson (1965), poder-se-á combinar as incertezas do projeto com a simulação de

Monte Carlo, o que permitirá se obter estimativas da volatilidade desse mesmo projeto.

Obtém-se, portanto, a combinação das incertezas que traduzirá a volatilidade única do

projeto.

Diante dessas considerações iniciais sobre o VP do projeto e a volatilidade dele, é

apresentada a abordagem de Copeland & Antikarov (2002) do estudo do projeto que

obedecerá aos passos que se seguem:

1o - Será obtido o VP sem flexibilidade do projeto em questão, um campo maduro de

petróleo, por intermédio do FCD. As premissas serão o tempo previsto para a duração

do projeto, diante da realidade inarredável de que o petróleo é um recurso natural finito,

e a avaliação em tempo discreto. O intervalo de tempo entre cada período a avaliar será

de 1 (um) ano. O projeto em questão será um campo hipotético de petróleo em terra. O

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custo de capital, que permitirá o desconto dos Fluxos de Caixa do projeto, será obtido

por intermédio do CAPM.

O projeto possui somente capital próprio. Conforme a abordagem realizada na revisão

da literatura:

Ke = Rf + Beta x (E(Rm) – Rf) (3)

Rf é Taxa Livre de Risco; Beta é o risco sistêmico da ação que corresponda ao risco do

capital próprio e E(Rm) é o retorno esperado de uma carteira de ações do mercado.

2o - Em seguida busca-se a identificação das incertezas mais significativas do projeto,

para a combinação delas por intermédio da simulação de Monte Carlo, a ser feita com o

ferramental disponibilizado pelo programa @Risk. Essa nova volatilidade – incerteza -

obtida será utilizada como única com a qual evolui o projeto, ano a ano. O desvio

padrão da árvore de eventos é o desvio padrão das variações do logaritmo neperiano do

VP no momento 1 sobre o VP no momento 0. As variações do VP1 serão obtidas pelos

diferentes FC que o projeto poderá assumir. Importante salientar que se adaptou a

metodologia proposta por Copeland & Antikarov (2002), ao se utilizar as modificações

sugeridas em Brandão et al. (2005b, p.105) e Godinho (2006). Nessa nova abordagem, a

Simulação de Monte Carlo projeta os possíveis valores das variáveis mais relevantes no

instante 1, enquanto as variáveis nos anos posteriores evoluem segundo a projeção

original do projeto sem flexibilidade, condicionadas à realização do FC1. Ou seja,

somente o Fluxo de Caixa em 1 é estocástico, enquanto que os posteriores são

condicionados aos valores assumidos em 1. É fixado o denominador e variamos o

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numerador segundo a simulação de Monte Carlo, com isso projetamos vários retornos

possíveis para o projeto, a fim de obter o desvio padrão dos retornos dele, onde:

z = ln0

11 )(VP

FCFVP + (4)

Em (4), z representa o retorno do projeto, (VP1 + FCF1) é o Valor Presente dos Fluxos

de Caixa futuros do projeto no tempo igual a 1, somados ao Fluxo de Caixa no tempo

igual a 1, e VP0 é o Valor Presente do projeto no tempo igual a zero, que será mantido

constante. Os valores que o projeto pode assumir possuem distribuição lognormal.

3o - De posse dessa única incerteza para todo o projeto, em função dos resultados

obtidos na simulação de Monte Carlo, será elaborada a árvore de eventos, com a ajuda

do programa DPL, a qual prevê os movimentos ascendentes e descendentes do valor do

projeto em cada nó da árvore segundo Cox et al.(1979), as variáveis u (ascendente) e d

(descendente), taxa de juros livre de risco (Rf), probabilidades neutras a risco p e (1-p),

σ = volatilidade do projeto, e finalmente considerados intervalos de tempo de 01 (um)

ano, onde:

u = e tσ (5)

d = 1/u (6)

FCn ascendente = FCn-1. u (7)

FCn descendente = FCn-1.d (8)

p=)(

)1(du

dRf−

−+ e q = (1 - p) (9)

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De acordo com Cox et al.(1979), para valores pequenos de variação de tempo, pode-se

adotar (5), onde u representa o movimento ascendente da árvore que será obtida, ou

seja, o valor que multiplica o projeto com uma evolução positiva, maior que o valor

inicial, portanto, u será sempre maior que 1. Já d significa o movimento para menos,

descendente, que o projeto assume no momento 1, que multiplica o valor inicial do

projeto. Como d é igual a 1/u, d será sempre menor que 1.

Como uma das premissas, será adotado o Movimento Geométrico Browniano (MGB),

conforme a abordagem de verificação apresentada nesse capítulo, no item 4.4. As

evoluções ascendentes e descendentes da árvore, portanto, seguirão um MGB. No

MGB, a distribuição probabilística dos preços que o ativo ou projeto poderão assumir é

lognormal. A volatilidade do projeto σ será obtida pela simulação de Monte Carlo,

como será descrito em 4.2. Como o intervalo de tempo é igual a 1, a fórmula será

limitada a eσ . Os Fluxos de Caixa ascendente e descendente serão obtidos com a

multiplicação dos parâmetros u e d pelos valores iniciais do projeto.

Será utilizada árvore binomial, conforme ao que fora proposto por Brandão, Dyer &

Hahn (2005b, p.104), e não a grade binomial apresentada por Copeland & Antikarov

(2002). Brandão et al. (2005b, p.104) propõe que para análises que envolvam muitos

períodos, a árvore binomial é de mais fácil visualização, além de permitir maior

flexibilidade para inserção de OR em seus nós. Além disso, conforme Hull (2002), a

taxa livre de risco é utilizada. Ou seja, os fluxos de caixa futuros podem ser trazidos a

valor presente pela taxa livre de risco. O ajuste ao risco ocorre nas probabilidades

neutras a risco p e q. A árvore binomial apresenta os mesmos resultados da grade

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binomial. Há somente uma duplicação de alguns nós, como na figura 5, onde há 2 nós

iguais a Sud.

Su Su2

S

Sd

t=0 t=1 t=2

Figura 5 – Árvore Binomial

4o - À árvore obtida segundo os parâmetros na figura 5 serão acrescentadas as OR

previstas no projeto. Será adicionada a Opção de Expansão, para depois, separadamente,

ser incluída a Opção de Abandono, e finalmente obter-se-á a árvore com OR de

Expansão e Abandono. A nova árvore representará o novo VP do projeto com as

flexibilidades operacionais, ou OR, exercidas. O valor das OR em cada uma das

hipóteses, Expansão, Abandono e ambas simultaneamente, será igual ao Valor Presente

do projeto com as flexibilidades embutidas menos o Valor Presente do projeto sem as

flexibilidades.

4.2 SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO

O método da simulação de Monte Carlo, cujo nome, de acordo com Eckhardt (1987),

relaciona-se aos cassinos de Monte Carlo, em Mônaco, gera aleatoriamente valores para

Sud Sud Sd2

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variáveis incertas para simular um modelo. Ainda segundo Eckhardt (1987), o método

foi desenvolvido originalmente para o projeto Manhattan, cujo objetivo era a construção

da bomba atômica na II Guerra Mundial, e é creditado ao matemático polonês Stalislav

Ulam. Este matemático, ao trabalhar com John von Newman e Nicholas Metropolis,

desenvolveu algoritmos que, utilizando recursos computacionais, coletassem amostras

de um universo conhecido e realizassem simulações. Metropolis chamou essa

metodologia de Monte Carlo, justamente devido à característica aleatória dos resultados

nos cassinos, oriundo de um número conhecido de alternativas.

O comportamento aleatório/randômico dos jogos dos cassinos de Monte Carlo

aproxima-se ao modo como os números são selecionados na simulação. A simulação

prevê quais resultados poderá assumir, mas não qual será o próximo resultado. As

ferramentas de simulação computacional selecionam aleatoriamente os dados de

entrada, dentro de uma distribuição de probabilidades definida inicialmente, ao obter

dados de saída para eles. Essa simulação é repetida tantas vezes quanto se deseje. Os

dados de entrada podem ser, por exemplo, os volumes recuperáveis de petróleo de um

reservatório, e ainda os possíveis graus segundo o American Petroleum Institute (API)

desse mesmo petróleo.

Todos esses parâmetros poderão, a cada valor específico considerado, traduzir-se em

possíveis Valores Presentes do projeto analisado. O objetivo da simulação realizada

nesta dissertação será repeti-la várias vezes, de tal forma a reduzir o desvio-padrão do

resultado obtido pela simulação de Monte Carlo. Utiliza-se repetir a simulação 10.000

vezes ou mais, a fim de reduzir esse desvio-padrão, o que pode ser realizado com

ferramentas computacionais como o @Risk.

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60

4.3 PREMISSAS

As premissas consideradas neste trabalho referem-se aos parâmetros iniciais de projeto,

de tal forma a obtermos a evolução do campo de petróleo segundo um MGB, sem as

Opções Reais embutidas, para posteriormente embuti-las. Por tratar-se do estudo de um

campo de petróleo maduro, cujas licitações a ANP iniciou em 2005, será criado um

campo fictício ou hipotético de petróleo. Descrevemos a seguir o modelo criado para o

estabelecimento das premissas.

1a - O campo de petróleo terrestre hipotético considera o período de dez anos de

operação, ao fim dos quais as reservas de petróleo iniciais são esgotadas. São

considerados parâmetros fundamentados no Edital Internacional CORP/001/2002, da

Petrobras, assim como na 7a Rodada da ANP, fase B, ocorrida em 2005, e na operação

do campo escola da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Quiambina, Bahia. O

projeto criado para a exploração do campo possui somente capital próprio. O custo de

capital será definido segundo a abordagem do CAPM para Rf, Beta e E(Rm). Os

parâmetros iniciais permitirão também supor volume estimado de óleo a ser recuperado,

segundo os dados históricos que antecedem a licitação, e tipo de óleo, traduzido pelo

grau API. Na avaliação do Valor Presente do campo de petróleo será ainda considerado

o valor estimado para a aquisição do direito à produção (valores médios da 7a Rodada

da ANP – fase B), e o valor estimado para instalações da produção e custos

operacionais, obtidos em estimativas para as duas concorrências citadas e a operação em

Quiambina.

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2a - A volatilidade será obtida segundo a Simulação de Monte Carlo, considerada como

parâmetro mais importante para ela a volatilidade dos preços do petróleo, tipo Brent. A

Simulação de Monte Carlo consolidará essa volatilidade, o impacto no Fluxo de Caixa

do projeto, e calculará a volatilidade do projeto, representada pela variação dos retornos

esperados do projeto entre os períodos 1 e 0.

3a - A árvore binomial será obtida após a definição dos parâmetros u e d, em razão da

obtenção da volatilidade do projeto por meio do programa @Risk, que fará uso da

Simulação de Monte Carlo. O programa DPL promoverá o desenvolvimento da árvore

binomial, ao considerar, também, os parâmetros p e (1-p).

4a – Serão inseridas inicialmente as Opções de Expansão, caracterizadas por reabertura

de mais poços produtores. Posteriormente, à árvore sem Opções, serão modeladas

Opções de Abandono do campo. Na conclusão da avaliação, são adicionados

conjuntamente Opções de Expansão - reabertura de mais poços produtores - e

Abandono. O objetivo é comparar o valor do projeto sem as Opções e, posteriormente,

os valores com a presença de cada grupo de Opções, sejam de Expansão, Abandono, ou

ambas. Verificar-se-á que as Opções capturam o valor das flexibilidades operacionais

do projeto, aumentam o valor original, sem flexibilidade. Serão considerados preços

estimados de reabertura de poços e valores para abandono do campo, em função dos

ativos presentes e das reservas de petróleo existentes.

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62

4.4 A HIPÓTESE DO MOVIMENTO GEOMÉTRICO BROWNIANO (MGB)

O estudo apresentado nesta dissertação assume a hipótese de evolução do valor do

projeto, assim como dos preços do petróleo tipo Brent – negociado na Bolsa de Londres

– segundo um MGB. Ainda como premissas, os retornos do projeto são normalmente

distribuídos e, conseqüentemente, os valores que o projeto pode assumir são

lognormalmente distribuídos e podem ser modelados como um MGB com volatilidade

constante. Foi considerada a volatilidade dos preços do petróleo tipo Brent como a

volatilidade mais relevante para efeito da obtenção da volatilidade consolidada do

projeto, após a utilização da Simulação de Monte Carlo. Outros riscos como os

associados à presença do petróleo e volume a ser produzido estão afastados. O campo

hipotético já produziu petróleo anteriormente, quando operado pela Petrobras, a qual já

havia determinado o tipo do petróleo presente e o volume a produzir.

Muitos autores consideram que os preços de uma commodity - como o do petróleo –

obedecem ao comportamento de um Movimento de Reversão à Média, em função das

forças de mercado que regulam a oferta e a demanda dos bens, que ditariam um

comportamento mais previsível da evolução dos preços. Esse fato favoreceria o

equilíbrio desses preços entre oferta e demanda. Dias (2005, p.62), porém, considera

que modelagens baseadas em preços do petróleo em um período de 34 anos, após o teste

de Dickey-Fuller, não rejeitam a hipótese do MGB. Ainda segundo Dias (2005, p.62),

Dixit & Pindyck (1994) confirmaram que testes econométricos realizados para um

período de dados de 30 anos não foram capazes de rejeitar a hipótese do MGB.

Page 78: AVALIAÇÃO DE CAMPO DE PETRÓLEO MADURO POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp047667.pdf · Figura 4 – Perfil de produção do campo de Pilar, após a perfuração de mais poços,

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Considerando a hipótese assumida, o MGB, foram executados testes estatísticos –

Dickey-Fuller Aumentado (DFA), Phillips-Perron (PP) e Kwiatkowski, Phillips,

Schmidt e Shin (KPSS), de tal forma a verificar se a hipótese de utilização do MGB não

poderia ser rejeitada para o projeto avaliado nesta dissertação. No caso estudado, serão

considerados os preços nominais do petróleo tipo Brent, negociado em Londres, para

essa avaliação. Esses preços foram coletados de 1970 até setembro de 2006, em bases

mensais. Não foram considerados períodos anteriores, devido à volatilidade menor dos

preços antes das grandes variações promovidas pelas crises do petróleo. A primeira

delas ocorreu com a guerra entre Israel e os países árabes, em 1973. Os valores do

estudo são os logaritmos neperianos dos preços do petróleo, função das considerações

iniciais do projeto. As tabelas 5,6 e 7 apresentam os resultados dos três testes

estatísticos.

Os resultados dos três testes realizados não conseguem rejeitar a hipótese de MGB,

quando comparados aos valores críticos para 1%, 5% e 10%, para o período

considerado, 1970 a 2006. Corroboram a hipótese considerada para esse projeto, ou

seja, os valores que o projeto pode assumir podem ser modelados como um MGB. No

teste Dickey-Fuller Aumentado, o resultado obtido foi -17,58135. Para o teste Phillip-

Perron, o valor foi - 17,39659. Para o último teste, Kwiatkowski, Phillips, Schmidt e

Schin, o valor obtido foi 0,279616.

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Teste Dickey-Fuller AumentadoHipótese Nula: D(Petr) tem raiz unitária

Estatística-t ProbabEstatística do Teste -17.58135 0Valores Críticos 1% -3.445059

5% -2.86791910% -2.570232

Equação do TesteVariável Dependente: D(Petr,2)Método: Mínimos QuadradosAmostra: Jan 1970/Set 2006Variável Coef Erro Padrão Estat t ProbabD(Petr(- 1)) -0.829758 0.047195 -17.58135 0

C 0.1353 0.094693 1.428829 0.1538R Quad 0.414847 Var Depend Média -0.000776R Q Ajust 0.413505 Var Depend SD 2.579097SE Regr 1.975149 Critério Akaike 4.203721Res S Q 1700.93 Critério Scwarz 4.222361Poss Log -918.6149 Estat F 309.104DW 1.961431 Probab Estat F 0

Tabela 5 – Resultados do Teste Dickey-Fuller Aumentado.

Page 80: AVALIAÇÃO DE CAMPO DE PETRÓLEO MADURO POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp047667.pdf · Figura 4 – Perfil de produção do campo de Pilar, após a perfuração de mais poços,

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Teste Phillips-PerronHipótese Nula: D(Petr) tem raiz unitária

Estat-t Adj ProbabEstatística do Teste -17.39659 0Valores Críticos 1% -3.445059

5% -2.86791910% -2.570232

Variância Residual 3.883401Variância Corrigida HAC 3.319791

Equação do TesteVariável Dependente: D(Petr,2)Método: Mínimos QuadradosAmostra: Jan 1970/Set 2006Variável Coef Erro Padrão Estat t ProbabD(Petr(- 1)) -0.829758 0.047195 -17.58135 0

C 0.135300 0.094693 1.428829 0.1538R Quad 0.414847 Var Depend Média -0.000776R Q Ajust 0.413505 Var Depend SD 2.579097SE Regr 1.975149 Critério Akaike 4.203721Res S Q 1700.93 Critério Scwarz 4.222361Poss Log -918.6149 Estat F 309.104000DW 1.961431 Probab Estat F 0

Tabela 6 – Resultado do Teste Phillips-Perron

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Teste Kwiatkowski-Phillips-Schmidt-Shin Hipótese Nula: D(Petr) é Estacionária

Estat LMEstatística do Teste 0.279616Valores Críticos Assintót. 1% 0.739000

5% 0.46300010% 0.347000

Variância Residual 3.990245Variância HAC Corrigida 4.688462

Equação do TesteVariável Dependente: D(Petr)Método: Mínimos QuadradosAmostra: Jan 1970/Set 2006Variável Coef Erro Padrão Estat t Probab

C 0.162847 0.095447 1.706153 0.0887R Quad 0 Var Depend Média 0.162847R Q Ajust 0 Var Depend SD 1.999839SE Regr 1.999839 Critério Akaike 4.226285Res S Q 1751.718 Critério Scwarz 4.235590Poss Log -926.6697 DW 1.659406

Tabela 7 – Resultados do Teste Kwiatkowski-Phillips-Schmidt-Shin

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5 AVALIAÇÃO DE CAMPO MADURO DE PETRÓLEO

A avaliação proposta compreenderá o estudo de uma empresa hipotética vencedora de

um leilão da ANP para a aquisição dos direitos de produção de petróleo durante um

período definido de tempo. Ao fim desse período, esse campo deverá ser devolvido à

ANP. O início da avaliação vai considerar a empresa que estiver na operação do campo

de petróleo sem flexibilidades operacionais. Isso permitirá obter-se o valor dele sem

flexibilidade, por intermédio da avaliação por FCD, para posteriormente inserir-se as

OR de expansão, abandono, e combinação de ambas à avaliação original. Considerou-se

que a empresa utiliza somente capital próprio nas atividades.

Conforme ao que fora apresentado no item 4.3, o campo de petróleo terrestre hipotético

pressupõe o período de dez anos de operação, ao fim dos quais, segundo o parâmetro

histórico de fator de recuperação, as reservas de petróleo inicialmente consideradas

estarão esgotadas. Os valores iniciais das reservas - 200 mil barris de petróleo -

representam a estimativa inicial do volume de petróleo a ser produzido. Esses dados são

oriundos do histórico de operação anterior do campo, o qual havia sido descoberto pela

Petrobras, que o operou durante algum tempo. Posteriormente esse campo foi devolvido

a ANP, que o licitou em leilão.

Page 83: AVALIAÇÃO DE CAMPO DE PETRÓLEO MADURO POR …livros01.livrosgratis.com.br/cp047667.pdf · Figura 4 – Perfil de produção do campo de Pilar, após a perfuração de mais poços,

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Inicialmente, não são considerados quaisquer incrementos das técnicas de produção que

permitam aumentar esse fator de recuperação, segundo parâmetros históricos. São

considerados dados operacionais, de custos e receitas baseados no Edital Internacional

CORP/001/2002, da Petrobras, de 2002, na 7a Rodada de Licitações da ANP, fase B,

ocorrida em 2005, e na operação do campo escola da Universidade Federal da Bahia,

em Quiambina, Bahia.

Na avaliação do Valor Presente do campo de petróleo será utilizado um valor estimado

para a aquisição do direito à produção, representado pelos valores médios de aquisição

dos direitos dos campos de petróleo e gás terrestres obtidos na 7a Rodada da ANP – fase

B. Serão ainda estimados valores para instalações para produção e manutenção delas.

Como afirmado há pouco, esses dados fundamentam-se no Edital Internacional

CORP/001/2002, da Petrobras, de 2002, na 7a Rodada da ANP, fase B, ocorrida em

2005, e na operação do campo escola da Universidade Federal da Bahia, em Quiambina,

Bahia. De posse dessas premissas será feita avaliação do campo maduro de acordo com

os passos propostos por Copeland & Antikarov (2002), segundo a metodologia

apresentada no Capítulo 4. O percentual adotado para os Royalties sobre a produção,

5%, é o mesmo utilizado pela ANP na 7a Rodada de Licitações, Fase B.

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5.1 ESTIMATIVA DO VALOR PRESENTE SEM FLEXIBILIDADE

5.1.1 Principais Premissas Adotadas

O projeto considera as seguintes premissas no cálculo do Valor Presente sem

flexibilidade:

a) Tempo de duração das reservas - sem considerar novas intervenções - será de 10

anos, que representam o período de operação do campo de petróleo. Ao final desse

período, as reservas estarão esgotadas;

b) Gasto inicial de instalações previsto em R$ 1,2 milhão, depreciado em 10 anos, com

a inclusão dos cavalos mecânicos de produção;

c) Gasto previsto de desmobilização, aprovisionada no início do projeto, de R$ 800 mil;

d) Gasto para a reabertura de 4 poços produtores de petróleo, também chamado de

Workover, de R$ 800 mil - aproximadamente R$ 200 mil por poço;

e) Custo de manutenção das instalações com estimativa anual de R$ 60 mil no ano 1,

corrigido aproximadamente em 5% ao ano até o ano 10, o que traduz um custo no

último ano de operações R$ 93 mil;

f) Lance médio da 7a Rodada, fase B, da ANP, para a aquisição dos direitos de produção

de hidrocarbonetos foi de R$200 mil. Esse será o valor adotado para a aquisição deste

campo de petróleo, o que a ANP convenciona como bônus de assinatura;

g) Considera-se inicialmente a utilização de 4 poços produtores de petróleo na operação

do campo de petróleo;

h) O volume inicial de petróleo estimado, sem considerar novas intervenções que

venham a aumentar o fator de recuperação das reservas, será de 200 mil barris. Esse

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70

será, portanto, o volume do campo sem que se considere flexibilidades operacionais,

tais como reabertura de mais poços ou abandono;

i) A produção inicial projetada para o campo será de 32 mil barris de petróleo por ano, a

qual decrescerá, à medida que as reservas forem esgotadas. No último ano de operação

do campo de petróleo atingirá 7 mil barris de petróleo. A tabela 6 apresenta a produção

a cada ano e as reservas restantes;

Ano Produção Barris Reservas Restantes01 32.000 168.00002 30.000 138.00003 27.000 111.00004 24.000 87.00005 22.000 65.00006 19.000 46.00007 16.000 30.00008 13.000 17.00009 10.000 7.00010 7.000 0

Tabela 8 – Perfil de produção do campo de petróleo maduro.

j) São previstas a cada dois anos intervenções nos poços, de tal forma a assegurar a

produção de petróleo, a um custo médio de R$ 220 mil no ano 2, R$ 243 mil no ano 4,

R$ 268 mil no ano 6 e R$ 295 mil no ano 8, o que representa aproximadamente o

incremento de 5% ao ano;

l) Os Royalties adotados são os mesmos da 7a Rodada de licitações da ANP, Fase B, de

2005: 5% sobre a receita bruta da produção de petróleo do campo;

m) O preço nominal esperado no ano 0 de venda do barril de petróleo é de R$ 110,00,

baseado na projeção inicial de preço a US$ 50,00/barril, de acordo com as

características do petróleo do campo hipotético, tais como grau API e percentual de

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água presente no petróleo. Além disso, espera-se um câmbio de R$ 2,20 por dólar norte-

americano. Adotou-se a projeção de preços nominais do petróleo baseada no

International Energy Agency. De acordo com o Dow Jones, em 7/11/2006, essa agência

prevê o crescimento dos preços do petróleo até 2030 da ordem de 1,7% ao ano, o que

resultaria, no fim desse período, em preços nominais de aproximadamente US$ 97,00 o

barril. Com isso, a cada ano será considerado o incremento nos preços nominais do

petróleo de 1,7%, baseado no parâmetro inicial de R$ 110,00, no ano 0;

n) Foi projetado custo variável inicial estimado de R$ 17,60/barril de petróleo

produzido, baseado em custo variável estimado em US$ 8,00/barril;

o) A tributação sobre o lucro será igual a 34%, o que inclui o Imposto sobre a Renda e

a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.

5.1.2 Cálculo do Custo de Capital da Empresa

Como a empresa hipotética considerada possui somente capital próprio (Ke), o custo de

capital será obtido através do cálculo do CAPM, conforme a pesquisa realizada por

Silva (2006), onde:

Ke= ))((Pr RfRmErasilêmioRiscoBRf −++ β (10)

Os termos desta equação são apresentados a seguir:

a) Rf – Taxa de juros equivalente ao bônus emitido pelo governo norte-americano, para

um período de 10 anos, semelhante ao período do projeto estudado. Será adotada a

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Treasury Constant Maturities, com prazo de vencimento de 10 anos, mesmo prazo do

esgotamento do campo de petróleo, igual a 4,46% ao ano, cotação a 30/11/2006,

conforme ao descrito no site www.federalreserve.gov/releases/h15/Current/, em

4/12/2006;

b) Beta – Beta médio desalavancado do setor norte-americano de petróleo, empresas de

serviços e equipamentos de petróleo, em um universo de 98 empresas, beta igual a 0,98,

dados de janeiro de 2006, conforme ao que fora sugerido pelo Professor Damodaran em

http://pages.stern.nyu.edu/~adamodar/, 2/11/2006;

c) (E(Rm) – Rf) – Prêmio de risco do mercado norte-americano, considera os dados que

representam a média geométrica dos prêmios do período de 1928 a 2005, que resultam

em 4,80% ao ano, conforme ao que fora sugerido pelo Professor Damodaran em

http://pages.stern.nyu.edu/~adamodar/, 2/11/2006;

d) Ajuste do CAPM ao prêmio de risco Brasil – Spread do risco Brasil em relação a um

título de dívida do governo norte-americano. Foi utilizado o Embi+ Brasil, que procura

aferir o risco Brasil ao considerar vários títulos de dívida, igual a 223 pontos-base sobre

títulos emitidos pelo governo norte-americano, cotação de 30/11/2006, Jornal Valor

Econômico, 10/12/2006.

Substituindo na fórmula (10), o Custo de Capital da empresa hipotética é igual a:

Ke = 4,46% + 2,23% + 0,98 x (4,80%) = 11,39 % aa.

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5.1.3 Cálculo do Valor Presente sem Flexibilidade

Com os parâmetros calculados foi construída planilha que apresenta, como resultado, o

Fluxo de Caixa Livre do Campo Maduro Hipotético para a obtenção do Valor Presente e

o Valor Presente Líquido do projeto, sem as flexibilidades operacionais. Cada passo

estará presente, conforme as hipóteses apresentadas em 5.1.1 e 5.1.2.

O Valor Presente obtido será, de acordo com o 1o passo proposto por Copeland &

Antikarov (2002), o valor do projeto sem flexibilidade, o mesmo valerá para o VPL, ao

deduzir-se investimentos iniciais. Esse mesmo valor aparecerá na árvore binomial,

mostrada no programa DPL, a qual representa também o projeto sem as flexibilidades

operacionais. O resultado encontrado na avaliação do campo de petróleo sem

flexibilidades operacionais considera o custo de capital igual a 11,39 % ao ano

demonstra que ele possui VPL de R$ 4,591 milhões, como na Tabela 7, que abate os

investimentos iniciais.

Os investimentos iniciais serão os relativos à reabertura dos 4 poços produtores de

petróleo, o chamado workover, instalações no campo de petróleo, lance médio de

aquisição dos direitos de produção sobre o campo por 10 anos e provisão para

desmobilização e devolução do campo à ANP. O VP do campo, estimado com esse

custo de capital, é de R$ 7,598 milhões.

A planilha na tabela 7 relaciona os dados compatíveis com a produção declinante do

petróleo, ano a ano, o que representa menores receitas a cada ano, e conseqüentemente

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menores Fluxos de Caixa Livre, até o encerramento das operações no ano 10, com o

esgotamento das reservas do campo de petróleo.

Há também intervenções nos poços produtores, para manutenção da produção, a cada

dois anos, com custo estimado em R$ 220 mil, R$ 243 mil, R$ 268 mil e R$ 295 mil,

sucessivamente. É apresentada linha, a última da planilha, constituída pelo Fluxo de

Caixa Livre do projeto, cujo valor, ano a ano, descontado pelo custo de capital do

projeto, será utilizado para a obtenção dos VP e VPL do projeto.

A planilha na tabela 7 também demonstra a evolução do declínio das reservas de

petróleo do campo, chegando a zero no último ano, produção estimada a cada ano, e os

custos estimados de manutenção a cada ano, projetados como R$ 60 mil no primeiro

ano e com a adição de incrementos de aproximadamente 5% a cada ano.

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Simulação de Campo de Petróleo Maduro 04 poços Unidade R$ Ano Descrição 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Reservas 200.000 168.000 138.000 111.000 87.000 65.000 46.000 30.000 17.000 7.000 Produção-Barris 32.000 30.000 27.000 24.000 22.000 19.000 16.000 13.000 10.000 7.000 Workover (800.000) Intervenções (220.000) (243.000) (268.000) (295.000) Manutenção (60.000) (63.000) (66.000) (69.000) (73.000) (77.000) (80.000) (84.000) (89.000) (93.000) Instalações (1.200.000) Custo/Barril-USD8 (563.200) (528.000) (475.200) (422.400) (387.200) (334.400) (281.600) (228.800) (176.000) (123.200) Vda/Barril_USD50 3.579.840 3.413.154 3.124.060 2.824.150 2.632.814 2.312.448 1.980.429 1.636.453 1.280.210 911.382 Bid Médio ANP (200.000) Vb Desmobilização (800.000) Royalty-5% (178.992) (170.658) (156.203) (141.207) (131.641) (115.622) (99.021) (81.823) (64.011) (45.569) Lucro Bruto 2.777.648 2.431.496 2.426.657 1.948.542 2.040.973 1.517.426 1.519.808 946.831 951.200 649.613 Depreciação Antes LL (120.000) (120.000) (120.000) (120.000) (120.000) (120.000) (120.000) (120.000) (120.000) (120.000) LAIR 2.657.648 2.311.496 2.306.657 1.828.542 1.920.973 1.397.426 1.399.808 826.831 831.200 529.613 IRPJ/CSLL-34% (903.600) (785.909) (784.263) (621.704) (653.131) (475.125) (475.935) (281.122) (282.608) (180.068) LL (3.000.000) 1.754.048 1.525.587 1.522.393 1.206.838 1.267.842 922.301 923.873 545.708 548.592 349.544 Mais Depreciação 120.000 120.000 120.000 120.000 120.000 120.000 120.000 120.000 120.000 120.000 FCL (3.000.000) 1.874.048 1.645.587 1.642.393 1.326.838 1.387.842 1.042.301 1.043.873 665.708 668.592 469.544 TIR 52,39% VPL 4.598.204 11,39% 7.598.204

Tabela 9 – Fluxo de Caixa do Campo Hipotético sem Flexibilidades.

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5.2 CÁLCULO DA VOLATILIDADE

5.2.1 Identificação das Principais Variáveis para o Cálculo da Volatilidade

O campo maduro considerado já possui a presença de petróleo comprovada, pois já produziu

no passado. A principal incerteza presente no projeto é a volatilidade dos preços do petróleo.

Mas ao utilizar-se um MGB para simular a evolução dos preços, esses mesmos preços

assumem uma distribuição lognormal. A volatilidade calculada, portanto, é o desvio-padrão

da diferença dos logaritmos neperianos dos preços, ou seja, a volatilidade representa um

desvio-padrão do retorno dos preços do petróleo.

Para tanto são utilizados dados do petróleo tipo Brent, negociado em Londres, de janeiro de

1970 a setembro de 2006. A partir de 1970 inicia-se um período de maior volatilidade dos

preços do petróleo, comparado à evolução dos preços em períodos anteriores. Há a 1a crise

dos preços, em 1973, após a Guerra do Yom Kippur, seguida do período de maior volatilidade

dos preços. A volatilidade consolidada desse período – janeiro de 1970 a setembro de 2006 - é

igual a 33,71% ao ano.

5.2.2 Determinação da Volatilidade Consolidada do Projeto

Será utilizado o programa @Risk para, com a Simulação de Monte Carlo, chegar-se à

volatilidade consolidada do projeto, considerada a evolução dos valores segundo um MGB. O

programa, em 10.000 iterações, simulará os resultados no ano 1 da operação do campo,

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considerando os dados de entrada de simulação dos preços do petróleo, 33,71% ao ano, o VP

do projeto sem flexibilidade de R$7.598.204, e a evolução projetada dos preços do petróleo

segundo a International Energy Agency, de 1,7% ao ano, até 2030. Vale lembrar que o

programa simulará as variações no ano 1, mantendo o VP no ano 0 fixo. A cada variação do

ano 1, o preço do petróleo dos anos 2 até o ano 10 será alterado, de acordo com a evolução

projetada de 1,7% ao ano. O desvio-padrão obtido como resultado da Simulação de Monte

Carlo é 45,39%. O mesmo, na tabela 8, é obtido pela variação de:

Z = )0/)11(( VPFCLVPLN + (4)

Statistic Value Minimum -356,93%Maximum 152,30%Mean -0,50%Std Dev 45,39%Variance 0,206007986Skewness -0,425351699Kurtosis 3,874732057Median 1,94%Mode 3,58%

Tabela 10 – Resumo dos resultados da Simulação de Monte Carlo, no programa @Risk.

5.3 MODELAGEM DA ÁRVORE BINOMIAL

De posse da volatilidade consolidada do projeto, obtida por intermédio da Simulação de

Monte Carlo, o programa DPL constrói a árvore binomial do projeto sem as flexibilidades

operacionais. O valor do projeto será igual ao valor calculado na planilha de preços, ou seja,

R$ 7,598 milhões, obtido por FCD tradicional. Essa árvore binomial será a base sobre a qual

serão inseridas as OR de (1) Expansão, (2) Abandono e (3) Ambas simultaneamente.

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As variáveis relevantes para o desenvolvimento da árvore binomial são:

VP = R$ 7.598.204

Volatilidade do Projeto σ = 45,39%

Rf Brasil = 4,46% + 2,23% = 6,69% (ajustado com o Embi+ Brasil)

u = e tσ = 1,5744 (5)

d = 1/u = 0,6351 (6)

p =)(

)1(du

dRf−

−+ = )6351,05744,1(

6351,0)0669,01(−−+ = 0,4597 = 45,97% (9)

q = (1-p) = (1- 0,4597) = 0,5403 = 54,03% (9)

Na figura 7 é demonstrado trecho da árvore binomial sem OR, segundo o programa DPL.

Como não foram inseridas OR, o valor da árvore é exatamente o valor do projeto sem

flexibilidades operacionais, ou seja, sem as Opções de Expansão, nem de Abandono. O valor

que a árvore apresentará, portanto, é de R$ 7,598 milhões. Posteriormente, a essa árvore serão

inseridas as OR de Expansão, de Abandono e ambas, simultaneamente. Fica também

demonstrada a facilidade de visualização dos nós em cada galho. Ela calcula o valor da árvore

em cada nó.

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Figura 6 – Modelo de parte da árvore de eventos sem Opções, mostrando o valor do projeto – R$7.598.204

- e os anos 1, 2, 3 e 4, segundo o DPL.

5.4 CÁLCULO DAS OPÇÕES REAIS NO PROJETO E MODELAGEM DA ÁRVORE

COM AS OPÇÕES

Neste item serão inseridas inicialmente OR de Expansão à árvore binomial de eventos.

Posteriormente serão inseridas OR de Abandono. Finalmente serão adicionadas,

simultaneamente, OR de Expansão e de Abandono. As OR de Expansão representarão a

reabertura de mais 3 poços produtores de petróleo, além de intervenções que aumentem o

fator de recuperação do petróleo produzido. As OR de Abandono serão constituídas pelo

abandono negociado do campo de petróleo, por um determinado valor, diante do cenário de

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preços declinantes do petróleo. Finalmente, será avaliado o impacto de ambas as OR serem

exercidas durante o mesmo cenário, ou seja, Opções Conjuntas de Expansão e Abandono.

5.4.1 Opção Real de Expansão

As OR de Expansão são caracterizadas pelo exercício da flexibilidade operacional constituída

por reabertura de mais poços produtores de petróleo. Esse evento poderá ser realizado nos

anos 1, 2 e 3, sucessivamente, um poço a cada ano. Esses poços já existiam originalmente no

campo, antes da licitação da ANP, mas estavam fechados, devido à baixa produtividade. Um

cenário de preços do petróleo que viabilize a reabertura permitirá o exercício dessas OR de

reabertura de poços produtores de petróleo. Além disso, associada às reaberturas dos poços

produtores de petróleo, serão realizadas intervenções nos poços de tal forma a aumentar o

fator de recuperação de petróleo, e conseqüentemente a produção do campo maduro, quando

comparado ao volume original de petróleo do campo.

Melo & Aboud (2006) apresentam novas técnicas de intervenção em campos maduros, cujo

resultado foi o incremento da produção em 37%. Essas técnicas já foram utilizadas no Brasil

com sucesso. Borba et al. (2004) demonstraram o aumento de produção de determinado

campo de petróleo maduro (Pilar), após a abertura de mais poços, diante de novos estudos

geológicos e geofísicos. O trabalho realizado em Pilar fez com que a produção, em outubro de

2003, atingisse mais de 6 mil barris de petróleo/dia, número 5 vezes superior à produção

anteriormente prevista. Para o campo hipotético estudado, é estimado o custo de reabertura de

poço, convencionado como Workover, intervenção para incremento de produção, e instalações

de produção, que incluem a instalação de mais um cavalo de produção de petróleo, de R$ 500

mil, por cada poço, valores no instante 0.

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O exercício dessas OR permitirá, então, o aumento do valor do campo por meio do aumento

do fator de recuperação de petróleo obtido, ou seja, maior volume de petróleo será produzido,

se comparado ao volume inicialmente previsto de 200 mil barris. O novo volume total

estimado será maior que os 200 mil barris de petróleo previstos originariamente, sem o

exercício das OR de Expansão. O exercício das OR de Expansão dar-se-á quando o cenário de

preços do petróleo for de tal modo que justifique a reabertura de mais poços de produção,

além da utilização de procedimentos que aumentem a produção nesses poços. Ou seja, valerá

a pena pagar os custos necessários à reabertura daquele poço, R$ 500 mil no momento 0, pois

os resultados conseguidos em aumento de produção serão superiores àqueles custos.

A Opção de reabertura do poço e incremento de produção de petróleo no ano 1, com

intervenção para aumento do fator de recuperação, projeta o incremento do valor do campo de

20%, por meio do aumento da produção de petróleo, assim como do volume total a produzir

no campo. No ano 2 o incremento será de 15%, enquanto que a reabertura e a intervenção

para aumento de produção no ano 3 projetam o incremento no valor do campo de 10%.

O exercício dessas OR faz com que o valor do campo maduro atinja R$ 8.803.141, segundo o

resultado obtido pelo programa DPL. Comparado ao valor do campo sem as flexibilidades

operacionais, R$ 7.598.204, percebe-se que essas OR representam a diferença entre ambos,

R$ 1.204.937, ao adicionar 15,86% ao projeto original, sem flexibilidade. Na figura 8 é

apresentada parte do modelo conforme o programa DPL.

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Figura 7 – Modelo de Árvore Binomial com OR de Expansão no DPL, com o projeto valendo R$8.803.141,

e apresentando a Opção sendo exercida no ano 2.

A árvore apresenta o novo valor do projeto, R$ 8,803 milhões, e parte da evolução do projeto,

com o exercício da Opção de Expansão no ano 2.

5.4.2 Opção Real de Abandono

O exercício dessas OR representa abandonar o campo, caso o nível dos preços do petróleo

seja reduzido de forma que o VP da operação fique abaixo de determinado valor de abandono.

Nesse caso, seria mais interessante interromper a produção e devolver o campo à ANP. O

campo poderia ser negociado por valores dos ativos que possam ser vendidos, no caso, os

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cavalos de pau de produção de petróleo, que se estima que possuam liquidez e bom valor de

revenda.

Considera-se que, face ao aumento sensível da atividade de produção de hidrocarbonetos em

campos maduros, o mercado de bens e serviços estará muito “aquecido”, o que permite supor

que os cavalos de pau de produção de petróleo possam ser negociados por custos próximos

daqueles de aquisição deles. Com dados das operações do campo-escola em Quiambina,

estima-se que cada cavalo de pau represente R$ 150 mil. Inicialmente há quatro cavalos, que

totalizam R$ 600 mil. Com a reabertura de mais poços, estima-se que pelo menos mais dois

cavalos sejam incorporados às operações do campo, o que representaria mais R$ 300 mil. No

total, o valor dos cavalos representará R$ 900 mil.

A Opção de Abandono caracterizar-se-á pelo cenário de preços de petróleo que venha a fazer

o Valor Presente do campo ser inferior aos cavalos de pau. Neste caso, a produção poderá ser

interrompida, ser realizada a desmobilização e o campo devolvido à ANP. Importante

salientar que o cenário de várias empresas que operam em campos maduros terrestres permite

supor boa liquidez e boa demanda para esses ativos, no caso, os cavalos de pau. Portanto, se o

Valor Presente do campo for maior que o valor da venda desses ativos, continua-se a produzir.

Caso contrário, a Opção de Abandono poderá ser exercida. O VP desses ativos para venda é

estimado em 80% do valor de aquisição no ano 6, R$ 720 mil, 70% do valor na aquisição no

ano 7, R$ 630 mil, e no ano 8 estimado como R$ 540 mil, 60% do valor deles inicialmente.

Estes seriam os valores-limite para o exercício das Opções de Abandono. São valores no

momento inicial.

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Na construção da árvore, essas OR serão inseridas para simulação nos anos 6, 7 ou 8, e seus

exercícios são condicionados ao cenário de preços do petróleo. Portanto, nesses anos essas

OR poderão ser exercidas. Verifica-se que a inserção das OR de Abandono faz com que o

projeto atinja o valor de R$ 7.912.480, o que significa aumento de 4,14% sobre o valor

original do projeto, R$ 7.598.204.

O valor das OR de Abandono, portanto, é igual à diferença entre o projeto com e sem

flexibilidade. O que representa R$ 314.276. Essas Opções são o direito que o titular do campo

de petróleo possui. Ele pode escolher se quer exercer essa Opção. A seguir, na figura 9, está

apresentada parte do modelo como no programa DPL.

A figura 9, ainda, apresenta o trecho da árvore com parte do ano 6, com a Opção exercida em

dois cenários. Eles farão com que seja vantajoso, em determinado nível de preços, devolver o

campo em troca do valor presente dos cavalos de pau. Em outros dois cenários de preços,

paralelos aos anteriores, a Opção de Abandono não é exercida.

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Figura 8 – Modelo de Árvore Binomial com OR de Abandono noano 6, apresentando Opção de Abandono

sendo exercida e não exercidas, no DPL.

5.4.3 Opções Reais de Expansão e Abandono

Nessa seção são inseridas simultaneamente as OR de Expansão e Abandono. São no mesmo

modelo acopladas às OR de Expansão nos anos 1, 2 e 3, e Abandono nos anos 6, 7 ou 8. As

condições de exercício de cada conjunto de OR são as mesmas propostas nos itens 5.4.1 e

5.4.2. Nas OR de Expansão o aumento de valor proporcionado pela abertura de mais poços

deve ultrapassar os custos e despesas para fazê-lo, entre reabertura de poços e intervenções.

No caso das OR de Abandono, o VP do campo deverá ser inferior aos VP dos ativos com

liquidez e mais demandados, os cavalos de pau.

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Como resultado da flexibilidade operacional representada pelas OR de Expansão e Abandono,

na mesma campanha, o campo de petróleo maduro assume novo valor, R$ 9.074.504,

superior ao do campo sem flexibilidades. Esse valor possui a diferença sobre o campo sem

flexibilidades de R$ 1.476.300, o aumento de 19,43%, referente ao valor da flexibilidade

operacional associada à possibilidade de exercício das OR de Expansão, por abertura de mais

poços e aumento da produção de petróleo, e de Abandono do campo. Nesse caso, ambas

poderão ser exercidas no mesmo projeto. Nas figuras 10 e 11 é reproduzida parte dos modelos

ao incorporar as OR de Expansão e Abandono, anos 1, 7 e 8, conforme o DPL.

Figura 9 – Modelo de Árvore Binomial com OR de Expansão e Abandono, apresentando o novo valor do

projeto – R$9,074 milhões – e parte dos anos 1 e 2, com exercício das Opções de Expansão no DPL.

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Figura 10 – Modelo de Árvore Binomial com OR de Expansão e Abandono, apresentando os nós 7 e 8,

com exercício das OR de Abandono no DPL.

O resultado do exercício conjunto das OR de Expansão e Abandono, como demonstrado, é

inferior à soma das OR de Expansão e de Abandono, isoladamente. Enquanto o exercício no

mesmo campo de petróleo das OR de Expansão e Abandono totaliza R$ 1,476 milhão, o

exercício das OR de Expansão representa R$ 1,204 milhão e a de Abandono, R$ 314 mil,

conforme 5.4.1 e 5.4.2. Portanto, o exercício separadamente das OR supera em valor, quando

somado, R$ 1,518 milhão, o exercício das OR de Expansão e Abandono no mesmo campo,

R$ 1,476 milhão. O exercício de OR de Expansão pode impedir o eventual exercício posterior

de Opção de Abandono em um mesmo campo, diante do aumento de valor dele. Na figura 12

é apresentado resumo dos percentuais de exercício das OR.

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Figura 11 – Resumo do resultado percentual do exercício das OR de Expansão e Abandono no mesmo

campo, no DPL.

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Os resultados percentuais de exercício das OR, apresentados na figura 12, demonstram que no

1o ano de operação do campo, por exemplo, são exercidas 100% das OR de Expansão. No 2o

ano, 76% das OR e no 3o ano, 51% das OR de Expansão. Já no ano 6 são exercidas as OR de

Abandono em 10% das vezes, no ano 7 em 11%, e no ano 8 as OR de Abandono são

exercidas em 43% das oportunidades. Os resultados obtidos representam as probabilidades

reais de exercício, tendo sido utilizado no modelo a taxa de desconto do projeto, 11,39%, e

não a probabilidade neutra a risco.

5.5 RESUMO DOS RESULTADOS

O resumo dos resultados representado pelo exercício das OR demonstra que as Opções

adicionam valor ao campo de petróleo maduro sem flexibilidade, sejam elas de Expansão ou

Abandono. A flexibilidade operacional representada pelas possibilidades de expandir a

atividade do campo de petróleo pela reabertura de mais poços de produção, assim como pelo

abandono dele, caso o valor seja inferior aos cavalos de produção, demonstra a importância

das OR nessa avaliação, somada à avaliação por FCD. Esse acréscimo representa

aproximadamente 20% sobre o valor do campo sem flexibilidades, se considerada a

possibilidade do exercício de ambas as OR no mesmo projeto.

Na tabela 9 é apresentado resumo dos resultados de aumento do valor do campo sem

flexibilidade. Para isso, considera-se o valor adicionado por tipo de Opção, assim como o

valor do campo sem flexibilidade. Importante destacar que as OR de Expansão e Abandono,

quando podem ser exercidas no mesmo campo de petróleo, possuem menor valor do que a

soma das OR, isoladamente, de Expansão e de Abandono. O exercício de uma Opção de

Expansão pode diminuir a possibilidade de exercício futuro de uma Opção de Abandono, por

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isso o menor valor dessas Opções combinadas quando comparadas a cada grupo de Opções

analisado isoladamente.

R$ AcréscimoOR Expansão 1.204.937 15,86%OR Abandono 314.276 4,14%OR Exp + Aband 1.476.300 19,43%Valor s/Flexibil 7.598.204

Quadro Resumo das OR

Tabela 11– Resumo das OR de Expansão, Abandono e Expansão + Abandono.

Portanto, a flexibilidade operacional representada pelo incremento da produção do campo e

aumento do fator de recuperação, com base na reabertura de mais poços e intervenções, tem

valor. Assim como a possibilidade de abandono do campo possui valor. Além disso, o resumo

dos resultados demonstra que o maior valor está associado à reabertura de poços de produção

e intervenções que incrementem o fator de recuperação do petróleo do campo.

5.6 LIMITAÇÕES

Na estimativa do valor do campo de petróleo foi utilizada a metodologia proposta por

Copeland & Antikarov (2002). Além disso, esse projeto considerou um MGB para a evolução

do valor do campo de petróleo. Pode-se incorrer em erros na avaliação da volatilidade do

projeto, com conseqüências diretas sobre o valor do projeto. A evolução do valor do projeto

segundo o Movimento de Reversão à Média, significará menor volatilidade para o projeto, e

conseqüentemente menores valores das OR quando comparados com a abordagem proposta

neste trabalho.

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A utilização de uma única volatilidade para todo o período do projeto, obtida pela Simulação

de Monte Carlo, baseada em variações do valor do projeto no ano 1 em relação ao momento

0, também significa uma simplificação, que poderá produzir erros durante a avaliação. Por

exemplo, nas probabilidades de evolução da árvore de decisão. Foi também utilizada uma

árvore binomial, ainda segundo Copeland & Antikarov (2002). Ela procura simplificar a

análise do projeto, ao simulá-la no tempo discreto. As OR, por exemplo, somente poderão ser

exercidas nos tempos inteiros considerados, representando, mais uma vez, decisões subótimas

de exercício das Opções. É uma simplificação para a construção de um modelo que represente

a evolução do projeto em tempo contínuo.

O exercício das OR de Expansão e Abandono, ao levar-se em conta que muitas vezes não

poder ser efetivado imediatamente, implicará em decisões subótimas de exercício de OR. As

Opções de Abandono poderão ser afetadas por inércia do controle gerencial para a tomada da

decisão pelo abandono, assim como as Opções de Expansão poderão ser prejudicadas por

limitações de orçamento que atrasem ou impeçam o exercício. Além de outros fatores de

natureza técnica que não permitam o exercício imediato das OR. Essas limitações impediriam

o exercício ótimo dessas Opções.

A avaliação do campo de petróleo maduro no Brasil apresenta limitações inerentes ao pouco

tempo dessa atividade realizada por empresas de pequeno e médio porte. Os dados começam a

ser acumulados nesse momento, com o início da operação dos campos licitados pela ANP, e,

ainda, com base no seu registro, será possível efetuar avaliações das operações desses campos

com histórico mais consolidado de informações.

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O campo hipotético em questão possui considerações e estimativas que deverão ser ajustadas

às operações dos campos de petróleo em operação, com os dados consolidados após os leilões

da ANP para campos de petróleo maduro. Somente os dados históricos permitirão correções

necessárias às premissas originalmente consideradas. Dentre elas, os dados referentes às

instalações permanentes, entre equipamentos necessários à operação dos campos, valores de

perfurações para Workover de poços, assim como perfuração de novos poços. Informações

históricas sobre custos fixos e variáveis para a produção de petróleo, como escoá-lo, e preços

de venda. Hoje, há somente um único comprador para esse hidrocarboneto, a Petrobras. O

setor dos pequenos produtores de petróleo e gás ainda procura organizar-se para equacionar

questões relativas a preço e escoamento da produção.

Utilizou-se estimativa sobre o aumento de produção e fator de recuperação do petróleo. É

necessária melhor investigação sobre os recursos disponíveis para o incremento de produção,

considerados os resultados e os custos, assim como a avaliação sobre o acréscimo do fator de

recuperação. Tudo feito de tal forma que se possa concluir-se sobre a viabilidade técnico-

econômica dos fatores de aumento de produção para os pequenos produtores de petróleo e

gás.

A volatilidade considerada foi a dos preços do petróleo. Há outros parâmetros inerentes à

operação que poderão interferir na volatilidade do projeto, tais como a volatilidade dos preços

dos serviços - como perfuração e intervenções - a volatilidade dos preços de bens - como os

cavalos de pau a serem adquiridos em uma eventual expansão - e a volatilidade dos resultados

obtidos de aumentos de produção e fator de recuperação de petróleo após as intervenções.

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A estrutura de capital do projeto, que produz efeitos sobre o custo do capital, também exige

maior estudo. O campo desta dissertação propôs o projeto que utilizasse somente recursos

próprios. Essa consideração representou mais uma limitação deste estudo, pois se poderia

avaliar o impacto da inserção de recursos de terceiros na estrutura de capital do projeto, com

redução dele em função do benefício fiscal. Além disso, a utilização somente de recursos

próprios poderá limitar as iniciativas de aumento da produção, que precisariam de maior

aporte de recursos financeiros. Essa limitação poderá atingir também o exercício ótimo das

OR.

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6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

O presente estudo objetivou realizar a avaliação de um ativo real, um campo maduro de

petróleo, à luz de metodologia tradicional por FCD, ao adicionar a ela o valor das

flexibilidades embutidas, as OR do projeto. A avaliação - segundo a metodologia tradicional -

considerou um período estimado de operação, os investimentos, despesas e custos necessários

para as operações, assim como os resultados obtidos oriundos da produção de petróleo do

ativo. Foi proposta estrutura de capital constituída somente por recursos próprios e foi obtido

o valor do campo sem flexibilidades operacionais.

Com base nisso, foi realizada a inclusão de OR que representaram a quantificação da

flexibilidade operacional traduzida por essas OR. No caso estudado, a flexibilidade

operacional estava associada à reabertura de mais poços produtores de petróleo, nos anos 1, 2

e 3, e abandono do campo nos anos 6, 7 ou 8. Como a presença de petróleo já havia sido

comprovada - o campo já havia produzido petróleo quando fora operado pela Petrobras - a

incerteza mais importante considerada foi a volatilidade dos preços do petróleo.

Na avaliação do somatório das duas abordagens, percebeu-se que ao adicionar-se o valor das

flexibilidades operacionais do campo à avaliação tradicional por FCD, foi possível obter-se o

valor mais apropriado do campo de petróleo. Há vários projetos que possuem flexibilidades

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operacionais as quais, caso não sejam somadas à avaliação tradicional por FCD, farão com

que esses mesmos projetos sejam subavaliados. Esse é o caso do setor de petróleo, onde há

várias flexibilidades operacionais, tais como adiamento, expansão e abandono, assim como

incertezas, como a existência de hidrocarbonetos e a volatilidade dos preços. Ao se avaliar

projetos nesse setor, assim como em vários outros, é fundamental considerar o valor destas

flexibilidades, sob pena de subavaliá-los.

O caso estudado - um campo de petróleo maduro - demonstrou o valor dessas flexibilidades.

A atividade de exploração de campos maduros de petróleo por empresas de pequeno e médio

porte foi incentivada decisivamente com a 7a Rodada de Licitações da ANP, realizada em

2005. Nela, campos de petróleo, muitos deles já identificados como produtores de

hidrocarbonetos pela Petrobras, após serem devolvidos à ANP, foram leiloados.

Representavam mais uma etapa da abertura do setor de petróleo no Brasil, iniciada em 1997,

quando a Lei 9.478 flexibilizou o monopólio estatal do petróleo, ao criar a ANP, responsável

pela coordenação dos leilões de blocos licitados para exploração e produção de petróleo.

Os campos de petróleo maduros, onde a presença de petróleo já havia sido comprovada, e

onde poços já estavam perfurados, representavam menor risco para as empresas postulantes à

operação. A menor dimensão representava menores custos e a geração de caixa logo após a

reabertura dos poços. Este estudo considerou Câmara (2004), que propõe que campos de

petróleo e gás maduros são aqueles que já produziram pelo menos 40% do volume de

hidrocarbonetos recuperáveis.

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O campo de petróleo maduro estudado o foi – por se tratar de atividade ainda incipiente, ainda

não provida totalmente de informações consolidadas sobre as operações – de maneira

hipotética. Porém, os dados que nortearam sua avaliação basearam-se no Edital Internacional

da Petrobras para Licitação de E&P – CORP 001/2002, na 7a Rodada de Licitações

promovida pela ANP em 2005 e no campo-escola operado pelas Universidade Federal da

Bahia e ANP em Quiambina, Bahia. Estimou-se, ainda, o campo cujo perfil de produção era

declinante.

Os dados reunidos permitiram modelar o campo hipotético, com volume de petróleo

recuperável teórico, características dele – que permitiram estimar seu valor - custos fixos e

variáveis, vazão de produção e curva de declínio dela, ao levar-se em consideração o

esgotamento das reservas em 10 anos. Esses mesmos dados possibilitaram projetar custos de

reabertura de poços, intervenções para aumento de produção e abandono do campo, em troca

da venda de alguns ativos.

Os dados estimados permitiram avaliar o campo de petróleo maduro de acordo com a

metodologia proposta por Copeland & Antikarov (2002). Foi obtido o VP sem flexibilidades,

e por meio da Simulação de Monte Carlo consolidou-se a volatilidade. Estes dois dados - VP

e volatilidade - permitiram, somados à taxa de desconto livre de risco, com a análise discreta,

desenvolver uma árvore de eventos, sem flexibilidade. A essa árvore foram sucessivamente

incorporadas as flexibilidades correspondentes às OR de Expansão e Abandono.

As OR de Expansão representaram a possibilidade, caso o cenário de preços fosse favorável,

da reabertura de mais poços de produção de petróleo nos anos 1, 2 e 3, além de intervenções

para o aumento da produção e do fator de recuperação do petróleo. O exercício dessas OR

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estava condicionado a que o Valor adicionado superasse os custos inerentes às reaberturas e

intervenções. As OR de Abandono representaram a devolução do campo nos anos 6, 7 ou 8,

caso um cenário declinante de preços não compensasse a produção até a conclusão dos 10

anos, quando comparado à venda de ativos de maior valor no campo. Finalmente foi

considerada a hipótese de exercício no mesmo campo de petróleo de OR de Expansão e

Abandono.

Os resultados, traduzidos em aumentos do valor do campo em aproximadamente 16% com as

OR de Expansão, 4% com as OR de Abandono, e 19% quando ambas as OR podem ser

exercidas no mesmo campo de petróleo, demonstraram a importância da utilização da

metodologia por OR na avaliação das flexibilidades que o projeto ofereça. A avaliação por

FCD não permitiu a captura do valor das OR embutidas no projeto. O que demonstra que,

caso existam flexibilidades operacionais, as OR devem ser avaliadas para, somadas à

avaliação tradicional por FCD, permitir a obtenção do valor mais correto para o projeto.

Importante destacar que permanecem as limitações do modelo, quer sejam da metodologia

empregada por Copeland & Antikarov (2002), como a avaliação em tempo discreto, a

utilização da mesma taxa de desconto durante a operação, e o exercício instantâneo das OR,

quer sejam das premissas adotadas quando da modelagem do campo de petróleo hipotético,

como investimento, custos, despesas, e variáveis de natureza técnica sobre fator de

recuperação de petróleo e as intervenções nos campos para aumento da produção, e os

resultados.

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Este trabalho sugere que as premissas adotadas para a operação do campo de petróleo sejam

reavaliadas, em razão dos dados consolidados da operação dos campos maduros licitados pela

ANP. Essa reavaliação permitiria corrigir eventuais erros na estimativa dos dados de entrada e

resultados obtidos. Propõe, ainda, na avaliação de um campo de petróleo maduro, inserir-se as

OR equivalentes à flexibilidade operacional de se adiar o início da operação do campo, ao

aguardar mais informações sobre o cenário de preços, além da flexibilidade associada à

suspensão temporária da produção, para posterior reinício dela. Essas novas OR poderiam ser

comparadas às utilizadas no estudo, tanto quanto às diferenças entre elas quanto às OR que

podem ser exercidas no mesmo campo - e no mesmo período.

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