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0- 0 - OPERADOR DE SONDA DE PERFURAÇÃO FLUIDO DE PERFURAÇÃO

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Page 1: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

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OPERADOR DE SONDA DE PERFURAÇÃO

FLUIDO DE PERFURAÇÃO

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FLUIDO DE PERFURAÇÃO MÓDULO VI - APOSTILA III

Page 3: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

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© PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19.2.1998.

É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, bem como a produção de apostilas, sem

autorização prévia, por escrito, da Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS.

Direitos exclusivos da PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.

BELEM, Francisco Aldemir Teles

Operador de Sonda de Perfuração / CEFET-RN. Mossoró, 2008.

44p.: 25il.

PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.

Av. Almirante Barroso, 81 – 17º andar – Centro CEP: 20030-003 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil

Page 4: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

3

ÍNDICE

I - INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................6

II - HISTÓRICO .......................................................................................................................................7

III - CIRCULAÇÃO DO FLUIDO...............................................................................................................9

IV - FLUIDO DE PERFURAÇÃO............................................................................................................11

4.1 Definição .................................................................................................................................11

4.2 Funções do fluido de perfuração ............................................................................................12

4.2.1 Limpar, resfriar e lubrificar a broca e a coluna no poço ..............................................12

4.2.2 Transportar os detritos cortados pela broca até a superfície ......................................12

4.2.3 Transmitir potência hidráulica à broca.........................................................................13

4.2.4 Manter sob controle as pressões existentes no poço .................................................13

4.2.4.1 Pressões atuantes em um poço de petróleo ...................................................14

4.2.5 Prevenir o desmoronamento das paredes do poço.....................................................15

4.2.6 Manter em suspensão os detritos presentes no fluido ................................................16

4.2.7 Permitir a obtenção do maior número possível de informações .................................17

4.2.8 Suportar uma parte do peso das colunas de perfuração e de revestimento...............18

4.2.9 Formar um reboco ao longo das paredes do poço......................................................19

4.2.10 Reduzir, ao mínimo, o dano às formações produtoras..............................................20

V - DANO À FORMAÇÃO ......................................................................................................................21

VI - TIPOS FLUIDOS DE PERFURAÇÃO .............................................................................................22

6.1 Fluido base água .....................................................................................................................22

6.1.1 Fluidos iniciais..............................................................................................................22

6.2 Fluidos inibidos ........................................................................................................................24

VI - PROBLEMAS CAUSADOS .............................................................................................................27

7.1 Perda de circulação ou perda de retorno ................................................................................27

7.2 Prisão da coluna .....................................................................................................................29

Page 5: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

4

VIII - FLUIDOS NÃO-AQUOSOS...........................................................................................................31

8.1 Fluido à base de óleo ..............................................................................................................31

IX - FLUIDOS AERADOS.......................................................................................................................33

X - ADITIVOS – FLUIDOS BASE ÁGUA ...............................................................................................34

XI - ADITIVOS PARA FLUIDO NÃO-AQUOSO.....................................................................................36

XII - PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DO FLUIDO DE PERFURAÇÃO.................................37

12.1 Massa específica (peso do fluido) .........................................................................................37

12.1.1 Problemas relacionados ao peso do fluido................................................................38

12.2 Viscosidade funil (Marsh) ......................................................................................................38

12.3 Propriedades reológicas........................................................................................................39

12.4 Filtrado e reboco....................................................................................................................40

12.5 Teor de sólidos ......................................................................................................................41

12.6 Teor de areia .........................................................................................................................42

12.7 Salinidade..............................................................................................................................43

12.8 Alcalinidades..........................................................................................................................43

12.9 Teste do MBT (Methilene Blue Test).....................................................................................43

BIBLIOGRAFIA .....................................................................................................................................44

Page 6: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

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LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1 - Fluido armazenado no tanque ............................................................................................11

Figura 4.2 – Limpeza, resfriamento e lubrificação .................................................................................12

Figura 4.3 – Transporte de detritos pelo fluido ......................................................................................12

Figura 4.4 - Fórmula para o cálculo da máxima potência na broca.......................................................13

Figura 4.5 - Gráficos da pressão de poros e da de fratura ....................................................................15

Figura 4.6 - Detritos em suspensão no fluido ........................................................................................16

Figura 4.7 – Amostras de calhas armazenadas em caixas ...................................................................17

Figura 4.8 - Equipamentos para acompanhamento geológico ..............................................................17

Figura 4.9 - Sistema de circulação de uma sonda.................................................................................18

Figura 4.10 – Fórmula empuxo ..............................................................................................................19

Figura 4.11 - Cálculo do fator de flutuação ............................................................................................19

Figura 4.12 – Esquema de reboco.........................................................................................................20

Figura 5.1 - Exemplo de alguns mecanismos causadores de dano ......................................................21

Figura 6.1 – Estrutura da formação argilosa do grupo das montmorilonitas .........................................25

Figura 7.1 – Perda de circulação ...........................................................................................................29

Figura 12.1 – (a) Balança densimétrica, (b) Visor de nível....................................................................37

Figura 12.2 – (a) Escala de densidade em lb/gal, (b) Marcação para densidade da água .................37

Figura 12.3 – Teste para viscosidade em funil (marsh) .........................................................................38

Figura 12.4 - Viscosímetro FANN - Modelo 35 A...................................................................................39

Figura 12.5 - Características do viscosímetro FANN modelo 35 A .......................................................39

Figura 12.6 - Filtro Prensa API...............................................................................................................40

Figura 12.7 - Filtrado prensa HTHP .......................................................................................................41

Figura 12.8 - Kit retorta ..........................................................................................................................42

Figura 12.9 - Kit para determinação do teor de areia ............................................................................42

Figura 12.10 – Teste do BMT.................................................................................................................43

Page 7: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

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I - INTRODUÇÃO

Os fluidos de perfuração e completação são formulados segundo critérios que garantam uma

operação segura a um custo mínimo. As propriedades desses fluidos são estabelecidas na fase de

projeto do poço, de forma a garantir uma remoção de cascalhos eficiente, manter a estabilidade das

formações perfuradas, conter os fluidos das formações, garantir a segurança do poço, prevenir

corrosão da coluna e do revestimento, lubrificar e refrigerar a broca e a coluna e minimizar torque e

arraste. Além disso, as propriedades dos fluidos devem ser tais que otimizem a taxa de penetração,

evitem dano à formação e atendam aos requisitos de perfilagem. Os fluidos de completação são

fluidos limpos (normalmente salmouras) formulados de forma a evitar dano à formação produtora e

corrosão dos materiais de fundo de poço. Segurança pessoal e preservação ambiental são outros

fatores determinantes na escolha de um fluido.

Os fluidos são normalmente preparados na locação e descartados ou reaproveitados após a

perfuração do poço. Durante a operação, as propriedades reológicas, de gelificação, filtração, o pH e

a massa específica são monitoradas e controladas dentro dos limites preestabelecidos no programa.

Os descartes (fluidos e cascalhos) gerados durante a perfuração são tratados para atender à

legislação ambiental vigente. Os aditivos utilizados no preparo e no tratamento dos fluidos são

testados segundo normas técnicas elaboradas para garantir sua qualidade e em conformidade com

padrões preestabelecidos.

Um item a ser destacado é a garantia da remoção de cascalhos. Durante o projeto do poço, essa

garantia leva à otimização das propriedades físicas do fluido e dos parâmetros hidráulicos de

perfuração, tais como vazão de bombeio, taxa de penetração e rotação da coluna. Durante a

perfuração, é realizada a monitoração dos parâmetros, indicadores de problemas relacionados à má

remoção de cascalhos, quais sejam: torque e drags anormais, repasses freqüentes, pequeno retorno

de sólidos nas peneiras e aumento das pressões na superfície, como exemplos.

Page 8: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

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II - HISTÓRICO

Não existem registros a respeito do primeiro poço perfurado. No entanto, o primeiro processo utilizado

para perfurar poços foi o método de percussão. Esse processo apareceu na China, durante a dinastia

Chou (1122 - 256 A.C.) e os documentos chineses registram dados sobre poços com centenas de pés

de profundidade, perfurados na fronteira com o Tibet, para exploração de gás, água ou sal, pelo

processo spring pole, o qual consistia em utilizar uma peça de madeira que, apoiando-se sobre outra

vertical, na forma de forquilha, era utilizada à maneira de uma alavanca do primeiro gênero. Com ele,

os chineses perfuraram mais de 10.000 poços para sal, alcançando profundidades de até 457 m

(1500 pés) aproximadamente, à razão de dois pés por dia. Durante a perfuração, vez por outra era

adicionada água a fim de amolecer as rochas perfuradas e facilitar sua remoção até a superfície.

O método chinês de perfuração, por percussão, experimentou poucas alterações durante cerca de 22

séculos, porém contribuiu para estabelecer a base técnica da perfuração. Segundo os historiadores,

foram os irmãos David e Joseph Ruffner os primeiros a perfurar no continente americano. Eles

perfuraram um poço no oeste do estado de Virgínia, através de rochas inconsolidadas, entre os anos

1806 a 1808.

Em 1833, na França, o engenheiro Fauvelle estava acompanhando a perfuração de um poço

artesiano pelo método percussivo, quando observou um fluxo intenso de água em torno da coluna

perfuratriz, trazendo para a superfície uma grande quantidade de detritos perfurados. Fauvelle

raciocinou que o transporte de cascalhos do fundo do poço para a superfície poderia ser feito de

modo semelhante, se fosse injetada água através de uma coluna oca, ao mesmo tempo em que a

perfuração prosseguisse. Fauvelle, então, pôs a sua idéia em prática e desenvolveu uma série de

equipamentos que, em resumo, consistia de uma coluna de tubos de ferro forjado, oca, que podiam

ser enroscados nas extremidades. Na extremidade inferior dessa coluna, era enroscada uma broca,

cujo diâmetro era maior do que o da coluna tubular, formando-se, portanto, um espaço anular, através

do qual a água injetada e os fragmentos perfurados alcançavam a superfície. Na extremidade superior

da coluna, eram conectados tubos flexíveis, alimentados por uma bomba.

Em 1859, o Coronel E.L. Drake perfurou o primeiro poço para exploração de petróleo no continente

americano. No entanto, esse primeiro poço representa, na verdade, o clímax de uma época iniciada

pelos irmãos Ruffner.

Parece que foi na década de 1880 que os perfuradores começaram a se convencer da importância do

fluido de perfuração. Um dos primeiros registros desse fato está contido em uma patente requerida

por M.T.Chapman no ano de 1887. Nesse requerimento, Chapman menciona o "uso de um fluxo de

água e uma quantidade de material plástico, com o qual é formada uma camada impermeável ao

longo do anular do poço". Em outubro de 1900, foi então iniciada a perfuração do poço de Spindletop,

Page 9: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

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nas proximidades de Beaumont, Texas, nos EUA, o qual representa o maior marco na história dos

fluidos de perfuração. Logo no início, foram encontradas câmaras de areia inconsolidada e, então,

Curt Hamil lembrou-se de que, ao aumentar a viscosidade da água mediante a adição de argila, o

fluido de perfuração ajudava a calafetar as paredes do poço, estabilizando-o. A circulação do fluido

era intermitente, em intervalos regulares de tempo. Esse poço de Spindletop alcançou a profundidade

aproximada de 317 m, em 10/01/1901, quando entrou em fluxo com uma produção diária em torno de

100.000 barris por dia. O sistema de perfuração rotativo hidráulico alcançava assim o primeiro

sucesso, consolidando esse processo como técnica de perfuração. Claro que o poço de Spindletop

não foi o primeiro a usar o processo rotativo, como também não foi o primeiro a empregar um fluido

de perfuração. O sucesso alcançado naquela oportunidade representa, entretanto, o ponto culminante

de um esforço desenvolvido de forma contínua, visando aperfeiçoar os métodos de perfuração.

O processo de aperfeiçoamento dos sistemas e dos fluidos de perfuração foi lento e gradual.

Atualmente, admite-se que a história dos fluidos de perfuração passou por três períodos:

• O primeiro período, das tentativas, abrange os trabalhos realizados até a perfuração do poço de

Spindletop, considerado como o primeiro poço comercial de petróleo;

• O segundo período, das experiências isoladas, durante o qual a prática adquirida era aplicada

sem maiores preocupações com os fundamentos científicos, abrange os trabalhos desenvolvidos

entre 1901 e 1930;

• O terceiro período, começa em 1930 e vai até os dias de hoje, observando-se que os trabalhos

desenvolvidos no domínio dos fluidos de perfuração é eminentemente científico. Os

melhoramentos introduzidos contribuíram de forma decisiva para que o processo rotativo

hidráulico se afirmasse no sentido de serem alcançadas maiores profundidades, a custos mais

baixos, num menor intervalo de tempo.

Como visto no resumo histórico acima, os fluidos de perfuração foram usados pela primeira vez no

processo da perfuração rotativa algum tempo entre 1887 e 1901. No início, o objetivo primário do

fluido de perfuração era o de remover continuamente os detritos perfurados pela broca, também

denominados de cascalhos. Com o desenvolvimento da perfuração rotativa e a evolução tecnológica

dos fluidos, aquilo que se tinha iniciado como um simples fluido, tornou-se hoje uma complexa mistura

de líquidos, sólidos, produtos químicos e, às vezes, até do próprio ar. De resultados obtidos com

testes de laboratório e de campo, concluiu-se que a combinação de dois grandes fatores, o fluido e a

hidráulica de perfuração, exercem um efeito muito maior sobre a taxa de penetração do que qualquer

outro parâmetro controlável no processo de perfuração rotativa. A inter-relação entre o fluido e a

hidráulica de perfuração tornou-se clara na década de 30. A partir daí, com a melhor compreensão

sobre a hidráulica nos jatos da broca, observou-se que a potência na broca está relacionada com os

parâmetros fundamentais de perfuração rotativa: peso sobre a broca, velocidade de rotação da coluna

e taxa de penetração“.

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III – CIRCULAÇÃO DO FLUIDO

A circulação de fluidos de perfuração teve um avanço significativo no início do século XX, com o

aperfeiçoamento das bombas de alta pressão. A bomba de lama é o coração de um sistema de

circulação. Sua função é transferir energia para o fluido, de forma que este possa circular dos tanques

até a broca, na qual a potência é consumida no jateamento do fluido. Daí o fluido ascende à superfície

através do espaço anular e retorna aos tanques. Usualmente, existem duas bombas de lama por

sonda, que são associadas em paralelo para perfurar poços na fase inicial, cujos diâmetros são

superiores a 12 1/4". Na perfuração de poços com diâmetros iguais ou inferiores a 12 1/4", pode-se

fazer uso de apenas uma bomba de lama. O mercado atual dispõe de bombas de lama triplex de até

1750 HP de potência, que são capazes de bombear grandes volumes de fluido a pressões que se

situam, normalmente, entre 1500 a 3500 psi, e podem ser impulsionadas por motores diesel, elétrico

ou a gás. As perdas na transmissão de potência, entre o eixo de saída do motor e o eixo de ataque da

bomba de lama, são da ordem de 15%. A parte hidráulica (fluid end) da bomba de lama recebe o

fluido através de uma linha de sucção conectada ao tanque de sucção. As perdas volumétricas da

bomba de lama podem variar de 0 a 15%, a depender de como ela está instalada e das condições

mecânicas das peças que compõem a sua parte hidráulica. Algumas bombas de lama recebem fluido

de uma bomba menor, do tipo centrífuga, chamada de bomba de alimentação (pré-carga), a qual é

usada para aumentar a eficiência volumétrica da bomba de lama.

O fluido de perfuração é, portanto, bombeado sob pressão, através da linha de recalque e de

superfície, do tubo bengala, da mangueira de lama, da cabeça de injeção e do kelly. Esses

componentes são conhecidos como conexões de superfície. A mangueira de lama e a cabeça de

injeção, juntos, permitem os movimentos alternativos e de rotação da coluna dentro do poço. A partir

do kelly, uma haste quadrada ou hexagonal com a função de transmitir o movimento de rotação à

coluna, o fluido segue através dos tubos de perfuração, dos comandos e da broca. A energia

rotacional é transmitida à broca pela coluna de perfuração, e o peso sobre a broca é fornecido pelos

comandos. Na broca, a energia, na forma de pressão, é transformada em energia cinética, quando o

fluido passa através de três orifícios (ou jatos) de pequeno diâmetro, fabricados com material

resistente (carbeto de tungstênio). Quando o programa hidráulico é projetado de modo correto, a

perda de carga na broca varia de 50 a 66% da pressão disponível na superfície.

Após passar pela broca, o fluido de perfuração começa a subir através do espaço anular,

transportando consigo os fragmentos de rocha arrancados pelos dentes da broca. A habilidade do

fluido em transportar os cascalhos até a superfície depende do regime e da velocidade de fluxo nessa

região e das propriedades do fluidos, os quais determinam a capacidade de carreamento dos sólidos.

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10

No interior de um fluido estático, sem movimento, as partículas sólidas caem mais rapidamente

quando esse fluido é pouco viscoso ou "fino' do que quando é muito viscoso ou "grosso". Portanto, no

transporte de cascalhos para a superfície, a velocidade do fluido deve ser maior do que a velocidade

de queda do cascalho. Se a vazão da bomba de lama é insuficiente para fornecer uma velocidade

anular do fluido necessária a esse transporte, pode-se aumentar a viscosidade do fluido de perfuração

com o intento de reduzir a velocidade de queda dos cascalhos. Ao atingir a superfície, o fluido deve

facilitar o descarte dos cascalhos ou fragmentos de rocha para evitar a sua recirculação no poço. Por

isso, na superfície, deve ser projetado um sistema equipado para:

(1) Remover sólidos;

(2) Resfriar;

(3) Misturar;

(4) Adicionar produtos químicos; e

(5) Remover ar ou gás do fluido de perfuração.

Conseqüentemente, os seguintes equipamentos, ou alguns deles, são necessários ao sistema de

circulação para garantir o bom desempenho do fluido de perfuração:

(1) Peneiras;

(2) Tanques de lama;

(3) Degaseificador;

(4) Desareiador;

(5) Desiltador;

(6) Centrifugador; e

(7) Pistolas de lama, misturadores e funil de mistura.

A separação dos fragmentos grosseiros (cascalhos) é processada através de uma peneira vibratória,

que deve estar equipada com telas adequadas ao tipo de rocha perfurada. As telas usadas possuem

aberturas que variam de 10 a 80 mesh. Os sólidos que passam são removidos por decantação, num

tanque próprio. O desareiador remove partículas sólidas com diâmetro superior a 74 microns (areia), e

as mais finas, com diâmetro maior que 30 microns, são eliminadas pelo desiltador. Após esse

processo, o fluido retorna à bomba para reiniciar o ciclo de circulação.

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IV – FLUIDO DE PERFURAÇÃO

4.1 Definição

O fluido de perfuração é uma dispersão coloidal composta de uma fase contínua, que normalmente é

água doce ou salgada, e uma fase dispersa, composta de produtos químicos, tais como: argila,

amido, soda cáustica, polímeros, materiais adensantes, bactericidas, etc.

Tabela 4.1 – Fluidos obtidos durante a perfuração

Tipo de dispersão Diâmetro do disperso Exemplo

Solução menor que 1 m µ sal + água

Dispersão coloidal 1 m µ a 1 µ argila + água

Suspensão grosseira maior que 1 µ sílica + água

Figura 4.1 - Fluido armazenado no tanque

Page 13: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

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4.2 Funções do fluido de perfuração

4.2.1 Limpar, resfriar e lubrificar a broca e a coluna no poço

Figura 4.2 – Limpeza, resfriamento e lubrificação

4.2.2 Transportar os detritos cortados pela broca até a superfície

Figura 4.3 – Transporte de detritos pelo fluido

Page 14: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

13

Fatores que afetam a limpeza do poço:

• Taxa de penetração;

• Estabilidade do poço;

• Velocidade no espaço anular;

• Propriedades reológicas do fluido;

• Tempo de circulação;

• Inclinação do poço.

4.2.3 Transmitir potência hidráulica à broca

• Através da velocidade de saída do fluido pelo jatos da broca, determinada pela pressão de

bombeio.

• A pressão de bombeio é a soma das perdas de carga na tubulação, no espaço anular e no jatos

da broca.

As perdas de carga são divididas em:

o Perda de carga útil – nos jatos da broca;

o Perda de carga parasita – perda por atrito.

• As perdas de carga parasitas estão assim distribuídas:

Figura 4.4 - Fórmula para o cálculo da máxima potência na broca

Page 15: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

14

4.2.4 Manter sob controle as pressões existentes no poço

• Condição: Pporos < Phidrostática < Pfratura

4.2.4.1 Pressões atuantes em um poço de petróleo

• Pressão hidrostática: é a pressão exercida por uma coluna de fluido.

o Para líquidos, essa pressão é dada por:

Ph = 0,17 x D x H.

Sendo: Ph = pressão hidrostática do líquido, em psi;

D = massa específica do fluido, lb/gal;

H = altura do líquido, m.

• Gradiente de pressão: é a razão entre a pressão que age num determinado ponto e a

profundidade desse ponto. Está relacionado à massa específica do fluido de perfuração pela

seguinte expressão:

• Massa específica ou densidade equivalente: é a pressão em determinado ponto expressa em

termos da massa específica equivalente, como segue:

• Pressão de poros, pressão da formação ou pressão estática: é a pressão dos fluidos

contidos nos poros de uma determinada formação.

Page 16: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

15

As formações são classificadas de acordo com a variação do seu gradiente, a saber:

Figura 4.5 - Gráficos da pressão de poros e da de fratura

4.2.5 Prevenir o desmoronamento das paredes do poço

A pressão hidrostática exercida pelo fluido de perfuração ao longo do poço ajuda a manter, no seu

lugar, as formações perfuradas.

• Fatores que favorecem a ocorrência de desmoronamento:

o Massa específica do fluido;

o Falta de inibição do fluido (tipo de fluido, salinidade, etc);

o Filtrado do fluido elevado (máximo 5 ml / 30 min);

o Presença de folhelhos intercalados por argilas;

o Perda de circulação (presença de cavernas).

Page 17: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

16

• Problemas gerados devido ao desmoronamento:

o Limpeza do poço nos trechos alargados;

o Prisão da coluna;

o Dificuldade na avaliação dos perfis de poço aberto;

o Consumo excessivo de cimento e aditivos.

4.2.6 Manter em suspensão os detritos presentes no fluido

Por ocasião das paralisações da circulação durante a manobra, a conexão ou o reparo da bomba,

tanto os cascalhos a serem removidos do poço, quanto os sólidos inertes presentes no fluido de

perfuração devem permanecer em suspensão para que não haja decantação deles sobre a broca. Um

indicativo de que está havendo sedimentação pode ser observado durante uma conexão, visto que,

ao se quebrar a haste quadrada, observa-se um retorno contínuo de fluido pelo interior da coluna,

podendo acarretar um entupimento dos jatos da broca. Recomenda-se, nesse caso, uma leitura de no

mínimo 3 rpm.

Figura 4.6 - Detritos em suspensão no fluido

A propriedade do fluido responsável pela manutenção dos detritos em suspensão é a força gel, que é

determinada nos tempos de 10 seg e 10 min.

Para a determinação da força gel, utiliza-se um viscosímetro rotativo.

Page 18: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

17

4.2.7 Permitir a obtenção do maior número possível de informações sobre as camadas perfuradas

Figura 4.7 – Amostras de calhas armazenadas em caixas

• Amostras de calha: são amostras de cascalhos cortados pela broca, que são transportados

pelo fluido de perfuração até a superfície, onde são coletadas conforme indicação abaixo:

Figura 4.8 - Equipamentos para acompanhamento geológico

Page 19: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

18

• Coletas de amostra:

o Poço pioneiro: de 3 em 3 metros;

o Poço de desenvolvimento: de 6 em 6 metros.

Figura 4.9 - Sistema de circulação de uma sonda

4.2.8 Suportar uma parte do peso das colunas de perfuração e de revestimento, devido ao empuxo

• Teorema de Arquimedes: todo corpo mergulhado em um fluido recebe uma força vertical,

orientada de baixo para cima, igual ao peso do volume de líquido deslocado pelo corpo.

Page 20: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

19

Figura 4.10 – Fórmula empuxo

Figura 4.11 - Cálculo do fator de flutuação

4.2.9 Formar um reboco ao longo das paredes do poço

Esse reboco deve ter uma consistência conveniente a fim de reduzir a infiltração da fase líquida do

fluido de perfuração na frente das zonas permeáveis existentes no poço.

Page 21: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

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Figura 4.12 – Esquema de reboco

Page 22: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

21

V – DANO À FORMAÇÃO

Dano à formação: significa redução da permeabilidade do reservatório próximo às paredes do poço.

O dano à formação ocorre durante:

• Perfuração: fluido de perfuração (sólidos finos e filtrados);

• Cimentação: pasta de cimento (filtrado);

• Completação: fluido de completação;

• Operação de canhoneio (processo de canhoneio).

Mecanismos causadores de dano à formação:

• Migração de finos;

• Inchamento de argilas;

• Formação de emulsão;

• Inversão de molhabilidade;

• Tamponamento;

• Bloqueio por água;

• Incrustação (scale);

• Depósitos orgânicos;

• Depósitos bacteriano.

Figura 5.1 - Exemplo de alguns mecanismos causadores de dano

Page 23: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

22

VI – TIPOS FLUIDOS DE PERFURAÇÃO

• Base água;

• Base orgânica (não-aquoso);

• Espuma;

• Ar comprimido.

6.1 Fluido base água

Os fluidos base água são mais utilizados por serem:

• Mais baratos;

• Mais abundantes na natureza;

• Menos agressivos ao meio ambiente.

Os tipos de fluidos à base água são os fluidos iniciais e os inibidos.

6.1.1 Fluidos iniciais

São fluidos não-inibidos, utilizados no início dos poços, no qual as exigências quanto as suas

propriedades são mínimas, em função da não-interação do fluido com os minerais das rochas.

• Principais fluidos iniciais :

o Fluido convencional;

o Fluido nativo;

o Fluido de baixo teor de sólidos;

o Água doce ou água do mar.

Page 24: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

23

• Fluido convencional

a) Composição:

Água doce QSP

Argila ativada 12 a 15 lb/bbl

Soda cáustica 0,5 lb/bbl

b) Propriedades:

Peso específico 8,8 a 9,0 lb/gal

Viscosidade 60 a 90 seg

c) Aplicações:

o Perfuração de poços de grandes diâmetros;

o Perfuração de areias e calcários;

o Confecção de tampões viscosos.

d) Recomendações:

o Misturar os produtos na seqüência indicada;

o Utilizar água com salinidade de no máximo 5.000 mg/l;

o Verificar dureza e teor de cálcio da água de preparo;

o Verificar a validade da argila – prazo : 06 meses.

• Fluido nativo

É o que utiliza a argila presente nas formações atravessadas pela broca, sendo necessária apenas a

adição de água para manutenção da viscosidade e do peso. É um fluido de baixo custo, visto não ser

necessária a adição de produtos químicos.

• Fluido de baixo teor de sólidos

a) Composição:

Água doce QSP

Polímero doador de viscosidade 0,5 a 1,0 lb/bbl

Argila ativada 4,0 a 6,0 lb/bbl

Soda cáustica 0,5 lb/bbl

b) Propriedades:

Peso específico 8,5 a 8,7 lb/gal

Viscosidade 45 a 60 seg

Page 25: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

24

c) Aplicação:

• Perfuração em zonas de baixo gradiente de pressão (frágeis);

• Perfuração em zonas com perda de circulação parcial.

d) Recomendações: semelhantes às do fluido convencional.

Obs: Em função do custo desse tipo de fluido, utilizá-lo somente nas situações nas quais o peso do

fluido deva ser o mais baixo possível.

• Água doce ou salgada:

o Água doce: perfuração na área terrestre;

o Água salgada: perfuração na área marítima em função da abundância desse fluido.

Aplicação: perfuração em poços com ocorrência de perda total de circulação. Nesse caso, injeta-se

fluido viscoso nas conexões para evitar sedimentação de detritos sobre a broca.

6.2 fluidos inibidos

São fluidos que têm pouca ou nenhuma interação com as argilas presentes nas formações

atravessadas pela broca durante a perfuração. Essa inibição pode ser de natureza química ou física.

Os fluidos inibidos são divididos em:

• Fluidos base água;

• Fluidos base orgânica;

Obs: A inibição dos fluidos base água é sempre menor que a inibição dos fluidos base óleo. Quando

se têm argilas muito sensíveis à presença de água, problemas na perfuração são freqüentes, e a

continuidade da operação só é possível com a utilização dos fluidos base óleo.

Os principais tipos de argilas mais comuns são:

• Esmectita – elevado grau de inchamento em presença de água;

• Ilita;

• Clorita;

• Caolinita – pouca reatividade com água, porém desprende-se da rocha com facilidade, causando

obstrução dos poros desta;

• Camada mista.

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Figura 6.1 – Estrutura da formação argilosa do grupo das montmorilonitas

Obs: Formações argilosas tornam-se instáveis na presença de alguns tipos de fluidos de perfuração

base água, causando sérios problemas durante a perfuração, principalmente quando essa argila é do

grupo das montmorilonitas.

• Os principais problemas são:

o Enceramento da broca;

o Anéis de obstrução no espaço anular;

o Fechamento do poço;

o Desmoronamento;

o Prisão da coluna de perfuração;

o Alargamentos do poço.

• Principais fluidos inibidos base água:

o Fluido base cloreto de sódio tratado com polímero;

o Fluido base cloreto de potássio tratado com polímero;

o Fluido base cloreto de potássio com poliacrilamida;

o Fluido a base cloreto de potássio com polímero catiônico.

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• Fluidos salgados:

São fluidos cuja inibição é proveniente dos cátions fornecidos pelos sais.

Classificação em função da salinidade:

baixa salinidade de 10.000 até 40.000 ppm

Média salinidade de 40.000 até 70.000 ppm

alta salinidade de 70.000 até 311.300 ppm

saturado salinidade de 311.300 ppm

Os sais mais utilizados na confecção dos fluidos salgados são: o cloreto de sódio (NaCl) e o cloreto

de potássio ( KCl ). O cloreto de sódio, em função do seu preço mais baixo e da sua disponibilidade

na natureza; e o cloreto de potássio, em função do grande poder de inibição apresentado por ele.

• Fluido base cloreto de sódio tratado com polímero

O sal comum (cloreto de sódio), de fórmula química NaCl,, em presença de água, dissocia-se em:

O cátion é o responsável pela inibição das argilas presentes nas formações perfuradas.

a) Aplicação:

• Perfuração de formações argilosas;

• Perfuração marítima, na qual o abastecimento de água industrial é difícil e oneroso;

• Perfuração de formações com presença de sal.

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b) Composição X Concentração

Composição básica Concentração

Água doce QSP

Argila ativada 5,0 a 8,0 lb/bbl

Soda cáustica 1,0 a 1,5 lb/bbl

Amido 6,0 a 8,0 lb/bbl

Polímero de baixa viscosidade 2,0 a 2,5 lb/bbl

Cloreto de sódio (NaCl - sal comum ) 14,0 a 16 lb/bbl

Bactericida 5,0 gal / 100 bbl

Baritina em função do peso desejado

• Fluidos base cloreto de potássio tratado com polímero

a) Conceito

São fluidos não-dispersos, com inibição física fornecida pelos polímeros e inibição química fornecida

pelo sal. O íon potássio atua como um eficiente inibidor de inchamento e dispersão de argilas.

O sal de potássio, de fórmula química KCl , em presença de água, dissocia-se em:

sendo o cátion o principal responsável pela inibição das argilas presentes no poço.

b) Composição X Concentração

Composição básica Concentração

Água doce QSP

Óxido de magnésio 0,8 a 1,0 lb/bbl

Amido 6,0 a 8,0 lb/bbl

Polímero de baixa viscosidade 2,0 a 2,5 lb/bbl

Polímero catiônico 6,0 a 8,0 lb/bbl

Cloreto de potássio ( KCl ) 18,0 a 20,0 lb/bbl

Bactericida 5,0 gal/ 100 bbl

Calcário fino 10,0 a 15,0 lb/bbl

Baritina em função do peso desejado

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VII – PROBLEMAS CAUSADOS

7.1 Perda de circulação ou perda de retorno

É a perda do fluido de perfuração ou da pasta de cimento para os espaços porosos, fraturas ou

cavernas da formação, durante as operações de perfuração.

• Tipos de perda de circulação:

o Parcial – quando, em condições normais de bombeio, retorna somente uma parte do fluido

de perfuração que foi injetado;

o Total – quando, em condições normais de bombeio, não há retorno do fluido de

perfuração que foi injetado.

• Causas das perdas de circulação:

Naturais:

o Presença de cavernas;

o Infiltração em rochas de alta permeabilidade;

o Ocorrência de fraturas naturais.

Induzidas:

o Peso do fluido superior ao gradiente de fratura da rocha;

o Bloqueio do espaço anular por argilas .

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Figura 7.1 – Perda de circulação

• Métodos de combate:

o Tampão de material de perda;

o Tampão de cimento;

o Tampão de cimento com bentonita;

o Tampão de silicato com cloreto de cálcio;

o Aumento da viscosidade do fluido;

o Redução do peso do fluido.

7.2 Prisão da coluna

Durante a operação de perfuração, a coluna de perfuração pode ficar presa, ocasionalmente, o que

impede o seu movimento para cima e/ou para baixo.

A coluna de perfuração poderá ficar presa por :

• Acunhamento;

• Desmoronamento;

• Prisão por diferencial de pressão;

• Chaveta.

Quando ocorre:

• Durante descida da coluna após troca de broca;

• Durante queda de objetos estranhos no poço;

• Quando há desmoronamento;

Page 31: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

30

• Durante o fechamento do poço;

• Durante a retirada da coluna com arraste elevado (Drag);

• Quando ocorre pressão hidrostática elevada.

• Desmoronamento – queda das paredes do poço:

o Areia;

o Folhelho.

• Fechamento – redução do diâmetro na parte superior do poço:

o Inchamento de argila;

o Presença de sal.

• Diferencial de pressão – consiste na fixação da coluna à parede do poço devido a uma força

causada pela diferença de pressão entre a coluna hidrostática do fluido e a pressão de poros da

formação. Ocorre geralmente em frente a formações porosas e permeáveis (arenitos) e em

fluidos com alto filtrado e espessura de reboco.

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VIII – FLUIDOS NÃO-AQUOSOS

Os Fluidos não aquosos também são conhecidos como fluidos de emulsão inversa, e são

classificados em:

• Fluido base óleo diesel – fora de uso;

• Fluido base parafina;

• Fluido base éster;

• Fluido a base glicol.

8.1 Fluido à base de óleo

Os fluidos são ditos à base de óleo quando a fase contínua ou dispersante é constituída por óleo e a

fase dispersa é água salgada adicionada sob forma de minúsculas gotículas, emulsionadas pela ação

tensoativa de um surfactante específico. Esses fluidos são também conhecidos como fluidos de

emulsão inversa. Os demais componentes dos fluidos à base óleo são: emulsificantes (primário,

secundário), saponificantes e alcalinizantes, redutores de filtrado, agentes de molhabilidade,

dispersantes e gelificantes e adensantes.

• Composição básica:

o Óleo sintético, óleo mineral ou parafina;

o Emulsificante primário;

o Emulsificante secundário;

o Agente de molhabilidade;

o Controlador de filtrado;

o Óxido de cálcio;

o Salmoura (água + sal);

o Argila organofílica;

o Adensante.

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• Principais características dos fluidos à base de óleo:

o Baixíssima solubilidade das formações de sal, tais como halita, silvita, taquidrita, carnalita e

anidrita;

o Atividade química controlada pela natureza e pela concentração do eletrólito dissolvido na

fase aquosa;

o Alta capacidade de inibição em relação às formações argilosas hidratáveis;

o Alto índice de lubricidade ou baixo coeficiente de atrito;

o Resistência a temperaturas elevadas até 400º F;

o Baixa taxa de corrosão;

o Amplo intervalo para variação do peso específico, isto é: 7,0 lb/gal até 18,0 lb/gal.

• Aplicação:

o Poços profundos com elevados gradientes geotérmicos, cujas temperaturas superam

300ºF;

o Rochas solúveis em água, tais como os evaporitos e domos salinos;

o Poços direcionas e horizontais;

o Rochas hidratáveis e plásticas, como folhelhos e argilitos;

o Poços com baixa pressão de poros ou baixo gradiente de fratura;

o Formações produtoras danificáveis por fluidos base água;

o Poços que geram ambientes corrosivos;

o Liberação de coluna.

• Limitações do uso:

o Poço com perda de circulação;

o Sondas que não possuam sistema de remoção de sólidos adequados;

o Descarte dos cascalhos em locais projetados especificamente para esse fim.

• Principais contaminantes:

o Água;

o Sólidos.

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IX – FLUIDOS AERADOS

Conceito - É o fluido cujo ar atmosférico ou um gás inerte é utilizado em parte ou no todo como fluido

de perfuração.

• Tipos de fluidos aerados:

o Ar puro ou um gás tipo N2, CO2;

o Espuma.

• Principais características:

o Baixo peso específico (0,3 lb/gal até 7 lb/gal);

o Uso de ar ou gás como componente.

Obs: O uso de equipamentos especiais tais como: compressores, booster, medidores de vazão e

outros tornam muito restrita a utilização desses fluidos, em função dos custos elevados desses

equipamentos.

• Composição:

o Água;

o Argila ativada;

o KCl;

o Soda cáustica;

o Inibidor de corrosão espumante;

o Polímero.

• Aplicação:

o Perdas de circulação severas;

o Minimização de danos à formação;

o Aumento da taxa de penetração.

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X – ADITIVOS – FLUIDO BASE ÁGUA

a) Doadores de viscosidade

• Argila ativada (nome comercial: bentonita);

• Polímero de alto peso molecular (CMC – AVAS);

• Goma xantana;

b) Doadores de alcalinidade (Ph)

• Soda cáustica;

• Potassa cáustica;

• Cal viva / cal hidratada.

c) Redutores de filtrado

• Amido de mandioca, amido de milho;

• Polímero de baixo peso molecular (CMC - ADS);

• Hidroxipropilamido (HPA).

d) Inibidores de argila

• Polímeros catiônicos;

• Cloreto de sódio (NaCl);

• Cloreto de potássio (KCl);

• Poliacrilamida.

e) Adensantes

• Sais diversos;

• Baritina;

• Hematita;

• Calcário.

f) Dispersantes

• Lignossulfonato;

• Polímeros de baixo peso molecular.

Page 36: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

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g) Liberadores de coluna – ácidos graxos

• Pipe lax;

• Free pipe;

• Ez-spot.

h) Preventor de enceramento de broca

• Detergente.

i) Anti-espumante

j) Bactericida

• Triazina;

• Guaternário de amônio.

k) Seqüestrador de gás sulfídrico

• Esponja de ferro;

• Óxido de zinco.

l) Redutor de fricção

• Lubrificante

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XI – ADITIVOS PARA FUIDOS NÃO-AQUOSOS

• Parafina, biodíesel e óleo diesel (em desuso);

• Ácidos graxos;

• Surfactantes;

• Redutores de filtrado;

• Argila organofílica;

• Baritina e hematita;

• Cloreto de cálcio ou cloreto de sódio;

• Calcários fino e médio;

• Óxido de cálcio (cal viva).

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XII – PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS

12.1 Massa específica (peso do fluido)

Fisicamente, é a massa de fluido por unidade de volume. Usualmente, é expressa em lb/gal (libra por

galão).

Obs: No campo, é conhecida como peso do fluido. Equipamento para medição: balança densimétrica.

(a) (b)

Figura 12.1 – (a) Balança densimétrica, (b) Visor de nível

(a) (b)

Figura 12.2 – (a) Escala de densidade em lb/gal, (b) Marcação para densidade da água

Obs: É muito importante a verificação da calibração da balança.

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12.1.1 Problemas relacionados ao peso do fluido

a) Peso do fluido insuficiente:

• Desmoronamento das paredes do poço;

• Kick;

• Fechamento do poço.

b) Peso do fluido excessivo:

• Prisão de coluna por diferencial de pressão;

• Perda de circulação parcial ou total;

• Redução na taxa de penetração.

12.2 Viscosidade funil (marsh)

É uma medida prática da variação da viscosidade do fluido. Essa medida consiste na determinação

do tempo gasto pelo fluido para escoar através de um orifício existente na parte inferior do funil e

preencher um caneco até a marca de ¾ de galão (950 ml) ou 1000 ml.

Figura 12.3 – Teste para viscosidade em funil (marsh)

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12.3 Propriedades reológicas

A reologia trata da deformação e do escoamento dos fluidos quando submetida à ação de uma força.

Estuda as relações entre a tensão de cisalhamento e a razão de deformação, que definem as

condições de escoamento de um fluido.

Figura 12.4 - Viscosímetro FANN - Modelo 35 A.

Figura 12.5 - Características do viscosímetro FANN modelo 35 A

Page 41: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

40

o Classificação reológica dos fluidos:

o Fluidos newtonianos: existe uma relação linear entre a tensão cisalhante e a taxa de

deformação;

o fluidos não-newtonianos: são aqueles cuja viscosidade varia de acordo com a taxa de

deformação.

No grupo dos fluidos não-newtonianos, destacam-se:

o Fluidos plásticos: caracterizados pela existência de um limite de escoamento, isto é, torna-

se necessário um mínimo de tensão de cisalhamento para que o escoamento seja iniciado;

o Fluidos pseudo-plásticos: são aqueles cuja viscosidade aparente diminui à medida que

aumenta a taxa de deformação;

o Fluidos dilatantes: são aqueles cuja viscosidade aparente aumenta à medida que aumenta

a taxa de deformação.

12.4 Filtrado e reboco

• Filtrado API;

• Filtrado HTHP.

• Filtrado API: volume de líquido (filtrado) coletado numa proveta durante 30 min, a uma pressão

de 100 psi. Recomendado para fluidos base água;

• Reboco: material que fica depositado na parede do poço devido à perda do fluido em frente às

formações permeáveis

Figura 12.6 - Filtro Prensa API

Page 42: Op.Sonda de Perfuração_Fluido Perfuração

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• Filtrado HPHT: volume de líquido (filtrado) coletado numa proveta, durante 30 min, a uma

pressão de 500 psi e a uma temperatura de 300º F.

Figura 12.7 - Filtrado prensa HTHP

12.5 Teor de sólidos

O teste de retorta consiste na destilação de um volume de 10 ml de fluido, no período de 30 min,

obtendo-se as frações de água, óleo e sólidos.

Classificação dos sólidos perfurados:

SÓLIDOS EXEMPLO

inertes de baixa densidade areia, calcário, siltes

inertes da alta densidade baritina, hematita

ativos da baixa densidade argilas plásticas

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• Problemas causados pelos sólidos incorporados ao fluido de perduração durante a perfuração:

o Baixas taxas de penetração;

o Redução da potência hidráulica na broca;

o Redução da vida útil da broca;

o Redução da vida útil dos componentes do sistema de circulação;

o Pouca eficiência dos tratamentos químicos do fluido;

o Probabilidade de prisão por diferencial de pressão;

o Probabilidade de perda de circulação por aumento da densidade do fluido;

o Maior custo na manutenção das bombas.

Figura 12.8 - Kit retorta

12.6 Teor de areia

Figura 12.9 - Kit para determinação do teor de areia

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43

12.7 Salinidade

• Está diretamente relacionada à inibição do fluido;

• Serve de contraste entre zonas de água doce e zonas de óleo identificadas através do perfil de

resistividade.

12.8 Alcalinidades: Pm, Pf e Ph

Pm = alcalinidade do fluido;

Pf = alcalinidade do filtrado;

pH = potencial de hidrogênio.

12.9 Teste do MBT (Methilene Blue Test )

Figura 12.10 – Teste do BMT

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BIBLIOGRAFIA

DRESSER DO BRASIL. Manual de engenharia dos fluidos de perfuração. Rio de Janeiro, 1983. MACHADO, José C. V. Reologia e escoamento de fluidos. Rio de Janeiro: Interciência, 2002. MANUAL AMOCO. Technology & Training. 3.ed. 1996. MOORE, Preston L. Drilling practices manual. 2. ed. Tulsa, Oklahoma: PennyWell, 1986. NL Baroid. Manual Drilling Fluids Technology. Taxas, USA: Houston, 1979. PETROGUIA. Petrobras. 1 ed. Rio de Janeiro, 1989. STEFAN, Petrus. Manual de fluidos de Perfuração. Salvador: Petrobrás, 1982. THOMAS, José Eduardo. Fundamentos de Engenharia de Petróleo. Rio de Janeiro: Interciência, 2001.