avaliação das características técnica e econômica de um sistema de colheita florestal de...

ScientiaForeStaliS

225Sci. For., Piracicaba, v. 37, n. 83, p. 225-232, set. 2009

Avaliao das caractersticas tcnica e econmica de um sistema de colheita florestal de rvores inteiras

Technical and economic evaluation of a full tree harvesting system

Haroldo Carlos Fernandes, Sebastio Eudes Lopes, Mauri Martins Teixeira, Luciano Jos Minette4, Paula Cristina Natalino Rinaldi5 e Amanda Mirelle Bernardes6

Resumo

O trabalho foi conduzido em povoamentos de eucalipto de uma empresa florestal do Estado de Gois, com o objetivo de avaliar tcnica e economicamente um sistema de colheita florestal de rvores inteiras composto de feller-buncher, skidder e garra traadora. Foi realizado um estudo de tempos e movimentos e determi-nados os custos operacionais e de produo das mquinas. Para avaliar esses valores de produtividade do feller-buncher e da garra traadora, foi empregado um delineamento estatstico inteiramente casualizado com seis repeties, em esquema de parcelas subdivididas. Adotaram-se como parcelas as operaes que compem o ciclo operacional das mquinas e como subparcelas, os nveis de produtividade de floresta de 100, 200 e 300 m ha-1. Os valores foram submetidos anlise de varincia e ao teste de Tukey a 5% de probabilidade. Para avaliar o efeito dos tempos consumidos nas operaes do ciclo operacional do skidder nas produtividades de floresta de 100, 200 e 300 m ha-1 e nas distncias de arraste de 100, 200 e 300 m, assim como avaliar suas interaes quando significativas, utilizou-se um delineamento estatstico de blocos casualizados, em esquema fatorial 6x3x3, sendo seis operaes, trs produtividades e trs distncias de ar-raste, com quatro repeties. Os valores foram submetidos anlise de varincia e ao teste de Tukey a 5% de probabilidade. Concluiu-se que o feller-buncher registrou o maior custo de produo dentro do sistema, obtendo melhor capacidade efetiva de trabalho nas reas de maior produtividade. O skidder tambm teve seu melhor desempenho no talho de 300 m ha-1 na distncia at 200 m. A garra traadora apresentou custo de 0.97, 0.75 e 0.63 US$ m-3 para as produtividades de 100, 200 e 300 m ha-1, respectivamente.

Palavras-Chave: Colheita florestal, Composio de custos, Produtividade

Abstract

This study was carried out in eucalyptus stands of a forest company in the State of Gois, aiming at a technical and economic evaluation of a harvesting system. The studied system consisted of feller-buncher, skidder and slasher. The technical analysis was based on a study of times and movements and the economic analysis con-sisted of determining machine operating and production costs. Feller-buncher and slasher data were evaluated in a complete randomized design, with six replications, in a splitplot arrangement, with the phases of the machine operating cycle as whole plots and the levels of productivity 100, 200 and 300 m ha-1 as subplots. Data were subjected to analysis of variance and the Tukey test at 5% of probability. To evaluate the effect of the times spent in the operating cycle by the skidder at the productivity levels of 100, 200 and 300 m ha-1 and the dragging dis-tances of 100, 200 and 300 m, as well as evaluating the significant interactions, a randomized block design was used, in a 6x3x3 factorial arrangement (six operations, three productivities and three dragging distances), with four replications. Data were subjected to analysis of variance and the Tukey test at 5% of probability. The feller-buncher recorded the highest production cost within the system and was a limiting factor for production. The skidders best performance was found to be 200 m and a forest productivity of 300 m ha-. The slasher recorded costs of 0.97; 0.75; and 0.63 US$ m-3 for the productivities 100, 200 and 300 m ha-1 respectively.

Keywords: Forest harvesting, Composition of costs, Productivity

Professor Associado do Departamento de Engenharia Agrcola da Universidade Federal de Viosa - Avenida PH Rolfs s/n Campus Universitrio Viosa, MG - 36570-000 E-mail: [email protected]

Doutor em Engenharia Agrcola pela Universidade Federal de Viosa E-mail: [email protected]

Professor Associado do Departamento de Engenharia Agrcola da Universidade Federal de Viosa - Avenida PH Rolfs s/n Campus Universitrio Viosa, MG - 36570-000 E-mail: [email protected] Associado do Departamento de Engenharia Eltrica e de Produo da Universidade Federal de Viosa - Av. PH Holfs, s/n - Campus Universitrio - Viosa, MG - 36570-000 E-mail: [email protected] em Engenharia Agrcola no Departamento de Engenharia Agrcola da Universidade Federal de Viosa - Ave-nida PH Rolfs s/n Campus Universitrio Viosa, MG - 36570-000 E-mail: [email protected] em Engenharia Agrcola no Departamento de Engenharia Agrcola da Universidade Federal de Viosa - Aveni-da PH Rolfs s/n Campus Universitrio Viosa, MG - 36570-000 E-mail: [email protected]

Fernandes et al. Avaliao das caractersticas tcnica e econmica de um sistema de colheita florestal de rvores inteiras


INTRODUO

A avaliao dos sistemas de colheita de ma-deira, independente do grau de mecanizao utilizado, uma ferramenta fundamental para correes ou qualquer alterao do processo de produo, visando racionalizao e otimiza-o dos recursos utilizados. Trata-se ainda de instrumento indispensvel na comparao de diferentes mtodos ou equipamentos.

As estimativas de produtividade e custos ba-seados em dados fornecidos pelos fabricantes dos equipamentos, ou obtidas em trabalhos re-alizados em outros pases, mostram-se bastante frgeis, uma vez que refletem dados obtidos em condies totalmente diversas, no que diz res-peito ao sistema silvicultural, clima e formao profissional do operador, ficando clara a neces-sidade de realizao de estudos especficos para as condies brasileiras (BRAMUCCI, 2001).

Os sistemas de colheita de madeira mais co-muns so os sistemas de rvores inteiras e de toras curtas. Para Machado e Castro (1985), as vantagens do sistema de rvores inteiras so: a rea fica limpa de resduos diminuindo o risco de incndios; a utilizao da biomassa como fonte energtica; a concentrao de vrias ope-raes em um nico ponto permitindo maior controle das operaes; e, consequentemente, maior rendimento operacional se comparado ao sistema de toras curtas.

Segundo Seixas e Oliveira Jnior (2001), no Brasil predominam os dois sistemas (toras cur-tas e rvores inteiras) na colheita florestal, cujos mdulos foram desenvolvidos em funo dos ti-pos de mquinas e manipulao da madeira: o sistema escandinavo cut-lenght (toras curtas) e o sistema norte americano full tree (rvores in-teiras), tendo verificado que ambos os mdulos de colheita podem provocar distrbios ao solo, dependendo das condies de umidade e do rele-vo. Os autores alertam para evitar a generalizao do conceito de que o mdulo fellerbuncher e skidder causem mais danos que o harvester e forwarder em termos de compactao

Segundo Seixas (2002) a combinao skid-der + feller-buncher pode ser considerada re-presentativa no sistema de rvores inteiras, en-quanto que o mdulo harvester + forwarder trabalha em um sistema de colheita com proces-samento das rvores no local de abate.

A distribuio dos tempos no trabalho do feller-buncher, estudado por Lima e SantAnna (2001), demonstrou que o tempo efetivo de tra-

balho da mquina no chegou a 30% do seu dia tpico de trabalho, sendo 48% do seu tempo gasto com as atividades gerais. Dentro dessas ati-vidades, a manuteno corretiva foi a que consu-miu o maior tempo, chegando a 34% do dia.

Birro (2002), avaliando a extrao de madei-ra com track-skidder em regio montanhosa, relatou que, aumentando a distncia de extra-o, o deslocamento da mquina passou a ser um item significativo em seu ciclo de operao, afetando bastante a eficincia operacional da mquina. Seixas et al. (2004) considera o estu-do de tempos e movimentos uma tcnica muito importante no desenvolvimento de sistemas de colheita de madeira, pois o tempo consumido para cada um dos elementos do ciclo de traba-lho permite a sua organizao, com o objetivo de otimizar o sistema operacional.

A anlise das operaes florestais geralmente est vinculada a dados coletados. Frequentemen-te, esses dados esto contidos em relatrios de estudos de tempo e antes da coleta dos dados, as operaes devem ser explicitamente definidas e separadas em nvel de elemento (VALVERDE, 1995). Pelo exposto, este trabalho teve por obje-tivo fazer uma anlise tcnica e econmica de um sistema de colheita florestal de rvores inteiras.

MATERIAL E MTODOS

A pesquisa foi conduzida em povoamentos florestais de uma empresa mineradora do grupo Anglo-America na regio de Niquelndia no es-tado de Gois. O municpio est situado a 14 28 26 de latitude sul e 48 27 35 de longitu-de oeste, com 583 m de altitude. O tipo de solo predominante na regio o Latossolo Verme-lho-Escuro (LE), lico, Horizonte A moderado, com textura de mdia a arenosa e relevo plano a suave ondulado (CODEMIN, 2006).

O sistema de colheita mecanizada utilizado na empresa o de rvores inteiras. As mquinas que compe o sistema so: um trator derrubador-amontoador (feller-buncher), Caterpillar, mo-delo 320 CL, de potncia nominal no motor de 103 kW (140 cv, aproximadamente), o cabeote de corte da mquina modelo Hotdins, capacidade de corte 450 mm e peso de 19,5 kN, rodados de esteiras de 600 mm; um trator arrastador florestal (skidder) articulado com trao 4 x 4, Cater-pillar, modelo 525 B, potncia nominal no motor de 119 kW (161,8 cv, aproximadamente), pina de arraste de 1.04 m, e potncia de arraste de 172 kN, com sistema rodante traseiro e dianteiro


nas mesmas dimenses (30.5L x 32 PR), , e uma escavadora hidrulica Carterpillar equipada com uma garra traadora modelo 320 CL de potncia nominal de 103 kW (140 cv, aproximadamente), com conjunto de corte modelo sabre/corrente, capacidade de corte de 450 mm e capacidade de carga de 30 kN e alcance mximo de 854 mm.

Foi avaliado o sistema de colheita operando em trs nveis de produtividade, 100, 200 e 300 m ha-1, considerados de alta, mdia e baixa pro-dutividade, respectivamente, e na operao de arraste da madeira foram consideradas adicional-mente trs distncias (100, 200 e 300 m). O tra-balho foi conduzido em duas etapas: a primeira foi o acompanhamento no campo das atividades operacionais de colheita (corte, extrao e pro-cessamento), realizando um estudo de tempos e movimentos com acompanhamento das inter-rupes do trabalho das mquinas, a fim de obter informaes importantes sobre o ciclo operacio-nal, assim como fornecer subsdios para uma ava-liao tcnica do sistema, segundo procedimento metodolgico de estudo de tempos e movimentos utilizado por Valverde (1995) e Moreira (2000). A segunda etapa consistiu na determinao dos cus-tos operacionais e de produo de cada mquina, obtendo-se assim subsdios para uma avaliao econmica do sistema estudado.

Para avaliar o desempenho do feller-bun-cher e da garra traadora foi empregado o de-lineamento estatstico inteiramente casualizado com 6 repeties em esquema de parcelas sub-divididas. Adotou-se como parcelas as operaes que compe o ciclo operacional das mquinas e como subparcelas os nveis de produtividade 100, 200 e 300 m ha-1. Os valores foram subme-tidos anlise de varincia e teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para avaliar o efeito dos tempos gastos nas operaes do ciclo operacional do skidder nas produtividades 100, 200 e 300 m ha-1 e nas dis-tncias de arraste de 100, 200 e 300 m, assim como avaliar suas interaes quando significati-vas, utilizou-se um delineamento estatstico em blocos casualizados em esquema fatorial 6x3x3, sendo seis operaes, trs produtividades e trs distncias de arraste, com quatro repeties. Os valores foram submetidos anlise de varincia e teste de Tukey a 5 % de probabilidade.

Descrio do sistema de colheita florestal

O feller-buncher iniciava a derrubada com eito de quatro linhas de corte direcionando a

base dos feixes das rvores para a extremidade do talho. Cada leito foi dividido em 8 linhas de 100, 200 e 300 m de acordo com a distncia preestabelecida para o arraste do skidder. A etapa seguinte foi a extrao com o skidder, o qual se deslocava da margem da estrada at prximo ao local onde se encontravam os fei-xes. A etapa final do sistema consistiu no pro-cessamento da madeira, realizado pela garra traadora, que se deslocava em uma faixa de 4 metros entre os feixes arrastados pelo skidder e as pilhas formadas pela madeira j processa-da, sendo a galhada depositada entre estes.

O ciclo operacional das mquinas era com-posto pelas atividades de: o feller-buncher executava o deslocamento vazio, corte e deslo-camento para o descarregamento e paradas; o skidder, o deslocamento vazio, carregamento, deslocamento carregado e descarregado e para-das; e a Garra traadora, o deslocamento vazio acrescido do deslocamento feito na hora do cor-te, recolhimento das rvores e o corte e paradas.

O grau de disponibilidade mecnica a per-centagem do tempo de trabalho programado em que a mquina est mecanicamente apta a rea-lizar trabalho produtivo, expressa pela equao:

Dm = He x 100 (1)(He + Tm)em que:Dm = grau de disponibilidade mecnica (%);He = tempo de trabalho efetivo (horas); eTm = tempo de permanncia em manuteno (horas).

A eficincia operacional o tempo efetiva-mente trabalhado, em relao ao tempo total de trabalho, expressa pela equao:

f = te x 100 (2)(te + tp)em que:f = eficincia operacional (%);te = tempo de trabalho efetivo (horas); etp = tempo de paradas (horas).

A produtividade operacional efetiva foi de-terminada pela equao:

Prod= na x va (3)teem que:na = nmero de rvores obtido em cada parcela experimental (un);



va = volume mdio por rvore dentro da par-cela (m-3),te = tempo de trabalho efetivo cada mquina em cada parcela (horas).

A metodologia utilizada neste trabalho para a determinao dos custos operacionais das m-quinas foi aquela descrita por Miyata (1980) e Valverde (1995). O custo operacional foi ana-lisado separadamente para cada mquina ava-liada e expresso em dlares por hora efetiva de trabalho (US$ he-1).

Os custos fixos (CF) no variam com as horas de operao, ocorrendo quer a mquina traba-lhe ou no, no sendo afetados nem pelo total de atividades da mquina nem pela produo. Os custos fixos so compostos de custo de de-preciao, juros e seguros.

Os custos variveis (CV) variam, proporcional-mente, com a quantidade produzida ou com o uso da mquina. Fazem parte deles os custos de com-bustveis, lubrificantes, leo hidrulico, pneus, re-munerao de pessoal, manuteno, transporte de pessoal e maquinrio e pessoal operacional.

Os custos com manuteno, transporte de pessoal, transporte de maquinrio, pessoal ope-racional e de administrao foram fornecidos pela empresa, em valores mensais e divididos pela quantidade de horas trabalhadas por ms.

O custo operacional total (CT) foi obtido pela soma dos custos fixos, variveis e os custos de administrao de cada uma das mquinas analisadas neste trabalho.

O custo de produo das mquinas foi deter-minado pela equao:

CPr= CT (4)Prodem que:CPr = custo de produo da mquina analisada (US$ m-3 cc-1);CT = custo operacional total da mquina anali-sada (US$ he-1); eProd = produtividade da mquina analisada (m cc-1 he-1).

O rendimento energtico das mquinas foi obtido pela equao:

RE= Ce (5)Prodem que:RE = rendimento energtico da mquina anali-sada (g kW-1 m- cc-1);

Ce = consumo especfico de combustvel da m-quina analisada (g kW-1); eProd = produtividade da mquina analisada (m cc-1 he-1).

O custo total de produo foi obtido pelos cus-tos de produo da etapa de derrubada com o fel-ler-buncher, somado com o custo de produo da extrao realizada com o skidder nas trs distn-cias de arraste e acrescido do custo de produo do processamento realizado pela garra traadora.

CPS = CPFB + CPSK + CPGT (5)em que:CPS = custo total de produo do sistema (US$ m-3);CPFB = custo de produo do feller-buncher (US$ m-3);CPSK = custo de produo do skidder (US$ m-3); eCPGT = custo de produo da garra traadora (US$ m-3).

RESULTADOS E DISCUSSO

As operaes do ciclo operacional do feller-buncher nas produtividades analisadas apre-sentaram diferena significativa para a interao operao versus produtividade. As comparaes das mdias do tempo consumido pelo feller-buncher para realizar cada operao, em cada um dos nveis de produtividades, so apresenta-das na Tabela 1. Esses valores correspondem a um ciclo operacional, composto por 4,22; 4,07; e 2,50 rvores abatidas, em mdia, por ciclo nas produtividades de 100, 200 e 300 m ha-1, res-pectivamente. Numa anlise geral, a operao de deslocamento para descarga foi a que de-mandou menor tempo para execuo em todas as trs produtividades. No houve diferena sig-nificativa, entre as produtividades de 100 e 200 m ha-1, na mdia do tempo gasto para realizar qualquer uma das quatro operaes.

Custo operacional, custo de produo e rendimento energtico

Considerando-se uma taxa de juros de 12% a.a. e uma eficincia operacional de 85% (feller-bun-cher), chegou-se ao custo/hora efetivamente tra-balhada de US$ 68.62. Os custos fixos correspon-deram a aproximadamente 21,49%, e os custos variveis, aproximadamente 74,68% dos custos totais, respectivamente. O custo de administrao foi da ordem de 3,82% dos custos totais.


Operaes Produtividade (m ha-1)

100 200 300Corte (carga e descarga) 54,59 Aa 49,41 Aa 33,19 AbDeslocamento vazio 50,77 Aa 48,91 Aa 16,49 AbDeslocamento para descarga 17,39 Ba 13,67 Ba 8,73 BaInterrupes 52,47 Aa 41,07 Aa 22,10 Ab

Tabela 1. Mdia do tempo gasto em segundos para o feller-buncher realizar cada operao em cada um dos nveis de produtividade.

Table 1. Time expense average in seconds to carry through each operation for the feller-buncher in each one of the productivity levels.

Mdias seguidas pela mesma letra minscula na linha e maiscula na coluna no diferem entre si, pelo teste de Tukey a 5% de significncia.

Produtividade (m ha-1)

Produtividade (m he-1)

Custo produo (U$$ m cc-1)

Rendimento energtico (g kW-1 m- cc-1)

100 13,81 4.97 13,75200 23,67 2.90 7,12300 40,84 1.68 4,65

Tabela 2. Custo de produo e rendimento energtico do feller-buncher, em funo do volume de madeira produzido.Table 2. Cost of production and amount energy of feller-buncher relative to wood amount produced.

Operaes Produtividade (m ha-1)

100 200 300Deslocamento vazio 41,67Aa 66,84Ab 100,50AcCarga 49,41Aa 66,06Ab 71,32BbDeslocamento carregado 37,60Aa 59,95ABb 92,12AcDescarga 20,28Ba 32,52Da 20,34CaEncabeamento 14,68Ba 42,66CDb 17,75CaInterrupes 45,75Aa 49,18Ba 50,60Ba

Tabela 3. Teste de mdia dos tempos de arraste do ciclo operacional do skidder, nas produtividades analisadas.Table 3. Test of averages of dragging times of the skidder operating cycle, for analyzed productivities.


O feller-buncher apresentou um custo de produo de 4.97; 2.90 e 1.68 US$ m-3 para a produtividade de 100, 200 e 300 m ha-1. Isso demonstra que a mquina tem seu custo redu-zido quando trabalha com altas produtividades. Com o consumo especfico de combustvel de 190 g kW h-1, os rendimentos energticos fo-ram obtidos dividindo o consumo especifico pela produo. Esperava-se que o rendimento energtico fosse maior na maior produtividade, o que no ocorreu. Isso pode estar relacionado com o tamanho da rea de colheita e em funo da produtividade (Tabela 2).

Na medida em que a produtividade da flo-resta aumentou, a do feller-buncher tambm tendeu a aumentar e os valores do custo de pro-duo e o rendimento energtico tiveram ten-dncia de diminuir, indicando que a produtivi-dade do talho influenciou diretamente o custo de produo dessa mquina (Figura 1).

Valverde (1995) e Moreira (2000) obtiveram resultados semelhantes, indicando que as mqui-nas empregadas na operao de corte de madeira so sensveis aos diferentes nveis de volume m-dio por rvore, e seu rendimento, em termos de volume por unidade de tempo, tende a crescer com o aumento do volume mdio por rvore.

Na Tabela 3 apresentado o teste de mdia dos tempos de arraste do ciclo operacional do Skidder, nas produtividades analisadas.

Na Tabela 4 apresentado o rendimento ener-gtico do skidder nas produtividades e distn-cias de arraste estudadas. Para as produtividades da floresta de 100 e 200 m ha-1 nas distncias de arraste de 100; 200 e 300 m verificou-se reduo no rendimento energtico em funo do aumen-to no volume de madeira produzido, o que no foi observado para produtividade da floresta de 300 m ha-1 nas trs distncias de arraste.

Os custos de produo do skidder nas pro-dutividades e distncias de arraste esto repre-sentados na Tabela 5. O custo de produo ten-de a reduzir medida que o volume de madeira aumenta e a distncia de arraste diminui.

Os custos de produo evidenciaram dife-renas significativas a 5% de probabilidade pelo teste Tukey, quando o trator trabalhou na produ-tividade de 300 m ha-1 em distncias iguais ou inferiores a 200 m. Entretanto, os custos foram menores nas produtividades de 200 e 300 m ha-1 para a distncia de 100 m. O melhor resulta-do observado para esta varivel (custo de produ-o) foi verificado para uma floresta de 300 m ha-1 com arraste de 100 m de distncia. Isso leva

FernandoRealce



a concluir que o custo de produo do skidder est diretamente associado com a produtividade do talho e distncia de arraste at 200 m.

Na Tabela 6 so mostrados a produtividade, os custos de produo e o rendimento energtico da garra traadora nas produtividades e distn-cias analisada. A garra traadora apresentou um consumo especfico de combustvel de 155,53 g kW h-1. medida que a produtividade do ta-lho aumentou, a produtividade da mquina tambm aumentou e os valores do custo de pro-duo e do rendimento energtico diminuram, demonstrando que a produtividade do talho influenciou diretamente no custo de produo da garra traadora. Como era de se esperar, o

custo de produo e o rendimento energtico da mquina esto diretamente associados ao volu-me de madeira.

Na Tabela 7 so apresentadas as mdias dos tempos gastos nas operaes que compem o ciclo operacional da Garra Traadora, em diver-sos nveis de produtividade.

A Figura 2 ilustra a relao entre o custo de produo e a produtividade da garra traadora. Percebe-se que essa relao diretamente pro-porcional, pois o aumento da produtividade abaixa o custo. A melhor relao foi encontrada na produtividade de 300 m ha-1, em que para uma produtividade de 76,57 m he-1 se obteve um custo de US$ 0.63 m-3.

Distncia de arraste (m)Produtividade do talho (m ha-1)

Rendimento energtico (g kW-1 m-3)100 200 300

100 3,0 2,9 2,2200 2,7 2,3 1,5300 1,3 1,9 2,3

Tabela 4. Rendimento energtico do skidder em funo do volume de madeira produzido.Table 4. Energy performance of the skidder relative to the amount of wood produced.

Tabela 5. Custo de produo do skidder (U$$ m-) em funo da produtividade do talho.Table 5. Production cost of skidder (U$$ m-3) relative to the productivity of the forest plot.

Distncia de arraste (m)Produtividade do talho (m ha-1)

Custo produo (U$$ m-)100 200 300

100 0,96 0,78 0,55200 0,62 0,96 1,12300 1,26 1,21 0,93

Figura 1. Produtividade e custo de produo do feller-buncher nas produtividades analisadas.Figure 1. Productivity and production cost of the feller-buncher, for the analyzed productivities.


Distncia (m) Produtividade (m he-1) Custo produo (U$$ m-) Rendimento energtico (g kW-1 m-3)100 50,05 0,97 3,11200 65,16 0,75 2,39300 76,57 0,63 2,03

Tabela 6. Produtividade, custo de produo e rendimento energtico da garra traadora.Table 6. Productivity, production cost, and amount energy of the slasher.

Tabela 7. Mdias dos tempos gastos nas operaes do ciclo operacional da Garra Traadora, em diversos nveis de produtividade.

Table 7. Average times spent on the operations of the operating cycle of the slasher at different productivity levels.

Operaes Produtividade m3 ha-1

100 200 300Deslocamento vazio 32,88 Ac 47,71 Ab 55,51 BaInterrupo 6,59 Cb 9,90 Db 15,21 EFaPegar feixe 9,63 Cc 18,99 Cb 26,87 DaAjuste 6,36 Cc 12,89 Db 19,64 EaAcerto tora 9,48 Cb 12,42 Da 13,84 FaTraamento 23,26 Bc 45,22 Ab 68,88 AaAcerto final da pilha 18,69 Bc 32,02 Bb 40,79 Ca


A Tabela 8 apresenta o custo de produo sistema de colheita composto de 01 feller-bun-cher, 01 skidder e 01 garra traadora em 03 diferentes distncias de arraste e trs produti-vidades do talho. Os melhores resultados do sistema foram registrados quando os equipa-mentos trabalharam na produtividade de 300 m ha-1. O feller-buncher foi a mquina que tendeu ao maior custo de produo dentro do sistema, sendo de 4,97; 2,90 e 1,68 US$ m-

para as produtividades de 100, 200 e 300 m ha-1 respectivamente. Este custo explica a influ-ncia da produtividade do talho no custo final da mquina. O skidder teve seu melhor de-sempenho no talho de 300 m ha-1 na distncia at 100 m. Os custos encontrados para o feller-buncher so semelhantes aos encontrados por Moreira (2000), que avaliou o custo da mquina trabalhando num sistema composto de feller-buncher, skidder e slingshot.

Figura 2. Comportamento da produo e custo da garra traadora nas trs produtividades.Figure 2. Behavior of the production and cost of the slasher, at the three productivities.

Tabela 8. Custo de produo do sistema em funo das distncias e produtividades analisadas.Table 8. Production cost of the system, relative to the productivities and distances analyzed.

Distncia de arraste (m)Produtividade (m ha-1)

100 200 300U$$ m-

100 6.78 4.36 2.80200 6.94 4.79 2.87300 7.08 5.54 3.18



A capacidade produtiva do sistema quando se trabalhou nas produtividades de 100, 200 e 300 m ha-1 foi de 6.197,93, 10.623,09 e 18.328,99 m ms-1, respectivamente. A produtividade do sistema est associada ao desempenho do fel-ler-buncher, pois se observou que os demais equipamentos produzem madeira alm do que esta mquina consegue cortar.

CONCLUSO

Os melhores resultados do sistema, em ge-ral, foram registrados quando as mquinas tra-balharam na produtividade de 300 m ha-1 e o arraste efetuado em distncia de at 200 m.

A produtividade do sistema est associada ao desempenho do feller-buncher, que a m-quina de fundamental importncia no sistema, devido ao seu custo de produo, devendo tra-balhar em florestas de alta produtividade.

O melhor desempenho do skidder en-contrado para a distncia de 100 m e uma pro-dutividade da floresta de 300 m ha-1.

O rendimento da garra traadora afetado pelo volume de madeira e o arranjo dos feixes na pilha.

O sistema apresentou disponibilidades mec-nica e operacional satisfatrias, devido agilidade com relao assistncia mecnica nas mquinas em campo, ao sistema de manuteno preventivo e logstica de transporte dos operadores.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

BIRRO, M.H.B. Avaliao tcnica e econmica da extrao de madeira de eucalipto com Track-Skidder em regio montanhosa. 2002. 19p. Dissertao (Mestrado em Cincia Florestal) Universidade Federal de Viosa, Viosa, 2002.

BRAMUCCI, M. Determinao e quantificao de fatores de influncia sobre a produtividade de harvesters na colheita de madeira. 2001. 50p. Dissertao (Mestrado) Universidade de So Paulo. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2001.

CODEMIN COMPANHIA DE MINERAO DE NQUEL. 2006. Disponvel em: . Acesso em: 06 maio 2006.

LIMA, A.S.; SANTAANNA, C.M. Estudo de tempos e movimentos na colheita de eucaliptos em sistema de rvore inteira. In: SIMPSIO BRASILEIRO SOBRE COLHEITA E TRANSPORTE FLORESTAL, 5., 2001, Porto Seguro. Anais... Porto Seguro, 2001. p.265-280.

MACHADO, C.C.; CASTRO, P.S. Explorao florestal. Viosa: UFV, 1985. 32p.

MIYATA, O.P. Custo operacional de mquinas utilizados na explorao e transporte da cultura do eucalipto. Informe Agropecurio, Belo Horizonte, n.141, p.24-30, 1980.

MOREIRA, F.M.T. Anlise tcnica e econmica de subsistemas de colheita de madeira de eucalipto em terceira rotao. 2000. 148p. Dissertao (Mestrado em Cincia Florestal) Universidade Federal de Viosa, Viosa, 2000.

SEIXAS, F. Olho na terra. Revista Cultivar Mquinas, Pelotas, v.2, n.07, p.1517, 2002.

SEIXAS, F.; OLIVEIRA JNIOR, E.D. Compactao do solo devido ao trfego de mquinas de colheita de madeira. Scientia Forestalis, Piracicaba, n.60, p.7387, 2001.

SEIXAS, F.; BARBOSA, R.F.; RUMMER R. Tecnologia que protege a sade do operador. Revista da madeira, Curitiba, v.14, n.82, p.68-73, 2004.

VALVERDE, S.R. Anlise tcnica e econmica do subsistema de colheita de rvores inteiras em povoamentos de eucalipto. 1995. 123p. Dissertao (Mestrado em Cincia Florestal) - Universidade Federal de Viosa, Viosa, 1995.

Recebido em 29/08/2008Aceito para publicao em 25/06/2009

avaliação das características técnica e econômica de um sistema de colheita florestal de...

Documents