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Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção em revestimentos de ladrilhos cerâmicos e argamassas Ana Catarina Antunes Lopes Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Júri Presidente: Profº Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito Orientador: Profª Inês dos Santos Flores Barbosa Colen Co-orientador: Engº Luís Miguel Cardoso da Silva Vogal: Profª Maria Cristina de Oliveira Matos Silva Vogal: Profª Maria Paulina Santos Forte de Faria Rodrigues Outubro de 2012

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Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição

da resistência de aderência à tracção em revestimentos de ladrilhos

cerâmicos e argamassas

Ana Catarina Antunes Lopes

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Júri

Presidente: Profº Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito

Orientador: Profª Inês dos Santos Flores Barbosa Colen

Co-orientador: Engº Luís Miguel Cardoso da Silva

Vogal: Profª Maria Cristina de Oliveira Matos Silva

Vogal: Profª Maria Paulina Santos Forte de Faria Rodrigues

Outubro de 2012

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RESUMO

Desde o momento em que uma construção está concluída, os seus níveis de desempenho começam a

decrescer devido aos agentes de degradação. Os revestimentos de fachadas, pelo facto de estarem mais

expostos, são dos primeiros elementos a sofrer uma degradação e a ver diminuída a capacidade de cumprir as

funções que lhes são exigidas. Desta forma, desenvolvem-se esforços nacionais e internacionais no sentido de

prever a vida útil dos materiais e componentes que constituem o ambiente construído. Com o intuito de

determinar o desempenho em serviço ao longo da vida útil de um elemento, têm sido desenvolvidas diversas

metodologias de avaliação, incluindo técnicas de ensaio in-situ.

Neste contexto, este trabalho de investigação aprofunda o conhecimento relativo à técnica de ensaios pull-off,

técnica de diagnóstico in-situ que caracteriza o desempenho em serviço de revestimentos de argamassas e

cerâmicos face à aderência, através da medição da resistência de aderência à tracção. A aderência é uma das

principais características a exigir a um revestimento exterior, não só por questões estéticas como também por

razões de segurança na via pública (ex: queda de ladrilhos cerâmicos).

Nesta dissertação, realiza-se uma campanha experimental em laboratório e in-situ, onde se analisa a

variabilidade da técnica de ensaio pull-off. A campanha experimental in-situ decorre em muros experimentais e

em obras existentes. Comparam-se os resultados obtidos em laboratório com os obtidos in-situ, avalia-se o

cumprimento dos requisitos impostos pelas normas e analisam-se as diferentes tipologias de rotura

observadas. Analisa-se também a influência de alguns factores que se prevê influenciarem os resultados do

ensaio (utilização de pastilhas metálicas com diferente espessura, geometria e dimensão; localização dos

ensaios a diferentes alturas no paramento; utilização de diferentes dinamómetros; ensaios sobre

revestimentos humedecidos; utilização de diferentes tipos de corte).

Neste contexto, pretende-se avaliar a potencialidade da aplicação do ensaio pull-off, contribuir para a

interpretação dos resultados obtidos com esta técnica, e consequentemente avaliar o desempenho em serviço

dos revestimentos de argamassa e de ladrilhos cerâmicos.

Palavras chave: desempenho em serviço; aderência; ensaios in-situ; ensaio pull-off; revestimentos de

argamassa; revestimentos de ladrilhos cerâmicos.

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ABSTRACT

From the moment a building is constructed, its performance levels start to decrease due to the degradation

agents. The facade coatings, because they are more exposed, are one of the first elements to suffer

degradation and decrease the ability of perform their functions. Therefore, serious efforts, both in Portugal and

abroad, have been developed in order to accurately predict the service life of the materials and components of

a building. Bearing in mind the goal of predicting the in-service performance during the life cycle of the

elements, several evaluation methodologies have been developed, including in-situ testing techniques.

This research work aims at developing the knowledge on pull-off test, an in-situ diagnosis technique that

characterizes the in-service performance of renders and ceramic tile claddings, by measuring adherence

resistance to tension. Adherence is one of the main required properties of external coating, not only for

aesthetical reasons but also for safety purposes (ex. fall of ceramic tiles).

Throughout this research, an experimental campaign is performed in laboratory and in-situ, analyzing the

variability of the pull-off testing technique. In-situ experiments have been undertaken in existing construction

sites and test walls. The laboratory results were compared against the in-situ ones, evaluating the fulfillment of

legal requirements and rules, and the different failure modes were verified. In this work, the impact of several

factors that are supposed to influence the tests results (the use of metallic discs with different thickness levels,

geometries and sizes; different types of cuts; location of the testing at different heights; tests on damped

coating; use of different dynamometer) is analyzed.

In this context, this dissertation aims at assessing the in-situ pull-off testing contribution to the interpretation

of results obtained through this technique and, consequently, assessing the in-service performance of

rendering mortars and ceramic tile cladding.

Keywords: in-service performance; adherence; in-situ tests; pull-off test; renders; ceramic tile claddings.

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AGRADECIMENTOS

Esta dissertação foi, para mim, uma tarefa algo complicada de realizar pelo esforço e concentração necessários

durante uma fase menos boa da vida. Como tal, tenho plena consciência da importância do apoio de todas as

pessoas que me acompanharam ao longo deste período. Os meus sinceros agradecimentos a todas elas, das

quais destaco:

A Professora Inês Flores-Colen, minha orientadora científica do IST, pela orientação concedida no decorrer do

trabalho, pela paciência e motivação que me transmitiu, pelos conhecimentos partilhados, pela atenção na

análise dos resultados e, principalmente, pela disponibilidade constante na revisão dos capítulos.

O Engenheiro Luís Silva, da Weber, meu co-orientador científico, responsável pela Estação de Envelhecimento

Natural do Carregado, pelo apoio na definição e realização das campanhas experimentais e pelas revisões ao

trabalho.

O Engenheiro Nuno Vieira, da Weber, pelo apoio na realização das campanhas experimentais.

Os Engenheiros João Alferes e Nuno Cerqueira, por possibilitarem o acesso ao edifício do Restelo e ao muro de

Caxias, respectivamente, para a realização de inspecções.

Todos os meus amigos, pela amizade, ânimo e motivação transmitidos durante o trabalho. E ainda, um muito

obrigado, especificamente, à Lili, ao Francisco, ao Nuno, ao Manuel e ao André.

Por fim, mas as mais importantes, à minha família e em especial ao meu pai, António Lopes, por todo o

carinho, partilha e confiança. Dedico-lhe esta dissertação porque, apesar de não a ter acompanhado até ao fim,

vê aqui cumprido um dos seus sonhos.

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ÍNDICE GERAL

Resumo ............................................................................................................................................................. i

Abstract .......................................................................................................................................................... iii

Agradecimentos ............................................................................................................................................... v

Índice geral .................................................................................................................................................... vii

Índice de figuras .............................................................................................................................................. xi

Índice de tabelas ............................................................................................................................................ xv

Simbologia .................................................................................................................................................... xvii

Acrónimos ..................................................................................................................................................... xvii

1 Introdução ............................................................................................................................................... 1

1.1 Enquadramento e justificação da tese .................................................................................................. 1

1.2 Objectivos e metodologia de investigação ............................................................................................ 2

1.3 Estrutura e organização da dissertação ................................................................................................. 2

2 A aderência e o ensaio pull-off ................................................................................................................. 5

2.1 Considerações gerais ............................................................................................................................. 5

2.2 Aderência ............................................................................................................................................... 5

2.3 Ensaio pull-off ........................................................................................................................................ 6

2.3.1 Introdução ......................................................................................................................................... 7

2.3.2 Contextualização histórica ................................................................................................................ 7

2.3.3 Procedimento de execução do ensaio pull-off .................................................................................. 8

2.3.4 Requisitos de desempenho ............................................................................................................. 11

2.3.5 Tipo de rotura.................................................................................................................................. 12

2.3.6 Vantagens/Desvantagens do ensaio ............................................................................................... 13

2.3.7 Interpretação dos resultados .......................................................................................................... 14

2.3.7.1 Tratamento dos dados ........................................................................................................... 14

2.3.7.2 Análise da variabilidade .......................................................................................................... 15

2.3.7.3 Factores que afectam o ensaio pull-off .................................................................................. 17

2.4 Síntese do capítulo .............................................................................................................................. 29

3 Planeamento da campanha experimental ............................................................................................. 33

3.1 Considerações gerais ........................................................................................................................... 33

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3.2 Descrição geral do plano de estudos ................................................................................................... 33

3.2.1 Plano desenvolvido ......................................................................................................................... 34

3.3 Caracterização das argamassas ........................................................................................................... 35

3.4 Apresentação e descrição dos ensaios realizados em laboratório ...................................................... 38

3.4.1 Preparação das amassaduras .......................................................................................................... 38

3.4.2 Preparação dos modelos reduzidos ................................................................................................ 40

3.4.2.1 Modelos com suporte de tijolo .............................................................................................. 40

3.4.2.2 Modelos com suporte de betão ............................................................................................. 40

3.4.3 Realização do ensaio pull-off ........................................................................................................... 42

3.5 Apresentação e descrição dos ensaios realizados in-situ .................................................................... 46

3.5.1 Ensaios realizados nos muros experimentais (muretes) ................................................................. 46

3.5.2 Ensaios realizados no edifício do Restelo ........................................................................................ 49

3.5.3 Ensaios realizados no muro de Caxias ............................................................................................. 51

3.6 Síntese do capítulo .............................................................................................................................. 53

4 Apresentação e discussão dos resultados obtidos ................................................................................. 55

4.1 Considerações iniciais .......................................................................................................................... 55

4.2 Contextualização da campanha experimental desenvolvida .............................................................. 56

4.2.1 Ensaios realizados em laboratório .................................................................................................. 56

4.2.2 Ensaios realizados nos muros experimentais (muretes) ................................................................. 57

4.2.3 Ensaios realizados no edifício do Restelo ........................................................................................ 58

4.2.4 Ensaios realizados no muro de Caxias ............................................................................................. 58

4.3 Análise das tipologias de roturas após ensaio de aderência ............................................................... 59

4.3.1 Argamassa de revestimento ............................................................................................................ 60

4.3.2 Revestimento de ladrilhos cerâmicos ............................................................................................. 63

4.4 Análise dos factores de influência ....................................................................................................... 65

4.4.1 Análise face aos requisitos de aderência ........................................................................................ 65

4.4.2 Ensaios em ambiente real vs. ensaios em meio laboratorial .......................................................... 69

4.4.3 Influência da espessura da pastilha metálica .................................................................................. 70

4.4.4 Influência da dimensão da pastilha metálica .................................................................................. 73

4.4.5 Influência do local de realização do ensaio ..................................................................................... 75

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4.4.6 Influência do tipo de dinamómetro utilizado .................................................................................. 76

4.4.7 Influência das condições atmosféricas (seco/humedecido) ........................................................... 77

4.4.8 Influência do tipo de corte .............................................................................................................. 78

4.4.9 Influência da geometria da pastilha metálica ................................................................................. 79

4.5 Conclusão do capítulo ......................................................................................................................... 80

5 Conclusões e desenvolvimentos futuros ................................................................................................ 85

5.1 Considerações gerais ........................................................................................................................... 85

5.2 Conclusões gerais ................................................................................................................................ 86

5.3 Desenvolvimentos futuros................................................................................................................... 88

Bibliografia ..................................................................................................................................................... 91

Referências bibliográficas ................................................................................................................................. 91

Regulamentação/Normalização/Especificação ................................................................................................ 94

Sites consultados .............................................................................................................................................. 95

ANEXO – Resultados individuais e detalhados de cada ensaio pull-off realizado ........................................... A.1

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 2.1 – Factores que influenciam a aderência das argamassas sobre base porosa ........................................ 6

Figura 2.2 Esquematização do ensaio numa argamassa de revestimento ............................................................. 7

Figura 2.3 – Esquematização do ensaio pull-off em ladrilhos cerâmicos ................................................................ 7

Figura 2.4 – Aparelho pull-off tipo Limpet .............................................................................................................. 8

Figura 2.5 - Realização do corte circular com uma broca caroteadora ................................................................... 9

Figura 2.6 - Utilização do dinamómetro manual assentando o mecanismo de reacção numa base em forma de

ferradura ................................................................................................................................................................. 9

Figura 2.7 – Padrões de rotura previstos para um sistema de revestimento de reboco ...................................... 12

Figura 2.8 – Padrões de rotura previstos para um sistema de revestimento de ladrilhos cerâmicos .................. 13

Figura 2.9 – Relação entre o número de ensaios válidos, por caso de estudo, e o coeficiente de variação ...... 16

Figura 2.10 – Relação entre o material e a espessura da pastilha metálica com a força de tracção no ensaio

pull-off ................................................................................................................................................................... 18

Figura 2.11 - Distribuição de tensões na interface existente entre a argamassa e o substrato para pastilhas

metálicas com geometria e dimensões distintas .................................................................................................. 19

Figura 2.12 – Distribuição da tensão normal σz ao longo da camada de argamassa para diferentes geometrias e

dimensões da pastilha metálica ............................................................................................................................ 19

Figura 2.13 – Tipos de rotura no ensaio de aderência para diferentes tipos de pastilhas metálicas ................... 20

Figura 2.14 – Relação entre tensão de aderência de ensaios realizados num reboco industrial com rotura

coesiva no suporte e utilizando pastilhas metálicas circulares e quadradas ........................................................ 20

Figura 2.15 – Equipamentos utilizados na realização do ensaio pull-off .............................................................. 21

Figura 2.16 – Valores médios da resistência de aderência à tracção, para 3 tipos de equipamentos distintos ... 21

Figura 2.17 – Relação entre a resistência de aderência à tracção, o tipo de equipamento utilizado e a espessura

do revestimento .................................................................................................................................................... 22

Figura 2.18 – Resultados obtidos no estudo da influência do tipo de dinamómetro, para os 3 produtos

analisados, determinados a partir dos laboratórios nacionais Lab1 e Lab2 ......................................................... 23

Figura 2.19 – Distribuição das tensões na interface existente entre a argamassa e o suporte para diferentes

espessuras da camada de cola .............................................................................................................................. 24

Figura 2.20 – Distribuição das tensões na interface existente entre a argamassa e o suporte para três tipos de

cola diferentes, mantendo constante uma espessura de 5 mm ........................................................................... 24

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Figura 2.21 – Amostras após ensaio pull-off. Comparação entre a secção extraída com a aplicação de uma cola à

base de resinas epoxídicas e uma cola à base de resinas de poliéster ................................................................. 24

Figura 2.22 – Distribuição das tensões na interface existente entre a argamassa e o suporte para sistemas de

revestimentos de argamassas de diferentes espessuras e pastilhas metálicas com 50 mm de diâmetro ........... 25

Figura 2.23 – Tipos de rotura no ensaio de aderência para diferentes espessuras do reboco............................. 26

Figura 2.24 – Correlação entre a resistência de aderência à tracção e a altura de aplicação da argamassa ....... 27

Figura 2.25 – Influência da pressão exercida sobre o ladrilho cerâmico na resistência de aderência à tracção .. 27

Figura 2.26 – Resistência de aderência à tracção em função das condições de cura para diferentes tipos de

cimentos-cola ........................................................................................................................................................ 28

Figura 3.1 – Tipos de pastilhas metálicas quadradas e circulares utilizadas ......................................................... 35

Figura 3.2 – Mesa compactadora e copo .............................................................................................................. 36

Figura 3.3 – Pesagem do copo após remoção do produto excedente .................................................................. 36

Figura 3.4 – Misturadora com recipiente acoplado .............................................................................................. 39

Figura 3.5 – Recipiente com o produto em pó e água (passo 1 do procedimento) .............................................. 39

Figura 3.6 – Exemplificação da preparação dos provetes em tijolo...................................................................... 40

Figura 3.7 – Exemplificação da preparação dos provetes em placas de betão..................................................... 41

Figura 3.8 – Modelos reduzidos dispostos na sala climatizada ............................................................................. 41

Figura 3.9 – Dinamómetros D1 (500 daN) e D2 (1000 daN) ................................................................................. 42

Figura 3.10 – Exemplificação do procedimento de um ensaio pull-off ................................................................. 43

Figura 3.11 – Disposição das pastilhas metálicas nas placas de betão para os ensaios com cimento-cola L ....... 44

Figura 3.12 - Disposição das diferentes pastilhas metálicas nos tijolos ................................................................ 45

Figura 3.13 – Murete com sistema de reboco mineral de regularização orientado a Sul (M1) ............................ 46

Figura 3.14 – Murete com sistema de ladrilhos cerâmicos orientado a Oeste (M2) ............................................ 46

Figura 3.15 – Espalhamento do cimento-cola ....................................................................................................... 47

Figura 3.16 – Percussão do ladrilho cerâmico para aumentar a adesão ao cimento-cola .................................... 47

Figura 3.17 – Aspecto após a colocação de todos os ladrilhos. (do lado direito já sem espaçadores) ................. 47

Figura 3.18 – Realização dos cortes com a rebarbadora ...................................................................................... 47

Figura 3.19 - Peças plásticas de suporte à pastilha metálica ................................................................................ 47

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Figura 3.20 – Realização do ensaio pull-off em suporte de reboco ...................................................................... 47

Figura 3.21 – Realização do ensaio pull-off em suporte de ladrilhos cerâmicos .................................................. 47

Figura 3.22 – Humedecimento do suporte ........................................................................................................... 48

Figura 3.23 – Vista geral da localização dos ensaios sobre ladrilhos cerâmicos ................................................... 49

Figura 3.24 – Vista geral da localização dos ensaios sobre reboco ....................................................................... 49

Figura 3.25 – Vista geral das 2 zonas de ensaios no edifício do Restelo ............................................................... 49

Figura 3.26 – Realização dos cortes ...................................................................................................................... 50

Figura 3.27 – Zona a ensaiar após realização dos cortes ...................................................................................... 50

Figura 3.28 - Colocação dos 2 componentes da cola na pastilha metálica ........................................................... 50

Figura 3.29 - Espalhamento dos 2 componentes da cola...................................................................................... 50

Figura 3.30 - Colagem da pastilha metálica .......................................................................................................... 50

Figura 3.31 – Dinamómetro com visor digital ....................................................................................................... 51

Figura 3.32 – Dinamómetro com visor analógico ................................................................................................. 51

Figura 3.33 – Aspecto geral do muro de Caxias .................................................................................................... 51

Figura 3.34 – Uma das zonas de ensaios no muro de Caxias ................................................................................ 51

Figura 3.35 – Ensaio com pastilha circular e corte circular ................................................................................... 52

Figura 3.36 – Ensaio com pastilha quadrada e corte quadrado ............................................................................ 52

Figura 3.37 – Realização de furo com berbequim para assentar máquina caroteadora ...................................... 52

Figura 3.38 – Máquina caroteadora ...................................................................................................................... 52

Figura 3.39 – Pormenor da broca caroteadora a perfurar .................................................................................... 52

Figura 4.1 – Rotura por película superficial (RPS) ................................................................................................. 56

Figura 4.2 - Resultado dos ensaios realizados no laboratório em Aveiro, sobre um sistema de revestimento de

ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola L .................................................................................................. 57

Figura 4.3 – Resultado dos ensaios realizados nos muretes no Carregado, sobre um reboco e um sistema de

revestimento de ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola L ...................................................................... 57

Figura 4.4 - Resultado de ensaios realizado no edifício do Restelo, sobre um sistema de revestimento de

ladrilhos cerâmicos ............................................................................................................................................... 58

Figura 4.5 – Resultado dos ensaios realizados no muro de Caxias ....................................................................... 58

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xiv

Figura 4.6 – Exemplo dos vários tipos de rotura observados ............................................................................... 59

Figura 4.7 - Conversão das tipologias de rotura observadas para as tipologias de rotura utilizadas para análise

estatística .............................................................................................................................................................. 60

Figura 4.8 - Valores das tensões de rotura para cada tipologia para os ensaios realizados em sistemas de

revestimento de reboco em laboratório ............................................................................................................... 61

Figura 4.9 - Valores das tensões de rotura para cada tipologia para os ensaios realizados em sistemas de

revestimento de reboco nos muretes ................................................................................................................... 61

Figura 4.10 - Valores das tensões de rotura para cada tipologia para os ensaios realizados em sistemas de

revestimento de reboco no muro de Caxias ......................................................................................................... 62

Figura 4.11 - Valores das tensões de rotura para cada tipologia para os ensaios realizados em sistemas de

revestimento de ladrilhos cerâmicos .................................................................................................................... 64

Figura 4.12 - Valores das tensões de arrancamento dos ensaios realizados em sistemas de revestimento de

reboco nas várias campanhas ............................................................................................................................... 66

Figura 4.13 - Valores das tensões de arrancamento dos ensaios realizados em sistemas de revestimento de

ladrilhos cerâmicos nas várias campanhas ........................................................................................................... 68

Figura 4.14 – Pastilhas metálicas com tipologia de rotura por película superficial .............................................. 70

Figura 4.15 – 5 zonas após ensaio onde a tipologia de rotura ocorreu por película superficial ........................... 70

Figura 4.16 – Tensão média de arrancamento - Casos de estudo em sistemas de revestimento de reboco, para a

influência da espessura da pastilha metálica (E – espessura, s – seleccionada (excluídos os valores não

representativos correspondentes à tipologia de rotura por película superficial)) ............................................... 71

Figura 4.17 – Tensão média de arrancamento - Casos de estudo em sistemas de revestimento de ladrilhos

cerâmicos, para a influência da espessura da pastilha metálica (E – espessura) ................................................. 72

Figura 4.18 – Tensão média de arrancamento - Casos de estudo para influência da dimensão da pastilha

metálica (D – dimensão; s – seleccionada (excluídos os valores não representativos correspondentes à tipologia

de rotura por película superficial))........................................................................................................................ 74

Figura 4.19 – Correlação entre a tensão média de arrancamento e a altura de realização do ensaio ................. 75

Figura 4.20 - Influência do tipo de suporte para os ensaios realizados ao nível do piso 0 e ao nível do piso 1 ... 76

Figura 4.21 – Influência do tipo de dinamómetro utilizado .................................................................................. 77

Figura 4.22 - Influência das condições atmosféricas ............................................................................................. 78

Figura 4.23 – Influência do tipo de corte .............................................................................................................. 78

Figura 4.24 - Influência da geometria da pastilha metálica (G – geometria) ........................................................ 79

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xv

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 2.1 - Síntese de alguns documentos referentes ao ensaio pull-off em argamassas de revestimento ...... 10

Tabela 2.2 - Síntese de alguns documentos referentes ao ensaio pull-off em ladrilhos cerâmicos ..................... 11

Tabela 2.3 – Síntese de normas, relatórios e documentos técnicos relativas à resistência de aderência à tracção

.............................................................................................................................................................................. 12

Tabela 2.4 - Síntese da literatura analisada sobre os factores que afectam o resultado do ensaio pull-off ........ 30

Tabela 2.5 - Síntese da literatura analisada sobre os factores que afectam o resultado do ensaio pull-off

(continuação) ........................................................................................................................................................ 31

Tabela 3.1 – Síntese dos factores de influência estudados ................................................................................... 34

Tabela 3.2 – Características do reboco mineral de regularização......................................................................... 37

Tabela 3.3 – Características do cimento-cola clássico .......................................................................................... 37

Tabela 3.4 – Características do cimento-cola L ..................................................................................................... 38

Tabela 3.5 – Quantidades de água e produto em pó utilizados na preparação das amassaduras ....................... 39

Tabela 3.6 – Síntese dos ensaios realizados em laboratório................................................................................. 44

Tabela 3.7 – Síntese dos ensaios realizados nos muros experimentais do Carregado ......................................... 48

Tabela 3.8 – Síntese dos sistemas de revestimento ensaiados ............................................................................ 53

Tabela 4.1 - Valores das tensões de arrancamento dos ensaios realizados em sistemas de revestimento de

reboco nas várias campanhas ............................................................................................................................... 66

Tabela 4.2 - Valores das tensões de arrancamento dos ensaios realizados em sistemas de revestimento de

ladrilhos cerâmicos nas várias campanhas ........................................................................................................... 67

Tabela 4.3 – Variação percentual da tensão média de arrancamento para variações na espessura da pastilha

metálica ................................................................................................................................................................. 73

Tabela 4.4 - Variação percentual da tensão média de arrancamento para variações na dimensão da pastilha

metálica ................................................................................................................................................................. 74

Tabela 4.5 - Variação percentual da tensão média de arrancamento para variações na dimensão da pastilha

metálica ................................................................................................................................................................. 80

Tabela 5.1 – Síntese das conclusões obtidas através da bibliografia analisada e da campanha experimental

realizada, relativamente aos factores de influência do ensaio pull-off ................................................................ 87

Tabela 5.2 - Síntese das conclusões obtidas através da bibliografia analisada e da campanha experimental

realizada, relativamente aos factores de influência do ensaio pull-off (continuação) ......................................... 88

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xvi

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xvii

SIMBOLOGIA

CV - coeficiente de variação dos resultados

DP - desvio padrão dos resultados

Fu - tensão de aderência ou de resistência ao arrancamento no ensaio de tracção pull-off

ρ - massa volúmica aparente

○ - pastilha metálica circular

□ - pastilha metálica quadrada

ACRÓNIMOS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

AFNOR - Association Francaise de Normalisation

APFAC - Associação Portuguesa dos Fabricantes de Argamassas de Construção

ASTM - American Society for Testing and Materials

BSI - British Standards

CEN - Comité Europeén de Normalisation

CSTB - Centre Scientifique et Technique du Bâtiment

DECivil ‐ Departamento de Engenharia Civil

DTU - Document Technique Unifié

EEN - Estação de Envelhecimento Natural

ETICS ‐ External Thermal Insulating Composite Systems

FEUP - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

ISO ‐ International Organization for Standardization

IST ‐ Instituto Superior Técnico

LNEC ‐ Laboratório Nacional de Engenharia Civil

RILEM ‐ Réunion Internationale des Laboratoires D’Essais et de Recherches sur les Matériaux et les

Constructions

UEATc - União Europeia para a Apreciação Técnica na Construção

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xviii

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Introdução

1

1 INTRODUÇÃO

1.1 ENQUADRAMENTO E JUSTIFICAÇÃO DA TESE

A procura de uma maior sustentabilidade da construção, aliada ao melhor desempenho dos edifícios, é um

tema cada vez mais em foco na sociedade (Flores-Colen, 2009). Como tal, procura-se que os elementos da

construção tenham uma maior vida útil e contribuam para o bom desempenho dos edifícios. A vida útil de um

edifício define-se como o período de tempo após a sua construção, em que o edifício ou os seus elementos

igualam ou excedem as exigências funcionais de desempenho (ISO, 2000).

Neste sentido, estão a ser desenvolvidos esforços nacionais e internacionais de normalização. Exemplo disso é

a gradual implementação na Europa, do Regulamento dos Produtos da Construção (RPC), que tem como

objectivo central assegurar o bom funcionamento do mercado interno dos produtos da construção, através de

especificações técnicas harmonizadas que expressem o desempenho dos produtos. Em relação às directivas

anteriores, o RPC introduz um novo requisito num contexto de maior respeito ambiental, ao exigir a utilização

sustentável dos recursos naturais na produção e comercialização de futuros produtos de construção (Torgal,

2011).

Para que a manutenção de um edifício possa ser implementada com rigor e com a regularidade exigida, é

fundamental conhecer a vida útil dos elementos da construção e conhecer as metodologias de avaliação

in-situ.

É neste sentido que a presente dissertação se foca no conhecimento das metodologias de avaliação de

sistemas de revestimentos de reboco e de ladrilhos cerâmicos. São diversas as técnicas de ensaio in-situ que

podem trazer um importante contributo para o estudo da avaliação em serviço destes sistemas de

revestimento, possibilitando a melhoria do actual conhecimento dos factores que afectam esse desempenho.

Contudo, pela análise das diversas normas e documentos técnicos, é possível concluir-se que ainda não existe

um consenso, na definição de um procedimento para cada tipo de técnica de ensaio. Aliado à escassez de

procedimentos normalizados e de critérios de avaliação, as próprias técnicas de ensaio in-sit, apresentam uma

grande incerteza.

Neste contexto, a presente dissertação debruça-se sobre o estudo dos diversos factores que afectam a

variabilidade da técnica de ensaio de resistência de aderência à tracção - ensaio pull-off. Este estudo visa

complementar os já realizados por outros investigadores e o conhecimento adquirido sobre a eficácia da

Page 24: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 1

2

técnica na avaliação do desempenho em serviço e degradação dos rebocos e dos revestimentos de ladrilhos

cerâmicos.

1.2 OBJECTIVOS E METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

Esta dissertação pretende aprofundar o conhecimento relativo à técnica de diagnóstico de determinação da

resistência de aderência à tracção - o ensaio pull-off, possibilitando a verificação da sua utilidade na avaliação

quantitativa das características dos rebocos e dos revestimentos de ladrilhos cerâmicos, de forma a avaliar o

desempenho em serviço destes revestimentos, ao longo da sua vida útil.

Para tal, o estudo baseia-se na interpretação dos resultados obtidos em ensaios pull-off, realizados ao longo de

uma campanha experimental desenvolvida em laboratório e in-situ, onde se fez variar diversos factores

inerentes ao sistema de revestimento a ensaiar, bem como às técnicas de ensaio. Neste contexto, os principais

objectivos desta dissertação consistem em:

contribuir para o maior conhecimento do desempenho em serviço dos sistemas de revestimentos de

argamassas e de ladrilhos cerâmicos;

analisar os diferentes tipos de rotura obtidos no ensaio;

perceber se os resultados obtidos nos ensaios estão dentro do expectável, tendo em conta os valores

dados pelos fornecedores (quando disponíveis), e se estes cumprem os requisitos das normas;

comparar os resultados obtidos na campanha desenvolvida em laboratório com os obtidos na

campanha desenvolvida in-situ;

estudar os parâmetros que se prevê influenciarem o resultado do ensaio pull-off, nomeadamente:

o utilização de pastilhas metálicas com diferentes espessuras;

o utilização de pastilhas metálicas com diferentes dimensões;

o utilização de pastilhas metálicas com diferentes geometrias e diferente corte;

o localização do ensaio (diferentes alturas);

o utilização de diferentes dinamómetros;

o condições climatéricas distintas (sol e chuva).

1.3 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

O texto principal da dissertação está dividido em cinco capítulos, designadamente introdução; a aderência e o

ensaio pull-off; planeamento da campanha experimental; apresentação e análise dos resultados e conclusões e

desenvolvimentos futuros. Os primeiros dois capítulos constituem o estado da arte que, com base nas

referências bibliográficas disponíveis e pertinentes, contribuem para o estudo da variabilidade da técnica de

ensaio pull-off.

No capítulo 1, realiza-se um enquadramento do tema de modo a introduzir o conceito de vida útil e de

desempenho dos edifícios, assim como a importância das técnicas de ensaio e a sua normalização para o

Page 25: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Introdução

3

desenvolvimento de correctas metodologias de avaliação do desempenho das construções. Apresentam-se

ainda as metodologias de investigação adoptadas, os objectivos a atingir, assim como o modo como o

documento se encontra organizado e estruturado.

No capítulo 2, aborda-se o tema da aderência e do ensaio mais comummente utilizado para determinar a

resistência de aderência à tracção – o ensaio pull-off. Desta forma, começa-se por descrever uma das principais

características de desempenho dos sistemas de revestimento, a aderência, e procura-se sintetizar os principais

factores que a afectam. De seguida, apresenta-se uma breve contextualização histórica do ensaio pull-off.

Apresenta-se, ainda, uma síntese das normas e especificações técnicas nacionais e internacionais que definem

o ensaio e os requisitos de desempenho dos sistemas de revestimento estudados. Por último, descreve-se a

técnica de ensaio e analisam-se os factores que influenciam os resultados da mesma.

No capítulo 3, caracteriza-se todo o trabalho experimental, descrevendo os revestimentos ensaiados, os locais

de ensaio, os ensaios realizados e respectivos procedimentos que se basearam na normalização, nas técnicas

usualmente aplicadas e nos factores de variação que se pretendem avaliar. Relativamente ao trabalho

realizado em laboratório, caracterizam-se as argamassas formuladas e os materiais constituintes e relata-se a

preparação das amostras de teste e o seu ensaio.

No capítulo 5, são apresentados e analisados os resultados obtidos nos ensaios laboratoriais assim como na

campanha realizada in-situ. Neste capítulo, são analisados os objectivos traçados, nomeadamente o estudo da

influência dos vários factores de variação da técnica e a comparação entre os resultados obtidos em meio

laboratorial e natural.

Por último, no capítulo 6, são apresentadas as conclusões do trabalho desenvolvido, de acordo com os

objectivos inicialmente propostos. Além das ilações obtidas, são ainda sugeridas propostas para

desenvolvimentos futuros que complementem o estudo realizado e que se considera relevante aprofundar.

No final da dissertação, são apresentadas as referências bibliográficas que serviram de base para o

desenvolvimento deste estudo, incluindo normas, regulamentos e documentos normativos utilizados. No

anexo, apresentam-se os resultados individuais dos ensaios realizados.

Page 26: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 1

4

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A aderência e o ensaio pull-off

5

2 A ADERÊNCIA E O ENSAIO PULL-OFF

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Neste capítulo, é abordado uma das principais características de desempenho dos sistemas de revestimento

constituídos por ladrilhos cerâmicos e argamassas, a aderência. Esta propriedade é fundamental para um bom

desempenho em serviço. Desta forma, é feita uma breve descrição do fenómeno aderência, bem como do tipo

de factores que afectam a mesma.

Posteriormente, é feita uma síntese das normas e especificações técnicas nacionais e internacionais que

definem os requisitos de desempenho das argamassas a serem cumpridos nos revestimentos aplicados.

Por último, o presente capítulo tenciona descrever o ensaio mais comummente utilizado para determinar a

resistência de aderência à tracção por arrancamento – ensaio pull-off. Pretende-se ainda analisar os factores

que influenciam os resultados deste ensaio.

2.2 ADERÊNCIA

A aderência é uma das características mais relevantes quando se fala de revestimentos. A aderência é definida

através da máxima força de rotura por unidade de superfície e pode ser medida através da aplicação de uma

força de tracção ou de corte (IPQ, 2008). A aderência mede a capacidade do revestimento se manter fixo ao

substrato, através da resistência às tensões normais e tangenciais que surgem na interface existente entre o

suporte e o revestimento (Maciel et al., 1998). Esta propriedade depende fundamentalmente da natureza do

substrato (rugosidade da superfície, humidade inicial e sucção capilar), do tipo de material de revestimento

(materiais de composição e espessura) e das condições climáticas durante a sua aplicação (Gaspar et al., 2011).

De um modo sucinto, a Figura 2.1 apresenta os factores que influenciam a aderência de uma argamassa.

De acordo com Santos (2008), existem essencialmente dois tipos de aderência: aderência mecânica e aderência

química. O primeiro tipo resulta do facto de a argamassa penetrar nos poros do substrato. Este fenómeno

deve-se à água presente na argamassa entrar nos poros e arrastar consigo componentes que ao precipitarem

exercem forças de ancoragem entre a argamassa e a base. Por outro lado, se se pretender aumentar a

aderência das argamassas, é possível juntar adições à base de polímeros e resinas. Deste modo, está-se a

introduzir o conceito de aderência química.

Page 28: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 2

6

Figura 2.1 – Factores que influenciam a aderência das argamassas sobre base porosa, adaptado de Vieira (2009)

Na engenharia, o fenómeno de aderência prende-se fundamentalmente com a necessidade de garantir a união

entre dois corpos por questões de segurança, impermeabilização ou mesmo estética das superfícies revestidas.

Este termo é a maioria das vezes empregue quando se fala de revestimentos constituídos por ladrilhos

cerâmicos ou por argamassas de revestimento. Para além da resistência aos factores externos, o sistema de

colagem tem ainda de resistir ao peso próprio do revestimento, que no caso dos ladrilhos cerâmicos é

normalmente superior. Os principais agentes externos são as variações dimensionais provocadas por

gradientes de temperatura e pela radiação solar, as forças de impacto e a acção da água das chuvas (Vieira,

2009).

Sendo assim, interessa determinar a tensão de aderência à tracção num período inicial de forma a avaliar se os

valores pretendidos foram atingidos, mas também a longo prazo no caso de ocorrerem anomalias no sistema e

quando haja reparações do mesmo. Devem ainda ser realizadas, periodicamente, inspecções de avaliação da

aderência em condições de serviço. O principal método utilizado na determinação da força de aderência é o

ensaio pull-off e é sobre a análise deste ensaio que incide toda esta dissertação.

Para além do ensaio experimental pull-off, que pode ser realizado em ambiente laboratorial ou in-situ, pode-se

também recorrer a análises microscópicas da interface entre a argamassa e o suporte para aprofundar o

conhecimento do mecanismo responsável e dos factores que influenciam a aderência entre uma argamassa e

um suporte poroso (Gaspar, 2011).

2.3 ENSAIO PULL-OFF

Os ensaios in-situ dos revestimentos aplicados são hoje relativamente utilizados para avaliar a sua resistência e

durabilidade em serviço. Este capítulo descreve um dos métodos que tem sido utilizado com sucesso para

avaliar a resistência de aderência à tracção das argamassas de revestimento e de ladrilhos cerâmicos – o ensaio

pull-off.

Page 29: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

A aderência e o ensaio pull-off

7

2.3.1 INTRODUÇÃO

O ensaio pull-off é baseado no conceito de que a força de tracção necessária para arrancar um disco de metal,

juntamente com uma camada de argamassa, a partir do substrato a que está ligado, está relacionada

empiricamente com a resistência de aderência à tracção da argamassa. Para isso, é necessário realizar uma

perfuração parcial até uma profundidade adequada e colar uma pastilha metálica à superfície a testar. O

corte permite que as tensões produzidas sejam unicamente de tracção e que a área sobre a qual a força incide

seja efectivamente a área em que a pastilha está colada. O ensaio é ilustrado nas Figuras 2.2 e 2.3, para o caso

de ensaios a realizar em argamassas de revestimento e em ladrilhos cerâmicos, respectivamente.

Legenda: 1 – pastilha metálica, 2 – camada de cola, 3 – argamassa de revestimento, 3* - argamassa de revestimento (área de ensaio), 4 – suporte, Fu – força de rotura

Legenda: 1 – pastilha metálica, 2 – camada de cola, 3 – ladrilhos cerâmicos, 3* - ladrilho cerâmico (área de ensaio), 4 – cimento-cola, 5 – suporte de argamassa, 6 – suporte de betão, Fu – força de rotura

Figura 2.2 - Esquematização do ensaio numa argamassa de revestimento (Quintela, 2006)

Figura 2.3 – Esquematização do ensaio pull-off em ladrilhos cerâmicos

O ensaio pull-off é um ensaio semi-destrutivo e implica uma reparação a posteriori da zona de ensaio. Esta

reparação é o principal condicionalismo desta técnica em campanhas experimentais in-situ. No entanto,

existem mecanismos informáticos que permitem simular o mecanismo de adesão entre o suporte e a

argamassa, como, por exemplo, o software ANSYS, programa que tem sido largamente utilizado na área da

engenharia (civil, mecânica, aeroespacial) e que realiza uma análise numérica por elementos finitos, na

interface do sistema de revestimento (Gaspar et al., 2011).

2.3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Em 1973/1974, o colapso de uma cobertura feita de cimento com alta concentração de alumina (HAC – High

Alumina Ciment) no Reino Unido originou a proibição da utilização deste tipo de cimento em elementos

estruturais. Como tal foi necessário inspeccionar todos os edifícios construídos até à data com HAC. Desta

forma, surgiu uma nova era de ensaios in-situ para avaliar as condições do betão, no entanto, alguns deles

mostraram-se pouco fiáveis ou de difícil aplicação (Bai et al., 2009).

Em 1974, o professor Bai da Queen’s University Belfast (Bai et al., 2009) patenteou o ensaio pull-off como uma

forma de avaliar a resistência à compressão do betão. Tornou-se claro que este ensaio poderia determinar a

resistência in-situ do betão com facilidade. O desenvolvimento dos aparelhos de ensaio foi significativo,

Fu

1

45

6

3*

3

2

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Capítulo 2

8

passando primeiramente por um aparelho que imprimia a força de tracção através de um volante manual e

possuía um leitor digital para anotar a força máxima. A Figura 2.4 apresenta esse mesmo aparelho portátil,

designado por Limpet. Também na Dinamarca, nos EUA e na Alemanha se desenvolveram aparelhos do género

(Bond Test) (Bai et al., 2009). Posteriormente, começaram a surgir aparelhos automáticos e com diferentes

níveis de força.

Figura 2.4 – Aparelho pull-off tipo Limpet (Bai et al., 2009)

O ensaio pull-off foi primeiramente desenvolvido apenas com o fim de determinar a resistência in-situ do

betão. No entanto, mais tarde, percebeu-se as potencialidades no conhecimento da resistência da ligação em

betões reparados. A British Standards Institution recomenda ainda o uso do ensaio para controlo da qualidade

e monitorização do betão ao longo do tempo (Bai et al., 2009). Da mesma forma, a norma americana ASTM

E2270 (2005) indica a realização de pelo menos três ensaios pull-off por cada andar de fachada, aquando da

execução de inspecções periódicas e frequentes às fachadas dos edifícios.

O ensaio tem sido largamente empregue na caracterização de diferentes tipos de revestimentos (Flores-Colen

et al., 2006). Os autores Ramos et al. (2011) consideram o ensaio pull-off um método bastante popular na

avaliação da tensão de aderência de sistemas de revestimento de reboco e de ladrilhos cerâmicos. Este método

de ensaio pode também ser utilizado em sistemas de isolamento térmico pelo exterior do tipo ETICS (External

Thermal Insulation Composite System) (Amaro, 2011).

2.3.3 PROCEDIMENTO DE EXECUÇÃO DO ENSAIO PULL-OFF

O procedimento de execução do ensaio pull-off, para argamassas e ladrilhos cerâmicos, é definido pelas

seguintes normas europeias:

EN 1015-12 – Methods of test for mortar for masonry. Determination of adhesive strength of hardened

rendering and plastering mortars on substrates (CEN, 2000).

A presente norma descreve, detalhadamente, a preparação das amostras a ensaiar e recomenda a

realização de cinco amostras por revestimento, testadas com uma idade de 28 dias. A argamassa deve ser

testada sobre placas de betão com dimensões mínimas de 550x150x50 mm. As placas devem ser

preparadas a partir de um betão com um rácio água/cimento de 0,55 e agregados classificados com um

tamanho de partícula máximo de 1/3 da espessura da placa. A argamassa fresca deve ser aplicada nas

Page 31: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

A aderência e o ensaio pull-off

9

placas de betão de forma a atingir uma espessura de 10 ± 1 mm. Durante o período de cura (28 dias), as

amostras devem ser armazenadas num saco de polietileno estanque ao ar e selado a uma temperatura de

20° ± 2 °C durante 7 dias. Após este período, devem ser removidas do saco e conservadas à mesma

temperatura e a uma humidade de 65 ± 5% nos restantes 21 dias, condições essas que devem ser as

mesmas existentes durante a realização do ensaio. A norma europeia considera a utilização de pastilhas

metálicas de aço circulares com diâmetro de 50 ± 0,1 mm e espessura mínima de 10 mm, coladas com uma

resina epoxídica. Na limitação da zona circular a ensaiar, a norma considera duas possibilidades:

o com o reboco no estado fresco, através da introdução de um anel de 50 mm de diâmetro interior,

de modo a cortar em círculo toda a espessura do revestimento;

o com o reboco no estado endurecido, usando uma caroteadora, executar um rasgo que penetre 2

mm no suporte (Figura 2.5).

Durante o ensaio, o equipamento de pull-off deve aplicar uma força perpendicular à pastilha, sem choque

e com uma taxa uniforme de forma que a rotura ocorra entre 20 e 60 segundos.

Figura 2.5 - Realização do corte circular com uma broca caroteadora (Flores-Colen, 2009)

Figura 2.6 - Utilização do dinamómetro manual assentando o mecanismo de reacção numa base em forma de ferradura

EN 1348 – Adhesives for tiles. Determination of tensile adhesion strength for cementitious adhesives. –

(CEN, 2007)

A norma europeia referente aos ladrilhos cerâmicos recomenda a utilização de ladrilhos quadrados com

50 ± 1 mm colados com cimento-cola sobre placas de betão com 300x200x40 mm e testados aos 28 dias

de idade (Figura 2.6). Na composição da pasta de cimento-cola, deve-se preparar a quantidade mínima de

2 kg, com o volume de água indicado pelo fabricante. A aplicação da pasta de cimento-cola na placa de

betão deve ser efectuada em duas camadas. A primeira camada é aplicada com uma talocha de bordo liso

e a segunda camada, mais espessa, é barrada com uma talocha dentada, de entalhes de 6x6 mm

espaçados entre centros de 12 mm. A norma europeia considera a utilização de pastilhas metálicas

quadradas com 50 ± 0,1 mm de lado e espessura mínima de 10 mm, e um aparelho de ensaio capaz de

exercer uma força de 250 ± 50 N/s. O ensaio deve ser realizado sobre condições laboratoriais

normalizadas: temperatura constante de 23 ± 2 °C, humidade relativa de 50 ± 5% e circulação de ar inferior

a 0,2 m/s.

Page 32: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 2

10

No entanto, existem outras normas e especificações técnicas que, por vezes, apresentam diferentes

recomendações para a realização do ensaio pull-off. Desta forma, apresenta-se nas Tabelas 2.1 e 2.2 uma

síntese de alguns dos documentos que definem a execução do ensaio pull-off. Como se pode observar nas

tabelas, nem todos os documentos fazem referência à generalidade dos aspectos do ensaio, pelo que, quando

existe essa falta de informação, fica a cargo do executante do ensaio decidir que métodos optar.

Tabela 2.1 - Síntese de alguns documentos referentes ao ensaio pull-off em argamassas de revestimento

Código da norma

EN 1015-12 (CEN, 2000)

MR 21 (RILEM, 1982)

NBR 13528 (ABNT, 1996)

FE Pa 36 (LNEC, 1986)

MDT.D.3 (RILEM, 2004)

Nome da norma ou

especificação técnica

Determination of adhesive strength of hardened rendering

and plastering mortars on substrates

Determination of the bond strength between bricks or blocks and mortar (direct pull-test)

Revestimento de paredes e tetos de

argamassas orgânicas - Determinação da

resistência de aderência à tracção

Revestimentos de paredes - Ensaio de arrancamento por

tracção

Determination "in situ" of the adhesive strength

of rendering and plastering mortars to

their substrate

Condições de ensaio

temperatura (20 ± 2) °C, humidade (65 ± 5) %

temperatura (20 ± 1) °C, humidade (60 ± 5) %

-

temperatura (23 ± 2) °C, humidade (50 ± 5) %

-

Pastilha metálica

circular (50 ± 1) mm de diâmetro

circular quadrada

circular 50 mm de diâmetro, quadrada 100 mm de

lado

circular 50 mm

de diâmetro

circular (50 ± 0,1) mm

de diâmetro ou quadrada com área

equivalente, aço

Espessura pastilha metálica

≥ 10 mm - - 10 mm ≥ 10 mm

Corte

broca caroteadora circular 50 mm de diâmetro interno penetrar 2 mm no

suporte

-

pastilha quadrada: penetrar 5 mm no suporte; pastilha

circular: entalhe no estado fresco

-

broca caroteadora circular 50 mm de diâmetro interno, penetrar 2 mm no

suporte

Cola epoxídica - epoxídica epoxídica epoxídica,

metilmetacrilato

Amostragem 5 valores mínimo 5 valores

mínimo 6 valores espaçados entre si e dos

cantos ou quinas no mínimo 50 mm

em laboratório mínimo 5 ensaios, em

obras exteriores mínimo 3 por cada 50

m2, distanciados 20 cm entre si e 10 cm

dos bordos dos painéis

mínimo 6 ensaios

A análise da Tabela 2.1 permite ainda constatar que, no que se refere às dimensões das pastilhas metálicas e

ao tipo de corte, os documentos indicam opções bastante diferentes. Possivelmente, a diferença entre as

especificações se deva à dificuldade que existe em determinar quais são as melhores opções e se essas

diferenças provocam uma variação nos resultados. Como explicado, esse é precisamente um dos objectivos da

presente dissertação, facto pelo qual não irá ser seguida integralmente nenhuma das normas ou

especificações. No capítulo 3, será apresentado um procedimento específico para cada um dos ensaios

desenvolvidos na campanha experimental.

Há que ter em atenção que a maioria destes documentos normaliza o ensaio pull-off apenas para condições

laboratoriais e não fazem referência a condições in-situ.

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A aderência e o ensaio pull-off

11

Tabela 2.2 - Síntese de alguns documentos referentes ao ensaio pull-off em ladrilhos cerâmicos

Código da norma

EN 1348 (CEN, 2007)

NBR 14084 (ABNT, 1998)

BS 5980 (BSI, 1980)

DIN 18.156-2 (DIN, 1978)

UEAtc (ICCET, 1979)

Nome da norma ou

especificação técnica

Determination of tensile adhesion

strength for cementitious

adhesives

Argamassa colante industrializada para

assentamento de placas de cerâmica – determinação da

resistência de aderência

Specification for adhesives for use with ceramic tiles

and mosaics

Stoffe fur keramische bekleidungen im

dunnbettverfahren – hydraulish erhartend

dunnbettmortel

Directrices UEAtc para la evaluacion

técnica de colas para revestimentos

ceramicos

Suporte Placa de betão com espessura ≥ 15 mm

Placa de betão com 40 mm de espessura

Placa de cerâmica com 8 mm de

espessura

Placa de betão com 40 mm de espessura

Placa de betão com espessura ≥ 40 mm

Ladrilho cerâmico

50x50 mm absorção ≤ 0,2 %

50x50 mm absorção (4±1) %

75x75 mm absorção

(32,5±2,5) %

50x50 mm absorção ≤ 0,5 %

50x50 mm absorção ≤ 0,5 %

Condições de ensaio

temperatura (23 ± 2) °C, humidade (50 ± 5) %,

circulação de ar ≤ 0,2 m/s

temperatura (23 ± 2) °C, humidade (50 ± 5) %,

circulação de ar ≤ 0,2 m/s - - -

Pastilha metálica

quadrada (50 ± 1) mm de

lado

quadrada (50 ± 1) mm de lado

quadrada 75 mm de lado

quadrada 50 mm de lado

quadrada 50 mm de lado

Espessura pastilha metálica

≥ 10 mm - - ≥ 5 mm

Velocidade de arrancamento

(250 ± 50) N/s (250 ± 50) N/s 5 a 6 mm/min - 100 N/s

Cola epoxídica - - - -

Amostragem

10 valores, retirar os que caiem fora

do intervalo ± 20 % do valor médio

10 valores retirar os que caiem fora do intervalo ± 20

% do valor médio

10 valores retirar os que caiem fora

do intervalo ± 15 % do valor médio

9 valores descartar o valor menor e o valor

maior

7 valores retirar os que caiem fora do intervalo ± 20 % do

valor médio

2.3.4 REQUISITOS DE DESEMPENHO

Os requisitos de desempenho no que se refere aos valores de resistência de aderência à tracção são

estipulados por documentação internacional e nacional. Na Tabela 2.3, apresenta-se uma síntese de

alguma dessa documentação. Analisando a tabela, é notório que, de um modo geral, os documentos

estipulam um valor mínimo de resistência de aderência à tracção de 0,3 N/mm2 para os revestimentos

de reboco que regularizam o suporte.

No que se refere aos revestimentos de ladrilhos cerâmicos, a NP EN 12004 (IPQ, 2008) estabelece como valor

mínimo 0,5 N/mm2 se se tratar de um cimento-cola normal, e 1,0 N/mm

2 caso se trate de um cimento-cola

com características melhoradas. No entanto, Freitas et al. (2008) estudaram a durabilidade dos cimentos-cola e

concluíram que é o reboco, que regulariza o suporte, o elemento mais fraco do sistema. Sendo assim, os

autores consideram que se deve estabelecer 0,3 N/mm2 como valor crítico para a resistência de aderência à

tracção de sistemas de revestimento de ladrilhos cerâmicos.

Page 34: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 2

12

Tabela 2.3 – Síntese de normas, relatórios e documentos técnicos relativas à resistência de aderência à tracção, adaptado de Flores-Colen (2009)

Código Nome Requisitos

EN 998-1 (CEN, 2003b)

Especificações para argamassas para alvenaria - Parte 1: Argamassas de rebocos exteriores e interiores

fu ≥ VD (valor declarado pelo fabricante) e tipologia de rotura do tipo A, B ou C

para monomassas

Relatório 427/05

(LNEC, 2005)

Regras para a concessão de Documentos de Aplicação a revestimentos pré-doseados de ligante mineral com

base em cimento para paredes fu ≥ 0,3 N/mm

2 ou rotura coesiva

DTU 26.1 (CSTB, 1994)

Enduits aux mortiers de ciments, de chaux et de mélange plâtre et chaux aérienne (Revestimentos com argamassa

de cimento, cal e gesso e cal)

fu ≥ 0,3 N/mm2 sem que nenhum dos

valores individuais seja inferior a 0,2 N/mm

2 (excepto no caso dos

revestimentos com base em cal aérea)

NBR 13528 (ABNT, 1996)

Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas - Determinação da resistência de aderência à

tração

fu ≥ 0,3 N/mm2 para rebocos com

pintura ou cerâmico

NP EN 12004 (IPQ, 2008)

Colas para ladrilhos – Requisitos, avaliação da conformidade, classificação e designação

fu ≥ 0,5 N/mm2 para cimento-cola

normal e fu ≥ 1,0 N/mm2 para cimento-

cola melhorado

Veiga et al., (LNEC, 2004)

Conservação e renovação de revestimentos de paredes de edifícios antigos

fu ≥ 0,1 a 0,3 N/mm2 ou rotura coesiva

pelo reboco, para rebocos exteriores

Legenda: A – rotura coesiva da argamassa; B – rotura coesiva do suporte; C – rotura adesiva entre a argamassa e o suporte.

2.3.5 TIPO DE ROTURA

Apesar de a maior parte das vezes o objectivo do ensaio pull-off seja determinar a tensão de aderência entre o

sistema de revestimento e o suporte, nem sempre a rotura se dá por esta interface, o que impede a obtenção

da resistência de aderência à tracção. Como se ilustra nas Figuras 2.7 e 2.8, é possível obter-se vários tipos de

rotura tanto para revestimentos de ladrilhos cerâmicos como para argamassas.

Figura 2.7 – Padrões de rotura previstos para um sistema de revestimento de reboco,

1 – Pastilha metálica, 2 – Cola, 3 – Argamassa de revestimento, 4 – Suporte (CEN, 2000)

Na figura 2.7, estão representados três tipologias de rotura em revestimentos de argamassa:

A. Rotura coesiva da argamassa (RC-A) – o valor da resistência de aderência ao suporte é superior ao

valor obtido;

B. Rotura coesiva do suporte (RC-sup.) – o valor da resistência de aderência ao suporte é superior ao

valor obtido;

C. Rotura adesiva entre a argamassa e o suporte (RA-A-sup.) – o valor da resistência de aderência ao

suporte é o valor obtido.

Page 35: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

A aderência e o ensaio pull-off

13

Figura 2.8 – Padrões de rotura previstos para um sistema de revestimento de ladrilhos cerâmicos, 1 – Pastilha metálica, 2 – Ladrilho cerâmico, 3 – Cimento-cola, 4 – Suporte (CEN, 2007)

Na Figura 2.8, estão representados seis tipologias de rotura em revestimentos cerâmicos:

A. Rotura adesiva entre o cimento-cola e o suporte (RA-CC-sup.);

B. Rotura adesiva entre o ladrilho cerâmico e o cimento-cola (RA-LC-CC);

C. Rotura adesiva entre a pastilha metálica e o ladrilho cerâmico (RA-PM-LC);

D. Rotura coesiva do cimento-cola (RC-CC);

E. Rotura coesiva no suporte (RC-sup.);

F. Rotura coesiva no ladrilho cerâmico (RC-LC).

Quando a rotura ocorre pela cola que une a pastilha metálica ao sistema de revestimento, o resultado do

ensaio é considerado nulo e consequentemente é rejeitado (Gaspar, 2011).

2.3.6 VANTAGENS/DESVANTAGENS DO ENSAIO

O ensaio pull-off é uma técnica bastante utilizada para a avaliação in-situ da aderência de sistemas de

revestimento pela sua realização ser simples e rápida. Esta técnica apresenta vantagens, tais como (adaptado

de Flores-Colen et al., 2009):

o aparelho tem um custo médio (500 € a 2500 €) e uma utilização relativamente fácil (os

equipamentos mais actuais tendem a ser mais leves, portáteis e de fácil manuseamento);

permite obter informação sobre uma característica de desempenho (aderência) e sobre a sua perda

em condições em serviço;

os resultados são de fácil interpretação e permitem explorar propriedades adicionais;

não necessita de fonte de energia in-situ;

os resultados são fiáveis;

não necessita de trabalho em laboratório.

A B C

D E F

Page 36: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 2

14

Apesar de tudo, também apresenta as seguintes desvantagens (Flores-Colen et al., 2009):

a realização do ensaio não é contínua (existe uma primeira fase de preparação e colagem das

pastilhas, uma segunda de realização do ensaio e uma terceira de reparação dos locais ensaiados);

a duração do ensaio varia de um a dois dias, dependendo do tempo de secagem da cola utilizada na

colagem das pastilhas metálicas (na maioria dos casos, são normalmente aplicados várias pastilhas

num dia e completado o ensaio no dia seguinte);

é uma técnica destrutiva pouco severa mas que afecta a integridade do revestimento, pelo que

necessita sempre de trabalhos de reparação;

recomenda-se pelo menos duas pessoas na realização da técnica (tendo um dos técnicos alguma

formação específica);

necessita de meios de acesso aos locais de ensaio (escadotes, bailéus, entre outros).

está fortemente condicionada pelas condições atmosféricas em ensaios in-situ.

2.3.7 INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

A análise estatística dos resultados obtidos durante os ensaios pull-off para a determinação da resistência de

aderência à tracção divide-se em duas etapas (Malhotra e Carino, 2004):

1. Tratamento dos dados

2. Análise da variabilidade

Seguidamente, será analisada em pormenor cada uma destas etapas.

2.3.7.1 TRATAMENTO DOS DADOS

Muitos dos dinamómetros utilizados no ensaio pull-off não fornecem a leitura directa da grandeza pretendida,

sendo por isso necessário efectuar alguns cálculos e/ou correcções (Nepomuceno, 1999). Nesses casos, o

aparelho fornece a força necessária para arrancar a pequena porção de revestimento em teste. Para se obter a

tensão de aderência à tracção (fu), é necessário dividir este valor pela área da pastilha metálica em teste, como

apresentado na equação (2.1):

( 2.1 )

em que,

Fu – carga de rotura;

A – área da pastilha.

No entanto, existem alguns dinamómetros que permitem introduzir, previamente, no seu sistema a área da

pastilha, pelo que calculam automaticamente a tensão de aderência à tracção, sendo este o valor que é

apresentado no mostrador.

Page 37: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

A aderência e o ensaio pull-off

15

Por outro lado, há que ter em consideração o tipo de rotura. O resultado final será apenas a resistência de

aderência à tracção expresso em [MPa] quando a rotura é adesiva.

2.3.7.2 ANÁLISE DA VARIABILIDADE

Na análise dos dados, a média e o desvio padrão podem não ser medidas adequadas para representar um

conjunto de valores, uma vez que são bastante afectadas por valores extremos e não permitem a percepção da

assimetria da distribuição dos valores. Por esta razão, é aconselhável acrescentar sempre o coeficiente de

variação dos parâmetros medidos pelo ensaio em cada localização. Este valor é uma medida de variabilidade

relativa, definida como a razão percentual entre o desvio padrão e a média, conseguindo-se assim uma maior

percepção da dispersão dos resultados, tanto quando se está a analisar diferentes parâmetros de uma mesma

amostra ou o mesmo parâmetro para amostras comparáveis (Nepomuceno, 1999).

A variabilidade dos resultados observados durante a análise dos parâmetros estatísticos pode dever-se, quer às

propriedades da argamassa in-situ, quer à execução do próprio ensaio (Nepomuceno, 1999). De acordo com

Costa et al. (2007), para além da complexidade intrínseca da aderência à tracção de revestimentos de

argamassa, também o método de ensaio introduz variabilidade no resultado.

Variabilidade do próprio ensaio

Uma característica estatística importante dos ensaios para a avaliação da resistência de aderência à

tracção de argamassas in-situ é a variabilidade do próprio ensaio, por vezes também chamada de

“repetibilidade”. Por outras palavras, existe uma variabilidade, quando o ensaio é repetido numa mesma

argamassa, num local confinado, com propriedades idênticas, usando o mesmo equipamento de ensaio,

procedimentos e operadores, e os resultados apresentam uma dispersão. Por exemplo, se os ensaios são

repetidos na mesma argamassa com a mesma idade, os resultados apresentam geralmente uma

distribuição normal à volta do valor médio e o desvio padrão será, neste caso, uma medida da

“repetibilidade”. Por outro lado, se os ensaios aplicados na mesma argamassa com idades distintas,

apresentam valores médios diferentes e se o desvio padrão for proporcional ao valor médio, o coeficiente

de variação será a medida da “repetibilidade” (Nepomuceno, 1999).

Alguns dos factores do ensaio que podem influenciar a variabilidade dos resultados são (Bai et al., 2009;

Vieira, 2009; Costa e Carasek, 2009):

tipo de equipamento;

técnica de corte aplicada;

espessura da pastilha metálica;

espessura da camada de cola entre a pastilha e a superfície do revestimento;

geometria e dimensão do corpo de prova;

taxa de aplicação da carga e sua excentricidade;

Page 38: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 2

16

experiência dos operadores na realização do ensaio;

condições ambientais existentes durante a realização do ensaio.

Segundo Cincotto et al. (1995), citado por Costa et al. (2007), a resistência de aderência à tracção pode

apresentar coeficientes de variação da ordem de 10 a 35%, devido a factores inerentes ao próprio ensaio,

tais como o ângulo de aplicação da força de tracção, o equipamento utilizado no corte, a forma e a

velocidade de aplicação da carga de tracção. A um resultado idêntico chegou Soares (2011), que ao

analisar um reboco industrial verificou que o coeficiente de variação oscila entre 8,6 e 36,7%. Também

Gonçalves (2010), que estudou as argamassas de refechamento de juntas de alvenaria, obteu coeficientes

de variação entre 7 e 35% para ensaios desenvolvidos em laboratório.

Por outro lado, Ramos et al. (2011) observaram coeficientes de variação superiores (entre 40 e 100%).

Conforme se pode observar na Figura 2.9, estes autores concluíram que quanto maior for o número de

ensaios pull-off válidos, maior é a probabilidade do coeficiente de variação ser mais elevado. Refere-se

ainda, que Gonçalves & Bauer (2005) constataram que a resistência de aderência à tracção apresenta uma

variabilidade intrínseca de 52%, enquanto o método de ensaio, por si só, apresenta uma variação interna

de 19%.

Figura 2.9 – Relação entre o número de ensaios válidos, por caso de estudo, e o coeficiente de variação (Ramos et al., 2011)

Durante esta dissertação, irá ser discutido em pormenor alguns destes factores. Há que ter em atenção,

que os factores que influenciam o ensaio pull-off não são exactamente os mesmos que influenciam a

aderência, apesar de estarem interligados.

Variabilidade das propriedades da argamassa in-situ

O estudo da variabilidade das propriedades do sistema de revestimento in-situ poderá ser útil em fases

diferentes de uma investigação, pelo facto de traduzir o seu resultado final, bem como o resultado quando

se elabora um programa de ensaios para averiguar a evolução progressiva do sistema de revestimento

(Nepomuceno, 1999). Ao se conhecer a progressão das características do sistema de revestimento in-situ é

possível programar, com a antecedência devida, possíveis intervenções quando as características exigidas

ao sistema já não são as desejadas.

Co

efic

ien

te d

e va

riaç

ão Valores médios e desvio padrão do

coeficiente de variação

Número de ensaios válidos

Page 39: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

A aderência e o ensaio pull-off

17

A variação da resistência de aderência à tracção do sistema de revestimento é influenciada pelos seguintes

factores inerentes ao sistema e à sua execução (Bai et al., 2009; Vieira, 2009; Costa e Carasek, 2009;

Gonçalves e Bauer, 2005):

idade do sistema;

energia aplicada na projecção da argamassa;

teor em cimento da argamassa;

teor em humidade da argamassa;

tipo de suporte.

Gonçalves e Bauer (2005), ao estudarem a resistência de aderência de uma argamassa industrial, concluíram

que esta apresenta uma variabilidade intrínseca de 52%, sendo 33% da variabilidade atríbuida ao processo de

execução (sem variar o aplicador), aos materiais utilizados e às condições climáticas.

Freitas et al. (2008) pretenderam estudar a vida útil de uma argamassa industrial com base numa curva de

degradação da força adesiva entre a argamassa e o seu substrato. Esta curva de degradação seria obtida

através de testes de envelhecimento acelerado. Contudo, os autores verificaram que os resultados das várias

fases de envelhecimento não revelavam qualquer tendência, sendo assim impossível desenhar uma curva de

degradação. Desta forma, os autores concluíram que os agentes de degradação que haviam sido considerados

não eram o único factor relevante para a diminuição da aderência, dado que existem outros factores como o

processo de execução e as condições de utilização que influenciam significativamente o sistema. O estudo

efectuado por Freitas et al. (2008) vem reforçar a ideia de que a variabilidade dos resultados da resistência de

aderência à tracção está associada a múltiplos factores em serviço, que por vezes se tornam difíceis de detectar

e controlar.

Antes de se iniciar o ensaio pull-off, deve-se recolher o máximo de informação de forma a tentar perceber

quais são os factores que vão influenciar o resultado. Ao se conhecer estes factores, pode-se pré-estabelecer

áreas com características semelhantes, o que é de todo vantajoso na avaliação dos resultados.

2.3.7.3 FACTORES QUE AFECTAM O ENSAIO PULL-OFF

Nos subcapítulos seguintes, são analisados factores que influenciam os resultados da resistência de aderência à

tracção num ensaio pull-off. É de salientar que alguns dos factores de variação do ensaio foram estudados para

ensaios em betão, por conseguinte, estes servem apenas de base para o objectivo de estudo da presente

dissertação.

2.3.7.3.1 EFEITO DO MATERIAL E DA ESPESSURA DA PASTILHA METÁLICA

Bungey e Madandoust (1992), citados por Bai et al. (2009), estudaram o efeito do material e da espessura da

pastilha metálica nos resultados do ensaio pull-off em zonas de betão reparado. Os autores consideram que 30

mm é a espessura ideal da pastilha metálica visto que potencia a uniformidade dos esforços. Como se pode

Page 40: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 2

18

observar na Figura 2.10, para uma espessura de 30 mm, os resultados são idênticos tanto para as pastilhas de

aço como para as pastilhas de alumínio. Pode-se ainda constatar que para espessuras superiores a 20 mm os

resultados obtidos com as pastilhas de aço começam a estabilizar. Desta forma, os autores concluem que se

deve utilizar pastilhas com no mínimo 20 mm se forem de aço e 30 mm se forem de alumínio.

Figura 2.10 – Relação entre o material e a espessura da pastilha metálica com a força de tracção no ensaio pull-off (Bai et al., 2009)

2.3.7.3.2 EFEITO DO TIPO DE CORTE, GEOMETRIA E DIMENSÃO DA PASTILHA METÁLICA

No mercado, existem diversos tipos de pastilhas metálicas, com diferentes geometrias, dimensões, espessuras

e materiais, razão pela qual se pretende perceber a influência da utilização de diferentes pastilhas metálicas

nos resultados do ensaio pull-off. O corte, que tem como objectivo delimitar a área a ensaiar e garantir que a

amostra a ensaiar é submetida unicamente a tensões de tracção, pode ser quadrado ou circular.

Apesar de as normas recomendarem o corte circular, são vários os documentos técnicos que referem a

utilização de um corte quadrado (Flores-Colen, 2009). Segundo a mesma autora, o corte quadrado é

aconselhado quando o sistema de revestimento está fragilizado ou tem menor coesão, visto que o uso da

rebarbadora é mais simples e induz tensões inferiores em relação ao uso da broca caroteadora. Por esta razão,

nos ensaios em ladrilhos cerâmicos deve-se optar pelo corte quadrado, uma vez que os ladrilhos costumam ser

frágeis a este tipo de solicitação (Ramos et al., 2011). A utilização de corte circular pode ainda provocar um

destacamento do reboco durante a carotagem (Vieira, 2009). Soares (2011) observou que 46% das carotagens

realizadas, resultaram num destacamento do reboco.

Na Figura 2.11, pode-se observar uma modelação computacional que compara a pastilha metálica circular com

a quadrada. Como se pode constatar, no caso da pastilha metálica quadrada cria-se uma concentração de

tensões nas extremidades, o que resulta num decréscimo do valor da aderência (Costa et al. (2007)). Essa

concentração de tensões é também ilustrada na Figura 2.12, onde se verifica que a tensão normal na camada

de reboco é superior para as pastilhas metálicas de 10 cm de lado, comparativamente às de 10 cm de

diâmetro. Contudo, para as pastilhas metálicas quadradas de 5 cm de lado e circulares de 5 cm de diâmetro a

diferença da tensão normal não é notória. Desta forma, confirma-se a tendência dos resultados obtidos com

pastilhas metálicas circulares de 10 cm de diâmetro serem superiores aos obtidos com pastilhas metálicas

quadradas de 10 cm de lado. De facto, os autores Costa et al. (2007) constataram uma redução de 52% da

Re

sist

ên

cia

de

ad

erê

nci

a à

trac

ção

[MP

a]

Alumínio

Betão com agregados de 20 mm

Aço

Pastilhas metálicas com 50 mm de diâmetro

Espessura da pastilha metálica [mm]

Page 41: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

A aderência e o ensaio pull-off

19

resistência de aderência à tracção entre pastilhas metálicas circulares de 5 cm de diâmetro e quadradas de

10 cm de lado.

Figura 2.11 - Distribuição de tensões na interface existente entre a argamassa e o substrato para pastilhas metálicas

com geometria e dimensões distintas (Costa et al., (2007))

Figura 2.12 – Distribuição da tensão normal σz ao longo da camada de argamassa para diferentes geometrias e dimensões da pastilha metálica (Costa et al. (2007))

Gonçalves (2004) constatou, por meio de ensaios experimentais, que pastilhas metálicas quadradas

apresentam valores de aderência inferiores (redução de 58%) às circulares, justificando que isso ocorre porque

o corte realizado com a rebarbadora afecta os cantos. Estes resultados confirmam os resultados da modelação

numérica efectuada por Costa et al. (2007), permitindo-se concluir que a concentração de tensões é inerente à

geometria da pastilha e que o procedimento de corte pode ou não intensificar ainda mais essas tensões.

No que se refere a ensaios in-situ, Flores-Colen (2009) concluiu que apesar de existirem diferenças nos

resultados dos ensaios realizados com pastilhas quadradas de 50 ou 100 mm de lado, não é possível definir

uma tendência, na maioria dos casos, os ensaios com pastilhas de menor área resultaram em valores maiores,

no entanto também se registaram valores semelhantes entre ensaios ou valores maiores para as pastilhas de

100 mm de lado. A uma conclusão idêntica chegou Soares (2011), que estudou pastilhas metálicas quadradas

com 40 e 50 mm de lado e não encontrou um padrão de variação.

Vieira (2009) estudou os dois tipos de corte existentes, utilizando pastilhas quadradas de 50 mm de lado ou

pastilhas circulares de 50 mm de diâmetro, tendo concluído que a rotura é predominantemente adesiva

independentemente do tipo de corte adoptado. O autor refere ainda que a técnica de corte circular permite

resultados em média mais fiáveis, com um desvio médio de 10%, enquanto aquando da aplicação do corte

quadrado este valor sobe para 20%.

No estudo efectuado por Soares (2011), o autor pretendeu perceber se os resultados obtidos com ensaios

realizados com pastilhas metálicas circulares eram comparáveis aos obtidos com pastilhas metálicas

quadradas. Para tal utilizou três tipos de pastilhas metálicas: circulares com 50 mm de diâmetro, quadradas

com 40 mm de lado e quadradas com 50 mm de lado. Para estudar este factor, o autor utilizou uma argamassa

industrializada de revestimento aplicada sobre tijolo, em meio laboratorial. Conforme ilustrado na Figura 2.13,

Page 42: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 2

20

Perc

enta

ge

m d

e

ocorr

ência

o autor apercebeu-se de que a percentagem de roturas coesivas no suporte praticamente não é alterada com a

forma da pastilha metálica, para estas dimensões de pastilhas metálicas.

Legenda: AS - rotura adesiva; CS - rotura coesiva no suporte; CR - rotura coesiva no reboco; D=50 - secção circular com 50 mm de diâmetro; 40x40 - secção quadrada com 40 mm de lado; 50x50 - secção quadrada com 50 mm de lado

Figura 2.13 – Tipos de rotura no ensaio de aderência para diferentes tipos de pastilhas metálicas (Soares, 2011)

Seguidamente, Soares (2011) seleccionou os casos em que o tipo de rotura foi coesiva no suporte e analisou

estes em profundidade. O autor chegou à conclusão que se consegue notar uma tendência linear com uma boa

relação entre as pastilhas metálicas circulares e as quadradas de 40 mm de lado. Conforme apresentado na

Figura 2.14, para as pastilhas metálicas quadradas o autor verificou um factor de correlação R2 = 0,74 e uma

tendência com o parâmetro do declive de 1,22 que é próximo de 1. Tal facto pressupõe a possibilidade de

realizar ensaios de aderência com pastilhas metálicas quadradas e chegar a resultados próximos dos realizados

com pastilhas metálicas circulares de dimensão normalizada, o que está em concordância com o proposto pela

RILEM (2004) ao sugerir, para a aplicação in-situ, a substituição de pastilhas circulares de 50 mm de diâmetro

por pastilhas quadradas com 45 mm de lado. Resumindo, pensa-se conseguir-se chegar a resultados

semelhantes, desde que a área das pastilhas metálicas seja equivalente. O autor realizou ainda um estudo

idêntico para um reboco tradicional; no entanto, os resultados apresentaram uma grande variabilidade, o que

dificultou a sua interpretação.

Secção quadrada Relação Coeficiente de correlação

40 x 40 mm2

R2 = 0,7421

50 x 50 mm2

R2 = 0,6411

Legenda: - tensão de aderência de pastilhas metálicas circulares;

- tensão de aderência de pastilhas

metálicas quadradas; T17 – designação do conjunto de valores do mesmo tijolo excluídos da relação

Figura 2.14 – Relação entre tensão de aderência de ensaios realizados num reboco industrial com rotura coesiva no suporte e utilizando pastilhas metálicas circulares e quadradas (Soares, 2005)

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A aderência e o ensaio pull-off

21

2.3.7.3.3 INFLUÊNCIA DO TIPO DE DINAMÓMETRO

São variados os tipos de equipamentos de tracção disponíveis para a realização do ensaio pull-off, razão pela

qual, diversos autores já estudaram a influência da utilização de diferentes dinamómetros, no resultado da

resistência de aderência à tracção. As variáveis que a utilização de diferentes tipos de dinamómetros pode

introduzir no procedimento de ensaio são: diferentes ângulos de aplicação da tensão; diferentes velocidades

na aplicação da carga de tracção; e diferentes cargas de tracção.

Costa e Carasek (2009) estudaram a utilização de diferentes tipos de equipamentos, tendo dois deles um

funcionamento hidráulico-manual e outro um funcionamento por braço de alavanca (Figura 2.15).

Equip. A – Hidráulico-manual Equip. B – Hidráulico-manual Equip. C – Braço de alavanca

Figura 2.15 – Equipamentos utilizados na realização do ensaio pull-off pelos autores Costa e Carasek (2009) (adaptado de Costa e Carasek (2009))

Na Figura 2.16, apresenta-se os resultados obtidos para os três tipos de equipamentos estudados, ensaios

esses realizados com pastilhas metálicas circulares com 5 cm de diâmetro, sem aplicação de excentricidade e

com um carregamento constante. Analisando a Figura 2.16, é evidente que a utilização do braço da alavanca

originou valores cerca de 35% inferiores aos obtidos com equipamentos hidráulico-manuais, bem como

coeficientes de variação inferiores.

Legenda: A – equipamento hidráulico-manual; B – equipamento hidráulico-manual; C – equipamento de braço de alavanca.

Figura 2.16 – Valores médios da resistência de aderência à tracção, para 3 tipos de equipamentos distintos (Costa e Carasek, 2009)

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Capítulo 2

22

Os autores observaram ainda que as cargas aplicadas sem excentricidade proporcionam valores superiores de

aderência quando comparadas a cargas excêntricas, pois estas não originam efeitos de flexão inicial. Os autores

obtiveram resultados que mostram uma tendência de aumento dos valores da resistência, com o acréscimo da

taxa de carregamento, independentemente do tipo de equipamento utilizado.

Candia e Franco (1998) também estudaram equipamentos de tracção com dois tipos de funcionamento, e

obtiveram resultados opostos aos de Costa e Carasek (2009), no que se refere aos valores da resistência de

aderência à tracção, visto que constataram valores superiores com a utilização de aparelhos de alavanca.

Relativamente aos valores do coeficiente de variação, as conclusões foram idênticas, visto que, também,

verificaram que eram inferiores para a utilização de aparelhos de alavanca.

A razão do baixo coeficiente de variação verificado pelas duas referências bibliográficas citadas atrás, pode ser

explicado pela forma de aplicação da carga, que para este tipo de equipamento é feita por incrementos de

massa e por conseguinte, o valor registado aquando da rotura pode não ser o real, visto que o equipamento

não permite uma leitura gradual. Por outro lado, a tendência de valores obtida para a resistência de aderência

à tracção pode variar, pois está dependente dos incrementos de massa aplicados. Por exemplo se se aplicar um

incremento de massa ligeiramente superior ao real valor da aderência, o valor da resistência de aderência à

tracção será muito próximo do obtido com um aparelho hidráulico-manual, por outro lado, se se aplicar um

incremente de massa bastante superior ao real valor da aderência, o valor da resistência de aderência à tracção

irá subir substancialmente.

Antunes et. al (2012) estudaram a utilização de três equipamentos distintos, sendo um deles um braço de

alavanca (equipamento 1) e os outros dois, dinamómetros digitais com sistema hidráulico (equipamento 2 e 3).

Para cada um dos equipamentos estudados, as autoras realizaram ensaios sobre argamassas industrializadas

aplicadas com três espessuras diferentes, tendo realizado 12 ensaios por equipamento. Na Figura 2.17 é

possível observar a relação entre a resistência de aderência à tracção, o tipo de equipamento utilizado e a

espessura do revestimento, onde se constata que o equipamento de braço de alavanca apresenta uma média

de valores inferior em relação aos restantes equipamentos.

Legenda: 1 – equipamento de braço de alavanca; 2 – equipamento hidráulico; 3 – equipamento hidráulico.

Figura 2.17 – Relação entre a resistência de aderência à tracção, o tipo de equipamento utilizado e a espessura do revestimento (Antunes et. al, 2012)

Page 45: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

A aderência e o ensaio pull-off

23

Silva et. al (2005) foram outros dos autores que avaliaram a influência da utilização de diferentes tipos de

equipamentos de tracção. Os autores analisaram a reprodutibilidade de resultados entre dois laboratórios

nacionais distintos, onde se realizaram ensaios pull-off sobre ladrilhos cerâmicos colados com o mesmo

cimento-cola e utilizando um dinamómetro de funcionamento hidráulico diferente em cada um dos

laboratórios. Os resultados obtidos são os apresentados na Figura 2.18, onde se revela uma discrepância

significativa de resultados entre os dois laboratórios, não se verificando uma tendência constante.

Legenda: – laboratório 1; – laboratório 2

Figura 2.18 – Resultados obtidos no estudo da influência do tipo de dinamómetro, para os 3 produtos analisados, determinados a partir dos laboratórios nacionais Lab1 e Lab2 (Silva et. al, 2005)

2.3.7.3.4 INFLUÊNCIA DA CAMADA DE COLA

As características da camada de cola são um aspecto a ter em conta quando se procura resultados

representativos, visto que este é mais um factor a influenciar os resultados do ensaio. Para a colagem da

pastilha metálica no sistema de revestimento, a ficha de ensaio do LNEC FE Pa 36 (1986) apenas refere que se

deve utilizar uma cola de alta resistência, sem fazer qualquer referência às propriedades ou espessura da cola,

enquanto a norma brasileira NBR 13528 (ABNT, 1996) indica a utilização de uma cola à base de resinas

epoxídicas, que resulta da mistura de dois componentes de secagem rápida.

A modelação computacional efectuada por Costa et al. (2007) revela que a espessura da camada de cola tem

influência na distribuição de tensões. Estes autores testaram diferentes espessuras de cola (0, 5, 7, 10 e

12 mm). Conforme se pode observar na Figura 2.19, os autores chegaram à conclusão que para uma espessura

de cola de 0 mm e de 5 mm não existe formação de uma envolvente de tensões elevadas. Para as restantes

espessuras, a zona de tensões elevadas corresponde a uma percentagem de área praticamente constante. Isso

ocorre porque a cola tem um coeficiente de Poisson superior e um módulo de elasticidade inferior,

comparativamente às camadas de argamassa e suporte, permitindo maiores deformações.

No que respeita ao tipo de cola a utilizar, o estudo elaborado pelos mesmos autores, comparou a utilização de

colas à base de resinas epoxídicas e colas à base de resinas de poliéster, chegando à conclusão que não há

diferenças significativas nos valores médios da resistência de aderência à tracção e no coeficiente de variação

da mesma, conforme se pode constatar na Figura 2.20.

Produto A

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

Inicial imersão calor T.O. (30´)

Requisito Norma

Ad

erên

cia

(M

Pa)

Lab 1

Lab 2

Produto B

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

Inicial imersão calor T.O. (30´)

Requisito Norma

Ad

erên

cia

(M

Pa)

Lab 1

Lab 2

Produto C

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

Inicial imersão calor T.O. (30´)

Requisito Norma

Ad

erên

cia

(M

Pa)

Lab 1

Lab 2

Produto A

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

Inicial imersão calor T.O. (30´)

Requisito Norma

Ad

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cia

(M

Pa)

Lab 1

Lab 2

Produto B

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

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1,4

1,6

Inicial imersão calor T.O. (30´)

Requisito Norma

Ad

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cia (M

Pa)

Lab 1

Lab 2

Produto C

0

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1

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2

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Inicial imersão calor T.O. (30´)

Requisito Norma

Ad

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cia (M

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Lab 1

Lab 2

Produto C

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Inicial imersão calor T.O. (30´)

Requisito Norma

Ad

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(M

Pa)

Lab 1

Lab 2

Produto C

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

Inicial imersão calor T.O. (30´)

Requisito Norma

Ad

erê

ncia

(M

Pa)

Lab 1

Lab 2

Page 46: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 2

24

Figura 2.19 – Distribuição das tensões na interface existente entre a argamassa e o suporte para diferentes

espessuras da camada de cola (Costa et al., 2007)

Figura 2.20 – Distribuição das tensões na interface existente entre a argamassa e o suporte para três tipos de cola diferentes, mantendo constante uma espessura de 5

mm (Costa et al., 2007)

No estudo referido, os resultados da resistência de aderência à tracção não variam quando se emprega cola à

base de resinas epoxídicas ou cola à base de resinas de poliéster. Contudo, a escolha das características da cola

pode ser relevante no que respeita aos cuidados a ter para a cola não escorrer para o interior do corte, dado

que um corte preenchido com resíduos de cola altera significativamente o resultado do ensaio. Neste contexto,

a cola à base de resinas epoxídicas é desvantajosa, pois ao ser menos viscosa tem tendência a escorrer mais

facilmente para o interior do corte. Outra desvantagem é o facto de a cola à base de resinas de poliéster

apenas necessitar de aproximadamente uma hora para secar, enquanto a cola à base de resinas de epoxídicas

necessita de no mínimo 12 horas (Vieira, 2009). A Figura 2.21 evidencia o escorrimento referido.

Figura 2.21 – Amostras após ensaio pull-off. Comparação entre a secção extraída com a aplicação de uma cola à base de resinas epoxídicas e uma cola à base de resinas de poliéster (Vieira, 2009)

2.3.7.3.5 INFLUÊNCIA DA ESPESSURA DO SISTEMA DE REVESTIMENTO

Um revestimento muito espesso pode comprometer a sua aderência, visto que provoca um aumento nas

tensões de tracção na argamassa durante a sua retracção, o que pode dar origem a fissuração. Além do mais,

revestimentos mais espessos solicitam mais a interface devido ao seu elevado peso próprio, o que prejudica a

aderência. Por outro lado, em condições de serviço, um revestimento espesso e constituído por uma

argamassa muito rígida não pode acompanhar a movimentação da estrutura, agravando-se o descolamento

(Carasek et al., 2007).

Page 47: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

A aderência e o ensaio pull-off

25

Costa et al. (2007) realizaram uma modelação numérica onde estudaram a influência da espessura do sistema

de revestimento nas tensões geradas quando submetido a um esforço de tracção (0,20 MPa). Através do

programa ANSYS, chegaram à distribuição de tensões apresentada na Figura 2.22.

Figura 2.22 – Distribuição das tensões na interface existente entre a argamassa e o suporte para sistemas de revestimentos de argamassas de diferentes espessuras e pastilhas metálicas com 50 mm de diâmetro (Costa et al., 2007)

Como se pode verificar, para camadas de argamassa com 5, 7,5 e 10 cm de espessura, as tensões no centro são

inferiores comparativamente às zonas próximas das extremidades. A existência desta auréola com tensões

superiores deve-se ao facto de quando se afastam das extremidades, as tensões de tracção deixarem de ser

aliviadas e aumentarem de valor até atingirem um máximo. Quando os sistemas de revestimentos têm

espessuras diminutas, não é permitido deformações e como tal não ocorre um alívio de tensões.

Outros autores que estudaram a influência da espessura do sistema de revestimento foram Prudêncio et al.

(1999). Os autores utilizaram uma argamassa semi-pronta1 e duas argamassas industrializadas

2, fazendo variar

a espessura do sistema de revestimento, a humidade do suporte e a utilização ou não de chapisco. Os

resultados evidenciaram que o uso de argamassa semi-pronta à base de cal não produz uma boa aderência aos

tipos de suporte testados, quando aplicada em camadas finas. No entanto, se se fizer uso de chapisco, o

resultado inverte-se, aumentando as condições de aderência com o aumento da espessura da camada. Por

outro lado, as argamassas industrializadas aplicadas directamente nas alvenarias sem chapisco demonstraram

uma diminuição da aderência com o aumento da espessura do revestimento. Os autores referidos obtiveram

os melhores resultados para uma espessura de revestimento de 5 mm, concluindo que este tipo de

revestimento era uma boa solução em paredes interiores.

Soares (2011) também verificou uma diminuição da resistência de aderência com o aumento da espessura do

reboco, quando comparando rebocos industriais com 15 mm e com 30 mm de espessura. O autor chegou a

esta conclusão para ensaios realizados com pastilhas metálicas circulares e quadradas de 40 e 50 mm de lado.

De um modo geral, também o coeficiente de variação é superior para o reboco com 30 mm de espessura. No

1 Argamassa semi-pronta é uma mistura de areia, cal e aditivo plastificante, bastando posteriormente adicionar cimento e

2 Argamassa industrializada é uma argamassa fornecida em silo ou saco, à qual apenas basta adicionar água.

Page 48: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 2

26

Perc

enta

ge

m d

e

ocorr

ência

que se refere aos tipos de rotura, o autor verificou um ligeiro aumento (cerca de 25%) da ocorrência de roturas

coesivas no suporte com o aumento da espessura do reboco (ver Figura 2.23).

Legenda: AS - rotura adesiva; CS - rotura coesiva no suporte; CR - rotura coesiva no reboco; Tipo 3 - reboco industrial com 15 mm de espessura; Tipo 4 - reboco industrial com 30 mm de espessura

Figura 2.23 – Tipos de rotura no ensaio de aderência para diferentes espessuras do reboco, T3 – 15 mm de espessura, T4 – 30 mm de espessura (Soares, 2011)

2.3.7.3.6 INFLUÊNCIA DA ALTURA DE EXECUÇÃO DO ENSAIO PULL-OFF

A altura de execução do ensaio pull-off pode fazer variar os resultados da resistência de aderência à tracção,

devido a uma variável natural, o factor humano representado na pessoa que executou o sistema de

revestimento da parede vertical. Este factor não varia apenas de pessoa para pessoa, mas também em

diferentes áreas executadas pelo mesmo profissional. Esta variável não está mais do que relacionada com a

energia de aplicação da argamassa de revestimento, que ao ser superior, elimina os vazios na interface com o

substrato e por sua vez, aumenta a resistência de aderência (Fernandes e John (2007), citado por Soares

(2011)).

Os autores Gonçalves e Bauer (2005) estudaram a influência da altura de execução do ensaio pull-off numa

parede vertical executada em obra, mantendo constante o técnico executante e a forma de produção e

utilizando uma argamassa industrializada assente sobre um suporte de blocos de betão. Na Figura 2.24,

apresenta-se um gráfico com os resultados obtidos pelos autores referidos, que relaciona a resistência de

aderência à tracção com a altura de realização do ensaio. Como se pode constatar, os valores resultantes do

ensaio pull-off são superiores para uma altura próxima de 1,30 m. Esta altura corresponde à posição em que o

técnico que executou a parede vertical se encontra com o corpo direito, conseguindo exercer a máxima força

na aplicação da argamassa.

Pode-se assim verificar como os resultados dos ensaios de resistência de aderência à tracção não são

homogéneos ao longo de um plano, em resultado da ergonomia do técnico executante de uma parede vertical.

Por esta razão, pode ser aconselhável acrescentar ao resultado do ensaio a altura a que este foi realizado.

Comprovado que a energia de aplicação da argamassa de revestimento pode fazer variar o resultado do ensaio

pull-off, pode-se questionar qual será o resultado se o reboco for aplicado por projecção mecânica. Os autores

Dualibe et al. (2005) observaram que com a utilização de projecção mecânica atinge-se em média valores 55%

superiores de resistência de aderência à tracção.

Page 49: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

A aderência e o ensaio pull-off

27

Figura 2.24 – Correlação entre a resistência de aderência à tracção e a altura de aplicação da argamassa (Gonçalves e Bauer, 2005)

2.3.7.3.7 INFLUÊNCIA DA PRESSÃO EXERCIDA NA COLAGEM DE LADRILHOS CERÂMICOS

A pressão exercida na colagem dos ladrilhos cerâmicos é um dos factores humanos que pode fazer variar o

resultado da resistência de aderência à tracção, e que é mais comum de ser detectado (Zhao e Zhang, 1997).

Em ensaios experimentais em laboratório, a pressão é exercida através da colocação de pesos em cima dos

ladrilhos cerâmicos imediatamente após a colagem dos mesmos. No entanto, tanto o peso dos blocos como o

tempo durante o qual se mantêm em cima do ladrilho pode variar tendo em conta as tolerâncias da norma em

vigor.

Zhao e Zhang (1997) estudaram a influência da pressão exercida em ladrilhos cerâmicos quadrados com 50 mm

de lado e 8 mm de espessura, colados sobre placas de betão com cimento-cola. Para tal, os autores

basearam-se na norma europeia EN 1348 (CEN, 2007) que recomenda uma pressão de 20 ± 0,05 N, para

ladrilhos cerâmicos com 50 mm de lado, durante 30 segundos, o que resulta numa pressão de 8000 Pa

(81,6 g/cm2). Tendo como base a norma, os autores fizeram variar o valor da pressão entre 2,3% e 123% do

valor padrão especificado na norma europeia.

Figura 2.25 – Influência da pressão exercida sobre o ladrilho cerâmico na resistência de aderência à tracção (Zhao e Zhang, 1997)

Os resultados obtidos pelos autores são apresentados na Figura 2.25, onde a legenda circular (1) define os

resultados do ensaio pull-off e a legenda (2), (3) e (4) vários tipos de regressões. A Figura 2.25 permite

constatar que o valor da resistência de aderência à tracção mantém-se quase constante entre o intervalo

Res

istê

nci

a d

e ad

erê

nci

a à

trac

ção

[M

Pa]

Pressão exercida [%]

Page 50: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 2

28

75-125% da pressão padrão. Observa-se, ainda, que a resistência decresce significativamente quando se

diminui a pressão padrão em 50% e pode mesmo atingir 85,6% da resistência padrão, quando se exerce uma

pressão de apenas 2,3% da pressão padrão. No estudo efectuado por Zhao e Zhang (1997) considera-se como

resistência padrão, a resistência resultante da aplicação de uma pressão de 8000 Pa (81,6 g/cm2), ou seja, a

pressão especificada na norma europeia EN 1348 (CEN, 2007).

2.3.7.3.8 INFLUÊNCIA DO TIPO DE CURA DO CIMENTO-COLA UTILIZADO NA COLAGEM DE LADRILHOS CERÂMICOS

De acordo com Silva (2003) e Chew (199), o tipo de cura e mais especificamente a temperatura de cura de um

cimento-cola é um dos factores que influencia a resistência de aderência à tracção de um sistema de

revestimento constituído por ladrilhos cerâmicos.

Para este tipo de sistema, a norma europeia EN 1348 (CEN, 2007) e a norma brasileira NBR 14084 (ABNT, 1998)

fazem distinção entre três tipos diferentes de cura em meio laboratorial: ar, ar+submersa e ar+estufa+ar. Essas

mesmas normas definem 23 ± 2 °C como a temperatura do ar do laboratório, 23 ± 3 °C a temperatura do

tanque para uma cura submersa e 70 ± 2 °C a temperatura da estufa. Estes procedimentos de cura pretendem

representar condições de exposição às quais o revestimento cerâmico poderá estar exposto.

Silva (2003) analisou os três tipos de cura para vários tipos de cimento-cola3, tendo chegado aos resultados

apresentados na Figura 2.26. Conclui-se que para as amostras de classe AC I, apenas a amostra 2 não cumpre a

especificação na condição de cura ao ar. Na condição de cura submersa, nenhuma amostra cumpre a

especificação. A condição de cura em estufa não faz parte da especificação para esta classe. No que se refere à

classe AC II, apenas a amostra 6 não satisfaz os requisitos para a condição de cura submersa. Por sua vez, para

a classe AC III, apenas a amostra 8 e 10 cumpre os requisitos para a condição de cura ao ar. Globalmente,

conclui-se que os resultados da resistência de aderência à tracção tomam valores superiores para o tipo de

cura ao ar.

Figura 2.26 – Resistência de aderência à tracção em função das condições de cura para diferentes tipos de cimentos-cola (Silva, 2003)

3 Classificados segundo a NBR 14081: AC I – uso interno; AC II – uso externo; AC III – aderência à tracção

superior

Page 51: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

A aderência e o ensaio pull-off

29

Também Chew (1999) analisou exaustivamente a influência da aplicação de diferentes temperaturas ao longo

do tempo de cura de um sistema de revestimento cerâmico. O autor realizou dois tipos de ensaios, o primeiro

em que colocou diferentes amostras a -10, 25 e 60 °C, 3 dias após a sua preparação e durante 3 dias

consecutivos, tendo efectuado o ensaio pull-off passado 24 horas. No segundo tipo de ensaios, diferentes

amostras de cimento-cola foram aplicadas a 10, 25 e 40 °C, tendo-se mantido a essa temperatura durante 6

horas, findas quais as amostras foram mantidas a condições ambientais durante 8 dias e seguidamente

realizado o ensaio pull-off. O autor concluiu que a aplicação da amostra a 10 e 40 °C reduzia a resistência de

aderência à tracção em cerca de 10 a 47%. Por sua vez, concluiu que uma cura a -10 °C significava uma

resistência de aderência à tracção inferior e o valor de resistência superior dependia do tipo de cimento-cola,

ou seja, para cimentos-cola com adição de polímeros, o valor superior ocorria quando a cura se dava a 60 °C,

enquanto que, para cimentos-cola sem adição de polímeros, o valor superior ocorria quando a cura se dava a

25 °C.

2.4 SÍNTESE DO CAPÍTULO

Ao longo do presente, capítulo pretendeu-se explicar as potencialidades do ensaio pull-off na determinação de

um parâmetro caracterizador de um sistema de revestimento, tão importante como a aderência.

Para se compreender melhor o método de ensaio, analisou-se os diversos documentos que descrevem o ensaio

pull-off. Nesta análise, constatou-se que cada documento recomenda procedimentos diferente e que a maior

parte deles não faz referência aos ensaios realizados in-situ.

Como é sabido, o ensaio pull-off tem uma vasta aplicação em laboratório, pois é utilizado na caracterização dos

produtos antes de estes entrarem no mercado, contudo, também é importante a sua utilização em casos

práticos in-situ. É em serviço que se verifica a grande maioria das variações de técnicas utilizadas no ensaio,

visto ser difícil a aplicação de todas as recomendações presentes nas normas e especificações técnicas, como é

exemplo a manutenção de condições de temperatura e humidade constantes.

As variações às recomendações presentes nos documentos sucedem-se devido à diversidade de acessórios e

equipamentos para uso no ensaio que existem no mercado, ou seja, diversidade de pastilhas metálicas, de

colas e de dinamómetros.

No presente capítulo, analisou-se a literatura que estuda as diferenças nos resultados da aderência quando se

utiliza diferentes técnicas de ensaio, no entanto, a maioria dos estudos existentes refere-se a ensaios em

betão, o que pode ser um ponto de partida para o estudo, mas deve sempre ser utilizado com cautela quando

comparado com argamassas de revestimento e cimentos-cola.

Resumindo, estudou-se a influência do tipo de material, da dimensão, da geometria e da espessura da pastilha

metálica, do tipo de dinamómetro, do tipo de corte, da camada de cola, da espessura do sistema de

revestimento, da altura de execução do ensaio no paramento, da pressão exercida na colagem dos ladrilhos

Page 52: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 2

30

cerâmicos e do tipo de cura do cimento-cola na colagem dos ladrilhos cerâmicos. Nas Tabelas 2.4 e 2.5

apresenta-se uma síntese das referências consultadas para o estudo dos factores que afectam o resultado do

ensaio pull-off.

O capítulo seguinte refere-se à campanha experimental desenvolvida, onde se fará uma descrição dos

procedimentos e metodologia de investigação utilizada.

Tabela 2.4 - Síntese da literatura analisada sobre os factores que afectam o resultado do ensaio pull-off

Factores que influenciam o

resultado do ensaio Fonte Descrição

Material e espessura da pastilha metálica

Bungey e Madandoust

(1992)

Consideram que se deve utilizar pastilhas metálicas com no mínimo 20 mm se forem de aço e 30 mm se forem de alumínio.

Tipo de corte, geometria e dimensão

da pastilha metálica

Flores-Colen (2009)

Recomenda a utilização de corte quadrado em sistemas de revestimento fragilizados e em sistemas de ladrilhos cerâmicos. Ensaios com pastilhas metálicas de menor secção resultam em valores superiores, no entanto não se pode definir

uma tendência.

Costa et al.

(2007)

Resultados superiores quando se utiliza pastilhas metálicas e corte circulares com 5 cm de diâmetro. Existe uma redução de 52% da resistência de aderência à tracção

para pastilhas quadradas de 10 cm de lado.

Vieira (2009) A técnica de corte circular permite resultados em média mais fiáveis.

Soares (2011)

45% das carotagens resultam num destacamento do reboco. Obtém-se resultados semelhantes, desde que a área das pastilhas metálicas seja equivalente. A

percentagem de roturas coesivas no suporte praticamente não é alterada com a forma da pastilha metálica. Não se verifica um padrão de variação para pastilhas

metálicas com diferentes dimensões

Gonçalves (2004)

As pastilhas metálicas quadradas apresentam valores de aderência inferiores às circulares, devido à rebarbadora afectar os cantos.

Tipo de dinamómetro

Costa e Carasek (2009)

Resultados inferiores e coeficiente de variação inferior para o equipamento de braço alavanca. A utilização de diferentes equipamentos influencia

significativamente os resultados.

Candia e Franco (1998)

Resultados superiores e coeficiente de variação inferior para o equipamento de braço alavanca.

Antunes et al. (2012)

Resultados inferiores para o equipamento de braço alavanca.

Silva et al. (2005)

Deficiente reprodutibilidade entre dois laboratórios nacionais. Não se verificou uma tendência constante entre os resultados obtidos com os dois dinamómetros

analisados.

Camada de cola

Costa et al.

(2007)

Não existem diferenças significativas entre colas à base de resinas epoxídicas e colas à base de resinas de poliéster. Para espessuras de 0 mm e 5 mm não existe

formação de uma envolvente de tensões elevadas, enquanto que para espessuras de cola de 7 mm, 10 mm e 12 mm a zona de tensões elevadas é praticamente

constante.

Vieira (2009) Aconselha a cola à base de resinas de poliéster visto ser mais viscosa e não ter tanta

tendência a escorrer para a zona do corte. A cola à base de resinas de epoxídicas necessita de mais tempo de seca.

Page 53: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

A aderência e o ensaio pull-off

31

Tabela 2.5 - Síntese da literatura analisada sobre os factores que afectam o resultado do ensaio pull-off (continuação)

Factores que influenciam o

resultado do ensaio Fonte Descrição

Espessura do sistema de revestimento

Costa et al.

(2007)

As tensões na interface existente entre a argamassa e o suporte são superiores para suportes com espessuras diminutas.

Prudêncio et al. (1999)

Para suportes de argamassa semi-pronta com chapisco, o aumento da espessura da camada de suporte provoca o aumento da aderência. Nas argamassas

industrializadas sem a utilização de chapisco a aderência diminui com o aumento da espessura do revestimento.

Altura de execução do ensaio pull-off no

paramento

Gonçalves e Bauer (2005)

Os valores do ensaio pull-off são máximos para alturas próximas de 1,30 m.

Pressão exercida na colagem de ladrilhos-

cerâmicos

Zhao e Ahang (1997)

O valor da resistência de aderência à tracção mantém-se quase constante entre o intervalo 75-125% da pressão padrão, e decresce significativamente quando se

exerce apenas 50% da pressão padrão.

Tipo de cura do cimento-cola utilizado

na colagem dos ladrilhos cerâmicos

Silva (2003) Os resultados da resistência de aderência à tracção tomam valores superiores para

o tipo de cura ao ar.

Chew (1999) Uma cura a -10 °C significava uma resistência de aderência à tracção inferior, e o

valor de resistência superior depende da presença ou não de polímeros no cimento-cola.

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Capítulo 2

32

Page 55: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Planeamento da campanha experimental

33

3 PLANEAMENTO DA CAMPANHA EXPERIMENTAL

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

O objectivo deste capítulo é descrever detalhadamente todo o trabalho experimental desenvolvido. O trabalho

experimental foi direcionado para o estudo dos diferentes factores que influenciam o resultado do ensaio de

aderência pull-off. Pretende-se, assim, dar um contributo para uma maior fiabilidade deste ensaio assim como

da interpretação dos resultados.

Apesar de na presente dissertação se pretender avaliar o ensaio pull-off in-situ, não se conseguiu obter muitos

locais de ensaio, dada a escassez de obras disponíveis e o facto de este ensaio ser parcialmente destrutivo.

Desta forma, a solução passou por fazer uma parte da campanha experimental em amostras preparadas no

laboratório de um fabricante em Aveiro e outra parte in-situ. No que se refere aos ensaios in-situ, realizaram-se

ensaios em muros experimentais existentes nas instalações desse mesmo fabricante no Carregado, num

revestimento de ladrilhos cerâmicos num edifício de habitação no Restelo e no revestimento de argamassa de

um muro de suporte em Caxias. Para uma maior compreensão da campanha experimental, descreve-se o plano

de estudos pormenorizadamente nos subcapítulos consequentes.

Relativamente ao trabalho realizado em laboratório, caracterizam-se as argamassas formuladas e os materiais

constituintes. Seguidamente, relata-se a preparação das amostras de teste e o respectivo ensaio.

Utilizaram-se procedimentos que, apesar de não estarem relatados nas normas nacionais e internacionais, são

de uso comum pelos técnicos especialistas e têm-se mostrado uma boa prática em serviço. Por último, a maior

parte das normas refere-se apenas a ensaios laboratoriais e não faz qualquer referência aos ensaios in-situ,

onde muitas vezes é difícil ou mesmo impossível seguir os procedimentos.

É também de realçar que o objectivo de avaliar a influência dos factores de variação no ensaio pull-off esteve

sempre condicionada pelo equipamento disponível. Contudo, tentou-se realizar o maior número de ensaios, de

forma a posteriormente se dispor de vários factores de variação para analisar.

3.2 DESCRIÇÃO GERAL DO PLANO DE ESTUDOS

Apesar da maior parte do trabalho experimental ter sido realizado em meio laboratorial, incluíram-se também

ensaios in-situ permitindo a comparação dos resultados para as técnicas utilizadas nas duas situações distintas.

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Capítulo 3

34

3.2.1 PLANO DESENVOLVIDO

A campanha experimental principal foi efectuada no laboratório do fabricante em Aveiro e nos muros da

estação de envelhecimento natural nas instalações do fabricante no Carregado. No que se refere à campanha

experimental desenvolvida em obras, realizaram-se ensaios num edifício no Restelo e num muro em Caxias. A

campanha foi desenvolvida entre Março de 2011 e Junho de 2011.

Nesta campanha, o principal objectivo foi a avaliação dos factores que influenciam os resultados do ensaio

pull-off. Na Tabela 3.1, apresenta-se uma síntese dos factores estudados e respectivo local de estudo e tipo de

revestimento analisado.

Tabela 3.1 – Síntese dos factores de influência estudados

Factor de influência estudado Local de estudo Tipo de revestimento estudado

Espessura da pastilha metálica

Muretes Argamassa de revestimento

Ladrilhos cerâmicos

Laboratório Argamassa de revestimento

Ladrilhos cerâmicos

Dimensão da pastilha metálica Laboratório Argamassa de revestimento

Ladrilhos cerâmicos

Local de realização do ensaio (diferentes alturas no paramento)

Edifício do Restelo Ladrilhos cerâmicos

Muretes Argamassa de revestimento

Tipo de dinamómetro Laboratório Ladrilhos cerâmicos

Condições atmosféricas (seco vs. humedecido)

Muretes Argamassa de revestimento

Ladrilhos cerâmicos

Tipo de corte Muro em Caxias Argamassa de revestimento

Tipo de geometria da pastilha metálica

Muretes Argamassa de revestimento

Laboratório Ladrilhos cerâmicos

Relativamente à campanha experimental desenvolvida em obras, analisou-se ainda a variabilidade resultante

das propriedades da argamassa, visto que se utilizou sempre o mesmo procedimento de ensaio, ou seja, o

mesmo tipo de corte, de pastilhas metálicas e de dinamómetro. No edifício no Restelo, utilizou-se um

corte quadrado e pastilhas metálicas quadradas com 5 cm de lado e 0,8 cm de espessura, por sua vez, no muro

em Caxias, utilizou-se um corte quadrado e circular e pastilhas quadradas e circulares.

Na Figura 3.1, apresentam-se os seis tipos de pastilhas metálicas utilizadas com as quais se tentou fazer todas

as combinações possíveis, para assim se dispor do máximo de valores possíveis de comparar. Para cada caso,

procurou-se realizar um conjunto de pelo menos cinco ensaios. No entanto, por vezes, tal não foi possível, pois

não se dispunha de pastilhas metálicas suficientes.

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Planeamento da campanha experimental

35

Na campanha experimental desenvolvida no laboratório do fabricante em Aveiro, formulou-se uma argamassa

industrial monocamada de reboco sobre tijolos e uma argamassa industrial de cimento-cola sobre placas de

betão para a colagem dos ladrilhos cerâmico, que será explicada em pormenor nos subcapítulos seguintes.

□ 4,8 cm - 1,4 cm □ 5 cm - 0,8 cm □ 10 cm - 0,7 cm

○ 4,5 cm - 0,8 cm

○ 5 cm – 1,4 cm

○ 5 cm - 1,8 cm

Legenda: □ – pastilha metálica quadrada; ○ – pastilha metálica ciruclar. Ex: □ 4,8 cm - 1,4 cm: pastilha metálica quadrada com 4,8 cm de lado e 1,4 cm de espessura; ○ 4,5 cm - 0,8 cm: pastilha metálica circular com 4,5 cm de diâmetro e 0,8 cm de espessura

Figura 3.1 – Tipos de pastilhas metálicas quadradas e circulares utilizadas

3.3 CARACTERIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS

No trabalho realizado em laboratório, foram utilizadas três argamassas industriais, das quais, uma foi um

reboco mineral de regularização e as outras duas foram cimentos-cola (um para utilização em exteriores e

outro em interiores). No laboratório, a sua caracterização foi realizada apenas no estado fresco, realizando-se a

determinação da massa volúmica aparente (densidade) para cada amassadura.

A densidade foi obtida através de um método de ensaio bastante expedito, baseado na guia técnica UEAtc

(1990). Este método baseia-se em determinar o volume de um copo cilíndrico, enchê-lo com argamassa

aproximadamente até metade da sua capacidade e aglomerar o seu conteúdo com o auxílio da mesa

compactadora, dando 5 batidas com a cadência de aproximadamente um segundo por batida. Seguidamente,

acaba-se de encher o recipiente e repete-se a compactação de forma idêntica à anteriormente referida

(Figura 3.2), eliminando o excedente de produto, alisando a superfície com o auxílio de uma espátula e

pesando o copo (Figura 3.3). A densidade, em kg/m3, é calculada pela equação (3.1):

( 3.1 )

em que,

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Capítulo 3

36

ρ - massa volúmica aparente ou densidade (kg/m3);

M - massa da argamassa contida no molde cilíndrico (kg);

V - volume do copo cilíndrico (498,3 mL);

m1 - massa do copo cilíndrico (kg);

m2 - massa do copo cilíndrico com a argamassa no seu interior (kg).

Figura 3.2 – Mesa compactadora e copo

Figura 3.3 – Pesagem do copo após remoção do produto excedente

O reboco mineral de regularização empregue é apropriado para a regularização e impermeabilização de

fachadas novas ou em reabilitação, bem como para o suporte de revestimentos colados. Este produto é

composto por cimento, agregados de granulometria compensada e adjuvantes; está formulado para ser

aplicado em suporte de alvenaria de tijolo, de bloco de betão, betão, reboco e suportes antigos à base de

cimento [w2].

O primeiro tipo de cimento-cola utilizado designa-se por cimento-cola L e é um produto que foi desenvolvido

para a colagem de cerâmica e pedra natural em interiores e exteriores sobre paramentos, pisos, sistemas de

isolamento térmico, piscinas, bem como pavimentos sujeitos a intenso tráfego. O produto é composto por

cimento branco ou cinza, agregados e adição orgânico e/ou inorgânico. Este tipo de cimento-cola foi

desenvolvido para ser empregue em suportes de base cimentícia (betonilha, reboco areado ou betão

estabilizado), suportes à base de argamassa de cal ou argamassa de cimento cal, bem como sobre sistemas de

isolamento térmico pelo exterior, argamassas de impermeabilização e piso radiante [w2].

O outro tipo de cimento-cola utilizado designa-se cimento-cola clássico. A utilização deste cimento-cola não

estava inicialmente prevista, no entanto, com o decorrer dos ensaios, constatou-se que o cimento-cola L tinha

uma resistência à aderência por tracção bastante elevada, o que impedia o arrancamento com o dinamómetro

mais potente disponível, o de 1000 daN. Este cimento-cola é bastante idêntico ao anteriormente referido, no

entanto apenas se destina à utilização em interiores, na colagem de peças cerâmicas de média-alta absorção

de água em paredes e pavimentos.

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Planeamento da campanha experimental

37

Conforme consta no guia do fabricante, os dois tipos de produtos foram ensaiados em laboratório segundo as

condições previstas nas normas EN 1015-12 (CEN, 2000) e EN 1348 (CEN, 2007) e algumas das características

dos produtos no estado fresco e endurecido encontram-se sintetizadas nas Tabelas 3.2, 3.3 e 3.4.

Embora os resultados possam variar em função das condições de aplicação, os valores fornecidos são uma base

imprescindível na análise dos resultados obtidos no presente trabalho.

Tabela 3.2 – Características do reboco mineral de regularização (adaptado de características internas do fabricante)

Mín. Máx.

Características do produto amassado

(unidades)

Água de amassadura (%) 17 18

Densidade (kg/m3) 1650 1800

Retenção de água (%) 93 97

Início de presa (min) 300 450

Fim de presa (min) 400 550

Características do produto

endurecido (unidades)

Capilaridade (kg/m2.min

0,5) - 1,0

Densidade (kg/m3) 1450 1550

Aderência (MPa) 0,30 0,50

Módulo de elasticidade (MPa) 7500 10000

Tabela 3.3 – Características do cimento-cola clássico (adaptado de características internas do fabricante)

Mín. Máx.

Características do produto

amassado (unidades)

Água de amassadura (%) 20,5 24

Densidade (kg/m3) 1400 1600

Retenção de água (%) 97 -

Tempo de presa (min) 420 780

Características do produto

endurecido (unidades)

Aderência (MPa)

Inicial 7 dias 0,2 -

28 dias 0,5 -

Imersão - - -

TO Azulejo 20 min 0,5 -

30 min 0,2 -

Calor - - -

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Capítulo 3

38

Tabela 3.4 – Características do cimento-cola L (adaptado de características internas do fabricante)

Mín. Máx.

Características do produto

amassado (unidades)

Água de amassadura (%) 29 32

Densidade (kg/m3) 1400 1600

Retenção de água (%) 97 99

Início de presa (min) 450 660

Fim de presa (min) 465 690

Características do produto

endurecido (unidades)

Aderência (MPa)

Inicial 7 dias 1,0 -

28 dias 1,5 -

Imersão - 1,0 -

TO Azulejo 20 min - -

30 min 0,8 -

Calor - 1,5 -

3.4 APRESENTAÇÃO E DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS REALIZADOS EM LABORATÓRIO

Neste sub-capítulo, descrevem-se todos os procedimentos de ensaio adoptados para a realização do trabalho

experimental, desde a formulação das argamassas, à sua caracterização e posteriores ensaios pull-off.

3.4.1 PREPARAÇÃO DAS AMASSADURAS

As argamassas formuladas nesta campanha basearam-se no procedimento utilizado pelo fabricante, segundo

as condições previstas pela norma EN 1015-2 (CEN, 2000). Para este fim, foi utilizado uma misturadora de

laboratório normalizada com as características definidas na norma referenciada (Figura 3.4). Antes da

realização de cada amassadura, o produto em pó é sempre previamente misturado com o auxílio de uma

colher de pedreiro de modo a eliminar eventuais problemas de assentamento e maximizar a continuidade e a

coesão da argamassa.

Na dosagem da água e do produto em pó, para a preparação da amassadura, foi utilizado o valor máximo de

percentagem de água da amassadura para o caso do reboco mineral de regularização (18%), o valor mínimo no

caso do cimento-cola L (29%) e o valor mínimo no caso do cimento-cola clássico (24%). No que se refere à

quantidade de produto em pó, efectuou-se sempre amassaduras de 2 kg, dadas as características dimensionais

da misturadora e o fabricante recomendar sempre a preparação desta quantidade mínima. Fazendo uso da

equação (3.2) e tendo em conta as considerações anteriores, calculou-se as quantidades de água a pesar

(Tabela 3.5):

( 3.2 )

em que,

- percentagem de água de amassadura;

mágua - massa de água a adicionar (kg);

mproduto em pó - massa de produto em pó a adicionar (kg).

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Planeamento da campanha experimental

39

Tabela 3.5 – Quantidades de água e produto em pó utilizados na preparação das amassaduras

% água de amassadura massa de água [kg] massa de produto em pó [kg]

Reboco 18 0,36 2,00

Cimento-cola L 29 0,58 2,00

Cimento-cola clássico 24 0,58 2,00

Tendo conhecimento das quantidades de água a adicionar ao produto em pó, foi possível iniciar a mistura dos

produtos. O procedimento adoptado consiste em:

1. Introduzir no recipiente da misturadora 2 kg de produto em pó e adicionar cuidadosamente a

quantidade de água determinada anteriormente (Figura 3.5);

2. Homogeneizar manualmente o produto de forma a evitar perdas de água ou de produto quando se

ligar a misturadora;

3. Acoplar o recipiente à misturadora e ligar a mesma na velocidade lenta, a que corresponde 140

rotações por minuto, durante 30 segundos;

4. Desligar a misturadora e homogeneizar, durante 1 minuto, a amassadura com a ajuda de uma

espátula de forma a eliminar o produto que se encontre nas paredes do recipiente;

5. Voltar a acoplar o recipiente à misturadora e ligá-la durante 1 minuto na velocidade lenta;

6. Aguardar o tempo de repouso necessário para cada produto (10 minutos para o reboco e 2 minutos

para o cimento-cola);

7. Voltar a amassar na misturadora durante 15 segundos (apenas para o cimento-cola);

8. Aquando da aplicação, agitar durante alguns segundos, para a argamassa adquirir igual

trabalhabilidade em toda a sua composição.

Figura 3.4 – Misturadora com recipiente acoplado

Figura 3.5 – Recipiente com o produto em pó e água (passo 1 do procedimento)

Concluídos os passos anteriores, a amassadura encontra-se pronta para ser aplicada, não sem antes se realizar

a verificação da densidade conforme foi descrito no ponto 3.3 do presente capítulo.

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Capítulo 3

40

3.4.2 PREPARAÇÃO DOS MODELOS REDUZIDOS

Após formulada cada amassadura, preparou-se dois tipos de modelos reduzidos, num o suporte são tijolos e

noutro placas de betão. A aplicação sobre estes suportes seguiu o procedimento aconselhado pelo fabricante e

foi realizado em duas datas distintas, dada a necessidade de se preparar placas de betão com o cimento-cola

clássico, em substituição do cimento-cola L que se verificou ter uma resistência de aderência à tracção

demasiado elevada para a utilização do dinamómetro disponível.

3.4.2.1 MODELOS COM SUPORTE DE TIJOLO

O primeiro passo na preparação de qualquer suporte é proceder-se à sua limpeza, que neste caso foi efectuada

com uma simples escova de nylon e um jacto de ar, dado que o suporte apresentava-se livre de óleos ou tintas.

Seguidamente, colocou-se pequenas ripas de madeira, servindo de cofragem lateral, segundo o maior

comprimento do tijolo. As ripas têm como função controlar a espessura de reboco pretendida e ajudar a

manter o reboco em cima do tijolo.

A argamassa foi aplicada manualmente com uma talocha e uma colher de pedreiro e a superfície foi alisada e

apertada até se obter uma espessura de 1 cm. Foram preparados oito tijolos idênticos, conforme o

procedimento indicado e que está exemplificado na Figura 3.6.

Ripas de madeira para cofragem

Aplicação da argamassa com a ajuda da talocha

Alisamento e aperto da argamassa

Aspecto final do modelo

Figura 3.6 – Exemplificação da preparação dos provetes em tijolo

3.4.2.2 MODELOS COM SUPORTE DE BETÃO

Tal como nos modelos com suporte de tijolo, também nos modelos com suporte de betão se começou por

efectuar a limpeza das placas de betão. Posteriormente, espalhou-se o cimento-cola sobre o suporte em

barramento fino e apertando com a ajuda da face lisa da talocha. Logo de seguida, colocou-se mais

cimento-cola e espalhou-se o mesmo com a face dentada da talocha.

Por último, colocou-se os ladrilhos cerâmicos quadrados de 5 e 10 cm de lado, e apertou-se durante 30

segundos, com o auxílio de um peso de 2 kg e 5 kg, cada um dos ladrilhos, respectivamente. Utilizando dois

tipos de pesos para dois tipos de ladrilhos cerâmicos, verifica-se que para o caso dos ladrilhos cerâmicos de

5 cm de lado aplicou-se uma pressão de 7840 Pa e para os ladrilhos cerâmicos de 10 cm uma pressão de

4900 Pa. O facto de a pressão exercida nos ladrilhos cerâmicos de maior dimensão ter sido bastante inferior ao

recomendado pela EN 1348 (CEN, 2007) (8000 Pa) pode explicar alguns dos resultados que serão analisados em

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Planeamento da campanha experimental

41

pormenor no capítulo seguinte. A pressão exercida tem o intuito de esmagar os cordões de cimento-cola e

garantir que a totalidade da área inferior do ladrilho fique preenchida, proporcionando uma correcta

aderência. Numa primeira fase, foram preparadas quatro placas de betão com cimento-cola L e na segunda

fase três placas com cimento-cola clássico (Figura 3.7).

Colocação do cimento-cola .

Espalhamento do cimento-cola com a face lisa da talocha

Colocação da segunda camada de cimento-cola

Espalhamento do cimento-cola com a face dentada da talocha

Ladrilhos cerâmicos de 10 cm de lado colocados na placa de betão

Colocação dos pesos para esmagar os cordões de cimento-cola

Figura 3.7 – Exemplificação da preparação dos provetes em placas de betão

Após preparação, os modelos foram para uma sala climatizada com temperatura e humidade constante (22 °C;

55%), permitindo assim uma cura adequada durante 28 dias, conforme ilustrado na Figura 3.8.

Figura 3.8 – Modelos reduzidos dispostos na sala climatizada

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Capítulo 3

42

3.4.3 REALIZAÇÃO DO ENSAIO PULL-OFF

Findo o tempo de cura, ao fim de 28 dias, realizaram-se os ensaios pull-off. Nos modelos reduzidos para estudo

da argamassa de revestimento, ou seja, nos modelos de tijolo, o primeiro passo do ensaio pull-off foi limpar a

superfície. A limpeza começou com uma escovagem com uma escova de aço, que desta forma eliminou as

saliências existentes na camada mais superficial do reboco, que sendo mais frágil poderia causar a rotura por

essa zona, não sendo esse o valor pretendido do resultado do ensaio. Seguidamente, passou-se com uma

escova de nylon e um jacto de ar para eliminar as poeiras que iriam afectar a colagem das pastilhas metálicas.

O segundo passo foi a marcação a lápis dos cortes e a realização dos mesmos com a ajuda de uma rebarbadora

e tentando penetrar ligeiramente no suporte (tijolo). O corte é fundamental para que apenas uma pequena

porção do revestimento seja traccionada. Concluída a realização dos cortes, mediu-se a real dimensão da área

obtida, dado que é esta a área que é utilizada no cálculo da aderência.

De seguida, colou-se as pastilhas metálicas que haviam sido previamente friccionadas sobre uma folha de lixa

para eliminar os restos de cola dos ensaios anteriores. A colagem foi feita com uma cola epoxídica

bi-componente, distribuindo uma fina camada de cola pela superfície inferior da pastilha metálica e

pressionando firmemente a pastilha contra a superfície a testar. Os excessos de cola foram removidos

imediatamente e antes que solidificassem. O tempo de cura necessário depende do tipo de cola usada e das

condições ambientais circundantes; no entanto, dado que se utilizou uma cola epoxídica, esperou-se

sensivelmente 24 horas para se começar com a fase de tracção.

Por último, iniciou-se o ensaio de tracção. O dinamómetro utilizado por defeito foi o dinamómetro D1 de

500 daN. Apenas se utilizou o dinamómetro D2 de 1000 daN nas pastilhas metálicas quadradas com 10 cm de

lado, nos modelos reduzidos de placas de betão com cimento-cola L e sempre que o objectivo era avaliar a

variação de resultados com um dinamómetro diferente (Figura 3.9).

Figura 3.9 – Dinamómetros D1 (500 daN) e D2 (1000 daN)

O ensaio pull-off nos modelos reduzidos para estudo do cimento-cola (placas de betão) é em tudo semelhante

ao descrito anteriormente, exceptuando a fase da realização dos cortes, dado que nos presentes ensaios

laboratoriais se utilizou ladrilhos cerâmicos espaçados e com dimensão igual à das pastilhas metálicas e como

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Planeamento da campanha experimental

43

tal, não foi necessário realizar cortes. Resumidamente, a Figura 3.10 ilustra os principais passos do ensaio pull-

off.

Marcação das linhas de corte .

Realização do corte utilizando uma rebarbadora

Limpeza da pastilha metálica .

Espalhamento da resina de colagem na face inferior da pastilha metálica

Pressionamento da pastilha metálica. Remoção do excesso de resina

.

Realização do ensaio de traccção

utilizando um dinamómetro manual

Figura 3.10 – Exemplificação do procedimento de um ensaio pull-off

Na Tabela 3.6, apresenta-se uma síntese dos ensaios realizados, perfazendo um total de 107 ensaios pull-off.

Nas Figuras 3.11 e 3.12, apresenta-se a disposição das pastilhas metálicas, coladas nos dois tipos de suportes.

Para se fazer corresponder o valor do resultado à sua localização, é de referir que a numeração dos ensaios foi

feita por colunas, de cima para baixo e da esquerda para a direita.

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Capítulo 3

44

Tabela 3.6 – Síntese dos ensaios realizados em laboratório

Sistema de revestimento

Nº de ensaios

Tipo de pastilha metálica

Dimensões da pastilha metálica (diâmetro ou lado) [cm]

Espessura da pastilha metálica [cm]

Ladrilho cerâmico (cimento-cola L)

6 Quadrado 4,8 1,4

16 Quadrado 5 0,8

5 Quadrado 10 0,7

6 Circular 4,5 0,8

6 Circular 5 1,4

6 Circular 5 1,8

Ladrilho cerâmico (cimento-cola

clássico)

5 Quadrado 4,8 1,4

10 Quadrado 5 0,8

5 Quadrado 10 0,7

5 Circular 4,5 0,5

5 Circular 5 1,4

5 Circular 5 1,8

Argamassa de revestimento

11 Quadrado 5 0,8

5 Quadrado 10 0,7

5 Circular 5 1,4

6 Circular 5 1,8

Placa 1 – P1

Placa 2 - P2

Placa 3 - P3

Placa 4 - P4

Figura 3.11 – Disposição das pastilhas metálicas nas placas de betão para os ensaios com cimento-cola L

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Planeamento da campanha experimental

45

Tijolo 1 - T1.

Tijolo 2 - T2

Tijolo 3 - T3

Tijolo 4 - T4

Tijolo 5 - T5

Tijolo 6 - T6

Tijolo 7 - T7

Tijolo 8 - T8

Figura 3.12 - Disposição das diferentes pastilhas metálicas nos tijolos

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Capítulo 3

46

3.5 APRESENTAÇÃO E DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS REALIZADOS IN-SITU

3.5.1 ENSAIOS REALIZADOS NOS MUROS EXPERIMENTAIS (MURETES)

Os muretes onde se desenvolveu parte do estudo in-situ inserem-se numa estação de envelhecimento natural

que foi construída no início de 2004, tendo um total de 18 paramentos orientados segundo os quatro pontos

cardeais. A construção dos muretes veio possibilitar o estudo do comportamento das argamassas industriais de

revestimento e outros produtos do fabricante ao longo do tempo. Sobre estes muretes, foram já realizados

estudos anteriores a esta investigação, nomeadamente as campanhas in-situ de Quintela (2006), Flores-Colen

(2009), Galvão (2009), Duarte (2009) e Gonçalves (2010).

Os muretes utilizados na presente campanha experimental são formados por um suporte em alvenaria de tijolo

com 15 cm de espessura e cerca de 2 cm de espessura de reboco mineral de regularização, pré-doseado à base

de cimento monocamada de cor cinza e um acabamento areado. O murete onde se realizaram os ensaios sobre

reboco (M1) encontra-se orientado a Sul (Figura 3.13) e o murete onde se realizaram os ensaios sobre sistemas

de ladrilhos cerâmicos (M2) está orientado a Oeste (Figura 3.14). O murete M2 foi revestido a ladrilhos

cerâmicos colado com cimento-cola L e juntas com 8 mm de espessura preenchidas com argamassa de juntas

exteriores. Os ensaios pull-off realizaram-se na zona de ladrilhos cerâmicos vermelhos cujas dimensões são

9,5x29,5 cm.

Figura 3.13 – Murete com sistema de reboco mineral de regularização orientado a Sul (M1)

Figura 3.14 – Murete com sistema de ladrilhos cerâmicos orientado a Oeste (M2)

Os ensaios sobre ladrilhos cerâmicos foram realizados aos 28 dias de idade. O reboco sobre o qual se

realizaram os ensaios tinha, aproximadamente, 1 ano de idade à data da realização dos ensaios. Nas

Figuras 3.15, 3.16 e 3.17, ilustra-se parte do processo de colagem dos ladrilhos cerâmicos.

Terminado o tempo de cura do cimento-cola, ou seja, ao fim de 28 dias, realizaram-se os ensaios pull-off. O

procedimento de ensaio é em tudo semelhante ao realizado no laboratório e explicado no ponto 3.4.3:

1. marcação dos cortes;

2. realização dos cortes com uma rebarbadora (Figura 3.18);

3. limpeza da superfície;

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Planeamento da campanha experimental

47

4. colagem da pastilha metálica;

5. tracção da pastilha metálica com o dinamómetro (Figuras 3.20 e 3.21).

Figura 3.15 – Espalhamento do cimento-cola

Figura 3.16 – Percussão do ladrilho cerâmico para aumentar a adesão ao

cimento-cola

Figura 3.17 – Aspecto após a colocação de todos os ladrilhos. (do lado direito já sem

espaçadores)

Estando os ensaios a realizarem-se em paramentos verticais, é necessário, durante a fase de colagem da

pastilha metálica, colocar-se pequenas peças plásticas que suportam as pastilhas enquanto a cola não está seca

(Figura 3.19).

Figura 3.18 – Realização dos cortes com a rebarbadora

Figura 3.19 - Peças plásticas de suporte à pastilha metálica

Figura 3.20 – Realização do ensaio pull-off em suporte de reboco

Figura 3.21 – Realização do ensaio pull-off em suporte de ladrilhos cerâmicos

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Capítulo 3

48

A Figura 3.22 ilustra o caso em que se pretendeu estudar o suporte molhado e, para tal, molhou-se a superfície

durante cerca de três minutos com o auxílio de uma mangueira. Para que o humedecimento da superfície fosse

mais eficaz, molhou-se o revestimento após realizados os cortes.

Na Tabela 3.7, apresenta-se uma síntese dos ensaios realizados, perfazendo um total de 55 ensaios pull-off.

Figura 3.22 – Humedecimento do suporte

Tabela 3.7 – Síntese dos ensaios realizados nos muros experimentais do Carregado

Sistema de revestimento

Nº de ensaios

Tipo de pastilha metálica

Dimensões da pastilha metálica (diâmetro ou lado) [cm]

Espessura da pastilha metálica [cm]

Ladrilho cerâmico (cimento-cola L)

3 Quadrado 4,8 1,4

12 Quadrado 5 0,8

Reboco

3 Quadrado 4,8 1,4

15 Quadrado 5 0,8

6 Circular 4,5 0,8

5 Circular 5 1,4

11 Circular 5 1,8

Tendo em conta que na presente dissertação se pretende estudar a variabilidade do ensaio pull-off, tentou-se

distribuir as pastilhas metálicas por diferentes zonas dos muretes, com o intuito de se conseguir relacionar o

resultado do ensaio com a zona do murete em que este é realizado. Sendo assim, nas Figuras 3.23 e 3.24,

apresenta-se uma vista geral da localização de cada ensaio. Para se fazer corresponder o valor do resultado à

sua localização, é de referir que a numeração dos ensaios foi feita por linhas, de cima para baixo e da esquerda

para a direita. Os ensaios nos quais se procedeu ao humedecimento do suporte correspondem às pastilhas

metálicas coladas no canto inferior direito de cada um dos suportes.

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Planeamento da campanha experimental

49

Figura 3.23 – Vista geral da localização dos ensaios sobre ladrilhos cerâmicos

Figura 3.24 – Vista geral da localização dos ensaios sobre reboco

3.5.2 ENSAIOS REALIZADOS NO EDIFÍCIO DO RESTELO

A campanha experimental desenvolvida num edifício habitacional no Restelo resultou de uma parceria com

uma empresa de inspecções que estava, durante o decorrer desta dissertação, a analisar o edifício em questão,

dado que este apresentava diversas anomalias. Uma das anomalias era a queda de ladrilhos cerâmicos tipo

“pastilha”, razão pela qual se decidiu realizar ensaios pull-off. Não se conhecem as características do

cimento-cola utilizado na colagem dos ladrilhos cerâmicos do edifício. No entanto, quanto ao suporte, pensa-se

ser um reboco tradicional, sobre alvenaria de tijolo. Os ensaios foram realizados em 2 zonas, uma ao nível do

piso térreo (zona do piso 0) e outra no primeiro piso (zona do piso 1), tendo-se efectuado 12 ensaios em cada

uma das zonas (Figura 3.35).

Figura 3.25 – Vista geral das 2 zonas de ensaios no edifício do Restelo

Todos os ensaios foram realizados com pastilhas metálicas quadradas com 5 cm de lado e 0,8 cm de espessura,

coladas com uma cola bi-componente, e com cortes quadrados realizados com uma rebarbadora

(Figura 3.26). Dado que as dimensões de quatro pastilhas de ladrilhos cerâmicos e das pastilhas metálicas eram

zona humedecida

zona humedecida

numeração numeração

zona do piso 0

zona do piso 1

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Capítulo 3

50

sensivelmente as mesmas, o corte realizou-se sobre as juntas dos ladrilhos, o que facilita o corte e danifica

menos a zona a ensaiar (Figura 3.27).

Figura 3.26 – Realização dos cortes

Figura 3.27 – Zona a ensaiar após realização dos cortes

A colocação da cola bi-componente resume-se a colocar uma gota de cada componente na parte posterior da

pastilha metálica (Figura 3.28) e a espalhar as gotas com a ajuda de uma espátula (Figura 3.29). Este processo

deve ser rápido e a colocação da pastilha metálica na zona a ensair tem de ser imediata, visto que a cola ganha

presa rapidamente. Após colocada a pastilha metálica na zona a ensaiar, deve-se pressionar a mesma durante

breves instantes (Figura 3.30).

Figura 3.28 - Colocação dos 2 componentes da cola na pastilha

metálica

Figura 3.29 - Espalhamento dos 2 componentes da cola

Figura 3.30 - Colagem da pastilha metálica

O procedimento de ensaio é em tudo semelhante ao descrito na campanha experimental nos muretes. Durante

os ensaios, utilizaram-se 2 dinamómetros diferentes, tendo o primeiro um visor digital (Figura 3.31) e o outro

um visor analógico (Figura 3.32). A razão da utilização de 2 dinamómetros diferentes deveu-se apenas à

disponibilidade dos equipamentos e não ao estudo da variação dos resultados. Não se estudou a variação dos

resultados devido à utilização de diferentes dinamómetros, visto que estes foram utilizados em zonas distintas

(piso 0 e piso 1).

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Planeamento da campanha experimental

51

Figura 3.31 – Dinamómetro com visor digital

Figura 3.32 – Dinamómetro com visor analógico

3.5.3 ENSAIOS REALIZADOS NO MURO DE CAXIAS

A campanha experimental realizada no muro de Caxias ocorreu em simultâneo com outras investigações e

ensaios in-situ como ultra-sons, termografia e tubo de Karsten. As zonas do muro onde decorreram os ensaios

de aderência são constituídas por um suporte em alvenaria de pedra e um revestimento em argamassa

tradicional à base de cal com propriedades hidráulicas. Os paramentos apresentavam várias anomalias, tais

como fissuração e colonização biológica. Este muro localiza-se junto ao rio Tejo e à linha de comboios de

Cascais. Nas Figuras 3.33 e 3.34, apresenta-se o aspecto geral do muro de Caxias e de uma das zonas de

ensaios.

Figura 3.33 – Aspecto geral do muro de Caxias

Figura 3.34 – Uma das zonas de ensaios no muro de Caxias

Nos ensaios realizados no muro de Caxias, utilizou-se pastilhas metálicas circulares de 5 cm de diâmetro e

1,4 cm de espessura e pastilhas metálicas quadradas de 5 cm de lado e 0,8 cm de espessura. Para as pastilhas

metálicas circulares, utilizou-se o corte circular, tendo-se realizado oito ensaios desta natureza

(Figura 3.35); para as pastilhas metálicas quadradas, utilizou-se o corte quadrado e realizaram-se cinco ensaios

deste tipo (Figura 3.36).

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Capítulo 3

52

Figura 3.35 – Ensaio com pastilha circular e corte circular

Figura 3.36 – Ensaio com pastilha quadrada e corte

quadrado

O processo de preparação e realização do ensaio é em tudo semelhante ao utilizado no edifício do Restelo.

Explica-se apenas o procedimento de execução do corte circular visto que, no decorrer de toda a campanha

experimental, este foi apenas utilizado no muro de Caxias.

O primeiro passo foi realizar um furo com um berbequim, de forma a deixar uma broca no paramento, que

permite que a máquina caroteadora se apoie nessa broca (Figuras 3.37 e 3.38). Seguidamente, pode-se apoiar

a máquina caroteadora e proceder ao corte (Figura 3.39). Como se pode verificar, a utilização de um corte

circular é bastante mais complexa de executar.

Figura 3.37 – Realização de furo com berbequim para assentar máquina caroteadora

Figura 3.38 – Máquina caroteadora

Figura 3.39 – Pormenor da broca caroteadora a perfurar

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Planeamento da campanha experimental

53

3.6 SÍNTESE DO CAPÍTULO

Neste capítulo, descreveu-se em pormenor os ensaios pull-off realizados no laboratório do fabricante em

Aveiro, nos muros experimentais do fabricante no Carregado, no edifício do Restelo e no muro em Caxias. Em

cada um dos locais de ensaios, tentou-se incluir o máximo de variações ao ensaio, de forma a se dispor de um

número elevado de valores para comparar. No entanto, esteve-se sempre limitado ao equipamento disponível.

Ao todo, realizaram-se 199 ensaios, sendo 107 no laboratório, 55 nos muretes, 24 no edifício do Restelo e 13

no muro de Caxias, sintetizando-se, na Tabela 3.8, o tipo de sistemas de revestimento ensaiados.

Tabela 3.8 – Síntese dos sistemas de revestimento ensaiados

Local de ensaio Sistema de revestimento ensaiado

Laboratório

Ladrilhos cerâmicos colados sobre placas de betão com cimento-cola clássico.

Ladrilhos cerâmicos colados sobre placas de betão com cimento-cola L (mais forte).

Argamassa de revestimento assente sobre tijolos.

Muretes

Argamassa de revestimento assente sobre murete de tijolos.

Ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola L em suporte de argamassa de revestimento.

Edifício do Restelo

Ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola em suporte de argamassa de revestimento sobre parede de alvenaria de tijolo na zona do piso 0.

Ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola em suporte de argamassa de revestimento sobre parede de alvenaria de tijolo na zona do piso 1.

Muro de Caxias Argamassa tradicional à base de cal e com propriedades hidráulicas, assente sobre muro de alvenaria de pedra.

É de salientar que nem todos os ensaios foram realizados pelo mesmo operador, o que acrescenta mais um

factor de variação nos resultados, que contudo não foi possível de analisar.

No capítulo seguinte, apresentam-se e discutem-se os resultados obtidos durante a campanha experimental.

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Capítulo 3

54

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Apresentação e discussão dos resultados obtidos

55

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS

4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

No presente capítulo, são apresentados e analisados os resultados obtidos nos ensaios realizados em

laboratório, assim como os realizados nos muros experimentais e na campanha realizada em obras, ambos

descritos no capítulo anterior, e que permitiram recolher um elevado volume de informação. A campanha

experimental incide na avaliação das variáveis existentes num ensaio pull-off, passando pelas técnicas

adoptadas e as características dos revestimentos a ensaiar. Tal como explicado, os resultados variam consoante

a aplicação de diferentes variantes ao ensaio pull-off normalizado.

Neste contexto, os objectivos propostos para este capítulo são os seguintes:

analisar os diferentes tipos de rotura;

perceber se os resultados obtidos nos ensaios estão dentro dos expectáveis, tendo em conta os

valores dados pelos fornecedores (quando disponíveis), e se estes cumprem os requisitos das normas;

comparar os resultados obtidos em ensaios em obras com os obtidos em meio laboratorial e nos

muretes, em termos de variabilidade;

analisar os factores de influência da técnica:

o utilização de pastilhas metálicas com diferentes espessuras;

o utilização de pastilhas metálicas com diferentes dimensões;

o localização do ensaio (diferentes alturas no paramento);

o utilização de diferentes dinamómetros;

o condições climatéricas distintas (seco e humedecido);

o utilização de pastilhas metálicas com diferentes geometrias e diferente corte.

Para uma correcta análise dos resultados, procurou-se identificar os seguintes parâmetros para cada um dos

ensaios:

localização do ensaio;

constituição do sistema de revestimento;

tipo e dimensões da pastilha metálica utilizada;

dinamómetro utilizado;

valor obtido no dinamómetro;

valor da resistência de aderência à tracção do sistema a ensaiar;

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Capítulo 4

56

tipo de rotura;

espessura do sistema de revestimento.

Contudo, alguns parâmetros tais como a espessura do revestimento, foram complicados de obter devido ao

elevado número de ensaios a realizar num curto intervalo de tempo, razão pela qual nem sempre são

apresentados.

4.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA CAMPANHA EXPERIMENTAL DESENVOLVIDA

4.2.1 ENSAIOS REALIZADOS EM LABORATÓRIO

A campanha experimental realizada em laboratório, nos sistemas de revestimento constituídos por um reboco

sobre tijolos não correu como era expectável inicialmente. Assim, quando se realizou os primeiros ensaios pull-

off, constatou-se que a rotura ocorria por uma fina película superficial (RPS – rotura por película superficial)

conforme é ilustrado na Figura 4.1. Este facto deveu-se à formação de leitada à superfície, o que resultou numa

diminuição da resistência nessa mesma zona. Para evitar a formação deste tipo de camada menos resistente, é

conveniente escovar-se a zona onde se cola a pastilha metálica, de forma a eliminar a camada mais

pulverulenta e promover a adesão da pastilha metálica ao revestimento. Dado que os resultados obtidos por

tracção de uma fina película superficial não eram à partida os resultados pretendidos, não foram analisados.

Seguidamente, limpou-se as pastilhas metálicas, voltou-se a colá-las e realizou-se, de novo, os ensaios,

utilizando o dinamómetro D1.

Figura 4.1 – Rotura por película superficial (RPS)

A campanha experimental nos laboratórios do fabricante em Aveiro, no que diz respeito aos ensaios para

avaliação da aderência dos ladrilhos cerâmicos dividiu-se em duas partes. Na primeira parte, os ladrilhos foram

colados com cimento-cola L, o que tornou impossível a obtenção de um resultado para as pastilhas metálicas

com 10 cm de lado, dado que o dinamómetro utilizado não permite ler valores superiores a 1000 daN. Sendo

assim, optou-se por utilizar novas placas de betão, onde se colou os ladrilhos cerâmicos com um cimento-cola

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Apresentação e discussão dos resultados obtidos

57

menos resistente, o cimento-cola clássico. Nas Figura 4.2, ilustra-se alguns dos resultados do ensaio pull-off

para o cimento-cola L, onde se constata que o dinamómetro não foi capaz de traccionar duas das pastilhas

quadradas de 10 cm de lado.

Figura 4.2 - Resultado dos ensaios realizados no laboratório em Aveiro, sobre um sistema de revestimento de ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola L

4.2.2 ENSAIOS REALIZADOS NOS MUROS EXPERIMENTAIS (MURETES)

A campanha nos muros experimentais do fabricante no Carregado divide-se em duas áreas: murete com

revestimento de reboco e murete com revestimento de ladrilho cerâmico colado com cimento-cola L. Em todos

os ensaios, utilizou-se o dinamómetro D1. Na Figura 4.3, apresentam-se algumas imagens da zona traccionada

após a realização dos ensaios pull-off.

Figura 4.3 – Resultado dos ensaios realizados nos muretes no Carregado, sobre um reboco e um sistema de revestimento de ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola L

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Capítulo 4

58

4.2.3 ENSAIOS REALIZADOS NO EDIFÍCIO DO RESTELO

Conforme explicado, a campanha experimental desenvolvida no edifício do Restelo divide-se em duas zonas

(zona do piso 0 e zona do piso 1), onde se empregou dois dinamómetros diferentes. As zonas de ensaios são

constituídas por ladrilhos cerâmicos tipo “pastilha”, colados com cimento-cola sobre um suporte de reboco e

alvenaria de tijolo. Em ambas as zonas foram utilizadas pastilhas metálicas quadradas de 5 cm de lado e 0,8 cm

de espessura e um corte quadrado. Na Figura 4.4, apresenta-se uma área de teste e a pastilha tracionada após

a realização do ensaio pull-off.

Figura 4.4 - Resultado de ensaios realizado no edifício do Restelo, sobre um sistema de revestimento de ladrilhos cerâmicos

4.2.4 ENSAIOS REALIZADOS NO MURO DE CAXIAS

Os ensaios realizados no muro de Caxias foram realizados numa argamassa à base de cal com propriedades

hidráulicas sobre um muro de alvenaria de pedra. Utilizaram-se 2 tipos de pastilhas metálicas: quadradas com

5 cm de lado e 0,8 cm de espessura e circulares com 5 cm de diâmetro e 1,4 cm de espessura. Na Figura 4.5,

apresenta-se alguns dos ensaios pull-off realizados.

Figura 4.5 – Resultado dos ensaios realizados no muro de Caxias

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Apresentação e discussão dos resultados obtidos

59

4.3 ANÁLISE DAS TIPOLOGIAS DE ROTURAS APÓS ENSAIO DE ADERÊNCIA

Para se compreender melhor o tipo de roturas existentes ao longo dos ensaios, apresenta-se na Figura 4.6

alguns exemplos.

RC-CC 100% RC-CC 75% - RA-LC-CC 25% RPS 100%

RC-sup.A 70% - RA-sup.A-sup.T 30% RC-sup.A 100% RC-A 100%

RC-A 90% - RA-A-sup.T 10% RC-sup.T 95% - RA-A-sup.T 5%

Legenda: RC-CC - rotura coesiva no cimento-cola; RA-LC-CC – rotura adesiva entre o ladrilho cerâmico e o cimento-cola; RPS - rotura por película superficial; RC-sup.A. – rotura coesiva no suporte de argamassa; RA-sup.A-sup.T – rotura adesiva entre o suporte de argamassa e o suporte de tijolo; RC-A - rotura coesiva da argamassa; RA-A-sup.T – rotura adesiva entre a argamassa e o suporte de tijolo; RC-sup.T – rotura coesiva do suporte de tijolo.

Figura 4.6 – Exemplo dos vários tipos de rotura observados

Ao analisar-se as imagens da Figura 4.6, compreende-se que a rotura pode ocorrer pelo cimento-cola, pela

argamassa de revestimento, pelo suporte de argamassa, pelo suporte de tijolo ou por uma interface. Na

verdade, a rotura ocorre pela zona mais fragilizada de todo o conjunto do sistema de revestimento. Sendo

assim, não se pode comparar arbitrariamente pastilhas metálicas com diferentes tipos de rotura, nem os

resultados dos fabricantes, com os resultados obtidos nos ensaios, se estes não corresponderem ao mesmo

tipo de rotura. Como se pode observar nas imagens, nem todas as roturas correspondem a 100% da mesma

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Capítulo 4

60

tipologia de rotura, razão pela qual, nesses casos, se tentou caracterizar a rotura, como uma percentagem

aproximada de vários tipos de rotura.

Sendo assim, para se fazer uma análise estatística da tipologia de rotura de cada caso, optou-se por agrupar os

resultados conforme explicado na Figura 4.7.

4.3.1 ARGAMASSA DE REVESTIMENTO

No estudo da tipologia de rotura, optou-se primeiramente por analisar-se todos os ensaios em conjunto e não

se fazer distinção entre os vários tipos de pastilhas metálicas utilizadas. Relativamente aos revestimentos de

reboco de regularização, anotou-se dez tipos de rotura diferentes:

RC-A – rotura coesiva da argamassa;

RC-A - RA-A-sup.T – rotura coesiva da argamassa e rotura adesiva entre a argamassa e o suporte de

tijolo;

RA-A-sup.P – rotura adesiva entre a argamassa e o suporte de alvenaria de pedra;

RA-A-sup.P - RC-sup.P – rotura adesiva entre a argamassa e o suporte de alvenaria de pedra, e rotura

coesiva do suporte de alvenaria de pedra;

RC-sup.T – rotura coesiva do suporte de tijolo;

RC-sup.P – rotura coesiva do suporte de alvenaria de pedra;

RC-A - RC-sup.P. - RA-A-sup.P – rotura coesiva da argamassa, rotura coesiva do suporte e rotura

adesiva entre a argamassa e o suporte de alvenaria de pedra;

RPS – rotura por película superficial.

Analisando as várias tensões e tipologias de rotura (Figuras 4.8, 4.9 e 4.10) para as campanhas experimentais

realizadas em sistemas de argamassa de revestimento, conclui-se que a tipologia de rotura mais frequente na

campanha desenvolvida em laboratório foi a rotura adesiva (RA-A-sup.T), com uma ocorrência de 63%,

Pe

rce

nta

gem

de

rotu

ra d

e ti

po

logi

a A

Pe

rcentagem

de ro

tura d

e tipo

logia B

ROTURA TIPOLOGIA A

ROTURA TIPOLOGIA B

ROTURA TIPOLOGIA A-B

0

25

50

75

100 0

25

75

50

100

Figura 4.7 - Conversão das tipologias de rotura observadas para as tipologias de rotura utilizadas para análise estatística

Page 83: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Apresentação e discussão dos resultados obtidos

61

enquanto nos muretes foi a coesiva da argamassa (RC-A), com uma ocorrência de 70%. Por sua vez, na

campanha desenvolvida no muro de Caxias, com uma ocorrência de 33%, predominaram duas tipologias de

rotura: rotura coesiva na argamassa (RC-A); rotura RA-A-sup.P - RC-sup.P, ou seja, prevaleceu a ocorrência de

cerca de metade da pastilha com rotura coesiva no suporte de alvenaria de pedra e a outra metade com rotura

adesiva. A tipologia de rotura coesiva no suporte (RC-sup.T), obtida nos ensaios realizados nos muretes,

ocorreu apenas num ensaio realizado numa zona de junta entre os tijolos.

Legenda: RC-A - rotura coesiva da argamassa; RA-A-sup.T – rotura adesiva entre a argamassa e o suporte de tijolo; RC-sup.T - rotura coesiva no suporte de tijolo; RPS – rotura por película superficial.

Figura 4.8 - Valores das tensões de rotura para cada tipologia para os ensaios realizados em sistemas de revestimento de reboco em laboratório

Legenda: RC-A - rotura coesiva da argamassa; RC-A - RA-A-sup.T – rotura coesiva da argamassa e rotura adesiva entre a argamassa e o suporte de tijolo; RC-sup.T - rotura coesiva no suporte de tijolo; RPS – rotura por película superficial.

Figura 4.9 - Valores das tensões de rotura para cada tipologia para os ensaios realizados em sistemas de revestimento de reboco nos muretes

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

RC-A RA-A-sup.T RC-sup.T RPS

Pe

rce

nta

gem

de

oco

rrê

nci

a

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

[

N/m

m2 ]

Tipologias de rotura

Laboratório - reboco

% N/mm2

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

RC-A RC-A - RA-A-sup.T

RC-sup.T RPS Pe

rce

nta

gem

de

oco

rrê

nci

a

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

[

N/m

m2 ]

Tipologias de rotura

Muretes - reboco

% N/mm2

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Capítulo 4

62

Legenda: RC-A - rotura coesiva da argamassa; RA-A-sup.P – rotura adesiva entre a argamassa e o suporte de alvenaria de pedra; RA-A-sup.P - RC-sup.P – rotura adesiva entre a argamassa e o suporte de alvenaria de pedra, e rotura coesiva do suporte de alvenaria de pedra; RC-sup.P – rotura coesiva do suporte de alvenaria de pedra; RC-A - RC-sup.P - RA-A-sup.P – rotura coesiva da argamassa, rotura coesiva do suporte e rotura adesiva entre a argamassa e o suporte de alvenaria de pedra.

Figura 4.10 - Valores das tensões de rotura para cada tipologia para os ensaios realizados em sistemas de revestimento de reboco no muro de Caxias

Comparando cada tipologia de rotura, confirma-se que os valores, para a tipologia de rotura coesiva na

argamassa (RC-A), nos resultados obtidos em laboratório e nos muretes são idênticos, em média 0,60 e

0,63 N/mm2, respectivamente. Relativamente à tipologia de rotura por película superficial (RPS), os resultados

são bastante díspares (0,20 e 0,91 N/mm2). No entanto, esse facto está relacionado com o tipo de pastilhas

metálicas que resultaram neste tipo de rotura em laboratório, ou seja, as pastilhas metálicas de 10 cm de lado

e que, conforme abordado mais à frente, resultam em média em valores bastante inferiores à tensão média de

arrancamento.

Relativamente aos ensaios realizados no muro de Caxias, estes são de difícil comparação com os restantes

ensaios, visto que o revestimento do muro de Caxias tem uma constituição diferente, sendo uma argamassa à

base de cal com propriedades hidráulicas e apresenta-se com diversas anomalias.

Outro aspecto que é confirmado nos resultados alcançados em laboratório e no muro de Caxias, é que os

valores obtidos nas tipologias de rotura coesivas da argamassa (RC-A) e tipologias de rotura coesivas do

suporte (RC-sup.) são inferiores ao valor resultante da tipologia de rotura adesiva (RA), evidenciando assim

uma boa aderência entre a argamassa e o suporte. Estes resultados estão em concordância com a EN 1015-12

(CEN, 2000), que refere que a rotura adesiva corresponde ao real valor da resistência à aderência ao suporte.

Na campanha experimental realizada nos muretes, não se realiza esta comparação, visto que não se obteve

uma tipologia de rotura 100% adesiva nos ensaios efectuados.

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

RC-A RA-A-sup.P RA-A-sup.P - RC-sup.P

RC-sup.P RC-A - RC-sup.P - RA-

A-sup.P

Pe

rce

nta

gem

de

oco

rrê

nci

a

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

[N

/mm

2]

Tipologias de rotura

Muro de Caxias - reboco

% N/mm2

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Apresentação e discussão dos resultados obtidos

63

4.3.2 REVESTIMENTO DE LADRILHOS CERÂMICOS

No que se refere aos revestimentos de ladrilhos cerâmicos, observou-se cinco tipos de rotura diferentes:

RC-CC – rotura coesiva no cimento-cola;

RC-CC - RA-LC-CC – rotura coesiva no cimento-cola e rotura adesiva entre o ladrilho cerâmico e o

cimento-cola;

RA-LC-CC – rotura adesiva entre o ladrilho cerâmico e o cimento-cola;

RC-sup.A – rotura coesiva do suporte de argamassa;

RC-sup.A - RA-sup.A-sup.T – rotura coesiva do suporte de argamassa e rotura adesiva entre o suporte

de argamassa e o suporte de tijolo.

Observando as várias tensões e tipologias de rotura (Figura 4.11) para as campanhas experimentais realizadas

em sistemas de revestimento de ladrilhos cerâmicos, conclui-se que na campanha desenvolvida nos muretes e

no edifício do Restelo se observou, predominantemente, rotura coesiva no suporte de argamassa (RC-sup.A),

enquanto na campanha laboratorial ocorreram tipologias de rotura coesiva no cimento-cola, adesiva entre o

ladrilho cerâmico e o cimento-cola (RA-LC-CC) e um misto das duas anteriores (RC-sup.A - RA-LC-CC). O facto de

em laboratório não ter ocorrido rotura coesiva pelo suporte (RC-sup.) era expectável, pois o suporte é uma

placa de betão, por onde dificilmente ocorreria a rotura.

A tipologia de rotura mais frequente na campanha desenvolvida em laboratório para os ladrilhos cerâmicos

colados com cimento-cola L foi a rotura coesiva no cimento-cola (RC-CC), com uma ocorrência de 95%,

enquanto nos ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola clássico foi a rotura coesiva no cimento-cola e

rotura adesiva entre o ladrilho cerâmico e o cimento-cola (RC-CC - RA-LC-CC), com uma ocorrência de 83%.

A tipologia de rotura 100% adesiva entre o ladrilho cerâmico e o cimento-cola (RA-LL-CC) ocorreu em apenas

cinco do total de ensaios realizados em laboratório com ladrilhos cerâmicos, resultando em valores da tensão

média de arrancamento bastante baixos. No entanto, estes resultados provieram de ensaios realizados com

pastilhas metálicas de 10 cm de lado que, tal como já foi referido, apresentam sempre valores dispares.

Conclui-se ainda que os valores da tensão média de arrancamento obtidos para a tipologia de rotura coesiva no

cimento-cola (RC-CC) são em média superiores aos obtidos para a tipologia de rotura coesiva no cimento-cola e

rotura adesiva entre o ladrilho cerâmico e o cimento-cola (RC-CC - RA-LC-CC).

Na análise das tensões médias de arrancamento para cada local de ensaio, há que ter em atenção que na

campanha experimental desenvolvida nos muretes e em obra, as roturas deram-se pelo suporte (argamassa de

revestimento). Sendo assim, não se pode comparar valores de roturas ocorridas pelo suporte e roturas

ocorridas pelo cimento-cola, resultando as primeiras em valores da tensão média de arrancamento bastante

inferiores.

Page 86: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 4

64

Legenda: RC-CC - rotura coesiva no cimento-cola; RA-CC - RA-LC-CC – rotura coesiva no cimento-cola e rotura adesiva entre o ladrilho cerâmico e o cimento-cola; RA-LC-CC – rotura adesiva entre o ladrilho cerâmico e o cimento-cola; RC-sup.A – rotura coesiva do suporte de argamassa; RC-sup.A - RA-A-sup.T – rotura coesiva do suporte de argamassa e rotura adesiva entre o suporte de argamassa e o suporte de tijolo.

Figura 4.11 - Valores das tensões de rotura para cada tipologia para os ensaios realizados em sistemas de revestimento de ladrilhos cerâmicos

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0,00 0,25 0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00 2,25 2,50 2,75

RC-CC RC-CC - RA-LC-CC

Pe

rce

nta

gem

de

oco

rrê

nci

a

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

[

N/m

m2 ]

Tipologias de rotura

Laboratório - cimento-cola L

% N/mm2

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

1,25

RC-CC RC-CC - RA-LC-CC RA-LC-CC Pe

rce

nta

gem

de

oco

rrê

nci

a

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

[

N/m

m2]

Tipologias de rotura

Laboratório - cimento-cola clássico

% N/mm2

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

RC-sup.A Pe

rce

nta

gem

de

oco

rrê

nci

a

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

[

N/m

m2]

Tipologias de rotura

Muretes - cimento-cola L

% N/mm2

0%

20%

40%

60%

80%

100%

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9

RC-sup.A RC-sup.A - RA-sup.A-sup.T Pe

rce

nta

gem

de

oco

rrê

nci

a

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

[N

/mm

2]

Tipologias de rotura

Edifício do Restelo - ladrilhos cerâmicos

% N/mm2

Page 87: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Apresentação e discussão dos resultados obtidos

65

4.4 ANÁLISE DOS FACTORES DE INFLUÊNCIA

Para um melhor análise dos resultados, optou-se primeiramente, por apresentar dois gráficos, onde se

apresenta os resultados obtidos em ensaios sobre sistemas de revestimento de reboco e os resultados obtidos

em ensaios sobre sistemas de revestimento de ladrilhos cerâmicos (Tabelas 4.1 e 4.2, Figuras 4.12 e 4.13). Nas

tabelas e figuras referenciadas, apresenta-se a média dos resultados por tipo de pastilha metálica. Os

resultados individuais de cada ensaio são apresentados no anexo A.

4.4.1 ANÁLISE FACE AOS REQUISITOS DE ADERÊNCIA

Numa primeira análise, pretende-se perceber se os resultados obtidos estão dentro do expectável, ou seja, do

valor indicativo fornecido pelo fabricante e se estão dentro dos limites impostos pelas normas.

Para os sistemas de argamassa de revestimento ensaiados em laboratório e nos muretes, o relatório 427/05

(LNEC, 2005), as normas DTU 26.1 (CSTB, 1994) e NBR 13528 (ABNT, 1996) e o fabricante da argamassa

industrializada, definem como requisito mínimo para a resistência de aderência à tracção o valor de

0,3 N/mm2. Observando os resultados obtidos, constata-se que a maioria dos resultados cumpre os requisitos.

Apenas nos ensaios realizados em laboratório com pastilhas metálicas de 10 cm de lado os valores estão abaixo

dos requisitos mínimos. Contudo, a utilização de pastilhas metálicas de grandes dimensões não fornece valores

representativos.

No que se refere aos valores médios obtidos no muro de Caxias, estão dentro dos valores recomendados no

documento técnico elaborado por Veiga et al., (LNEC, 2004), que estipula como requisito valores superiores a

0,1-0,3 N/mm2 ou rotura coesiva pelo reboco, para rebocos exteriores de paredes de edifícios antigos.

Contudo, verifica-se alguns valores mínimos bastante baixos (cerca de 0,02 N/mm2), o que evidencia a falta de

aderência de algumas zonas e a degradação do paramento, que estava no momento dos ensaios a ser alvo de

inspecções com vista a uma futura intervenção.

A análise dos valores obtidos nos ensaios realizados em sistemas de revestimento de ladrilhos cerâmicos é mais

complexa e não pode ser comparada somente com os requisitos mínimos para um cimento-cola, visto que a

rotura nem sempre ocorreu pelo cimento-cola. Nos ensaios realizados nos muretes, onde os ladrilhos

cerâmicos foram colados com cimento-cola L, a tensão média de arrancamento foi 0,48 N/mm2, bastante

abaixo do estipulado pela norma NP EN 12004 (IPQ, 2008) que define como mínimo o valor de 1,0 N/mm2 para

um cimento-cola melhorado. Contudo, a rotura não se deu pelo cimento-cola, mas sim pelo reboco. Desta

forma, apenas se sabe que o cimento-cola tem uma tensão de aderência superior a 0,48 N/mm2 e que o reboco

cumpre os requisitos (tensão de aderência à tracção superior a 0,3 N/mm2). Nos ensaios realizados no edifício

do Restelo, sucede o mesmo, visto que a zona de rotura ocorreu no reboco e foi em média 0,47 N/mm2,

satisfazendo os limites impostos pelo fabricante, pelo relatório 427/05 (LNEC, 2005) e pelas normas DTU 26.1

(CSTB, 1994) e NBR 13528 (ABNT, 1996), que definem como requisito para a resistência de aderência à tracção o

valor de 0,3 N/mm2.

Page 88: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 4

66

Tabela 4.1 - Valores das tensões de arrancamento dos ensaios realizados em sistemas de revestimento de reboco nas várias campanhas

Localização Muretes experimentais no Carregado

Laboratório do fabricante em Aveiro

Muro de Caxias

Tipo de suporte Alvenaria de tijolo Tijolo

Alvenaria de pedra

Tipo de

revestimento Argamassa industrializada de base cimentícia

Argamassa industrializada de base cimentícia

Argamassa tradicional à base de cal

Tipo

Dimensão [cm] Espessura [cm]

○ 4,5 0,8

○ 5

1,4

○ 5

1,8

□ 4,8 1,4

□ 5

0,8 seco

□ 5

0,8 humed.

○ 5

1,4

○ 5

1,8

□ 5

0,8

□ 10 0,7

□ 5

0,8

○ 5

1,4

Ad

erê

nci

a

Média [N/mm2] 0,81 0,60 0,71 0,56 0,62 0,76 0,64 0,69 0,66 0,23 0,31 0,17

DP [N/mm2] 0,24 0,14 0,25 0,09 0,14 0,13 0,22 0,17 0,10 0,03 0,25 0,10

Mínimo [N/mm2] 0,51 0,47 0,38 0,49 0,39 0,65 0,38 0,50 0,54 0,19 0,08 0,02

Máximo [N/mm

2]

1,12 0,78 1,15 0,66 0,88 0,98 0,98 0,98 0,81 0,26 0,66 0,31

N.º de ensaios 6 5 11 3 10 5 5 6 11 5 5 8

CV [%] 29,31 23,85 35,62 16,98 22,12 17,24 34,43 23,99 14,67 12,32 79,34 62,43

2*(DP) [N/mm2] 0,47 0,28 0,51 0,19 0,27 0,26 0,44 0,33 0,19 0,06 0,49 0,19

Legenda: pastilha metálica circular; pastilha metálica quadrada

Figura 4.12 - Valores das tensões de arrancamento dos ensaios realizados em sistemas de revestimento de reboco nas várias campanhas

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

1,10

○ ○ ○ □ □ □ ○ ○ □ □ □ ○

4,5 5 5 4,8 5 5 5 5 5 10 5 5

0,8 1,4 1,8 1,4 0,8 0,8 1,4 1,8 0,8 0,7 0,8 1,4

seco humed.

Muretes Laboratório Muro de Caxias

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2)

Resistência ao arrancamento - reboco

Tipo Diâmetro ou lado

Espessura

Page 89: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Apresentação e discussão dos resultados obtidos

67

Tabela 4.2 - Valores das tensões de arrancamento dos ensaios realizados em sistemas de revestimento de ladrilhos cerâmicos nas várias campanhas

Localização Muretes experimentais no

Carregado Edifício do Restelo Laboratório do fabricante em Aveiro

Tipo de suporte Argamassa industrializada sobre alvenaria de tijolo

Argamassa – piso 0

Argamassa – piso 1

Placa de betão

Tipo de revestimento

Ladrilhos cerâmicos colados com

cimento-cola L

Ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola

Ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola clássico

Ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola L

Tipo Dimensão [cm] Espessura [cm]

□ 5

0,8 humed.

□ 5

0,8 seco

□ 4,8 1,4

seco

□ 5

0,8 piso 0

□ 5

0,8 piso 1

○ 4,5 0,8

○ 5

1,4

○ 5

1,8

□ 5

0,8

□ 4,8 1,4

□ 10 0,7

○ 4,5 0,8

○ 5

1,4

○ 5

1,8

□ 4,8 1,4

□ 5

0,8

□ 10 0,7

Ad

erê

nci

a

Média [N/mm2] 0,43 0,52 0,46 0,65 0,30 0,44 0,72 0,88 0,83 1,06 0,0467 1,27 2,24 2,24 2,47 1,82 0,90

DP [N/mm2] 0,07 0,14 0,12 0,19 0,17 0,08 0,17 0,09 0,11 0,17 0,0115 0,16 0,33 0,33 0,20 0,19 0,09

Mínimo [N/mm2] 0,34 0,37 0,38 0,35 0,35 0,36 0,58 0,80 0,60 0,80 0,04 1,16 1,92 1,92 2,20 1,44 0,82

Máximo [N/mm2] 0,49 0,80 0,60 0,71 0,71 0,52 0,92 1,00 1,00 1,24 0,06 1,60 2,80 2,80 2,72 2,24 1,00

Nº de ensaios 5 7 3 12 12 5 5 5 10 5 3 6 6 6 6 16 5

média - DP 0,36 0,39 0,34 0,46 0,13 0,36 0,55 0,79 0,72 0,89 0,04 1,11 1,90 1,90 2,26 1,63 0,80

média + DP 0,49 0,66 0,59 0,83 0,46 0,52 0,88 0,97 0,93 1,23 0,06 1,44 2,57 2,57 2,67 2,00 0,99

CV [%] 15,31 26,06 26,30 28,77 55,92 18,13 23,57 10,26 12,81 15,92 24,74 12,79 14,92 14,92 8,25 10,24 10,36

2*(DP) [N/mm2] 0,13 0,27 0,24 0,37 0,33 0,16 0,34 0,18 0,21 0,34 0,02 0,33 0,67 0,67 0,41 0,37 0,19

Page 90: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 4

68

Legenda: pastilha metálica circular; pastilha metálica quadrada

Figura 4.13 - Valores das tensões de arrancamento dos ensaios realizados em sistemas de revestimento de ladrilhos cerâmicos nas várias campanhas

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

1,25

1,50

1,75

2,00

2,25

2,50

2,75

3,00

□ □ □ □ □ ○ ○ ○ □ □ □ ○ ○ ○ □ □ □

5 5 4,8 5 5 4,5 5 5 5 4,8 10 4,5 5 5 4,8 5 10

0,8 0,8 1,4 0,8 0,8 0,8 1,4 1,8 0,8 1,4 0,7 0,8 1,4 1,8 1,4 0,8 0,7

humed. seco seco piso 0 piso 1

Muretes - cimento cola L Edifício Restelo Laboratório - cimento-cola clássico Laboratório - cimento-cola L

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2)

Resistência ao arrancamento - ladrilhos cerâmicos

Tipo Diâmetro ou lado

Espessura

Page 91: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Apresentação e discussão dos resultados obtidos

69

No que se refere aos ensaios com ladrilhos cerâmicos realizados em laboratório, o sistema foi composto de

forma a que a rotura ocorresse exactamente pelo cimento-cola, visto que os ladrilhos cerâmicos foram colados

directamente sobre uma placa de betão. A norma NP EN 12004 (IPQ, 2008) estipula 0,5 N/mm2 para um

cimento-cola normal e 1,0 N/mm2 para um cimento-cola melhorado como os limites mínimos para tensão de

aderência à tracção. Por sua vez, o fabricante define 0,5 N/mm2 e 1,5 N/mm

2 como mínimos de aderência aos

28 dias para o cimento-cola clássico e o cimento-cola L, respectivamente. Ao analisar-se os resultados dos

ensaios em laboratório, conclui-se que, para a maioria das pastilhas metálicas, tanto os valores da norma como

os do fabricante são cumpridos. As únicas pastilhas metálicas para as quais os ensaios resultaram em valores

da tensão média de arrancamento abaixo do estipulado foram as pastilhas metálicas quadradas com 10 cm de

lado (0,047 N/mm2) e as pastilhas circulares com 0,8 cm de espessura (0,44 N/mm

2), para o cimento-cola

clássico, e as pastilhas metálicas quadradas com 10 cm de lado (0,9 N/mm2) para o cimento-cola L. O facto de

as pastilhas metálicas quadradas com 10 cm de lado terem originado valores bastante inferiores, pode dever-se

à pressão exercida durante a colagem dos ladrilhos cerâmicos, visto que se aplicou uma pressão cerca de 38%

inferior relativamente aos ladrilhos de menor dimensão.

4.4.2 ENSAIOS EM AMBIENTE REAL VS. ENSAIOS EM MEIO LABORATORIAL

Se se pretender avaliar a diferença de resultados em ensaios realizados in-situ e em laboratório, o caso do

sistema de revestimento de ladrilhos cerâmicos torna-se mais complexo de avaliar, visto que, conforme já

explicado, a rotura nos ensaios in-situ deu-se pelo reboco e como tal os valores não são comparáveis com os

atingidos em laboratório. Contudo, pode-se analisar a variabilidade dos resultados, onde se conclui que o

coeficiente de variação foi bastante superior para os ensaios realizados no muretes (15 a 26%) e no edifício do

Restelo (29 a 60%), comparativamente ao obtido no laboratório (8 a 25%).

Relativamente aos ensaios em sistemas de revestimento de reboco, os valores da tensão média de

arrancamento são muito próximos para os ensaios nos muretes e os ensaios em laboratório.

Apenas é notório que os resultados obtidos, no muro de Caxias, para a tensão de arrancamento são inferiores.

Contudo, estes resultados não são comparáveis com os restantes, pois não se está perante a mesma argamassa

de revestimento. Observa-se ainda um coeficiente de variação no muro de Caixas bastante superior (cerca de

79%). O coeficiente de variação tende a ser sempre superior em ensaios realizados em obra, visto que as

condições de aplicação do revestimento são menos controladas, as condições de serviço podem ser

desfavoráveis e acresce neste caso o estado de degradação dos paramentos revestidos.

Relativamente aos diferentes tipos de pastilhas metálicas utilizados, o que se pode constatar com maior

facilidade, é que os valores obtidos com pastilhas metálicas de grandes dimensões (□ - 10 cm - 0,7 cm) são

bastante inferiores aos obtidos com outros tipos de pastilhas.

Seguidamente, analisar-se-á, em pormenor, cada um dos factores de influência.

Page 92: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 4

70

4.4.3 INFLUÊNCIA DA ESPESSURA DA PASTILHA METÁLICA

Neste subcapítulo, pretende-se estudar a influência da espessura da pastilha metálica no resultado da

resistência ao arrancamento. Tentou-se sempre agrupar o máximo de pastilhas metálicas idênticas em

dimensão e geometria, mas com espessura diferente. No entanto, houve a necessidade de se ajustar as

comparações ao material disponível, razão pela qual nem sempre as comparações têm apenas um factor a

variar. Tal aconteceu quando se comparou resultados onde se utilizaram pastilhas metálicas quadradas de 5 cm

de lado e pastilhas metálicas com 4,8 cm de lado. Apesar de estas pastilhas metálicas terem uma ligeira

diferença de dimensões, pensa-se que é relevante estudar a sua diferença de espessuras, visto esta ser cerca

do dobro. A mesma situação ocorre nas pastilhas metálicas circulares, quando se comparam pastilhas de

4,5 cm de diâmetro com pastilhas de 5 cm de diâmetro.

Optou-se por fazer 2 tipos de abordagem, uma com todos os resultados do ensaio pull-off e, outra, onde se fez

uma selecção e se excluiu os valores não representativos correspondentes à tipologia de rotura por película

superficial (Figura 4.14 e 4.15) e onde se pretendeu avaliar apenas os resultados que correspondem à mesma

tipologia de rotura. Esta segunda abordagem é apresentada nos gráficos como comparação “seleccionada”.

Figura 4.14 – Pastilhas metálicas com tipologia de rotura por película superficial

Figura 4.15 – 5 zonas após ensaio onde a tipologia de rotura ocorreu por película superficial

Nas Figuras 4.16 e 4.17, apresentam-se os gráficos referentes à tensão média de arrancamento dos sistemas de

revestimento de argamassa e dos sistemas de revestimento de ladrilhos cerâmicos, respectivamente. Em cada

gráfico, agruparam-se os valores obtidos com pastilhas metálicas idênticas. No anexo A apresentam-se os

resultados individuais.

De um modo geral, observa-se que na maioria das comparações efectuadas, os valores da tensão média de

arrancamento aumentam com o aumento da espessura da pastilha metálica. Os autores Bungey e Madandoust

(1992), citados por Bai et al. (2009), observaram o mesmo facto para ensaios realizados em betão.

Existem apenas 4 excepções, onde se verifica que com o aumento da espessura da pastilha metálica a tensão

média de arrancamento decresce, sendo elas as seguintes:

Page 93: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Apresentação e discussão dos resultados obtidos

71

Figura 4.16 – Tensão média de arrancamento - Casos de estudo em sistemas de revestimento de reboco, para a influência da espessura da pastilha metálica (E – espessura, s – seleccionada (excluídos os valores não representativos correspondentes à tipologia de rotura por película superficial))

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

1,10

○ 4,5 0,8 6

○ 5 1,4 5

○ 5 1,8 12

□ 5 0,8 seco 10

□ 4,8 1,4 3

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2)

Muretes - reboco - caso E.1

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

○ 5 1,4 5

○ 5 1,8 6

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2)

Laboratório - reboco - caso E.2

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

1,10

○ 4,5 0,8 2

○ 5 1,4 5

○ 5 1,8 8 □ 5 0,8 seco 9

□ 4,8 1,4 3

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2 )

Muretes - reboco - caso E.1.s

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

○ 5 1,4 4

○ 5 1,8 5

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2 )

Laboratório - teboco - caso E.2.s

Nº provetes Nº provetes

Nº provetes Nº provetes

Page 94: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 4

72

Figura 4.17 – Tensão média de arrancamento - Casos de estudo em sistemas de revestimento de ladrilhos cerâmicos, para a influência da espessura da pastilha metálica (E – espessura)

caso E.1 – A pastilha metálica ○ 4,5 cm - 0,8 cm apresenta uma tensão média de arrancamento de

0,81 N/mm2, valor superior ao das pastilhas metálicas com espessura superior. Contudo, quando se

retira os ensaios não representativos, ou seja, os que resultaram numa tipologia de rotura por película

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

□ 5 0,8 seco 10

□ 4,8 1,4 seco 3

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2 )

Muretes - cimento-cola L - caso E.3

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

1,10

1,20

1,30

○ 4,5 0,8 5

○ 5 1,4 4

○ 5 1,8 5

□ 5 0,8 10

□ 4,8 1,4 5

Ten

são

dia

de

ar

ran

cam

en

to(N

/mm

2)

Laboratório - cimento-cola clássico - caso E.4

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

1,25

1,50

1,75

2,00

2,25

2,50

2,75

○ 4,5 0,8 5

○ 5 1,4 4

○ 5 1,8 5

□ 5 0,8 10

□ 4,8 1,4 5

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2)

Laboratório - cimento-cola L - caso E.5

Nº provetes

Nº provetes

Nº provetes

Page 95: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Apresentação e discussão dos resultados obtidos

73

superficial (caso E.1.s), volta a verificar-se a tendência, sucedendo-se que a tensão média de

arrancamento desce para os 0,53 N/mm2, passando a ser inferior às pastilhas de maior diâmetro e a

estar dentro da maioria dos casos.

caso E.1 e caso E.3 – A pastilha metálica □ 4,8 cm - 1,4 cm apresenta valores inferiores à pastilha de

menor espessura □ 5 cm - 0,8 cm - seco. Apesar de estes dois casos serem uma excepção à maioria, o

decréscimo da tensão média de arrancamento foi relativamente baixo.

Na Tabela 4.3, apresentam-se as variações percentuais por mm de aumento da espessura da pastilha metálica.

Em média a variação é de 3,35% por cada mm de aumento de espessura. Com esta ordem de grandeza,

consegue-se estabelecer uma relação entre ensaios realizados nas mesmas condições mas com pastilhas

metálicas de diferentes espessuras.

Tabela 4.3 – Variação percentual da tensão média de arrancamento para variações na espessura da pastilha metálica (E – espessura; s – seleccionada (excluídos os valores não representativos correspondentes à tipologia de rotura por película

superficial))

Caso Pastilhas metálicas sob comparação Variação

percentual entre a pastilha 1 e 2 [%]

Variação percentual entre a pastilha 1 e 2 por mm de aumento da espessura [%]

E.1.s

○ - 4,5 cm - 0,8 cm ○ - 5 cm - 1,4 cm 12,83 2,14 ↗

○ - 5 cm - 1,4 cm ○ - 5 cm - 1,8 cm 13,92 3,48 ↗

□ – 5 cm - 0,8 cm - seco □ – 4,8 cm - 1,4 cm 10,17 1,70 ↘

E.2.s ○ - 5 cm - 1,4 cm ○ - 5 cm - 1,8 cm 28,05 7,01 ↗

E.3 □ – 5 cm - 0,8 cm - seco □ – 4,8 cm - 1,4 cm - seco 11,00 1,83 ↘

E.4

○ - 4,5 cm - 0,8 cm ○ - 5 cm - 1,4 cm 37,99 6,33 ↗

○ - 5 cm - 1,4 cm ○ - 5 cm - 1,8 cm 18,24 4,57 ↗

□ – 5 cm - 0,8 cm □ – 4,8 cm - 1,4 cm 22,37 3,73 ↗

E.5

○ - 4,5 cm - 0,8 cm ○ - 5 cm - 1,4 cm 36,01 6,00 ↗

○ - 5 cm - 1,4 cm ○ - 5 cm - 1,8 cm 11,03 2,76 ↗

□ – 5 cm - 0,8 cm □ – 4,8 cm - 1,4 cm 26,42 4,40 ↗

MÉDIA 3,35 ↗

4.4.4 INFLUÊNCIA DA DIMENSÃO DA PASTILHA METÁLICA

Analisando a Figura 4.18, é evidente que a utilização de pastilhas metálicas quadradas com 10 cm de lado,

provoca um decréscimo acentuado do valor da tensão média de arrancamento.

Page 96: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 4

74

Na Tabela 4.4, apresentam-se as variações percentuais por mm2 de aumento da dimensão da pastilha metálica.

Em média a variação é de menos 0,01% por cada mm2 de aumento da área da pastilha.

Figura 4.18 – Tensão média de arrancamento - Casos de estudo para influência da dimensão da pastilha metálica (D –

dimensão; s – seleccionada (excluídos os valores não representativos correspondentes à tipologia de rotura por película superficial))

Tabela 4.4 - Variação percentual da tensão média de arrancamento para variações na dimensão da pastilha metálica (D – dimensão; s – seleccionada (excluídos os valores não representativos correspondentes à tipologia de rotura por película

superficial))

Caso Pastilhas metálicas sob comparação Variação

percentual entre a pastilha 1 e 2 [%]

Variação percentual entre a pastilha 1 e 2 por mm

2 de

aumento de dimensão [%]

D.1.s □ – 5 cm - 0,8 cm □ – 10 cm - 0,7 cm 60,35 0,008 ↘

D.2 □ – 5 cm - 0,8 cm □ – 10 cm - 0,7 cm 94,35 0,013 ↘

D.3 □ – 5 cm - 0,8 cm □ – 10 cm - 0,7 cm 50,60 0,007 ↘

MÉDIA 0,01 ↘

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

□ 5 0,8 11

□ 10 0,7 5

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2 )

Laboratório - reboco - caso D.1

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

1,10

1,20

1,30

□ 5 0,8 11

□ 10 0,7 5

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2 )

Laboratório - reboco - caso D.1.s

0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00 1,10 1,20 1,30

□ 5 0,8 10

□ 10 0,7 5

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2 )

Laboratório - cimento-cola clássico - caso D.2

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

1,25

1,50

1,75

2,00

2,25

2,50

2,75

□ 5 0,8 9

□ 10 0,7 3

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2 )

Laboratório - cimento-cola L - caso D.3

Nº provetes Nº provetes

Nº provetes Nº provetes

Page 97: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Apresentação e discussão dos resultados obtidos

75

Como explicado, os resultados apresentados para o cimento-cola clássico e o cimento-cola L podem estar

relacionados com a fraca pressão exercida durante o momento de colagem dos ladrilhos cerâmicos. Contudo,

no caso do reboco, os valores apresentados permitem concluir que não é aconselhável a utilização de pastilhas

metálicas de grandes dimensões, como é exemplo as pastilhas quadradas com 10 cm de lado, visto que estas

resultam em valores da tensão média de arrancamento bastante inferiores e discrepantes em relação às

restantes pastilhas metálicas analisadas.

Por sua vez, Flores-Colen (2009) estudou a influência da dimensão da pastilha metálica e não chegou a uma

conclusão irredutível, visto que, apesar de ter verificado que na maioria dos casos os ensaios com pastilhas

metálicas de maior diâmetro resultavam em valores menores, a autora também observou resultados com uma

tendência diferente.

4.4.5 INFLUÊNCIA DO LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ENSAIO

Um dos factores que pode influenciar a tensão de resistência ao arrancamento é a altura a que se realiza o

ensaio. Gonçalves e Bauer (2005) estudaram esse factor e concluíram que numa parede vertical, a zona a uma

altura de 1,30 m é onde se registam valores superiores para a tensão de resistência ao arrancamento, visto que

é nessa zona que o aplicador do sistema de argamassa de revestimento consegue projectar mais força.

Com o intuito de se estudar este factor, nos ensaios realizados nos muros experimentais no Carregado

dispôs-se as pastilhas metálicas a diferentes alturas, no murete com sistema de argamassa de revestimento, de

forma a se poder avaliar este factor. Observando a Figura 4.19, é notório que a tensão média de arrancamento

tem tendência a diminuir com a altura. Visto que a argamassa industrializada foi aplicada recorrendo a

projecção mecânica, a diminuição dos valores pode dever-se à menor força de aperto aplicada pelo técnico,

durante o espalhamento da argamassa, a alturas superiores.

Figura 4.19 – Correlação entre a tensão média de arrancamento e a altura de realização do ensaio

y = -0,2914x + 1,0081 R² = 0,8661

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

1,10

0,50 0,75 1,00 1,25 1,50 1,75 2,00 Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

[N

/mm

2]

Altura de realização do ensaio [m]

Muretes

□ - 5 cm - 0,8 cm

○ - 4,5 cm - 0,8 cm

○ - 5 cm - 1,8 cm

○ - 5 cm - 1,4 cm

Linear (Recta de correlação)

Page 98: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 4

76

Nos ensaios sobre ladrilhos cerâmicos realizados no edifício do Restelo, também se estudou revestimentos

localizados a diferentes alturas. Contudo, a análise no edifício do Restelo é bastante diferente da realizada nos

muretes, visto que neste caso se escolheu duas zonas completamente distintas: zona ao nível do piso 0 e zona

ao nível do piso 1. Os ensaios foram realizados com pastilhas metálicas □ - 5 cm - 0,8 cm. Os resultados são

apresentados na Figura 4.20, onde se evidencia uma diminuição da tensão média de arrancamento para os

ensaios realizados na zona do piso 1. Tentando encontrar uma explicação para a diminuição da tensão média,

pode-se equacionar que a aplicação ao nível do piso 1 foi efectuada recorrendo a um andaime, onde o conforto

durante a execução do revestimento é necessariamente inferior.

Figura 4.20 - Influência do tipo de suporte para os ensaios realizados ao nível do piso 0 e ao nível do piso 1 (foram realizados 12 ensaios em cada piso)

Visto que em ambos os locais analisados, se verificou uma diminuição da tensão média de arrancamento com o

aumento da altura de localização do ensaio, pode-se questionar, se o factor de decréscimo se deve à maior

exposição solar e exposição à chuva das zonas do paramento mais elevadas.

4.4.6 INFLUÊNCIA DO TIPO DE DINAMÓMETRO UTILIZADO

Um dos factores que se pretendeu estudar na presente dissertação foi a influência da utilização de diferentes

tipos de dinamómetros. No entanto, apesar de se terem utilizado ao todo três dinamómetros diferentes ao

longo da campanha experimental, apenas nos estudos realizados no laboratório do fabricante em Aveiro se

conseguiu comparar dois dinamómetros diferentes em pastilhas metálicas iguais.

Para as pastilhas metálicas □ 5 cm - 0,8 cm, efectuaram-se cinco ensaios com o dinamómetro de 500 daN (D1) e

outros cinco com o dinamómetro de 1000 daN (D2). Os resultados apresentam-se na Figura 4.21 onde se

observa que com o dinamómetro D2, de maior capacidade de carga, obtiveram-se valores inferiores.

Visto que apenas se realizou um caso de estudo, os resultados demonstrados na Figura 4.21 têm de ser

interpretados com cautela e podem servir como ponto de partida para desenvolvimentos futuros, onde se

avalie dinamómetros iguais mas com potências diferentes.

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

piso o piso 1

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2 )

Edifício do Restelo

Page 99: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Apresentação e discussão dos resultados obtidos

77

No entanto, além da utilização de dinamómetros diferentes, existem outros factores que podem influenciar o

valor da tensão de arrancamento e que estão relacionados com a utilização do dinamómetro, tais como a

velocidade de carregamento. Utilizando-se um dinamómetro automático, este factor está, à partida,

controlado. Nas campanhas experimentais executadas nesta dissertação, utilizaram-se dinamómetros onde é o

operador que controla a velocidade de carregamento, ou seja, esta pode ter variado de ensaio para ensaio.

Figura 4.21 – Influência do tipo de dinamómetro utilizado (foram realizados 5 ensaios com cada um dos dinamómetros)

4.4.7 INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES ATMOSFÉRICAS (SECO/HUMEDECIDO)

O estudo da influência das condições atmosféricas tem como objectivo averiguar a diferença dos resultados

obtidos no ensaio pull-off, quando se realiza o ensaio após períodos em que o sistema de revestimento esteve

sujeito à acção da chuva. Como forma de humedecimento da superfície, optou-se por molhar a superfície

durante cerca de três minutos com o auxílio de uma mangueira. Para que o humedecimento da superfície fosse

mais eficaz, molhou-se o revestimento após realizados os cortes (Figura 3.22).

Analisando a Figura 4.22, é difícil chegar-se a uma conclusão, visto que para o caso do sistema de revestimento

de reboco a tensão média de arrancamento aumentou e, para o caso do sistema de revestimento de ladrilhos

cerâmicos, aconteceu o contrário. A um resultado idêntico chegou Quintela (2006) ao analisar um reboco

monomassa. Apesar de a autora, na maioria dos casos estudados, não ter encontrado variações entre o

revestimento em estado seco e em estado húmido, também obteve resultados onde verificou um decréscimo e

noutros um aumento dos valores da tensão média de aderência à tracção.

Apesar de as especificações técnicas do fabricante indicarem uma diminuição da tensão média de

arrancamento com a imersão em água, é necessário ter em atenção que o humedecimento efectuado é um

procedimento completamente distinto da imersão. Os resultados apresentados devem ser alvo de uma maior

investigação, visto que uma análise deste tipo pode ajudar a compreender os resultados de um ensaio pull-off

sobre um revestimento exterior, após longos períodos de chuva.

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

1,25

D1 D2

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2 )

Laboratório - cimento-cola clássico

Page 100: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 4

78

Figura 4.22 - Influência das condições atmosféricas

4.4.8 INFLUÊNCIA DO TIPO DE CORTE

Escolheu-se o muro de Caxias para analisar a influência do tipo de corte, pois este foi o único local da

campanha experimental, onde a pastilha metálica circular foi colada sobre um corte circular, sendo esta a

combinação estudada por outros autores e apresentada no capítulo 2.

Os resultados são apresentados na Figura 4.23, onde se observa que a utilização de pastilhas metálicas

quadradas resultou numa tensão média de arrancamento cerca de 87% superior à das pastilhas metálicas

circulares, o que é uma conclusão contrária à obtida por Costa et. al. (2007) e por Gonçalves (2004). Estes

resultados podem dever-se à elevada vibração que o sistema de furação circular provocou no revestimento

aplicado, o que vem sublinhar o facto de Flores-Colen (2009) aconselhar a utilização de uma serra

(rebarbadora) para rebocos menos compactos ou degradados. Sendo assim, a utilização dos resultados do

muro de Caxias como termo de comparação não é aconselhável, pois representa a utilização de resultados que

tiveram um coeficiente de variação muito elevado (cerca de 77%), devido às condições diversas que o muro

apresentava e ao seu estado de degradação. Pelo exposto, considera-se necessários mais estudos para se

chegar a uma conclusão final.

Figura 4.23 – Influência do tipo de corte

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

1,10

seco 10

humedecido 5

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2 )

Muretes - reboco

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

seco 10

humedecido 5

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2 )

Muretes - cimento-cola L

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

○ 5 1,4 7

□ 5 0,8 4

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2)

Muro de Caxias - reboco

Nº provetes Nº provetes

Nº provetes

Page 101: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Apresentação e discussão dos resultados obtidos

79

4.4.9 INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA DA PASTILHA METÁLICA

Neste subcapítulo, pretende-se estudar a influência do tipo de geometria da pastilha metálica utilizada no

ensaio pull-off. Os ensaios com pastilhas metálicas circulares foram realizados utilizando um corte quadrado.

Ao se utilizar uma pastilha metálica circular sobre um corte quadrado, está-se a provocar uma solicitação não

uniforme sobre o sistema de revestimento, ou seja, os cantos do quadrado não estão a ser sujeitos apenas a

tracção.

Na Figura 4.24, apresentam-se os resultados que se seleccionaram como possíveis comparações para a análise

da influência da geometria da pastilha metálica. Na escolha das comparações a efectuar, tentou-se que a

dimensão e a espessura da pastilha metálica variassem o menos possível.

Figura 4.24 - Influência da geometria da pastilha metálica (G – geometria)

Analisando a Figura 4.24, observa-se, para o caso dos ladrilhos cerâmicos, uma tendência de aumento dos

valores da tensão média de arrancamento entre pastilhas metálicas circulares e quadradas (variação de cerca

de 49% e 24% para o caso G.1 e G.2, respectivamente). Nos ensaios realizados nos muretes (caso G.3),

verifica-se o contrário, observando-se uma pequena variação negativa de cerca de 7%.

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

1,25

○ 5 1,4 4

□ 4,8 1,4 5

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2)

Laboratório - cimento-cola clássico - caso G.1

0,00

0,25

0,50

0,75

1,00

1,25

1,50

1,75

2,00

2,25

2,50

2,75

○ 5 1,4 6

□ 4,8 1,4 6

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2)

Laboratório - cimento-cola L - caso G.2

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

1,10

○ 5 1,4 5

□ 4,8 1,4 3

Ten

são

dia

de

arr

anca

me

nto

(N

/mm

2 )

Muretes - reboco - caso G.3

Nº provetes Nº provetes

Nº provetes

Page 102: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 4

80

Na comparação estabelecida, pastilhas metálicas quadradas e pastilhas metálicas circulares, para além da

geometria, está-se a variar a dimensão da área de tracção, visto que a pastilha metálica quadrada não tem

exactamente a mesma área que a pastilha circular. Desta forma, na Tabela 4.5, apresenta-se a variação

percentual por milímetro quadrado de variação da dimensão da pastilha, o qual é em média 0,06%. Este valor é

ligeiramente superior ao obtido aquando da variação apenas de dimensão da pastilha metálica, apresentada no

subcapítulo anterior onde se obteve uma variação média de 0,01%. Estes valores representam o expectável, ou

seja, uma maior variação para uma maior variação de factores, neste caso geometria e dimensão.

Tabela 4.5 - Variação percentual da tensão média de arrancamento para variações na dimensão da pastilha metálica (G – geometria)

Caso Pastilhas metálicas sob comparação Variação

percentual entre a pastilha 1 e 2 [%]

Variação percentual entre a pastilha 1 e 2 por mm

2 de

aumento de dimensão [%]

G.1 ○ - 5 cm - 1,4 cm □ – 4,8 cm – 1,4 cm 42,82 0,13 ↗

G.2 ○ - 5 cm - 1,4 cm □ – 4,8 cm – 1,4 cm 23,95 0,07 ↗

G.3 ○ - 5 cm - 1,4 cm □ – 4,8 cm – 1,4 cm 11,37 0,02 ↘

MÉDIA 0,06 ↗

Os ensaios realizados e os resultados obtidos não são comparáveis com a bibliografia analisada, visto que nesta

comparação apenas se está a variar a geometria da pastilha metálica, sem alterar o tipo de corte. Contudo,

apesar de os resultados obtidos apresentarem dois tipos de tendências, pode-se considerar que os ensaios

efectuados em ladrilhos cerâmicos em laboratório são os mais indicados para se chegar a uma conclusão, visto

que têm menos factores de variação inerentes à realização do ensaio, como é exemplo, não necessitaram da

execução de um corte, e o processo de espalhamento do cimento-cola ser mais simples do que a constituição

de um reboco. Sendo assim, pode-se concluir que os resultados obtidos em ensaios realizados em ladrilhos

cerâmicos, utilizando pastilhas metálicas quadradas de cerca de 5 cm de lado, tendem a ser 24 a 43%

superiores aos obtidos com pastilhas metálicas circulares de cerca de 5 cm de diâmetro.

4.5 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO

Neste capítulo, analisaram-se os resultados experimentais obtidos nas diversas inspecções realizadas na

campanha experimental que se desenvolveu nos laboratórios de um fabricante em Aveiro, em 2 muros

experimentais no Carregado, num edifício no Restelo e num muro em Caxias. Realizaram-se ao todo 207

ensaios pull-off, abrangendo revestimentos de argamassa industrial e tradicional, bem como revestimentos

com ladrilhos cerâmicos.

Foram analisados os resultados obtidos com o ensaio pull-off de modo a desenvolver os diversos objectivos

propostos, pelo que de seguida se resumem as conclusões obtidas:

Page 103: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Apresentação e discussão dos resultados obtidos

81

Tipologias de rotura

A tipologia de rotura nos ensaios pull-off varia muito e é indispensável a sua caracterização, que deve sempre

ser apresentada juntamente com o valor da resistência de aderência à tracção. No estudo dos sistemas de

argamassa de revestimento, concluiu-se que a tipologia de rotura mais frequente na campanha desenvolvida

nos muretes foi a coesiva da argamassa (RC-A), com uma ocorrência de 73%, enquanto na campanha no

laboratório foi a rotura adesiva (RA-A-sup.B) com uma ocorrência de 63%. Por sua vez, na campanha

desenvolvida no muro de Caxias, com uma ocorrência de 31%, predominou a rotura coesiva do suporte e

rotura adesiva (RC-sup.P - RA-A-sup.P). Dentro de cada tipologia de rotura, os valores para os resultados

obtidos em laboratório e nos muretes são idênticos, variando entre 0,60 e 0,63 N/mm2 para a rotura coesiva na

argamassa (RC-A) e entre 0,52 e 0,56 N/mm2 para a rotura coesiva do suporte (RC-sup).

No que se refere aos ensaios realizados em sistemas de revestimento de ladrilhos cerâmicos, a rotura deu-se

por duas zonas distintas. Nos ensaios realizados nos muretes e no edifício do Restelo, a rotura ocorreu pela

zona mais fragilizada, o reboco de suporte (RC-sup.A). Por sua vez, na campanha desenvolvida no laboratório

(onde não existe reboco de suporte) a tipologia de rotura mais frequente foi a rotura coesiva na cola, com uma

ocorrência de 93%, enquanto nos ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola clássico foi a rotura coesiva na

cola e rotura adesiva entre o ladrilho e o cimento-cola (RC-CC - RA-LC-CC) com uma ocorrência de 83%.

Cumprimento dos requisitos impostos pelas normas

Todos os ensaios efectuados em laboratório e nos muretes foram realizados sobre sistemas de revestimento

cujas características são conhecidas, ou seja, onde estão empregues produtos cujas características técnicas

estão definidas pelo fabricante. Nos ensaios pull-off realizados, os valores da tensão média de aderência

encontraram-se todos acima do declarado como mínimo pelo fabricante (0,3 N/mm2 para a argamassa de

revestimento; 0,5 N/mm2 para o cimento-cola clássico; e 1,0 N/mm

2 para o cimento-cola L) e indicado pela

normalização em vigor (0,3 N/mm2 ou rotura coesiva para a argamassa de revestimento; 0,5 N/mm

2 para um

cimento-cola normal; e 1,0 N/mm2 para um cimento-cola melhorado). Os seguintes resultados foram a

excepção: pastilhas metálicas de 10 cm de lado; e pastilhas metálicas circulares de 4,5 cm de diâmetro e 0,8 cm

de espessura nos ensaios realizados em laboratório com cimento-cola clássico.

Ao longo de toda a campanha, verificou-se que as pastilhas metálicas quadradas com 10 cm de lado resultaram

sempre em valores abaixo das restantes pastilhas (quadradas e circulares com aproximadamente 5 cm de lado

e diâmetro, respectivamente). Tal facto pode estar associado a duas causas, nomeadamente: i) as elevadas

tensões que se concentram nos cantos da amostra quando se utiliza pastilhas metálicas de grandes dimensões

e ii) a menor força de aperto que foi aplicada aquando da colagem dos ladrilhos cerâmicos de maiores

dimensões.

Relativamente aos ensaios pull-off realizados em laboratório com cimento-cola clássico e pastilhas metálicas

circulares de 4,5 cm de diâmetro terem resultado em valores abaixo dos requisitos mínimos, pensa-se estar

associado ao facto comprovado de que as pastilhas com menor espessura tendem a fornecer resultados da

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Capítulo 4

82

tensão média de arrancamento inferiores. Estes resultados vêm reforçar a indicação das normas europeias, ao

aconselharem a utilização de pastilhas metálicas com espessuras superiores a 10 mm.

Nos ensaios realizados sobre sistemas de revestimento de ladrilhos cerâmicos, nos muretes e no edifício do

Restelo, não foi possível averiguar se o cimento-cola cumpria os valores mínimos, visto que a rotura deu-se

pela zona mais fragilizada, o reboco de suporte. Contudo, o reboco cumpre os requisitos, visto que tem uma

tensão média de aderência de 0,47 N/mm2.

No muro de Caxias, o valor médio da tensão de aderência foi 0,22 N/mm2, valor enquadrado nos requisitos

previstos pelo LNEC para argamassas aplicadas em paramentos de edifícios antigos.

Variabilidade nos factores – ambiente natural vs meio laboratorial

Confirma-se que os ensaios em obra apresentam uma dispersão de resultados substancialmente superior,

comparativamente aos ensaios realizados em laboratório e em muretes. Na obra, o coeficiente de variação

para os ensaios em reboco foi da ordem de 79%, enquanto em laboratório e nos muretes variou entre 12 e

35%. Por sua vez, nos ensaios realizados em sistemas de revestimento de ladrilhos cerâmicos obteve-se um

coeficiente de variação entre 29 a 56% para ensaios realizados em obra e entre 8 a 26% para ensaios em

muretes e laboratório.

Estes resultados devem-se fundamentalmente ao controlo das condições ambientais e de aplicação que o

fabricante consegue providenciar em laboratório, no que respeita aos produtos empregues na execução do

revestimento, às suas condições de aplicação e também à realização dos ensaios. Por outro lado, apesar de que

nos muros experimentais o fabricante também tem a capacidade de providenciar condições de aplicação

controladas, não consegue controlar o meio envolvente por os muretes se encontrarem num ambiente natural,

sendo assim nestas condições é necessário ter em consideração que os muretes passam a estar sujeitos aos

agentes naturais de degradação. Assim, pode-se afirmar que quanto maior é o controlo na execução de um

sistema de revestimento e no seu meio envolvente, maior é a sua homogeneidade e por conseguinte menor é

a variabilidade dos resultados. Para além do controlo na execução de um revestimento, a sua degradação em

serviço, que tendencialmente não é uniforme, pode conduzir a valores de coeficientes de variação muito

elevados, como é exemplo os obtidos nos ensaios realizados no muro de Caxias.

Utilização de pastilhas metálicas com diferentes espessuras

Este estudo conclui que a utilização de pastilhas metálicas com espessuras diferentes influencia directamente

os resultados. Na maioria das comparações efectuadas, observou-se que os valores da tensão média de

arrancamento aumentavam com o aumento da espessura da pastilha metálica. O aumento percentual é

variável e foi diferente para cada tipo de pastilhas metálicas comparadas, sendo a média de variação cerca de

3% por cada mm de aumento de espessura, para variações entre 4 e 6 mm de espessura.

Page 105: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Apresentação e discussão dos resultados obtidos

83

Utilização de pastilhas metálicas com diferentes dimensões

Nesta análise, tornou-se evidente que a utilização de pastilhas metálicas de grande dimensão (10 cm de lado)

resulta em valores da tensão de arrancamento substancialmente inferiores. Contudo, esta análise deve ser

aprofundada, visto que os ladrilhos cerâmicos quadrados com 10 cm de lado sofreram também um aperto

inferior aquando da sua colagem. No entanto, a análise a este tipo de pastilhas, realizada no laboratório sobre

um reboco, também resultou em valores substancialmente inferiores. Aliando o facto de os valores obtidos

divergirem da média das restantes pastilhas metálicas, ao facto de provocarem uma danificação superior na

zona do revestimento a ensaiar, considera-se que deve ser evitada a utilização deste tipo de pastilhas.

Realização do ensaio a diferentes alturas no paramento

A análise realizada no murete no Carregado permitiu concluir que a tensão média de arrancamento para os

ensaios pull-off tem tendência a diminuir com o aumento da altura. Este facto já foi comprovado por outros

autores e está relacionado principalmente com a posição de ergonomia para o corpo humano executar a

aplicação do revestimento, nomeadamente na força de projecção ou na força de espalhamento que consegue

aplicar na argamassa. No edifício do Restelo, verificou-se um decréscimo de tensão média de arrancamento

para os ensaios realizados ao nível do piso 1, o que pode estar relacionado com a falta de conforto do

aplicador, quando se encontra em cima de um andaime, e/ou com a maior exposição solar e exposição à chuva

das zonas situadas a uma cota superior.

Utilização de diferentes tipos de dinamómetros

No que se refere à pesquisa no sentido de perceber a variação de resultados, devido à utilização de diferentes

tipos de dinamómetros, considera-se que os resultados são pouco representativos, visto que apresentam uma

pequena diferença de valores e foram realizados poucos ensaios comparáveis, com cada um dos três

dinamómetros utilizados.

Influência das condições atmosféricas (seco/humedecido)

O que se conclui com o humedecimento dos sistemas de revestimento foi que o valor médio da tensão de

arrancamento diminuía para o caso do sistema de revestimento de ladrilhos cerâmicos e aumentava para o

caso do sistema de revestimento de reboco. Apesar de os resultados serem distintos para os dois tipos de

sistema de revestimento, admite-se que não se conseguiu reproduzir fidedignamente as condições

atmosféricas naturais, visto que os ensaios foram realizados num dia de muito calor e, como tal, a água

utilizada para humedecer as superfícies pode ter evaporado rapidamente. Desta forma, considera-se

pertinente um estudo mais detalhado deste factor.

Utilização de diferentes cortes

No estudo do tipo de corte utilizado e por se ter apenas um caso de estudo, onde os coeficientes de variação

foram muito elevados, considera-se os resultados insuficientes para a obtenção de uma conclusão credível. De

salientar fica o facto de os ensaios terem permitido constatar o quão complexa é a montagem de um sistema

de furação circular e a vibração que esta transmite para o sistema de revestimento.

Page 106: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 4

84

Utilização de pastilhas metálicas com diferentes geometrias

O estudo do tipo de geometria da pastilha metálica, onde se manteve sempre um corte quadrado, permitiu

concluir que existe uma tendência para serem superiores em 24 a 43%, os resultados obtidos em ladrilhos

cerâmicos colados sobre placas de betão com pastilhas metálicas quadradas (com 4,8 cm de lado), em relação

aos obtidos com pastilhas metálicas circulares com 5 cm de diâmetro (média de 0,1% por cada mm2 de

variação da dimensão da pastilha).

Durante toda a campanha experimental, tentou-se variar ao máximo o tipo de pastilhas metálicas utilizadas, de

forma a se obter uma grande variedade de casos de estudo. Contudo, o que se observa no final da campanha

experimental, é que se possui resultados para diversos tipos de pastilhas, mas estas não são totalmente

comparáveis. Assim, quando se está a comparar a influência de um factor de variação, deve-se apenas fazer

variar esse mesmo factor, o que nem sempre foi possível ao longo da presente dissertação. Exemplo disso é

que, na maioria das vezes, está-se perante a variação de dois factores: o factor de influência em estudo e a

espessura ou a dimensão, entre outros. Por este facto, sugere-se que num estudo futuro, esteja disponível um

conjunto de pastilhas metálicas, cujas características permitam um estudo comparativo mais rigoroso da

influência dos factores de variação. Contudo, e visto que as pastilhas metálicas utlizadas são as disponíveis no

mercado, o presente estudo permite aos operados realizarem uma comparação dos resultados obtidos quando

se utiliza diversos tipos de pastilhas metálicas.

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Conclusões

85

5 CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS

O trabalho realizado incidiu na avaliação da variabilidade da técnica de ensaio utilizada na medição da

aderência de revestimentos de argamassas e de ladrilhos cerâmicos - o ensaio pull-off. A aderência ao suporte

é um dos requisitos mais importantes que um revestimento deve garantir e o ensaio pull-off é a técnica de

diagnóstico frequentemente utilizada para avaliar a aderência dos revestimentos, tanto em condições

laboratoriais como in-situ.

O ensaio pull-off é proposto por normas europeias que definem os procedimentos de ensaio que devem ser

aplicados para diferentes tipos de revestimentos. A norma EN 1015-12 (CEN, 2000) recomenda o ensaio para

argamassas de revestimento e pode ser complementada pela recomendação RILEM MDT. D.3 (RILEM, 2004)

que especifica o ensaio para condições in-situ. Por sua vez, a norma EN 1348 (CEN, 2007) descreve o

procedimento para a avaliação da aderência em revestimentos de ladrilhos cerâmicos colados com

cimento-cola, em condições laboratoriais.

As normas existentes procuram estabelecer valores de referência e assim definir características mínimas de

desempenho em serviço, de forma a fazer cumprir exigências em termos de aderência. O valor de 0,3 MPa é

usualmente mencionado como o limite mínimo de desempenho de uma argamassa de revestimento no que diz

respeito à sua aderência ao suporte. Contudo, admite-se a existência de valores inferiores ao citado, para o

caso de ocorrer rotura coesiva na argamassa. Para revestimentos aplicados em paredes antigas, como é

exemplo das argamassas tradicionais à base de cal, pode admitir-se valores da tensão média de arrancamento

até 0,1 MPa. Relativamente aos revestimentos de ladrilhos cerâmicos, é habitualmente referido o valor de 0,5

MPa ou 1,0 MPa, para cimentos-cola normais ou melhorados, respectivamente.

Com o intuito de avaliar a eficácia do ensaio pull-off, a sua variabilidade e os factores que o influenciam,

desenvolveu-se uma vasta campanha experimental. A campanha foi dividida entre ensaios em laboratório e

ensaios in-situ. Estes últimos dividiram-se entre ensaios em obra (edifício do Restelo e muro de Caxias) e

ensaios nos muretes experimentais da Estação de Envelhecimento Natural de um fabricante no Carregado. Os

resultados obtidos, tanto em laboratório como in-situ, foram analisados tendo em conta os aspectos referidos

e os objectivos descritos na introdução, conduzindo às conclusões que de seguida se sintetizam.

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Capítulo 5

86

5.2 CONCLUSÕES GERAIS

A metodologia da técnica de ensaio para a medição da resistência de aderência à tracção, tem diversas

variantes, visto que, apesar de as normas referirem um procedimento, na prática existem diversos acessórios e

equipamentos de ensaio que conduzem a diferentes métodos. Esta dissertação centrou-se fundamentalmente

em avaliar qual é a influência nos resultados da tensão média de arrancamento, devida a vários factores

inerentes ao procedimento de ensaio.

Deste modo, o trabalho experimental foi principalmente dedicado aos ensaios realizados em laboratório e nos

muretes experimentais, com trabalho de menor expressão desenvolvido em obras. Esta decisão deveu-se ao

facto de, em laboratório e em muretes experimentais, ser possível a execução de um maior número de ensaios,

sem prejuízo de maior (dado o grau de destruição deste ensaio). Sendo assim, realizou-se um total de 107

ensaios em laboratório, 55 nos muretes experimentais, 24 no edifício do Restelo e 13 no muro de Caxias.

Foi possível concluir que a tipologia de rotura nos ensaios pull-off deve ser sempre caracterizada e apresentada

conjuntamente com os resultados da resistência de aderência à tracção, visto que as conclusões obtidas da

análise dos resultados diferem conforme o tipo de rotura apresentado. O conhecimento das zonas de

fragilidade do sistema de revestimento, permite minimizar os factores potenciadores de perda de aderência

em serviço.

Relativamente ao cumprimento dos requisitos impostos pelas normas, na grande maioria dos ensaios pull-off

realizados, os valores da tensão média de aderência encontraram-se acima do estipulado como mínimo

declarado pelo fabricante e definido pela normalização em vigor.

A variabilidade da técnica foi bastante diferente para os ensaios realizados em obra e para os ensaios

realizados em laboratório e nos muretes. Devido às condições de aplicação controladas pelo fabricante, nos

sistemas de revestimento ensaiados em laboratório e nos muretes experimentais, era expectável que os

resultados em obra tivessem uma maior variabilidade. Sendo assim, verificou-se coeficientes de variação, para

ensaios realizados sobre sistemas de argamassa de revestimento, da ordem de 79% em obra, e 12 a 35% para

ensaios realizados em laboratório e nos muretes. No que se refere a sistemas de revestimentos de ladrilhos

cerâmicos, o coeficiente de variação obtido encontra-se no intervalo 29 a 56%, e 8 a 26%, para ensaios

realizados em obra e ensaios realizados em laboratório e nos muretes, respectivamente. De entre os ensaios

realizados em laboratório e nos muros experimentais, verifica-se um ligeiro aumento dos valores dos

coeficientes de variação para estes últimos. Este facto é perfeitamente aceitável, visto que a envolvente

natural dos muretes promove a acção dos agentes naturais de degradação em serviço.

Relativamente aos factores que se previam influenciar o ensaio pull-off, e indo ao encontro dos objectivos

inicialmente propostos, as Tabelas 5.1 e 5.2 colocam/resumem lado a lado, as conclusões obtidas na campanha

experimental realizada e a síntese das conclusões apuradas através da literatura analisada.

Page 109: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Conclusões

87

Tabela 5.1 – Síntese das conclusões obtidas através da bibliografia analisada e da campanha experimental realizada, relativamente aos factores de influência do ensaio pull-off

Factores que influenciam o resultado do

ensaio

Conclusões obtidas através da bibliografia analisada

Conclusões obtidas através da campanha experimental realizada no âmbito desta

dissertação

Espessura da pastilha metálica

Consideram que se deve utilizar pastilhas metálicas com no mínimo 20 mm se forem de aço e 30 mm se

forem de alumínio (Bungey e Madandoust, 1992)

Na maioria das comparações efectuadas, os valores da tensão média de arrancamento

aumentaram com o aumento da espessura da pastilha metálica, sendo em média cerca de 3% por cada mm de aumento de espessura, para variações entre 4 e 6 mm de espessura.

Tipo de corte, geometria e dimensão da

pastilha metálica

Ensaios com pastilhas metálicas quadradas de menor secção resultam em valores superiores, no entanto não se pode estabelecer uma tendência

(comparação entre □ 5 cm e □ 10 cm) (Flores-Colen, 2009

A utilização de pastilhas metálicas quadradas com 10 cm de lado gerou valores da tensão média de arrancamento substancialmente

inferiores. Os resultados obtidos com pastilhas metálicas quadradas com 4,8 cm de lado têm tendência

a ser 0,1% superiores, por cada mm2 de

variação da dimensão da pastilha, aos obtidos com pastilhas metálicas circulares com 5 cm

de diâmetro.

Resultados superiores quando se utiliza pastilhas metálicas e corte circulares (comparação entre □ 10

cm e ○ - 5 cm). Redução de 52% para pastilhas metálicas quadradas de 10 cm de lado (Costa et al.,

2007)

O corte circular permite resultados em média mais fiáveis. O desvio médio dos resultados ronda os 10%

quando é aplicado o corte circular e os 20% com a aplicação de corte quadrangular (comparação entre

□ 5 cm e ○ - 5 cm em ensaios in-situ) (Vieira, 2009)

Obtém-se resultados semelhantes, desde que a área das pastilhas metálicas seja equivalente. Não se

verifica um padrão de variação para pastilhas metálicas com diferentes dimensões (Soares, 2011)

As pastilhas metálicas quadradas apresentam valores de aderência cerca de 58% inferiores às

circulares (Gonçalves, 2004)

Altura de execução do ensaio pull-off

no paramento

Os valores do ensaio pull-off são máximos para alturas próximas de 1,30 m (Gonçalves e Bauer,

2005)

Os valores do ensaio pull-off têm tendência a diminuir com o aumento da altura de

realização do ensaio.

Diferentes dinamómetros

Resultados cerca de 35 e 60% inferiores para o equipamento de braço alavanca obtidos por Costa e

Carasek (2009) e Antunes et. al (2012) respectivamente. Resultados pouco representativos pois

apresentam uma pequena diferença nos valores da tensão média de aderência e

dispõem-se de poucos resultados comparáveis.

Resultados superiores para o equipamento de braço alavanca (Candia e Franco, 1998)

Baixa reprodutibilidade entre dois laboratórios nacionais onde se utilizou dois tipos de

dinamómetros (Silva et. al,2005)

Page 110: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

Capítulo 5

88

Tabela 5.2 - Síntese das conclusões obtidas através da bibliografia analisada e da campanha experimental realizada, relativamente aos factores de influência do ensaio pull-off (continuação)

Factores que influenciam o resultado do

ensaio

Conclusões obtidas através da bibliografia analisada

Conclusões obtidas através da campanha experimental realizada no âmbito desta

dissertação

Condições atmosféricas

(seco/humedecido)

Para os revestimentos exteriores, os valores da aderência ao suporte podem reduzir após

humedecimento do revestimento (LNEC, 1996)

Para o sistema de humedecimento adoptado, ou seja, molhagem com uma mangueira

durante cerca de 3 minutos, verificou-se uma diminuição do valor médio da tensão de

arrancamento no sistema de revestimento de ladrilhos cerâmicos, enquanto para o caso do

revestimento de reboco resultou num aumento do valor.

Para a maioria dos casos analisados (70%), verificou-se não existir diferença entre os resultados de

aderência obtidos na situação de revestimento em estado seco ou húmido (Quintela, 2006)

Analisando a tabela, é possível constatar que as conclusões obtidas através da presente dissertação, nem

sempre vão ao encontro das obtidas através de alguma da bibliografia analisada, obtendo-se em certos casos

conclusões contrárias. Exemplo disso é o factor de influência da utilização de pastilhas metálicas quadradas e

circulares. Se, por um lado, os autores Costa et al. (s.d) e Gonçalves (2004) obtiveram resultados da tensão

média de arrancamento superiores utilizando pastilhas metálicas circulares, na presente dissertação obteve-se

valores inferiores. Contudo, Costa et al. (s.d) obtiveram valores superiores para as pastilhas metálicas circulares

com 5 cm de diâmetro quando comparadas com pastilhas metálicas quadradas de 10 cm de lado, enquanto no

presente estudo se comparou pastilhas metálicas com uma área equivalente. Sendo assim, se se fizer uma

comparação de pastilhas equivalente à elaborada por Costa et al. (s.d), chega-se à mesma conclusão, visto que

as pastilhas metálicas quadradas de 10 cm de lado resultaram sempre em valores substancialmente inferiores.

Outro factor de influência que não permitiu obter uma conclusão fidedigna foi o caso em que o revestimento é

humedecido, visto que nos dois estudos realizados se obteve resultados contrários, tal como são opostas as

conclusões apresentadas pelo LNEC (1996), onde se admite que os valores da aderência ao suporte podem

diminuir após humedecimento dos revestimentos exteriores, e por Quintela (2006), onde para a maioria dos

casos analisados não se verificou diferença entre os resultados obtidos para situações de revestimento em

estado seco ou húmido. Desta forma, considera-se que os factores de influência citados devem ser alvo de uma

investigação mais detalhada.

5.3 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

Apesar de nesta dissertação se ter atingido os objectivos propostos e se ter ampliado os conhecimentos

relativos à técnica de medição da aderência, existiram aspectos onde se poderá melhorar e dar continuidade e

aprofundar o conhecimento.

Um dos aspectos sugeridos, e que não deve ser descurado, é o registo da informação recolhida durante a

campanha experimental, de forma sistémica e organizada, numa ficha de ensaio, para que qualquer pessoa

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Conclusões

89

num momento futuro, possa entender e analisar com precisão os resultados obtidos numa determinada

campanha experimental.

Outro aspecto proposto é o estudo mais intensivo de cada um dos factores de influência do ensaio, para que

seja possível realizar uma análise estatística mais detalhada dos resultados. Considera-se que o estudo da

influência da utilização de diferentes tipos de acessórios e equipamentos de ensaio, ou seja, diferentes

pastilhas metálicas e dinamómetros, deve ser preconizado em laboratório, dado que só nestas condições é

possível reduzir ao mínimo os restantes factores de influência e garantir que apenas se está a estudar o factor

pretendido.

Outro aspecto sugerido e que não foi abordado na presente dissertação é a análise da reprodutibilidade do

ensaio pull-off. Por conseguinte, propõem-se a execução de ensaios em laboratórios ou por operadores

distintos, em datas distintas, ou em condições operativas diferentes, por aplicação do mesmo método de

ensaio, e avaliação da variação dos resultados.

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Capítulo 5

90

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Bibliografia

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[w2] - www.weber.com.pt, consultado em Junho e Julho 2012

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Bibliografia

96

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ANEXO

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A.1

RESULTADOS INDIVIDUAIS E DETALHADOS DE CADA ENSAIO PULL-

OFF REALIZADO

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A.1

Tabela A. 1 – Resultados dos ensaios realizados no laboratório em Aveiro, sobre um sistema de revestimento de reboco sobre tijolos

Tijolo Pastilha

Pastilha Área da amostra

arrancada [cm

2]

Valor obtido no dinam.

[daN]

Resistência de aderência à tracção

fu [N/mm2]

Tipo de rotura Tipo

Lado ou diâmetro

[cm]

Espessura [cm]

T1

1 ○ 5 1,4 26,52 260 0,98 RC-sup.T 100%

2 ○ 5 1,4 24,50 165 0,67 RA-A-sup.T 100%

3 ○ 5 1,4 24,00 90 0,38 RA-A-sup.T 100%

4 ○ 5 1,8 24,50 185 0,76 RA-A-sup.T 100%

5 ○ 5 1,8 24,48 240 0,98 RA-A-sup.T 100%

6 ○ 5 1,8 24,48 170 0,69 RA-A-sup.T 100%

T2

1 ○ 5 1,8 24,00 120 0,50 RA-A-sup.T 100%

2 ○ 5 1,8 26,00 160 0,62 RA-A-sup.T 100%

3 ○ 5 1,8 24,00 145 0,60 RC-A 100%

T3

1 ○ 5 1,4 24,00 140 0,58 RA-A-sup.T 100%

2 ○ 5 1,4 24,01 140 0,58 RA-A-sup.T 100%

3 □ 5 0,8 24,44 140 0,57 RA-A-sup.T 100%

4 □ 5 0,8 24,48 150 0,61 RA-A-sup.T 100%

T4

1 □ 5 0,8 24,50 185 0,76 RC-A 100%

2 □ 5 0,8 24,99 200 0,80 RC-A 100%

3 □ 5 0,8 27,54 160 0,58 RC-sup.T 100%

T5

1 □ 5 0,8 22,09 130 0,59 RA-A-sup.T 100%

2 □ 5 0,8 23,50 190 0,81 RA-A-sup.T 100%

3 □ 5 0,8 24,00 130 0,54 RA-A-sup.T 100%

4 □ 5 0,8 22,56 160 0,71 RA-A-sup.T 100%

5 □ 5 0,8 22,56 160 0,71 RA-A-sup.T 100%

6 □ 5 0,8 21,62 130 0,60 RA-A-sup.T 100%

T6 1 □ 10 0,7 98,00 190 0,19 RPS 100%

2 □ 10 0,7 98,00 210 0,21 RPS 100%

T7 1 □ 10 0,7 95,04 240 0,25 RC-A 100%

T8 1 □ 10 0,7 95,00 240 0,25 RC-sup.T 100%

2 □ 10 0,7 96,30 250 0,26 RC-sup.T 100%

Legenda: T1 – tijolo 1; T2 – tijolo 2; T3 – tijolo 3; T4 – tijolo 4; T5 – tijolo 5; T6 – tijolo 6; T7 – tijolo 7; T8 – tijolo

8; ○ – pastilha metálica circular; □ – pastilha metálica quadrada; RC-sup.T 100% - rotura 100 % coesiva no suporte de tijolo;

RA-A-sup.T 100% - rotura 100% adesiva entre a argamassa e o suporte de tijolo; RC-A 100% - rotura 100% coesiva na

argamassa; RPS 100% - rotura 100% por película superficial.

Page 126: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

A.2

Tabela A. 2 – Resultados dos ensaios realizados no laboratório em Aveiro, sobre um sistema de revestimento de ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola L, sobre placas de betão

Placa Pastilha

Pastilha Área da amostra

arrancada [cm

2]

Dinam.

Valor obtido no

dinam. [daN]

Resistência de

aderência à tracção

fu [N/mm2]

Tipo de rotura Tipo

Lado ou diâmetro

[cm]

Espessura [cm]

P1

1 □ 5 0,8 25 D2 430 1,72 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

2 □ 5 0,8 25 D2 440 1,76 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

3 □ 5 0,8 25 D2 440 1,76 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

4 □ 5 0,8 25 D2 480 1,92 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

5 □ 5 0,8 25 D2 450 1,80 RC-CC 90% - RA-LC-CC 10%

6 □ 5 0,8 25 D2 450 1,80 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

7 □ 5 0,8 25 D2 460 1,84 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

8 □ 4,8 1,4 25 D2 590 2,36 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

9 □ 4,8 1,4 25 D2 550 2,20 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

10 □ 4,8 1,4 25 D2 580 2,32 RC-CC 100%

11 □ 4,8 1,4 25 D2 640 2,56 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

12 □ 4,8 1,4 25 D2 680 2,72 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

13 □ 4,8 1,4 25 D2 660 2,64 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

14 □ 5 0,8 25 D2 380 1,52 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

15 □ 5 0,8 25 D2 470 1,88 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

P2

1 ○ 5 1,8 25 D2 580 2,32 RC-CC 95% - RA-LC-CC 5%

2 ○ 5 1,4 25 D2 500 2,00 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

3 ○ 4,5 0,8 25 D2 310 1,24 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

4 ○ 4,5 0,8 25 D2 300 1,20 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

5 ○ 4,5 0,8 25 D2 300 1,20 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

6 ○ 4,5 0,8 25 D2 400 1,60 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

7 ○ 4,5 0,8 25 D2 310 1,24 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

8 ○ 4,5 0,8 25 D2 290 1,16 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

9 □ 5 0,8 25 D2 490 1,96 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

10 □ 5 0,8 25 D2 500 2,00 RC-CC 85% - RA-LC-CC 15%

11 □ 5 0,8 25 D2 560 2,24 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

12 □ 5 0,8 25 D2 440 1,76 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

13 □ 5 0,8 25 D2 480 1,92 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

14 □ 5 0,8 25 D2 430 1,72 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

15 □ 5 0,8 25 D2 360 1,44 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

P3

1 ○ 5 1,8 25 D2 500 2,00 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

2 ○ 5 1,8 25 D2 500 2,00 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

3 ○ 5 1,8 25 D2 480 1,92 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

4 ○ 5 1,8 25 D2 700 2,80 RC-CC 100%

5 ○ 5 1,8 25 D2 595 2,38 RC-CC 85% - RA-LC-CC 15%

6 ○ 5 1,4 25 D2 510 2,04 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

Page 127: Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na … · Avaliação da variabilidade da técnica de ensaio pull-off na medição da resistência de aderência à tracção

A.3

Tabela A. 3 - Resultados dos ensaios realizados no laboratório em Aveiro, sobre um sistema de revestimento de ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola L, sobre placas de betão (continuação)

Placa Pastilha

Pastilha Área da amostra

arrancada [cm

2]

Dinam.

Valor obtido no

dinam. [daN]

Resistência de

aderência à tracção fu

[N/mm2]

Tipo de rotura Tipo

Lado ou diâmetro

[cm]

Espessura [cm]

P3

7 ○ 5 1,4 25 D2 480 1,92 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

8 ○ 5 1,4 25 D2 590 2,36 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

9 ○ 5 1,4 25 D2 460 1,84 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

10 ○ 5 1,4 25 D2 445 1,78 RC-CC 75% - RA-LC-CC 25%

P4

1 □ 10 0,7 100 D2 870 0,87 RC-CC 60% - RA-LC-CC 40%

2 □ 10 0,7 100 D2 >1000 n.d. n.d.

3 □ 10 0,7 100 D2 >1000 n.d. n.d.

4 □ 10 0,7 100 D2 820 0,82 RC-CC 65% - RA-LC-CC 35%

5 □ 10 0,7 100 D2 1000 1,00 RC-CC 85% - RA-LC-CC 15%

Legenda: P1 – placa de betão 1; P2 – placa de betão 2; P3 – placa de betão 3; P4 – placa de betão 4; ○ – pastilha

metálica circular; □ – pastilha metálica quadrada; D2 – dinamómetro 2; >1000 daN – não foi possível observar a rotura pois

o dinamómetro não teve capacidade para traccionar a pastilha metálica, desta forma apenas se sabe que o valor é superior

a 1000 daN; n.d. – não determinada; RC-CC – rotura coesiva no cimento-cola; RA-LC-CC – rotura adesiva entre o ladrilho

cerâmico e o cimento-cola.

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A.4

Tabela A. 4 - Resultados dos ensaios realizados no laboratório em Aveiro, sobre um sistema de revestimento de ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola clássico, sobre placas de betão

Placa Pastilha

Pastilha Área da amostra

arrancada [cm

2]

Dinam.

Valor obtido

no dinam. [daN]

Resistência de

aderência à tracção fu

[N/mm2]

Tipo de rotura Tipo

Lado ou diâmetro

[cm]

Espessura [cm]

P1

1 □ 5 0,8 25 D1 230 0,92 RC-CC 50% - RA-LC-CC 50%

2 □ 5 0,8 25 D1 220 0,88 RC-CC 50% - RA-LC-CC 50%

3 □ 5 0,8 25 D1 215 0,86 RC-CC 50% - RA-LC-CC 50%

4 □ 5 0,8 25 D1 200 0,80 RC-CC 50% - RA-LC-CC 50%

5 □ 5 0,8 25 D1 250 1,00 RC-CC 50% - RA-LC-CC 50%

6 □ 5 0,8 25 D2 150 0,60 RC-CC 50% - RA-LC-CC 50%

7 □ 5 0,8 25 D2 200 0,80 RC-CC 50% - RA-LC-CC 50%

8 □ 5 0,8 25 D2 190 0,76 RC-CC 50% - RA-LC-CC 50%

9 □ 5 0,8 25 D2 210 0,84 RC-CC 50% - RA-LC-CC 50%

10 □ 5 0,8 25 D2 200 0,80 RC-CC 50% - RA-LC-CC 50%

11 □ 4,8 1,4 25 D1 200 0,80 RC-CC 50% - RA-LC-CC 50%

12 □ 4,8 1,4 25 D1 295 1,18 RC-CC 50% - RA-LC-CC 50%

13 □ 4,8 1,4 25 D1 260 1,04 RC-CC 50% - RA-LC-CC 50%

14 □ 4,8 1,4 25 D1 310 1,24 RC-CC 50% - RA-LC-CC 50%

15 □ 4,8 1,4 25 D1 265 1,06 RC-CC 50% - RA-LC-CC 50%

P2

1 ○ 4,5 0,8 25 D1 90 0,36 RC-CC 70% - RA-LC-CC 30%

2 ○ 4,5 0,8 25 D1 90 0,36 RC-CC 70% - RA-LC-CC 30%

3 ○ 4,5 0,8 25 D1 115 0,46 RC-CC 70% - RA-LC-CC 30%

4 ○ 4,5 0,8 25 D1 130 0,52 RC-CC 70% - RA-LC-CC 30%

5 ○ 4,5 0,8 25 D1 130 0,52 RC-CC 70% - RA-LC-CC 30%

6 ○ 5 1,4 25 D1 150 0,60 RC-CC 70% - RA-LC-CC 30%

7 ○ 5 1,4 25 D1 150 0,60 RC-CC 70% - RA-LC-CC 30%

8 ○ 5 1,4 25 D1 220 0,88 RC-CC 70% - RA-LC-CC 30%

9 ○ 5 1,4 25 D1 230 0,92 RC-CC 70% - RA-LC-CC 30%

10 ○ 5 1,4 25 D1 145 0,58 RC-CC 70% - RA-LC-CC 30%

11 ○ 5 1,8 25 D1 200 0,80 RC-CC 85% - RA-LC-CC 15%

12 ○ 5 1,8 25 D1 235 0,94 RC-CC 85% - RA-LC-CC 15%

13 ○ 5 1,8 25 D1 250 1,00 RC-CC 85% - RA-LC-CC 15%

14 ○ 5 1,8 25 D1 200 0,80 RC-CC 85% - RA-LC-CC 15%

15 ○ 5 1,8 25 D1 210 0,84 RC-CC 85% - RA-LC-CC 15%

P3

1 □ 10 0,7 100 D2 40 0,04 RC-CC 10% - RA-LC-CC 90%

2 □ 10 0,7 100 D2 40 0,04 RC-CC 10% - RA-LC-CC 90%

3 □ 10 0,7 100 D2 60 0,06 RC-CC 10% - RA-LC-CC 90%

4 □ 10 0,7 100 D2 n.d. n.d. RC-CC 10% - RA-LC-CC 90%

5 □ 10 0,7 100 D2 n.d. n.d. RC-CC 10% - RA-LC-CC 90%

Legenda: P1 – placa de betão 1; P2 – placa de betão 2; P3 – placa de betão 3; ○ – pastilha metálica circular; □ –

pastilha metálica quadrada; D1 – dinamómetro 1; D2 – dinamómetro 2; RC-CC – rotura coesiva no cimento-cola; RA-LC-CC –

rotura adesiva entre o ladrilho cerâmico e o cimento-cola; n.d. – não determinada.

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A.5

Tabela A. 5 – Resultados dos ensaios realizados nos muretes no Carregado, sobre um sistema de revestimento de reboco

Condições Pastilha

Pastilha Área da amostra

arrancada [cm

2]

Valor obtido no dinam.

[daN]

Resistência de aderência à tracção fu [N/mm

2]

Tipo de rotura Tipo

Lado ou diâmetro

[cm]

Espessura [cm]

seco

1 □ 5 0,8 27,50 150 0,55 RC-A 100%

2 □ 5 0,8 28,60 150 0,52 RC-A 90% - RA-A-sup.T 10%

3 □ 5 0,8 29,15 115 0,39 RC-A 70% - RA-A-sup.T 30%

4 ○ 5 1,8 28,08 135 0,48 RC-A 75% - RA-A-sup.T 25%

5 □ 5 0,8 29,68 170 0,57 RC-A 100%

6 □ 5 0,8 28,60 205 0,72 RC-A 100%

7 □ 4,8 1,4 29,70 145 0,49 RC-A 95% - RA-A-sup.T 5%

8 □ 4,8 1,4 28,60 190 0,66 RC-A 100%

9 □ 4,8 1,4 28,05 145 0,52 RC-A 100%

10 ○ 4,5 0,8 26,50 135 0,51 RC-A 100%

11 ○ 5 1,4 27,04 130 0,48 RC-A 75% - RA-A-sup.T 25%

12 ○ 5 1,4 28,62 135 0,47 RC-A 75% - RA-A-sup.T 25%

13 ○ 5 1,8 28,08 135 0,48 RC-A 75% - RA-A-sup.T 25%

14 ○ 5 1,8 29,16 110 0,38 RC-A 65% - RA-A-sup.T 35%

15 ○ 5 1,8 19,63 225 1,15 RPS 100%

16 ○ 5 1,8 28,08 190 0,68 RC-A 100%

17 ○ 5 1,8 27,03 210 0,78 RC-A 95% - RA-A-sup.T 5%

18 ○ 5 1,8 28,05 200 0,71 RC-A 60% - RA-A-sup.T 40%

19 ○ 5 1,8 26,00 210 0,81 RC-A 100%

20 ○ 5 1,8 26,00 170 0,65 RC-A 100%

21 ○ 5 1,4 27,03 145 0,54 RC-A 85% - RA-A-sup.T 15%

22 ○ 4,5 0,8 29,16 160 0,55 RC-A 100%

23 ○ 4,5 0,8 18,47 160 0,87 RPS 100%

24 ○ 4,5 0,8 18,10 155 0,86 RPS 100%

25 ○ 4,5 0,8 17,72 170 0,96 RPS 100%

26 ○ 4,5 0,8 16,98 190 1,12 RPS 100%

27 □ 5 0,8 24,44 215 0,88 RC-A 100%

28 □ 5 0,8 26,00 155 0,60 RC-A 90% - RA-A-sup.T 10%

29 □ 5 0,8 27,56 150 0,54 RC-A 85% - RA-A-sup.T 15%

30 □ 5 0,8 24,96 170 0,68 RC-A 95% - RA-A-sup.T 5%

31 □ 5 0,8 27,03 200 0,74 RC-A 90% - RA-A-sup.T 10%

32 ○ 5 1,8 27,03 245 0,91 RC-A 100%

33 ○ 5 1,8 27,54 155 0,56 RC-sup.T 100%

34 ○ 5 1,4 26,00 185 0,71 RC-A 100%

35 ○ 5 1,4 25,50 200 0,78 RC-A 100%

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A.6

Tabela A. 6 - Resultados dos ensaios realizados nos muretes no Carregado, sobre um sistema de revestimento de reboco (continuação)

Condições Pastilha

Pastilha Área da amostra

arrancada [cm

2]

Valor obtido no dinam.

[daN]

Resistência de aderência à tracção fu [N/mm

2]

Tipo de rotura Tipo

Lado ou diâmetro

[cm]

Espessura [cm]

humed.

36 □ 5 0,8 26,00 185 0,71 RC-A 95% - RA-A-sup.T 5%

37 □ 5 0,8 27,04 175 0,65 RPS 100%

38 □ 5 0,8 27,00 205 0,76 RC-A 100%

39 □ 5 0,8 26,00 180 0,69 RPS 100%

40 □ 5 0,8 26,00 255 0,98 RPS 100%

Legenda: ○ – pastilha metálica circular; □ – pastilha metálica quadrada; RC-A - rotura coesiva na argamassa; RC-sup.T –

rotura coesiva no suporte de tijolo; RA-A-sup.T - rotura adesiva entre a argamassa e o suporte de tijolo; RPS - rotura por

película superficial.

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A.7

Tabela A. 7 – Resultados dos ensaios realizados nos muretes no Carregado, sobre um sistema de revestimento de ladrilhos cerâmicos colados com cimento-cola L, sobre um reboco

Condições Pastilha

Pastilha Área da amostra

arrancada [cm

2]

Valor obtido no dinam.

[daN]

Resistência de aderência à tracção fu [N/mm

2]

Tipo de rotura Tipo

Lado ou diâmetro

[cm]

Espessura [cm]

seco

1 □ 4,8 1,4 25,00 95 0,38 RC-sup.A 100%

2 □ 4,8 1,4 26,52 160 0,60 RC-sup.A 100%

3 □ 4,8 1,4 27,03 110 0,41 RC-sup.A 100%

4 □ 5 0,8 29,68 110 0,37 RC-sup.A 100%

5 □ 5 0,8 31,90 145 0,45 RC-sup.A 100%

6 □ 5 0,8 33,60 150 0,45 RC-sup.A 100%

7 □ 5 0,8 27,56 220 0,80 RC-sup.A 100%

8 □ 5 0,8 29,70 160 0,54 RC-sup.A 100%

9 □ 5 0,8 26,00 130 0,50 RC-sup.A 100%

10 □ 5 0,8 27,04 145 0,54 RC-sup.A 100%

humed.

11 □ 5 0,8 25,50 125 0,49 RC-sup.A 100%

12 □ 5 0,8 29,16 135 0,46 RC-sup.A 100%

13 □ 5 0,8 30,78 115 0,37 RC-sup.A 100%

14 □ 5 0,8 29,16 100 0,34 RC-sup.A 100%

15 □ 5 0,8 31,80 150 0,47 RC-sup.A 100%

Legenda: ○ – pastilha metálica circular; □ – pastilha metálica quadrada; RC-sup.A 100% – rotura 100% coesiva no suporte

de argamassa.

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A.8

Tabela A. 8 – Resultados dos ensaios realizados no edifício do Restelo, sobre um sistema de revestimento de ladrilhos cerâmicos, com pastilhas quadradas de 5 cm de lado e 0,8 cm de espessura

Local de ensaio

Pastilha

Área da amostra

arrancada [cm

2]

Valor obtido no dinam. [daN]

Resistência de aderência à tracção fu [N/mm

2]

Tipo de rotura

zona do piso 0

1 22,09 140,0 0,63 RC-sup.A 100%

2 23,03 200,0 0,87 RC-sup.A 100%

3 22,09 205,0 0,93 RC-sup.A 100%

4 22,56 160,0 0,71 RC-sup.A 100%

5 21,62 140,0 0,65 RC-sup.A 100%

6 23,50 160,0 0,68 RC-sup.A 100%

7 23,03 200,0 0,87 RC-sup.A 100%

8 23,03 80,0 0,35 RC-sup.A 100%

9 23,03 140,0 0,61 RC-sup.A 70% - RA-sup.A-sup.T 30 %

10 22,09 80,0 0,36 RC-sup.A 100%

11 22,09 110,0 0,50 RC-sup.A 100%

12 23,52 140,0 0,60 RC-sup.A 100%

zona do piso 1

1 24,01 97,9 0,41 RC-sup.A 100%

2 25,00 178,3 0,71 RC-sup.A 100%

3 23,04 15,5 0,07 RC-sup.A 100%

4 23,52 40,7 0,17 RC-sup.A 100%

5 25,97 90,7 0,35 RC-sup.A 100%

6 23,50 81,6 0,35 RC-sup.A 100%

7 23,52 34,2 0,15 RC-sup.A 100%

8 24,01 65,3 0,27 RC-sup.A 100%

9 23,03 45,1 0,20 RC-sup.A 100%

10 25,50 60,3 0,24 RC-sup.A 100%

11 23,52 65,4 0,28 RC-sup.A 100%

12 24,01 90,4 0,38 RC-sup.A 100%

Legenda: RC-sup.A – rotura coesiva no suporte de argamassa; RA-sup.A-sup.T – rotura adesiva entre o suporte de

argamassa e o suporte de tijolo.

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A.9

Tabela A. 9 – Resultados dos ensaios realizados no muro de Caxias

Pastilha

Pastilha Área da amostra

arrancada [cm

2]

Valor obtido no dinam. [N]

Resistência de aderência à tracção fu [N/mm

2]

Tipo de rotura Espessura do reboco

[cm] Tipo Lado ou

diâmetro [cm]

Espessura [cm]

1.2 □ 5 0,8 25,92 696 0,27 20 % RA-A-sup. - 80 % RC-sup. 2,5

1.3 ○ 5 1,4 15,90 184 0,12 40 % RA-A-sup. - 60 % RC-sup. 1,5 - 2,5

1.4 ○ 5 1,4 15,90 316 0,20 40 % RA-A-sup. - 60 % RC-sup. 2,0 - 2,7

1.5 ○ 5 1,4 15,90 103 0,06 40 % RA-A-sup. - 60 % RC-sup. 1,5 - 2,7

2.1 ○ 5 1,4 15,90 n.d. > 0,15 90 % RA-A-sup. - 10 % RC-A 2,0 - 2,5

2.2 ○ 5 1,4 15,90 323 0,20 100 % RC-A 1,5 - 2,0

2.3 ○ 5 1,4 15,90 32 0,02 50 % RA-A-sup. - 50 % RC-sup. 1,0 - 2,0

2.4 □ 5 0,8 26,00 n.d. n.d. 95 % RA-A-sup. - 5 % RC-sup. 0,7

2.5 □ 5 0,8 26,00 203 0,08 100 % RC-A 0,9 - 1,6

5.1 □ 5 0,8 26,52 1740 0,66 95 % RA-A-sup. - 5 % RC-sup. 1,6 - 2,2

5.2 □ 5 0,8 25,50 600 0,24 60 % RC-A - 20% RC-sup. -

20 % RA-A-sup. 1 - 2,5

5.3 ○ 5 1,4 15,90 393 0,25 100 % RC-A 0,3 - 0,9

5.4 ○ 5 1,4 15,90 496 0,31 100 % RC-A 1,7 - 4,3

Legenda: ○ – pastilha metálica circular; □ – pastilha metálica quadrada; RC-A - rotura coesiva na argamassa; RC-sup. –

rotura coesiva no suporte; RA-A-sup. - rotura adesiva entre a argamassa e o suporte; n.d. – não determinada.