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Maria Filipa Rodrigues Leal

Avaliação da Qualidade do Registo Clínico Eletrónico

Dissertação de Mestrado

Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica

Trabalho efetuado sob a orientação de:

Professor José Machado

e co-orientação de:

Mestre Júlio Duarte

October 8, 2013

i

Avaliação da Qualidade do Registo Clínico Eletrónico

Leal, Filipa R. (2013). Avaliação da Qualidade do Registo Clínico Ele-

trónico. Dissertação apresentada na Universidade do Minho para obtenção

do grau de Mestre em Engenharia Biomédica - Ramo de Informática Médica,

realizada sob a orientação do Professor Doutor José Manuel Ferreira Ma-

chado, Professor Associado com Agregação do Departamento de Informática

da Universidade do Minho e co-orientação de Júlio Miguel Marques Duarte,

Bolseiro FCT - Aluno de Doutoramento.

ii

Agradecimentos

Ao meu orientador, o Prof. Doutor José Machado por toda a disponibi-

lidade prestada, todo o apoio e incentivo, essenciais para a realização deste

trabalho.

Ao meu co-orientador, Júlio Duarte, por todos os conselhos e partilha de

conhecimentos e, principalmente, por todo o tempo dispensado no decorrer

deste projeto.

Aos meus pais, sem os quais este trabalho não seria, de todo, possível. À mi-

nha mãe pela enorme força e alegria imensa, que tanto a caracterizam, e que

me acompanharam em todo o meu percurso. Ao meu pai, pelos valores que

etima acima de tudo: os da amizade e lealdade perante os que mais amamos.

A ambos pela prontidão e disponibilidade inesgotáveis.

À minha irmã, que me acompanha desde o primeiro minuto de vida, que

me dá uma força enorme, única de quem tem em vida uma irmã gémea.

Ao Leandro, companheiro de uma viagem que está só a começar, por ter

sempre as palavras certas no momento certo.

Ao SPOT, amigos de uma vida, únicos e verdadeiros, pelos momentos de

descontração, por me fazerem esquecer qualquer problema.

À Sara e à Susana, por todo o companherismo universitário e, fora disso,

pelas conversas, pelos risos, pelas brincadeiras, pela amizade.

Agradeço também todo o apoio da equipa do Serviço de Tecnologias e Sis-

temas de Informação, do Centro Hospitalar do Alto Ave. Não esquecendo

todos os pro�ssionais de saúde envolvidos neste projeto e cujo contributo foi

iii

iv

essencial para as ilações aqui presentes.

Resumo

Os registos clínicos têm como função facilitar a continuação da prestação

de cuidados, a documentação dos seus processos e a comunicação entre os

pro�ssionais de saúde. Têm sido desenvolvidos protocolos para registos de

dados clínicos, no entanto, existe pouco conhecimento sobre o que realmente

é documentado. O Registo Clínico Electrónico (RCE) encontra-se em ampla

expansão, recorrendo-se, cada vez mais, à sua implementação em unidades

hospitalares, o que proporciona uma maior agilidade no tratamento dos pro-

cessos e uma consequente melhoria na qualidade da abordagem ao historial

do paciente.

A crescente focalização na avaliação do desenvolvimento de produtos, base-

ada em testes de garantia e no design do produto, está na origem do termo

usabilidade, que ganha uma importância vertiginosa, à medida que aumenta

o número de pessoas que dependem de dispositivos técnicos para realizar ta-

refas. A usabilidade de um sistema informático pode ser de�nida como uma

qualidade inerente ao sistema, que possibilita que os utilizadores o utilizem

com satisfação, e�cácia e e�ciência. De facto, a adoção do RCE e a satisfa-

ção do utilizador estão intimamente associados à usabilidade do sistema. Ao

contrário de muitas indústrias, onde a usabilidade é a norma em design de

produto, a prática de usabilidade no RCE tem sido esporádica, não sistemá-

tica, casual e super�cial, em parte devido à falta de estruturas especí�cas de

RCE e de aplicação de métodos que avaliem a usabilidade.

Assim, da conjunção da problemática de avaliação do RCE com o desa�o

de tirar o melhor partido das potencialidades dos sistemas RCE já imple-

mentados, surge o presente projeto. Pretende-se apresentar uma abordagem

global dos vários aspetos relacionados com a avaliação da qualidade do RCE

v

vi

nas unidades de saúde. Pretende-se ainda realizar essa avaliação ao RCE

implementado no CHAA, para se proceder à elaboração de um protótipo que

contemple as alterações mais emergentes ao sistema.

Desta forma, foi avaliada a usabilidade dos sistemas SAM, SONHO, SAPE e

AIDA, através de questionários, distribuídos a 38 participantes. Constataram-

se que as maiores di�culdades sentidas com os utilizadores dos sistemas

relacionam-se com o elevado tempo de desempenho do sistema e com a falta

de motivação para introduçao de registos informatizados. Contudo, os dados

recolhidos realçam as enormes vantagens desta desmaterialização hospitalar,

como sejam a diminuição dos erros e do tempo de leitura e transmição dos

registos clínicos.

Abstract

Medical records have the task of facilitating the continuation of care,

processes documentation and communication between health professionals.

Protocols have been developed to record clinical data. However, there is

little knowledge about what is actually documented. Electronic Health Re-

cord (EHR) is in full expansion, resorting increasingly to its implementation

in hospitals, which provides greater �exibility in handling cases and a conse-

quent improvement in the quality of the approach to the patient's history.

Increased focus in the evaluation of products' development, based in assu-

rance testing and product design, is at the origin of the term usability, which

gains vertiginous importance given the increasing number of people who rely

on technical devices to perform tasks. The usability of a computer system

can be de�ned as an inherent system quality, which enables users to use it

with satisfaction, e�ectiveness and e�ciency. In fact, the adoption of EHR

and user satisfaction are closely associated with the usability of the system.

Unlike many industries, where usability is the standard in product design,

the practice of usability in EHR has been sporadic, unsystematic, casual and

super�cial, partly due to de�ciency of speci�c EHR structures and lack of

usability assessment methods.

Thus, this project arises from the conjunction of the EHR problematic assess-

ment with the challenge of making the most of the already implemented EHR

systems potential. It seeks to present a comprehensive approach to various

aspects related to evaluating the quality of EHR in healthcare facilities. We

also intend to conduct this evaluation in the implemented Centro Hospitalar

do Alto Ave (CHAA) EHR systems, to proceed with the development of a

prototype that incorporates the needed changes.

vii

viii

We evaluated the usability of SAM, SONHO, SAPE and AIDA systems, th-

rough questionnaires distributed to 38 participants . We found that users'

biggest di�culties are related to exceeding time spent with system perfo-

mance and lack of motivation in healthcare professionals to the introduction

of computerized records. However, the data collected highlight the enormous

bene�ts of this implementation, such as the reduction of errors and the time

spent reading and transmit of clinical records.

Acrónimos

ACSS Administração Central do Serviço de Saúde

AIDA Agência de Interoperação para Difusão e Arquivo

AIS Sistema de Informação Administrativa

AMIA American Medical Informatics Association

APIM Associação Portuguesa de Informática Médica

ARS Administração Regional de Saúde

CA Computing Agent

CARA Catálogo de Alergias e Reações Adversas

CDR Clinical Data Repository

CHAA Centro Hospitalar do Alto Ave

CIA Con�dencialidade, a Integridade e a Acessibilidade

CIPE Classi�cação Internacional para a Prática de Enfermagem

CIC Comissão para a Informatização Clínica

CMR Computerized Medical Record

CNPD Comissão Nacional de Proteção de Dados

COSTAR Computer-Stored Ambulatory Records

ix

x

CPR Computerized Patient Record

CS Centro de Saúde

DA Dicision Agent

DIS Departamento de Sistemas de Informação

DICOM Digital Imaging and Communications in Medicine

DGS Direção-Geral da Saúde

DMR Digital Medical Record

EHCR Electronic Health Care Record

EHR Electronic Health Record

EIF European Interoperability Framework

EMR Electronic Medical Record

EPE Entidade Público-Empresariais

ePedidos Pedidos eletrónicos

EPR Electronic Patient Record

EUA Estados Unidos da América

GIA Grupo de Inteligência Arti�cial

HIT Health Information Technology

HL7 Health Level Seven

ICD9 International Classi�cation of Diseases

IEA Intervention an Explanation Agent

IGIF Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde

IHC Interação Humano Computador

xi

IHTSDO The International Health Terminology Standards Development

Organisation

IM Informática Médica

INE Instituto Nacional de Estatística

IOM Institute Of Medicine

IPO Instituto Português de Oncologia

IPQ Instituto Português da Qualidade

ISM Information System Management

ISO International Organization for Standardization

LIS Laboratory Information System

MAS Multi Agent System

MCDT Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica

MEIS Medical Information System

MIS Sistema de Informação de apoio médico

MOR Management Organization Relation

NHS National Health Service

NIS Sistema de Informação de Apoio de Enfermagem

NLM National Library of Medicine

OLTP Aplicações de Processamento de Transações Online

PACS Picture Archiving and Communication System

PA Proxy Agent

PC Processo Clínico

xii

PCOP Processo Clínico Orientado ao Problema

PDS Plataforma de Dados de Saúde

PHR Personal Health Record

PIB Produto Interno Bruto

PRM Patient Relation Management

PTSIIS Plano para a Transformação dos Sistemas de Informação

Integrados da Saúde

RA Resources Agent

RCE Registo Clínico Electrónico

RCP Registo Clínico em Papel

RIS Rede de Informação para a Saúde

RIS Radiology Information System

RDBMS Sistemas de Gestão de Bases de Dados Relacional

RMRS Registered Medical Record System

RNU Registo Nacional de Utentes

RTS Rede Telemática da Saúde

SAM Sistema de Apoio ao Médico

SAPE Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem

SIH Sistema de Informação Hospitalar

SINUS Sistema de Informação para as Unidades de Saúde

SIS Sistemas de Informação em Saúde

SNOMED Systematized Nomenclature of Medicine

xiii

SOA Service-oriented architecture

SOAP Subjective, Objective, Assessment, and Plan

SPMS Serviços Partilhados do Ministério da Saúde

SNS Sistema Nacional de Saúde

SONHO Sistema de Gestão de Doentes Hospitalares

STOR Summary Time Oriented Record

STSI Serviço de Tecnologias e Sistemas de Informação

SWOT Strengths Weaknesses Opportunities and Threats

TAC Tomogra�a Axial Computarizada

TIC Tecnologias de Informação e Comunicação

TMR The Medical Record

UCD User Centred Design

UMIC Agência para a Sociedade do Conhecimento

UMLS Uni�ed Medical Language System

USF Unidades de Saúde Familiar

XML Extensible Markup Language

xiv

Conteúdo

Lista de Figuras xix

Lista de Tabelas xxi

1 Introdução 1

1.1 Enquadramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.1.1 Organização do Sistema de Saúde Português . . . . . . 1

1.1.2 Informação Hospitalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.1.3 O papel central da Informação e das TIC nos sistemas

de saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.1.4 Informática Médica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

1.1.5 Aplicações implementadas . . . . . . . . . . . . . . . . 11

1.1.6 Interoperabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

1.1.7 Normalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

1.2 Objetivos da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

1.3 Estrutura da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2 Sistemas de Informação Hospitalar 19

2.1 Processo Clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

2.1.1 Registo Clínico em Papel . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

2.1.2 Registo Clínico Eletrónico . . . . . . . . . . . . . . . . 25

2.1.3 Legislação aplicável aos registos clínicos . . . . . . . . . 43

2.2 AIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

2.2.1 Agentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

2.2.2 Arquitetura em termos de agentes . . . . . . . . . . . . 50

xv

xvi CONTEÚDO

2.2.3 Arquitetura de integração . . . . . . . . . . . . . . . . 51

2.2.4 Base de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

3 Qualidade no RCE 57

3.1 Avaliação da qualidade dos sistemas de RCE . . . . . . . . . . 57

3.1.1 Usabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

3.1.2 Análise SWOT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

4 Casos de Estudo (CHAA) 85

4.1 Centro Hospitalar do Alto Ave . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

4.1.1 História da requisição de exames no CHAA . . . . . . . 86

4.1.2 Pedidos eletrónicos (ePedidos) no CHAA . . . . . . . . 87

4.1.3 Registo eletrónico de exames no CHAA . . . . . . . . . 92

4.1.4 Extração de tabelas com os tempos . . . . . . . . . . . 96

4.2 Usabilidade no CHAA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98

4.2.1 Programa Gestão de Utilizadores . . . . . . . . . . . . 98

4.2.2 Questionário de Usabilidade . . . . . . . . . . . . . . . 104

4.2.3 Entrevista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

4.3 Análise SWOT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106

5 Resultados 109

5.1 Análise da extração dos registos de pedidos de Meios Comple-

mentares de Diagnóstico e Terapêutica (MCDT)s . . . . . . . 109

5.2 Avaliação de Usabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

5.2.1 Questionários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

5.3 Análise SWOT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128

6 Conclusões e trabalho futuro 135

Referências bibliográ�cas 150

A Questionário de Usabilidade 151

B Entrevista Estruturada 157

Lista de Figuras

1.1 Relação entre dados, informação e conhecimento [6]. . . . . . . 3

1.2 Modelo Conceptual do Sistema Organizacional [7]. . . . . . . . 4

1.3 Utilização das atividades realizadas utilizando a internet em

2011 e 2012. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

1.4 Atividades realizadas pelos hospitais em 2012 [15]. . . . . . . . 11

2.1 Tipo de dados interveniêntes no Processo Clínico. . . . . . . . 20

2.2 Etapas envolvidas na elaboração do processo clínico . . . . . . 22

2.3 Passos do Processo Clínico Orientado ao Problema (PCOP). . 27

2.4 Taxas de armazenamento eletrónico de dados [39]. . . . . . . . 29

2.5 Tipo de dados armazenados eletronicamente [40]. . . . . . . . 30

2.6 Bene�cios resultantes da implementação do RCE [54]. . . . . . 43

2.7 Arquitetura da plataforma AIDA . . . . . . . . . . . . . . . . 48

2.8 Subsistemas da plataforma AIDA . . . . . . . . . . . . . . . . 54

3.1 Disciplinas que contribuem para a IHC. . . . . . . . . . . . . . 59

3.2 Atributos da Usabilidade de�nida por Shackel [70]. . . . . . . 60

3.3 Atributos da Usabilidade de�nida por Nielsen [70]. . . . . . . . 62

3.4 Atributos da Usabilidade de�nida por Nielsen e ISO [68]. . . . 65

3.5 Modelo do ciclo de vida da engenharia de usabilidade [69]. . . 67

3.6 Método TURF para avaliação de um sistema de RCE [66]. . . 70

3.7 Técnicas de avaliação de usabilidade. . . . . . . . . . . . . . . 73

3.8 Esquematização da matriz Strengths Weaknesses Opportuni-

ties and Threats (SWOT) [87]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

xvii

xviii LISTA DE FIGURAS

4.1 Interface da requisição eletrónica de MCDTs. . . . . . . . . . . 88

4.2 Interface da requisição eletrónica de MCDTs. . . . . . . . . . . 89

4.3 Formulário de preenchimento obrigatório para recolha de con-

traindicações associadas ao exame de RM. . . . . . . . . . . . 89

4.4 Lista de ePedidos realizados pelo médico. . . . . . . . . . . . . 90

4.5 Documento da requisição de uma TAC ao pescoço. . . . . . . 91

4.6 Fluxograma do processo de registo de exames e serviços que

os registam de forma eletrónica. . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

4.7 Simbologia associada às várias fases do �uxo para registo ele-

trónico de MCDTs. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

4.8 Interfaces intervenientes no processo de registo eletrónico de

exames. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

4.9 Interface interveniente no registo eletrónico de relatórios de

exames resultantes de MCDTs. . . . . . . . . . . . . . . . . . 96

4.10 Interface do menu inicial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

4.11 Interface do menu inicial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100

4.12 Interface para introdução de um utilizador no sistema, com

os respetivos campos de preenchimento completos e respetiva

mensagem de sucesso da operação. . . . . . . . . . . . . . . . 101

4.13 Interface resultante da consulta de um utilizador. . . . . . . . 102

4.14 Interface de alteração dos dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . 103

4.15 Interface de alteração da palavra pass de publicação. . . . . . 104

5.1 Número total de pedidos recebidos por serviço. . . . . . . . . . 111

5.2 Estudo da evolução da quantidade mensal de ePedidos . . . . 112

5.3 Número total de pedidos dos serviços que implicam o preen-

chimento de tarefas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

5.4 Distribuição da população da amostra. . . . . . . . . . . . . . 115

5.5 Experiência da amostra total no manuseio dos sistemas de

RCE do CHAA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117

5.6 Utilização dos vários sistemas de RCE pelos diferentes grupos

pro�ssionais interveniêntes no estudo. . . . . . . . . . . . . . . 118

LISTA DE FIGURAS xix

5.7 Opinião dos utilizadores acerca do sistema Agência de Intero-

peração para Difusão e Arquivo (AIDA). . . . . . . . . . . . . 118

5.8 Opinião dos utilizadores acerca do sistema Sistema de Gestão

de Doentes Hospitalares (SONHO). . . . . . . . . . . . . . . . 120

5.9 Opinião dos utilizadores acerca do sistema Sistema de Apoio

ao Médico (SAM). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121

5.10 Opinião dos utilizadores acerca do sistema Sistema de Apoio

à Prática de Enfermagem (SAPE). . . . . . . . . . . . . . . . 121

5.11 Tipo de documentação dos serviços na gestão e prestação de

cuidados ao paciente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123

5.12 Funcionalidades do RCE para cada grupo pro�ssional. . . . . . 124

5.13 Funcionalidades dos sistemas de RCE impementados no CHAA.124

5.14 Respostas obtidas à questão: "Conhece alugum sistema de

classi�cação e codi�cação de terminologias médicas (SNOMED,

ICD9)?". . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127

xx LISTA DE FIGURAS

Lista de Tabelas

2.1 De�nições para os vários tipos de registos eletrónicos [32]. . . . 25

3.1 Heurísticas de Nielsen [67]. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

5.1 Extração com o tempo gasto em pedidos para os diferentes

serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110

5.2 Extração com o tempo gasto em pedidos para os diferentes

serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

5.3 Extração com o tempo gasto em pedidos para os diferentes

serviços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114

5.4 Serviços do CHAA pelos quais foram distribuídos os questio-

nários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116

5.5 Forças resultantes da análise SWOT realizada ao sistema AIDA.128

5.6 Fraquezas resultantes da análise SWOT realizada ao sistema

AIDA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130

5.7 Oportunidades resultantes da análise SWOT realizada ao sis-

tema AIDA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131

5.8 Ameaças resultantes da análise SWOT realizada ao sistema

AIDA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132

xxi

xxii LISTA DE TABELAS

Capítulo 1

Introdução

1.1 Enquadramento

1.1.1 Organização do Sistema de Saúde Português

De acordo com a constituição Portuguesa, a saúde é um direito universal.

O Sistema Nacional de Saúde (SNS) existe desde 1979 para fornecer uma

cobertura universal de cuidados. Cada cidadão tem um número do SNS,

que lhes permite o acesso aos cuidados de saúde públicos. Contudo o SNS

é complementado por prestações de cuidados privados, sendo é constituído

por ambas as componentes pública e privada [1].

Quanto ao nível de cuidados prestados, as Unidades de Saúde Portugue-

sas podem ser designadas por Unidades de Cuidados Primários (centros de

saúde), Unidades Hospitalares e Unidades de Prestação de Cuidados Conti-

nuados.

As Unidades Hospitalares Portuguesas, integradas na rede de prestação de

cuidados de saúde podem assumir naturezas jurídicas distintas, de acordo

com os seus estatutos. Deste modo, existem estabelecimentos públicos do-

tados de personalidade jurídica, com autonomia administrativa e �nanceira,

com ou sem autonomia patrimonial e estabelecimentos privados, com ou sem

�ns lucrativos. Os estabelecimentos públicos podem ainda ser classi�cados

como Entidade Público-Empresariais (EPE) que, de acordo com o estabele-

cido na lei, apresentam órgãos de administração (Conselho de Administra-

1

2 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

ção), de �scalização (Fiscal Único), de consulta (Conselho Consultivo) e de

apoio técnico (Comissão de Ética, Comissão de Humanização e Qualidade de

Serviços, Comissão de Controlo da Infeção Hospitalar, Comissão de Farmácia

e Terapêutica).

1.1.2 Informação Hospitalar

Qualquer organização, para sobreviver no mercado em que está inserida,

necessita de informação, quer para interatuar com esse mercado, quer para

permitir as interações entre os diferentes componentes que a constituem [2].

Hoje em dia, o acesso a informação relevante e no momento certo podem

representar, para uma organização, a tomada de decisões sustentadas, novas

oportunidades de investimento, um planeamento estratégico antecipado de

actividades, um conhecimento mais profundo do mercado e primazia na ino-

vação [3].

Em ambiente hospitalar, a situação não é diferente e gera-se, a todo o mo-

mento, informação que deve estar disponível para que os pro�ssionais consi-

gam exercer a sua atividade diária. Neste domínio, engloba-se toda a comu-

nidade hospitalar, que deve zelar pela celeridade de comunicação, a partir

de dados íntegros para que o conhecimento veiculado se apresente como o

caminho certo para a tomada de decisão clínica [4] [5].

A informação é baseada em dados e apresenta-se como um processo que per-

mite a construção de conhecimento, tal como ilustra a Figura 1.1. Não é

um conceito único mas antes um conjunto de conceitos ligados por relações

complexas [6].

1.1. ENQUADRAMENTO 3

Figura 1.1: Relação entre dados, informação e conhecimento [6].

São variadas as de�nições que existem sobre informação, dado o papel,

cada vez mais importante, que esta desempenha, quer nas organizações, quer

nas sociedades. Contudo, importa distinguir alguns concetos que são, nor-

malmente, confundidos. Os dados são a matéria-prima da informação e de-

vem ser compreendidos como a representação precisa de factos, através de

formas (tais como texto, imagens, sons, entre outros) que re�etem situações

reais [6]. Já a informação são dados organizados e tratados por uma ou mais

pessoas aos quais são atribuídos interpretações e signi�cados contextuais.

A partir da informação, é possível extrair conhecimento. O conhecimento

resulta de deduções e explicações pessoais que surgem dos conceitos e raci-

ocinios lógicos e essencialmente abstratos que interligam e dão signi�cado a

factos concretos.

Sistemas de Informação Hospitalar

Um Sistema de Informação Hospitalar (SIH) tem em vista a gestão da

informação hospitalar, dispondo de funcionalidades de armazenamento e dis-

tribuição. Os SIH prestam suporte à organização nas operações que esta

efetua e sustentam os sistemas de atividades humanas e sociais. Num sis-

tema de informação encontram-se conjugados procedimentos, informações,

4 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

pessoas e tecnologias. O bom funcionamento das entidades hospitalares exige

sistemas de informação de qualidade que respondam às necessidades. Esse

desenvolvimento deve ter por base a realidade das organizações, sendo por-

tanto necessário compreender como é que elas trabalham, como são e que

estruturas as compõem.

A Figura 1.2 apresenta o modelo conceptual do sistema organizacional de

uma instituição de saúde. Neste modelo, estão presentes zonas que se inter-

setam pelo relacionamento entre os componentes do sistema. Numa entidade

de cuidados de saúde, dessa interação resultam procedimentos de Gestão (G),

Planeamento (P), Exploração (E) e Desenvolvimento (D), tal como será des-

crito.

Figura 1.2: Modelo Conceptual do Sistema Organizacional [7].

A identi�cação de três dimensões, Estratégica, Funcional e Tecnológica,

caracteriza o resultado das interações das envolventes de um sistema orga-

nizacional, dando ênfase a diferentes procedimentos em cada dimensão. Por

um lado a Dimensão Estratégica realça o Planeamento (P) como atividade

estruturante, resultante da interação entre os pro�ssionais das entidades de

saúde as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) disponíveis. Estes

pro�ssionais devem adotar uma estratégia em que procedem ao planeamento

das atividades diárias, quando estas estão dependentes das TIC. As falhas

nesta dimensão denotam carências estratégicas de base, ao nível da gestão da

própria organização. Por outro lado, a Dimensão Funcional enfatiza a Explo-

1.1. ENQUADRAMENTO 5

ração (E) dos processos organizacionais. Esta vertente é, geralmente, muito

in�uenciada pelas políticas implementadas ao nível das TIC no seio da orga-

nização, o que interfere na qualidade da gestão aí executada. Desta forma, a

Dimensão Tecnológica do sistema organizacional explora o desenvolvimento

(D) dos sistemas de informação que se caracterizam fundamentalmente como

sendo um processo de mudança que visa melhorar o desempenho dos SIH.

1.1.3 O papel central da Informação e das TIC nos sis-

temas de saúde

O correto registo, organização e �uxo da informação nos sistemas de saúde

gera informação que assume um papel central na melhoria da prestação de

cuidados de saúde das populações [8].

A informação, corretamente tratada, auxilia na modelação de estratégias de

intervenção de saúde pública mais e�cazes junto das comunidades e potencia

a disponibilização de informação útil para suporte das decisões dos diferentes

atores do sistema. De facto, a promoção de informação de saúde de quali-

dade possibilita não só a avaliação dos recursos e dos meios empregues em

cada instituição, mas também a monitorização dos programas de saúde, as-

segurando maior segurança e qualidade nos serviços prestados.

Os consumidores e os �nanciadores de cuidados de saúde exigem mais e me-

lhor informação, maior transparência e mais valor pelo seu investimento no

sistema de saúde. O aumento da população envelhecida e a crescente neces-

sidade de sustentação económica, aliada a um incremento das competências

informáticas adquiridas pela população, são fatores que vigoram e se manifes-

tam, cada vez mais, na sociedade portuguesa e que implicam um maior grau

de e�cácia nos modelos de gestão. Uma possível recon�guração institucional

deve privilegiar modelos de gestão alternativos, que valorizem a redução de

custos e tenham em vista a otimização e racionalização de recursos �nancei-

ros e humanos [8].

Em Portugal, a aplicação das TIC, ao campo da saúde, foi inaugurada

em 1994 com a utilização do Sistema de Gestão de Doentes Hospitalares

(SONHO) que faz a gestão administrativa da informação referente a iden-

6 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

ti�cação, consultas, internamentos, intervenções cirúrgicas, Meios Comple-

mentares de Diagnóstico e Terapêutica (MCDT) e urgências realizadas pelos

utentes. O módulo de facturação desta aplicação faz a gestão de informa-

ção referente às taxas moderadoras e facturação dos diferentes subsistemas,

tendo por base as portarias nacionais que estabelecem os preços de todo o

tipo de atos médicos.

A expansão da aplicação das TIC na área hospitalar deu-se devido à necessi-

dade de dar continuidade à prestação de cuidados ao utente. Neste âmbito,

são exemplo projetos como a Rede Telemática da Saúde (RTS) em Aveiro, a

Unidade Local de Saúde em Matosinhos e o Projeto das Unidades de Saúde

Familiar [8].

As diretrizes das políticas de saúde da atualidade balizam-se num sistema

centrado nos utentes (e não nas instituições), tendo por base uma caracterís-

tica fundamental � a memória. Os sistemas providos deste requisito evitam

a repetição de exames, impedindo a duplicação desnecessária de informação.

Contudo, o progresso de implementação das TIC à área da saúde foi, sempre,

acompanhado por fragilidades na estratégica pública, no que à existência de

uma política de normalização e estruturação de conteúdos nacionais e regi-

onais diz respeito. A isto, acrescenta-se ainda a falha no que respeita ao

direito de acesso à informação por parte do utente, aprofundada adiante, na

secção 2.1.3.

O Plano para a Transformação dos Sistemas de Informação Integrados da

Saúde (PTSIIS), em vigor para Portugal, assume as TIC como uma estra-

tégia imperativa para a mudança e inovação que se manifestam com uma

desmaterialização dos processos hospitalares [9].

Foi na década de 1990, que as TIC começaram a sua integração na área da

saúde. Tal como já foi referido, em 1994 surgiu a aplicação SONHO. Este

software, desenvolvido pelo Instituto de Instituto de Gestão Informática e

Financeira da Saúde (IGIF) � organismo, entretanto, extinto e tutelado pelo

Ministério da Saúde dando lugar à Administração Central do Serviço de

Saúde (ACSS) � que mais tarde, em 1996, criou o Sistema de Informação

para as Unidades de Saúde (SINUS) e o cartão de utente, obrigatório desde

o ano 2000 [8].

1.1. ENQUADRAMENTO 7

O SONHO e o SINUS tornaram-se referências nacionais por volta de 1999.

No entanto, nessa altura, o SONHO apresentava uma interface pouco ami-

gável para a comunidade médica e nada dirigida para a sua atividade diária.

E, embora este software já se apresentasse como um elemento integrador em

ambiente hospitalar, mantinha-se a necessidade de arranjar soluções para a

informatização das várias especialidades clínicas [10]. No �nal desta década,

a tecnologia utilizada no SONHO era já considerada obsoleta, não permi-

tindo interligar o �uxo de informação entre as várias instituições de saúde.

É, neste período, que se assiste a uma tentativa de modernização tecnológica

e funcional, com vista a uma plataforma única com a maior parte das fun-

cionalidades das aplicações SONHO e SINUS. É com esta ideia que surge a

possibilidade de criação de um Processo/Registo Clínico Electrónico (RCE)

[8].

Até ao �nal de 2001, procedeu-se à con�guração de uma camada de software

em tecnologia web, sobre o SINUS e o SONHO. Foi, desta forma, que surgi-

ram o Sistema de Apoio ao Médico (SAM) e o Sistema de Apoio à Prática de

Enfermagem (SAPE). O SAM, tendo por base a informação administrativa

recolhida pelo SONHO, permite ao utilizador fazer a gestão da informação

clínica do utente. Este faz, portanto, a gestão dinâmica do Processo Clí-

nico (PC) do utente. Já o SAPE, também integrado com o SONHO, visa o

tratamento e organização da informação processada nos atos de enfermagem.

Este sistema, para além de fazer o controlo de cuidados prestados aos utentes

e de horas gastas em cuidados de enfermagem, permite, entre outras coisas,

a gestão de enfermeiros por serviço e auditoria aos cuidados prestados. Em

ambos os casos � SAM e SAPE � a diferença de funcionalidades entre as ver-

sões de cuidados hospitalares e de cuidados primários é mínima. Ao nível da

arquitectura, a principal diferença entre as duas versões é a interacção com o

sistema SONHO na versão hospitalar e com o sistema SINUS na versão para

cuidados de saúde primários

Por volta de 2002, procedeu-se ao teste destes sistemas em vários hospitais

portugueses. No entanto, apesar de, nesta data, se assistir a um grande inves-

timento em equipamentos hospitalares, a inde�nição estratégica , derivada

das alternâncias políticas que se �zeram sentir entre 2002 e 2005, foi respon-

8 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

sável pela suspensão do concurso público do módulo clínico destes sistemas,

�nalizando alguns planos de introdução do SAM e do SAPE [10] [9].

Contudo, segundo informação proveniente da ACSS, pode a�rmar-se que, a

partir de 2006, se assistiu a um esforço considerável de informatização global

dos Centro de Saúde (CS). Em 2010, do conjunto dos CS da Administração

Regional de Saúde (ARS), contam-se apenas três CS não informatizados.

Relativamente às Unidades de Saúde Familiar (USF), todas se encontram

totalmente informatizadas [9].

O SINUS encontra-se em 100% dos CS portugueses, dado que a sua imple-

mentação se deu a par do cartão de utente. O SONHO está em funcionamento

em todos os hospitais públicos, com exceção de sete (Santa Maria e Pulido

Valente, Hospital Fernando da Fonseca, Hospitais Universitários de Coimbra,

Hospital de Leiria e Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, Porto

e Coimbra)[9]. A evolução envolve avanços rápidos e concretos, no entanto,

persistem problemas de interoperabilidade entre os vários sistemas, faltam

diretrizes claras de utilização dos mesmos [8]. Urge a necessidade marcada

de uma gestão do sistema que permita manter ou aumentar a qualidade dos

serviços prestados.

1.1.4 Informática Médica

A Associação Americana de Informática Médica (do inglês American Me-

dical Informatics Association (AMIA)) de�ne a Informática Médica (IM)

como sendo a disciplina que estuda e aplica a gestão da informação e ciência,

no contexto da biomedicina e da saúde [11]. Em Portugal, existe também

uma associação, sem �ns lucrativos, denominada por Associação Portuguesa

de Informática Médica (APIM) fundada, no dia 5 de Novembro de 1979, na

Secretaria Notarial de Coimbra. A APIM foi idealizada com o intuito de con-

tribuir para a difusão da IM, para promover as aplicações de informática nos

diferentes domínios (saúde, prática médica, ensino e investigação), e colocar

à disposição da comunidade a documentação e todas as informações úteis

[12]. Ao contribuir para uma modernização e melhoria da qualidade de pres-

1.1. ENQUADRAMENTO 9

tação de serviços de cuidados de saúde de forma a proporcionar uma melhor

gestão, não só da informação de saúde, mas também dos recursos associados,

a IM tem apresentado, na última década uma importância crescente em todo

o mundo e um crescimento paralelo ao aumento da utilização da Tecnologia

de Informação em Saúde (do inglês Health Information Technology (HIT))

[11] [13].

O sector da saúde apresenta uma relevância social e económica notáveis, com

especi�cidades próprias, cuja e�ciência e racionalidade de gestão são funda-

mentais. Além disso, tem havido uma enorme evolução nas tecnologias da

saúde, muito baseada em tecnologias de informação e comunicação [14]. As

unidades de cuidados de saúde começam a movimentar-se no sentido da mo-

dernização e da automatização de todos os seus processos. Desta forma, na

prática dos cuidados de saúde estão, cada vez mais, envolvidas novas tecnolo-

gias o que origina grandes avanços no âmbito da saúde e, concomitantemente,

aumenta consideravelmente a literacia informática da maioria dos pro�ssio-

nais de saúde, assim como a dos pacientes em geral. Explica-se assim, o au-

mento dos documentos de pesquisa gerados que ocorre, recentemente, acerca

desta temática, o que faz com que as oportunidades de investigação e a prá-

tica da IM se tornem uma realidade acessível [11] [13]. Segundo um inquérito,

da responsabilidade do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da Agência

para a Sociedade do Conhecimento (UMIC), iniciado em 2004, registou-se

que, em 2010, 99% dos hospitais tinha já ligações à internet, sendo que em

2012, já a totalidade dos hospitais utilizavam a internet no exercício da sua

atividade. O mesmo estudo indica que, entre 2004 e 2010, se veri�cou um

considerável aumento da comunicação eletrónica entre diferentes entidades

hospitalares e de saúde, internas e externas. Atualmente, existem já várias

atividades hospitalares realizadas através da internet em Portugal. O grá�co

da Figura 1.3 é representativo dos valores indicados, e evidencia a crescente

utilização das TIC aplicadas à saúde.

10 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

Figura 1.3: Utilização das atividades realizadas utilizando a internet em 2011

e 2012.

Tal como se pode veri�car, entre 2010 e 2012, registou-se, no geral, um

aumento de utilização das atividades realizadas pela internet [14] [15]. As

atividades hospitalares referidas pretendem, essencialmente, melhorar e ma-

ximizar a qualidade dos cuidados prestados. Um estudo, que remonta a

Outubro de 2012, tendo o objetivo de estudar a in�uência da utilização das

HIT na satisfação do paciente, baseou-se na análise de ensaios clínicos ale-

atórios da literatura existente e demonstrou que, das pesquisas analisadas,

54% evidenciam uma in�uência positiva da HIT na satisfação do paciente,

34% não apresentaram qualquer efeito, 11% revelaram resultados inconclusi-

vos e apenas 2% apontaram para um efeito negativo na relação da HIT com

a satisfação do paciente [11]. O grá�co da Figura 1.4 resume as atividades

médicas que sofreram já a intervenção da HIT. Relativamente a esta utiliza-

ção de meios informáticos no contexto das atividades médicas desenvolvidas,

veri�ca-se que os processos associados ao internamento se encontram infor-

matizados em 90% dos hospitais; as consultas externas em cerca de 84% e

em aproximadamente 77% dos hospitais veri�ca-se a existência de processos

clínicos eletrónicos [15].

1.1. ENQUADRAMENTO 11

Figura 1.4: Atividades realizadas pelos hospitais em 2012 [15].

1.1.5 Aplicações implementadas

O processamento das informações apresenta-se, atualmente, como um dos

componentes mais importantes de qualquer organização de saúde. De facto,

num ambiente de cuidados de saúde, o controlo e a monitorização espacial

do pessoal e dos equipamentos são extremamente complexos e, geralmente,

não respondem às necessidades, nem oferecem informação em tempo para

permitir o apoio à decisão [16]. Desta forma, torna-se necessário um sistema

que permita a interação entre os doentes e os prestadores de cuidados de

saúde, que possibilite a transmissão de dados entre instituições. O aumento

da quantidade e complexidade das informações e dos conhecimentos nas uni-

dades de cuidados de saúde torna-as cada vez mais dependentes das TIC.

Uma vez aplicadas à saúde, estas permitem a agregação, a análise e o arma-

zenamento de dados clínicos e permitem acesso a ferramentas de comunicação

que proporcionam comunicação entre diferentes organizações e pro�ssionais

de saúde.

Em Portugal, existe já a consciência de que é essencial uma estrutura trans-

versal vocacionada para gerir a informação e o conhecimento, com vista ao

planeamento e à gestão da saúde da população, à gestão dos processos dos

12 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

serviços de saúde e à prestação de informação ao cidadão, sendo grande a

recetividade aos Sistemas de Informação em Saúde (SIS) . A Radiology In-

formation System (RIS) existente é gerida pela ACSS e integra os hospitais

e centros hospitalares do SNS, as Administração Regional de Saúde (ARS)

e respetivas sub-regiões, os centros de saúde e as extensões de saúde. De

acordo com dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, desde 1984,

que são implementados SIS nos serviços de saúde portugueses, sendo que, a

maior parte (60%), são implementados para o suporte clínico, ou seja, para

apoiar a prática pro�ssional, numa abordagem direcionada para a compo-

nente administrativa e de gestão, sendo utilizados por pessoal administrativo,

enfermeiros e médicos e disponibilizando funções tais como a prescrição, o

registo do diagnóstico e o acesso a registos e análises realizadas pelos utentes

em diferentes hospitais. Neste campo, destacam-se as aplicações desenvol-

vidas e implementadas nas instituições públicas portuguesas, já referidas na

secção 1.1.3. Apesar das aplicações desenvolvidas, a complexidade do ambi-

ente clínico e o aumento da quantidade de informação no âmbito da saúde,

não permite que sejam satisfeitas as necessidades impostas e, desta forma,

a informação não é disponibilizada de modo a permitir o apoio à decisão

médica e a melhoria da qualidade dos serviços. Esta barreira cria a neces-

sidade de novas tecnologias e metodologias, que permitam a comunicação e

a troca de informação eletrónica entre diferentes entidades de saúde, o que

coloca desa�os de cariz técnico, funcional e administrativo, especialmente em

iniciativas que se mostram transversais entre as diferentes áreas da saúde, e

que remetem para a necessidade de interoperabilidade entre sistemas [16].

1.1.6 Interoperabilidade

No âmbito das TIC, a interoperabilidade pode ser de�nida como a capa-

cidade de múltiplos sistemas trocarem e reutilizarem informação, sem custo

de adaptação, preservando o seu signi�cado. Esta pode ser classi�cada em 3

níveis [17]:

• Interoperabilidade Técnica: capacidade de sistemas e dispositivos tro-

carem dados com �abilidade e sem custos acrescidos;

1.1. ENQUADRAMENTO 13

• Interoperabilidade Semântica: capacidade de manter o signi�cado da

informação em circulação, obtida pela utilização controlada de termi-

nologias, taxionomias e esquemas de dados;

• Interoperabilidade Organizativa: capacidade de cooperação entre orga-

nizações, obtida pela compatibilização de processos, canais, motivação

e outros elementos que facilitam a obtenção de �ns comuns.

Por norma, numa instituição de saúde, cada serviço tem pequenos sistemas

de gestão de bases de dados, onde são especi�cados e registados os dados de

cada paciente, tendo em conta as patologias ou a especi�cação dos interesses

de cada um [18]. Atualmente, o �uxo de trabalho dos pro�ssionais de saúde é,

fortemente, dependente das TIC utilizadas no âmbito da medicina e da saúde.

Esta dependência pode ser a causa das diferentes di�culdades em interope-

rabilidade entre os sistemas de informação. Embora as TIC desempenhem

um papel fundamental nas empresas que interagem de forma integrada, as

infraestruturas de troca de informações não têm resultado dado que os ou-

tros aspetos centrais de colaborações comerciais não são interoperáveis. De

facto, a sobrecarga dos sistemas de informação, dentro de uma unidade de

saúde, pode levar a problemas no acesso à totalidade da informação, uma vez

que é difícil, para um médico, aceder a todas as fontes de informação, num

período de tempo aceitável [18]. É um facto que a execução de aplicações em

ambiente distribuído é um grande problema, quando as aplicações não foram

desenvolvidas para partilhar conhecimentos e ações. Contudo, nos últimos

anos, muitos projetos têm tentado atingir a interoperabilidade dos sistemas

de informação de RCE. As diferentes abordagens propõem soluções com base

em padrões e tecnologias, a �m de satisfazer as necessidades do cenário em

causa, mas nenhuma plataforma global de interoperabilidade foi fornecida

até agora [18]. Apesar disso, foi já desenvolvida uma platarforma, designada

Agência de Interoperação para Difusão e Arquivo (AIDA), que será descrita

e explicada na secção 5.7.

14 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

1.1.7 Normalização

A informação a ser transferida deve ser padronizada e normalizada, a �m

de se evitar diferentes estruturas e interpretações. Para além disso, esta deve

também ter em conta a semântica dos dados, para que a informação possa

ser entendida por diferentes sistemas. Alguns países já estão a planear uma

linguagem médica uni�cada para garantir que a informação é armazenada de

acordo com a mesma sintaxe e semântica. O Sistema de Linguagem Médica

Uni�cada (do inglês Uni�ed Medical Language System (UMLS)) é um projeto

da Biblioteca Nacional de Medicina (do inglês National Library of Medicine

(NLM)) dos Estados Unidos da América (EUA) e fornece uma estrutura

conceitual para o conceito de categorização. O acesso à informação é simples

e e�ciente, fornecendo informações com qualidade aos utilizadores [18]. A

utilização de normas assegura, adicionalmente, a melhor comunicação entre

os pro�ssionais de saúde, para além de permitir, tal como já foi referido,

a interoperabilidade entre os sistemas, e alguma automatização no registo

efetuado no hospital. Os padrões utilizados no RCE são divididos em três

propostas distintas [18]:

• Padrões para representar a informação clínica;

• Padrões de comunicação;

• Padrões de imagem.

Existem já desenvolvidas várias normas, em que cada terapia ou a cada

doença, é associado um código reconhecido em todo o mundo, de forma

a classi�car doenças clínicas e terapêuticas de tratamento, entre as quais se

destacam:

• Classi�cação Internacional de Doenças, nona revisão (do inglês Inter-

national Classi�cation of Diseases (ICD9)) [18];

• Nomenclatura Sistematizada de Terminologia de Medicina-Clínica ( do

inglês Systematized Nomenclature of Medicine (SNOMED)): termino-

logia que inclui mais de 370 000 conceitos, 900 000 descrições e 1 300

1.2. OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO 15

000 de relações. O sistema de nomenclatura SNOMED fornece uma

estrutura para gerir dialetos médicos, bem como termos clínicos e qua-

li�cadores. A RIS é utilizada para o transporte físico [18] [19];

• Classi�cação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE)) [18].

A utilização destas normas garante que o RCE possa ser lido por qualquer clí-

nico do mundo, permitindo que as máquinas interpretem sintomas e ajudem

os clínicos a fazer um diagnóstico e um plano de tratamento, favorecendo os

sistemas de apoio à decisão médica. Importa referir ainda que, os padrões

de comunicação adotam um protocolo de troca de mensagens, designado He-

alth Level Seven (HL7) e uma Arquitetura Orientada a Serviços (do inglês

Service-oriented architecture (SOA)) [18]. A arquitetura SOA é explorada,

mais adiante, na secção 2.2.3

1.2 Objetivos da Dissertação

O principal objetivo desta dissertação consiste em avaliar a qualidade do

RCE realizado nas unidades hospitalares, tendo em especial atenção a situa-

ção apresentada pelo Centro Hospitalar do Alto Ave (CHAA) neste contexto.

Deste modo, pretende-se proceder à identi�cação e caracterização dos méto-

dos mais adequados para a realização da avaliação em causa. Da resposta a

este objetivo global resultam um conjunto de objetivos que serão atingidos

com a elaboração desta dissertação, entre os quais:

• Exploração de aspetos relativos à usabilidade em geral e à avaliação da

usabilidade em particular;

• Apresentação dos principais métodos de avaliação da usabilidade iden-

ti�cando as diferenças entre eles;

• Identi�cação das necessidades da informação a ser registada;

• Demonstração de que o desenvolvimento de um sistema e a sua avalia-

ção são indissociáveis;

16 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

• Estudo de casos, nomeadamente no CHAA;

• Elaboração de questionários para avaliar a qualidade do registo clínico

no CHAA;

• Identi�cação das falhas do sistema implementado no CHAA;

• Implementação e desenvolvimento das alterações emergentes ao sistema

de registo clínico implementado no CHAA.

1.3 Estrutura da Dissertação

A presente dissertação é constituída por seis capítulos que sustentam o

trabalho desenvolvido e os conceitos fundamentais para uma correta compre-

ensão do que se pretende executar.

O primeiro caítulo pretende intruduzir os conceitos fundamentais relaciona-

dos com a temática. Neste capítulo é feita uma abordagem geral ao tema e

um levantamento da situação atual, nesse contexto.

O segundo capítulo de�ne o PC, destacando os seus formatos em papel e

eletrónico. Assim, o PC é analisado, não apenas em termos da sua evolução,

mas também ao nível das vantagens e desvantagens dos diferentes formatos.

Para além disso, é feito um levantamento acerca da legislação inerente ao

registo contifo no PC. Ainda neste capítulo, pode ler-se uma introdução à

AIDA, desenvolvida por investigadores da Universidade do Minho.

O terceiro capítulo é focado na Avaliação do RCE. Neste contexto, são in-

troduzidos os conceitos de usabilidade dos sistemas e de análise de SWOT.

Assim, assiste-se a uma descrição dos vários métodos existentes para efetuar

uma avaliação de qualidade.

O quarto capítulo descreve todo o trabalho que foi realizado, sendo que se

procede à explicação das avaliações de usabilidade escolhidas, assim como

se apresentamos passos efetuados para a sua execução. Para além disso, é

aprofundado o método SWOT, sendo indicados os campos que se pretende

analizar no CHAA.

O quinto capítulo apresenta-se como complementar ao anteriormente des-

1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO 17

crito, uma vez que apresenta e explica os resultados obtidos nas diversas

atividades desenvolvidas no decorrer desta dissertação.

Por último, no sexto capítulo é feita uma re�exão sobre todo o trabalho

desenvolvido, salientando a valorização que o mesmo teve, a nível do conhe-

cimento adquirido. Para além disso, são indicados aspetos que devem ser

tratados, futuramente no sentido de aprofundar e aproveitar os resultados

obtidos por esta dissertação.

18 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

Capítulo 2

Sistemas de Informação

Hospitalar

2.1 Processo Clínico

O registo clínico é realizado para ordenar a informação recolhida em meio

hospitalar, facilitando a re�exão para a tomada de decisões, para a autoa-

prendizagem e para a comunicação interpares. A tarefa de registar deve ser

encarada como uma necessidade de traduzir, no presente e de forma �el, o

estado de saúde do doente, assim como de, no futuro, planear e monitori-

zar o seu acompanhamento. [20]. É doutrina e jurisprudência segura, por

toda a Europa, que os médicos e os hospitais estão obrigados a proceder à

documentação e registo da atividade clínica. Há um dever lateral, resultante

do contrato médico, de realizar uma documentação minuciosa, pormenori-

zada, cuidadosa e completa da atividade médica, cirúrgica e dos cuidados

de enfermagem, dos quais são exemplo a história clínica do paciente, os

relatórios de exames físicos e de Meios Complementares de Diagnóstico e

Terapêutica (MCDT), as considerações médicas, os testes laboratoriais, as

informações sobre o tratamento do processo patológico e a documentação

das consultas. O pro�ssional de saúde deve zelar pelo bom funcionamento

dos cuidados de saúde, e cumprir o registo do referido, sob pena de incorrer

em responsabilidade civil [21]. Na prática, o Processo Clínico (PC) é a base

19

20 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

da comunicação, uma vez que, pela sequência de registos clínicos, permite

que se formalize o ato clínico e que se integre os vários cuidados prestados

ao doente [22]. O registo clínico pode ser de�nido como um documento, ou

uma compilação de documentos con�denciais, que identi�cam um paciente

durante todo o seu percurso de tratamento, desde o primeiro contacto com

a instituição provedora de saúde [23]. A informação existente num PC está

resumida na Figura 2.1 e pode classi�car-se de quatro formas: dados admi-

nistrativos, que dizem respeito a dados de identi�cação do paciente (nome

completo, data de nascimento); dados médicos físicos, que correspondem

às ocorrências singulares do paciente (sexo, grupo sanguíneo alergias); da-

dos relativos, que correspondem às ocorrências múltiplas ou dados tem-

porais (diagnósticos, diário, exame físico, história clínica e tratamentos) e

dados complementados com informação de outras fontes que corresponde

à informação não alfanumérica (imagens ou sinais resultantes de MCDTs) e

resultados de testes laboratoriais )[24] [25]. Contudo, a informação registada

é maioritariamente alfanumérica.

Figura 2.1: Tipo de dados interveniêntes no Processo Clínico.

Devemos ter em conta que, hoje, se pratica uma medicina de equipa, com

2.1. PROCESSO CLÍNICO 21

elevada tecnologia, pelo que o adequado registo das informações médicas

permite evitar acidentes graves [21]. As principais �nalidades do dever de

documentação consistem em: [23] [26]

• Suportar a assistência do paciente, permitindo a circulação de informa-

ção entre os pro�ssionais de saúde, que podem assim, fazer uma melhor

avaliação do paciente;

• Suporte à pesquisa clínica, estudos epidemiológicos, ensaios clínicos;

• Fornecimento de informações para a gestão de custos e de risco e con-

trole de qualidade;

• Apoio para o ensino de pro�ssionais de saúde.

Para além destas dimensões, que justi�cam o registo médico, este apresenta-

se um instrumento operacional e um componente decisivo dos cuidados mé-

dicos, que contribui para a sua qualidade e a re�ete [27]. Desta forma, o

PC evidencia a qualidade do atendimento prestado ao paciente, e é um meio

de comunicação entre os pro�ssionais de saúde que fornece visibilidade aos

casos, pela identi�cação da responsabilidade pro�ssional sobre as suas ações

e pelo apoio à pesquisa e à formação pro�ssional [28]. A perceção da orga-

nização do PC pressupõe vários passos que sustentam a tomada de decisão

clínica. A Figura 2.2 é representativa das etapas envolvidas na elaboração

do PC: observação, decisão e plano de ação.

Numa primeira fase, são recolhidos dados de carácter administrativo, dados

médicos �xos e a história clínica. Nesta fase, está incluída a recolha da infor-

mação resultante da observação do paciente. Gera-se, então, a informação,

que serve de base à interpretação do clínico, com vista à elaboração do diag-

nóstico. Em presença do mesmo, é iniciado um plano de ação, com o objetivo

de solucionar o que foi diagnosticado. Esta ação é aplicada ao paciente, em

modo de terapia, após a qual são recolhidos novos dados e é feita uma nova

observação, iniciando-se um novo ciclo que visa a repetição de todos os passos

mencionados [26].

22 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

Figura 2.2: Etapas envolvidas na elaboração do processo clínico

Ao longo dos anos, numa tentativa de aproximar o registo clínico às prá-

ticas das ciências básicas, têm-se assistido a uma procura da melhor maneira

de registar a informação clínica, de forma organizada e racional por parte da

comunidade médica [27].

2.1.1 Registo Clínico em Papel

O primeiro Registo Clínico em Papel (RCP) foi realizado no séc. XV

a.C. por Hippocrates, com o objetivo de indicar a causa mais provável da

doença, e re�etir, exatamente, a evolução da doença por ordem dos aconte-

cimentos [29]. Desta forma, Hippocrates criou o registo orientado no tempo

(Time-oriented), que se manteve até ao início do século XIX, típico da me-

dicina exercida antes do aparecimento dos MCDTs, em que o que o médico

registava o relato que do paciente lhe contava, e a informação era organizada

cronologicamente [26][30]. Em 1816, a invenção do estetoscópio pelo cientista

Laemec, veio revolucionar os MCDTs, possibilitando diferentes meios de di-

agnosticar doenças. Quando se tornaram disponíveis mais instrumentos de

diagnóstico, foi possível descrever a história clínica, enfatizando os resultados

devolvidos por esses instrumentos, ao invés do que até então era registado

[26]. Por volta de 1880, o cirurgião americano, William Mayo, fundou a clí-

nica Mayo, em Rochester, Minesota. Nesta clínica, cada médico tinha um

bloco onde apontava as notas clínicas de cada paciente, por ordem cronoló-

gica. Desta forma, as notas pertencentes a cada paciente que se encontrassem

muito espaçadas no tempo, não se encontravam em folhas agrupadas, o que

poderia di�cultar uma visão global da história clínica. Para além disso, a

2.1. PROCESSO CLÍNICO 23

um paciente, pertenciam vários registos clínicos. Para ultrapassar esta ques-

tão, a clínica Mayo adotou um registo clínico centrado no paciente (patient-

centered), ou seja, em que todas as informações eram organizadas e separadas

por paciente. Contudo, não existia, ainda, um critério de organização. Em

1920, com vista a categorizar os registos, Mayo criou um formulário mínimo

de preenchimento para os registos [26]. Esta iniciativa de padronização deu

origem a uma nova organização, designada por Source-oriented medical re-

cord, em que os dados são organizados consoante a sua origem. Ou seja,

nesta altura, a proveniência da informação determinava a sua catalogação e

consequente registo. Ouseja, a ordem do registo resultava da origem da in-

formação [26]. Os registos apresentavam-se, assim, como pouco cientí�cos e,

maioritariamente, incompletos [27]. Esta organização não se mostrou e�caz

para pacientes que apresentavam mais do que uma doença, já que impossibi-

litava a identi�cação da informação clínica de forma a dividi-la pelos vários

problemas. É desta di�culdade que surge, em 1968, o sistema de registo

conhecido por Processo Clínico Orientado ao Problema (PCOP), proposto

por Lawrence Weed, que visa atribuir a cada paciente um ou mais problemas

[26] [27]. De ressaltar que um problema é entendido como um facto clínico,

não devendo, por isso, ser incluidas na lista de problemas analisados dúvidas,

interrogações e negações. O raciocínio clínico deve centrar-se em dados se-

guros e positivos, para avançar na investigação e clari�cação dos problemas.

Este modelo obriga a relacionar cada problema com os restantes, assim como

a registar um raciocínio e um plano para cada problema, defendendo, desta

forma, a organização dos registos clínicos de acordo com o conjunto de pro-

blemas identi�cados, conjuntamente, num determinado evento (consultas,

MCDTs, internamentos, cirurgias). Assim, cada problema, abordado num

desses eventos, constitui uma unidade nosológica, entendida como uma do-

ença individualizada com características e propriedades inerentes à patologia,

que obrigatoriamente é parte integrante do PC. Esta organização ressalta as

vertentes de operacionalidade e de assistência, que devem ser satisfeitas pelo

registo médico, como parte integrante dos cuidados de saúde [30] [26] [31]

[27]. Para cada problema, os dados clínicos são organizados de acordo com

a estrutura Subjective, Objective, Assessment, and Plan (SOAP): [26] [20]

24 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

• S - Subjetivo � São registados os dados da história clinica, assim como

o ponto de vista do doente (incluindo queixas e sentimentos);

• O - Objetivo � É traduzido o ponto de vista médico e os dados do

exame físico e de testes de diagnóstico;

• A - Avaliação � É identi�cado o problema e o seu grau de resolução

até à data. Neste estádio, são analisados os resultados de MCDTs, e

registadas conclusões como diagnósticos;

• P - Plano � São propostas medidas terapêuticas, tratamentos e atitudes

a ter em conta no plano médico. Para além disso, são registados os pe-

didos de MCDTs, a referenciação e o aconselhamento feito, e agendada

a próxima consulta de reavaliação. O plano médico deve questionar a

importância do problema para o doente, para além das investigações a

empreender.

Deve ser registado um SOAP para cada problema ativo. Só assim teremos,

em cada momento, perfeita noção do ponto em que nos encontramos e das

necessidades para cada problema [27]. Deste modo, a metodologia referida

padroniza o registo da informação, o que possibilita uma gestão personali-

zada do conjunto de problemas apresentados por um utente especí�co [31].

Deste modelo, resultam virtuosidades não conseguidas pelos restantes mé-

todos propostos. Neste âmbito, salienta-se o facto do mesmo permitir um

registo racional, ao traduzir episódios de forma objetiva e, os vários com-

ponentes registados podem ser correlacionados com os passos da consulta

[20]. Em detrimento da atenção prestada ao doente, grande parte do tempo

das consultas é despendido na procura de registos ou na leitura dos mes-

mos. Nesse sentido, o método SOAP traduz um melhor aproveitamento do

tempo da consulta, ao facilitar a legibilidade e a procura retrospetiva de um

dado especí�co. Este facto, é permitido pelo registo sequencial no tempo de

episódios independentes e com datação própria. A redução do número de

palavras utilizado para cada registo é uma das vantagens adicionais deste

método, uma vez que a apresenta dividida por tópicos. Para além disso, o

2.1. PROCESSO CLÍNICO 25

método SOAP bene�cia a realização de auditorias, na medida em que é faci-

litada a recolha de informação por parte do auditor e reduz a existência de

ambiguidades [20]. Porém, quase 40 anos depois, a maioria dos serviços de

medicina não executa registos clínicos organizados [27].

2.1.2 Registo Clínico Eletrónico

Atualmente as instituições de saúde apresentam-se, cada vez mais, com-

petitivas, no sentido melhorar continuamente o seu desemprenho, visando a

disponibilização de um sistema sustentado na utilização de ferramentas indu-

toras de e�cácia e e�ciência na prestação de cuidados de saúde. A procura de

um sistema centrado na história clínica do paciente, que permita a partilha de

informação relevante e atualizada de forma atempada, no sentido de orientar

e apoiar as atividades dos pro�ssionais de saúde, assim como o acompanha-

mento virtual do cidadão na sua mobilidade espaço/ temporal, tem vindo

a ser desenvolvida através de uma informatização do PC. A Organização

Internacional de Standardização (do inglês International Organization for

Standardization (ISO)) de�ne o Registo Clínico Electrónico (RCE) como um

repositório de dados do paciente em forma digital, armazenados e trocados,

de forma segura e acessível, por vários utilizadores autorizados. A ISO dispõe

de mais de�nições para que se distinga os vários tipos de registo, no âmbito

da saúde (Tabela 2.1)[32].

Tabela 2.1: De�nições para os vários tipos de registos eletrónicos [32].Tipo de Registo (ISO) De�niçãoElectronic Medical Record (EMR) Geralmente focada na assistência médicaDepartmental EMR Contém informações inseridas por um único hospitalInter-departmental EMR Contem informação de dois ou mais departamentos hospitalaresHospital EMR Contém todas ou a maior parte da informação clínica do paciente a partir de um Hospital ParticularInter-hospital EMR Contem informação médica de dois ou mais hospitaisElectronic Patient Record (EPR)/Computerized Patient Record (CPR) Contém todas ou a maior parte da informação clínica do doente a partir de uma particular hospitalElectronic Health Care Record (EHCR) Contém todas as informações de saúde do pacientePersonal Health Record (PHR) Controlado pelo paciente e que contém informações de, pelo menos, parcialmente inserido pelo pacienteComputerized Medical Record (CMR) Criado por digitalização de imagensClinical Data Repository (CDR) Armazenamento de dados operacionais que detém dados clínicos de provedores de serviços de saúdeDigital Medical Record (DMR) Um registro com base na Web mantido por um prestador de cuidados de saúde

O RCE é de�nido como um meio de registo e armazenamento digital

vitalício das informações de saúde sobre a vida de um indivíduo, com o

intuito de apoiar a continuidade do tratamento, ensino, pesquisa e apoio à

decisão. Ao serem registados, eletronicamente e de forma completa e precisa,

26 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

os dados clínicos e administrativos do paciente são essenciais para a prestação

de cuidados à sua saúde e para a história médica [33] [34].

História do RCE

Há mais de 25 anos que têm sido reunidos esforços para a realização

de um RCE ideal [26]. O grande desenvolvimento, veri�cado na área das

ciências dos computadores, e impulsionado pelo desenvolvimento dos micro-

computadores por volta de 1960, foi o responsável pela aplicação inicial dos

computadores na recolha da informação clínica [23]. É, nesta altura, re-

conhecido o potencial dos computadores, aplicado aos registos, para evitar

erros de leitura e melhorar a acessibilidade e a estrutura dos dados [26]. O

aparecimento do computador pessoal provocou uma mudança no compor-

tamento e na cultura da população, que veio facilitar a implementação do

mesmo nas instituições de saúde. Surgem desta forma os primeiros Siste-

mas de Informação em Saúde (SIS), que visam apenas o registo de dados

administrativos e de gestão, sem um foco especial à parte de registo clínico

do paciente [35] [36]. A crescente necessidade de estruturar registos clínicos

organizados provocou um vasto desenvolvimento de projetos, com o objetivo

de informatizar a informação clínica. Na década dos anos 70, foram propos-

tos diferentes sistemas com esse intuito, e alguns deles continuam em uso

atualmente, tais como: O Registered Medical Record System (RMRS), o

The Medical Record (TMR), o Summary Time Oriented Record (STOR) e

o Computer-Stored Ambulatory Records (COSTAR) [35] [26]. OS sistemas

RMRS e COSTAR ainda se encontram incluídos nos sistemas implementa-

dos atualmente [35]. Contudo, a procura por uma de�nição do RCE, a nível

estrutural e normativo, não parou por aqui. Em 1991 o Instituto de Me-

dicina (do inglês Institute Of Medicine (IOM)) impulsionou a realização de

um estudo, que resultou na publicação do livro, já revisto e reeditado em

1997, designado: The Computer-based Patient Record � An Essential Tech-

nology For Health Care [37]. A estrutura e os conteúdos do RCE têm sofrido

variações ao longo do tempo. Atualmente, o RCE combina todas as estrutu-

ras de�nidas na secção anterior. No RCE orientado no tempo a informação

2.1. PROCESSO CLÍNICO 27

é apresentada por ordem cronológica. No RCE orientada ao problema são

tiradas notas para cada problema associado ao paciente e cada problema é

descrito segundo o método SOAP. No RCE orientado à fonte, o conteúdo do

registo é organizado de acordo com ordem pela qual a informação foi obtida

[32]. Apesar de tudo, a organização estrutural mais comum de um RCE é

orientada por problemas, sendo, neste caso, acrescentada uma base de dados

informatizada, que deve conter informação factual e descritiva acerca do do-

ente e da doença, da forma mais completa possível. Assim, o processo �ca

descrito tal como se apresenta na Figura 2.3.

Figura 2.3: Passos do Processo Clínico Orientado ao Problema (PCOP).

A lista de problemas é um conjunto hierarquizado e numerado de proble-

mas informatizados. Esta numeração, para além de ser modi�cável perante

novos dados, permite que os registos de evolução sejam facilmente associados

a cada problema. Os registos de evolução correspondem a observações diá-

rias ou a consultas e devem ser registados de forma completa e organizada

segundo o método SOAP, já referido na secção 2.1. Em qualquer momento

do seguimento clínico, pode ser necessário fazer um relatório da situação com

os problemas actuais e, devem ser re�etidas as dúvidas atuais e as investi-

gações em curso. Depois dos passos descritos deve, então, estabelecer-se um

plano de resolução para cada problema [20].

28 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

RCE na Europa

A utilização das tecnologias da informação e da comunicação, no setor

da Saúde, varia consideravelmente entre os Estados-Membros. O estudo,

intitulado Benchmarking ICT use among General Practitioners in Europe,

realizado em 2008 pela Comissão Europeia, vem reforçar esta ideia, salien-

tando, por outro lado, que quanto maior é a complexidade de uma aplicação

informática (no que respeita às suas funcionalidades, necessidades de infra-

estruturas e de formação dos pro�ssionais e processos envolvidos), maior são

as discrepâncias entre o seu estado de desenvolvimento e implementação nos

Estados-Membros [38]. De facto, as soluções apresentadas, atualmente, na

área da saúde eletrónica, relacionam-se mais com a disponibilização de com-

putadores e não tanto com a interligação destes e consequente transação de

informações, ou com soluções mais complexas. O estudo, utilizando uma

escala de 0 (não utiliza) a 5 (utilizado pelos pro�ssionais em todo o país),

concluiu que a Dinamarca, a Holanda, a Finlândia, a Noruega, a Suécia e o

Reino Unido, emergem na vanguarda da utilização de soluções eletrónicas,

com classi�cações que variam entre os 4,3 e os 3,1. Pelo contrário, entre os

países que praticamente não utilizam soluções eletrónicas aplicadas à saúde,

e as que se encontram em utilização, mas necessitam de melhorias conside-

ráveis, destacam-se a Lituânia, a Roménia, a Polónia e a Grécia. Segundo

o mesmo estudo, Portugal está classi�cado com 1,7 na mesma escala. O

mesmo estudo aborda, ainda, a questão do armazenamento eletrónico de

dados. Neste campo, a Finlândia (100%) e a Hungria (100%) são os paí-

ses que apresentam as maiores taxas de armazenamento, contrariamente à

Grécia (49%), que apresenta a menor taxa de armazenamento eletrónico de

dados. O grá�co da Figura 2.4 apresenta as taxas de armazenamento, em

percentagem, dos vários países em análise.

2.1. PROCESSO CLÍNICO 29

Figura 2.4: Taxas de armazenamento eletrónico de dados [39].

Na situação atual, di�cilmente se encontram entidades que armazenam

de forma eletrónica todo o tipo de dados. A informação que circula em ambi-

ente hospitalar não está na sua totalidade suportada em formato eletrónico.

Neste sentido, pode a�rmar-se que 92% dos dados armazenados em formato

eletrónico são os dados relativos a diagnósticos e a prescrições de medica-

mentos, aos quais se seguem os parâmetros básicos de vida, e por último a

história clínica. Na Figura 2.5 está representado o grá�co com os valores

referidos de forma mais descriminada.

30 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

Figura 2.5: Tipo de dados armazenados eletronicamente [40].

A maioria dos cidadãos, e dos pro�ssionais de saúde, está positiva quanto

à implementação de um RCE que resuma de forma segura os principais deta-

lhes médicos, e esteja acessível independentemente do local em que o paciente

se encontre. Muitos países europeus e outros, como Austrália, EUA e Ca-

nadá, estão, atualmente, a progredir no sentido de implementar esse RCE.

Entre 2004 e 2008, a Inglaterra, a Escócia, a Irlanda do Norte e o País de

Gales começaram a pôr em prática os seus próprios registos armazenados,

centralmente, em forma de resumo eletrónico. Todos os esquemas de RCE

postos em prática foram baseados nos registos do Serviço Nacional de Saúde

do paciente (do inglês National Health Service (NHS)) e descreviam o his-

torial clínico geral, acessível a pessoal autorizado, através de uma conexão

segura. O programa que visa esta implementação já teve bons resultados. No

�nal de Agosto de 2012, aproximadamente 40 milhões de habitantes (de uma

população de 51 milhões) já tinham enviado os dados pessoais, e criaram-se

mais de 18 milhões de registos com uma taxa de criação de 250 mil registos

por semana. Embora o progresso tenha sido menor do que o estimado, a taxa

de recusa ou de ausência de resposta por parte da população foi mais baixa

do que o esperado, o que indica que as pessoas estão con�antes e querem

2.1. PROCESSO CLÍNICO 31

contribuir para a implementação deste projeto [39].

A implementação de sistemas de RCE implica a adoção de uma estratégia

política focada no suporte �nanceiro, na interoperabilidade e na formação de

pessoal para suporte técnico [41]. O sucesso da sua implementação, tendo

em vista a qualidade e segurança, baseia-se, em parte, na identi�cação das

variáveis de estrutura reais e no trabalho de toda a equipa de pro�ssionais e

pessoal de apoio técnico envolvido [40].

RCE em Portugal

Tal como já foi referido na secção 1.1.1 desta dissertação, o sistema de

saúde Português é caracterizado pela coexistência de três: o Sistema Na-

cional de Saúde (SNS), os regimes especiais de seguros públicos e privados

para determinadas pro�ssões (subsistemas de saúde) e os seguros de saúde

privada voluntária. O sistema de saúde de Portugal é constituído por uma

rede de prestadores de cuidados de saúde pública e privada, cada um deles

ligado ao Ministério da Saúde. O Ministério da Saúde coordena toda a oferta

de cuidados de saúde e o �nanciamento da prestação de cuidados de saúde

pública. A maioria da população tem o direito de escolher entre (ou pode

usar ambos) duas seguradoras de saúde: SNS e os seguros de saúde privada

voluntária.

Em Portugal, existe uma estratégia nacional, também já referida, criada para

a área de saúde eletrónica liderada pela ACSS, e designada de Plano para a

Transformação dos Sistemas de Informação Integrados da Saúde (PTSIIS),

que prevê a execução de diversos programas e projetos. A implementação do

RCE é uma prioridade sustentada por orientações estratégicas da Comissão

Europeia, pelas políticas do governo Português e das entidades envolvidas na

prestação de cuidados de saúde. É uma recomendação explícita do PTSIIS

e enquadra-se no objetivo de a�rmar a modernização de Administração Pú-

blica [38].

Contudo, ainda existem falhas quanto à interoperabilidade dos RCE entre as

instituições de saúde [1]. Em termos de troca de dados de saúde, Portugal

não consegue alcançar a média europeia, sendo que as trocas de dados de

32 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

resultados laboratoriais e de dados administrativos e de saúde ocorrem em,

apenas, 10% dos casos. Os computadores e as aplicações disponibilizadas e

integradas nos serviços de saúde nacionais são, maioritariamente, utilizados

para a armazenamento de dados administrativos (74%) [38]. Atualmente,

a comunicação entre os cuidados primários e secundários do SNS não está

interligada. Apesar da existência de bases de dados eletrónicas, em alguns

casos, os pacientes ainda têm que servir como intermediários, através da

transmissão de cartas entre médicos contendo as suas informações clínicas.

A situação é agravada devido à coexistência dos serviços públicos e priva-

dos. No entanto, tendo por objetivo seguir as orientações e as tendências

da Comunidade Europeia, estão a ser feitos esforços, a nível nacional, no

sentido de se alinhar e garantir o acompanhamento da evolução tecnológica.

É de referir que Portugal se encontra entre os países da União Europeia com

maior utilização de sistemas de RCE baseados na Classi�cação Internacional

para a Prática de Enfermagem (CIPE), que tem em vista o registo uni�cado

das atividades de enfermagem [1] [38]. Em termos gerais, pode dizer-se que

Portugal está enquadrado na média do Comunidade Europeia, em termos de

disponibilização e utilização de infraestruturas e soluções tecnológicas dispo-

níveis nesta área [38].

A 6 de dezembro de 2011, foi constituída a Comissão para a Informatização

Clínica (CIC), com a responsabilidade de delinear a orientação estratégica

na área da informatização clínica do SNS, em harmonia com as diretrizes

do Ministério da Saúde, tendo por objetivo a implementação de alguns pro-

jetos de âmbito nacional, entre os quais, se destaca a Plataforma de Dados

de Saúde (PDS) [42]. Esta plataforma é um sistema de partilha de dados

de saúde. A PDS permite que a mesma informação seja fragmentada e envi-

ada aos diferentes agentes da prestação de cuidados (utentes, pro�ssionais do

SNS e de fora do SNS). Os dados são acedidos através de portais especí�cos

(do utente, do pro�ssional, da instituição e internacional) seguros e contex-

tualizados, a partir das instituições locais onde permanecem guardados. É,

assim, criado um repositório de informação clínica anonimizada, no âmbito

da Direção-Geral da Saúde, para os �ns de saúde pública consignados na

missão desta autoridade.

2.1. PROCESSO CLÍNICO 33

O Portal do Utente já se encontra disponível, online, desde de 31 de maio

de 2012 e permite a partilha de dados de saúde com os pro�ssionais do SNS,

mediante autorização prévia do utente. Se autorizado, o médico ou enfer-

meiro de um serviço do SNS pode consultar os dados de saúde do utente,

sem os poder modi�car ou eliminar, conseguindo chegar com maior e�cácia e

rapidez a um diagnóstico/terapêutica. O utilizador, pode controlar os aces-

sos aos seus dados, através da consulta do histórico de acessos. Este portal

acolhe perto de 750 mil utentes registados, sendo a área da ARS de Lisboa

e Vale do Tejo a mais representativa, com 308 mil utilizadores. O Portal do

Pro�ssional conta já com mais de 10 000 acessos por dia, permite o acesso

aos dados disponibilizados através do Registo Nacional de Utentes (RNU)

e é lançado a partir das aplicações clínicas locais residentes no contexto de

prestação de cuidados, como o SAM, SAPE, SONHO, etc. Este portal é

autorizado pela Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) e pos-

sui um sistema segurança e encriptação de dados. O Ministério da Saúde

está, ainda, a melhorar o Portal Institucional e o Portal Internacional, cuja

entrada em funcionamento teve início, recentemente, no segundo trimestre

de 2013. O primeiro irá permitir o acesso das organizações centrais, como

Direção-Geral da Saúde (DGS) ou ACSS, aos dados que estão anonimizados

para possibilitar o tratamento de informação estatística relativa ao país. Já

o Portal Internacional permitirá o acesso de um pro�ssional de saúde, de um

país aderente ao projeto, a dados de um utente, através de disponibilização

do Registo Clínico Electrónico (RCE) português. Desta forma, será fomen-

tada uma maior quantidade de informação e controlo na saúde, para além da

existência de uma maior segurança na prestação dos cuidados, pelo acesso

generalizado à , sendo bene�ciada a comunicação da unidade de saúde com o

estrangeiro. Para os pro�ssionais de saúde, serão proporcionadas condições

para melhorar a prestação de cuidados de saúde, ultrapassando-se barreiras

linguísticas e acesso a resumo de informação clínica essencial ao diagnóstico

[43]. Atualmente, está a ser desenvolvido, num projeto da Rede Telemática

da Saúde (RTS), um sumário eletrónico da informação clínica do paciente.

Este trata-se de um projeto-piloto e, no caso de ser aprovado, irá possibilitar

a interoperabilidade de documentos que contém informação sumária acerca

34 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

do historial clínico do paciente.

Em Portugal, a maior parte dos hospitais e centros de saúde têm, desde

2004, aplicações informáticas para a prescrição contudo, falha o serviço para

a transmissão eletrónica. Apesar disso, Portugal utiliza standards interna-

cionais tais como o CIPE, já referido. A standardização e a qualidade são,

geralmente, supervisionadas por um departamento do Ministério Nacional

designado Instituto Português da Qualidade (IPQ). Contudo, até agora,

não existem planos para que Portugal se torne membro da Orgnização In-

ternacional para o Desenvolvimento de Termnologias Standard de Saúde (do

inglês The International Health Terminology Standards Development Orga-

nisation (IHTSDO)).

No âmbito do esforço de informatização no sector da saúde, a Comissão para

a Informatização Clínica (CIC) Portuguesa identi�cou a normalização semân-

tica de conceitos e registos, como uma área critica à prestação de cuidados de

saúde. Assim, numa perspetiva de criar uma linguagem comum para pro�ssi-

onais de saúde e sistemas de informação que suportam a sua prática e os seus

registos, a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica traba-

lhou com a documentação standard de alergias e reações adversas, no sentido

de compilar um primeiro Catálogo de Alergias e Reações Adversas (CARA),

ou seja, uma estrutura de registo das mesmas para todas as aplicações in-

formáticas a operar no setor da saúde e uma tabela de relação para garantir

a interoperabilidade semântica e tecnológica necessária à partilha destes da-

dos. O referido documento mereceu a aprovação dos Serviços Partilhados do

Ministério da Saúde (SPMS) e da DGS e as aplicações informáticas devem

ser adaptadas à utilização, em conformidade, do mesmo [44].

Requisitos

O RCE deve ser organizado e cumprir uma série de requisitos, para que

seja permitida a interoperabilidade entre as várias entidades de saúde. Ao

longo das últimas duas décadas, a maioria dos estudiosos a�rma que é ne-

cessário garantir a segurança dos registos, quando estes dizem respeito a

informações provenientes de processos de saúde [45].

2.1. PROCESSO CLÍNICO 35

A integridade de dados, a capacidade de ultrapassar as falhas, a disponibili-

dade, bem como a coerência das políticas de segurança são aspetos que não

devem ser descorados num RCE de qualidade, e que devem ser mantidos para

que se permita a sua consulta de fácil, rápida e segura, independentemente

do local e da hora a que a mesma acontece [46].

A segurança do RCE encontra-se sempre associada a conceitos de con�denci-

alidade e privacidade [45]. Os objetivos centrais de segurança, no que ao RCE

diz respeito, são a Con�dencialidade, a Integridade e a Acessibilidade (CIA)

[46] [33] [45].

De acordo com a norma ISO, EN13606, a con�dencialidade corresponde ao

processo que assegura que a informação contida no RCE está acessível apenas

para aqueles que estão autorizados a aceder-lhe. Segundo a mesma norma, a

informação registada é considerada integra quando é precisa e não sofreu mo-

di�cações de forma não autorizada [47]. O grande objetivo da implementação

do RCE, em ambiente hospitalar e de cuidados de saúde, é o de promover

o acesso integrado a toda a documentação do paciente. Apesar desta tarefa

parecer relativamente simples, a aquisição e a organização da documentação

referida apresenta-se como um dos maiores desa�os, devido à complexidade

e diversidade de documentos. Para além disso, a integração da informação é

complicada pela existência de um vasto número de organizações de saúde que

se apresentam como fontes geradoras de informação de saúde do paciente.

Deve ter-se em conta o conteúdo da informação que, estando integrada no

sistema de RCE, deve ser o mais completa possível, abrangendo os dados

demográ�cos, documentos externos (companhias de seguros de saúde), re-

latórios clínicos, eventos históricos de saúde considerados importantes (por

exemplo, cirurgias prévias), alergias a medicamentos, e outros dados sem-

pre num formato estruturado devidamente normalizado. Ter informações de

saúde do paciente numa base de dados estruturada é fundamental para um

pedido de apoio à decisão ser e�caz. Por exemplo, saber alergias do paciente,

fornece informações importantes sobre possíveis reações adversas a muitas

classes de drogas. Contudo, essa vertente de apoio à decisão tem tido um

desenvolvimento mais lento, pois é difícil reunir grandes grupos de médicos

para chegar a acordo sobre regimes padronizados de atendimento. Um re-

36 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

gisto completo, centrado no paciente, portanto, requer a interoperabilidade

num sistema de RCE [48].

Apesar de tudo, a idiocracia das terminologias locais utilizadas para a identi-

�cação das variáveis clínicas, e os seus valores nos variados sistemas de saúde

fonte, representam o maior desa�o na integração dos RCEs pelos sistemas

desenvolvidos para tal. Atualmente, veri�cam-se já avanços na tentativa de

normalizar a informação e permitir a interoperabilidade semântica entre as

entidades. Os dados são enviados, geralmente, em formato HL7 que se apre-

senta como uma framework para troca, integração, partilha e recuperação

eletrónicas de informação médica [49]. Se não se veri�carem desvios a esta

norma, que prevê universalizar a linguagem médica, é eliminada a necessidade

de um conversor entre o código do sistema fonte e o código recetor do RCE.

Esta conversão é, muitas vezes, conseguida através da interface da base de

dados [35]. Existem já vários sistemas de codi�cação médica desenvolvidos,

tas como os que foram indicados na secção 1.1.7 anterior. Por outro lado,

a acessibilidade dos dados refere-se à propriedade dos dados registados. Es-

tes, podem ser acedidos e utilizados sob a demanda de entidades autorizadas

para o efeito [47]. Neste campo, deve assegurar-se a privacidade dos dados

do RCE a ameaças internas e externas, identi�car os processos de trabalho, a

estrutura organizacional e a cultura da organização de saúde, de modo a gerir

o controlo de acesso ao sistema de RCE. A política de segurança da infor-

mação deve ser personalizada, tendo por base a estrutura organizacional, o

comportamento dos funcionários, as expectativas dos clientes e os potenciais

incidentes de segurança [45].

Para além dos referidos, existem outros atributos importantes, dos quais se

destacam a usabilidade (abordada no capitulo 3.1) e a �exibilidade, ou seja,

a capacidade do RCE suportar várias interações por parte do utilizador e

diferentes entradas e saídas de dados, de forma a conseguir ser transferido

para outras instituições de saúde. A performance do sistema que contém o

RCE irá de�nir o tempo útil de transferência das informações necessárias.

[33].

Para que a privacidade do paciente seja sempre mantida, devem ter-se em

atenção as seguintes realidades:[50]

2.1. PROCESSO CLÍNICO 37

• Cada paciente deve ser capaz de expressar as políticas de privacidade

vinculativas sobre o �uxo de informações relacionadas a si.

• Os pacientes devem ser capazes de veri�car se o acordado político de

privacidade tem sido cumprido. No caso de ser identi�cado um �uxo

de informação não desejada, o utente deve ser capaz de identi�car a

origem de dados ou o seu vazamento.

• As informações obtidas, que interligam os diferentes �uxos de dados

médicos, são insu�ciente para estabelecer per�s de ou adquirir novos

conhecimentos sobre os pacientes.

A adoção de RCE implica um esforço intensivo por parte dos pro�ssionais

de saúde e em termos dos recursos que as entidades de saúde têm ao seu

dispor. Contudo, há pressões externas para acelerar o processo de adoção

que estão ligadas à remuneração �nanceira. A maior preocupação por parte

das entidades de saúde na adoção dos sistemas de RCE é se este será uma

contribuição bené�ca ao aumento da produtividade. Contudo, não deve ser

esquecida esta oportunidade de reduzir os erros que advém dos manuscritos

médicos e a redução do número de diagnósticos desnecessários [48]. A secção

2.1.2, que se encontra a seguir, explora mais profundamente as vantagens e

desvantagens implicadas nesta mudança.

RCP vs RCE: Vantagens e Desvantagens

O RCP gera grandes volumes de documentação que requerem uma grande

área para o seu arquivo [51] [46]. Torna-se, portanto, complicado organizar

e armazenar devidamente tanta informação, uma vez que é necessária uma

multicidade de pastas de arquivo. Com vista a selecionar a informação mais

conveniente e a reduzir a quantidade de papel armazenado, a informação

é categorizada em dois tipos: ativa e inativa [46]; e o armazenamento da

mesma varia consoante essa categorização. Os registos categorizam-se ativos

no caso de não terem mais que três a cinco anos, e são armazenados em locais

de acesso mais conveniente. Caso contrário, os registos são classi�cados de

inativos e armazenados separadamente. Ou seja, a pesquisa por um RCP vai

38 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

ser sempre mais di�cultada e demorada. Mesmo na informação considerada

ativa e respeitante a um único paciente, existe uma forte possibilidade da

mesma se encontrar registada em folhas de papel armazenadas em diferentes

compartimentos. Este facto, impossibilita uma localização rápida dos regis-

tos e não permite o acesso a informação de saúde completa. As informações

podem tornar-se difíceis de recuperar, por extravio de partes integrantes ou

até por danos que tornam a informação manuscrita ilegível devido à fragi-

lidade do papel, quando armazenado durante muito tempo [51] [28]. Para

além de disso, a ausência de um padrão de registo contribui para uma maior

di�culdade de análise do seu conteúdo [51] [28]. Consequentemente, surge

a necessidade de transação para o RCE [46]. Contudo, o conforto e fami-

liaridade, sentido pela maior parte dos pro�ssionais de saúde, no manuseio

de registos no formato em papel, a liberdade no registo de informação, a

portabilidade dos RCP e o baixo custo de implementação, são fatores que

di�cultam a mudança necessária para a implementação do RCE. Para além

disso, a necessidade de formações regulares, por parte de pro�ssionais es-

pecializados, que fomentem a aprendizagem dos pro�ssionais, é um entrave

acrescido a esta implementação. É necessária uma mudança comportamental

e cultural que facilite a transição para RCEs[51] [28].

O custo associado à implementação dos sistemas de RCE, devido ao grande

investimento em hardware e software que esta implica, por forma a atualizar

os sistemas e redes já existentes, apresenta-se como um grande obstáculo a

esta mudança [28] [34]. Apesar disso, existem já incentivos �nanceiros para

que a implementação se inicie. Nos EUA, existem laboratórios e hospitais

que �nanciam mais de 85% dos custos de implementação de um software de

RCE, e os custos de formação de pessoal e de instalação de interfaces de

rede de conetividade [52]. As vantagens de tal implementação, são senti-

das a longo prazo, sendo que esta demora na veri�cação dos resultados do

investimento, não se apresenta um fator incentivador para quem pretende

resultados de crescimento económico mais rápidos [28]. Nos custos associa-

dos estão incluídos investimentos na formação dos pro�ssionais de saúde e

gastos associados ao tratamento de falhas de hardware e software especiali-

zado. Salienta-se, ainda, a necessidade de motivar os pro�ssionais de saúde,

2.1. PROCESSO CLÍNICO 39

até então, habituados ao manuseio do papel, para dominar a nova tecnologia

[51]. A demora, devido à inexperiência dos pro�ssionais, no preenchimento

dos dados, que se tornam, desta forma, campos de preenchimento obrigató-

rio, é também apontada como um fator que contribui para esta mudança no

registo clínico, na medida em que acarreta a diminuição do tempo dispensado

aos pacientes. Existe ainda quem defenda que o registo de dados clínicos é

muito heterogéneo para ser padronizado em campos de dados estruturados e

introduzidos em sistemas tradicionais de informação.

Atualmente, a utilização paralela dos registos em papel e eletrónicos podem

trazer inconsistências na informação médica [28]. Para que não se mantenha

esta situação os obstáculos são dignos de superação. Os RCEs oferecem a

oportunidade de um acesso de maior qualidade às entidades de saúde, e às

informações dos pacientes e dos pro�ssionais. O potencial para racionali-

zar os serviços e padronizar diretrizes clínicas, para proporcionar um melhor

custo e atendimento e�caz de saúde, para os indivíduos e a sociedade como

um todo, é um resultado pelo qual vale a pena lutar[51].

Com vista a uma implementação dos sistemas de RCE de qualidade devem

ainda ser revistas questões legais, tais como a inconsistência das leis de li-

cenciamento para os vários hospitais e entidades de saúde, com vista a uma

uniformização que facilite o desenvolvimento e integração de novos sistemas.

Para além disso, é necessário não só uma clari�cação das leis sobre a pro-

priedade, responsabilidade e controle de registos e dados, que se apresentam

um pouco ambíguas, mas também urge um reforço das leis relativas à con-

�dencialidade dos registros computadorizados [51]. Uma abordagem mais

aprofundada acerca da legislação, aplicada aos registos clínicos é realizada

na secção 2.1.3 que se apresenta, mais adiante, nesta dissertação.

O ambiente digital criado pelo RCE apresenta-se como um meio de registo,

que fornece ferramentas de apoio à decisão, administração, captura, armaze-

namento e ao processamento das informações do paciente, bene�ciando em

grande escala, a continuidade dos cuidados de saúde prestados. Deste modo,

obtém-se inúmeras vantagens para os pro�ssionais de saúde, para os pacien-

tes e para os investigadores da área da saúde, sendo permitida a elaboração

de um plano de intervenção adequado às necessidades identi�cadas e a atu-

40 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

alização dos dados é facilitada. [51] [34] [28].

O efeito desta mudança nos registos clínicos tem um peso, ainda maior, para

os pro�ssionais que trabalham com o arquivo [28]. Com a informação arma-

zenada de forma eletrónica numa base de dados, não é necessário arranjar

um espaço de armazenamento alternativo para os registos inativos, os registos

apresentam-se todos na mesma base de dados de forma completa, consistente,

atualizada e padronizada. Deste modo, estão igualmente acedíveis indepen-

dentemente dessa classi�cação [51] [28]. Para além da melhoria no acesso,

isto resulta numa manutenção dos dados mais facilitada, dado que estes não

se encontram em papel, não estão tao suscetíveis a deteriorações [46]. O

maior potencial do RCE é facilitar a partilha de informações de saúde, num

formato eletrónico padronizado, possibilitando a interoperação entre as infor-

mações disponibilizados para os hospitais, clínicas, saúde pública e serviços

sociais [34].

Tanto a duplicação de testes diagnósticos, como o pedido de exames desneces-

sários podem ser evitados, adotando-se uma melhor gestão da informação na

saúde. Cerca de 20%, ou mesmo mais, dos pedidos laboratoriais e hospitala-

res são duplicações desnecessárias ou requisições inapropriadas, que podiam

ser evitadas. Em 2008, foi estimado que 5% do Produto Interno Bruto (PIB)

dos EUA, ou seja cerca de 700 mil milhões de dólares, são destinados a testes

e procedimentos que não contribuem para a melhoria dos cuidados de saúde.

Sendo que, a fatia orçamental destinada aos cuidados de saúde é estimada

em 17% do PIB, cerca de 30% do total destinado à saúde não contribui para

uma melhoria dos seus resultados [48].

Promove-se, assim, a mobilidade dos registos e a melhoria da qualidade da

prestação de cuidados. A padronização dos dados e a pré plani�cação da

estrutura dos formulários de preenchimento médico favorecem a diminuição

de dados redundantes. Para além disso, promove-se a clareza dos registos e

elimina-se as entradas múltiplas de dados, evitando-se a realização de exa-

mes repetidos e o registo de dados em duplicado [51][46][28]. Nesta medida,

assiste-se a uma redução de custos, com a eliminação de exames que não

seriam necessários. A diminuição da quantidade de papel produzida nos

serviços contribui, também, para uma redução dos gastos, uma vez que as

2.1. PROCESSO CLÍNICO 41

ferramentas associadas a um RCE ideal permitem a prescrição eletrónica de

medicamentos e de MCDTs, cujas imagens não têm necessariamente que ser

impressas. Destaca-se também a possibilidade de gerar relatórios eletróni-

cos, que apresenta uma elaboração mais rápida e fácil do que os relatórios

manuscritos, sendo que são obviamente são mais percetíveis e claros.

Um estudo, realizado pela Comunidade Europeia em 2007, concluiu que as

ferramentas associadas ao RCE (como a prescrição eletrónica) podem con-

tribuir para o aumento da segurança do paciente em três aspetos:

• Permitem intervenção rápida;

• Permitem investigar eventos;

• Ajudam a evitar erros médicos e a reduzir a ocorrência de incidentes

adversos.

Um estudo que data de 2008, que analisou o historial clínico de 87 pacientes,

comprovou que 100% já tinha recebido medicação, cuja interação com ou-

tros medicamentos que administrava poderia ser perigosa. O mesmo estudo,

indica que 17% já tinha estado nas urgências devido a interações medicamen-

tosas prejudiciais [53]. Esta situação corrobora um registo de má qualidade,

devido a uma recolha de�ciente de toda a história clínica passada e atual do

paciente. O RCE contorna esta situação. na medida em que, ao padronizar

a informação a ser preenchida, reduz signi�cativamente o risco de erros ad-

vindos da falta de informação, indispensável ao pro�ssional no momento e

no local da decisão clínica [38].

Podem até ser criados sistemas de alerta para auxiliar no preenchimento cor-

reto dos dados. Veri�ca-se então um processamento mais contínuo dos dados,

o que leva a uma organização mais sistemática da informação [53].

O registo em papel está longe de ser seguro, comprometendo a con�denciali-

dade e privacidade dos registos, quando estes são armazenados em locais cujas

portas �cam, temporariamente, abertas. Nestas situações não é possível um

controlo completo do acesso, nem um registo de quem consulta ou modi�ca os

dados [51]. A possibilidade de criar uma palavra passe, que impeça o acesso

de estranhos à informação, aumenta a segurança dos RCE. Adicionalmente,

42 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

o conteúdo da informação visível pode ser adaptado consoante a pessoa que

lhe acede. Entre as várias sugestões para aumentar a privacidade e segurança

dos registos eletrónicos, encontram-se a alteração periódica da palavra passe,

o fecho da sessão ao �m de um período de inatividade por parte do utiliza-

dor e o registo do log in dos utilizadores no sistema. Esta última medida,

permite, ao paciente, conhecer a lista de pro�ssionais que acederam ao seu

registo clínico ou que �zeram alterações no mesmo [51].

O apoio á decisão clínica apresenta-se mais e�ciente quando efetuado no de-

correr da avaliação médica executada no momento da recolha e registo dos

dados por parte do pro�ssional de saúde [35]. O RCE vem permitir vantagens

neste contexto, disponibilizando os dados em tempo útil para as tomasdas

de decisão. O tempo de acesso aos registos é reduzido para, segundo a lite-

ratura, aproximadamente 1 minuto ao invés dos 30 minutos estimados para

aceder a um RCP. Nesta estimativa tem que estar incluído o tempo para

encontrar um RCP no arquivo. Os exames de laboratório, e outros resultados

médicos, �cam acessíveis aos pro�ssionais assim que existam resultados dis-

poníveis. Deste modo, a prestação dos cuidados é otimizada, em termos da

gestão temporal, na medida em que é evitado o atraso que descorre quando

se aguarda pelo resultado dos exames [51]. Existem sistemas eletrónicos de-

senvolvidos com o intuito de sugerir o diagnóstico mais provável, segundo

os dados introduzidos no RCE. Em Portugal, cerca de 60% dos hospitais

utilizam sistemas de suporte à decisão clínica [38].

Os RCEs também permitem o desenvolvimento e o acesso a bibliotecas de

saúde eletrónicas. para manter os pro�ssionais de saúde atualizados com a

mais recente pesquisa clínica, de forma a fomentar a pesquisa cientí�ca ba-

seada em dados atualizados. Para além disso, são informativos na avaliação

do estado das unidades de saúde em termos da criação de indicadores admi-

nistrativos, assistenciais e gerenciais [28]. Os dados que se extraem, a partir

do registo eletrónico, podem ser bastante úteis para elaborar indicadores

da satisfação do paciente ou da qualidade do trabalho desempenhado pelos

pro�ssionais de saúde [51]. Desta forma, contribuem para um melhor plane-

amento estratégico do desenvolvimento clínico de caminhos, visando aquilo

que pode ser eliminado e o que deve ser revisto, com o intuito de aumentar

2.1. PROCESSO CLÍNICO 43

a qualidade dos serviços prestados [51] [34].

Um estudo realizado , entre 2009 e 2011, na Austrália entrevistou 110 pro-

�ssionais de saúde de 9 lares de idosos com o intuito de resumir os maiores

benefícios resultantes da implementação do RCE. Mais de metade dos pro-

�ssionais de saúde (58%) considera que o maior benefício do RCE é permitir

uma organização rápida dos documentos. No �nal da lista de benefícios, com

apenas 18%, refere-se o facto da implementação do RCE e das ferramentas

associadas funcionarem como uma motivação para os pro�ssionais de saúde

para adquirir novos conhecimentos. A Figura 2.6 representa o grá�co com os

benefícios apontados pelos pro�ssionais [54].

Figura 2.6: Bene�cios resultantes da implementação do RCE [54].

2.1.3 Legislação aplicável aos registos clínicos

A substituição progressiva do modelo centrado no médico, por um mo-

delo centrado na pessoa, tem sido responsável por uma nova visão sobre o PC

[55]. A informação de saúde que se encontra materializada no PC, de entre

a qual se destacam os dados clínicos registados, os resultados de análises e

outros exames subsidiários, as intervenções e diagnósticos, são propriedade

do cidadão a que se referem [56]. Cada vez mais, é reconhecido o direito das

pessoas à sua informação de saúde, e vários modelos de partilha do PC têm

44 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

surgido, sendo que as unidades de saúde do sistema de saúde são, segundo

a legislação em vigor, os depositários da informação. Encontra-se legislado,

também, que a informação contida no PC não pode ser utilizada para outros

�ns que não os da prestação de cuidados e a investigação em saúde [56] [57]

[55].

Apesar das leis existentes, em cada país, sobre a partilha do PC, subsistem

con�itos entre as várias partes envolvidas nesta questão, nomeadamente os

pacientes, os seus familiares, os pro�ssionais de saúde e as instituições de

saúde [55].

É reservado ao titular da informação registada, em ambiente clínico, tanto

público como privado, o direito de ter conhecimento de todo o PC que lhe

diga respeito. Todavia, a lei mantém uma exceção, na medida em que o

acesso pode ser negado, caso a informação seja prejudicial ao paciente e isso

seja, inequivocamente, comprovado. O acesso a essa informação pode ser

feito por terceiros desde que com o consentimento do titular da mesma [21]

[57]. Em Portugal, atualmente, os pacientes têm consagrado na lei o direito

de aceder diretamente à totalidade dos seus PCs (excetuando-se as situações

de privilégio terapêutico), sem ser necessária a mediação por um médico, ou

qualquer justi�cação para o pedido de acesso. Contudo, contrapondo esta

política, tem vindo a assistir-se a diversas publicações que defendem a pro-

priedade individual do registo dos médicos [55]. Mas se por um lado for

concedido aos médicos o direito à privacidade das anotações subjetivas, está-

se também a privar os doentes de informações relevantes sobre o seu estado

de saúde. Se se mantiver a vontade de acesso total à informação clínica por

parte dos pacientes e uma vontade por parte dos médicos de manter ano-

tações pessoais e mais subjetivas privadas, os RCs poderão tornar-se cada

vez mais documentos desprovidos de comentários subjetivos ou termos que

possam desagradar ao doente, os quais são por vezes úteis na prática clínica.

[55].

A questão da preservação do sigilo em tudo o que reporte ao utente, sejam

eles relativos a dados contidos no seu processo ou qualquer outra informa-

ção recolhida, por outrem, no decurso do seu processo de tratamento ou no

mesmo implicado, deve estar assumida por todos os que, de alguma forma,

2.2. AIDA 45

possam ter, direta ou indiretamente, acesso a essa informação. No que ao

tratamento da informação diz respeito, deve ser sempre mantida a proteção

da sua con�dencialidade, sendo que, para isso, é necessário incentivar a um

reforço do dever de sigilo e da educação deontológica de todos os pro�ssionais

de saúde [56]. Ambos os registos, eletrónico e em papel, devem zelar pela

manutenção da privacidade dessa informação. De facto, a preservação do

sigilo pro�ssional é um direito do cliente, um dever do pro�ssional de saúde

e, tal facto, deve abranger toda a equipa multidisciplinar [56] [57].

Atualmente, em Portugal, não existe, por parte dos pacientes, o hábito de

consultarem o seu registo clínico. Para além disso, o facto de a informação

clínica se encontrar, geralmente, dispersa por várias entidades de saúde, im-

possibilita o acesso do médico ao conjunto de todas as informações clínicas.

No caso de se inverter esta situação, é, ainda, importante considerar a faci-

lidade ou di�culdade dos pacientes em compreender a informação registada

no PC, uma vez que os benefícios da sua partilha apenas serão maximizados

no caso de as pessoas conseguirem perceber aquilo que foi escrito sobre elas.

Para que a informação contida nos registos seja percetível, deve fomentar-se

um registo isento de abreviaturas médicas, ou em que a utilização destas seja

reduzida ao máximo. A implementação de um glossário de termos médicos

pode auxiliar.

De qualquer forma, a disponibilidade da informação clínica não implica que

os pacientes sejam forçados a olhar para ela, mas permite estimular a res-

ponsabilização, tanto dos pacientes como dos médicos, acerca do plano de

cuidados que é estabelecido em cada contato.

2.2 AIDA

Tal como já foi referido, as unidades de saúde são, computacionalmente,

representadas por um conjunto heterogéneo de aplicações que utilizam várias

linguagens e são personalizadas por diferentes clientes. Assim, urge a necessi-

dade de uma plataforma de comunicação entre sistemas de informação que se

constitua prática e efetiva tendo em consideração a qualidade da informação.

Na última década, veri�cou-se um aumento da importância dos SIS, e um

46 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

consequente crescimento da sua qualidade e quantidade. Isto implicou um

aumento da informação individual que é registada. Com essa sobrecarga de

informação, é necessário inferir que informação é relevante para ser registada

no sistema de RCE. Para além disso, importa que os sistemas de apoio à

decisão permitam o raciocínio sobre conhecimento incerto, incompleto e am-

bíguo [18].

Para construir sistemas funcionais e e�cazes, em ambientes reais de saúde, a

infraestrutura deve atender a uma série de requisitos básicos respeitantes à

segurança, con�abilidade e escala. Para que estas necessidades sejam colma-

tadas de forma e�ciente, mostra-se indispensável que tais iniciativas sejam

inseridas num contexto comum, em que seja seguido um conjunto de regras,

normas e princípios orientadores, de forma a garantir que todos os participan-

tes possuam o mesmo suporte e base de entendimento comum a nível técnico,

processual e de negócio. Com o acesso a bases de dados clínicas, a tecnolo-

gia com agentes pode fornecer respostas de qualidade para aqueles que dão

assistência aos pacientes. Contudo, veri�ca-se que as comunicações são, por

vezes, limitadas pela idade das infraestruturas e os novos projetos colidem

com restrições �nanceiras e atrasos burocráticos. Desta forma, �ca impos-

sibilitada a homogeneidade dos sistemas clínicos, médicos e administrativos,

devido a essas restrições �nanceiras e técnicas, bem como necessidades fun-

cionais. A solução passa por integrar, difundir e arquivar essas informações

sob uma estrutura dinâmica, a �m de partilhar esse conhecimento com cada

sistema de informação[16] [18]. Deste modo, ao impor suportes tecnológicos

que visam fomentar a utilização de um conjunto regras, padrões e normas

que permitam a e�caz e real utilização e reutilização de serviços eletrónicos

pelos atuais SIS, implementando uma verdadeira SOA, o orquestrador cen-

tral designado por Agência de Interoperação para Difusão e Arquivo (AIDA)

visa proporcionar um método fácil e integrado de disponibilização de serviços

eletrónicos transversais, tornando-se uma peça fundamental neste processo

e trazendo para a saúde novas metodologias para resolução de problemas e

para representação do conhecimento, modelos computacionais, tecnologias e

ferramentas, que permitirão inteligência ambiental ou práticas baseadas em

computação ubíqua nos serviços de saúde. Esta plataforma, criada pelo

2.2. AIDA 47

Grupo de Inteligência Arti�cial (GIA) da Universidade do Minho, é baseada

num conceito de disponibilização de serviços partilhados entre diversas en-

tidades de saúde, com o intuito de simpli�car a integração entre os vários

participantes [16].

Desta forma, a AIDA, sendo apresentada como uma agência que fornece agen-

tes eletrónicos inteligentes, apresenta-se pró-ativa e responsável por tarefas,

tais como a comunicação com os sistemas heterogéneos, o envio e receção de

informações (relatórios médicos ou clínicos, imagens, compilações de dados,

prescrições), gestão e economia da informação e o fornecimento de respos-

tas a pedidos, com os recursos necessários para a sua correta realização em

tempo real. A AIDA também suporta serviços baseados na web para facili-

tar o acesso direto aos serviços de informação e comunicação de�nidos por

terceiros, ou seja, a construção da AIDA segue a aceitação da simplicidade, a

conferência do cumprimento dos objetivos comuns e o endereçamento de res-

ponsabilidades. O objetivo principal é integrar, difundir e arquivar grandes

conjuntos de informações de fontes heterogêneas (ou seja, os departamentos,

serviços, unidades, computadores, equipamentos médicos), o que se torna

crucial na implementação e funcionamento de um SIS. As suas capacida-

des permitem a comunicação entre os diferentes sistemas outrora isolados,

evitando a centralização e disseminação de conexões que podem restringir o

crescimento da infraestrutura associada ao HIS. Um repositório de conheci-

mento global como a AIDA, também fornece a independência da instituição

de saúde relativamente aos prestadores de serviços externos e às aplicações

legadas. Para além disso, esta plataforma fornece ferramentas, a �m de im-

plementar a comunicação com os seres humanos ao fornecer, tal como já

referido, serviços baseados na web. De acordo com estes pressupostos, tal

como mostra a Figura 2.7, um Sistema de Informação Médica será abordado

nos seguintes termos: [58],[16],[59]

• Sistema de Informação Administrativa (AIS), que pretende represen-

tar, gerenciar e arquivar as informações administrativas durante um

episódio (um episódio é uma coleção de todas as operações atribuídas

ao paciente desde o início do tratamento, até sua extremidade);

48 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

• Sistema de Informação de apoio médico (MIS), que pretende represen-

tar, gerir e arquivar a informação clínica durante o episódio;

• Sistema de Informação de Apoio de Enfermagem (NIS), que pretende

representar, gerir e arquivar a informação em enfermagem durante o

episódio;

• Sistema de Informação RCE;

• Departamento de Sistemas de Informação (DIS) de todos os depar-

tamentos e serviços, em especial dos laboratórios (Labs), Radiology

Information System (RIS) e Picture Archiving and Communication

System (PACS), que funciona com imagens num formato padrão, o

Digital Imaging and Communications in Medicine (DICOM).

Este sistema é já uma realidade em alguns dos principais hospitais portugue-

ses destacando-se o Centro Hospitalar do Porto, Centro Hospitalar do Alto

Ave, Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa e a Unidade Local de Saúde do

Norte Alentejano [60].

Figura 2.7: Arquitetura da plataforma AIDA

2.2.1 Agentes

Os SIS têm de ser entendidos em termos de uma ampla variedade de siste-

mas heterogéneos, distribuídos e ubíquos, comunicando através de diferentes

2.2. AIDA 49

linguagens, integrando equipamentos médicos e personalizados por diferentes

entidades, que por sua vez foram criadas com o intuito de cumprir objetivos

diferentes. Por outro lado, os SIS têm sido, desde há alguns anos, um domí-

nio muito atraente para os investigadores de ciência da computação, tendo

em conta o grande potencial de integração e automação de informações que

os mesmos possuem. Neste contexto, esta característica torna-os favoráveis

à utilização de agentes. Um agente é um objeto autocontido, interativo e

ao mesmo tempo executante, que possui um estado interno e capacidade de

comunicação. Os agentes das unidades de saúde con�guram aplicações que

armazenam informações sobre os ativos da organização. Uma vez que as

informações são armazenadas, podem ser enviadas diretamente a outras en-

tidades (por exemplo, um médico) ou a um servidor, guardadas num arquivo

ou num e-mail para alguém, tendo em vista ao seu tratamento numa data

posterior [59].

Embora não haja uma de�nição, universalmente, aceite do conceito agente,

este deve ser entendido como um artefacto de computação, sendo usado em

dispositivos de hardware ou software, que exibem as seguintes propriedades:[59]

• Autonomia: têm a capacidade de agir sem a direta intervenção dos seus

pares, ou seja, os seres humanos;

• Reatividade: estão situadas num ambiente que pode perceber através

de sensores e agir em reação a estímulos;

• Pró-atividade: capacidades inteligentes de resolução de problemas (por

exemplo, planeamento das atividades, a �m de alcançar a curto ou a

longo prazo objetivos)

• O comportamento social: podem cooperar para atingir objetivos con-

juntos ou individuais, o que signi�ca que deve ter a capacidade de

negociar com outros agentes ou para realizar seus próprios objetivos ou

planos conjuntos para alcançar os comuns.

Um agente deve ser capaz de gerir o seu conhecimento, planear, receber

informações ou instruções, ou reagir a estímulos do ambiente. Os agentes

50 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

podem comunicar com outros agentes, compartilhar conhecimentos e crenças,

e responder a outros agentes, mediante solicitação. Podem colaborar para o

diagnóstico de erros ou falhas de informação nas suas bases de conhecimento,

e efetuar partilha de recursos, evitando interferências indesejáveis ou juntar

esforços no sentido de rever as bases de seu próprio conhecimento e de seus

pares, a �m de alcançar objetivos comuns [59].

2.2.2 Arquitetura em termos de agentes

Grande parte dos sistemas complexos são feitos de subsistemas especiali-

zados que são entendidos como agentes inteligentes que interagem de forma

�exível, e, desta forma, a inteligência de um tal sistema como um todo re-

sulta das interações entre todos os componentes do sistema.

Assim, a arquitetura AIDA é, neste contexto, dada em termos de: [59]

• Agentes de proxy (do inglês Proxy Agent (PA)): fornecem as pontes

entre os utilizadores e o sistema em termos de perguntas que podem

ser formuladas, as explicações que podem ser necessárias, decisões que

têm de ser tomadas e / ou vista dos resultados �nais. As interfaces

dos sistemas são baseadas em web-related front-ends que podem ser

acedidos através de um navegador web padrão;

• Agentes de decisão (do inglês Dicision Agent (DA)): apresentam capa-

cidades de mediação; agem aceitando uma tarefa de PAs. Eles podem

decompô-la em sub-tarefas, enviá-las para serem processadas nos agen-

tes de computação (CAs), integrando mais tarde os resultados;

• Agentes de computação (do inglês Computing Agent (CA)s): aceitam

pedidos de tarefas especí�cas do DAs, retornando os resultados;

• Agentes de recursos (do inglês Resources Agent (RA)): apresentam

todo o conhecimento necessário para aceder a um recurso de dados

especí�co;

• Agentes de interação e explicação (IEAs): atuam com base em proces-

sos argumentativos que são alimentados com dados e ou conhecimentos

2.2. AIDA 51

provenientes tanto dos PAs como dos DA.

Tais agentes con�guram um Sistema Multi-Agentes (do inglês Multi Agent

System (MAS)) puramente comunicativo, ou seja, não há nenhuma in�uência

externa do ambiente e os agentes comunicam somente através de mensagens.

2.2.3 Arquitetura de integração

A AIDA é implementada com base numa SOA. Esta arquitetura, tem

como objetivo contribuir para a independência completa entre unidades. Ou

seja, o núcleo SOA tem como princípio fundamental a divisão de problemas

complexos em simples e modulares. Desta forma, esta metodologia procura

distintas áreas de automação de lógica, a �m de disponibilizar um serviço

constituinte de um serviço mais amplo e mais complexo. Deste modo, �ca

assegurado que cada uma das unidades constituintes pode ser substituída

por qualquer outra unidade, que realize o mesmo serviço, sem ser necessá-

ria preocupação com os restantes serviços. Embora, à primeira vista possa

ser extremamente semelhante à arquitetura distribuída a diferença é que a

arquitetura SOA não se veri�ca dependência entre as unidades distribuídas

distintas [16].

De modo a potenciar a utilização da capacidade de modelação de processos

nos sistemas de integração, as arquiteturas SOA de�nem um conjunto de

melhores práticas neste âmbito. Estas, colocam a prestação de serviços no

centro, dando destaque à gestão de serviços e à entidade a servir, ou seja,

dando destaque ao negócio e não à tecnologia [17]. Não existe uma tecnologia

especí�ca que se ligue ao conceito da arquitetura SOA, esta pode ser baseada

em web-services, agentes ou qualquer outra tecnologia que siga as suas regras

básicas. Através do paradigma SOA, e seguindo o que já anteriormente se

referiu, um sistema não estará dependente das suas unidades centrais. Isso

signi�ca que os serviços podem ser facilmente substituídos por outros que

oferecem os mesmos serviços, permitindo modularidade, escalabilidade e in-

dependência para as infraestruturas que usam esta arquitetura [16].

Neste tipo de arquiteturas as aplicações expõem funcionalidades como servi-

ços que podem ser acedidos por uma outra aplicação, interna ou externa à

52 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

organização. Os serviços disponibilizados devem ser utilizados como compo-

nentes para a criação de novas aplicações e serviços, facilitando a criação e

alteração de serviços e processos. Para tal os mesmos devem ser publicados

num repositório comum e acessível, permitindo obter a descrição e a de�nição

do serviço, assim como o local onde o mesmo se encontra disponível. Esta

visão adotada por Portugal está alinhada com a visão Europeia de Interope-

rabilidade, expressa na Framework de Interoperabilidade Europeia (do inglês

European Interoperability Framework (EIF))[17].

A agência AIDA é composta conceitualmente por 9 subsistemas baseados em

agentes: [60]

• AIDA- Radiology Information System (RIS) - Sistema de Informação

Radiológica;

• AIDA-Medical Information System (MEIS) � Sistema de Informação

Médica (que contém os exames);

• AIDA-Laboratory Information System (LIS) - Sistema de Informação

Laboratórios;

• AIDA-Information System Management (ISM) � Sistema de Informa-

ções de monitorização (por exemplo, sinais vitais de monitorização);

• AIDA-Patient Relation Management (PRM) � Gestão de relação de

Pacientes (incluindo a comunicação usando SMS);

• AIDA-Management Organization Relation (MOR) - Organização e Ges-

tão do Trabalho (Incluindo agenda, programação, planeamento de re-

cursos de Saúde);

• AIDA-Electronic Health Record (EHR)- Sistema de Registo Clínico

Eletrónico (Gestão de Registos);

• AIDA-Health Level Seven (HL7) - Interoperação de Sistemas;

• AIDA-Service-oriented architecture (SOA) - Arquitetura Orientada a

Serviços, onde os dados da organização (por exemplo, os dados do

paciente) são armazenados e geridos.;

2.2. AIDA 53

Todas as interfaces do sistema são user-friendly e de baixo custo baseadas

em web. Utilizam ferramentas freeware ou pacotes de software já licenciados

pelo Ministério da Saúde Português (Oracle Sistemas de Gestão de Bases

de Dados Relacional (RDBMS)). A intranet foi implementada utilizando

computadores com sistema operacional Linux. Já a comunicação entre os

agentes é especi�cada através da de�nição de transporte (processo que per-

mite que uma mensagem seja enviada ou recebida), a língua (signi�cado de

uma mensagem), a ontologia (estrutura de conversação) e arquitetura (liga-

ções do sistema de acordo com os protocolos apresentados) [19]. Os nove

subsistemas supramencionados encontram-se representados na Figura 2.8, e

comunicam entre si através da utilização de serviços da Web, utilizando o

protocolo de troca de mensagens HL7 ou mensagens baseadas em Extensible

Markup Language (XML) [60]. O HL7 desempenha um papel essencial na

ampliação da interoperabilidade para o desenvolvimento do intercâmbio de

informações de saúde, na padronização de estruturas de documentos XML

médicos e na especi�cação de de�nições de vocabulário robusto para a utiliza-

ção de mensagens clínicas. Para além disso, utiliza-se o HL7 nos documentos

de normalização, tais como o SNOMED, permitindo especi�cações funcionais

para o RCE. Deste modo, o HL7 é uma comunidade internacional de especi-

alistas, no assunto de saúde e cientistas da informação, que colaboram para

criar padrões para a troca, gerência e integração das informações eletrónicas

de saúde, promovendo o uso de tais normas dentro e entre as organizações

de saúde, para aumentar a e�cácia e a e�ciência da prestação de cuidados de

saúde para o benefício de todos. Desta forma, a mensagem é enviada por um

agente de troca de mensagens que constitui fórmulas bem formadas da lin-

guagem de comunicação, realizando atos ou ações comunicativas e que, neste

caso, comunica por XML [59]. A utilização do XML concede a maleabili-

dade necessária para adaptar a con�guração do repositório de acordo com as

necessidades especí�cas da instituição, serviço ou provedor externo. Os rela-

tórios clínicos e outras informações recolhidas pela plataforma são, portanto,

estruturadas e processadas neste repositório, sendo desta forma validada a

informação existente. A presença de informação e de conhecimento global do

repositório, que é orientado para toda a instituição de cuidados de saúde, que

54 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

têm a capacidade de extensão para se adaptar à heterogeneidade do seu am-

biente, é uma importante ferramenta para a validação da informação. Para

este efeito, a plataforma AIDA utiliza uma base de dados Oracle, e estrutura

e gere a maioria da informação clínica num XML muito compacto e bem

estruturado [16].

De acordo com a ontologia, a mensagem é processada, integrada e arquivada

em grandes bases de dados. A ontologia é de�nida pelos administradores e

pode ser gerida, utilizando ferramentas web e SNOMED. A rede de saúde é

utilizada para o transporte físico [19].

Figura 2.8: Subsistemas da plataforma AIDA

2.2.4 Base de dados

Os RDBMSs Oracle são amplamente utilizados por unidades de saúde,

para a manutenção de dados que documentam as operações diárias. As apli-

cações atualizam esses dados operacionais ou fazem transações. Os RDBMSs

foram otimizados para realizar, de forma con�ável e e�ciente, essas opera-

ções, normalmente chamadas de Aplicações de Processamento de Transações

Online (OLTP) (ou seja, as aplicações que suportam pequenas transações

efetuadas, simultaneamente, por diferentes utilizadores utilizando um pro-

cessamento cliente/servidor)[19]. Os dados atuais e históricos também têm

de ser, exaustivamente, analisados e explorados, identi�cando-se tendências

úteis e criando-se resumos, para apoiar a tomada de decisão. Estas operações

são conhecidas como aplicações de apoio à decisão. As unidades de saúde

2.2. AIDA 55

podem consolidar informações de vários bancos de dados num armazém de

dados, receber dados de muitas fontes heterogéneas num local ou realizar

uma consulta de�nida sobre várias tabelas. A utilização de um data wa-

rehouse possibilita a análise de grandes volumes de dados, dos OLTP. São

as chamadas séries históricas que possibilitam uma melhor análise de eventos

passados, oferecendo suporte às tomadas de decisões presentes e a previsão

de eventos futuros. Desta forma, os dados nele contidos não são voláteis logo

não sofrem alterações, salvo quando é necessário fazer correções de dados

previamente carregados. Os dados estão disponíveis somente para leitura

e não podem ser alterados o que assegura a correta manutenção de toda a

informação registada[19].

Importa discutir o carácter legal e ético quando se introduz comportamentos

inteligentes em sistemas de informação na área da saúde. O valor legal, ine-

rente à condição de saúde do ser humano, aumenta a dimensão de tudo o que

é executado neste âmbito. Desta forma, interessa saber até que ponto estará

um sistema MAS, que possui diferentes agentes inteligentes com autonomia

adaptativa, apto para defender individualmente ou por meio de cooperação

os interesses e objetivos individuais de cada um de nós. As limitações e com-

plicações, legais e éticas, associadas à introdução de agentes inteligentes tanto

em interoperabilidade como no apoio à decisão devem ser avaliadas para ga-

rantir um controlo adequado sobre os sistemas de saída. Será legal e ético

con�ar as funções vitais da unidade de saúde e a melhoria geral da qualidade

dos serviços, a agentes descritos como objetos inteligentes, autónomos e com

capacidade de interagir com o ambiente e evoluir, adquirindo novas metodo-

logias e informações para melhorar as suas qualidades e competências, com

vista a resolver diferentes problemas de acordo com as diferentes funções que

possuem? As consequências da perda ou adulteração de informações clínicas

ou a permissividade em relação a este tipo de ações, acarretam um valor ético

e moral imensurável[16].

Em contextos de grande dilema ético e legal, existem dúvidas acerca da capa-

cidade destes agentes na gestão e apoio à decisão médica dada a complexidade

que estas acarretam em determinadas situações [16].

56 CAPÍTULO 2. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR

Capítulo 3

Qualidade no RCE

3.1 Avaliação da qualidade dos sistemas de RCE

Atualmente, assiste-se a uma procura pela qualidade dos serviços, tendo

sempre como principal objetivo a satisfação do cliente. A particular aten-

ção prestada pelos pro�ssionais de saúde, políticos e utentes à questão da

qualidade na saúde, advém não só da presença de utentes, cada vez mais in-

formados, mas também do desenvolvimento da tecnologia aplicada à saúde,

e sempre orientada para aumentar o grau de satisfação dos utentes [61] [62].

Contudo, convém clari�car os conceitos de satisfação e qualidade. Enquanto

que a satisfação pode ser entendida como um processo cognitivo, que im-

plica uma ordem de causa efeito, e que se apresenta como uma resposta do

consumidor, à avaliação da descrepância entre as expectativas prévias e o

desempenho real do produto, a qualidade, sendo um termo muito subjetivo,

apresenta-se como uma perceção anterior a este processo. De acordo com a

Sociedade Americana da Qualidade, pode considerar-se com qualidade um

produto/serviço cujas características são capazes de satisfazer as necessidades

implícitas ou no caso deste não apresentar de�ciências [61].

3.1.1 Usabilidade

A usabilidade do software do produto tem-se tornado, recentemente, o

fator chave para a qualidade do mesmo [63].

57

58 CAPÍTULO 3. QUALIDADE NO RCE

A ciência da computação tem sido alvo de grande expansão, desde o início

de 1980, o que acarreta complicações naturais tais como a di�culdade, por

parte de utilizadores inexperientes, na utilização de tantas aplicações entre-

tanto desenvolvidas. Este facto, leva a que ocorra uma maior focalização na

avaliação do desenvolvimento de produtos baseada em testes de garantia e

no design do produto. Desta forma, surge o termo usabilidade, que ganha

uma importância vertiginosa à medida que aumenta o número de pessoas

que dependem de dispositivos técnicos para realizar tarefas. A usabilidade

de um sistema informático pode ser de�nida como uma qualidade inerente ao

sistema, que possibilita que os utilizadores o utilizem com satisfação, e�cácia

e e�ciência [64]. De facto, a adoção do RCE e a satisfação do utilizador estão

intimamente associados à usabilidade do sistema [65]. Ao contrário de muitas

indústrias, onde a usabilidade é a norma, em design de produto a prática de

usabilidade no RCE tem sido esporádica, não sistemática, casual e super�-

cial, em parte, devido à falta de estruturas especí�cas de RCE e da aplicação

de métodos que avaliem a usabilidade [66] . A avaliação da usabilidade de

um sistema informático consiste no juízo que se faz de um sistema, após a

sua utilização e é parte central na conceção de sistemas desenvolvidos com

�ns especí�cos. Para que a avaliação de usabilidade proporcione resultados

válidos e �dedignos, devem ser seguidos métodos apropriados (abordados na

secção 3.1.1). Estes auxiliam na identi�cação daquilo que está errado, para

que a aplicação possa ser melhorada. Quanto mais cedo esta avaliação for

feita, menos dispendioso será efetuar alterações [67].

De�nição e história da usabilidade

Até à década de 70, a população de utilizadores de computadores era

constituída por programadores ou analistas. Contudo, no início dos anos 80,

a ciência da computação deixou de ser exclusiva de cientistas e pro�ssionais

da área da tecnologia [68], e a expansão do mercado aplicacional da infor-

mática, originou um aumento substancial de utilizadores que não são peritos

na área nem se encontram, pro�ssionalmente, ligados a ela. Desta forma,

surgiram di�culdades na utilização de algumas aplicações para as quais estes

3.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE RCE 59

não estavam treinados. O foco da avaliação no desenvolvimento de produtos

passou de testes de garantia de produto para o design e desenvolvimento de

produto integrado. A importância da satisfação do utilizador e do design da

interface da aplicação tornou-se evidente, à medida que mais e mais pessoas

passaram a utilizar dispositivos técnicos para realizar as tarefas diárias do

seu trabalho e em casa [68]. Em meados dos anos 80, foi então adotado o

termo Interação Humano Computador (IHC) para designar a área de estudo

da conceção, avaliação e implementação de um sistema computacional inte-

rativo e dos principais fenómenos que lhe estão associados. Este campo é

interdisciplinar, a �gura 3.1 representa o conjunto de disciplinas que contri-

buem para o desenvolvimento da IHC.

Figura 3.1: Disciplinas que contribuem para a IHC.

Desde 1959, que Brian Shackel tentou de�nir o conceito de ergonomia

aplicada aos computadores. Entende-se por ergonomia o estudo que tem

como �nalidade adaptar os objetos e as tarefas às condições �siológicas e psi-

cológicas do homem. Da tentativa de de�nir a ergonomia, aplicada ao campo

das ciências dos computadores surge, lentamente, o termo usabilidade [69].

Desde o �nal da década de 80, têm sido apresentadas várias de�nições para o

conceito de usabilidade na área da IHC. Geralmente, a descrição deste con-

ceito tem em conta o contexto em que é aplicado, e a sua de�nição e medida

relacionam-se com con�gurações especí�cas. Tradicionalmente, a usabilidade

está associada com a IHC, enquanto a experiência do utilizador se emerge

60 CAPÍTULO 3. QUALIDADE NO RCE

como um novo conceito que enfatiza os aspetos emocionais resultantes da uti-

lização de um sistema. As de�nições amplamente citadas para a usabilidade

consideram, também, os aspetos da experiência do utilizador. No entanto, o

equívoco comum é pensar que a usabilidade se refere, exclusivamente, a pro-

dutos fáceis de usar [68]. De facto, a primeira de�nição de usabilidade surgiu

em 1971, e descreve este conceito com base na facilidade de utilização [69].

Nesta altura, quanto mais fácil de usar fosse um produto/sistema, maior su-

cesso seria alcançado pelos seus utilizadores. Shackel refere-se à usabilidade

como "a capacidade"de ser utilizado por humanos. A usabilidade também

tem sido sugerida como uma subcategoria de utilidade e acessibilidade de

um sistema. De acordo com Bevan, o objetivo da usabilidade é conseguir

qualidade de utilização, uma vez que se encontra na interação do utilizador

com o sistema [68].

Mais tarde, na década de 1990, tornou-se óbvio que a pesquisa no campo da

IHC não se relacionava apenas com sistemas de software ou aplicações usadas

em ambientes controlados, como os locais de trabalho. Mantovani enfatizou

a necessidade de consciencialização sobre as dimensões sociais além do ciclo

de tarefas realizadas. Portanto, tornou-se essencial considerar a riqueza da

tecnologia, assim como os aspetos de contextos sociais, físicos e temporais da

utilização, tanto no campo da pesquisa acerca da usabilidade, assim como

durante o desenvolvimento do sistema [68]. As metas e os objetivos da usa-

bilidade são, normalmente, de�nidos em termos mensuráveis de um ou mais

atributos [67]. Em 1990, a usabilidade é de�nida por Shackel como sendo um

conceito baseado na e�cácia, aprendizagem, �exibilidade e atitude. A �gura

3.2 é representativa dos conceitos que de�nem a usabilidade.

Figura 3.2: Atributos da Usabilidade de�nida por Shackel [70].

3.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE RCE 61

Para Shackel, a e�cácia de um sistema implica os conceitos de rapidez

e performance [69]. Um produto/sistema e�caz é aquele cuja performance

corresponde ao esperado pelo utilizador, e relaciona-se também com a facili-

dade com que os utilizadores executam o que pretendem. Esta característica

é, geralmente, medida quantitativamente com a taxa de erro associada às

tarefas realizadas [67].Já a aprendizagem está relacionada com o tempo re-

querido para a familiarização do utilizar com o sistema [69]. Este atributo

está relacionado com a e�cácia, sendo que se de�ne como a capacidade do

utilizador para operar o sistema, com um determinado nível de competência,

após um período pré-determinado de treino e familiarização (que pode ser

muito pouco tempo). Este pode, também, referir-se à capacidade de rea-

prendizagem do sistema após períodos de inatividade [67]. A �exibilidade é

referida como a capacidade de adaptação a várias tarefas e ambientes. Ou

seja, o grau de adaptação, e a variação da forma com que as tarefas podem

ser realizadas ou os ambientes especi�cados, nos quais o sistema pode atuar

[69] [71]. Por último, a atitude é, aqui referida como o comportamento, físico

e emocional, do utilizador perante o sistema.

Mais tarde, Nielsen acrescentou mais atributos à anterior de�nição de usabi-

lidade descrita por Shackel. Em 1993, Nielsen de�niu 5 atributos chaves, com

os quais o conceito de usabilidade é normalmente associado: aprendizagem,

e�ciência, erros, satisfação e memorização (Figura 3.3) [68].

62 CAPÍTULO 3. QUALIDADE NO RCE

Figura 3.3: Atributos da Usabilidade de�nida por Nielsen [70].

Tal como na perspetiva apresentada por Shackel, para Nielsen, a capa-

cidade de aprendizagem é um critério fundamental, uma vez que todos os

sistemas têm de ser aprendidos para resultarem numa utilização e�ciente por

parte do utilizador [70]. Neste contexto, a e�ciência do sistema é de�nida

como a rapidez com que o objetivo do utilizador pode ser feito com precisão

e de forma completa, sendo que é, geralmente, uma medida de tempo [67].

Ainda nesta perspetiva, devem ser reduzidos ao máximo o número de erros

que os utilizadores são induzidos a cometer, a capacidade, proporcionada

pelo sistema, para recuperar de erros e a existência de erros catastró�cos do

sistema que destroem o trabalho do utilizador[70]. Desta forma, a satisfação

do utilizador, aqui referida, como a avaliação da perceção subjetiva dos uti-

lizadores do sistema, isto é, os sentimentos e a opinião que o utilizador tem

acerca do produto/sistema, torna-se mais positiva quanto mais minimizados

forem os erros. Por último, Nielsen refere-se à memorização como a capaci-

dade do utilizador se lembrar de como se utiliza um sistema após um período

de tempo [67] [70]. Nielsen menciona, ainda, a acessibilidade do sistema

como uma subdimensão da satisfação do utilizador. [70]. De facto, a acessi-

bilidade de um sistema associa-se, fortemente, com a usabilidade no sentido

mais amplo, signi�cando o acesso aos produtos necessários para alcançar um

3.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE RCE 63

objetivo. [67]. No geral, Nielsen engloba a usabilidade de um sistema no

conceito de aceitabilidade do mesmo. Tal como se veri�ca na Figura 3.3,

a aceitabilidade de um sistema dependente de vários fatores, tais como: a

segurança, o custo de implementação e de utilização, a compatibilidade com

outros sistemas e a utilidade ( funcionalidade relacionada com as tarefas que

o sistema é capaz de realizar). Assim a usabilidade é caracterizada pelos

fatores já mencionados [70] [72].

Contudo, a melhor de�nição de usabilidade é, provavelmente, a descrita pela

norma ISO, que de�ne a usabilidade como a e�cácia, e�ciência e satisfação

com que os utilizadores podem alcançar objetivos especí�cos num determi-

nado contexto de utilização [68] [67] [72] [73] [74].

A e�cácia é a medida mais importante da usabilidade [72]. Entende-se por

e�cácia, a capacidade de realizar a tarefa pretendida. Contrastando com o

conceito de e�cácia, referido anteriormente por Shackel, não está nesta de�-

nição, subjacente o conceito de tempo. A tarefa tem, simplesmente, de ser

realizada para que o sistema seja considerado e�caz. Ou seja, na presença de

dois sistemas, é considerado mais e�caz aquele em que o utilizador realizou

a tarefa[69]. As medidas, mais comuns, de e�cácia incluem o número ou a

taxa de erros cometidos na utilização do sistema para a realização de uma

tarefa predeterminada, o caminho necessário para a completar, a gravidade

dos erros em causa e os pedidos de ajuda na execução da tarefa [75].

A questão temporal está implicada na referência à e�ciência do sistema. Se

uma tarefa consegue ser cumprida em 5 minutos utilizando um sistema, e

em 10 minutos com recurso a outro sistema, então, pode a�rmar-se que o

tempo de desempenho do primeiro sistema implica um sistema mais e�ciente

[69]. Para estudar a e�ciência de um sistematema/produto, são necessários

um especialista e um utilizador intermédio ou iniciante para completar as

tarefas-chave especí�cas da aplicação. As medidas mais comuns de e�ciên-

cia são: o tempo para executar uma determinada tarefa ou um conjunto de

tarefas, o número de teclas ou interações para a sua realização, o número de

ecrãs visitados para completar um cenário de �uxo de trabalho especí�co, o

número de cliques no botão "retroceder"[75].

Na de�nição de Shackel, este não separa o conceito de e�ciência, de�nindo-a

64 CAPÍTULO 3. QUALIDADE NO RCE

como parte do conceito de e�cácia. A aprendizagem não aparece referida na

de�nição dada pela norma ISO, contudo pode argumentar-se que um sistema

e�ciente não implica um tempo de aprendizagem prolongado. Finalmente, e,

tal como as anteriores de�nições, esta norma faz referência à satisfação, que

se de�ne como a forma como os utilizadores aceitam o sistema/produto, os

sentimentos que a sua operação desencadeia. Se quisermos, corresponde, em

parte, à ideia do atributo atitude referenciado por Shackel [69].

São aqui distinguidos três intervenientes no contexto de utilização do sis-

tema/produto: os utilizadores, os seus objetivos e o ambiente de utilização

[72]. Esta de�nição, enfatiza a relação entre a usabilidade e o contexto de

utilização: a usabilidade só pode ser de�nida referenciando-se o contexto em

que o sistema é utilizado. Um produto, sistema ou serviço, em si, não é

útil ou inútil, mas tem atributos que irão determinar a usabilidade de um

determinado sistema, para um determinado utilizador que executa objetivos

(tarefas especí�cas) em ambientes de�nidos [68] [72].

Mais uma vez, de acordo com a norma ISO, as características do utilizador, as

tarefas e ambiente organizacional, técnico e físico, podem de�nir o contexto

em que o sistema é usado. Estes elementos também fazem parte da de�ni-

ção apresentada por Dourish, que a�rma que contexto deve ser entendido

como um fenómeno de interação: o contexto surge a partir da atividade e é

relevante para a con�guração particular. Todas as conceitualizações de usa-

bilidade de�nem o contexto não apenas como um fenómeno físico em torno

de sistemas interativos. São abordados 4 componentes:

• Utilizador: as partes envolvidas em ações;

• Sistemas (ou ferramentas): com as quais os utilizadores interagem.

• Atividades (ou tarefas): referem-se à interação entre o utilizador

e o sistema em vários níveis de abstração, tipicamente são as ações

necessárias para atingir um objetivo;

• Ambiente (incluindo problemas físicos, sociais e organizacio-

nais): refere-se ao meio envolvente, social e cultural físico, e os atribu-

tos do ambiente de maior complexidade técnica. Para ser mais preciso,

3.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE RCE 65

o ambiente social e cultural aborda aspetos práticos do trabalho, a

estrutura organizacional, as atitudes, e até mesmo a colaboração, co-

municação e cultura impostas pelas regras e os modelos.

Além disso, a norma ISO, 9241-210, descreve as atividades centradas no

utilizador e os princípios de design para o desenvolvimento de sistemas in-

terativos. A partir de uma perspetiva de desenvolvimento, a aplicação da

usabilidade deve visar a criação de sistemas que ajudem os utilizadores a al-

cançar as tarefas e objetivos pretendidos. A �gura 3.4 ilustra a relação entre

os componentes descritos pela norma ISO 9241-210 e Nielsen.

Figura 3.4: Atributos da Usabilidade de�nida por Nielsen e ISO [68].

A norma ISO, 9241-210, de�ne a experiência do utilizador como sendo

a perceção da pessoa. Este conceito inclui todas as emoções dos utilizado-

res, as crenças, as preferências, perceções, respostas físicas e psicológicas,

comportamentos e realizações que ocorrem antes, durante e após a sua utili-

zação. De acordo com a norma ISO, a usabilidade deve ser entendida como

um conceito amplo, que inclui aspetos percetivos e emocionais, tais como a

66 CAPÍTULO 3. QUALIDADE NO RCE

satisfação no trabalho e a eliminação de monotonia, tipicamente associados

à experiência do utilizador. Assim, o objetivo para a conceção de um sistema

usável envolve considerações de impactos organizacionais, documentação do

mesmo, suporte e manutenção, treino e utilização a longo prazo.

As de�nições para a usabilidade enfatizam vários pontos de vista e abran-

gem questões que vão desde as dimensões emocionais e temporais, para os

objetivos do utilizador. Percebe-se que, a usabilidade não é, apenas, uma

característica de uma interface de utilização, sendo que os objetivos dos es-

tudos de avaliação são, muitas vezes, expressos como uma lista de adjetivos,

referindo-se aos atributos chave descritos por Nielsen. Por isso, a usabilidade

deve ser entendida como uma propriedade multidimensional, altamente de-

pendente do contexto de utilização [68]. A engenharia de usabilidade surge da

ideia de produzir sistemas informáticos facilmente utilizáveis, apresentando-

se no campo de Design Centrado no Utilizador (do inglês User Centred De-

sign (UCD)) como um processo que visa testar, e tenta garantir, a usabilidade

de um produto. Em 1988, segundo Whiteside, Bennett e Holtzbald, a enge-

nharia de usabilidade é de�nida como a aplicação de medidas de usabilidade

aos sistemas. Mais tarde, em 1993, Nielsen de�ne esta engenharia como mais

um processo de avaliação e restruturação do design do sistema. A engenharia

de usabilidade é, por isso, todo o processo que adere aos preceitos da UCD

e presta muita atenção às necessidades do utilizador, mais do que isso, tenta

demonstrar que o produto �nal é, realmente, o que o cliente quer e precisa,

seguindo um método rigoroso de princípios de engenharia de software. Todo

este processo inclui um ciclo de vida (Figura 3.5), que deve ser entendido,

para uma melhor compreensão do raciocínio implicado na avaliação da usa-

bilidade descrita nas secções que se seguem. Este ciclo de vida de avaliação

e modi�cação de sistemas foi proposto, pela primeira vez, por Downton em

1991. A avaliação da usabilidade começou a ganhar importância na décado

dos anos 90, e apresenta-se, atualmente, como o processo pelo qual os siste-

mas e os produtos são avaliados pela aplicação de qualquer método disponível

na engenharia de usabilidade [69].

3.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE RCE 67

Figura 3.5: Modelo do ciclo de vida da engenharia de usabilidade [69].

Importância da Usabilidade nos sistemas de RCE

Os RCEs não têm sido, facilmente, implementados e integrados na área

médica, apesar dos benefícios que apresentam. Uma das principais razões

para este fracasso é a falta de usabilidade na implementação de vários siste-

mas. Incorporar a usabilidade, em sistemas de RCE, é desa�ante [76]. Tendo

em mente que um dos principais alvos de um sistema de RCE é promover a

qualidade dos cuidados de saúde e apoiar todos os intervenientes no processo

de cuidados de saúde, é fundamental que estes adiram a padrões rígidos de

segurança e de gestão da qualidade. A reduzida usabilidade dos sistemas

de RCE tem contribuído para reduzir a e�ciência do processo de registo e

diminuir a satisfação do pessoal clínico. Para além disso, compromete a se-

gurança dos pacientes [77]. A falta de usabilidade, potencializa os erros de

registo. Estima-se que, em Portugal, o número de mortes decorrentes de er-

ros médicos se situa entre 1300 e 2900 por ano [78]. Os erros cometidos por

utilizadores de sistemas de RCE têm uma relação direta com a potencial se-

gurança do paciente, e têm um impacto maior, dado que podem resultar em

68 CAPÍTULO 3. QUALIDADE NO RCE

possíveis implicações letais. Os referidos erros podem classi�car-se em erros

de comissão (se é selecionado o paciente errado, medicação errada, dosagem

errada ou consulta errado) ou erros de omissão (falha no registo clínico, com-

preensão errada do registo, má interpretação de dados importantes devido à

má exibição de informações) [75].

Vários especialistas em usabilidade e fatores humanos publicaram compila-

ções de princípios e diretrizes para auxiliar no projeto de interfaces de registos

mais e�cazes. Esses princípios devem ser avaliados, com base na contribuição

para os dois fatores essenciais para a aceitação e o sucesso clínico do sistema

[75]: 1) A e�ciência da utilização. 2) Minimizar a probabilidade de erro do

utilizador. Deve ser empregue um sistema de navegação �exível, acessível

aos vários ambientes hospitalares, às pessoas e às práticas individuais. Para

isso, devem utilizar-se padrões apropriados, que minimizem o trabalho não

produtivo e permitam a transmissão da informação entre os pro�ssionais de

saúde. Um sistema com usabilidade deve, ainda, fornecer vários métodos

de entrada de dados, que estejam em conformidade com a forma como os

pro�ssionais trabalham, considerando sempre uma visão inovadora auxilie a

prestação de serviços com qualidade [76]. Para que se cumpram os ideais des-

critos, deve ter-se em conta o grau de usabilidade do sistema implementado.

A usabilidade tem uma relação forte com os fatores críticos para a adoção

de um sistema de RCE. A produtividade clínica, a taxa de erro, a fadiga e a

satisfação do utilizador são fatores críticos para a adoção de sistemas de RCE

e são, facilmente, in�uenciados pela usabilidade que cada sistema apresenta.

Desta forma, quanto menor é a usabilidade de um sistema, mais complexa e

difícil se torna a implementação do mesmo [75]. A garantia de usabilidade de

um sistema de RCE irá permitir uma diminuição da taxa de erros de registo,

o que favorecerá a segurança dos pacientes. Os regstos clínicos serão mais

e�cientes e, sendo assim, haverá mais tempo dedicado ao paciente por parte

do pro�ssional de saúde.

Tendo em conta os princípios que garantem a usabilidade, têm sido desenvol-

vidos vários métodos para testar a e�ciência e e�cácia dos sistemas de RCE e

a aprendizagem e satisfação do utilizador (ver secção 3.1.1). Estes princípios

devem ser entendidos, para que os métodos de avaliação de usabilidade sejam

3.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE RCE 69

utilizados de forma apropriada. Num RCE a informação deve obedecer ao

princípio da simplicidade (informação concisa, restrição das funcionalidades

às estritamente necessárias à realização das tarefas), da naturalidade (ter-

minologia e o �uxo da informação mapeados de acordo com as necessidades

e expetativas dos clínicos). Contudo, uma vez que, em ambiente hospitalar,

o �uxo de trabalho pode variar entre os diferentes departamentos, e o �uxo

de tarefas do médico pode ser altamente variável e frequentemente interrom-

pido, este último princípio exige um estudo profundo acerca da unidade em

que se pretende proceder à implementação do sistema, de modo a estruturar

um RCE adequado ao �uxo de trabalho [75] [76] [79]. Nas aplicações de RCE

hospitalar, deve, ainda, ter-se em conta a consistência externa (estrutura,

interação e comportamento do sistema adequado à experiência do utilizador

com outros sistemas já desenvolvidos) e interna (conceitos, comportamentos

e aparência consistentes), por forma a minimizar a carga cognitiva associada

à realização dos registos médicos, promovendo a transparência do sistema

[79]. Para além disso, em sistemas de RCE de ambiente hospitalar, deve

promover-se interações e�cientes, tendo em vista a minimização de passos

necessários para a realização das tarefas. Relativamente à linguagem, esta

deve ser concisa, sem ambiguidades e sem recurso a termos de cariz tecno-

lógico, sendo privilegiada uma terminologia familiar aos pro�ssionais, pela

utilização de termos clínicos com vista à estruturação da informação intro-

duzida [75].

Devem ser criados centros dedidicados à IHC e à usabilidade nos cuidados de

saúde em cada país (ou região), para que as instituições ou empresas estejam

capazes de corresponder às exigências da evolução tecnológica. Na Europa,

já existe (ou estão emergentes) um número limitado desses centros, tal como

acontece em França (Evalab - Lille), Noruega e na Dinamarca. Nos EUA,

a iniciativa do governo para a qualidade e segurança dos cuidados de saúde,

através da Agência de Investigação de Saúde e Qualidade, resultou no desen-

volvimento e reforço de equipas de especialistas em usabilidade para a saúde,

e tem gerado inúmeros estudos nesta área. Existem, ainda, outros centros

de excelência nos EUA, como por exemplo o laboratório de usabilidade da

Clínica Mayo. Na Europa, cada país deve ter, pelo menos, um centro dedi-

70 CAPÍTULO 3. QUALIDADE NO RCE

cado à usabilidade dos sistemas implementados na área da saúde. Este, é um

desa�o importante que deve ser apoiado com algumas estruturas europeias,

governos, instituições de saúde e empresas que comercializam aplicações das

TIC aplicadas à saúde e a dispositivos médicos [80]. Existem já vários es-

tudos, realizados com o objetivo de estruturar a melhor visão avaliativa da

usabilidade de um sistema de RCE. Importa referir um estudo que descreve

o processo a usabilidade de um sistema de RCE, como uma decomposição

de duas partes distintas: complexidade intrínseca e di�culdade extrín-

seca, tal como se encontra representado na Figura 3.6 [66].

Figura 3.6: Método TURF para avaliação de um sistema de RCE [66].

Esta representação da usabilidade, tem em vista as Tarefas, os Utiliza-

dores, as Representações e as Funções incluídas no sistema. Sendo que, a

complexidade intrínseca diz respeito às complexidade do trabalho exe-

cutado, ou seja a complexidade das funções que se pretendem informatizar.

Podem ser de�nidos diferentes domínios de trabalho através de níveis de

complexidade distintos. Por outro lado, a di�culdade extrínseca re�ete a

utilização inerente a uma interface, para executar uma tarefa. Esta, é de-

terminada, principalmente, pelos formatos de representações e os �uxos de

trabalho das tarefas. No que à avaliação do utilizador diz respeito, é avaliada

a sua satisfação aquando o manuseamento do sistema [66].

3.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE RCE 71

A di�culdade na avaliação da usabilidade inerente aos sistemas de RCE esta

na escolha dos métodos de avaliação mais adequados e e�cientes, os quais

são descritos de seguida.

Métodos de Avaliação de Usabilidade

Diferentes tipos de avaliação são válidos e úteis em diferentes fases du-

rante o desenvolvimento do sistema. Todos os processos avaliativos, descritos

na literatura, têm em comum o envolvimento de, pelo menos, uma pessoa

com conhecimento na área da usabilidade, designado por avaliador, perito ou

especialista. Este avalisador é responsável pelo encaminhamento da avaliação

e, para além dele podem estar envolvidos os utilizadores do sistema, ou seja

o público-alvo para o qual o sistema é desenvolvido. A avaliação de usabili-

dade é, amplamente, reconhecida como fundamental para o sucesso dos SIS

interativos, e ao longo dos anos, têm sido realizadas avaliações de usabilidade

a esses tipos de sistemas. Os benefícios dos sistemas com usabilidade estão

no aumento de produtividade, redução de erros, redução da necessidade de

treino dos utilizadores, suporte ao utilizador e maior aceitação da sua parte

[81].

Desde 1986, que Hewitt distingue dois tipos de avaliação de sistemas, a ava-

liação formativa e a avaliação sumativa. Estes dois tipos de avaliação,

têm diferentes objetivos, e devem ser aplicados em diferentes estádios do pro-

cesso de design do sistema [69].

A avaliação formativa tem por objetivo auxiliar o processo de design do

sistema, sendo utilizada para o aperfeiçoar e formular. Para isso, a avali-

ação formativa envolve um trabalho muito próximo dos utilizadores, que

necessitam de estar integrados no processo de design. Esta avaliação tenta

reunir as opiniões dos utilizadores �nais. Esta forma de avaliação deve ser

aplicada num estágio muito precoce da implementação do sistema, uma vez

que, é nesse momento que as mudanças não implicam custos muito elevados

[69].

Por outro lado, a avaliação sumativa tem por objetivo analisar, global-

mente, o desempenho do sistema e é normalmente utilizada quando o desen-

72 CAPÍTULO 3. QUALIDADE NO RCE

volvimento do sistema foi já concluído, ou quando se pretende comparar dois

sistemas. Apesar de tudo, em alguns casos, pode ser necessária a aplicação

de uma mistura destes dois tipos de avaliação para se obterem bons dados

de avaliação [69]

Existem duas abordagens distintas que podem ser adotadas na avaliação de

um sistema. A primeira abordagem é o método de avaliação analítica,

que consiste em avaliações formais com tarefas e objetivos de�nidos. Os

métodos analíticos são aplicados ao sistema por pessoal especializado em

engenharia da usabilidade. Consistem na aplicação de modelos que visam

conhecer a complexidade do sistema pela análise do tempo ou das formas da

realização de tarefas especí�cas. A segunda abordagem, descrita na litera-

tura, é designada por método de avaliação empírico e consiste na análise

da performance do utilizador em relação ao apresentado pelo sistema. Neste

método, estão incluídas tarefas a serem executadas com o sistema, obser-

vações, questionários, experiências e entrevistas. Estes métodos envolvem

trabalho com os utilizadores do sistema e reúnem documentos que necessi-

tam de análise posterior [69] [82]. O grá�co da Figura 3.7 representa as várias

técnicas de avaliação em cada uma das abordagens descritas. No entanto,

também é possível combinar as duas técnicas e esta é provavelmente uma

abordagem mais sensível, porque cada método pode produzir resultados di-

ferentes.

3.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE RCE 73

Figura 3.7: Técnicas de avaliação de usabilidade.

Heurísticas

A avaliação Heurística é um método baseado na veri�cação de uma pe-

quena lista de regras (heurísticas) ou na própria experiência dos avaliadores.

As heurísticas visam, de forma económica, fácil e rápida, descobrir potenci-

ais problemas da interface. Esta forma de avaliação é o meio mais popular

para medir a usabilidade, dada a sua facilidade de entendimento e agilidade

de aplicação. Nielsen descreve este método como o mais informal, no que

respeita à avaliação da usabilidade [69] [83].

As heurísticas são regras, de base, que se apresentam como princípios a serem

respeitados, por forma a manter as interfaces dos sistemas detentoras de usa-

bilidade. A aplicação sistemática destes princípios às interfaces do sistema

permite encontrar problemas de usabilidade [69]. Esta avaliação é baseada

na ideia de que uma boa interface cumpre um conjunto de regras. [69] [67].

A avaliação heurística pode ser aplicada em qualquer fase do ciclo de desen-

volvimento do software, pois permite apoiar o desenvolvimento de projetos.

Contudo, a sua utilização é mais aconselhada para fases iniciais, uma vez que

é o momento em que as alterações à interface são mais fáceis de executar [67]

[83].

Dada a subjetividade do método, é recomendado o recurso a, pelo menos,

dois avaliadores com conhecimentos em usabilidade. Inicialmente, este mé-

74 CAPÍTULO 3. QUALIDADE NO RCE

todo não impunha o recurso a avaliadores experientes, mas mais tarde, em

1994, constatou-se que a sua e�ciência aumentava, quando aplicado por es-

pecialistas. Segundo Nielsen, a e�ciência do método varia entre 60%, 70% e

75%, na presença de 3, 4 ou 5 avaliadores, respetivamente [83].

Durante a execução deste processo, deve prepara-se a instrução a ser execu-

tada, deve ser acompanhada a execução do teste, seguindo-se a consolidação

da lista de problemas anotados na sessão de avaliação e a análise dos pro-

blemas encontrados segundo o grau de severidade. Finalmente, os problemas

devem ser documentados com vista à apresentação dos resultados. É impor-

tante observar que algumas fases podem ser descartadas, quando realizadas

por uma equipa de especialistas [83].

Existem já documentados várias heurísticas para reger o cumprimento dos

critérios de usabilidade. Em 1988, Norman descreveu 7 heurísticas básicas,

sendo que, dez anos depois, em 1998, foram descritas as oito regras de ouro

por Shneidaerman. Contudo, as heurísticas mais conhecidas são as descritas

por Nielsen (Tabela 3.1) [67] [69] [83].

Tabela 3.1: Heurísticas de Nielsen [67].Heurística DescriçãoEstado do sistema O utilizador deve ser informado pelo sistema em tempo útil sobre as operações que estão a ser executadas.Utilização de linguagem apropriada Diálogo expresso de forma clara, numa linguagem familiar ao utilizador.Controlo e liberdade do utilizador Conter possibilidade de sair de funções indesejadas.Consistência de padrões o sistema deve ser consistente quanto à utilização de sua simbologia e à sua plataforma de hardware e software.Prevenção de erros Deve ser desenhado por forma a evitar erros.Reconhecimento de funões O utilizador deve reconhecer no ecrã as funções que pretende necessidade de decorar os passos.Flexibilidade e e�ciência de utilização O sistema deve prever o nível de pro�ciência do utilizador em relação ao própriosistema.Estética e design minimalista As caixas de diálogo do sistema devem conter somente informações relevantes ao seu funcionamento.Boas mensagens de erro As mensagens devem ser expressas em linguagem clara, indicando as possíveis soluções.Ajuda e documentação A informação desejada deve ser facilmente encontrada, de preferência deve ser contextualizada e não muito extensa.

Cognitive Walkthrough

Este método é realizado por um especialista em usabilidade e concentra-

se na avaliação da capacidade de aprendizagem incutida por um sistema, em

fase inicial de desenvolvimento. Este método é altamente estruturado e, ex-

plicitamente, orientado por tarefas que devem ser executadas pelo utilizador

do sistema [81]. Desta forma, esta técnica exige que o especialista desempe-

nhe tarefas, tentando imitar o desempenho do utilizador e deve esforçar-se

para descobrir os problemas que este pode encontrar em cada fase [69]. Du-

rante este processo, um avaliador, de preferência, um perito em usabilidade

3.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE RCE 75

desempenha o papel de um utilizador e avalia uma interface, através da aná-

lise dos processos cognitivos necessários para a realização de tarefas que os

utilizadores, normalmente, realizam. Assim, esta técnica é útil quando se

pretende analisar a interação entre as intenções do utilizador e o feedback

fornecido pela interface do sistema. Uma vez focado na facilidade de apren-

dizagem de uma aplicação, destinada a utilizadores principiantes, o avaliador

deve explorar a interface sem qualquer orientação [81]. Esta técnica avalia-

tiva, depende do percurso cognitivo de cada utilizador, no contexto da tarefa

a que se propõe realizar. Inicialmente, o perito deve de�nir um objetivo a

ser cumprido, seguindo-se a inspeção das ações disponíveis pelo sistema. É

então que, no papel de utilizador, o perito deve selecionar a ação disponível

pelo sistema que lhe pareça mais adequada para atingir o objetivo. Uma

vez executada a ação, este avalia o feedback que recebe do sistema e analisa

se o resultado vai de encontro ao objetivo inicial. Ao executar esta técnica,

para cada ação necessária para realizar uma determinada tarefa, o avaliador

veri�ca se consegue desempenhar a tarefa [81]. O exercício desta avaliação

requer uma apreciação, consideravelmente, próxima do potencial comporta-

mento do utilizador. Ou seja, o perito tem que saber o tipo de conhecimento

que é provável que o potencial utilizador do sistema tenha, caso contrário

não conseguirá identi�car as possíveis di�culdades sentidas pelo utilizador

no manuseamento do sistema [69].

A execução deste método é rápida e barata, dado não implicar um grupo

de utilizadores. Contudo, o sucesso desta técnica está dependente da per-

formance do perito, que deve descrever o utilizador (nível de experiência

e suposições), descrever, de forma detalhada, as operações disponibilizadas

pelo sistema, descrever as tarefas a serem desempenhadas durante o processo

e todos os passos necessários para as concluir [69].

Várias experiências levantam questões que di�cultam a realização deste tipo

de teste de usabilidade. Destacam-se a necessidade de uma formação em psi-

cologia cognitiva, a natureza tediosa do método, e o tempo necessário para

aplicar a técnica. Foram realizados estudos, que indicam que o método Cog-

nitive Walkthrough é mais indicado para descobrir problemas de usabilidade

mais graves e deve ser aplicado, conjuntamente, com descrições de tarefas

76 CAPÍTULO 3. QUALIDADE NO RCE

detalhadas, para que seja detetado um maior número de problemas. Um

outro estudo revelou que, este método, só deteta cerca de um terço dos pro-

blemas de usabilidade detetados por avaliação heurística. Esta diferença nos

resultados, entre a utilização deste método e a avaliação heurística, pode ser

explicada pelo simples fato de a técnica descrita abordar os problemas por

um processo muito estruturado, enquanto a descrição geral dos princípios de

usabilidade deixar mais espaço ao avaliador na realização de uma avaliação

heurística. Mas, a alta proporção de problemas graves encontrados pela apli-

cação do método Cognitive Walkthrough, favorece este método em situações

em que, por causa do tempo ou das restrições �nanceiras, o foco é a deteção

de problemas de usabilidade mais graves no projeto de um sistema [81].

Inspeção de Caraterísticas

Trata-se de inspeções preocupadas com os recursos e as funcionalidades

do sistema. As Inspeções de Caraterísticas tentam avaliar as características

e funcionalidades do sistema, conhecer o relacionamento entre essas variáveis

e saber se estas estão de acordo com as especi�cações do sistema. Desta

forma, em termos de informação acerca de usabilidade, o sistema é bene�ci-

ado quando a aplicação deste método ocorre em estádios de desenvolvimento

inicial do protótipo/sistema. [69].

Revisão de Guidelines

O desenvolvimento de um software tem que obedecer, sempre, a linhas

de orientação (Guidelines) que devem ser revistas, sempre que necessário,

por forma a manter os sistemas atualizados e de acordo com os princípios da

usabilidade.

A presença destas orientações no conjunto de diretrizes pode, muitas vezes,

ser explicada pela teoria e pela prática da psicologia cognitiva. Contudo,

devido a funcionamentos esporádicos e particulares, durante um tempo de�-

nido, podem estabelecer-se orientações por acidente históricos, e a tarefa de

persuadir os utilizadores a agir de uma forma diferente, é complicada. Desta

forma, a engenharia da usabilidade deve ser responsável por avaliar, de forma

3.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE RCE 77

individual, as diretrizes impostas aos sistemas, por forma a distinguir as que

resultam de erros e as que estão estabelecidas para um bom funcionamento

da apliacação [69].

Think Aloud

A técnica designada, na literatura inglesa, por Think Aloud, é uma téc-

nica simples que pretende captar os pensamentos dos utilizadores, aquando

da execução de determinadas tarefas. Desta forma, os participantes são con-

vidados a expressar comentários dos seus pensamentos, associados à execução

das tarefas, tais como confusões, frustrações ou o seu agrado. Por vezes, o

avaliador pode ter que intervir com perguntas ou comentários que incenti-

vem o utilizador a falar. Assim, os avaliadores conseguem "ler a mente"dos

utilizadores. Este método é, especialmente, e�caz por expressar as expec-

tativas e os preconceitos dos que nela participam. Embora, aparente, possa

ser uma técnica ideal para captar toda a informação implícita nos testes

de usabilidade, esta não deve ser utilizada, indiscriminadamente, devido às

desvantagens associadas que apresenta. Alguns utilizadores podem sentir-se

incomodados e distraídos com a obrigação de pensar em voz alta, o que faz

com que não consigam agir de forma natural. Para além disso, independen-

temente dos estilos pessoais, preferências e outras considerações é sempre

desgastante verbalizar um processo de pensamento por muito tempo. Im-

porta salientar que o sucesso desta técnica aumenta com o grau de conforto

que o utilizador sente com o observador [69] [67].

O facto de permitir obter, simultaneamente, informações acerca da perfor-

mance e das preferências do utilizador sem ser necessário questioná-lo, faz

deste método bastante vantajoso. Para além disso, os participantes podem

explicar o que está mal e o que está bem durante a realização da tarefa [67].

Vários estudos de implementação de sistemas contemplam o recurso a esta

forma de avaliação, com vista a avaliar a usabilidade dos sistemas. Um

estudo, levado a cabo por Jan Horsky, em 2010, recorreu a este processo

avaliativo. Neste estudo participaram seis médicos de cuidados primários e

especialistas (quatro mulheres). As avaliações foram realizadas nos escritó-

78 CAPÍTULO 3. QUALIDADE NO RCE

rios dos médicos em seis clínicas diferentes e duraram 30-45 min [84].

Focus Group

Geralmente usado para pesquisa de mercado, o método Focus Group pode

ser uma excelente fonte de dados de usabilidade e é um instrumento, con�á-

vel, para medir a qualidade dos cuidados de saúde. Os grupos de foco são

um exercício informal e, relativamente, não-estruturado que podem ajudar

a avaliar as necessidades e sentimentos do utilizador, antes e depois da con-

ceção do sistema [79]. Contudo, esta técnica deve ser utilizada em estágios

precoces do desenvolvimento de um sistema, por forma a avaliar, preliminar-

mente, os conceitos com utilizadores representativos. O Focus Group implica

o envolvimento, simultâneo, de mais do que um participante, de forma a pos-

sibilitar uma revisão das características mais representativas dos utilizadores

do sistema [67].

As sessões de grupo, levadas a cabo por esta técnica, procuram identi�car a

aceitabilidade dos conceitos inerentes à aplicação desenvolvida, conhecer em

que medida é que estes são inaceitáveis ou insatisfatórios e de que forma se

podem tornar mais úteis e aceitáveis. Deste modo, são indicadas para obter

informação qualitativa, mas não para obter conhecimento acerca de assun-

tos de performance e de comportamentos reais [67]. De facto, este método

de investigação, sendo um método de pesquisa qualitativa, pode melhorar o

design e a usabilidade dos sistemas de RCE através da interação com utili-

zadores reais [79].

Um artigo, publicado em 2008, descreve a implementação de um sistema in-

formático médico e indica que, na fase de planeamento do desenvolvimento

do sistema, dois peritos, incluindo um médico, recorreram a esta técnica,

reunindo cerca de 25 médicos que descreveram os �uxos de trabalho comuns,

os métodos para a gestão aguda e crônica da doença, as atitudes em relação

ao apoio à decisão, e os desejos e necessidades de cada um. Desta forma, foi

possível resumir os temas emergentes de serem analisados [85].

3.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE RCE 79

Entrevista

As entrevistas são úteis na obtenção de medidas subjetivas, podendo ser

utilizadas para identi�car problemas no sistema ou para con�rmar a acei-

tabilidade dos conceitos [69]. As entrevistas informam acerca de problemas

conceituais e relacionados com o �uxo de trabalho, sendo que são mais e�-

cazes quando realizadas no início do ciclo [84]. Para além disso, esta técnica

auxilia na identi�cação das necessidades e preferências dos utilizadores e na

identi�cação de padrões de utilização [69]. Um estudo, realizado em 2012,

para apurar os problemas de usabilidade de um sistema implementado numa

clínica dentária, concluiu que 63% dos problemas de usabilidade foram en-

contrados recorrendo-se a esta técnica [77].

As entrevistas com médicos são, normalmente, realizadas em conjunto com

observações, para elucidar aspetos dos dados obtidos que exigem uma con-

textualização apropriada para uma correta interpretação. Os resultados das

avaliações, a partir de entrevistas, incorporaram, de uma forma geral, ideias

e conclusões em formato de relatórios abrangentes [84]. As ciências sociais

têm desenvolvido vários tipos de entrevistas que podem ser adaptadas e apli-

cadas, para obter informação acerca dos utilizadores de um sistema. Estas

podem variar entre entrevistas estruturadas ou não estruturadas [69].

Quando a entrevista não é estruturada, o entrevistador executa uma série

de perguntas em aberto aos utilizadores, o que permite que este direcione as

respostas para os pontos que considera mais importantes, dando o sentido

que pretender à entrevista [77]. Este tipo de entrevista é mais adequado se

já existe uma ideia acerca das preocupações atuais do utilizador para com

o sistema, ou quando se pretende captar, de forma geral, informação acerca

dos utilizadores, das suas tarefas e do seu ambientes no contexto de intera-

ção com o sistema. É vital que existam, previamente estruturadas, algumas

questões que possam ser feitas ao utilizador, no caso de este se encontrar

hesitante na resposta, ou assim que o entrevistador considere oportuno para

incentivar o utilizador na resposta. Uma correta análise deste tipo de entre-

vista, implica uma gravação, o que pode deixar o utilizador pouco à vontade.

É de salientar que as gravações secretas são antiéticas e ilegais, pelo que não

80 CAPÍTULO 3. QUALIDADE NO RCE

são aceitáveis como forma de contornar situações de desconforto [69].

Na outra extremidade da escala encontram-se as entrevistas estruturadas,

que contêm uma série de perguntas planeadas, para as quais existe uma lista

de respostas sugeridas. Mas esta forma de entrevista só funciona com o con-

junto certo de questões, o que implica que as questões sejam, previamente,

testadas de forma cuidadosa. Esta situação não é favorável, pois nem sempre

é possível prever-se o decorrer de uma entrevista [69].

As entrevistas semiestruturadas, nas quais o utilizador tem uma série

de questões que pode utilizar caso seja necessário, mas cuja estrutura é mais

�uída, os utilizadores podem expressar a sua opinião sem necessitar de a

de�nir consoante uma lista de respostas prede�nida [77]. Estas entrevistas

tornam-se, frequentemente, mais úteis, na medida e que o entrevistador con-

segue assegurar a abordagem adequada do tema que se pretende tratar, mas,

ao mesmo tempo, obter algumas indicações das ideias pessoais expressas em

cada resposta [69].

Questionários

Uma das formas de reunir informação útil acerca do trabalho posto em

prática pelo sistema ou sobre a informação dos utilizadores acerca do mesmo

é pela realização de questionários. Estas são boas medidas da atitude do

utilizador perante as funcionalidades do sistema, uma vez que são uma fonte

de respostas subjetivas. A utilização de questionários origina dados de ex-

trema importância para a análise da usabilidade dos sistemas [69]. Esta

técnica pode ser utilizada em qualquer fase do desenvolvimento, dependendo

das questões colocadas [69], contudo, é mais e�caz quando o protótipo do

sistema que se pretende analisar já se encontra concluído [84]. Muitas vezes,

os questionários são utilizados para avaliar a satisfação do cliente com o pro-

duto [69].

O questionário deve ter uma estrutura, previamente, pensada e deve ser tes-

tado de forma apropriada antes de ser distribuído pela amostra de utilizadores

alvo que se pretende estudar. As questões colocadas podem ser abertas ou

fechadas. As questões abertas são boas para obter informação básica, pois

3.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE RCE 81

permitem que o utilizador responda livremente. Já as questões fechadas li-

mitam a resposta do sujeito, dando-lhe a possibilidade de escolher entre uma

série de respostas. Apesar de as questões abertas di�cultarem a análise da

informação devido à diversidade e grande quantidade de dados que geram, as

questões fechadas podem distorcer os resultados ao limitarem a sua resposta

[69].

Resumindo, nenhum método identi�ca todos os problemas. Cada abordagem

é idealizada para as avaliações num estágio diferente do design e caracteriza

os diferentes aspetos da usabilidade. A utilização adequada e consistente

dos métodos descritos durante e após o desenvolvimento de um sistema ou

protótipo pode melhorar signi�cativamente a usabilidade do mesmo e contri-

buir para aumentar as taxas de adoção entre os médicos, promovendo uma

melhoria contínua da qualidade do atendimento [84].

3.1.2 Análise SWOT

A matriz SWOT surgiu na década de 60 [86]. A análise SWOT foi de�-

nida, em 1984 por Anso� e McDonnell, como uma das ferramentas de gestão

para suporte ao planeamento estratégico. Em 1997, Zairi de�niu a competi-

tividade bem sucedida, como sendo aquela que determina, racionalmente, a

capacidade de competir, por meio da veri�cação dos pontos fortes e fracos da

organização, juntamente com um esforço constante em satisfazer as necessi-

dades dos clientes. Tucker reforça a questão da manutenção da satisfação dos

clientes como a base da sobrevivência do negócio empresarial [87]. Segundo

Anso�, a análise SWOT é um dos primeiros passos para a formulação das

estratégias de uma empresa [86]. De facto, esta estratégia avaliativa é, mais

comummente, aplicada a institições e empresas que raramente se encontram

inseridas na àrea da saúde.

O termo SWOT é um acrônimo das palavras Strenghts (forças), Weaknes-

ses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças). Este

processo é dividido em duas partes fundamentais: o ambiente externo

à organização (oportunidades e ameaças) e o ambiente interno (pontos

fortes e pontos fracos). O ambiente externo está totalmente fora do con-

82 CAPÍTULO 3. QUALIDADE NO RCE

trolo da organização, a sua caracterização é aplicada, de igual modo, a todas

as organizações que atuam no mesmo mercado e na mesma área e, desta

forma, representam oportunidades ou ameaças iguais. Por outro lado, o am-

biente interno é aquele que pode ser controlado pela empresa e, portanto,

é diretamente sensível às estratégias formuladas pela organização [87]. Esta

estrutura representou um grande avanço para aqueles estrategistas que se

preocupavam com a análise ambiental e com as vantagens competitivas que

as empresas poderiam criar sobre os seus concorrentes. Desta forma, os re-

cursos e competências existentes nas organizações devem ser coerentes com

as oportunidades e ameaças existentes fora da empresa [86].

Para Anso�, a matriz SWOT tem duas �nalidades principais: identi�car de-

�ciências da organização � as quais deverão ser corrigidas � e identi�car os

pontos fortes - os quais deverão ser desenvolvidos tendo em vista as oportuni-

dades no ambiente externo. Sendo parte integrante do planeamento, a análise

SWOT deve ser realizada periodicamente, com a escolha das variáveis que

melhor traduzem os fatores favoráveis e desfavoráveis da organização, tanto

interna como externamente. A análise de ambos ambientes ocorre de forma

conjunta, e as alterações devem ser percebidas. A capacidade e agilidade

de adaptação, por parte das instituições, é vital para um melhor aprovei-

tamento das oportunidades e uma menor in�uência das consequências das

ameaças [86] [87]. Os principais benefícios da utilização da matriz SWOT

são o baixo custo de execução, uma vez que a sua utilização é simples, o que

faz com que seja necessário apenas uma visão abrangente da organização e

da indústria onde a mesma atua. Isto faz com que a análise de SWOT seja

bastante �exível, sem a necessidade de sistemas de informação complexos

[86].

Os planos de ação, provenientes da análise SWOT, visam maximizar as va-

riáveis favoráveis e minimizar ou extinguir as variáveis desfavoráveis [87]. A

Figura 3.8 representa o objetivo principal desta análise. Pretende-se aprovei-

tar as oportunidades, em conjunto com as suas forças. Por outro lado, se as

fraquezas ou ameaças não puderem ser transformadas em oportunidades ou

pontos fortes, as mesmas devem ser evitadas ou, pelo menos, minimizadas

[86].

3.1. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SISTEMAS DE RCE 83

Figura 3.8: Esquematização da matriz SWOT [87].

De uma análise de SWOT completa e bem executada, podem surgir duas

estratégias: a estratégia de correspondência ou a estratégia de conversão. Na

primeira, são ressaltados os pontos fortes, a par das oportunidades externas,

para se maximizarem as potencialidades. Na segunda, detetam-se as fraque-

zas, e a sua análise é feita tendo em conta as ameaças. Esta estratégia tenta

minimizar os aspetos negativos ao transformá-los em forças e oportunidades.

Um maior aprofundamento a esta técnica é feito na secção 4.3 desta disser-

tação, e a descrição dos resultados da análise SWOT realizada no decorrer

da mesma, apresenta-se na secção 5.3.

84 CAPÍTULO 3. QUALIDADE NO RCE

Capítulo 4

Casos de Estudo (CHAA)

4.1 Centro Hospitalar do Alto Ave

O Centro Hospitalar do Alto Ave (CHAA), EPE, é composto por três

unidades: Unidade de Guimarães, Unidade de Fafe e Unidade de Cabeceiras

de Basto. Atualmente o CHAA tem por área de in�uência os Concelhos de

Guimarães, Fafe, Vizela, Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Felguei-

ras, e abrange cerca de 400 mil pessoas. No CHAA trabalham cerca de 1800

colaboradores. O Serviço de Tecnologias e Sistemas de Informação (STSI) é

composto por seis colaboradores e é responsável pela manutenção de toda a

infraestrutura que suporta as aplicações em produção, bem como da gestão

de novos projetos que envolvam as TIC na respectiva implementação e su-

porte.

Atualmente, assiste-se a uma desmaterialização dos processos, ou seja, assiste-

se a uma informatização dos mesmo, com o intuito de abandonar a circulação

do papel e tornar o �uxo de informação totalmente eletrónico. Obviamente,

que uma informatização global abrangente a todos os processos, ainda é um

objetivo que se pretende cumprir, contudo, tem sido feito o caminho para lá

se chegar. Esta desmaterialização foi alvo de maior atenção, com a �nalidade

de ressalvar as vantagens que daí advém.

85

86 CAPÍTULO 4. CASOS DE ESTUDO (CHAA)

4.1.1 História da requisição de exames no CHAA

A requisição de MCDT ocupam uma grande parte do dia-a-dia dos pro-

�ssionais de saúde ao serem, não só utilizados no despiste de doenças, mas

também na tentativa de encontrar a causa dos problemas, apresentando-se,

assim como uma das principais armas ao dispor dos clínicos para o sucesso

do seu trabalho. Por outro lado, interessa minimizar o tempo despendido na

requisição de MCDT, na medida em que urge uma utilização mais racional

e e�ciente dos recursos disponíveis, de modo a minimizar o tempo dedicado

pelo médico ao pedido de MCDT e por forma a garantir a prestação de

cuidados de saúde com a máxima e�ciência e qualidade possíveis.

Prescrição eletrónica de MCDTs

A desmaterialização global da prescrição tem vindo a ser reforçada pela

utilização crescente de aplicações informáticas para a prescrição de MCDTs

nos Centros de Saúde e nos Hospitais, das quais são exemplo o SAM e o

sistema AIDA já referido, que se encontra em funcionamento no CHAA. A

obrigatoriedade da prescrição eletrónica de MCDT foi imposta, desde do dia

1 de setembro de 2011, como resultado do memorando de entendimento assi-

nado entre o Governo Português e o Fundo Monetário Internacional, Banco

Central Europeu e União Europeia [88].

Com esta medida, visa-se centralizar todas as operações do ciclo requisição-

prestação-conferência de MCDTs comparticipada num processo eletrónico. A

generalização da prescrição eletrónica promove a desmaterialização do pro-

cesso de prescrição e a adoção da prestação eletrónica, da qual resultam

diversos benefícios para os prestadores e utentes, dos quais se destacam:

• A conferência atempada das dos pedidos efetuados;

• A redução dos erros de prescrição;

• A redução de gastos com meios complementares de diagnóstico e tera-

pêutica e a restante categoria residual das restantes áreas de prescrição;

4.1. CENTRO HOSPITALAR DO ALTO AVE 87

• A redução dos custos de operação inerentes ao processo de conferência

das requisições de pedidos;

• A agilização e uniformização dos procedimentos de conferência.

4.1.2 ePedidos no CHAA

O pedido eletrónico está em vigor no CHAA desde setembro de 2012, atra-

vés da plataforma AIDA, que permite o acesso a esta função online através

do seguinte link

http://192.168.1.191/aida_go/go.aspx?G=EPED02&U=53211&OR=

SAM&ES=25008&PID=82748&EP=11015952&MD=CON

Os médicos acedem ao pedido eletrónico através do SAM, sendo direcio-

nados para o sistema AIDA, através do respetivo link, que lhes permite a

funcionalidade de marcação de exames eletronicamente. Pelo fato de serem

reencaminhados pelo SAM para a plataforma AIDA, muitas vezes veri�ca-se

que os médicos não sabem que a utilizam. Para iniciar o processo, desde logo

é indicada a necessidade de introdução de uma data de referência data para a

qual o clinico pretende requerer o exame. De seguida, é selecionado, de entre

a lista de MCDTs disponível no separador Exames, que se encontra na parte

superior esquerda da Figura 4.1, o exame em causa. Nesta fase, a plataforma

permite ao clínico emitir pedidos de exames que não constam da lista dispo-

nível, através do separador Novos exames presenta na mesma �gura. Estes

pedidos implicam a introdução de uma justi�cação e são direcionados como

pedidos ao exterior. A plataforma AIDA está projetada para que o processo

de requisição seja efetuado de forma simples e rápida. Nesse sentido, é criado

para cada médico uma lista dos exames requeridos com maior frequência. O

acesso a esta lista de exame é permitido pelo separador Frequentes, presente

na Figura 4.1 que desta forma permite que o pro�ssional economize o tempo

gasto na seleção do exame pretendido. Com o mesmo intuito, o separador

Protocolos agrupa exames que são realizados juntamente, ou seja, exames

que costumam ser requeridos em conjunto. Deste modo, o pro�ssional não

necessita de realizar várias procuras, tendo acesso ao conjunto de exames

88 CAPÍTULO 4. CASOS DE ESTUDO (CHAA)

comummente realizados de forma sequencial.

É possível, nesta fase, indicar se o pedido é urgente ou não pela seleção da

área "Urg", presente do lado direito da Figura 4.1. Esta área uma vez seleci-

onada �ca marcada a vermelho, e na requisição impressa surge a indicação de

que se trata de um exame de caráter urgente. A área indicada como "opções"

está reservada para os exames que necessitam de indicação da localização do

membro a analisar, podendo ser selecionada a opção direita ou esquerda.

Nesta fase o estado indicado pela letra "E" encontra-se a verde, indicando

que é um pedido sem restrições respetivas à sua aprovação. O processo des-

crito prossegue então com a validação do exame selecionado, numa fase em

que já existe a indicação, à direita, do nome do exame, a data prevista para a

sua realização e respetivo preço faturado pela instituição e a sua taxa (Figura

4.1).

Figura 4.1: Interface da requisição eletrónica de MCDTs.

Esta validação dá acesso a um novo quadro que permite que o clínico

introduza as �Informações clínicas do utente� na área destinada a tal. O pre-

enchimento desta informação é de carácter obrigatório e encontra-se desta-

cado a laranja, assim como todos os restantes campos de carácter igualmente

obrigatório, como ilustra a Figura 4.2.

4.1. CENTRO HOSPITALAR DO ALTO AVE 89

Figura 4.2: Interface da requisição eletrónica de MCDTs.

Alguns pedidos de exames que têm contraindicações, impõe o registo de

dados complementares obrigatórios, que são visíveis na Figura 4.3. Estes são

designados por tarefas e apresentam-se como formulários de questões, que

têm de ser preenchidos pelo clínico para que seja possível terminar o pedido.

A Figura 4.3ilustra o exemplo de uma tarefa que deve ser preenchida aquando

a requisição de uma Ressonância Magnética.

Figura 4.3: Formulário de preenchimento obrigatório para recolha de con-

traindicações associadas ao exame de RM.

90 CAPÍTULO 4. CASOS DE ESTUDO (CHAA)

A informação inserida neste formulário �ca visível na requisição impressa

e é gerado um �cheiro em formato pdf, para consulta pelo técnico que rea-

liza o exame. Para além disso, no caso do paciente se encontrar internado,

é necessária a indicção dessa informação aquando a execução da requisição

eletrónica, selecionando a indicação de que o exame a que a requisição se

refere tem de ser realizado na enfermaria. A �nalização do pedido implica

um clique no botão "Imprimir". Deste modo, é gerado um documento em

formato pdf designado "Requisição de MCDTs".

Durante todo o processo de requisição eletrónica, todas as interfaces interve-

nientes indicam tem um cabeçalho que possui o nome do médico que efetua

o pedido, a origem do pedido (ou seja o serviço do médico), o episódio e o

módulo do pedido e a data. Este campo contém também informação acerca

do no do processo, o nome do utente e a data de nascimento do utente, assim

como a sua idade e sexo. Ainda nesta secção, o médico tem acesso a todos os

pedidos que efetuou, pelo separador "Meu ePeds". Nesta lista, como indica

a Figura 4.4, os pedidos têm a indicação da data em que foram realizados, o

processo e episódio-módulo a que se referem e o nome do paciente. Ao con-

sultar esta lista, o médico pode imprimir as requisições ou anulá-las, sendo

que são marcadas a vermelho os pedidos anulados e a verde os exames que

já foram efetuados.

Figura 4.4: Lista de ePedidos realizados pelo médico.

No decorrer do atendimento médico, existem exames que são realizados

no âmbito da consulta e que não exigem um pedido a nenhum serviço. Desta

forma, e uma vez que os referidos exames são também faturados, existe a

necessidade do médico proceder ao registo dos mesmos. O separador "Reg

Procs" permite o acesso à função de registo desses procedimentos.

4.1. CENTRO HOSPITALAR DO ALTO AVE 91

No rodapé de todos os quadros referidos, são visíveis as informações relativas

ao estado de agendamento de todo o historial de exames do utente. Neste

local, a plataforma permite visualizar as consultas/sessões de hospital dia

que se encontram agendadas para o utente em causa, com a indicação da

respetiva data, a hora, o serviço e o clínico a que se destinam. Existe também

a referência às cirurgias e exames que se encontram agendados e aos pedidos

que aguardam marcação e consequente agendamento.

O documento impresso, resultante da requisição efetuada através de meios

informatizados, contém um cabeçalho de identi�cação do utente. A Figura

4.5 simula uma requisição de uma Tomogra�a Axial Computarizada (TAC)

ao pescoço. A informação visível é a que foi, até agora referida, juntamente

com a indicação da morada de residência do mesmo. Adicionalmente, é

identi�cado o processo e o episódio a que a requisição se refere, assim como

o respetivo número de identi�cação do utente no serviço nacional de saúde.

Figura 4.5: Documento da requisição de uma TAC ao pescoço.

92 CAPÍTULO 4. CASOS DE ESTUDO (CHAA)

Para além disso, na lateral esquerda do documento encontra-se presente

a identi�cação numérica, a morada e o contacto da entidade prestadora de

cuidados (CHAA). Neste local, estão referidas também as identi�cações nu-

méricas da requisição e da especialidade a que o pedido se refere.

Para além do supramencionado, o documento em causa contém ainda dois

quadros principais. No primeiro, está registada a data em que o pedido

foi efetivado, referida como a "Data Requisição", a especialidade do mé-

dico que emitiu o pedido e a data do episódio do utente a que a requisição

respeita, assim como a identi�cação desse mesmo episódio. Este primeiro

quadro contempla ainda os dados clínicos introduzidos pelo pro�ssional de

saúde aquando a realização do pedido. No segundo quadro, é identi�cado

o exame a que é referente a requisição, assim como a data da requisição e

as contraindicações/restrições que são indicadas pelo preenchimento do for-

mulário (tarefa) já anteriormente referido. Adicionalmente é visível o código

de barras com a identi�cação numérica que corresponde ao pedido em causa

na plataforma SONHO e a identi�cação numérica associada na plataforma

AIDA. O documento termina com a identi�cação do médico requisitante.

4.1.3 Registo eletrónico de exames no CHAA

Na continuidade do processo do pedido eletrónico de exames, a plataforma

AIDA implementada no CHAA possibilita o registo eletrónico dos mesmos

aquando a sua realização e a posterior elaboração do relatório correspondente

via eletrónica. Atualmente, os serviços do CHAA que registam eletronica-

mente os exames são os que se encontram na Figura 6. O pedido eletrónico

é agendado no SONHO pelo administrativo do secretariado do serviço a que

corresponde. De seguida, a plataforma AIDA acede à informação do agenda-

mento no SONHO e é então que se inicia o processo de registo eletrónico da

requisição. Este processo pode ser descrito pelo �uxograma da Figura 4.6,

dividindo-se em três fases principais:

• Receção: é efetuada pelo administrativo do serviço e serve para indicar

ao pro�ssional de saúde que o paciente já se encontra à espera para

realizar o exame;

4.1. CENTRO HOSPITALAR DO ALTO AVE 93

• Registo: é executado pelo pro�ssional de saúde que realiza o exame e

sendo indicado que o paciente está a ser atendido;

• Relatórios: permite que o médico descreva o exame e as suas obser-

vações e ilações do mesmo.

Figura 4.6: Fluxograma do processo de registo de exames e serviços que os

registam de forma eletrónica.

As requisições eletrónicas podem ser agendadas no SONHO ou resultarem

de pedidos diretos. Na plataforma de registo da AIDA, é possível distinguir

estes dois tipos de requisições, uma vez que estas se encontram marcadas

de forma diferente, tal como se encontra esquematizado na Figura 4.7. Os

pedidos rececionados pelo administrativo de cada serviço são marcados com

o símbolo presente no mesmo esquema e após o pro�ssional de saúde dar

início à realização do exame, ocorre a indicação de que o paciente está em

atendimento, através do símbolo que se segue ao registo no esquema da Figura

4.7. No �nal, os exames terminados �cam marcados com o símbolo verde e

os exames cancelados �cam marcadas a vermelho, tal como se esquematiza

na Figura 4.7.

94 CAPÍTULO 4. CASOS DE ESTUDO (CHAA)

Figura 4.7: Simbologia associada às várias fases do �uxo para registo eletró-

nico de MCDTs.

Na Figura 4.8 estão representadas três interfaces correspondentes à pes-

quisa de pedidos, à interface de receção e à interface de registo respetiva-

mente. Desta forma mantem-se a ordem do �uxo esquematizado anterior-

mente. Inicialmente a administrativa pode iniciar uma pesquisa de qualquer

pedido, selecionando os respetivos campos de pesquisa de acordo com o que

pretende procurar. O campo de pesquisa apresenta-se na primeira interface

da Figura 4.8 do lado esquerdo. E, do lado direito, apresentam-se os pedidos

que correspondem aos campos de pesquisa preenchidos. A segunda inter-

face ilustra o que �ca visível quando a administrativa seleciona o pedido que

pretende rececionar. Para o efeito, esta deve clicar em cima do símbolo de

receção no canto superior direito. Desta forma a receção do paciente �ca

efetuada e o pro�ssional de saúde tem acesso a esse pedido para proceder

com o registo do exame. Uma vez selecionado o pedido rececionado pela ad-

ministrativa, o pro�ssional de saúde tem acesso à terceira interface presente

na Figura 8 e pode iniciar o registo clicando no símbolo respetivo ao registo

que se encontra no canto superior direito da interface em causa. Assim se,

em nenhuma das situações, se proceder ao cancelamento do registo, este é

registado com a indicação de que está terminado podendo ser a qualquer

momento consultado através do campo indicado para a pesquisa.

4.1. CENTRO HOSPITALAR DO ALTO AVE 95

Figura 4.8: Interfaces intervenientes no processo de registo eletrónico de

exames.

96 CAPÍTULO 4. CASOS DE ESTUDO (CHAA)

Após o registo do exame, os médicos procedem à elaboração do relató-

rio médico. O separador designado por "Relatórios" da plataforma AIDA

devolve a interface ilustrada na Figura 4.9 e permite que os pro�ssionais de

saúde iniciem o relatório médico. Do mesmo modo, o relator pode pesqui-

sar, do lado esquerdo da Figura 4.9, o relatório que pretende, ou restringir

a pesquisa aos relatórios que "Aguarda Publicação", ou que foram já inici-

ados. Para além disso, o médico pode efetuar a sua pesquisa com base na

data da próxima consulta, facilitando-lhe saber os exames para os quais deve

proceder à elaboração do relatório com mais urgência.

Figura 4.9: Interface interveniente no registo eletrónico de relatórios de exa-

mes resultantes de MCDTs.

Do lado direito, são apresentados os exames correspondentes aos dados

introduzidos na pesquisa, sendo que estão marcados a verde aqueles cujo

relatório já se iniciou mas não foi ainda terminado pelo médico.

4.1.4 Extração de tabelas com os tempos

No decorrer desta análise detalhada da desmaterialização dos processos

de requisição e de registo, foi possível realizar-se uma extração das requisições

eletrónicas de exames ou de procedimentos. Esta extração possibilitou uma

visão mais ampla acerca do que se passa no CHAA. Com o intuito de analisar

4.1. CENTRO HOSPITALAR DO ALTO AVE 97

as vantagens e desvantagens do registo clínico eletrónico procedeu-se à extra-

ção dos registos de Pedidos eletrónicos (ePedidos) de MCDTs, com recurso

a linguagem SQL utilizando o software Oracle SQL Developer. Pretende-se,

não só, obter o tempo despendido na realização do pedido eletrónico, mas

também estudar as modi�cações que este processo introduziu na circulação

do papel. Com esta extração pretende-se saber o tempo que os pedidos

eletrónicos demoram a serem efetuados, assim como o número de pedidos

rececionado por cada serviço. A possibilidade de uma visão global sobre o

tempo despendido na execução de pedidos eletrónicos de MCDT permite afe-

rir os serviços em que deve existir uma maior intervenção a �m de diminuir a

duração do pedido. Esta análise foi realizada de forma a permitir um estudo

no período abrangente entre os meses de outubro de 2012 e maio de 2013.

Inicialmente, criou-se uma vista com o registo da identi�cação do pedido, a

identi�cação da tarefa, o relatório, a especialidade e o grupo a que o pedido

corresponde e a data e hora inicial e �nal da tarefa com o respetivo tempo

decorrido entre o início e o seu �m.

Após a criação desta vista, extraiu-se então a tabela resultante do código SQL

que se apresenta a seguir: Numa extração inicial, obteve-se, para alguns ser-

viços, valores inconclusivos pois veri�cou-se a existência de períodos de tempo

muito elevados no processo de registo de ePedidos em serviços que não exigem

o preenchimento da tarefa. A situação mais notória ocorreu no serviço de

oftalmologia. Após uma análise cuidada dos dados extraídos, apurou-se que

esta situação se veri�cou devido à existência de pedidos recuperados. Estes

são pedidos que foram registados no período que antecede a implementação

do sistema AIDA no CHAA. Nesta altura os pedidos eram encaminhados

pelo SiiMA (software, desenvolvido pela empresa First, direccionado para a

gestão de MCDTs em diversas áreas clínicas) para o SONHO, sendo que,

atualmente, a AIDA reencaminha-os para ambos os sistemas. Logo, os pedi-

dos recuperados dizem respeito àqueles que foram executados anteriormente

e que foram recentemente introduzidos no sistema por administrativos. O re-

gisto da data de efetivação destes possui a hora respetiva a nulos, e por esse

motivo, contribui para um falso aumento do tempo total de registo dos ePe-

didos dos serviços em que essa situação acontece. Todos estes registos foram

98 CAPÍTULO 4. CASOS DE ESTUDO (CHAA)

eliminados da amostra em análise, sendo que os restantes foram contabili-

zados dentro do período em causa, tal como estava previsto. Desta forma,

procedeu-se a uma segunda extração, eliminando os referidos registos (que

se encontram registados com a especialidade de�nida como "espped =99999".

4.2 Usabilidade no CHAA

No decorrer do desenvolvimento desta dissertação, a usabilidade foi a

principal temática. Neste contexto, e tendo como principais destinatários

os técnicos do Serviço foi inicialmente desenvolvido o Programa Gestão de

Utilizadores, que é abordado de seguida.

Ainda no âmbito da usbilidade e, desta vez, com o intuito de a avaliar nos

sistemas implementados no CHAA, foram selecionados os métodos de avalia-

ção mais adequados. No processo de seleção foram consideradas as variáveis

tempo e custos associados. Neste sentido, tendo em conta que estão integra-

das num ambiente hospitalar, as avaliações teriam que ser realizadas atravé

de métodos que ocupassem pouco tempo aos pro�ssionais. Para além disso,

valorizaram-se os métodos que não implicassem custos. Desta forma, foi apli-

cado um questionário e realizadas entrevistas a quatro serviços, tal como sera

explorado adiante.

4.2.1 Programa Gestão de Utilizadores

O objectivo central deste trabalho focou-se em desenvolver uma apli-

cação informática capaz de gerir os utilizadores de plataformas eletrónicas

implementadas no CHAA). Os dados dos utilizadores registados no CHAA,

respeitantes não só aos pro�ssionais de saúde, mas também aos administra-

tivos e técnicos, estão distribuídos por diferentes tabelas de bases de dados

distintas. As tabelas em caisa designam-se PceHSO, GestaoHSO e SilHSO.

O facto da informação não se encontrar centralizada numa base de dados,

complica o registo dos pro�ssionais no sistema para que lhes seja permitido

o acesso às diferentes aplicações informáticas implementadas. No caso de ser

4.2. USABILIDADE NO CHAA 99

necessário proceder à alteração dos dados registados, a não ser que se possua

um conhecimento muito aprofundado das tabelas criadas, o procedimento é

moroso, já que é necessário percorrer as colunas de cada tabela para encon-

trar o local correto e efetuar a alteração pretendida.

Desta forma, foi proposto o desenvolvimento de um programa que permitisse

inserir, consultar ou alterar os referidos dados, de modo a facilitar este pro-

cesso e a diminuir o tempo gasto pelos técnicos neste tipo de tarefas. Esta

aplicação foi desenvolvida em linguagem VBNET e executada no Visual Web

Developer 2008Express Edition. O projecto em causa deve essencialmente

permitir as funções de login de entrada, inserção de novos utilizadores, con-

sulta dos dados pessoais e alteração dos dados.

Inicialmente, tendo em vista a segurança e a restrição do acesso aos dados,

criou-se um login (Figura 4.10 garantindo-se assim a integridade da infor-

mação introduzida. O acesso só é concedido caso o utilizador se encontre

registado, na tabela GestãoUtilizadores, que contem o nome de utilizador

e a respetiva palavra-passe de entrada. Uma vez introduzida uma palavra

passe incorreta ou, na tentativa de acesso de um utilizador não registado,

o programa devolve uma mensagem de acesso negado, impedindo o acesso

de estranhos ao sistema. Quando o login é executado são, simultaneamente,

registados os respetivos dados numa tabela criada para listar os acessos ao

programa. Para além disso, são registadas as horas em que é iniciado o Login

e o Logout.

Figura 4.10: Interface do menu inicial.

Desta forma, diminuisse o nível de insegurança que advém da utilização

100 CAPÍTULO 4. CASOS DE ESTUDO (CHAA)

de programas deste género. Uma vez efetuado o Login, é possível aceder ao

menu principal que possibilita as funções de consulta, inserção ou alteração

dos dados, tal como ilustra a Figura 4.11.

Figura 4.11: Interface do menu inicial.

A aplicação desenvolvida possibilita um tratamento da informação mais

e�ciente e e�caz, na medida em que diminui o tempo dispensado para a re-

alização de tarefas como inserção de novos pro�ssionais de saúde no sistema

informático. Para além disso, �ca garantida a facilidade na consulta e alte-

ração dos dados existentes.

Se for selecionada a opção Inserir, surge uma interface com campos de in-

formação básica do utilizador. Entre estes encontram-se o no mecanográ�co,

no de ordem, nome, tipo, pro�ssão, custo, aplicações e serviços a que tem

acesso. No caso dos médicos, existem alguns que procedem à publicação de

relatórios, dependendo do serviço em que se encontram, tendo para esse efeito

uma palavra passe que lhes permite essa publicação. Deste modo, surgiu a

necessidade de se desenvolver um campo que ao ser selecionado permitisse a

introdução de uma palavra passe de publicação. A Figura 4.12 representa a

interface descrita, numa situação em que se procede à inserção de um novo

utilizador. Tal como se pode veri�car, após o preenchimento dos dados, surge

uma janela informativa que con�rma o sucesso da operação. Ao longo de to-

das as operações o retorno ao menu inicial pode ser feito a qualquer momento,

através de um clique no ícone com uma casa em destaque na Figura 4.12. A

mensagem devolvida con�rma o sucesso da operação.

4.2. USABILIDADE NO CHAA 101

Figura 4.12: Interface para introdução de um utilizador no sistema, com

os respetivos campos de preenchimento completos e respetiva mensagem de

sucesso da operação.

A consulta dos dados pode ser efetuada através do número mecanográ-

�co ou pela introdução do no de ordem do pro�ssional de saúde. Ambos

devolvem o mesmo resultado, tal como se visualiza na Figura 4.13, uma vez

que os dados de pesquisa introduzidos são respeitantes ao mesmo utilizador.

A informação que se visualiza é, tal como seria de esperar, aquela que foi

anteriormente introduzida.

Se for efetuada uma pesquisa de um no mecanográ�co/ordem que não existe

registado nas bases de dados, surge a caixa de texto informativa dessa si-

tuação possibilitando a inserção desse utilizador. Em caso a�rmativo, surge

novamente a interface de inserção de novos utilizadores já referida na Figura

4.12

102 CAPÍTULO 4. CASOS DE ESTUDO (CHAA)

Figura 4.13: Interface resultante da consulta de um utilizador.

A introdução da informação é sempre um processo suscetível de originar

erros. A fonte dos erros varia, podendo abranger, entre outros, uma incorreta

perceção da informação transmitida tanto por parte de quem regista como

por parte de quem transmite essa informação. Um simples engano de escrita

no teclado pode desencadear um registo defeituoso, que deve ser alterado para

que se fomente o bom funcionamento de todo o sistema. O desenvolvimento

deste programa teve em vista a simpli�cação desse processo, possibilitando a

alteração dos dados. Para isso, basta efetuar as alterações necessárias após

a realização da consulta. As alterações são guardadas num momento que se

procede a um clique no botão �Guardar�, visível no canto inferior esquerdo

da Figura 4.13. Neste caso, procedeu-se à alteração do nome introduzido,

uma vez que o apelido �ctício correto da pro�ssional de saúde introduzida é

Silva e não Siva. Efetuada essa alteração, pode visualizar-se a interface que

se encontra na Figura 4.14, indicando que a nova informação foi guardada

com sucesso.

4.2. USABILIDADE NO CHAA 103

Figura 4.14: Interface de alteração dos dados.

Como já foi referido, existem médicos que, no seu serviço, procedem à

publicação de relatórios. Nestes casos, pode haver a necessidade de alterar

a palavra passe de publicação. O botão designado "Alterar Pass", ao qual

foi atribuída esta função é visível na Figura 4.13. É de referir que este botão

só �ca disponível no caso da consulta retornar um utilizador que publique

relatórios. Ou seja, é efetuada a consulta à base de dados e, no caso de

o utilizador possuir palavra pass de publicação, surge um visto na caixa

"Publica Relatórios". Caso contrário o botão em causa não aparece e é

necessário que se coloque um visto na referida caixa para que a situação seja

alterada no caso do médico passar a publicar relatórios. Um clique no botão

em causa, encaminha o técnico para uma nova página web, em que é possível

introduzir uma nova palavra pass de acesso à função de publicar relatórios,

tal como mostra a Figura 4.15. No �nal deste processo, é presentada uma

mensagem informativa que con�rma o sucesso da operação e a alteração

pretendida.

104 CAPÍTULO 4. CASOS DE ESTUDO (CHAA)

Figura 4.15: Interface de alteração da palavra pass de publicação.

A aplicação desenvolvida executa as funções para as quais foi projetada

de forma rápida e e�ciente sendo que, ao executar as operações dos dados

nas três tabelas anteriormente referidas, cumpre os objetivos propostos numa

fase inicial.

É de salientar que, para além do que até aqui foi referido, na tabela Utiliza-

dores da BD PceHSO na coluna dataini, é registada a data e a hora em que

o utilizador foi inserido no sistema.

A realização deste trabalho possibilitou a consolidação dos conhecimentos de

bases de dados e um conhecimento mais aprofundado da ferramenta Oracle

SQL Developer. A aplicação desenvolvida torna possíveis, num menor pe-

ríodo de tempo, os processos de inclusão, alteração ou consulta de informação

que se apresenta deste modo mais acessível. Esta situação é bené�ca sob o

ponto de vista da ótica da usabilidade, que uma vez melhorada e potenciada,

contribui em grande parte para um bom funcionamento de todo o sistema

hospitalar.

4.2.2 Questionário de Usabilidade

A utilização de questionários na avaliação da usabilidade de um sistema

é prática comum e é bené�ca, uma vez que não acarreta encargos monetários

e consegue abranger um grande leque de participantes, já que o questionário

pode ser enviado em formato eletrónico.

O intenção deste questionário é contribuir para a realização de um estudo

acerca da usabilidade dos meios de RCE implementados no CHAA. Pretende-

se, sobretudo, conhecer a opinião dos utilizadores dos sistemas e promover

uma melhoria na ótica de utilização do sistema, sempre orientada para au-

4.2. USABILIDADE NO CHAA 105

mentar a satisfação da população alvo para o qual o sistema é projetado. Para

o efeito, a população em causa foi constituída por médicos, enfermeiros, téc-

nicos e administrativos abrangendo um total de cerca de 38 pro�ssionais de

saúde.

Inicialmente foi elaborado um questionário piloto, este foi fornecido a um

pro�ssional de saúde do CHAA para que fosse preenchido, por forma a con-

�rmar se as perguntas estavam perceptíveis ou se haveria alguma alteração a

fazer. Após esta situação, considerou-se que o questionário válido para dis-

tribuição. O questionário utilizado no decorrer desta avaliação encontra-se

no Apêndice A.

O questionário em causa foi, inicialmente, realizado eletronicamente utili-

zando a ferramenta GoogleDocs. A ideia inicial era enviá-lo via e-mail aos

aos participantes, interrogando um grande número de pessoas, num espaço

de tempo reduzido e com menores custos envolvidos. Contudo, a resposta

aos questionários não estaria garantida ou poderia, dessa forma, não chegar

em tempo útil para a realização desta dissertação. Por ese motivo, a ideia

que se seguiu foi a de proceder à distribuição do questionário em formato

papel, de forma a que este fosse respondido presencialmente, por forma a

garantir, atempadamente, as respostas dos pro�ssionais.

De seguida, foi emitido um pedido de aprovação às entidades reguladoras do

CHAA, para que fosse dada autorização para a distribuição dos questioná-

rios no CHAA. No entanto, não foi possível aguardar por este consentimento,

por indisponibilidade temporária. Este foi o motivo pelo qual, se optou por

informar os participantes neste estudo de toda a situação e realizar o pro-

cesso de distribuição e consequente preenchimento dos questionários, fora da

entidade de saúde em causa. Desta forma, foi possível reunir um conjunto de

pro�ssionais, que colaboraram, de livre vontade, e permitiram a apresentação

dos resultados que se encontram descritos mais adiante, na secção 5.2.1 desta

dissertação.

106 CAPÍTULO 4. CASOS DE ESTUDO (CHAA)

4.2.3 Entrevista

Tendo em conta a teoria, exposta anteriormente, foi projetada a realiza-

ção de uma entrevista. Este método foi um dos selecionados, uma vez que

não requere a intervenção de um grande grupo de utilizadores, é rápido e não

acarreta grandes custos.

Optou-se pela realização de uma entrevista semi-estruturada. Desta forma,

elaborou-se uma folha de registo, disponível para consulta no Apêndice B,

onde é possível ver os pontos que se pretende focar. Contudo, o entrevistado

teria a liberdade de exprimir a sua opinião, não tendo necessariamente que

responder, de forma direta, aos pontos registados. Esta avaliação, por meio

de entrevista, foi desenvolvida para ser aplicada aos serviços que utilizam

o sistema AIDA para realizar prescrições de MCDTs e elaborar relatórios.

Ou seja, a ideia era fazer um ponto de situação nos serviços prestadores de

MCDTs que utilizam a AIDA como forma de registo.

Esta intervenção envolvia então três serviços: Anatomia Patológica, Provas

Funcionais Respiratórias e Cardiologia sendo que a população alvo seria, pelo

menos, um tipo de pro�ssional de cada serviço que tivesse interferência no

registo (médico, técnico, enfermeiro, administrativo), para ser possível reco-

lher informações sobre o feedback sobre a AIDA.

Esta avaliaçãp iria complementar a utilização dos questionários, possibili-

tando a avaliação do grau de satisfação dos utilizadores, recolher possíveis

sugestões de alterações ao sistema e identi�car possíveis erros e falhas do

mesmo. Contudo, esta avaliação não foi passível de ser realizada, uma vez

que, tal como é sabido, os pro�ssionais de saúde nãopossuem demasiado

tempo disponível. Este facto impossibilitou realizar o que foi planeado.

4.3 Análise SWOT

A teoria exposta anteriormente, na subsecção 3.1.2, serviu de base para

a aplicação da analise de SWOT a todo o processo de desmaterialização a

que se assiste e, consequentemente à implementação do sistema de RCE no

CHAA designado AIDA. A projeção deste estudo, seguiu os passos estipula-

4.3. ANÁLISE SWOT 107

dos na teoria.

Sendo assim, numa fase inicial, teve-se em conta o ambiente interno à apli-

cação, ou seja, reuniram-se as forças (pontos fortes) e as fraquezas (pontos

fracos) do sitema em causa e de toda a desmaterialização do processo ine-

rente à sua implementação. Numa segunda fase, a atenção foi dirigida ao

ambiente externo, ou seja, aferiu-se acerca das oportunidades e ameaças que

podem advir do ambiente externo ao hospital para a plataforma AIDA.

Para o progresso desta análise, tiveram especial importância os questionários

(cujos resultados se apresentam na secção 5.2.1).

Se tivermos em conta as forças do sistema, temos que considerar, não apenas

as vantagens que advém da sua utilização, mas também as suas competências

internas, tais como: os recursos disponíveis para a realização dos objetivos

para os quais foi projetado; o que torna o sistema diferente dos demais já

existentes, e o que o torna especial na óptica do utilizador.

Já as fraquezas devem estar relacionadas com os aspetos que não acrescen-

tam valor competitivo ao produto: as desvantagens impostas pela utilização

do sistema ou as limitações do sistema que impedem a realização das tare-

fas para as quais foi desenvolvido. É necessário averiguar o que pode ser

melhorado e ressaltar o que pode ser entendido como fraquezas. Uma vez

identi�cadas, as fraquezas devem servir de base de incentivo à estruturação

de planos de intervenção bem estruturados e desenvolvidos na medida em

que possibilitem a transformação das fraquezas em forças.

As oportunidades tidas em conta, para esta análise, são aquelas forças sobre

as quais o hospital não tem controlo (ambiente externo), mas que podem

ser aproveitadas para in�uenciar positivamente a instituição. Numa fase ini-

cial, identi�caram-se as oportunidades (quais são e onde estão). Nesta fase,

tentou-se integrar as forças no campo das oportunidades, ou seja, tentou-se

conhecer de que forma as forças podem ser transformadas em oportunida-

des. Para além disso, everiguou-se as fraquezas dos produtos concorrentes,

para apresentar as características, do sistema que se está a analisar, como

oportunidades que cumprem as necessidades, tendo em conta a tecnologia

emergente.

Do mesmo modo que se procedeu à análise das oportunidades, foi inevetá-

108 CAPÍTULO 4. CASOS DE ESTUDO (CHAA)

vel aferir acerca das ameaças externas às quais os sistemas estão sujeitos.

Mais uma vez, inicialmente foi primordial identicar os principais obstáculos

que expõe o sistema a ameaças, tendo especial atenção a novos produtos de-

senvolvidos que podem ser considerados concorrentes ao sistema que se está

a analisar. Posteriormente foi também feita uma análise às fraquezas que

podem tornar-se ameaças. Desta forma, foi dedicada mais atenção a essas

fraquezas, por forma a minimizá-las ou, se possível, eliminá-las/ transformá-

las em forças/oportunidades. Importa referir ainda que os sistemas podem

ser ameaçados e considerados absoletos devido a alterações nos regulamentos,

devido à falta de recursos para o seu desenvolvimento e/ou implementação

e a barreiras do foro político. Assim estes aspectos não foram descorados,

tendo sido considerados, no decorrer da análise de SWOT realizada, cujos

resultados se apresentam na secção 5.3 desta dissertação.

Capítulo 5

Resultados

5.1 Análise da extração dos registos de pedidos

de MCDTs

A Tabela 5.1 resulta da extração �nal com a análise de 51794 pedidos

eletrónicos. Pode veri�car-se que os serviços de Anatomia Patológica, Gas-

trenterologia, Radiologia e a Unidade de Broncoscopia são aqueles para os

quais os pedidos são mais demorados uma vez que, tal como é demonstrado,

requerem o preenchimento obrigatório de tarefas, que antecedem a efetiva-

ção do mesmo. Contudo, veri�ca-se um tempo superior ao que seria esperado

nos pedidos dirigidos aos serviços de dermatologia e no pedido ao exterior.

O tempo total gasto no processo de requisição de MCDTs pode ser bastante

in�uenciado por diversas situações que nos ultrapassam no momento em que

é feita esta análise. Um exemplo seria uma situação em que o médico inicia

um ePedido e, por um motivo de força maior, se ausenta do computador

�nalizando o processo de requisição apenas uns minutos mais tarde. Assim,

a média de tempo gasto por pedido �caria in�uenciada e os minutos gastos

na execução dos pedidos podem considerar-se, nesta situação, in�acionados.

O grá�co da Figura 5.1 resume o número total de pedidos recebidos por

serviço. No período em análise, o serviço de radiologia apresenta-se como

sendo o que recebe um maior número de pedidos. Em contrapartida, estes

são dirigidos em menor número para os serviços de dermatologia e de anes-

109

110 CAPÍTULO 5. RESULTADOS

Tabela 5.1: Extração com o tempo gasto em pedidos para os diferentes ser-viçosServiços No Pedidos Recebidos Tempo Pedidos(s) Tempo Tarefas(s)Anatomia Patológica 5722 585686 2153Anestesia 3 223 0Dermatologia 3 806 0Gastrenterologia 2217 276410 2370Gastrenterologia 2211 275572 2370Radiologia Apoio 6 838 0Ginecologia 884 52495 0Imunoalergologia 5 378 0Imunohemoterapia 8 715 0Medicina de Reprodução 927 40104 0Medicina Física e de Reabilitação 167 9611 0Neurologia 346 29683 0Novos Pedidos Exterior 29 1865 0Obstetrícia 388 34138 0Oftalmologia 160 12922 0Ortopedia 8 557 0Otorrinolaringologia 719 37423 0Pedido ao Exterior 2581 291641 0Provas Funcionais Respiratórias 1686 111470 0Radiologia 26184 2061642 15959Radiologia 6347 385252 531Radiologia Apoio 9 1969 0Radiologia Convencional 6013 422050 233Radiologia Digestivos 75 8872 14Radiologia Ecogra�a 7901 563524 124Radiologia Intervenção 401 37906 0Radiologia Mama 834 55998 20Radiologia RM 1335 218220 12373Radiologia TAC 3269 367851 2664Serviço de Cardiologia 7650 536284 0Serviço de Cardiologia UF 67 3607 0Serviço de Imagiologia UF 1807 114203 0Unidade de Broncologia 126 38575 4786Urologia 107 6071 0Total Geral 51794 4246509 25268

5.1. ANÁLISE DA EXTRAÇÃODOS REGISTOS DE PEDIDOS DEMCDTS111

tesia. Foram executados apenas 3 ePedidos aos serviços de Dermatologia

e Anestesia, contrapondo com um total de 26184 pedidos direcionados ao

serviço de Radiologia.

Figura 5.1: Número total de pedidos recebidos por serviço.

A partir da informação extraída, foi analisada a quantidade mensal de

ePedidos realizados no período entre outubro de 2012 e maio de 2013. Recor-

rendo a ferramentas do Excel, foi possível projetar a tendência desta quanti-

dade até ao �nal do ano 2013. O grá�co da Figura 5.2 traduz essa projeção.

Em geral, o número de ePedidos tem vindo a aumentar desde outubro de

2012. Em dezembro veri�ca-se uma pequena diminuição desta quantidade,

o que pode ser explicado por uma diminuição do número de consultas reali-

zadas devido à época natalícia. O número de pedidos apresenta o seu pico

máximo no período de dezembro de 2012 para janeiro de 2013. E tal como

se visualiza, a maioria dos pedidos eletrónicos realizados foram efetuados no

ano de 2013. Uma vez que este processo se iniciou no CHAA apenas em

setembro de 2012, esta situação pode ser indicativa de um período, que se

estende de outubro a dezembro de 2012, marcado pela adaptação dos utili-

zadores e pela implementação do sistema em todos os serviços de forma a

funcionarem adequadamente. Após este período, justi�ca-se o considerável

aumento do número de ePedidos no ano de 2013. Em 2013, veri�ca-se um

112 CAPÍTULO 5. RESULTADOS

ligeiro aumento do número de pedidos realizados eletronicamente, tendo-se

veri�cado uma pequena descida no mês de fevereiro, provavelmente devido ao

menor número de dias constituintes do mesmo. Em maio de 2013 ocorreu o

maior número de pedidos de que houve registo, tendo sido efetuados o total

de 8536 ePedidos. Até ao �nal do presente ano, a tendência é veri�car-se

um aumento do número de pedidos eletrónicos. Mantendo-se a proporção de

crescimento que se veri�cou até à data, estima-se que em dezembro de 2013

estejam registados eletronicamente perto de 14000 pedidos.

Figura 5.2: Estudo da evolução da quantidade mensal de ePedidos

Importa fazer uma análise mais detalhada dos pedidos que envolvem na

sua execução tarefas de preenchimento obrigatório, já que são aqueles que,

naturalmente e como foi já referido, requerem mais tempo para serem efe-

tivados. Uma análise desses casos auxilia e é indispensável na otimização

do tempo despendido por parte dos pro�ssionais de saúde no exercício deste

processo e consequentemente contribui para uma gestão temporal que irá

permitir um melhor funcionamento de toda a unidade hospitalar.

Na Figura 5.3 encontra-se o número total de pedidos dos serviços de Ana-

tomia Patológica, Broncologia, Radiologia e Gastrenterologia (estes dois úl-

timos subdivididos nas diferentes categorias que os constituem). De entre

estes veri�ca-se que ocorreu um maior número de pedidos para a categoria

de Radiologia Ecogra�a com 7866 pedidos e a Unidade de Broncologia é a

que receciona menos pedidos, tendo contado com apenas 123. De facto, o

5.1. ANÁLISE DA EXTRAÇÃODOS REGISTOS DE PEDIDOS DEMCDTS113

serviço de Radiologia no seu total é o que recebe mais pedidos, contando com

cerca de 26184, ao qual se segue o serviço de Anatomia Patológica com 5722

pedidos.

Figura 5.3: Número total de pedidos dos serviços que implicam o preenchi-

mento de tarefas.

De forma a estudar, mais detalhadamente, estes 4 serviços, que se dife-

renciam dos restantes pelo facto de possuírem formulários de preenchimento

obrigatório, procedeu-se à eliminação de valores extremos, por forma a ser

possível uma correta análise dos dados. Tendo-se eliminado os registos que

apresentavam valores extremos para a realização das tarefas, obteve-se a Ta-

bela 5.2. Nesta tabela estão analisados 840 pedidos.

Tabela 5.2: Extração com o tempo gasto em pedidos para os diferentes ser-viçosServiços No Pedidos Recebidos Tempo Pedidos(s) Tempo Tarefas(s)Anatomia Patológica 52 6082 1161Gastrenterologia 93 14459 2370Radiologia 639 123862 16070Radiologia 15 2979 531Radiologia Convencional 15 3508 232Radiologia Digestivos 4 606 14Radiologia Ecogra�a 10 1960 124Radiologia Mama 1 305 20Radiologia RM 423 89053 12337Radiologia TAC 171 25451 2812Unidade de Broncologia 56 19900 4825Total Geral 840 164303 24426

114 CAPÍTULO 5. RESULTADOS

Com os dados da Tabela 5.2, foi possível aferir a média de tempo de

execução dos pedidos, o tempo de execução da tarefa por cada requisição

eletrónica e a percentagem de tempo gasto na mesma para os serviços em

causa. Os resultados obtidos desta análise encontram-se na Tabela 5.3. Esta

demonstra que as tarefas não ocupam grande parte do tempo dedicado ao

pedido eletrónico. Regra geral, os pedidos com uma execução mais demo-

rada são também, logicamente, aqueles que envolvem o preenchimento de

formulários (tarefas) mais extensos. O pedido que exige mais tempo é exe-

cutado para a Unidade de Broncologia, demorando em média 355 segundos,

dos quais cerca de 86 segundos são gastos no preenchimento da tarefa. Desta

forma, a Unidade de Broncologia é a que exige mais tempo no preenchimento

da tarefa, sendo que aproximadamente 24% do tempo gasto na execução de

um pedido para esta Unidade é gasto no preenchimento do formulário obriga-

tório para recolha de informação extra. No serviço de Radiologia, a categoria

Radiologia, que incluí os pedidos para exames radiológicos mais gerais, é a

que apresenta a tarefa mais demorada que ocupa cerca 18% do tempo de-

dicado à elaboração de uma requisição eletrónica. A esta categoria segue-se

a requisição eletrónica para a realização de uma Ressonância Magnética que

demora em média 211 segundos e em que cerca de 14% do tempo é gasto no

preenchimento do formulário para informação de contraindicações.

Tabela 5.3: Extração com o tempo gasto em pedidos para os diferentes ser-viçosServiços Média do Tempo do Pedido (s) Tempo da Tarefa por Pedido (s) % TarefaAnatomia Patológica 116,96 22,33 19%Gastrenterologia 155,47 25,48 16%Radiologia 193,84 25,15 13%Radiologia 198,60 35,40 18%Radiologia Convencional 233,87 15,47 7%Radiologia Digestivos 151,50 3,50 2%Radiologia Ecogra�a 196,00 12,40 6%Radiologia Mama 305,00 20,00 7%Radiologia RM 210,53 29,17 14%Radiologia TAC 148,84 16,44 11%Unidade de Broncologia 355,36 86,16 24%Total Geral 195,60 29,08 15%

Tendo por base a totalidade de pedidos presentes na Tabela 5.3, podemos

aferir que um pedido demora em média cerca de três minutos e o preenchi-

mento das tarefas cerca de meio minuto, o que corresponde a cerca de 15%

5.2. AVALIAÇÃO DE USABILIDADE 115

do tempo médio de uma requisição eletrónica.

5.2 Avaliação de Usabilidade

Para proceder à avaliação da usabilidade dos sistemas de RCE implemen-

tados no CHAA foram tidos em conta os resultados obtidos pelo método do

questionário, os quaais se apresentam de seguida.

5.2.1 Questionários

O questionário desenvolvido (Anexo A) foi distribuído por uma amostra

de 38 pro�ssionais de saúde, constituída por 20 Enfermeiros, 8 Médicos, 7

Administrativos e 3 Técnicos. A Figura 5.4 representa a percentagem a que

corresponde esta amostra.

Figura 5.4: Distribuição da população da amostra.

No total, este estudo abrangeu 16 serviços do CHAA. A Tabela 5.4 é

representativa dos serviços participantes.

O maior número de respostas obtidas registou-se nos serviços de Otorri-

nolaringologia, Cirurgia Vascular e Ciirurgia Ambulatório com 18%, 16% e

13%, respetivamente.

Relativamente à faixa etária dos participantes, pode a�rmar-se que 60% dos

Enfermeiros inquiridos tem mais de 40 anos, 71% dos Administrativos tem

116 CAPÍTULO 5. RESULTADOS

Tabela 5.4: Serviços do CHAA pelos quais foram distribuídos os questionáriosServiço Frequência Percentagem (%)Otorrinolaringologia 10 18%Cirurgia Vascular 9 16%Cirurgia Ambulatório 7 13%Gatroenterologia 5 9%Cirurgia Geral 4 7%Urgência 4 7%Consulta Externa 3 5%Medicina 2 4%Anestesia 2 4%Endoscopia 2 4%Imagiologia 2 4%Pediatria 1 2%UCIP 1 2%Patologia Clínica 1 2%UMER 1 2%Pneumologia 1 2%

entre os 31 e os 40 anos, 67% dos Técnicos situa-se numa faixa etária entre

os 25 e os 30 anos, e o mesmo acontece com 63% dos Médicos. Do total da

amostra, veri�ca-se que 24% têm entre 25 a 30 anos, 32% enontra-se entre

os 31 e os 40 anos e 45% apresenta mais de 40 anos.

Quanto à experiência de utilização dos sistemas de RCE, veri�cou-se que

100% dos Administrativos e 80% dos Enfermeiros lidam com têm mais de

cinco anos de experiência e 63% dos Médicos têm entre dois a cinco anos de

experiência com estes sistemas. Já dos três Técnicos que participaram neste

estudo, veri�cou-se que um se encontra a utilizar o sistema há menos de um

ano, outro tem entre um a dois anos de experiência e apenas um apresenta

mais de cinco anos de experiência.

A Figura 5.5 é ilustrativa da experiência da amostra total no manuseio dos

sistemas de RCE em causa.

5.2. AVALIAÇÃO DE USABILIDADE 117

Figura 5.5: Experiência da amostra total no manuseio dos sistemas de RCE

do CHAA.

Como se pode ver na Figura 5.5, mais de metade dos interveniêntes neste

estudo, cerca de 68%, apresentam uma experiência de utilização dos sistemas

superior a cinco anos. Este facto, aumenta o grau de con�ança nos resultados

obtidos, já que os estes são pouco in�uênciados pela inexperiência de alguns

utilizadores.

Com a realização deste questionário, foi possível ter uma visão dos sistemas

que são mais utilzados por cada grupo pro�ssional. Como seria de esperar, a

totalidade dos Médicos inquiridos utiliza o SAM, grande parte dos Enfermei-

ros recorre ao SAPE , sendo que os Técnicos e os Administrativos utilizam

em maior percentagem o SONHO. Contudo, a utilização destes sistemas não

é restrita ao grupo pro�ssional para o qual foram desenhados. Desta forma,

a Figura 5.6 mostra que o SAM é também utilizado por 25% dos Enfermeiros

e por 14% dos Administrativos.

Quanto ao sistema AIDA, veri�cou-se que é utilizado por 5% dos Enfermei-

ros, 33% dos Técnicos e 63% dos Médicos. A percentagem de Médicos que

acedem à plataforma AIDA deveria ter sido superior aos resultados que re-

gistamos, de modo a corresponder ao que acontece na realidade. Contudo,

o facto destes acederem à AIDA, na maioria das vezes, reencaminhados pelo

SAM, faz com que não tenham conhecimento de que utilizam de facto esta

plataforma.

118 CAPÍTULO 5. RESULTADOS

Figura 5.6: Utilização dos vários sistemas de RCE pelos diferentes grupos

pro�ssionais interveniêntes no estudo.

De seguida, foi averiguada a opinião dos utilizadores acerca dos sistemas

que utilizam. A Figura 5.7 resume o nível de concordância dos utilizadores da

AIDA com as 11 a�rmações que lhes foram apresentadas durante a realização

do questionário.

Figura 5.7: Opinião dos utilizadores acerca do sistema AIDA.

5.2. AVALIAÇÃO DE USABILIDADE 119

Como se veri�ca na Figura 5.7, embora 14% concordem totalmente que a

plataforma AIDA apresenta um design agradável, 43% dos utilizadores não

tem opinião formada acerca do mesmo. Em contrapartuda, a grande maioria

dos inquiridos, cerca de 72%, considera que a linguagem utilizada no sistema

é simples e clara e para 43% dos seus utilizadores é fácil identi�car os passos

para a realização das terefas pretendidas.

Para 57% dos utilizadores, a plataforma AIDA não possuí informação des-

necessária. Contudo, as opiniões dividem-se, de forma equitativa, quando se

pretende saber se o sistema permite que os utilizadores realizem o seu traba-

lho de forma e�ciente e e�caz, sendo que 43% discordam, 43% concordam e

os restantes 14% não têm opinião.

As maiores críticas dizem respeito à rapidez do sistema, pelo que 58% não

o consederam rápido na sua totalidade e 57% discorda que a consulta dos

dados se faça rapidamente. Para além disso, cerca de 57% dos utilizadores

salienta a necessidade de mensagens de erro mais claras.

Tal como seria de esperar, e, uma vez que existem ainda �ncionalidades a

serem implementadas nesta plataforma, este estudo apurou que 43% dos uti-

izadores discordam totalmente que a AIDA possua todas as funcionalidades

e capacidades expectáveis. Desta forma, é natural que apenas 29% dos in-

quiridos se diga, no geral, satisfeito com o sistema.

A Figura 5.8 ilustra as opiniões dos utilizadores do SONHO.

120 CAPÍTULO 5. RESULTADOS

Figura 5.8: Opinião dos utilizadores acerca do sistema SONHO.

Como se veri�ca, este sistema apresenta níveis de concordância elevados

com as a�rmações de carácter positivo acerca do sistema.

Neste caso, as críticas são dirigidas ao design do programa, apenas 11% dos

inquiridos o consideram agradável, em oposição a 22% que discordam total-

mente. Da mesma forma, apenas 11% considream o sistema rápido, ao invés

dos 22% que discordam na totalidade.

Também não existe unanimidade quanto à clareza e simplicidade das men-

sagens de erro presentes, tal como se pode veri�car no grá�ca da Figura 5.8

(apenas 11% consideram na totalidade que as mensagem de erro são claras e

simples e que estas possibilitam o registo sem necessidade de apoio ténico).

O mesmo se passa quando se tenta averiguar se o SONHO contém informa-

ção desnecessária: 33% pensa que existe informação desnecessária, 33% não

tem opinião formada acerca do assunto e 33% concorda que, no geral, o sis-

tema não possuí informação desnecessária. Com este inquérito, foi também

possível obter informações acerca dos sistemas SAM e SAPE. Os resultados

obtidos encontram-se nas Figuras 5.9 e 5.10 respetivamente.

5.2. AVALIAÇÃO DE USABILIDADE 121

Figura 5.9: Opinião dos utilizadores acerca do sistema SAM.

Figura 5.10: Opinião dos utilizadores acerca do sistema SAPE.

Relativamente ao sistema SAM, e tal como mostra a Figura 5.9, 36% con-

122 CAPÍTULO 5. RESULTADOS

sidera o seu design agradável e 50% não tem opinião. Já no que ao sistema

SAPE diz respeito, e tal como é visível na Figura 5.10, 47% considera o seu

design agradável.

A maioria dos utilizadores, tanto do SAM (64%) como do SAPE (58%), con-

sideram a linguagem simples e adequada.

Embora a grande maioria dos utilizadores do SAM (71%) não tenha uma

opinião formada sobre o assunto, os restantes 29% consideram fácil a identi-

�cação dos passos para a realização das tarefas e cerca de 57% considera que

o SAM nao possuí informação desnecessária. Já no que respeita ao sistema

SAPE, 42% diz identi�car com facilidade os passos para o �uxo das tarefas,

mas mais de metade (53%) considera que este sistema possuí informação des-

necessária. Em contra partida, 47% dos Enfermeiros inquiridos consideram

qe o SAPE possuí todas as funções e capacidades expectáveis contra apenas

14% com a mesma opinião em relação ao SAM.

Ambos os sistemas são criticados na falta de rapidez geral e na consulta dos

dados.

No geral, 36% não está satisfeito com o sistema SAM, 43% não tem opinião e

21% considera-se satisfeito. Já em relação ao SAPE, exste uma percentagem

maior de utilizadores satisfeitos com o sistema, cerca de 42%, 21% não está

satisfeito e 32% não tem opinião.

No CHAA, o processo de desmaterialização da documentação dos serviços

na gestão e prestação de cuidados ao paciente ainda tem um longo caminho

a percorrer, apesar da evolução já sentida desde o arranque desta iniciativa

de informatização hospitalar. Como ilustra a Figura 5.11, apenas 2% da do-

cumentação dos serviços é feita exclusivamente em papel, sendo que 32% é

registada unicamente em formato eletrónico. Em 66% dos casos, assiste-se a

um registo em papel e formato eletrónico, uma vez que a maioria dos serviços

está em processo de transição para o registo totalmente eletrónico.

5.2. AVALIAÇÃO DE USABILIDADE 123

Figura 5.11: Tipo de documentação dos serviços na gestão e prestação de

cuidados ao paciente.

Segundo os dados recolhidos junto dos inquiridos, e tal como sustentam as

Figura 5.12 e 5.13, 100% dos médicos recorrem ao sistema AIDA e ao sistema

SAM principalmente para aceder/registar relatórios em formato eletrónico

(100%) e introduzir/consultar pedidos de análises ou exames (100%). Já os

Enfermeiros, em 85% das vezes, utilizam o sistema SAPE com a �nalidade

de aceder ao processo clínico do paciente (relatórios e imagens de exames). A

totalidade dos Administrativos recorre ao SONHO, em 89% das vezes, com o

objetivo de gerir ou consultar a lista de pacientes que aguardam consulta. Por

sua vez, 100% dos técnicos de saúde que participaram neste estudo utilizam o

RCE, neste caso, o SONHO (33%) ou o AIDA (71%), para consultar/arquivar

imagens resultantes de exames de imagiologia ou radiologia.

124 CAPÍTULO 5. RESULTADOS

Figura 5.12: Funcionalidades do RCE para cada grupo pro�ssional.

Figura 5.13: Funcionalidades dos sistemas de RCE impementados no CHAA.

As duas perguntas de resposta aberta que integraram este questionário

com o objetivo de avaliar o que os utilizadores mais/menos apreciam no sis-

temas de RCE com que lidam, foram aquelas para as quais houve menor

quantidade de respostas. Dos 38 participantes, apenas 18 responderam as

5.2. AVALIAÇÃO DE USABILIDADE 125

estas questões. As questões de resposta aberta, embora veiculem uma maior

originalidade na resposta, possibilitando uma variedade de respostas e privi-

ligiando a recolha de informação mais diversi�cada, requerem mais tempo na

execução da resposta. A falta de tempo, pode ser um fator explicativo para

o reduzido número de respostas a este tipo de questões.

As 18 respostas foram, contudo, bastante úteis no sentido de perceber a ver-

dadeira opinião dos utilizadores dos sistemas em causa. Relativamente ao

sistema AIDA, os Médicos ressaltam o facto deste permitir "o suporte de

toda a informação do doente, acessível em qualquer local e hora" e o facto de

"poder consultar, em qualquer altura, todos os exames realizados pelo doente,

assim como todos os relatórios que lhe dizem respeito". Em suma, todos refe-

rem como positiva a "capacidade de considerar toda a informação do doente".

Um Enfermeiro refere ainda o "formato agradável e de fácil manipulação e

consulta". Este facto, é apoiado por um técnico de saúde que menciona "a

facilidade com que executa as tarefas que pretende e a consulta dos dados"

através do sistema AIDA.

Em relação ao SAM, os Médicos referem o a sua "versatilidade" como um

factor a favor do manuseio deste sistema e dois Enfermeiros indicam ainda

"a simplicidade do programa" e "o facto de, aliado ao SAPE, facilitar a exe-

cução de registos e a obtenção de informação", como os factores que mais

apreciam no SAM.

Já o SAPE é valorizado pelos Enfermeiros por "possibilitar um registo �ável

que não permite novos registos ou alterações à posteriori", por proporcionar

uma "maior rapidez no processo de observação dos utentes, assim como uma

maior visibilidade dos dados registados". Para além disso, são valorizados

aspectos como a "exatidão e fácil leitura dos registos", a "consulta imediata

dos registos de enfermagem, dos registos médicos e imagiológicos". A "lin-

guagem acessível" e a "facilidade e rapidez da consulta de todo o processo de

RCE" são também apresentados como vantagens sobre o "registo feito em

papel, que exige muita burocracia e um tempo de demora superior a 24h".

No que ao SONHO diz respeito, foi possível recolher a opinião de dois Ad-

ministrativos, que apontam a sua "e�cácia" e "a rapidez no processamento

dos dados inseridos" como aspetos positivos da utilização deste sistema.

126 CAPÍTULO 5. RESULTADOS

Tendo em mente uma futura intervenção para a melhoria continua de todos

os sistemas ja implementados no CHAA, e por forma a analisar qual deve ser

o foco dessa mesma intervenção, averiguou-se o que os pro�ssionais de saúde

gostariam de poder alterar no RCE que utilizam. Desta análise resultaram

opiniões interessantes e pertinentes, tal como se mostra de seguida.

No sistema AIDA, os médicos apontam a necessidade de uma "maior motiva-

ção por parte dos pro�ssionais de saúde para o registo eletrónico, de modo a

facilitar o acesso à informação completa", para além disso, salientam, assim

como também refere um técnico inquirido, a "necessidade de uma maior fa-

cilidade em corrigir erros, sem auxílio técnico". Um Enfermeiro sugere ainda

que fosse mais fácil "ter duas sessões iniciadas por utilizadores diferentes no

mesmo computador".

Em relação ao SAM os Médicos apontam que deve ocorrer um "aumento da

rapidez de consulta e registo" e acrescentam que "o sistema é lento e com

bloqueios sucessivos" e que "devia ter um formato mais "user-friendly". Para

além disso defendem, também neste caso, a necessidade de "um esforço, por

parte da informática, para incentivar todos os pro�ssionais de saúde a in-

troduzirem todos os dados, para que se possa usufruir das totais capacidades

do programa". Um Enfermeiro sugere uma maior "facilidade de consulta aos

alertas clínicos para uma maior segurança" e uma maior "simplicidade no

formato inicial do programa, de forma a tornar a informação mais acessí-

vel". Os Enfermeiros pretendem que o "acesso ao sistema seja mais rápido

e que este se encontre em funcionamento pleno durante as consultas".

No que respeita ao SAPE, os Enfermeiros gostariam que o sistema fosse

"mais rápido", "com um acesso mais direto aos vários itens que pretendem,

tais como consultas e registos de dados" e alterariam a linguagem do sistema

para uma "mais acessível". Um Enfermeiro sugere ainda "a uniformiza-

ção das atitudes terapêuticas e dos fenómenos das diversas especialidades,

colocando apenas os especí�cos das mesmas", para além disso considera im-

portante "eliminar as repetições" e "simpli�car mais os processos de registo".

Esta situação é apoiada por outro pro�ssional que diz ser "necessário dispen-

der muito tempo" no registo e que, como tal, estes devem ser "agilizados".

Um Enfermeiro diz não se sentir confortável com o facto de ter de "utilizar

5.2. AVALIAÇÃO DE USABILIDADE 127

três programas (SAPE, GHAF e CLINIDATANET)" e assim, considera es-

sêncial a existência de "apenas um programa para a prática de enfermagem".

Relativamente ao SONHO, um Administrativo sugere o "alargamento dos

parâmetros de pesquisa (por exemplo "Pesquisa por Altas e uma maior "agi-

lidade e �exibilidade na cobrança de taxas de consulta externa, sobretudo a

inclusão de taxas referentes a meios de diagnóstico não realizados".

Veri�cou-se ainda que existe falta de conhecimento, por parte dos pro�ssi-

onais de saúde e pessoal administrativo do CHAA, no que diz respeito aos

sistemas de classi�cação e codi�cação de terminologias médicas, tais como o

SNOMED ou o ICD9 (Figura 5.14).

Figura 5.14: Respostas obtidas à questão: "Conhece alugum sistema de clas-

si�cação e codi�cação de terminologias médicas (SNOMED, ICD9)?".

Quando inquiridos acerca destes sistemas, 63% diz que não tem conhe-

cimento acerca dos mesmos. Assim, apenas 37%, na sua maioria médicos,

a�rmam que têm conhecimento acerca desta temática e, no geral, considera-

riam útil uma possível introdução destes sistemas de classi�cação no RCE.

Quando questionados acerca deste assunto, numa escala de 1 a 5, em que o

o primeiro nível corresponde à classi�cação de "Inútil"e o último de "Muito

útil", 29% classi�cou com 3, 43% com 4 e 29% com 5.

128 CAPÍTULO 5. RESULTADOS

5.3 Análise SWOT

A realização da análise SWOT aplicada ao sistema AIDA, tem em vista a

melhoria do sistema no seu global, tendo em conta as exigências dos utiliza-

dores aos quais se destina. Uma vez concretisada esta análise, sob o ponto de

vista interno do sistema, foram apuradas as principais forças e as fraquezas,

que se encontram retratadas nas Tabelas 5.5 e 5.6. De seguida, as Tabelas 5.7

e 5.8 resumem, respetivamente, as oportunidades e as ameaças, denotadas no

decorrer da mesma análise, quando a mesma se aplica ao ambiente externo

ao sistema AIDA.

Tabela 5.5: Forças resultantes da análise SWOT realizada ao sistema AIDA.ForçasAcessibilidadeInteroperabilidadeUsabilidadeLinguagem acessívelSegurançaRigor no registoApoio técnicoManutençãoPersonalizávelEvita perdas de informaçãoRapidez dos processosMelhora a gestão do trabalhoModernização tecnológicaInterface atualizda e personalizada

É de referir que o sistema AIDA implementado no CHAA é de levada im-

portância na execução e �uxo de todos os processos, contribuindo de forma

signi�cativa para uma melhor gestão temporal e para a pretação de cuidados

de serviço de qualidade. A acessibilidade do sistema AIDA é incontestável e

foi referida por grande partes dos inquiridos aquando a realização do ques-

tionário. A AIDA permite que a informação esteja acessível e em qualquer

altura e local. Para além disso, possiblita a interoperação entre os vários

sistemas (SAM, SAPE e SONHO) implementados na CHAA e permite a in-

5.3. ANÁLISE SWOT 129

tegração de novas aplicações. São ainda de referir, aspectos positivos como

é o caso da linguagem acessível que é utilizada e que torna o sistema com

um formato mais "user-friendly", contruibuindo para a elevada usabilidade

que o caracteriza. Este facto, torna a interface grá�ca mais intuitiva e, deste

modo, a identi�cação dos passos para atingir os objetivos pretendidos torna-

se mais fácil.

A AIDA promove registos clínicos mais completos, e esta vantagem é trans-

versal a todos os processos de informatização, uma vez que é possível colocar

campos de preenchimento obrigatório. Deste modo, evitam-se falhas de re-

gisto e os registos clínicos tornam-se mais rigorosos. Importa ainda referir

que a segurança dos registos clínicos é reforçada com esta plataforma, uma

vez não é possível a sua alteração à posteriori (impedindo a violação dos

dados) e o formato eletrónico evita perdas de informação.

A total disponibilidade dos pro�ssionais do STSI do CHAA, torna o apoio

técnico garantido a todos os utilizadores e fomenta a facilidade de manu-

tenção da AIDA. Esta disponibilidade gera também uma atenção especial

a todo o �uxo organizacional da instituição e assiste-se a uma preocupação

constante de manter o sistema atualizado, sendo que o mesmo é personali-

zável às várias especialidades de saúde. Nos serviços prestadores de MCDTs

que utilizam a AIDA como forma de registo, esta plataforma melhora a ges-

tão do trabalho (relatórios médicos e lista de pacientes), na medida em que

fomenta a rapidez nos processos de pedidos de MCDTs, permite a execução

de relatórios médicos numa interface atualizada e personalizada. O desen-

volvimento desta plataforma promove a modernização tecnológica a que se

assiste na atualidade.

A plataforma AIDA, apesar de toda a sua utilidade e e se apresentar como

um sistema essencial para a contribuição de prestação de cuidados com qua-

lidade, existem aspectos que devem ser tidos em conta, para que se consiga

aproveitar todo o potencial deste sistema. A Tabela 5.6, apresenta as fra-

quezas encontradas durante a análise de SWOT que foi realizada.

A inexistência de manual de utilização pode apresentar-se como um fac-

tor prejurativo para os utilizadores do sistema. Isto porque um manual de

suporte técnico seria sempre útil nos momentos em que surgissem dúvidas

130 CAPÍTULO 5. RESULTADOS

Tabela 5.6: Fraquezas resultantes da análise SWOT realizada ao sistemaAIDA.

FraquezasInexistência de manual de utilizaçãoFormação periódica dos utilizadoresImplementação incompletaFalta de recursosUtilizadores inexperientesAlterações frequentes nos serviçosMensagens de erro

da sua utilização, ou até quando se pretende resumir todas as funcionalida-

des desenvolvidas na plataforma. De qualquer forma, o facto de existir um

apoio técnico permanente prestado pelo STSI do CHAA, vem colmatar esta

fraqueza, que consegue assim ser ultrapassada. A necessidade de formação

periódica dos utilizadores é aplicada a qualquer sistema informático susceptí-

vel de modi�cações ou atualizações. Contudo, neste caso foi visto como uma

fraqueza pelo facto de se apresentar como um entrave, uma vez que nem

sempre é possível fornecer a formação necessária aos utilizadores. E desta

situação advém o ponto negativo de se lidar com utilizadores inexperien-

tes com falta de cohecimentos e interesses tecnológgicos. De qualquer forma,

estes pontos podem alterar-se e tornarem-se em forças pela imposição de for-

mações periódicas aos utilizadores, que pode ser facilmente implementada,

passando por questões meramente organizativas e se estas forem atempada-

mente agendadas. Importa, no entanto referir, que a interface do sistema

AIDA foi projetada no sentido de promover a acessibilidade e a simplicidade

do seu manuseio, o que pode ser um fator posivo contra a falta de experiência

dos utilizadores. O facto de se veri�carem alterações frequentes nos serviços

de saúde, apresenta-se como um fator negativo para o sistema, uma vez que

este não possuí a capacidade de se atualizar instantaneamente.

Pretende-se que, no futuro, informatização dos registos clínicos abranja to-

dosos serviços. Contudo, atualmente, o sistema AIDA, não se encontra em

funcionamente em todos os serviços, assim, a sua implementação incompleta

di�culta a interoperabilidade prometida pelo sistema e para além disso, po-

5.3. ANÁLISE SWOT 131

tencia a existência simultânea de registos clínicos eletrónicos e em papel, o

que pode não ser favorável à correta prestação de cuidados de saúde. Para

além disso, assiste-se a uma falta de recursos que permitam um aproveita-

mento total das potencalidades do sistema. Contudo, este aspecto é o mais

difícil de ultrapassar, já que os avanços na tecnologia são constantes e não é

viável que o hospital consiga acompanhá-los devido a restrições �nanceiras

que são imperativas.

Segundo a informação recolhida pelo método do questionário, as mensagens

de erro deste sistema, poderiam ser complementadas com os passos orientados

a possíveis soluções. Esta situação será tida em conta, num desenvolvimento

futuro. Findada a análise ao ambiente interno do sistema, importa agora

analisá-lo externamente. Destacam-se, primeiramente, as oportunidades, na

Tabela 5.7 encontram-se resumidos os pontos que serão explorados de se-

guida.

Tabela 5.7: Oportunidades resultantes da análise SWOT realizada ao sistemaAIDA.

OportunidadesIntegraçãoApoios �nanceirosUsabilidadeModernização tecnológicaMaior interesse da população pela tecnologiaDispositivos móveisMaior exigência dos utentesIntegração com dispositivos móveisTecnologias emergentes

A modernização tecnológica vigente na atualidade, potencia um interesse

crecente da população pela tecnologia e, na área da saúde, assite-se a uma

maior exigência dos utentes, que pretendem serviços cada vez mais rápidos

e seguros, formam um conjunto de oportunidades que incentivam o desen-

volvimento de sistemas de RCE como a plataforma AIDA. Aliado a estas

oportunidades estão os apoios/incentivos �nanceiros para a informatização

na saúde que acompanham as tecnologias emergentes. Estes factos podem

ser aproveitados para aprimorar o sistema e fomentar o reconhecimento que

132 CAPÍTULO 5. RESULTADOS

lhe é atribuído. Numa perspectiva de uni�cação de sistemas, a integração

com outros sistemas e a possibilidade de integrar dispositivos móveis em sis-

temas deste tipo são factos que não devem estar afastados dos objetivos do

sistema AIDA.

Existem alguma ameaças externas ao sistema (Tabela 5.8, as quais devem

ser entendidas e perfeitamente estudadas de modo a não comprometerem as

funcionalidades do sistema em causa.

Tabela 5.8: Ameaças resultantes da análise SWOT realizada ao sistemaAIDA.

AmeaçasAtaques informáticosBrowser de baseCrise económicaSistemas protegidos e fechadosFalta de �nanciamentoSistemas concorrentesAlteração dos requisitos técnicos

Os ataques informáticos são as ameaças mais comuns, e podem, de fact,

por em causa o bom funcionamento hospitalar em serviços que tenham os

registos clínicos totalmente informatizados e desmaterializados de RCP. A

segurança atestada ao sistema diminui, também, a probabilidade de ataques

informáticos. Contudo, é necessário planear estratégias de funcionamento e

de �uxo da informação, no caso do sistema deixar de funcionar. Importa ga-

rantir que a entidade de saúde continua operável numa situação de falência

informática.

A plataforma AIDA tem como browser base o Internet Explorer. Este facto,

foi considerado uma ameaça ao sistema, já que, na atualidade existem já

browsers mais rápidos com melhorias apresentadas quando comparados com

o Internet Explorer.

A crise económica que Portugal atravessa, e que está patente em todas as

áreas de desenvolvimento tecnológico, afeta, também a área da saúde e, con-

sequentemente, falta �nanciamento para os recursos necessários para o bom

5.3. ANÁLISE SWOT 133

funcionamento do AIDA.

De referir ainda que o crescente aparecimento de sistemas concorrentes e até

de sistemas protegidos e fechados, aliados à frequente alteração dos requisitos

técnicos constituem ameaças à interoperablidade e acessibilidade de todo o

sistema em causa.

134 CAPÍTULO 5. RESULTADOS

Capítulo 6

Conclusões e trabalho futuro

A realização deste projeto esteve integrada no estágio desenvolvido no

CHAA, mais especi�camente, no departamento de Serviço de Tecnologias e

Sistemas de Informação (STSI). Ao longo deste estágio, foram desenvolvidos

trabalhos, tais como atualizações das bases de dados, esclarecimento e presta-

ção de apoio aos utilizadores dos sistemas, participação no desenvolvimento

do programa de criação de estatísticas mensais informatizadas, que foram

valiosos para a contribuição de uma maior aproximação aos vários sistemas

de RCE. Embora estes trabalhos não se encontrem descritos nesta disser-

tação, eles contribuiram para um conhecimento, mais aprofundado, de toda

a dinâmica hospitalar. Foi, assim, possível estar mais perto dos problemas

diários e mais comuns e, deste modo, foi mais fácil e interessante desenvolver

este projeto de investigação.

Findada esta dissertação, importa reter que a utilização de sistemas de RCEs,

uma vez integrada num ambiente hospitalar, é abrangnte a todos os grupos

pro�ssionais de saúde, pelo que estes sistemas, devem ser desenvolvidos por

forma a cumprirem os requsitos de acessibilidade a todos os prestadores de

cuidados, fomentando a interação entre eles e, apresentando-se como uma

mais valia ao �uxo de trabalho.

Este trabalho, reforça e ressalta as vantagens que os sistemas de RCE têm,

mas que, tantas vezes, são ignoradas pelos pro�ssionais, devido à falta de

135

136 CAPÍTULO 6. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO

experiência destes com os sistemas em causa, ou até devido à falta de dispo-

nibilidade mental para a aquisição de novos conhecimentos e novas práticas

diárias. Os estudos integrados nesta dissertação, denotam que, ainda se ve-

ri�cam lacunas no conhecimento dos pro�ssionais acerca de temáticas como

os sistemas de classi�cação e codi�cação de terminologias. E destaca-se a

falta de motivação dos pro�ssionais de saúde para a introdução de todos os

dados nos sistemas de RCE. É necessária uma maior consciencialização dos

benefícios da informatização na saúde. Apesar disso, e embora a maioria dos

serviços utilizam RCEs e RCPs, pode concluir-se que o trabalho efetuado,

diariamente, pelo STSI do CHAA, é executado na tentativa de agilizar, o

mais possível, a informatização de todos os serviços.

Existe bastante trabalho feito no sentido da desmaterialização de processos

hospitalares visando a informatização dos mesmos. Serve esta dissertação,

também, para clari�car todo esse percurso feito, em particular, no CHAA.

Neste contexto, a focalização ocorre na presquição eletrónica de MCDTs e no

registo eletrónico de relatórios médicos. Este projeto permitiu analisar a ade-

são dos pro�ssionais de saúde a estes novos processos implementados. Pode

estimar-se um crescimento acentuado na execução de prescrições de exames e

realização de relatórios, em formato eletrónico, até ao �nal do presente ano.

De entre as demais vantagens referidas ao longo deste trabalho, detaca-se

a in�uência que a informatização destes processos tem no tempo inerente

ao �uxo da informação. O transporte das informações, nos vários locais da

instituição e, até entre os pro�ssionais envolvidos, é, induvitavelmente, mais

rápido. É evitada a perda de informação, e, é promovida a introdução de

informação completa na geração dos documentos eletrónicos.

No decorrer deste projeto, foi projetada uma avaliação da usabilidade dos

sistemas de RCE que resultou na utilização de questionários para analisar a

opinião e feedback dos seus utilizadores. Embora, a ideia inicial fosse avaliar

a usabilidade do sistema AIDA, esta avliação estendeu-se a todos os sistemas

de RCE do CHAA. Deste modo, obteve-se informação acerca dos sistemas

AIDA, SONHO, SAM e SAPE, considerada relevante para promover a me-

137

lhoria destes sistemas na sua interção com os utilizadores. Em todos os

sistemas, a linguagem utilizada é considerada, pela maioria, simples e ade-

quada. Este aspeto é importante, na medida em que é essenvial para que

o utilizador consiga interagir com o sistema. E, este specto ganha maior

importância, uma vez integrado em SIH, pela necessidade de adequação de

termos técnicos percetíveis pelos utilizadores alvo.

A plataforma AIDA é valorizada pela facilidade com que se identicam os

passos necessários à realização das tarefas, pelo design agradável da sua in-

terface, assim como pela ausência de informação desnecessária. Os aspetos

suscetíveis de alterações, tendo em conta o grau de satisfação dos seus uti-

lizadores, são a performance do sistema que é, pela maioria, considerado

lento, o tempo alargado exigido para a consulta dos dados e, por último,

as mensagens de erro que, a maioria de utilzadores, não considera claras o

sufuciente para que os problemas sejam resolvidos sem necessidade de apoio

técnico. Na origem da demora na consulta dos dados, através desta pla-

taforma, pode estar a inesperiência do utilizador, uma vez que se trata de

um sistema implementado no CHAA à, relativamente, pouco tempo. Estas

considerações só vêm reforçar a ideia de que é necessária formação, nesta

àrea, para os pro�sionais de saúde, de modo a promover o seu conhecimento

acerca do sistema que utilizam. O facto das mensagens não serem claras o

su�ciente para a resolução independente dos problemas, embora se apresente

como um ponto a ser melhorado, é compensado pelo apoio técnico disponível

e prestado, diariamente, pelo pessoal do STSI. Apesar da notoridade das

funcionalidades já implementadas pela AIDA, os dados recolhidos indicam

que há, ainda, um longo caminho a percorrer para que o programa possua

todas as funcionalidades e capacidades expectáveis.

Os utilizadores do SONHO encomtram-se, na sua generalidade satisfeitos

com o sistema e, a maioria, considera que este possui todas as capacidades e

funcionalidades expectáveis. Contudo, os dados indicam que, na ótica do uti-

lizador, podem ocorrer melhorias ao nível do design da interface do sistema,

na sua performance e as mensagens de erro podem ser trabalhadas tendo em

vista a sua clari�cação para a resolução de problemas.

Os utilizadores do SAM consideram que não existe informação desnecesária.

138 CAPÍTULO 6. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO

Contudo, concordam queo programa não possui todas as funcionalidades e

capacidades necessárias. Para além disso, a maioria, aponta como negativo o

tempo dispensado para a consulta dos dados, que consideram ser demorada.

O SAPE tem um design, considerado pela maioria, agradável. Na generali-

dade, conclui-se que o sistema permite que os utilizadores desempenhem um

trabalho e�caz e e�ciente, com todas as funionalidades expectáveis. Con-

tudo os dados recolhidos indicam a necessidade de eliminação de informação

desnecessária, melhoria da performance do sistema e diminuição do tempo

dispendido na consulta dos dados.

A par destas conclusões, foi possível veri�car que, a maioria dos utilizadores,

alerta para a necessidade de promoção e incentivo da utilização das ferra-

mentas dos sistemas de RCE, por todos os pro�ssionais. Desta forma, os

pro�ssionais de aúde acreditam que teriam acesso a informação mais com-

pleta, para além de podem tirar melhor partido de todas as funcionalidades

inerentes aos sistemas em causa.

Da análise SWOT realizada, ao sistema AIDA, no decorrer desta dissertação,

reforçou o reconhecimento distinto que o sistema merece pela conjuntura das

forças, assim, destacadas. Seria importante, a criação de um manual de uti-

lização e até outro de desenvolvimento técnico, onde fosse registado todo o

trabalho até agora realizado e a forma como o mesmo foi executado, com

referência aos requisitos técnicos que visa cumprir. Desta forma, seria facili-

tada a interação com a plataforma e promever-se-ia a compreeção da mesma

pelos utilizadores.

Seria importante que a avaliação dos sistemas não �casse por aqui. A realiza-

ção das entrevistas, e de mais avaliações de usabilidade, só iriam enriquecer e

reforçar todo o trabalho até aqui realizado. O trabalho presente nesta disser-

tação, analisa os efeitos das mudanças induzidas pela desmaterialização de

processos hospitalares, identi�ca os pontos mais necessitados de intervenção,

como forma de fornecer as melhores orientações para uma futura intervenção.

Nesta medida, a informação recolhida no �nal deste trabalho é considerada

bastante relevante para a promoção de uma melhoria contínua da prestação

139

de cuidados de saúde e da utilização dos SIH.

140 CAPÍTULO 6. CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO

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República - Despacho n.o 9186/2011, vol. DR 126 of 2o, 2011.

Apêndice A

Questionário de Usabilidade

151

Avaliação da usabilidade do registo clínico eletrónico

Em que grupo profissional se insere?

Médico

Enfermeiro

Técnico

Administrativo

Outro:

Indique em que serviço está inserido:

Em que faixa etária se encontra?

Menos de 25

25-30

31-40

Mais de 40

Este questionário visa a avaliação da usabilidade do Registo Clínico Eletrónico implementado no

Centro Hospitalar do Alto Ave. Agradecemos desde já a sua disponibilidade para participar no

presente inquérito. As informações por si fornecidas são vitais para o aprimoramento do sistema.

Por favor, leia com atenção as questões a seguir e em caso de dúvida, solicite esclarecimento com o

avaliador.

Há quanto tempo recorre ao Registo Eletrónico?

Menos de um ano

Entre 1 e 2 anos

Entre 2 e 5 anos

Mais de 5 anos

Qual/Quais o/os software de Registo Eletrónico que utiliza?

AIDA

SAM

SONHO

SAPE

Classifique as seguintes afirmações acerca do Registo Eletrónico segundo

a seguinte escala:

1-Discordo completamente 2- Discordo 3- Não concordo nem discordo

4-Concordo 5-Concordo totalmente

1 2 3 4 5

O programa tem um design agradável.

A linguagem utilizada é simples e adequada.

Identifico facilmente os passos para realizar a tarefa que pretendo.

O programa está organizado de forma simples e clara.

O sistema permite-me realizar o meu trabalho de forma eficiente e eficaz.

O sistema é rápido.

A consulta dos dados faz-se rapidamente

As mensagens de erro são claras, possibilitando o registo sem necessidade de apoio técnico.

O programa não possui informação desnecessára.

O programa possui todas as funções e capacidades expectáveis.

No geral, estou satisfeito com o programa.

De que forma é realizada a documentação na gestão e prestação de

cuidados ao paciente no seu serviço?

Realizada unicamente em papel.

Realizada unicamente em formato electrónico.

Realizada em papel e formato electrónico.

O Registo Eletrónico permite-me:

Aceder/Registar relatórios em formato electrónico.

Consultar/Arquivar imagens resultantes de exames de imagiologia ou

radiologia.

Gerir/Consultar a lista de pacientes internados.

Gerir/Consultar a lista de pacientes que aguardam consulta.

Gerir/Consultar a lista de pacientes para exames ou análises.

Gerir/Consultar a lista de exames que aguardam relatório.

Introduzir/Consultar pedidos de análises ou exames.

Registar sintomas, terapêuticas ou procedimentos.

Aceder facilmente a informação inserida por outros utilizadores.

Aceder ao Processo Clínico (relatórios e imagens de exames) do paciente.

O que mais aprecia no programa de Registo Eletrónico que utiliza?

Que aspetos gostaria de ver alterados no Registo Eletrónico que utiliza?

Conhece algum sistema de classificação e codificação de terminologias

médicas (SNOMED, ICD9)?

Sim

Não

Se conhece, acha útil introduzir estes sistemas no Registo Clínico

Eletrónico?

Obrigada pela sua colaboração!

156 APÊNDICE A. QUESTIONÁRIO DE USABILIDADE

Apêndice B

Entrevista Estruturada

157

Análise das consequências da introdução do pedido e do registo eletrónico através da

plataforma AIDA

Serviço _______________________

Análise do Pedido eletrónico

1. Como era feita a circulação do papel para a requisição de MCDTs antes da introdução

do pedido eletrónico no seu serviço (workflow do processo)?

2. Como descreve atualmente o processo eletrónico para a realização dos pedidos no

seu serviço?

3. Nota diferenças relativamente ao tempo despendido na requisição do exame devido à

introdução do pedido eletrónico? Quais?

4. Relativamente a possíveis diminuições de erros (tais como p.e. perda de papel,

interpretação de dados) pensa que esta mudança foi benéfica?

5. Aponte as maiores vantagens e as maiores desvantagens desta alteração.

Análise do Registo de Relatórios

1. Como era feita a circulação do papel para registo de relatórios antes da introdução do

registo eletrónico no seu serviço (workflow do processo)?

2. Como descreve atualmente o processo eletrónico para o registo de relatórios no seu

serviço?

3. Nota diferenças relativamente ao tempo despendido no registo dos exames devido à

introdução do registo eletrónico? Quais?

4. Relativamente a possíveis diminuições de erros (tais como p.e. perda de papel,

interpretação de dados) pensa que esta mudança foi benéfica?

5. Aponte as maiores vantagens e as maiores desvantagens desta alteração.