avaliaÇÃo da produÇÃo textual de acadÊmicos dos cursos de secretariado executivo bilÍngue,...

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  AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO TEXTUAL DE ACADÊMICOS DOS CURSOS DE SECRETARIADO EXECUTIVO BILÍNGUE, ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS DE UMA FACULDADE PARTICULAR DO MARANHÃO, A PARTIR DE PROGRAMA DE INTERVENÇÃO Delcimara Batista Caldas [email protected]  Lígia Oliveira De Sousa Freitas Marcelo Nicomedes dos Reis Silva Filho FACULDADE ATENAS MARANHENSE- FAMA Resumo Esta pesquisa avalia a produção textual de alunos ingressantes de três cursos de bacharelado: Secretariado Executivo Bilíngue, Administração e Ciências Contábeis de uma faculdade particular do Maranhão, a partir da leitura da obra O Leitor Criativo, de Gabriel Perissé , estruturada no programa de intervenção criado para esse fim. Foram analisadas as produções de 55 participantes, turno noturno, antes e depois do programa de intervenção. O estudo aborda a necessidade de sensibilizar os discentes acerca da importância da leitura para a construção do conhecimento e da escrita na academia.  Tal pesquisa surge da inquietação quanto às dificuldades e/ou deficiências, no que diz respeito às práticas de leitura e de produção textual de alunos que adentram as instituições de educação superior. A leitura – que geralmente só constrói espaço quando há necessidade de ser desenvolvida (seja por exigência do trabalho ou da faculdade), é um dos meios mais importantes para a aquisição do conhecimento e elemento facilitador no processo de entendimento e de escrita de textos. É importante salientar que a leitura precisa ser antes de tudo motivo de prazer para o aluno, a fim de que se torne fator indispensável e imprescindível em sua vida. No nosso país, a situação do estudante é cada vez mais crítica, pois geralmente ele só é levado a ler um pouco mais quando já se encontra em um curso superior. Palavras-chave: Leitura. Produção textual. Intervenção.  

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Trabalho que descreve um projeto de intervenção em uma instituição de ensino superior da rede privada de ensino.

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  • AVALIAO DA PRODUO TEXTUAL DE ACADMICOS DOS CURSOS DE SECRETARIADO EXECUTIVO BILNGUE,

    ADMINISTRAO E CINCIAS CONTBEIS DE UMA FACULDADE PARTICULAR DO MARANHO, A PARTIR DE PROGRAMA

    DE INTERVENO

    Delcimara Batista Caldas [email protected]

    Lgia Oliveira De Sousa Freitas Marcelo Nicomedes dos Reis Silva Filho

    FACULDADE ATENAS MARANHENSE- FAMA

    Resumo

    Esta pesquisa avalia a produo textual de alunos ingressantes de trs cursos de bacharelado: Secretariado Executivo Bilngue, Administrao e Cincias Contbeis de uma faculdade particular do Maranho, a partir da leitura da obra O Leitor Criativo, de Gabriel Periss, estruturada no programa de interveno criado para esse fim. Foram analisadas as produes de 55 participantes, turno noturno, antes e depois do programa de interveno. O estudo aborda a necessidade de sensibilizar os discentes acerca da importncia da leitura para a construo do conhecimento e da escrita na academia. Tal pesquisa surge da inquietao quanto s dificuldades e/ou deficincias, no que diz respeito s prticas de leitura e de produo textual de alunos que adentram as instituies de educao superior. A leitura que geralmente s constri espao quando h necessidade de ser desenvolvida (seja por exigncia do trabalho ou da faculdade), um dos meios mais importantes para a aquisio do conhecimento e elemento facilitador no processo de entendimento e de escrita de textos. importante salientar que a leitura precisa ser antes de tudo motivo de prazer para o aluno, a fim de que se torne fator indispensvel e imprescindvel em sua vida. No nosso pas, a situao do estudante cada vez mais crtica, pois geralmente ele s levado a ler um pouco mais quando j se encontra em um curso superior.

    Palavras-chave: Leitura. Produo textual. Interveno.

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    Abstract

    This research evaluates the textual production of three students entering bachelor's: Bilingual Executive Secretary, Administration and Accounting of a private college of Maranho, from reading the book The Creative player, Gabriel Periss, the structured intervention program created for this purpose. We analyzed the production of 55 participants, night shift, before and after the intervention program. The study addresses the need to sensitize students about the importance of reading for the construction of knowledge and writing in the academy. This research stems from concerns about the difficulties and / or deficiencies with respect to the practices of reading and textual production of students who enter institutions of higher education. The reading - which usually only builds space when you need to be developed (either by requirement of the job or college), is one of the most important means for acquiring knowledge and facilitator in the process of understanding and writing of texts. Importantly, the reading must be first and foremost source of pleasure for the student, so that it becomes indispensable and essential factor in your life. In our country, the situation of the student is more critical, because usually it is taken only to read a little more when one is already in college.

    Keywords: Reading. Textual production. Intervention.

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    INTRODUO

    Muitos estudiosos tm escrito sobre a qualidade questionvel do ensino no Brasil, principalmente no que se refere educao bsica oferecida pelas escolas pblicas. So altos os ndices de repetncia e evaso escolar. Mesmo com a melhoria apresentada entre os anos de 1999 e 2007, a repetncia ainda est acima da mdia mundial (2,9%), o que refora a fragilidade do sistema educacional.

    O Brasil transformou-se numa sociedade moderna, considerado potncia emergente, contudo mantm um desempenho modesto do sistema educacional que no atende s expectativas da populao, ou seja, propiciar acesso a vagas com equidade, criando condies para que o aluno permanea e conclua mais uma etapa da vida estudantil com todo o apoio necessrio para realiz-la com sucesso (DAYRELL, 2001).

    O ensino est passando por um momento singular em sua histria. A escola ainda em sua quase totalidade nos moldes tradicionais e tecnicistas -, no consegue atender s expectativas do avano social, pois persiste no conhecimento fragmentado. Sua funo formar cidados multicompetentes, capazes de criar sadas aos desafios enfrentados no cotidiano, porm o que se percebe uma dificuldade gigantesca em concatenar as mnimas informaes visualizadas em pequenos textos (NVOA, 2001).

    Inmeras pesquisas discutem a falta de intimidade do estudante brasileiro com os textos e com a leitura, uma das formas de aquisio de conhecimentos, os quais so indispensveis a qualquer ser humano, a fim de que possa adquirir novas habilidades, aperfeioar as existentes e compreender melhor o mundo que o cerca. A leitura parte essencial do trabalho, do empenho, da perseverana e da dedicao em aprender (RANGEL, 1990).

    Compreender um texto , sobretudo, um processo de construo de significados, o que depende do texto e de outras questes como: conhecimento prvio para abordar a leitura, os objetivos e a motivao concernente ao processo de ler. Segundo Sole (1998), para que uma pessoa possa se envolver com a leitura necessrio sentir que capaz de ler, compreender o texto de modo autnomo. De outra forma, o que poderia ser um momento de prazer pode se transformar em frustrao, desnimo e desmotivao.

    Pensa-se ento na dificuldade de o aluno chegar, ao que aqui se denomina etapa final desse percurso , produo textual, momento em que todas as habilidades e competncias precisam estar voltadas para a efetivao da lngua em sua plenitude. Todo texto ao ser produzido permeia uma complexidade para quem o faz. Quando se redige, cria-se um estilo prprio e esquemas estilsticos que fazem com que o leitor possa ler, pensar e entender o texto, pois se sabe que todo texto possui um intertexto, hipertexto carregado de ideologia e ideias sublimares. Na escrita, percebe-se que, ao cri-la, expe ideias e pensamentos que j so pr-estabelecidos (FAULSTICH, 1987).

    Assim, o papel da escola j no pode ser mais o de mero transmissor de informaes. Exige-se dela o desenvolvimento da capacidade de aprender, o que perpassa pelo domnio da leitura, compreenso e produo textual.

    De acordo com Morin (apud MORAES, 2010) contrapondo-se maneira cartesiana de pensar que separa o sujeito do objeto do conhecimento e estes da realidade na qual esto inseridos, o pensamento complexo defende que sujeito e objeto esto intimamente

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    relacionados em uma realidade que global, complexa, integrada por valores e normas sociais, econmicas, polticas e culturais. Em sntese, somente existe objeto em relao ao sujeito que o observa, que pensa sobre ele, que co-criador de significados. Desta maneira, sujeito e objeto so indissociveis e interdependentes.

    Pensar complexo implica a aceitao da natureza mltipla e diversa do sujeito e do objeto estudado, envolvendo uma dinmica dialgica, interativa, recursiva e aberta, que esclarecida pelos princpios dialgico, retroativo e recursivo, operadores cognitivos do pensamento complexo que ajuda a compreender a complexidade e colocar em prtica este pensamento (MORAES; VALENTE, 2008).

    Portanto, o conhecimento no dado e sim construdo na interao dialgica entre sujeito e objeto, entre educador e educando. Este conhecimento no verdade absoluta, pelo contrrio, provisrio e incerto porque se constri em uma realidade dinmica e, portanto, mutvel. Deve ser construdo, desconstrudo e reconstrudo sempre que necessrio (MORAES, 2010).

    Vale ressaltar que, como o processo de construo do conhecimento de natureza complexa, envolvendo a interpretao, a emoo, a criao, a auto-organizao e as emergncias, no se deve tentar repetir estratgias pedaggicas de ensinar e aprender em contextos diferentes, pois certamente os resultados no sero os mesmos (MORAES; VALENTE, 2008).

    Diante dessas explanaes, surgiu o grande desafio: o que fazer com os alunos que chegam educao superior com dificuldades/deficincias em ler, compreender e, principalmente, produzir textos? Assim, na busca por respostas, optou-se por analisar discentes de trs cursos de bacharelado de uma faculdade particular do Maranho: Secretariado Executivo Bilngue, Administrao e Cincias Contbeis.

    O ATO DE LER E DE ESCREVER NA EDUCAO SUPERIOR: um desafio

    H alguns anos, apresentar um diploma de curso superior era privilgio de poucos, a elite. Essa realidade mudou, ou pelo menos est mudando. Porm a mudana est atrelada s alteraes socioeconmicas e institucionais por que passou o Brasil nas ltimas dcadas. O grande crescimento fez-se perceber principalmente na demanda por cursos de nvel superior, a partir da criao desordenada de instituies particulares, j que representava alternativa dificuldade do vestibular de instituies pblicas. O que se observa, no entanto, que os alunos das universidades particulares precisam trabalhar para manter o curso e, com a alta taxa de desemprego, isso fica invivel, levando-o evaso. Por outro lado, as instituies pblicas de educao superior, apesar de polticas pblicas de democratizao, ainda tendem a incluir pessoas de status socioeconmico mais alto, em face da seleo do acesso, em parte baseada no capital cultural (BOURDIEU, 1998).

    Dessa forma, o pblico atendido pelas instituies particulares de educao superior em sua maioria apresenta defasagem de conhecimento, muitos no conseguem realizar leituras de modo produtivo e, da mesma maneira, apresentam dificuldades para organizar suas ideias e coloc-las no papel. Essas instituies tm buscado a pesquisa, aliada extenso, para apresentar contribuies relevantes sociedade, independente dos

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    desafios enfrentados. E, no af de colaborar com a efetivao dessas produes cientficas, surge o profissional de Letras, o professor de Lngua Portuguesa inserido nos cursos de bacharelado, cujo objetivo capacitar os alunos leitura, compreenso e produo textual. Nesse momento, emergem os obstculos: turmas com alunos que acabaram de sair do ensino mdio; com alunos que esto afastados dos estudos h pelo menos 10 anos; alunos que no concluram o ensino mdio regular, e sim o supletivo e outros so oriundos do EJA (Educao de Jovens e Adultos).

    Diante dessas realidades, o impacto sofrido por eles imenso. Assim, na possibilidade de sanar as provveis dificuldades encontradas por alguns, as instituies criaram o programa denominado Nivelamento, porm estudos comprovam que ele por si s no capaz de solucionar as necessidades bsicas dos alunos, pois as lacunas deixadas desde o ensino fundamental so gigantescas, e a educao superior ainda no consegue preench-las.

    Considerando que a leitura essencial para o aprendizado do aluno, e, consequentemente, tem implicaes para sua formao acadmica e no seu desempenho como futuro profissional, por favorecer um maior entendimento das relaes que o cercam e por possibilitar o aperfeioamento de sua capacidade de produzir suas ideias, concluses e reflexes estendidas ao longo do curso superior, este trabalho destaca a importncia de se conhecer a produo dos discentes do curso de Secretariado Executivo Bilngue, Administrao e Cincias Contbeis de uma faculdade particular do Maranho, a partir de interveno. Dessa forma, Orlandi (2000, p.39) diz que

    Ler e escrever so, hoje, duas prticas sociais bsicas em todas as sociedades letradas, independentemente do tempo mdio com elas despendido e do contingente e pessoas que as praticam. De acordo com pesquisas realizadas pelo Instituto Paulo Montenegro, 45% dos alunos concluintes do ensino mdio mal sabem ler e escrever e destes, 26% que chegam faculdade, no atingiram o pleno nvel de alfabetizao. Porm, houve um avano ainda que tmido em relao ao nvel de leitura em nosso pas. Questionrios foram aplicados em pessoas entre 15 e 64 anos e ficou caracterizado que o ndice de leitura rudimentar (textos curtos, anncios e pequenas cartas), caiu de 31% para 29% entre os anos de 2001 e 2005, e o ndice de alfabetismo pleno (leitura de textos longos, capacidade de fazer inferncias e snteses) variou de 27% para 26% no mesmo perodo.

    Assim, o ato de ler e o de aprender (compreender e produzir) so realidades muito contguas, logo indissociveis, interferindo-se de forma mtua. O domnio da leitura e a capacidade de ser um leitor proficiente conduz o aluno a uma atitude ativa, dinmica e crtica em relao ao conhecimento.

    Segundo Sampaio e Santos (2011), estudos norte-americanos mostram que os estudantes despreparados so os que tiveram pouca ou nenhuma experincia escolar agradvel nas atividades de leitura e de escrita. Portanto, o programa de interveno visa produzir textos com base no resgate da leitura de forma entusiasta, prazerosa.

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    MTODO E PROCEDIMENTOS DE INTERVENO

    Com o objetivo de manter o rigor cientfico que exigido em toda pesquisa, no programa de interveno utilizado foi o mtodo experimental em que se analisou o pr e o ps-teste de produo textual, a partir do entendimento da proposta e de suas caractersticas peculiares. A pesquisa foi desenvolvida em 10 semanas, havendo uma preocupao com o pblico em questo: alunos do turno noturno que, por trabalharem em tempo integral, dificilmente tm a leitura e a escrita como prticas do cotidiano.

    Participaram do programa 55 alunos do 1 perodo dos cursos de Secretariado Executivo Bilngue, Administrao e Cincias Contbeis: 20% com idade entre 40 e 55 anos; 33%, entre 17 e 25 anos e 47% entre 26 e 39 anos.

    Na avaliao de desempenho da produo de texto, tanto no pr (diagnstico) quanto no ps-teste, foi abordada a temtica A importncia da leitura na construo do conhecimento. Vale ressaltar que no ps-teste o aluno j havia se familiarizado com o tema por ter a obra O Leitor Criativo, de Gabriel Periss, como base de sua fundamentao terica, alm de outros textos lidos e analisados durante as aulas com as professoras e os demais discentes, os quais sero esclarecidos a seguir.

    Os procedimentos adotados para o programa de interveno seguem o apresentado abaixo:

    Inicialmente as professoras levaram para a sala de aula vrios textos de diferentes gneros, a fim de que os alunos identificassem as tipologias e tentassem analis-los, sem a interveno das docentes.

    Na segunda aula, as professoras abordaram o assunto tipologias e gneros textuais, tendo como tericos norteadores Luiz Antonio Marcuschi e Ingedore Villaa Koch. Em seguida, resgataram os textos da primeira aula e analisaram cada situao, a fim de fazer com que os alunos compreendessem a importncia de cada tipologia e suas caractersticas peculiares. Da mesma forma, discutiram sobre a questo dos gneros.

    No encontro seguinte, familiarizadas com os alunos, as professoras levaram o texto Sexo, Dinheiro e Sucesso: S Lendo, de Ulisses Tavares, a fim de discutirem um pouco sobre o que mais interessava pesquisa, a leitura e a produo textual, observando o desempenho de estudantes brasileiros no cenrio mundial.

    Ao fim do quarto encontro e aps sucessivas leituras e discusses, as professoras apresentaram Gabriel Periss aos alunos. Falaram da vida dele e de suas obras, apresentaram entrevistas dadas por ele ao J Soares e a outros programas brasileiros, alm de oferecer o e-mail do autor para que os alunos, se curiosos, entrassem em contato com ele. Solicitaram, ento, que fosse lida a obra O Leitor Criativo, do autor em questo, num prazo estipulado de 7 (sete) dias.

    Passado o prazo, as professoras comearam um novo percurso: primeiro, leitura por captulo, em grupo, em voz alta, em sala de aula, e discusso ao final. Cada grupo deveria ler e tentar apresentar as ideais principais para os demais colegas; segundo, elaborao de um texto tarefa individual -, que apresentasse a importncia da leitura na construo do conhecimento, tendo como base as ideias desenvolvidas em sala de aula com as leituras dos diferentes textos, em especial a obra de Periss. Por fim, os alunos deveriam apresentar em grupo-, a sua viso acerca da obra lida.

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    Ressalta-se que todas as atividades de leitura e escrita esto intimamente ligadas obra e ao tema em questo. No se concebe uma boa produo sem leitura, pois acredita-se que so indissociveis. Portanto, toda noo de leitura e de escrita foi analisada a partir do proposto na interveno.

    As atividades foram corrigidas por trs professores: as envolvidas no projeto e um avaliador de vasta experincia na educao superior, da rea de Letras e tambm professor da instituio da pesquisa, a fim de dar maior credibilidade pesquisa. As correes utilizaram tbuas da instituio de ensino que aborda os seguintes critrios: originalidade, clareza, sequncia lgica, coeso e coerncia do texto; a forma considerou a estrutura do pensamento, a argumentao, a expresso e a correo gramatical.

    O que mais se percebeu na produo desses alunos foram as deficincias geradas pela falta ou escassez de leitura. Alguns autores como Marini e Pellegrini ressaltam sua preocupao com os discentes da educao superior, j que pressupem que ela exige considervel quantidade de produo intelectual, a partir de complexos contedos, atingveis com muita leitura (SAMPAIO; SANTOS, 2011).

    Assim, diante do exposto, so apresentadas as notas do pr e do ps-teste de desempenho em produo textual, conforme tabela 1.

    Tabela 1. Notas obtidas pelos participantes no pr e no ps-teste de redao

    Participantes Pr-teste Ps-teste 01 2,0 4,5 02 7,0 7,5 03 5,0 5,5 04 3,5 4,5 05 4,5 6,0 06 4,5 5,0 07 5,0 5,0 08 2,0 3,0 09 7,0 8,5 10 5,0 6,0 11 6,0 6,0 12 6,0 6,5 13 2,0 5,0 14 6,0 7,5 15 5,0 6,5 16 3,5 4,5 17 2,0 3,0 18 7,5 8,0 19 7,5 8,0 20 6,0 7,0 21 5,0 6,0 22 4,0 4,5 23 4,5 5,0 24 5,5 6,0 25 5,0 5,0 26 7,0 7,5 27 8,0 9,0 28 8,0 8,5 29 5,0 5,5 30 3,5 3,0 31 4,5 4,5 32 3,5 4,0

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    33 4,5 4,0 34 6,0 7,0 35 4,5 5,0 36 5,0 6,5 37 3,5 4,5 38 5,0 6,0 39 5,0 7,0 40 3,5 4,0 41 5,0 5,5 42 4,5 6,5 43 7,0 7,5 44 6,0 6,5 45 6,0 6,5 46 7,0 7,5 47 7,0 7,0 48 7,0 8,0 49 6,0 6,5 50 7,0 7,0 51 4,5 5,5 52 4,5 5,0 53 7,0 8,0 54 4,5 5,0 55 6,0 7,5

    importante salientar, a partir dos dados apresentados, que houve diferena entre os dois momentos, nada to significativo, quando se pensa em totalidade, porm se observarem os participantes isoladamente, h de se perceber uma crescente em sua avaliao. Diferentemente dos resultados quantitativos apresentados na tabela 1, os qualitativos superaram as expectativas, pois foi percebida uma enorme fora de vontade e desejo por parte dos discentes em buscar novas leituras a partir do programa desenvolvido. Acredita-se que esse grupo nunca mais ser o mesmo depois de O Leitor Criativo, de Gabriel Periss. Muitos textos apresentaram grandes problemas no que concerne clareza e ao uso de clichs, frases feitas e erros gramaticais, destacando pontuao, ortografia e concordncia. O que mais chamou a ateno foi a dificuldade dos alunos no momento da argumentao, da apresentao do juzo de valor. Por outro lado, vale salientar que houve considervel crescimento por parte de alguns quanto ao uso da intertextualidade. Souberam fazer uso dos textos utilizados em sala de aula, resgatando-os em sua anlise acerca da temtica A importncia da leitura na construo do conhecimento.

    Por se entender que a leitura abre espaos de interrogao, de mediao, j que representa o estabelecimento da interao indivduo e mundo, pensa-se ser tambm ela a responsvel pelo desenvolvimento das habilidades de compreenso e produo textual, atrelada obviamente - a outros fatores no aqui elencados, pertinentes prtica diria do docente e do discente em sala de aula uma instituio de ensino.

    Logo, h necessidade de se conhecer os nveis de leitura dos alunos, a fim de que possa ser a eles proporcionados instrumentos facilitadores do processo de aprender. No mais, o que se pretende favorecer o ensino observando as lacunas deixadas em um e em outro momento de sua vida estudantil.

    Dessa forma, a pesquisa no ser til apenas para a instituio em questo, mas tambm para os rgos responsveis pelos ensinos pblicos e particulares de ensino mdio

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    que desejam perceber o desempenho de seus discentes no mbito da educao superior. Portanto, visando ao envolvimento educacional expansionista, a pesquisa se

    manifesta a partir da realidade do aluno e busca o entendimento da problemtica como movimento dialgico existente em qualquer campo: teoria e prtica.

    CONSIDERAES FINAIS

    A pesquisa proposta no tem a pretenso de mapear uma definio fechada do resultado acerca da produo de textos por alunos da educao superior dos cursos de bacharelado, em especial, Secretariado Executivo Bilngue, Administrao e Cincias Contbeis, tendo como eixo a leitura, j que esse processo essencialmente construtivo e permeado de variveis que se alteram dependendo da formao do corpo docente, das estratgias por ele utilizadas, do engajamento dos discentes, dos espaos oferecidos para o desenvolvimento das habilidades, o que de fato daria um novo estudo. O que se deseja perceber se h desnvel e se persiste durante o desenvolver de novas estratgias aplicadas em sala de aula, resgatando a importncia do ato de ler para sua efetivao.

    O programa de interveno no desempenho da produo textual em discentes da educao superior dos cursos elencados acima possibilitou a criao de um ambiente de interao entre os envolvidos de diferentes reas. As atividades desenvolvidas em grupo geraram expectativa e tambm respeito diante do objeto estudado e das produes orais e escritas realizadas. Parafraseando Severino (1998), pode-se afirmar que a instituio de educao superior local de construo do conhecimento cientfico, filosfico e artstico, em que docente e discente so desafiados a buscar o novo, de forma crtica, reflexiva e criativa. Porm como possvel a consolidao desse processo sem que o docente primeiro conhea a clientela a que se destina o aprendizado, sua formao, seus conhecimentos prvios e suas dificuldades? Realizar a tarefa de capacitar o aluno a ler, compreender e produzir na educao superior algo rduo, pois a sociedade exige profissionais que saibam de posicionar criticamente.

    Com os trabalhos desenvolvidos, pode-se perceber maior preocupao dos alunos com a busca pelo hbito de leitura e de escrita. Eles se envolveram tanto com as tarefas a ponto de entrar em contato com o prprio Gabriel Periss, falar com ele ao telefone e depois receber do autor um vdeo gravado especialmente para eles. O DVD fala sobre o projeto e a importncia da leitura no universo do jovem brasileiro. Resultado no conclusivo das pesquisas, porm gratificante pelo entusiasmo e determinao percebida em cada discente do processo. notria a importncia do domnio do ato de ler, de compreender e de produzir textos, j que assumiu posio de destaque no cenrio atual, estabelecendo relao direta com o processo de aprendizagem.

    O profissional de Secretariado Executivo Bilngue, o de Administrao e o de Cincias Contbeis atual contexto devem ser capazes de administrar eficazmente o tempo; aplicar as funes gerenciais (planejamento, controle e direo); enfatizar o relacionamento com os clientes externos e internos; trabalhar em equipe; possuir viso geral da cultura da organizao; coletar dados e emitir relatrios; redigir textos profissionais e correspondncias; dominar a tecnologia da informtica; e usar raciocnio lgico, crtico e analtico. Portanto,

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    precisam realmente estar preparados para realizar de forma competente todas as suas funes. Diversas abordagens e com distintas anlises mostram que a falta de hbito e o

    no prazer pela leitura de estudantes da educao superior continuam dificultando o desempenho deles no campo acadmico e profissional.

    Por fim, diante de tantas obrigaes, cabe buscar Paulo Freire (1982) que diz imprescindvel ter postura crtica para que o estudo possa ser produtivo. Essa postura crtica necessria ao ato de estudar requer que se assuma o papel de sujeito desse ato.

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    REFERNCIAS

    BAUER, M.; GASKELL, G.; ALLUM, N. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prtico. So Paulo: Vozes. 2002.

    BOURDIEU, P. O poder simblico. 5. ed . Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

    FAULSTICH, Enilde L. de J. Como ler, entender e redigir um texto. Petrpolis, RJ: Vozes, 1987.

    FREIRE, Paulo. A importncia do ato de ler: em trs artigos que se completam. 43. ed. So Paulo: Cortez, 2002.

    MORAES, Maria Cndida. Edgar Morin: peregrino e educador planetrio. guas Belas/Cear: Meca, 2010.

    MORAES, Maria Cndida; VALENTE, Jos Armando. Como pesquisar em educao a partir da complexidade e da trasdisciplinaridade? So Paulo: Paulus, 2008.

    NVOA, Antonio. Professor se forma na escola. So Paulo: Abril, 2001.

    ORLANDI, Eni Pulcinelli. Discurso e leitura. So Paulo: Cortez, 1988.

    RANGEL, Mary. Dinmica de leitura para sala de aula. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1990.

    SAMPAIO, Isabel S.; SANTOS, Accia A. Angeli. Leitura e redao entre universitrios: avaliao de um programa de interveno. Psicologia em estudo. Vol. 7, (2002), pp. 31-38. Disponvel em: < http:// www.scielo.br/pdf/pe/v7n1/v7n1a04.pdf> Acesso em: 12 maio 2009.

    SEVERINO, A. J. A universidade, a ps-graduao e a produo de conhecimento. Curitiba: Universidade Tuiuti do Paran, 1998.

    SOL, Isabel. Estratgias de leitura. 6. ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.