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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA - PPMEC
Ian Martin
AVALIAÇÃO DA MICRODUREZA DE COMPÓSITOS DE MAGNÉSIO METÁLICO, COM ADIÇÃO DE NIÓBIO,
FABRICADOS POR METALURGIA DO PÓ
Orientador: Prof. Dr. Antônio Luiz Ribeiro Sabariz
São João Del-Rei, Minas Gerais, 14 de julho de 2017
Ian Martin
AVALIAÇÃO DA MICRODUREZA DE COMPÓSITOS DE MAGNÉSIO METÁLICO, COM ADIÇÃO DE NIÓBIO,
FABRICADOS POR METALURGIA DO PÓ
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da Universidade Federal de São João del-Rei, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica.
Área de Concentração: Caracterização e
Propriedade Mecânica dos Materiais
Orientador: Prof. Dr. Antônio Luiz Ribeiro Sabariz
São João Del-Rei, Minas Gerais, 14 de julho de 2017
“A imaginação é mais importante
que o conhecimento.”
Albert Einstein
Dedico este trabalho primeiramente à minha mãe Maíza,
À minha avó Maria Edith (in memoriam),
Ao meu irmão Mateus,
A todos da minha família e aos meus amigos,
À minha esposa Rúbia,
À minha eterna República Kome Keto.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Universidade Federal de São João del Rei, pelo ensino
gratuito e de qualidade.
Eu agradeço à:
Prof. Dr. Antônio Luiz Ribeiro Sabariz pela orientação acadêmica e incentivo;
Prof.ª Dr. ª Roseli Marins Balestra pela disponibilidade para tirar dúvidas e ajuda com
procedimentos.
Alexandre, André e Francisco, técnicos de laboratório.
Ao grupo do PET de materiais da UFSJ pelo acompanhamento e disponibilidade.
À CAPES, pelo apoio financeiro imprescindível para que pudesse realizar meus
estudos.
À CBMM, Companhia Brasileira de Metalurgia e Materiais, pelas doações de parte das
matérias primas necessárias.
Aos meus colegas de mestrado.
Aos demais técnicos e professores, que ajudaram direta ou indiretamente este presente
estudo.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo, estudar compósitos de magnésio metálico, com diferentes teores de adições de nióbio. Com este intuito, foram fabricados corpos de prova de magnésio com adições percentuais em peso de 5%, 10% e 15%, além de corpos de prova sem adições de nióbio. Todos os corpos de prova foram produzidos através do processo de metalurgia do pó. Caracterizou-se os corpos de prova através de ensaio mecânico de microdureza Vickers e ensaios metalográficos com auxílio de MEV e EDS. Para provar a presença de nióbio, também foram medidas as densidades dos corpos de prova, de forma quantitativa. Foram utilizados como análises estatísticas, analise de variâncias e teste de Tukey. Concluindo que concentrações de nióbio favorecem o aumento de microdureza do material. Porém (Não era esperado essa aderência???), em alguns níveis dos tratamentos experimentais, encontrou-se uma boa aderência entre os grãos e a matriz, evidenciando um correto processo de sinterização. A presença de nióbio sugere uma barreira física à movimentação de discordâncias, elevando a dureza do material compósito. Foram propostos também uma série de experimentos que podem ser feitos no sentido de melhorar as informações e detalhes sobre o material compósito de magnésio com adições de nióbio, fabricados pelo processo de metalurgia do pó, como por exemplo, microscopia eletrônica de varredura, EDS, entre outros. Palavras-chave: Metalurgia do pó – Compósito – Magnésio – Nióbio – Microdureza – Microestrutura.
ABSTRACT
The present study aims to study metallic magnesium composites with different levels of niobium additions. For this purpose, magnesium test specimens with 5%, 10% and 15% weight percent additions were fabricated, as well as test specimens without niobium additions. All test specimens were produced through the process of powder metallurgy. These specimens are characterized by Vickers microhardness test and metallography tests with the aid of SEM and EDS. For a presentation of niobium reinforcements, also for measurements as densities of specimens, quantitatively. Statistical analysis, variance analysis and Tukey test were used as statistical analyzes. Concluding that the niobium concentrations favor the increase of the microhardness of the material. However, at some levels of experimental treatments. A good adhesion between the grains and a matrix was verified, evidencing a correct sintering process. The presence of niobium suggests a physical barrier to the movement of displacements, increasing the hardness of the composite material. In addition to a number of experiments, we also propose what our needs are, according to the information and details on the magnesium composite material with additions of niobium, manufactured by powder metallurgy process. Keywords: Powder Metallurgy – Composite – Magnesium – Niobium – Microhardeness – Microstructure.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO. ..............................................................................................19
2 OBJETIVO GERAL.........................................................................................21
2.1 Objetivos Específicos...................................................................................21
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................22
3.1 Materiais compósitos...................................................................................22
3.1.1 Fases dos materiais compósitos - Matriz e reforço..................................28
3.1.2 Matrizes Metálicas....................................................................................30
3.1.3 Reforços...................................................................................................31
3.1.3.1 Fibras contínuas....................................................................................34
3.1.3.2 Monofilamentos......................................................................................35
3.1.3.3 Particulados...........................................................................................36
3.1.3.4 Fibras curtas ou descontinuas...............................................................37
3.1.3.5 Whisker..................................................................................................37
3.1.4 Classifcação quanto ao tamanho e destruição do reforço........................38
3.1.5 Interface reforço-matriz.............................................................................39
3.1.6 Classificação das interfaces.....................................................................41
3.1.7 Molhabilidade............................................................................................43
3.1.8 Interações matriz-reforço..........................................................................42
3.2 Magnésio e sua ligas...................................................................................42
3.2.1 Cristalografia do magnésio.......................................................................47
3.2.2 Vantagens e desvantagens na utilização do magnésio............................49
3.3 Principais propriedades de Nióbio...............................................................50
3.4 Introdução ao processo de metalurgia do pó...............................................51
3.4.1 Compactação da mistura..........................................................................56
3.4.2 Processo de sinterização..........................................................................57
3.4.3 Compactação dos pós..............................................................................58
3.4.4 Sinterização..............................................................................................61
3.5 Microdureza e dureza Vickers.....................................................................63
4 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL..............................................................65
5 MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................66
5.1 Materiais......................................................................................................66
5.1.1. Magnésio metálico...................................................................................66
5.1.2 Nióbio........................................................................................................68
5.2 Métodos.......................................................................................................68
5.2.1 Homogeneização dos pós metálicos........................................................69
5.2.2 Comapctação da mistura de pós..............................................................69
5.2.3 Processo de sinterização..........................................................................71
5.2.4 Microscopia eletrônica de varredura.........................................................73
5.2.5 Microdureza Vickers.................................................................................74
5.2.6 Densidade.................................................................................................76
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................79
6.1 Densidades..................................................................................................79
6.2 Porosidade...................................................................................................80
6.3 Microdureza.................................................................................................83
6.4 Microscopia eletrônica de varredura e EDS................................................90
7 CONCLUSÕES.............................................................................................115
8 PROPOSTAS PARA ESTUDOS FUTUROS................................................117
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................119
ANEXO I..........................................................................................................123
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Fatores que dependem as propriedades dos compósitos. ............................................ 25
Figura 2 – Classificação dos materiais compósitos segundo sua fase dispersa: particulado,
reforçado por fibras e estrutural laminado. .......................................................................................... 26
Figura 3 – Classificação de materiais compósitos segundo o reforço ............................................ 27
Figura 4 – Microestrutura de um pré-formado, apresentando a morfologia da fibra. .................... 34
Figura 5 – Compósito de matriz metálica com reforço de fibra contínua – A) seção reta e B)
superfície. ................................................................................................................................................. 35
Figura 6 - Monofilamento de SiC, coberto com liga de Ti – 5Al - 5V, observado em microscópio
eletrônico de varredura. .......................................................................................................................... 36
Figura 7 - Micrografia óptica de liga de Al reforçada com partículas de carboneto de silício
fabricada por processo de fundição ...................................................................................................... 36
Figura 8 - Microestrutura de compósito de matriz de liga alumínio com fibras curtas de alumina.
.................................................................................................................................................................... 37
Figura 9 – “Whisker” de SiC produzido pelo processo vapor líquido. Diâmetro de 3 a 10 μm.
Fonte: ASM 1987). .................................................................................................................................. 38
Figura 10 - Fotografia de fragmentos de magnésio metálico. .......................................................... 43
Figura 11 – Estrutura cristalina hexagonal compacta. ....................................................................... 47
Figura 12 – Representação dos planos basais: plano basal e plano prismático tipo I, plano
prismático tipo II, plano piramidal tipo I e Plano piramidal tipo II. .................................................... 48
Figura 13 – Etapas da mistura de pós .................................................................................................. 54
Figura 14 - Processo convencional de metalurgia do pó. ................................................................. 56
Figura 15 – Comportamento das partículas na compressão. ........................................................... 59
Figura 16 – Gráfico esquemático da pressão de compactação pela densidade. .......................... 59
Figura 17 - Obtenção do pó de nióbio pelo procedimento de limagem........................................... 67
Figura 18 - Microscopia ótica do pó de magnésio utilizado no presente estudo. .......................... 67
Figura 19 - Microscopia ótica do pó de nióbio utilizado no presente estudo. ................................. 68
Figura 20 - Moinho planetário. ............................................................................................................... 69
Figura 21 – Molde metálico utilizado na compactação dos pós metálicos. .................................... 70
Figura 22 - Prensa hidráulica manual utilizada para compactar os corpos de prova. .................. 70
Figura 23 - Fotografia real do forno tubular de resistência, com detalhe da garrafa de argônio
para controle da atmosfera durante a sinterização. ........................................................................... 71
Figura 24 - Fotografia dos corpos de prova, logo após o processo de sinterização ..................... 72
Figura 25 - Microscópio eletrônico de varredura utilizado. ................................................................ 74
Figura 26 - Fotografia do microdurômetro Vickers. ............................................................................ 75
Figura 27 - Endentação gerada pela medição de microdureza Vickers. ........................................ 76
Figura 28 - Balança com adaptações para as medições de densidade. ........................................ 77
Figura 29 – Fotografia do picnômetro à hélio utilizado. ..................................................................... 81
Figura 30 - Gráfico de superfície de microdureza Vickers dos corpos de prova sinterizados à
520 °C. ...................................................................................................................................................... 84
Figura 31 - Gráfico de superfície de microdureza Vickers dos corpos de prova sinterizados à
620 °C. ...................................................................................................................................................... 86
Figura 32 – Representação gráfica do Teste de Tukey, mostrando a influência da temperatura
nos valores de microdureza da matriz de magnésio. ......................................................................... 87
Figura 33 – Representação gráfica do Teste de Tukey mostrando a influência do tempo de
sinterização nos valores de microdureza na matriz de magnésio. .................................................. 88
Figura 34 – Representação gráfica do Teste de Tukey mostrando a influência da concentração
de nióbio na microdureza na matriz de magnésio. ............................................................................. 89
Figura 35 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio puro, sinterizado à 520 °C, por
90 minutos. Ampliações de 40x (a), 500x (b) e 3000x (c) respectivamente. .................................. 91
Figura 36 - EDS de magnésio puro, sinterizado à 520 °C, por 90 minutos. ................................... 91
Figura 37 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 5% em peso de nióbio,
sinterizado a 520 °C, por 90 minutos. Ampliações de 30x (a), 500x (b) e 3000x (c)
respectivamente....................................................................................................................................... 92
Figura 38 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 10% em peso de nióbio,
sinterizado à 520 °C, por 90 minutos. Ampliações de 30x (a), 500x (b) e 3000x (c)
respectivamente....................................................................................................................................... 93
Figura 39 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 15% em peso de nióbio,
sinterizado à 520 °C, por 90 minutos. Ampliações de 30x (a), 500x (b) e 3000x (c)
respectivamente....................................................................................................................................... 94
Figura 40 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio puro, sinterizado à 520 °C, por
60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. ................................................... 95
Figura 41 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 5% em peso de nióbio,
sinterizado à 520 °C, por 60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. ...... 96
Figura 42 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 10% em peso de nióbio,
sinterizado à 520 °C, por 60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. ...... 97
Figura 43 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 15% em peso de nióbio,
sinterizado à 520 °C, por 60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. ...... 98
Figura 44 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio puro, sinterizado à 520 °C, por
30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. ................................................... 99
Figura 45 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 5% em peso de nióbio,
sinterizado à 520 °C, por 30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. .... 100
Figura 46 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 10% em peso de nióbio,
sinterizado à 520 °C, por 30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. .... 101
Figura 47 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 15% em peso de nióbio,
sinterizado à 520 °C, por 30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. .... 102
Figura 48 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio puro, sinterizado à 620 °C, por
90 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. ................................................. 103
Figura 49 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 5% em peso de nióbio,
sinterizado à 620 °C, por 90 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. .... 104
Figura 50 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 10% em peso de nióbio,
sinterizado à 620 °C, por 90 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. .... 105
Figura 51 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 15% em peso de nióbio,
sinterizado à 620 °C, por 90 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. .... 106
Figura 52 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio puro, sinterizado à 620 °C, por
60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. ................................................. 107
Figura 53 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 5% em peso de nióbio,
sinterizado à 620 °C, por 60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. .... 108
Figura 54 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 10% em peso de nióbio,
sinterizado à 620 °C, por 60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. .... 109
Figura 55 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 15% em peso de nióbio,
sinterizado à 620 °C, por 60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. .... 110
Figura 56 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio puro, sinterizado à 620 °C, por
30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. ................................................. 111
Figura 57 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 5% em peso de nióbio,
sinterizado à 620 °C, por 30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. .... 112
Figura 58 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 10% em peso de nióbio,
sinterizado à 620 °C, por 30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. .... 113
Figura 59 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 15% em peso de nióbio,
sinterizado à 620 °C, por 30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente. .... 114
19
1. INTRODUÇÃO
Existe uma evidente preocupação dos governos dos países ao redor do
mundo e pela sociedade em geral, na redução de gases poluentes que são
lançados na atmosfera. O principal segmento industrial a adotar o magnésio
para esta redução de gases foi a indústria automobilística. Estudos
preliminares apontam o magnésio como um dos metais com considerável
resistência mecânica e um baixíssimo peso específico. Essas propriedades
conferem a um determinado veículo um menor peso e consequentemente,
menor consumo de combustível. O peso médio de magnésio encontrado em
um carro produzido no Brasil é cerca de 2,7 Kg/carro, enquanto a média
encontrada nos carros produzidos no restante do mundo é de 4,4 Kg/carro.
Isso mostra um possível crescimento na demanda do magnésio.
Outra indústria que se vê aumentando seus interesses pelo magnésio é
a indústria aeronáutica. Mais do que em veículos, é de extrema importância o
baixo peso do avião para a redução de consumo dos combustíveis. Como o
Brasil é atualmente o terceiro maior produtor de aviões do mundo, seria
estratégica a produção de aeronaves que consumam menos e que sejam mais
competitivos e atrativos para o mercado mundial (ABM, 2009).
A indústria bélica também teve influência no avanço de pesquisa e da
produção de magnésio. Segundo Mordike e Ebert (2001), a produção de
magnésio e suas ligas alcançaram 228.000 toneladas ao ano em 1944, algo
inédito até então, porém, despencou para 10.000 toneladas ao ano com o fim
20
da 2ª Grande Guerra. E em 1998, a produção voltou a subir para cerca de
360.000 toneladas ao ano, a um preço médio de US$ 3600 por tonelada.
Este trabalho, por sua vez, buscou compreender um pouco mais sobre
compósitos de magnésio. Experimentar a adição de partículas de nióbio e
averiguar a viabilidade ou não desta liga, fabricada pelo processo de metalurgia
do pó. Avaliar várias de suas propriedades mecânicas, físicas, cristalográficas
e sugerir aplicações, a fim de fomentar o interesse industrial e acadêmico sobre
esta liga.
Concluindo que concentrações de nióbio favorecem o aumento de
microdureza do material. Porém, em alguns níveis dos tratamentos
experimentais. Encontrou-se uma boa aderência entre os grãos e a matriz,
evidenciando um correto processo de sinterização. A presença de nióbio
sugere uma barreira física à movimentação de discordâncias, elevando a
dureza do material compósito. Foram propostos também uma série de
experimentos que podem ser feitos no sentido de melhorar as informações e
detalhes sobre o material compósito de magnésio com adições de nióbio,
fabricados pelo processo de metalurgia do pó.
21
2 OBJETIVO GERAL
O objetivo do presente estudo é estudar o processo de fabricação por
metalurgia do pó, produzindo compósitos de magnésio, com reforços de nióbio,
em diferentes proporções em peso. Em seguida, caracterizá-los através de
ensaios físicos, metalográficos e medições de microdureza, materiais e fazer
as comparações pertinentes.
2.1 Objetivos Específicos
Em mais detalhes, o presente estudo busca os seguintes objetivos:
• Estudar o efeito “Temperatura de sinterização”, em dois fatores:
520°C e 620°C.
• Estudar o efeito “Tempo de sinterização”, em três fatores: 30 min., 60
min. e 90 min.;
• Estudar o efeito “Adição de nióbio”, em quatro níveis: 0%, 5%, 10% e
15% em peso, de nióbio adicionado à matriz de magnésio;
• Estudar a correlação entre os fatores descritos acima.
22
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A revisão bibliográfica busca relacionar as principais etapas do processo
de metalurgia do pó, e das principais propriedades dos metais a serem
explorados pelo presente estudo: o magnésio e o nióbio. Neste capítulo
também é feito um estudo bibliográfico de ensaios metalográficos e de
microdureza.
3.1 Materiais compósitos
O material compósito é uma junção de dois ou mais materiais,
chamados de constituintes, dando origem a um novo material com
propriedades mecânicas e físicas diferentes que darão ao novo material criado
uma considerável melhoria nas propriedades de cada um de seus constituintes.
Como os constituintes separadamente não alcançam determinadas
propriedades, os materiais compósitos, com sua formação, obtêm estas
propriedades (SCHOUTENS, 1982).
A utilização de materiais compósitos faz parte da sociedade desde muito
tempo, tendo em vista que nas primeiras construções de moradias a palha já
era adicionada à lama para reforçar as paredes dos ambientes.
Muitos materiais, artificiais ou naturais, podem ser chamados de
compósitos, tornando a definição desse material complexa. Uma definição de
23
compósito é de um sistema material consistindo de duas ou mais fases, cujas
propriedades e desempenho mecânico são projetados para serem superiores
aos dos constituintes atuando independentemente. Uma das fases é
usualmente descontínua ou dispersa, tem maior dureza e resistência e é
chamado reforço, enquanto que a fase menos dura, de menor resistência e
contínua é chamada matriz. Algumas vezes, devido a interações químicas ou
outros efeitos de processamento do material, uma fase adicional, chamada
interface ou interfase, surge entre a matriz e o reforço (DANIEL; ISHAI, 1994).
Com o grande avanço tecnológico que o mundo tem experimentado os
estudos para utilização de materiais têm se desenvolvido com muita rapidez.
Praticamente todos os segmentos de produção e fabricação exigem a
aplicação de materiais com determinadas propriedades específicas que não
são encontradas de maneira isolada nos materiais convencionais. A união de
dois ou mais materiais tem o objetivo de fazer uma melhor associação das
propriedades específicas no alcance de desempenho em aplicações com
exigência elevada e com custos bem reduzidos. Assim, começaram o
desenvolvimento de ligas chamadas de materiais compósitos, que são
compostos de dois ou mais matérias que buscam melhorar as características
do produto final (REZENDE, BOTELHO, 2010).
O desenvolvimento de materiais compósitos cresce devido à busca por
materiais mais leves, resistentes, sustentáveis ou de custos reduzidos, isto faz
com que a área de pesquisa e desenvolvimento de materiais tenha grande
importância em setores como construção civil, componentes elétricos, indústria
aeroespacial, automobilística, equipamentos médicos, indústria eletrônica,
componentes de máquinas, dentre outros.
24
Portanto, o material compósito nada mais é que um material majoritário,
que irá formar a matriz do compósito, e os demais constituintes, chamados de
reforços, podem ser adicionados nos mais variados formatos, podendo ser
fibras, partículas, whiskers, dentre outras. A matriz irá envolver todos os
particulados formando o material final.
Os materiais compósitos de alto desempenho começaram a ser
introduzidos na indústria a partir da década de 1960, principalmente com o
desenvolvimento de fibras de carbono, boro e quartzo, possibilitando que o
projetista flexibilizasse os projetos estruturais com o objetivo de atender
necessidades especiais de desempenho (REZENDE, BOTELHO, 2000).
Uma tendência mundial apresenta a indústria automobilística como uma
das maiores usuárias de materiais compósitos a médio e longo prazo.
Importante ressaltar que a oportunidade de se utilizar materiais compósitos só
é lucrativa quando os constituintes têm preço competitivo com o alumínio e
aço, que são a base da maioria dos materiais compósitos utilizados neste setor
(REZENDE, BOTELHO, 2000).
Sabendo-se que, os compósitos avançados são obtidos pela
combinação de materiais com diferentes características físico-químicas e
mecânicas e pela utilização de diferentes processos de manufatura,
necessitando esses desempenhar funções estruturais cada vez mais exigentes,
os trabalhos de pesquisa e desenvolvimento nesta área são cada vez mais
importantes. A crescente utilização dos compósitos estruturais tem estimulado
a formação de recursos humanos cada vez mais capacitados, de modo a
atingir com êxito os desafios da obtenção de componentes com funções
múltiplas, atendendo requisitos de utilização como: menor peso, maior
25
desempenho mecânico, transparência à radiação, resistência à erosão, entre
outras (REZENDE, BOTELHO, 2000).
O reforço em si, é o que irá oferecer as propriedades desejadas, como
elevação da resistência mecânica, ou maleabilidade (dependendo do reforço
adicionado). A matriz, por sua vez, será responsável por dar a forma, suficiente
tenacidade e garantir a distribuição de carga ao longo de todo o material. Outra
propriedade importante dada pela matriz é a temperatura máxima de trabalho
(MOURA; MORAIS; MAGALHÃES, 2005).
Normalmente os compósitos são classificados através do material de
formação da matriz que é a fase contínua, que envolve a outra fase, chamada
de reforço ou fase dispersa. As propriedades dos materiais compósitos
dependem basicamente das propriedades físicas e de fatores inerentes às
fases constituintes (vide figura 1), como quantidades relativas e geometria da
fase dispersa (VENTURA, 2009).
Figura 1 – Fatores que dependem as propriedades dos compósitos. a) Concentração b) Tamanho c) Forma d) Distribuição e) Orientação.
Fonte: Ventura (2009, p. 120), adaptado.
26
A fase matriz pode ser um metal, um polímero ou um cerâmico, que
confere estrutura ao material compósito preenchendo os espaços vazios que
ficam no reforço e mantendo-o na sua posição (VENTURA, 2009).
Já em relação à fase dispersa, os materiais compósitos podem ser
classificados, de maneira geral, em três categorias: compósitos particulados,
compósitos de fibras descontínuas (Whiskers) e compósitos de fibras
contínuas. Os constituintes dos reforços dos compósitos proporcionam força e
rigidez, mas aumentando a resistência ao calor, corrosão e condutividade. O
reforço pode ser feito para facultar todas ou apenas uma destas características
dependendo dos requisitos exigidos pelo novo material. Para o reforço
representar uma vantagem para o compósito este deve ser mais forte e rígido
que a matriz e deve ser possível a sua troca quando se notar qualquer falha
como vantagem. Deste modo a boa interação entre matriz e reforço pode ser
garantida pela criação de uma interface entre ambos que possa adequar a
rigidez do reforço com a ductilidade da matriz. Para tal é essencial que a
ductilidade da matriz seja mínima ou mesmo nula para que o compósito
apresente um comportamento relevante (VENTURA, 2009).
Figura 2– Classificação dos materiais compósitos segundo sua fase dispersa: particulado,
reforçado por fibras e estrutural laminado. Fonte: Ventura (2009, p. 12), adaptado.
.
Outra classificação dos compósitos é o reforço. As fibras constituem
uma classe importante de reforço proporcionando o aumento da força da
27
matriz, e consequentemente influencia e destaca as propriedades pretendidas
das duas fases. As fibras de vidro são as mais antigas conhecidas fibras
usadas como reforço. As fibras de cerâmicos e metais foram mais tarde
descobertas e postas em uso para tornar os compósitos mais rígidos e
resistentes ao calor. As fibras podem, contudo, apresentar um desempenho
inferior devido a vários fatores. A performance do compósito reforçado com
fibras é avaliada pelo comprimento, forma, orientação, e composição das fibras
bem como pelas propriedades mecânicas da matriz. O arranjo das fibras em
relação umas às outras, a concentração das fibras e a sua distribuição
influenciam significativamente a resistência e outras propriedades dos
compósitos reforçados com fibras.
Figura 3 – Classificação de materiais compósitos segundo o reforço
Fonte: Ventura (2009, p. 13).
28
De acordo com a forma do reforço os compósitos se identificam como
reforçados por fibras, por partículas (vide figura 3) e os compósitos estruturais
os quais englobam as estruturas sandwich e os laminados (YANG; BOOM;
IRION; HEERDEN; KUIPER; WIT, 2011).
Para Scwartz (1984), o comportamento e as propriedades dos materiais
compósitos dependem exclusivamente da natureza dos materiais constituintes
da liga, bem como forma e da distribuição dos mesmos e dos graus de ligação
entre eles através da interface.
Geralmente os materiais compósitos de destacam por elevada rigidez e
resistência específica, leveza, durabilidade, boa capacidade de amortecimento
e grande resistência à corrosão e também baixo coeficiente de expansão
térmica, características que produzem uma boa flexibilidade de projeto.
(STRONG, 2008).
Os compósitos verdes, que são materiais que incorporam fibras naturais,
mais baratas, estão despertando grande interesse na comunidade científica. As
fibras naturais, devido a questões ambientais e de sustentabilidade, são muito
usadas devido à baixa densidade, custo baixo, durabilidade, sustentabilidade e
por serem biodegradáveis.
3.1.1 Fases dos materiais compósitos – Matriz e reforço
Na constituição de um material compósito, independente da técnica a
ser utilizada no processamento e elaboração, é importante conhecer as
29
características e propriedades de cada componente, como também a interação
entres estas características e as particularidades exigidas no processo. No
caso da matriz, o conhecimento de suas propriedades térmicas, físicas e
mecânicas é de fundamental importância. Os parâmetros de processamento
são norteados através do conhecimento deste conjunto de propriedades
(VENTURA, 2009).
Dentre as funções da matriz pode-se considerar: manter o compósito
solidário, proteção do reforço e do meio exterior, repartição e transmissão dos
esforços aos elementos de reforço e boa resistência à corrosão e/ou oxidação
e/ou boa resistência a altas temperaturas (MILLIERE, 1986).
A definição do reforço já é em favor do seu desempenho mecânico, com
consideração ao seu custo-benefício. As principais funções do reforço são de
suportar as tensões exercidas sobre o material compósito, melhoria das
propriedades mecânicas e outras da matriz, que pode ser observado pelo
aumento da temperatura e diminuição ou para suprimir a propagação de
fissuras (MILLIERRE, 1986).
Uma boa adequação ao processo de fabricação deve ser considerada
na escolha da matriz e do reforço, através de uma análise prévia. Quando
otimizado estes dois fatores, o processo garante a fabricação de produtos
econômicos e de alta qualidade.
Apesar de existirem diversos tipos de materiais compósitos com
matrizes cerâmicas, metálicas ou poliméricas, este estudo será dedicado aos
compósitos de matrizes metálicas.
Certas combinações de reforços são altamente reativos a altas
temperaturas, uma vez que o material compósito pode ser danificado durante
30
sua produção a altas temperaturas ou mesmo quando submetido a
temperaturas exageradas durante sua aplicação. Para a solução deste
problema é aplicado um revestimento superficial de proteção ao reforço ou pela
pura alteração da liga utilizada.
Existem algumas limitações no uso das matrizes metálicas em relação à
sua resistência à temperatura. A maioria dos metais e ligas constituem boas
matrizes, mesmo com poucas aplicações a baixas temperaturas. Somente
materiais leves e com baixa densidade como titânio, o alumínio e o magnésio
apresentam propriedades mais relevantes em determinados setores, como
indústria aeronáutica e automobilística e neste campo as matrizes metálicas se
apresentam com um potencial enorme (VENTURA, 2009).
3.1.2 Matrizes Metálicas
Os compósitos de matrizes metálicas têm o seu desenvolvimento
comercial concentrado em três materiais para matrizes: o alumínio (Al), o
Magnésio (Mg) e o Titânio (Ti), principalmente pela baixa densidade e
ductilidade que apresentam (HULL, 1996).
Existem matrizes que despertam maior interesse, como o aço, em
aplicação em processos na indústria química onde os requisitos são resistência
à corrosão e resistência à abrasão. Aços inoxidáveis e superligas também são
usados como matrizes (LINDROOS, 1995).
Inicialmente desenvolvidos na década de 1960, os compósitos de matriz
metálica foram utilizados com o boro, a grafita e fibras de aramida como
reforço. Os compósitos de matriz polimérica tornaram mais populares na
31
década de 1970 e fizeram com que os interesses pelos materiais compósitos
de matriz metálica diminuíssem (BATES, 1987).
Entretanto, na década de 1990, ao serem introduzidos materiais
cerâmicos como reforços, houve um crescente desenvolvimento dos
compósitos de matriz metálica. As matrizes metálicas conferem aos compósitos
uma maior rigidez, resistência mecânica, mesmo em altas temperaturas e uma
grande resistência ao desgaste. O coeficiente de expansão térmica é menor e
as densidades se mantêm praticamente inalteradas, neste caso observando
que a fração em volume do reforço seja baixa (VENTURA, 2009).
Ao escolher a composição de materiais de um compósito é preciso
analisar quais características se pretende obter no final do processo e também
a compatibilidade entre a matriz e o reforço (DHINGRA, 1989).
O grande número de materiais metálicos é utilizado com matriz em
compósito e ligas de Magnésio, titânio, cobre, alumínio e ferro. As ligas leves
de magnésio e alumínio são as mais utilizadas, e se apresentam com melhor
relação entre tensão e densidade, custo e facilidade no processamento.
3.1.3 Reforços
O reforço é o segundo constituinte de um material compósito. A sua
finalidade é reforçar ou melhorar as propriedades mecânicas da matriz.
O reforço tem sua importância na caracterização dos materiais
compósitos e existem diversas classificações desse constituinte. Degister
32
(1997) esclarece que existem duas grandes classes de reforços: particulados e
fibras, e as fibras se subdividem em contínuas e descontínuas. A
caracterização do reforço ocorre através da composição química, formato,
dimensões, fração volumétrica e distribuição espacial dentro da matriz. As
fibras longas caracterizam o reforço como contínuo. Estas fibras podem ser
unidirecionais, em ângulo reto umas com as outras ou orientadas
aleatoriamente, que neste último caso pode-se considerar o material quase
isotrópico. O reforço descontínuo é constituído de elementos individuais
encravados na matriz, como por exemplo os whiskers ou fibras curtas. Podem
ser direcionados ou aleatórios, sendo marcadamente anisotrópicos, no primeiro
caso, e quase isotrópicos, no segundo (DANIEL, 1994).
Na maioria dos casos o reforço é mais duro, mais resistente e mais
rígido do que a matriz. As propriedades finais de uma matriz também são
influenciadas diretamente por outros parâmetros: forma, tamanho, orientação e
distribuição do reforço e o tamanho dos grãos em matrizes são alguns destes
parâmetros. A microestrutura do compósito é constituída por estes parâmetros
em conjunto com a fração de volume (KAVALCO, 2011).
A fração em volume é o principal fator para a determinação das
propriedades do compósito. Esta variável se destaca pelo fato de poder ser
alterada na produção do compósito (McALEVY, 1965).
As características químicas e de resistência da interface entre o reforço
e a matriz também são fatores de influência nas propriedades dos compósitos.
A resistência da interface deve ser suficiente para que ocorra a transferência
de esforça da matriz para o reforço (KAVALCO, 2011).
33
Outro fator determinante nas características de um compósito é a
qualidade de produção, é preciso haver uma distribuição uniforme do reforço.
Um material compósito precisa ser homogêneo e uniforme para que sua forma
seja ideal. A característica homogeneidade determina o quanto um
determinado volume de material pode ser diferente em relação às propriedades
físicas e mecânicas das propriedades médias do material. Já a uniformidade
garante que as propriedades, que são governadas pela parte mais fraca do
material, sejam controladas. Um material não uniforme pode ter um início em
uma região de menor resistência e assim afetar de forma negativa a resistência
global do componente fabricado (KAVALCO, 2011).
A isotropia do sistema é garantida pela orientação do reforço dentro da
matriz. Se o reforço tem formato de partículas equiaxiais o compósito se
comporta essencialmente como um material isotrópico. Quando as dimensões
do reforço são desiguais, o compósito pode se comportar como isotrópico. O
processo de fabricação pode induzir a orientação do reforço e perder assim a
isotropia, o que torna o material anisotrópico (McALEVY, 1965).
Em alguns processos de fabricação, especialmente por infiltração, o
reforço, geralmente consistindo de fibras curtas ou partículas, é montado
formando um conjunto poroso chamado pré-formado (ilustrado na figura 4). O
pré-formado é usualmente fabricado pela sedimentação de fibras a partir de
uma suspensão líquida. Para manter a sua integridade e estabilidade durante o
processo de fabricação, usam-se aglutinantes (DANIEL, 1994).
34
Figura 4 – Microestrutura de um pré-formado, apresentando a morfologia da fibra.
Fonte: Peng (2002)
3.1.3.1 Fibras contínuas
A pouca utilização das fibras metálicas se deve ao fato de possíveis
ataques químicos pela matriz, alteração da microestrutura pela elevação de
temperatura de trabalho e também pela fácil oxidação das fibras de metais
refratários (W, Mo, Nb, entres outros). E por estes motivos existe um grande
desenvolvimento de fibras cerâmicas. Uma das primeiras fibras contínuas foi o
BORSIC, que é constituído por fibras de boro que são depositadas sobre um
núcleo de tungstênio com revestimento de carboneto de silício. As fibras mais
empregadas são as de boro, alumina e carboneto de silício (COSTA, 2001).
Normalmente é carregada em bobinas com cabos, sendo cada cabo
constituído de muitas fibras de diâmetro típico entre 3 a 30 μm. As fibras
podem ser recobertas por polímeros e ligeiramente entrelaçadas de acordo
com o processo de produção, como exemplo da figura 5, logo abaixo.
35
Figura 5 – Compósito de matriz metálica com reforço de fibra contínua – A) seção reta e B)
superfície. Fonte: Bluchter et al. (2001)
3.1.3.2 Monofilamentos
Do mesmo modo que as fibras contínuas, mas com diâmetro maior,
normalmente superior a 100 μm, os monofilamentos são geralmente
produzidos por deposição direta sobre a fibra, funcionando como um núcleo
(vide figura 6).
36
Figura 6 - Monofilamento de SiC, coberto com liga de Ti – 5Al - 5V, observado em microscópio
eletrônico de varredura. Fonte: Ward-Close et al. (1999).
3.1.3.3. Particulados
Quando todas as dimensões de um reforço são aproximadamente iguais
ele é considerado como particulado. O formato pode ser esférico, lâminas,
cilíndrico ou formas equiaxiais. Normalmente estão dispersos dentro da matriz.
Podem ser metálicos ou cerâmicos (DANIEL, 1994), como na figura 7.
Figura 7 - Micrografia óptica de liga de Al reforçada com partículas de carboneto de silício
fabricada por processo de fundição Fonte: Ranieri (2004).
37
3.1.3.4 Fibras curtas ou descontínuas
As fibras descontínuas normalmente utilizadas para a produção de
compósitos de matriz metálica são mesclas de óxidos com diâmetros entre 3 e
5 μm. Conduzem a propriedades inferiores às fibras contínuas, e seu custo é
comparativamente menor (COSTA, 2001).
Figura 8 - Microestrutura de compósito de matriz de liga alumínio com fibras curtas de alumina.
Fonte: Peng (2002).
3.1.3.5 Whisker
São monocristais alongados com alto grau de pureza e grande relação
entre o comprimento e diâmetro, a maioria entre 50 a 100 vezes. (ASM, 1987).
São muitos os materiais que podem ser preparados como Whisker,
incluindo metais como óxidos, carbonetos e compostos orgânicos. A resistência
do Whisker pode ser comparada as fibras de vidro e seu desempenho em altas
temperaturas é muito superior ao de outras fibras. Entretanto, sua pequena
38
dimensão torna difícil a manipulação. Os cristais de “Whisker” podem ser
produzidos utilizando-se diversos processos, como o processo de evaporação -
condensação e mecanismo vapor - líquido - sólido (VINSON, 1975). Os
principais “Whisker” disponíveis comercialmente são de SiC (exemplificado na
figura 10) e Si3N4. Recentemente, sua utilização tem sofrido restrições, em
alguns países, pelo seu caráter cancerígeno (COSTA, 2001).
Figura 9 – “Whisker” de SiC produzido pelo processo vapor líquido. Diâmetro de 3 a 10 μm.
Fonte: ASM 1987).
3.1.4 Classificação quanto ao tamanho e destruição de reforço
Quanto ao tamanho de sua microestrutura dos compósitos metálicos, os
diferentes tipos de reforços podem ser encontrados em tamanhos nano, micro
e macro.
Um sistema de classificação ocorre a partir do tamanho e na distribuição
da segunda fase do compósito, assim definido por Howard (2003):
39
• Material nano-composto (tamanho da partícula ou diâmetro da fibra:
d 10 a 100 nm), isto é, o reforço é extremamente fino.
• Material micro composto (tamanho da partícula, fibra ou espessura
da camada: d 1 a 10 μm).
• Material macro composto (dimensões macroscópicas dos
componentes: d 100 μm).
3.1.5 Interface reforço-matriz
A compatibilidade entre o reforço e a matriz é m dos aspectos mais
importantes para o sucesso da produção do material compósito. Importante
haver uma compatibilidade na ligação dos dois elementos permitindo a
solicitação dos reforços até o máximo de sua resistência. Deve haver uma
transferência entre a carga que age na matriz e o esforço da interface. As
propriedades mecânicas destes materiais são dependentes das reações
verificadas na interface durante o processo de fabricação.
É difícil definir exatamente as interações matriz-reforço e a natureza da
interface. É uma região de composição química variável, onde existe a ligação
entre a matriz e os elementos reforçadores, segurando a transferência de
cargas (MILLIERE, 1986).
A interface matriz-reforço é muito importante, independentemente do tipo
de reforço. Em alguns casos pode-se identificar uma fase distinta que é
produzida pela reação entre a matriz e o reforço. Em outros casos pode ser
identificada como uma região plana de apenas alguns átomos de espessura,
40
através da qual existe uma mudança nas propriedades da matriz para as
propriedades de reforço (MATHEUS; RAWLING, 1999).
Alguns aspectos que influenciam diretamente na interface matriz-reforço
são descritos por Mattheus e Rawlings (1999):
• A química local da interface que influencia a resistência da ligação.
• A estrutura cristalina ou natureza não cristalina da fina camada
formada na interface, que pode ter influência na resposta mecânica.
• As propriedades elétricas, que podem também refletir na resistência.
• A morfologia, influenciando o comportamento mecânico.
• A observação da região de descontinuidade de propriedades
também é outro aspecto muito importante. A interface tende a
transmitir o esforço de um material, em geral de baixo módulo de
elasticidade na matriz, para outro de elevado módulo de elasticidade
no reforço.
Para que ocorra uma interface matriz-reforço ideal, Milliere (1986) cita algumas
exigências:
• A molhagem entre os elementos deve ser perfeita.
• São necessárias forças de ligação suficientes para transmitir os
esforços entre os elementos do compósito de matriz metálica.
• As ligações devem ser estáveis com o tempo e temperatura de
utilização do compósito.
• As zonas de reação devem ser pequenas para não afetarem os
elementos reforçadores.
41
• Os coeficientes de dilatação térmica devem ter valores próximos
para limitar o efeito das deformações internas sobre a ligação entre
a matriz e reforço, na região de temperatura de utilização do
compósito.
3.1.6 Classificação das interfaces
Classificação das interfaces em função da interação entre os
constituintes da matriz e reforço (MILLIERE, 1986):
• Classe I: os dois elementos são não reativos e insolúveis.
• Classe II: os dois elementos são não reativos, mas solúveis.
• Classe III: os dois elementos reagem para formarem compósitos
na interface.
3.1.7 Molhabilidade
Durante o processo de fabricação de um material compósito, a matriz e
o reforço tem que obter aderência. Em determinado momento da produção do
material compósito, a matriz encontra-se na condição de ser capaz de fluir e se
comporta quase como um líquido (DUARTE, 1988).
42
A molhabilidade é uma extensão na qual um líquido vai se espalhar
sobre uma superfície sólida. Uma boa molhabilidade significa que o líquido da
matriz irá fluir sobre o reforço e cobrirá toda a protuberância e declive da
superfície áspera do reforço, deslocando todo o ar. Somente se a viscosidade
da matriz não for muito alta irá ocorrer a molhabilidade (DUARTE, 1988).
3.1.8 Interações matriz-reforço
A degradação do material compósito só pode ser evitada com um
conhecimento profundo das interações entre a matriz e o reforço. As interações
que se desenvolvem entre a matriz e o reforço são dependentes do próprio
sistema e função das condições de processamento e utilização dos
compósitos, principalmente ciclo de tempo e temperatura (ROCHER; GIROT;
QUEMISSET; PAILLER, 1986).
3.2 Magnésio e suas ligas
De acordo com WebElements (2015), o magnésio é um metal de
coloração branco acinzentada com brilho prateado (vide figura 8), é o oitavo
elemento mais abundante na crosta terrestre, e não é encontrado na natureza
em sua forma metálica. Relativo baixo ponto de fusão, se comparado aos
demais metais mais comuns (em torno de 650 °C), apresenta estrutura
43
hexagonal compacta. Apresenta baixa ductilidade, é soldável, tem boa
resistência à corrosão, boa resistência à fadiga, e alta resistência ao impacto.
Inflamável, e na forma de pó se muito reativo com o ar e água, o que torna
importante tomar algumas precauções com a manipulação deste.
O magnésio foi reconhecido como elemento químico em 1755 pelo físico
e químico Joseph Black, entretanto, somente em 1831 que o químico francês
Antonie Bussy conseguiu uma forma de utilizá-lo. A partir daí a sua utilização
passou por um processo de aumento significativo. Principalmente devido às
duas guerras mundiais, onde o magnésio era largamente utilizado na
fabricação de artefatos militares (ERICKSON, 1990).
Normalmente o magnésio é encontrando na forma de sais, carbonatos,
sulfetos, óxidos e cloretos, e o local mais comum de encontrá-lo é na água do
mar. Os silicatos olivina, serpentina e talco não representam nenhum papel
importante no refino de magnésio, embora eles representem a maioria das
ocorrências naturais dos compostos de magnésio. Os mais importantes são a
Magnesita – MgCO3 (27%Mg), a Dolomita - MgCO3CaCO3 (13%Mg), a
Carnalita MgCl2.KCl.6H2O (8%Mg) e a Brucita Mg(OH)2 (Figueiredo, 2008).
Figura 10 - Fotografia de fragmentos de magnésio metálico.
Fonte: http://www.rima.com.br/htmls/div_magnesio.html
44
Uma grande aposta na utilização do magnésio vem das indústrias de
computadores, ferramentas, eletrônicos, automóveis e aeroespaciais, isto
devido ao fato dele agregar resistência mecânica aliada à baixa densidade,
assim, este crescimento tende a ser constante e aumentara ainda mais
(GARCIA, 2012).
O magnésio é o oitavo elemento mais encontrado na crosta terrestre, é
um material de estrutura leve, com ponto de fusão em torno de 650ºC
apresentando uma estrutura hexagonal compacta que afeta de sobremaneira
as propriedades fundamentais de suas ligas (KLEINER et al., 2004).
O magnésio tem ótimas características de resistência mecânica, módulo
de elasticidade e uma baixa densidade. A baixa densidade do magnésio é uma
de suas principais vantagens, da ordem de 1,738 g/cm³, o valor que é 35%
menor que do alumínio (2,73 g/cm³) e 80% menor que do aço (ERICKSON,
1990).
45
Tabela 1 - Propriedades físico-químicas do magnésio puro.
Fonte: Kainer (2003).
Os limites de escoamento e resistência a tração do magnésio de
aproximadamente 20 MPa, considerado baixo na classe dos materiais
metálicos, limita o uso do magnésio em seu estado puro. Assim, o magnésio é
associado a outros elementos para melhorar as propriedades deste material
(GARCIA, 2012). Esta propriedade mecânica é fundamental ao discutir a o
processo de metalurgia do pó, por facilitar a deformação plástica e o
escoamento dos pós de magnésio, durante a etapa de compactação.
O valor do módulo de elasticidade do magnésio, suas ligas e
compósitos, de aproximadamente 45 GPa na temperatura ambiente, enquanto
o módulo de cisalhamento é de 16GPa com coeficiente de Poisson de 0,35. Os
compósitos e as ligas de magnésio apresentam dureza suficiente para
aplicações estruturais, exceto aqueles com abrasão severa. Mesmo havendo
46
uma grande variação de dureza entre estes materiais, a sua resistência à
abrasão varia de 15% a 20% (GARCIA, 2012).
A resistência à fadiga é outra importante característica do magnésio. A
iniciação de trincas e fadigas está relacionada ao escorregamento na
orientação preferencial dos grãos e à frequente existência de micro poros. No
magnésio puro, a orientação da trinca é influenciada diretamente pelo
deslizamento dos contornos de grão, caracterizando o efeito de fluência. Os
pequenos poros superficiais, rugosidade elevada e corrosão são fatores mais
importantes para a redução da vida em fadiga do que a composição química e
os tratamentos térmicos.
Excluindo as aplicações expostas a altas temperaturas, tem-se
registrado caso de falha por fadiga. Em geral, essas falhas têm origem em
projetos inadequados que geram concentradores de tensões (FIGUEIREDO,
2008).
Outra característica muito importante do magnésio, principalmente
quando comparado com outros metais, é sua excelente capacidade de
amortecimento. Esta característica é muito importante tanto para a indústria
aeronáutica, como para equipamentos eletrônicos. A capacidade de
amortecimento é responsável pela redução de vibrações causadas pelas
deformações plásticas, como também reduz vibrações e ruídos pelas
deformações elásticas (BOOKS, 1982).
47
3.2.1 Cristalografia do magnésio
O magnésio tem uma estrutura cristalina hexagonal compacta. A figura
11 mostra uma célula unitária com esferas reduzidas para esta forma
estrutural. As duas faces, tanto a superior quanto a inferior da célula unitária
são constituídas por seis átomos, dispostos no formato de um hexágono
regular, ao redor de um átomo localizado no centro. Outro plano que contribui
com três átomos adicionais está localizado entre os planos superior e inferior.
O número de coordenação e o fator de empacotamento atômico para a
estrutura cristalina hexagonal compacta são 12 e 0,74, respectivamente
(CALLISTER, 2014).
Figura 11 – Estrutura cristalina hexagonal compacta.
Fonte: Callister (2014).
Através da relação dos parâmetros de rede {c/a}, onde “a” e “c”
representam as dimensões menor e maior da célula unitária, pode-se prever o
tipo de deslizamento de plano que será ativado preferencialmente na
deformação plástica nos materiais com estrutura hexagonal compacta
(KAINER, 2003).
48
A relação dos parâmetros de rede da estrutura hexagonal compacta é
igual a 1,623. Em relação ao modelo ideal de esferas rígidas este valor é
menor, o que indica uma pequena compressão dos planos perpendiculares ao
eixo retículo (AVEDESIAN, 1999).
No magnésio, a deformação se desenvolve pelos deslizamentos dos
planos basais, uma vez que os valores de c/a são próximos ou inferiores ao
ideal, ativando predominantemente os deslizamentos de planos basais
(KAINER, 2003).
Os três eixos que constituem o plano basal formam um ângulo de 120º
entre si. Os planos e as direções dos sistemas com estrutura hexagonal
compacta podem ser observados pelos índices de Miller ou pelos índices de
Miller-Bravais. Um quarto eixo é perpendicular ao plano basal, conforme mostra
a figura 12 (PADILHA, 2005).
Figura 12 – Representação dos planos basais: plano basal e plano prismático tipo I, plano
prismático tipo II, plano piramidal tipo I e Plano piramidal tipo II. Fonte: Padilha (2005).
49
3.2.2 Vantagens e desvantagens na utilização do magnésio
O magnésio é um material de grande interesse comercial devido ao fato
de que quando combinado a outros materiais apresenta uma boa resistência
específica, rigidez, estabilidade dimensional, alta capacidade de reciclagem e
baixa densidade. A tabela 2 mostra as vantagens e desvantagens do uso do
magnésio em aplicações de engenharia
Tabela 2 – Vantagens e desvantagens do uso de magnésio em aplicações de engenharia Fonte: Adaptado de K.U. Kainer, (2003).
50
3.3 Principais Propriedades do Nióbio
De acordo com WebElements (2015), o nióbio é um metal de transição,
de propriedades físicas muito parecidas com as do metal tântalo, de coloração
cinza brilhante e dúctil. É o trigésimo terceiro elemento mais abundante da
crosta terrestre, e seu minério é encontrado principalmente em Araxá, cidade
de Minas Gerais.
Apesar de ter um alto ponto de fusão, em torno dos 2,468 °C, ele tem
uma densidade menor ao ser comparado com outros metais refratários,
apresenta elevada resistência à corrosão, e também, propriedades
supercondutoras.
Muito utilizado como elemento de liga em aços, pode ser utilizado em
diversas aplicações, entre elas: bocais de foguetes, peças de reatores
nucleares, imãs supercondutores, dispositivos médicos e até mesmo como
simples refinadores de grão em aços.
Com a ressalva de que o pó metálico de nióbio puro, assim com o
magnésio, também pode sofrer combustão, além de poder ocasionar toxicidade
moderada, caso inalado em granes quantidades, e também, pode ocasionar
irritabilidade nos olhos.
O Nióbio é o elemento de número atômico 41 e o seu símbolo químico
Nb, pertence ao grupo 5 e ao 5º período da tabela periódica. Foi descoberto
em 1801, por Charles Hatchett, o nióbio deve este nome a Níobe, filha de
Tântalo (cujo nome foi dado ao elemento imediatamente abaixo do nióbio na
51
tabela periódica), ambos personagens da mitologia grega (MUFARREJ, SILVA,
2010).
Em seu estado puro, o nióbio é um metal cinzento de aspecto brilhante.
No Brasil, são extraídas cerca de 25 mil toneladas deste material por ano. Suas
aplicações são variadas, mas a sua adição a ligas metálicas é um uso comum.
O nióbio é adicionado a ligas para promover uma maior resistência a altas
temperaturas, sendo exemplo disso, o seu uso em reatores. Alguns compostos
de nióbio são caracterizados pelas suas propriedades magnéticas ou pela sua
cor.
Segundo Shanthi e outros (2012), o nióbio não forma composto
intermetálico com o magnésio. São dois elementos químicos completamente
imiscíveis. Porém, utilizando o processo de fabricação por deposição de fusão
desintegrada, ao ser utilizado como reforço na matriz de magnésio, em
concentrações de até 10% em peso, o nióbio forma barreiras físicas, reduzindo
a movimentação de discordâncias, elevando a dureza da matriz de magnésio.
Concentrações acima de 10% favorecem o surgimento de pontos de
nucleações de trincas, e o nióbio passa a influenciar negativamente no que diz
respeito à elevação de dureza da matriz de magnésio (Shanthi et al., 2012).
3.4 Introdução ao processo de metalurgia do pó
A produção e elaboração de materiais são feitas por diferentes técnicas
como operação de conformação plástica, fundição, maquinagem, soldadura e
52
metalurgia de pós. Como parte do estudo deste trabalho, a abordagem
ocorrerá pela metalurgia dos pós.
De acordo com Kalpakjian (2000), o processo de fabricação de peças
metálicas por metalurgia do pó se divide em quatro principais etapas:
• Obtenção dos pós metálicos;
• Mistura de pós (possivelmente de diferentes metais ou materiais);
• Compressão da mistura em matrizes (chamada compactação);
• Aquecimento para produzir ligação entre partículas (chamada
sinterização).
Com este processo podemos obter peças nos mais diferentes formatos,
com composição química finamente ajustada.
Porém, apresenta limitações, entre elas: Alto custo das matrizes e
prensas; furos laterais, roscas e reentrâncias são obtidas apenas com
usinagem posterior e relação máxima de diâmetro por altura da peça de 2:1.
A metalurgia do pó é um processamento utilizado na metalurgia para
fabricação de componentes metálicos. A distinção dos outros processos
metalúrgicos convencionais é por utilizar pós metálicos como matéria-prima
para a produção. As características estruturais e físicas são dificilmente obtidas
por outros processos (SOUZA, et al, 2010).
A metalurgia do pó pode se distinguir nos seguintes aspectos
(KNEWITZ, 2009):
Como matéria prima são utilizados pós metálicos e não metálicos;
• Ausência de fase líquida ou presença principal dessa durante o
processo;
53
• Produção de peças com formas definitivas ou praticamente
definitivas, dentro de tolerâncias bastante estreitas, geralmente
sem a necessidade de operação de usinagem ou outro tipo de
acabamento;
• Produção de componentes com características estruturais e
físicas impossíveis de se obter por qualquer outro processo
metalúrgico;
• Obtenção de peças em grandes séries, tornando o processo
altamente competitivo em relação aos outros processos
convencionais.
A figura 17 apresenta as várias etapas da mistura de pós: compactação
e sinterização. A compactação é a aplicação de pressão em matrizes para
compactação de pós, a sinterização é um processo físico, termicamente
ativado, fazendo com que um conjunto de partículas de determinado material,
inicialmente em contato, adquira resistência mecânica (BRITO et al., 2007).
54
Figura 13 – Etapas da mistura de pós
Fonte: Brito et al. (2007)
O processo de metalurgia do pó usualmente envolve a mistura de pós da
liga da matriz com os elementos de reforço, seguido por compactação e
sinterização. Portanto usam-se temperaturas mais baixas do que em outros
processos, com menor interação entre matriz e reforço (TORRALBA, 2003). O
roteiro convencional do processo de metalurgia do pó na fabricação de CMM
compreende:
• Mistura;
• Consolidação, p.ex., pressão à quente; e
• Processamento secundário, p. ex., extrusão, laminação (ZHANG,
1998).
55
A deformação plástica a frio é normalmente aplicada quando há sinterização
preliminar, e a deformação plástica a quente ocorre somente quando pressão a
frio é aplicada (KACZAMAR, 2000). É importante que todas as partículas
estejam homogeneamente distribuídas na mistura para se obter uma boa
microestrutura. Quando são whiskers o material de reforço, requer-se o uso de
partículas da matriz com granulometria menor, para aumentar o
empacotamento e se obter uma boa dispersão de fibras. Pode ser difícil obter
uma mistura homogênea, especialmente com fibras (e particularmente com
whisker), que tendem a persistir na forma de aglomerados com espaços
intersticiais muito pequenos para a penetração das partículas da matriz. O
tamanho relativo das partículas da matriz e reforço é uma questão significativa
na metalurgia do pó de compósitos de matriz metálica (CLYNE, 1993).
Se a diferença de dimensões entre as partículas da matriz e do reforço é
pequena, pode haver uma distribuição uniforme do reforço durante o
processamento secundário, mas, quando a diferença é grande, uma boa
distribuição torna-se mais difícil, especialmente se a fração volumétrica do
reforço for grande (ZHANG, 1997). Portanto, pode ser estabelecida uma
relação entre dimensões do pó matriz, do reforço e a fração volumétrica. Todas
as propriedades dos compósitos de matriz metálica podem ser melhoradas,
nas etapas finais, através de forjamento, laminação e extrusão (TORRALBA,
2003).
A técnica da metalurgia do pó para a fabricação de compósitos de matriz
metálica tem sido largamente utilizada com ligas de magnésio, de alumínio e
ligas de cobre (KACZAMAR, 2000). É uma técnica versátil que oferece
excelente controle sobre o conteúdo de reforço (CLYNE, 1993). Entretanto, o
56
processo tende a ser mais caro do que no processamento líquido e envolve
questões de riscos para a saúde e acidentes, como pirofosforicidade e
explosividade, respectivamente.
Figura 14 - Processo convencional de metalurgia do pó.
Fonte: Torralba, (2003).
3.4.1 Compactação da mistura
Após a homogeneização do pó, vem o processo de compactação do
mesmo. Esta compactação é realizada através de uma prensa hidráulica que
comprime o pó metálico que compreende no espaço vazio do molde (entre os
punções, ou entre o punção e a matriz, dependendo do projeto do processo). É
observado que para cada material comprimido, deve-se estar atento à carga de
compactação, à taxa de compactação e ao tempo relativo ao processo, para
57
que se obtenha uma peça mais homogênea e compactada possível
(GROOVER, 1996).
Segundo Kaczamar, (2000) as pressões de compactação de pós de
magnésio devem ser superiores a 500 Mpa, pois a partir desta, haverá uma
pressão de compactação suficiente para criar superfícies de contato e
aglomeração das partículas, suficientes para uma efetiva sinterização, gerando
pequenos percentuais de porosidade da peça final.
Para o presente estudo, foi projetado um molde específico para este fim,
que se encontra no Anexo I, onde as dimensões aproximadas dos corpos de
prova gerados são cilindros de 1 cm de diâmetro e cerca de 0,8 cm de altura.
Segundo Kalpakjian (2000), após a compactação do pó metálico, este,
por sua vez deve ser sinterizado para que haja a aglomeração das partículas e
por fim, formar uma peça sólida com as propriedades desejadas.
3.4.2 Processo de sinterização
A sinterização por sua vez é geralmente realizada em fornos de
resistência elétrica, com temperaturas abaixo do ponto de fusão, podendo ter
ou não atmosfera controlada, para que não haja oxidação, reações químicas
indesejadas e no caso do magnésio, combustão do material.
Em elevadas temperaturas, ocorre o processo de sinterização, onde os
particulados sofrem processo de difusão e estes grãos antes apenas
58
compactados (praticamente apenas encostados uns nos outros), se aglomeram
fisicamente, resultado em uma peça metálica sólida (KALPAKJIAN, 2000).
3.4.5 Compactação dos pós
Na compactação dos pós uma quantidade de pós é colocada na
cavidade de uma matriz mecânica ou hidráulica e que fará a compressão. A
compactação ocorre por deslocamentos simultâneos dos punções superiores e
inferiores, quando realizado por dupla ação de pistões; ou apenas um dos
punções, quando realizado por simples ação de pistões. A compactação é feita
em temperatura ambiente (MOURO, AURAS, 2007).
As figuras 15 e 16 apresentam que nos primeiros movimentos do
punção, a compactação causa apenas o adensamento ou repacotamento do
pó, sem deformação das partículas e sem produção de adesão entre elas.
Após o aumento da pressão, que varia de 1,6 a 9,3 t/cm² ocorre a deformação
plástica das partículas, o que forma uma espécie de solda fria (PEREIRA,
2010).
59
Figura 15 – Comportamento das partículas na compressão.
Fonte: Pereira (2010), adaptado.
Figura 16 – Gráfico esquemático da pressão de compactação pela densidade.
Fonte: Pereira (2010), adaptado.
Após a compactação é gerada uma peça com formato final ou
aproximado à peça a ser fabricada, chamada de compactado verde. É de
grande fragilidade podendo esfarelar em caso de manejo inadequado (MORO,
AURAS, 2007).
As etapas da compressão podem ser descritas como: enchimento,
compressão e extração, a compactação pode ser descrita como simples ação,
onde a força de compactação é exercida apenas por um dos dois punções.
60
Durante o processo de compactação uniaxial a densidade e a tensão
interna variam localmente, criando gradientes de densidade e regiões de
concentração de tensões. Quando uma força externa é aplicada ao pó por meio
dos punções superior e inferior, o atrito entre as paredes da matriz aumenta.
Considerando que a pressão axial é constante, é possível encontrar que a
tensão gerada pelo atrito com a parede será dada pelo produto entre o
coeficiente de atrito e a pressão radial (GERMAN; BOSE, 1997).
Gradiente de densidade aparecem no compactado devido ao atrito com
as paredes da matriz, o que resulta em retração anisotrópica durante a
sinterização. Devido ao processo, os compactados podem apresentar poros
achatados em relação à direção de compactação, porém alongados na direção
perpendicular (GERMAN; BOSE, 1997).
De acordo com Knewitz (2009) e Chiaverini (2001), quando submetidos
à compressão, o comportamento dos pós apresenta três estágios:
• As partículas de pó são rearranjadas de modo a eliminar parcialmente
a formação de vasos;
• Deformação plástica das partículas, etapa que depende de
características do pó como ductilidade e porosidade da partícula;
• Fratura das partículas devido a sua fragilização pelo encruamento
imposto na deformação.
Compressibilidade de um pó é afetada por diversos fatores:
• Dureza do metal ou da liga metálica sob compactação;
61
• Forma da partícula: quanto mais irregular for a partícula, menor a
compressibilidade;
• Porosidade: se for caracterizada por possuir pontos finos, durante a
compactação elas podem reter ar no seu interior, o que prejudica a
compressibilidade;
• Uma boa composição granulométrica favorece a compressibilidade dos
pós metálicos.
• Substâncias não-metálicas, tais como óxidos não reduzidos, reduzem a
compressibilidade, devido sua dureza e baixa gravidade específica;
• A adição de elementos de liga tais como grafita e enxofre geralmente
prejudica a compressibilidade.
Uma informação pertinente deste processo, importante para este estudo,
é que, independentemente dos materiais utilizados neste processo de
fabricação, qualquer produto final está exposto à presença de porosidade entre
os pós metálicos.
3.4.7 Sinterização
A sinterização é um processo físico, termicamente ativo, com o objetivo
de dar resistência mecânica para o conjunto de partículas de um determinado
material, que estão em contato mútuo. Sua força motora é o decréscimo da
energia livre associado à superfície do conjunto de partículas, conseguido pela
diminuição da superfície total do sistema. Na maioria das vezes este processo
62
elimina o espaço vazio que existe entre as partículas, o que resulta em um
corpo rígido e completa ou parcialmente denso (BRITO et al., 2007).
A integridade estrutural de uma peça obtida por metalurgia de pó é
resultante da sinterização, onde por aquecimento em temperaturas abaixo do
ponto de fusão as partículas são unidas de forma coerente, numa massa
sólida. Poros são eliminados enquanto as partículas se unem durante a
sinterização a alta temperatura, esta temperatura normalmente corresponde a
2/3 da temperatura de fusão do material (GERMAN; BOSE, 1997).
De acordo com Knewitz (2009), o aumento da temperatura acelera os
movimentos atômicos e consequentemente a difusão no estado sólido que
ocorre de forma facilitada.
A sinterização pode ser realizada com a presença de uma fase no
estado líquido, isto favorece a ligação das partículas metálicas entre si e
diminui a porosidade do material (CHIAVERINI, 2001).
Os poros que poderão surgir neste processo podem ser interpretados
como grandes acúmulos de vacâncias, sendo assim, a compreensão da
sinterização é elucidada pela sua movimentação e consequentemente pela
difusão. Basicamente ocorrem quatro mecanismos de movimento atômico na
sinterização: difusão superficial, difusão ao longo do volume, do contorno de
grão e por evaporação/condensação (KNEWITZ, 2009).
A sinterização pode ser explicada por algumas teorias, resumidas nos
seguintes estágios (CHIAVERINI, 2001):
• Ligação inicial entre as partículas e formação de um pescoço, o
material é aquecido levando a formação de contornos de grãos devido
a difusão;
63
• Crescimento do pescoço: corresponde a um maior grau de ligação no
interior da massa sob sinterização;
• Fechamento dos canais que integram os poros;
• Arredondamento dos poros;
• Contração dos poros ou densificação. Esta etapa só se observa pela
densificação da massa sinterizada;
• Crescimento dos poros: corresponde a tendência de poros pequenos
migrarem para porosidades maiores, fazendo estas aumentarem de
volume.
Na massa sob sinterização podem ocorrer outros fenômenos também
relacionados à diminuição da energia total do sistema e relacionam os
principais como o crescimento do grão, homogeneização ou formação de liga e
transformação de fase (CHIAVERINI, 2001; KNEWITZ, 2009).
3.5 Microdureza e dureza Vickers
Dureza e microdureza são classificações de ensaios onde avalia-se a
resistência à deformação plástica por meio da endentação provocada por um
penetrador de diamante com uma geometria específica da escala utilizada, e
este é forçado contra a superfície do espécime, perpendicularmente a área
superficial.
Cargas aplicadas no ensaio de microdureza Vickers são muito menores
do que as utilizadas em ensaios Rockwell e Brinell, onde a carga de
64
penetração varia entre 1g e 1000g. A deformação plástica resultante no
formato de um losango, causada por um pequeno penetrador de diamante num
formato piramidal de base quadrada, com ângulo de ponta de 136°, é
observado sob um microscópio onde é possível aferir as dimensões desta
deformação (endentação). Esta medição é então convertida em um valor de
microdureza. Deve-se ficar atento à preparação superficial do corpo de prova.
Este deve ser retificado, lixado e polido para garantir uma superfície com
condições perfeitas de deformação plástica e que sejam facilmente medidas
através do microscópio. Este ensaio permite medir de forma adequada, dureza
em regiões localizadas (CALLISTER, 2001).
O ensaio de dureza Vickers, designados por HV, é basicamente quase
idêntico ao de microdureza Vickers, com a diferença de que as cargas
aplicadas e as dimensões dos penetradores são bem maiores que no ensaio
de microdureza Vickers. As endentações geradas são bem mais grosseiras,
mas consegue aferir com maior precisão, a dureza, ou resistência à
deformação plástica, em uma região maior, representando o corpo de prova
como um todo (CALLISTER, 2001).
Tanto para dureza, quanto para microdureza Vickers, estas podem ser
calculadas a partir das dimensões das impressões no formato de losangos
gerados utilizando da seguinte equação matemática:
𝐻𝑉 =1.854 𝑃
𝑑
P representa a carga aplicada durante o ensaio; d seria a média
aritmética das diagonais da endentação no formato de losango, gerado no
ensaio (CALLISTER, 2001).
65
4. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL
Os tratamentos experimentais estudados foram:
• Temperatura de sinterização em dois níveis: 520 °C e 620 °C;
• Tempo de sinterização em três níveis: 30 minutos, 60 minutos e
90 minutos;
• Concentração de nióbio em peso, na matriz de magnésio, em
quatro níveis: 0%, 5%, 10% e 15%.
Ao todo, temos 24 condições experimentais, evidenciadas na tabela 3.
E para cada condição experimental, foram fabricados sete corpos de provas.
Três corpos de prova para medições de densidade, três para as medições de
microdureza Vickers e um para análises de microscopia eletrônica de varredura
e mapeamento EDS.
Com isso, foram fabricados 168 corpos de prova, ao todo.
Tabela 3 - Resumo de todas as condições experimentais estudadas.
Temperatura: 520°C Temperatura: 620°C
Tempo:
30min
Tempo:
30min
Tempo:
60min
Tempo:
90min
Tempo:
60min
Tempo:
90min
0% de Nb 0% de Nb 0% de Nb 0% de Nb 0% de Nb 0% de Nb
5% de Nb 5% de Nb 5% de Nb 5% de Nb 5% de Nb 5% de Nb
10% de Nb 10% de Nb 10% de Nb 10% de Nb 10% de Nb 10% de Nb
15% de Nb 15% de Nb 15% de Nb 15% de Nb 15% de Nb 15% de Nb
66
5. MATERIAIS E MÉTODOS
Neste capítulo, serão abordados todos os materiais e métodos utilizados
durante os experimentos realizados para o presente estudo. Lembrando que
todos os procedimentos foram realizados nos laboratórios do Departamento de
Engenharia Mecânica no Campus da Universidade Federal de São João del
Rei, na cidade de São João del Rei, em Minas Gerais.
5.1 Materiais
No capítulo a seguir, serão abordados todos os materiais utilizados no
presente estudo, e suas principais características.
5.1.1 Magnésio metálico
O pó de magnésio utilizado neste estudo foi obtido a partir do processo
de limagem de uma barra de magnésio metálico, de elevada pureza, em torno
de 99,9%.
67
Figura 17 - Obtenção do pó de nióbio pelo procedimento de limagem.
A figura 17, logo acima, enaltece o procedimento manual utilizado na
obtenção do ó metálico de magnésio. Pelas imagens abaixo, podemos
observar que o pó de magnésio obtido, na verdade são pequenos cavacos, em
formato de fitas, pois este formato de material é inerente ao processo de
limagem.
Figura 18 - Microscopia ótica do pó de magnésio utilizado no presente estudo.
Ampliações de 100X e 200X, respectivamente.
68
Com auxílio da escala da imagem gerada, é possível estimar o tamanho
dos grãos de nióbio, utilizando-se da figura 18. Pode-se afirmar que as fitas do
pó de magnésio têm larguras variando de 70 a 110 µm, e comprimento total
variando de 250 a 850 µm, onde a média encontrada foi de 630 µm.
5.1.2 Nióbio
O pó de nióbio utilizado no presente estudo foi doado, já na forma de pó,
pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Materiais. O pó de nióbio apresenta
formato de pequenos prismas triangulares. De forma similar à caracterização
de magnésio, podemos estimar a sua granulometria. Apresentam espessuras
variando de 150 a 250 µm, e comprimento variando de 300 a 850 µm,
ilustrados pela figura 19.
Figura 19 - Microscopia ótica do pó de nióbio utilizado no presente estudo.
Ampliações de 100X e 200X, respectivamente.
5.2 Métodos
A seguir, serão evidenciados todos os métodos utilizados no presente
estudo.
69
5.2.1 Homogeneização dos pós metálicos
Após a obtenção dos pós metálicos, estes foram pesados em balança de
precisão, já nas proporções de nióbio pertinentes onde o peso total de material
foi de 0,5g cada, acondicionados em pequenos potes de acrílico 10ml, e
posteriormente, a homogeneização dos pós se deu através de um moinho
planetário, da marca Across International, modelo PQ-N2 (vide figura 20).
Figura 20 - Moinho planetário.
5.2.2 Compactação da mistura de pós
O processo de compactação dos pós metálicos foi realizado de forma
manual, de prensagem uniaxial, em uma prensa hidráulica (vide figura 22),
aplicando-se uma carga de 4,0 tf. O molde metálico (mostrado na figura 21) foi
fabricado exclusivamente para este tipo de procedimento, segundo projeto
mostrado no Anexo I deste texto.
70
Figura 21 – Molde metálico utilizado na compactação dos pós metálicos.
Como o molde continha 1mm de diâmetro interno, pôde-se com isso,
atingir uma pressão de compactação de 499,7 Mpa, em todos os corpos de
prova, bem próximo da pressão de compactação ideal, segundo Kaczamar
(2000), de 500 MPa.
Figura 22 - Prensa hidráulica manual utilizada para compactar os corpos de prova.
Os corpos de prova gerados têm formatos de pequenos cilindros, com
10 mm de diâmetro, e espessuras médias de 4mm, com peso aproximado de
0,5 gramas.
71
5.2.3 Processo de sinterização
O forno de resistência elétrica tubular utilizado se encontra no laboratório
1.04 do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSJ, e este conta um
sistema controlador, marca Analógica, modelo NA-1100-TN, e também, conta
com um sistema de atmosfera controlada por argônio para evitar a combustão
dos materiais a serem estudados.
Figura 23 - Fotografia do forno tubular de resistência, com detalhe da garrafa de argônio para
controle da atmosfera durante a sinterização.
A figura 23, logo acima, demonstra o forno utilizado, e em detalhe, no
lado direito, pode-se perceber a garrafa e gás argônio utilizado para a proteção
atmosférica.
Os corpos de prova foram dispostos de 14 em 14, em pequenas barcas
de porcelana, e posteriormente levadas ao forno para a sinterização.
O tempo de sinterização, foi contado a partir do instante que o forno
atinge a temperatura alvo, e após o tempo estipulado, desligou-se o forno.
72
Figura 24 - Fotografia dos corpos de prova, logo após o processo de sinterização
Aparência dos corpos de prova após o processo de sinterização, fica
evidenciado na figura 24, logo acima. Percebe-se a presença de uma fina
camada branca, de óxido, na superfície das pastilhas, e também, na superfície
interna da barca de porcelana.
Após a sinterização dos corpos de prova, estes foram preparados
conforme as utilizações do estudo.
As amostras utilizadas para estudar a microdureza Vickers foram
posteriormente embutidas em massa plástica, lixadas à úmido em álcool etílico
P. A. em uma sequência de lixas, polidas em pasta e alumina de 1 µm, e
lavadas com auxílio de ultrassom, também em álcool etílico P. A.
As amostras utilizadas para estudar a microscopia eletrônica de
varredura e o mapeamento EDS, não foram embutidas, mas foram lixadas à
úmido em álcool etílico P. A. em uma sequência de lixas de acordo com a
tabela 4, logo abaixo, e limpas com o auxílio de ultrassom.
73
Tabela 4 - Tabela de sequência de lixas utilizada
Número Tamanho de grãos (µm)
P120 125
P220 68
P400 58,5
P600 25,8
P800 21,8
P1000 18,3
P1200 15,3
P1500 12,6
P2000 10,3
P2500 8,4
As amostras utilizadas para estudar as densidades não sofreram
nenhum tipo de preparação posterior.
5.2.4 Microscopia eletrônica de varredura
Com ajuda de um microscópio eletrônico de varredura, puderam ser
avaliados a presença ou não dos particulados de nióbio, a aglomeração dos
grãos pelo processo de sinterização, a presença ou não de poros entre os
grãos e os formatos e interfaces dos reforços de nióbio, com os grãos da matriz
de magnésio.
74
Figura 25 - Microscópio eletrônico de varredura utilizado.
O microscópio eletrônico de varredura utilizado (vide figura 25) foi o
Hitashi TM3000, acondicionado no laboratório de microscopia do Departamento
de Engenharia Mecânica, no Campus Santo Antonio da Universidade Federal
de São João del Rei.
5.2.5 Microdureza Vickers
Os resultados de microdureza Vickers coletados foram avaliados
segundo um planejamento fatorial completo (ANOVA) onde avaliamos a
temperatura de sinterização (em dois níveis), porcentagem em peso de
75
partículas de nióbio (em quatro níveis) e tempo de sinterização (em três níveis),
tratando os dados estatisticamente com o auxílio do software MiniTab v17.
Figura 26 - Fotografia do microdurômetro Vickers.
O equipamento utilizado para medir os valores de microdureza foi o
microdurômetro Mitutoyo MVK-G1, ilustrado pela figura 26, logo acima, com
carga aplicada de 50 gramas, por 20 segundos.
As endentações das medições de microdureza Vickers foram todas
feitas na matriz de magnésio, respeitando a distância mínima de 3 endentações
entre uma e outra, sempre evitando os particulados de nióbio, quando
presente, sempre na mesma direção. Através da figura 27, podemos ver um
exemplo da endentação gerada neste processo.
76
Figura 27 - Endentação gerada pela medição de microdureza Vickers.
5.2.6 Densidade
Para certificar da presença de nióbio nos corpos de prova fabricados,
também foram medidas as densidades dos mesmos, Utilizando como base a
norma ASTM B311-13. Esta norma sugere a utilização do método de
Arquimedes para o mesmo.
77
Figura 28 - Balança com adaptações para as medições de densidade.
As amostras foram marcadas, pesadas ainda secas, depois
acondicionadas em um pote plástico, mergulhadas em álcool etílico P. A. em
vácuo por uma hora, e em seguida, foram pesadas seu peso ainda dentro do
álcool etílico (com o auxílio de um suporte metálico específico, vide figura 28) e
depois pesadas fora do álcool etílico, porém, ainda levemente úmidas.
A balança de precisão utilizada foi uma balança da marca Marte, modelo
AL 500C, com três casas decimais.
Com os dados anotados, pôde-se calcular os valores de densidades de
acordo com a seguinte fórmula matemática:
𝐷 =𝐴 × 𝐸
𝐴 − 𝐵 + 𝐶= (𝐴 × 𝐸)/(𝐴 − 𝐹)
78
Onde:
• D = densidade do corpo de prova, em gramas;
• A = massa do corpo de prova seco, ao ar, em gramas;
• B = massa aparente do corpo de prova e do suporte, imerso em
líquido, em gramas;
• C = Massa do corpo de prova imerso em líquido, em gramas;
• F = massa do corpo de prova no líquido, com o suporte tarado,
em gramas;
• E = densidade do líquido utilizado.
79
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A seguir, serão apresentados todos os resultados obtidos.
6.1 Densidades
Logo a seguir, serão evidenciados os resultados de densidades medidos
em todos os corpos de prova.
Tabela 5 - Tabela de valores de densidades dos corpos de prova obtidos à temperatura de sinterização de 520 °C Todos os valores, expressos em g/cm³.
Temperatura de sinterização: 520 °C
Tempo 0% Nb Desv. Pad 5% Nb Desv. Pad 10% Nb Desv. Pad 15% Nb Desv. Pad
0 min 1,732 0,023 1,806 0,027 1,896 0,016 1,982 0,017
30 min 1,753 0,040 1,813 0,006 1,943 0,028 1,980 0,012
60 min 1,734 0,003 1,800 0,010 1,866 0,011 1,955 0,006
90 min 1,730 0,008 1,810 0,007 1,918 0,016 2,031 0,012
Pela tabela 5 acima, podemos ver claramente que, independentemente
dos tratamentos experimentais realizados, as densidades dos corpos de prova
aumentam com a adição de nióbio, confirmando a sua presença.
Tabela 6 - Tabela de valores de densidades dos corpos de prova obtidos à temperatura de sinterização de 620 °C Todos os valores, expressos em g/cm³.
Temperatura de sinterização: 620 °C
Tempo 0% Nb Desv. Pad 5% Nb Desv. Pad 10% Nb Desv. Pad 15% Nb Desv. Pad
0 min 1,732 0,023 1,806 0,027 1,896 0,016 1,982 0,017
30 min 1,756 0,014 1,815 0,006 1,914 0,037 1,983 0,011
60 min 1,731 0,040 1,792 0,030 1,896 0,034 2,006 0,064
90 min 1,745 0,020 1,791 0,044 1,895 0,017 2,007 0,016
80
O mesmo fato de aumento de densidade também se confirma para
corpos de prova sinterizados à 620 °C (vide tabela 6). Isto comprova a
presença de nióbio, conforme composições dos corpos de prova.
Ao fixar os valores de concentrações de nióbio, não é possível afirmar
tendências de variações de densidade, ao se variar o tempo de sinterização.
Ao analisar os valores de densidade, em conjunto com seus respectivos
desvios padrões, também é possível perceber uma leve tendência de aumento
de densidade média para maiores valores de tempo de sinterização, nos
corpos de prova com 15% em peso de nióbio, sugerindo mais tempo para
ocorrer o processo de difusão, permitindo um maior adensamento das
partículas.
O maior valor de densidade encontrado foi para o corpo de prova com
15% em peso de nióbio, sinterizado por 90 minutos.
6.2 Porosidade
Utilizando-se dos valores de microdureza encontrados, é possível
estimar valores de porosidade de cada um dos corpos de prova. O cálculo
consiste em comparar a razão da densidade dos metais utilizados, com os
valores de densidade encontrados nos corpos de prova fabricados, claro que,
levando em conta a composição química dos mesmos.
Utilizando-se de um picnômetro á hélio, marca Quantachrome, modelo
Ultrapycnometer 1000 (vide figura 29), dentro do laboratório de caraterizações
da empresa Magotteaux Brasil LTDA, pôde-se medir as densidades dos pós
metálicos utilizados neste estudo.
81
Os valores de densidade encontrados foram:
• 1,7381 g/ml para o pó de magnésio;
• 8,5796 g/ml para o pó de nióbio.
Figura 29 – Fotografia do picnômetro à hélio utilizado.
Utilizando-se do cálculo de médias ponderadas, podemos afirmar que os
valores teóricos de densidade dos corpos de prova, caso não houvesse
porosidade, seriam de:
• 1,7381 g/ml para corpos de prova de magnésio puro;
• 2,080 g/ml para corpos de prova de magnésio com 5% em peso
de nióbio;
• 2,422 g/ml para g/ml para corpos de prova de magnésio com 10%
em peso de nióbio;
82
• 2,764 g/ml para g/ml para corpos de prova de magnésio com 15%
em peso de nióbio.
Tabela 7 - Tabela de valores de porosidade dos corpos de prova.
Sinterizados à 520 °C Sinterizados à 620 °C
Tempo 0% Nb 5% Nb 10% Nb 15%Nb Tempo 0% Nb 5% Nb 10% Nb 15%Nb
0 min 0,4% 13,2% 21,7% 28,3% 0 min 0,4% 13,2% 21,7% 28,3%
30min -0,9% 12,8% 19,8% 28,4% 30min -1,0% 12,7% 21,0% 28,2%
60min 0,3% 13,5% 22,9% 29,3% 60min 0,4% 13,9% 21,7% 27,4%
90min 0,4% 13,0% 20,8% 26,5% 90min -0,4% 13,9% 21,8% 27,4%
Ao analisar os valores de densidade (tabela 7) e seus respectivos
desvios padrões, para valores de porosidade próximos de zero, ou valores
negativos, pode-se afirmar que os valores de porosidade para corpos de prova
de magnésio puro apresentam muita pouca porosidade, ou nenhuma. Já para
corpos de prova com presença em peso de nióbio de 5%, 10% e 15%, temos
valores de porosidade média de 13,3%, 21,4% e 28,0%, respectivamente.
Ao se analisar as imagens de microscopia eletrônica de varredura, não
se percebe porosidade desta proporção. Uma observação importante feita
durante o procedimento experimental é que, após a etapa de sinterização,
forma-se uma camada de óxido na superfície dos corpos de prova, mesmo com
a proteção atmosférica de argônio. Durante o processo de compactação,
pequenas porções de ar atmosférico (contendo oxigênio) ficam retidas entre os
pós metálicos, e, na etapa de sinterização, este oxigênio reage com o nióbio
formando óxido. Este óxido de nióbio apresenta menor densidade que o nióbio
(4,6 g/ml, segundo WebElements 2017) reduziria o valor da porosidade teórica.
Em um estudo futuro, o correto seria a medição de porosidade através de um
porosímetro.
83
Com este fato descrito acima, torna-se inviável dar-se como verdadeiro
os valores de porosidades descritos na tabela 7. Mesmo assim, a tendência de
aumento de porosidade observada continua sendo verdadeira.
Isto prova que a presença de nióbio na matriz de magnésio tem relação
direta com o aumento de porosidade do corpo de prova fabricado. Quanto
maior a presença de nióbio, maior a porosidade gerada. Este fato é explicado
devido à diferença dos formatos de partículas, onde o magnésio deformado,
durante a compactação, apesar de ter alta ductibilidade, apresenta
escoabilidade insuficiente para permear as interfaces dos particulados de
nióbio com perfeição, gerando porosidades.
6.3 Microdureza
As médias dos valores de microdureza para os corpos de prova
sinterizados à 520 °C, coletados, estão demonstrados abaixo.
Tabela 8 - Tabela de valores de microdureza Vickers dos corpos de prova obtidos à temperatura de sinterização de 520 °C.
Temperatura de sinterização: 520 °C
Tempo 0% Nb Desv. Pad 5% Nb Desv. Pad 10% Nb Desv. Pad 15% Nb Desv. Pad
30 38,7 2,026 40,2 2,156 40,1 1,760 41,0 1,861
60 40,7 2,482 39,2 2,699 39,9 2,177 41,7 2,370
90 39,4 2,056 41,7 2,556 41,6 2,032 44,8 2,950
Com auxílio do software MiniTab 17, pôde-se gerar uma representação
gráfica dos dados da tabela 8 (vide figura 30).
84
Figura 30 - Gráfico de superfície de microdureza Vickers dos corpos de prova sinterizados à
520 °C.
O maior valor encontrado acima, segundo a tabela 7 (44,8 HV), foi do
material com 15% em peso de nióbio, sinterizado por 90 minutos à 520 °C.
Comparando-se com o menor valor de microdureza encontrado, (38,7 HV) para
a condição experimental de magnésio puro sinterizado por 30 minutos, indica
um aumento de até 15,7%.
A presença de nióbio na matriz de magnésio forma barreiras físicas às
movimentações de discordâncias, aumentando a dureza da matriz, segundo
Shanthi e outros (2012). Este fato não é tão evidenciado no presente estudo,
pois a geração de porosidade devido à presença do próprio nióbio, associado
85
às particularidades do processo de fabricação de metalurgia do pó, fazendo
com que esta elevação de dureza não seja tão representativa.
A presença de porosidade sugere pontos para nucleação de trincas,
reduzindo a resistência da matriz, influenciando negativamente na dureza da
mesma. Sendo exceção, os corpos de prova sinterizados a 520 °C, por 90
minutos, com 15% em peso de nióbio, onde essa condição experimental
favoreceu o adensamento das partículas, percebido pela tímida redução do
valor de porosidade teórico, aumentando a superfície de contato da matriz de
magnésio com os particulados de nióbio, e com isso, pode-se perceber uma
leve tendência de aumento da dureza, nesta condição.
As médias dos valores de microdureza para os corpos de prova
sinterizados à 620 °C, coletados, estão demonstrados abaixo, na tabela 9.
Tabela 9 - Tabela de valores de microdureza Vickers dos corpos de prova obtidos à temperatura de sinterização de 620 °C.
Temperatura de sinterização: 620 °C
Tempo 0% Nb Desv. Pad 5% Nb Desv. Pad 10% Nb Desv. Pad 15% Nb Desv. Pad
30 37,7 1,969 40,0 1,547 39,9 1,856 39,7 2,083
60 39,1 1,634 38,7 1,595 39,9 1,146 41,1 2,285
90 38,2 2,996 38,2 2,703 42,1 2,925 39,8 2,508
Com auxílio do software MiniTab 17, pôde-se gerar uma representação
gráfica dos dados da tabela 9 (vide figura 31).
86
Figura 31 - Gráfico de superfície de microdureza Vickers dos corpos de prova sinterizados à
620 °C.
O maior valor de microdureza Vickers encontrado acima, de acordo com
a tabela 8 (42,1 HV), foi do material com 10% em peso de nióbio, sinterizado
por 90 minutos. Comparando-se com o menor valor de microdureza
encontrado, (37,7 HV) para a condição experimental de magnésio puro
sinterizado por 30 minutos, indica um aumento da ordem de 11,6%.
De forma análoga ao já explicitado anteriormente, a presença de
porosidade sugere uma minimização do efeito de elevação de dureza
encontrado por Shanthi e outros (2012).
Com a utilização do software MiniTab 17, foi possível gerar
representações gráficas dos testes de Tukey utilizados para averiguar as
influências dos tratamentos estatísticos realizados no presente estudo.
87
Pelo teste de Tukey das médias dos valores de microdureza, temos a
seguinte influência da temperatura:
Figura 32 – Representação gráfica do Teste de Tukey, mostrando a influência da temperatura
nos valores de microdureza da matriz de magnésio.
Pelo teste de Tukey graficamente evidenciado acima (figura 32),
confirmamos que a temperatura tem influência representativa na variação dos
valores de microdurezas encontrados.
Analisando os valores de microdureza, par a par, comparando-se entre
as temperaturas de sinterização, percebe-se que os valores são negativamente
influenciados pela temperatura. Este fato pode ser explicado por Callister
(2002), onde maiores temperaturas favorecem o fenômeno de crescimento de
grão, efeito contrário ao necessário para elevação de dureza da matriz.
Efetuando o teste de Tukey dos valores de microdurezas, temos a
seguinte influência do tempo de sinterização:
88
Figura 33 – Representação gráfica do Teste de Tukey mostrando a influência do tempo de
sinterização nos valores de microdureza na matriz de magnésio.
Pelo teste de Tukey graficamente evidenciado acima (figura 33),
confirmamos que o tempo de sinterização com intervalos de 30 minutos entre
si, não são suficientes para causar influência representativa na variação dos
valores de microdurezas encontrados. Porém, intervalos de 60 em 60 minutos,
sim.
Pelo excesso de capacidade refratária do forno, leva-se muito tempo
para atingir a temperatura alvo, e, após o tempo estipulado, o forno também
leva muito tempo para se resfriar. Com isso, os tempos de sinterização não
foram suficientemente espaçados.
Efetuando o teste de Tukey dos valores e microdurezas, temos a
seguinte influência da concentração de nióbio na matriz de magnésio:
89
Figura 34 – Representação gráfica do Teste de Tukey mostrando a influência da concentração
de nióbio na microdureza na matriz de magnésio.
Pelo teste de Tukey graficamente evidenciado acima (figura 34),
confirmamos que a concentração de nióbio na matriz de magnésio tem
influência representativa na variação dos valores de microdurezas encontrados,
apenas para intervalos de 10% em 10% e de 15%. Variações nas
concentrações de nióbio de 5% em 5% não foram suficientemente espaçados
para gerar influências representativas nos valores de microdurezas.
Segundo Shanthi e outros (2012), a adição de nióbio em peso de 5% em
5%, até 10% em peso, pelo processo de fabricação de deposição de fusão
desintegrada, aumenta a resistência mecânica da matriz de magnésio, gerando
barreiras físicas às movimentações de discordâncias, mas este efeito pode ter
sido reduzido, devido às porosidades geradas, inerentes do processo de
metalurgia do pó, necessitando de maiores concentrações de nióbio para
atingir o mesmo objetivo de elevação de dureza.
90
De modo geral, pode-se dizer que os valores de microdureza Vickers de
um material compósito de magnésio com adições de nióbio, fabricado por
metalurgia do pó, pode ter uma variação na ordem de até aproximadamente
19%, dependendo de sua composição e procedimento de sinterização adotado.
6.4 Microscopia eletrônica de varredura e EDS
Todas as imagens de microscopia eletrônica de varredura foram tiradas
no sentido longitudinal, da parte superior dos corpos de prova, especificamente
fabricados para este fim. Durante este procedimento, pôde-se perceber que os
particulados de nióbio (quando pertinente) apresentou distribuição homogênea
em toda a superfície da matriz de magnésio, indicando um correto processo de
homogeneização dos pós metálicos.
Neste item, será mostrada apenas uma figura da análise EDS (espectro
de energia dispersiva), para ilustração. Para discussão de resultados, pode-se
afirmar que foram encontrados apenas três elementos químicos na superfície
de todos os corpos de prova analisados: magnésio, nióbio e oxigênio.
Dispensando as demais imagens de EDS geradas.
A seguir, também serão evidenciadas todas as imagens geradas através
das análises de microscopia eletrônica de varredura.
91
(a) (b)
(c)
Figura 35 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio puro, sinterizado à 520 °C, por 90 minutos. Ampliações de 40x (a), 500x (b) e 3000x (c) respectivamente.
Pela figura 35, podemos observar que a matriz de magnésio tem
aparência de estar inteira, sem presença de porosidades. E pela imagem de
EDS abaixo (figura 36), confirma-se a presença de apenas um elemento
químico, o magnésio.
Figura 36 - EDS de magnésio puro, sinterizado à 520 °C, por 90 minutos.
92
(a) (b)
(c)
Figura 37 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 5% em peso de nióbio, sinterizado a 520 °C, por 90 minutos. Ampliações de 30x (a), 500x (b) e 3000x (c)
respectivamente.
Pela figura 37, temos a matriz de magnésio, de coloração mais escura, e
percebe-se a presença de nióbio (grãos mais claros), podendo observar ainda
que a estes grãos estão dispersos em toda a superfície da matriz de magnésio.
Também são visíveis pequenas porosidades ao longo da matriz de
magnésio, em alguns pontos da figura 37-b, e na interface da matriz com o
reforço de nióbio na figura 37-c.
O EDS aponta 2,46% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
6,63% em peso de oxigênio no grão de nióbio, indicando a presença de óxido
de nióbio.
93
(a) (b)
(c)
Figura 38 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 10% em peso de nióbio, sinterizado à 520 °C, por 90 minutos. Ampliações de 30x (a), 500x (b) e 3000x (c)
respectivamente.
Pela figura 38, temos a matriz de magnésio, de coloração mais escura, e
percebe-se a presença de nióbio (grãos mais claros) em concentração de 10%
em peso, podendo observar ainda um aumento na concentração de nióbio,
quando se comparando com a figura 38.
O EDS aponta 2,48% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
5,74% em peso de oxigênio no grão de nióbio, confirmando a presença de
óxido de nióbio.
94
(a) (b)
(c)
Figura 39 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 15% em peso de nióbio, sinterizado à 520 °C, por 90 minutos. Ampliações de 30x (a), 500x (b) e 3000x (c)
respectivamente.
Analisando a figura 39, observamos a matriz de magnésio, de coloração
mais escura, e percebe-se a presença de nióbio (grãos mais claros) em
concentração de 15% em peso, podendo observar ainda um aumento na
concentração de nióbio, quando se comparando com as figuras 37 e 38. Com
presença de pouca porosidade,
O EDS aponta 2,48% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
5,74% em peso de oxigênio no grão de nióbio, confirmando a presença de
óxido de nióbio.
95
(a) (b)
(c)
Figura 40 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio puro, sinterizado à 520 °C, por 60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 40, observamos a matriz de magnésio com presença
de pouca porosidade.
O EDS aponta 2,84% em peso de oxigênio na matriz de magnésio,
demonstrando ligeira oxidação.
96
(a) (b)
(c)
Figura 41 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 5% em peso de nióbio, sinterizado à 520 °C, por 60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 41, observamos a matriz de magnésio, de coloração
mais escura, e percebe-se a presença de nióbio (grãos mais claros) em
concentração de 5% em peso.
O EDS aponta 2,94% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
8,65% em peso de oxigênio no grão de nióbio, indicando a presença de óxido
de nióbio.
97
(a) (b)
(c)
Figura 42 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 10% em peso de nióbio, sinterizado à 520 °C, por 60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 42, observamos a matriz de magnésio, de coloração
mais escura, e percebe-se a presença de nióbio (grãos mais claros) em
concentração de 10% em peso, podendo observar ainda um aumento na
concentração de nióbio, quando se comparando com a figura 41. Com
presença de ligeira porosidade, principalmente na figura 42-c, no contorno do
grão de nióbio.
O EDS aponta 3,61% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
8,04% em peso de oxigênio no grão de nióbio, indicando a presença de óxido
de nióbio.
98
(a) (b)
(c)
Figura 43 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 15% em peso de nióbio, sinterizado à 520 °C, por 60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 43, observamos a matriz de magnésio, de coloração
mais escura, e percebe-se a presença de nióbio (grãos mais claros) em
concentração de 15% em peso, podendo observar ainda um aumento na
concentração de nióbio, quando se comparando com as figuras 41 e 42. Com
presença de porosidade visível, nas figuras 43-b na matriz de magnésio e nos
contornos de grão de nióbio na figura 43-c.
O EDS aponta 2,10% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
4,25% em peso de oxigênio no grão de nióbio, indicando a presença de óxido
de nióbio.
99
(a) (b)
(c)
Figura 44 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio puro, sinterizado à 520 °C, por 30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 44, observamos a matriz de magnésio, com
presença de porosidade observável na figura 44-b, e manchas de oxidação na
figura 44-a,
O EDS aponta 4,33% em peso de oxigênio na matriz de magnésio.
100
(a) (b)
(c)
Figura 45 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 5% em peso de nióbio, sinterizado à 520 °C, por 30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Observando a figura 45, observamos a matriz de magnésio, de
coloração mais escura, e não se percebe a presença de nióbio. Em termos de
porosidade, há considerável presença de porosidades, facilmente observada
na figura 45-a.. Porém, a presença de nióbio é confirmada nas medições de
densidades pertinentes à esta condição experimental.
O EDS aponta 3,75% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
0,00% em peso de nióbio.
101
(a) (b)
(c)
Figura 46 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 10% em peso de nióbio, sinterizado à 520 °C, por 30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 46, observamos a matriz de magnésio, de coloração
mais escura, e percebe-se a presença de nióbio (grãos mais claros) em
concentração de 10% em peso. Com presença de porosidade observável nas
figuras 46-b (na matriz de magnésio) e 46-c (nos contornos de grão de nióbio).
O EDS aponta 3,06% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
5,93% em peso de oxigênio no grão de nióbio, confirmando a presença de
óxido de nióbio.
102
(a) (b)
(c)
Figura 47 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 15% em peso de nióbio, sinterizado à 520 °C, por 30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 47, observamos a matriz de magnésio, de coloração
mais escura, e nota-se a presença de nióbio (grãos mais claros) em
concentração de 15% em peso, podendo observar ainda um aumento na
concentração de nióbio, quando se comparando com a figura 47. Ligeira marca
de oxidação na figura 47-a. Com presença de pouca porosidade nos contornos
de grãos de nióbio (figura 47-c).
O EDS aponta 3,30% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
9,72% em peso de oxigênio no grão de nióbio, sugerindo a presença de óxido
de nióbio.
103
(a) (b)
(c)
Figura 48 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio puro, sinterizado à 620 °C, por 90 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Observando a figura 48, observamos a matriz de magnésio, sem
porosidade observável.
O EDS aponta 2,31% em peso de oxigênio na matriz de magnésio
indicando leve oxidação da matriz de magnésio.
104
(a) (b)
(c)
Figura 49 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 5% em peso de nióbio, sinterizado à 620 °C, por 90 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 49, observamos a matriz de magnésio, de coloração
mais escura, e percebe-se a presença de nióbio (grãos mais claros) em
concentração de 5% em peso, não tão bem distribuídos na matriz. Com
presença de pouca porosidade nos contornos de grão de nióbio.
O EDS aponta 3,12% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
7,42% em peso de oxigênio no grão de nióbio, sugerindo a presença de óxido
de nióbio.
105
(a) (b)
(c)
Figura 50 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 10% em peso de nióbio, sinterizado à 620 °C, por 90 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 50, observamos a matriz de magnésio, de coloração
mais escura, e percebe-se a presença de nióbio (grãos mais claros) em
concentração de 10% em peso, bem distribuídos na matriz. Com presença de
pequenas porosidades nos contornos de grão de nióbio.
O EDS aponta 2,73% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
4,09% em peso de oxigênio no grão de nióbio, indicando a presença de óxido
de nióbio.
106
(a) (b)
(c)
Figura 51 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 15% em peso de nióbio, sinterizado à 620 °C, por 90 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 51, observamos a matriz de magnésio, de coloração
mais escura, e percebe-se a presença de nióbio (grãos mais claros) em
concentração de 15% em peso, muito bem distribuídos na matriz. Com
presença de pouca porosidade (na figura 51-a) e nos contornos de grão de
nióbio (figura 51-c).
O EDS aponta 2,66% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
4,36% em peso de oxigênio no grão de nióbio, confirmando a presença de
óxido de nióbio.
107
(a) (b)
(c)
Figura 52 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio puro, sinterizado à 620 °C, por 60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 52, observamos a matriz de magnésio com a
presença de muitas marcas de oxidação.
O EDS aponta 12,38% em peso de oxigênio na matriz de magnésio
indicando oxidação da matriz de magnésio.
108
(a) (b)
(c)
Figura 53 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 5% em peso de nióbio, sinterizado à 620 °C, por 60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 53, observamos a matriz de magnésio, de coloração
mais escura, e percebe-se a presença de nióbio (grãos mais claros) em
concentração de 5% em peso, distribuídos na matriz. Com presença de pouca
porosidade nos contornos de grão de nióbio (figura 53-c).
O EDS aponta 2,07% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
11,13% em peso de oxigênio no grão de nióbio, confirmando a presença de
óxido de nióbio.
109
(a) (b)
(c)
Figura 54 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 10% em peso de nióbio, sinterizado à 620 °C, por 60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 54, observamos a matriz de magnésio, de coloração
mais escura, e percebe-se a presença de nióbio (grãos mais claros) em
concentração de 10% em peso, bem distribuídos na matriz.
O EDS aponta 5,74% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
13,92% em peso de oxigênio no grão de nióbio, confirmando a presença de
óxido de nióbio.
110
(a) (b)
(c)
Figura 55 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 15% em peso de nióbio, sinterizado à 620 °C, por 60 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 55, observamos a matriz de magnésio, de coloração
mais escura, e percebe-se a presença de nióbio (grãos mais claros) em
concentração de 15% em peso, muito bem distribuídos na matriz. Com
presença de uma maior porosidade (na figura 55-b) e quase nenhuma
porosidade nos contornos de grão de nióbio (figura 55-c).
O EDS aponta 3,53% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
8,94% em peso de oxigênio no grão de nióbio, confirmando a presença de
óxido de nióbio.
111
(a) (b)
(c)
Figura 56 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio puro, sinterizado à 620 °C, por 30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 56, observamos a matriz de magnésio. Percebe-se
na figura 56-b, ligeiras porosidades.
O EDS aponta 3,53% em peso de oxigênio na matriz de magnésio.
112
(a) (b)
(c)
Figura 57 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 5% em peso de nióbio, sinterizado à 620 °C, por 30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 57, observamos a matriz de magnésio, de coloração
mais escura, e percebe-se a tímida presença de nióbio (grãos mais claros) em
concentração de 5% em peso, porém, bem distribuídos na matriz. Com
presença de pouca porosidade (na figura 57-b) e nos contornos de grão de
nióbio (figura 57-c).
O EDS aponta 1,44% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
8,54% em peso de oxigênio no grão de nióbio, confirmando a presença de
óxido de nióbio.
113
(a) (b)
(c)
Figura 58 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 10% em peso de nióbio, sinterizado à 620 °C, por 30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 58, observamos a matriz de magnésio, de coloração
mais escura, e percebe-se a presença de nióbio (grãos mais claros), nos mais
variados formatos, em concentração de 10% em peso, muito bem distribuídos
na matriz. Com presença de quase nenhuma porosidade.
O EDS aponta 3,21% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
6,13% em peso de oxigênio no grão de nióbio, confirmando a presença de
óxido de nióbio.
114
(a) (b)
(c)
Figura 59 - Microscopia eletrônica de varredura, de magnésio com 15% em peso de nióbio, sinterizado à 620 °C, por 30 minutos. Ampliações de 40x, 500x e 3000x respectivamente.
Analisando a figura 59, observamos a matriz de magnésio, de coloração
mais escura, e percebe-se a presença de nióbio (grãos mais claros) em
concentração de 15% em peso. Com presença de pouca porosidade nas
interfaces do grão de nióbio (figura 59-c).
O EDS aponta 3,35% em peso de oxigênio na matriz de magnésio, e
4,78% em peso de oxigênio no grão de nióbio, confirmando a presença de
óxido de nióbio.
115
7. CONCLUSÕES
O presente estudo revelou informações e detalhes sobre o material
compósito de magnésio com adições de nióbio, fabricados pelo processo de
metalurgia do pó. E também, as influências dos tratamentos experimentais
(temperatura de sinterização, concentração do nióbio e tempos de
sinterização).
Analisando as interfaces de nióbio com a matriz de magnésio, nas
imagens de microscopia eletrônica de varredura, item 6.4 deste texto, percebe-
se uma boa aderência entre os grãos e a matriz, evidenciando um correto
processo de sinterização.
A presença de nióbio favorece a elevação de microdureza Vickers da
matriz de magnésio. De maneira não tão eficaz quanto em outros processos de
fabricação, devido a presença de porosidades, que por sua vez, fragiliza a
matriz de magnésio.
Para temperatura de sinterização de 520 °C, o maior valor de
microdureza Vickers encontrado foi de 44,8 HV, para corpos de prova com 15%
em peso de nióbio, sinterizado por 90 minutos. Conclui-se que, nestas
condições experimentais testadas, quanto maior o tempo de sinterização, e
quanto maior a quantidade de nióbio na matriz de magnésio, maior será o valor
de microdureza Vickers da matriz de magnésio.
Para temperatura de sinterização de 620 °C, o maior valor de
microdureza Vickers encontrado foi de 42,1 HV, para corpos de prova com 10%
em peso de nióbio, sinterizado por 90 minutos. Conclui-se que, nestas
116
condições experimentais testadas, quanto maior o tempo de sinterização, e
quanto maior a concentração de nióbio na matriz de magnésio, até 10% em
peso de nióbio, maior será o valor de microdureza Vickers matriz de magnésio.
A temperatura de sinterização de 620 °C influenciou negativamente nos
valores de microdurezas, quando comparados aos valores obtidos com 520 °C.
Este fato fica evidenciado, onde para cada par de concentração de nióbio e
tempo de sinterização, todos os valores de microdureza Vickers de corpos de
prova sinterizados em 520 °C são mais elevados que os sinterizados em 620
°C.
Pelas figuras 45 e 46, não foi possível evidenciar a presença de nióbio
na matriz de magnésio, nas condições experimentais de 5% em peso de nióbio,
sinterizados à 520 °C por 30 minutos. Porém, a presença de nióbio se mantem
confirmada ao se analisar as densidades dos corpos de prova.
117
8. PROPOSTAS PARA ESTUDOS FUTUROS
Com base nos resultados obtidos no presente estudo e por observações
ao longo dos experimentos, podem ser anunciadas as seguintes oportunidades
para estudos futuros:
• Averiguação de tempos de sinterização mais espaçados;
• Variar as proporções em peso de nióbio, para avaliar uma gama
mais ampla de materiais;
• Fabricar corpos de prova maiores para avaliar a usinabilidade e
comformabilidade dos materiais estudados;
• Estudar outras propriedades dos materiais, como resistência à
tração, fluência, tenacidade à fratura, entre outros;
• Avaliar a influência dos materiais estudados em associação com
outros reforços;
• Utilizar de um porosímetro, para medir com exatidão a porosidade
dos corpos de prova.
• Realizar um processo e peneiramento nos pós metálicos a serem
utilizados, garantindo uma maior homogeneidade dos grãos a
serem utilizados nos experimentos.
Uma observação interessante a se fazer é sobre o forno de resistência
elétrica utilizado. Como seu isolamento térmico é muito eficiente, percebe-se
que, durante os procedimentos de sinterização, a elevação da temperatura
dentro do forno e o seu posterior resfriamento, acontecem em taxas muito
brandas. Para se ter uma ideia, como exemplo, ao estudar a sinterização à 520
118
°C, o forno levava aproximadamente 4 minutos para elevar a temperatura de
519 °C até os 520 °C, e só então foi marcado o tempo de sinterização a ser
estudado. Talvez reduzir a eficiência refratária do forno seja interessante para
garantir taxas de aquecimento e resfriamento mais rápidas, aumentando a
precisão do tempo de sinterização a ser estudado.
119
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123
ANEXO I
Figura 85 – Desenho técnico do molde metálico para a compactação dos pós.