avaliaÇÃo da contaminaÇÃo por metais pesados na...

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AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS NA ÁREA DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ. ELIAS LIRA DOS SANTOS JUNIOR UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE - UENF Campos dos Goytacazes/RJ Dezembro -2002.

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AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS

NA ÁREA DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA

CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ.

ELIAS LIRA DOS SANTOS JUNIOR

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE - UENF

Campos dos Goytacazes/RJ

Dezembro -2002.

SANTOS JR (2002)

I

PENSAMENTO“Aquele que for nervoso,

empinado e bem teimoso,insensível ao amor

fique agora informadomesmo que seja letradonunca será professor.

Quem se sente ser o talsempre no seu pedestalexigindo o seu “doutor”pode ter até doutoradoque seja logo avisadonunca será professor!Nunca será professor,

quem se impõe pelo temornão conquistando o respeito;quem é capaz de vingançacontra uma pobre criança,ao ter feito o seu mal feito!

Nunca será professor quem,com mágoa e rancor,entra na sala de aula,

só vendo em cada carinhauma ferinha colocada em sua jaula.

Nunca será professorquem se julga um domadore não um pastor de alma;quem só vive reclamando

que o mundo está piorandoe que sempre perde a calma!quem só pensa em puniçãopara toda e qualquer ação.

Que não jogue às regras normais,nunca será professor!

talvez fosse um bom feitornos tempos coloniais!

Aquele que aqui se encaixa,por favor, não pegue a faixa do bom mestre!

Por favor! siga a vida na outra reta,deixe a vaga sempre aberta

para quem seja PROFESSOR.”

Edson ClavesBom Jesus do Norte – ES

SANTOS JR (2002)

II

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Elias Santos e Maria José Santos que não deixaram de

acreditar e dar forças nos momentos difíceis, com serenidade e acima de tudo com

muito amor e carinho, à minha avó Helena Lira que sempre mostrou-me o caminho

dos dignos e dos justos que passa pela fé em Deus, ao meu irmão Emerson Souza

que nunca deixou de confiar em nossos sonhos e, principalmente, em mim, a minha

irmã Elise Souza que patrocinou parte dessa pesquisa, além de incentivar

incessantemente e estressantemente todo esse processo doloroso e sofrido, ao

meu primo-irmão Elison Sousa que sempre valorizou-me pelo caráter e

personalidade e, ainda, mostrou-me quão importante sou para muitos.

SANTOS JR (2002)

III

AGRADECIMENTOS

• A DEUS pela concessão divina da vida;

• Aos meus orientadores Prof. Sérgio Tibana e Profª. Cristal pela orientação

prestada e pela valorização da minha pessoa;

• Aos Professores Fernando Saboya e Carlos Eduardo Veiga de Carvalho pela

oportunidade de acesso a um novo programa de mestrado;

• Aos amigos do LECIV/UENF, LCA/CBB/UENF, PMEA/UFES e LABSAN/UFES,

por toda colaboração;

• A minha ex-companheira Fernanda Cardoso Brunow, a qual devo parte desta

conquista, fundamentalmente, pela sua coragem;

• Ao amigo-irmão e contemporâneo Cláudio Gomes do Nascimento, que nunca

deixou de acreditar nesta conquista;

• Aos amigos profissionais: Ary Junior, Fábio Anhert, Sandro Melo Luppi, Janete

Teixeira Brandão, Marcellus Claudius, Antônio Carlos Rodrigues dos Reis e

Renato Nascimento pelo apoio e companheirismo;

• Aos amigos do DEST/UFES em especial a Profª. Maria Angélica pela confiança e

companheirismo durante nossa convivência naquela instituição;

• A PUC/RJ e ao CEFET/CAMPOS pelo empréstimo de equipamentos para a

realização deste trabalho;

• Aos professores e técnicos do LCA/CBB/UENF, pelos momentos concedidos a

esta pesquisa;

• Ao secretário do PMCE/LECIV/UENF, Sr. Adail Junior;

• Aos técnicos do LECIV/GEOTECNIA/UENF:. Antônio, Milton e André, pelo apoio

logístico nas análises físicas;

• Ao Sr. Valdir Anicio de Araújo e família pelo carinho, confiança, abrigo e

fraternidade;

• Aos meus amigos particulares que sempre deram forças para o prosseguimento

deste estudo;

• Aos meus adversários e inimigos pelo incentivo indireto.

• A FAPERJ pela concessão de bolsa de estudos.

SANTOS JR (2002)

IV

SUMÁRIORESUMO

ABSTRACT

LISTA DE FIGURASLISTA DE GRÁFICOSLISTA DE TABELAS

PÁGCAPÍTULO I: INTRODUÇÃO1.1- Conceitos..................................................................................................1.2- Aspectos Gerais........................................................................................1.3- Agenda 21 Brasileira.................................................................................1.4- Situação Atual dos Recursos Naturais......................................................1.5- Uso do Solo..............................................................................................

0203040506

CAPÍTULO II : HIPÓTESE DO TRABALHO........................................................ 13

CAPÍTULO III: OBJETIVOS3.1- Geral.............................................................................................................3.2- Específicos...................................................................................................

1616

CAPÍTULO IV: JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA............................................... 17

CAPÍTULO V: ÁREA DE ESTUDO5.1- Localização e Acesso...................................................................................5.2- Geologia e Geomorfologia............................................................................5.3- Solos.............................................................................................................5.4- Aspectos Fisiográficos..................................................................................

20222425

CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA6.1- Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)6.1.1- Introdução..................................................................................................6.1.2- Definições dos Resíduos Sólidos Urbanos................................................6.1.3- Classificação dos Resíduos Sólidos Urbanos...........................................6.1.4- Aspectos: Econômicos, de Biodegradabilidades e Riscos Potenciais.....6.1.5- Caracterização dos RSU...........................................................................6.1.5.1- Metodologia de Caracterização..............................................................6.1.6- Tratamento e Disposição Final dos RSU...................................................6.1.6.1- Coleta Seletiva.......................................................................................6.1.6.2- Reciclagem.............................................................................................6.1.6.3- Compostagem........................................................................................6.1.6.4- Aterro......................................................................................................

2828293030323334343535

SANTOS JR (2002)

V

6.2- Situação Atual dos RSU...............................................................................6.2.1- Lixo Coletado.............................................................................................6.2.2- Composição do Lixo..................................................................................6.2.3- Destino Final..............................................................................................6.3- Solos6.3.1- Introdução..................................................................................................6.3.2- Qualidade do Solo.....................................................................................6.3.2.1- Substâncias Naturalmente Ausentes no Solo........................................6.3.2.2- Substâncias Naturalmente Presentes no Solo.......................................6.4 – Legislação Brasileira...................................................................................6.4.1- Legislação Federal....................................................................................

36373940

414246475151

CAPÍTULO VII: METODOLOGIA......................................................................... 537.1- Levantamento de Campo7.1.1- Levantamento Topográfico........................................................................7.1.2-Coleta de Amostras....................................................................................7.1.2.1- Sondagem a Percussão (SPT)...............................................................7.1.2.2- Sondagem a Trado (ST).........................................................................7.1.3- Critérios de Execução................................................................................7.2- Análises Laboratoriais7.2.1- Determinação de Metais Pesados.............................................................7.2.2- Análise Granulométrica.............................................................................7.3- Tratamento dos dados..................................................................................

5556565861

626365

CAPÍTULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS8.1- Sondagens a Percussão..............................................................................8.2- Sondagens a Trado......................................................................................

6781

CAPÍTULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS9.1- Distribuição Espacial dos Contaminantes....................................................9.2- Diferença entre Metodologias de Coleta de Amostras (SPT versus Trado).9.3- Estudo de Correlação...................................................................................9.4- Avaliação Comparativa com outros Lixões...................................................

115125125127

CAPÍTULO X: CONCLUSÕES............................................................................ 129

CAPÍTULO XI: CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................ 131

CAPÍTULO XII: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................... 133

SANTOS JR (2002)

VI

RESUMO

O gerenciamento dos resíduos sólidos passa por uma significativa

problemática, uma vez que as soluções para as diversas áreas do ramo crescem

diferentemente do crescimento populacional, de grande parte das cidades mundiais.

Diante disso encontra-se a Cidade de Campos dos Goytacazes, no norte do Estado

do Rio de Janeiro. Com uma população de aproximadamente 400.000 habitantes,

Campos dos Goytacazes vivência, hoje, a dificuldade de alternativas locacionais

para a destinação final dos resíduos sólidos gerados em seu município. Um outro

tema de igual complexidade é a degradação de áreas pelos despejos de lixo. Desta

forma faz-se necessário estudos que identifiquem o nível de contaminação existente

neste tipo de local para a preposição de medidas mitigadoras. Baseado neste

enrêdo surgiu este trabalho, propondo a investigação da área de disposição final de

resíduos sólidos urbanos da cidade de Campos dos Goytacazes. É sabido que em

muito se correlaciona metais pesados ao percolado pelo lixo, todavia, o

conhecimento do subsolo tem sido ignorado sob o ponto de vista químico, sendo

associado somente com a contaminação das águas subterrâneas. Uma outra

preocupação deste estudo foi a verificação de diferentes métodos de coletas de

amostras e suas possíveis interferências nos resultados. Sendo assim,

confeccionou-se 16 furos, dos quais 11 foram feitos por sondagens a trado e 5 a

percussão. As amostras foram coletadas de acordo com o perfil geotécnico e

levadas para realização de ensaios físicos (granulometria) e químicos (determinação

de metais pesados). Os metais quantificados foram: alumínio, cadmio, cromo, cobre,

ferro, zinco, chumbo, manganês e níquel, em esctrofotômetro de emissão atômica

acoplado (ICP-AES). As concentrações destes metais apresentaram-se abaixo dos

sugeridos pela literatura, todavia, ressalta-se um comportamento crescente de

cromo em áreas à montante da área de estudo. Comenta-se, também, sobre a baixa

interferência dos métodos de coleta nas análises de resultados, uma vez que só

interferiu significativamente (α=5%), nos contaminantes alumínio e manganês.

SANTOS JR (2002)

VII

ABSTRACT

The management of solid waste is significantly complex because solutions for

problems associated with the several related areas do not follow the same pace of

the expansion of population for the majority of cities in the world. Among them is

“Campos dos Goytacazes” city, on the north region of Rio de Janeiro. With a

population of approximately 400.000 in habitants, “Campos dos Goytacazes” faces a

lack of alternatives concerning the places where the solid waste produced in the city

can be disposed. Another topic that is equally complex is the degradation of areas by

the disposal of solid waste. Therefore, studies to identify the level of contamination in

these areas become necessary so that solutions that can minimize the

environmental impacts can be proposed. This work is based in this argument. It

proposes the investigation of areas for the disposal of solid waste in “Campos dos

Goytacazes” city. However, soil investigation have only been associated with

contamination of the ground water, with its chemical composition been neglected.

Another concern of this study is the assessment of different sampling methods and

its implications on the results. So, a large geotechnical investigation were done

concerning of 16 boreholes, 11 with a manual augers and 5 with a Standard

Penetration Testing apparatus. The samples were collected according to the

geotechnical profile of the soil and taken to the laboratory where characterization and

chemical analysis were carried out. The metals analyzed were: aluminum, cadmium,

chrome, copper, iron, zinc, lead manganese and nickel ICP-AES. The concentrations

of these metals were below the concentrations suggested in the literature. However,

an increasing level of chrome was observed in areas. It was also observed that the

interference of the sampling method on the analysis of the results was low, showing

a significant interference (α=5%) only for the contaminants aluminum and

manganese.

SANTOS JR (2002)

VIII

LISTA DE FIGURAS

PÁG

Figura 5.1: Localização do Município de Campos dos Goytacazes..................... 21

Figura 5.2: Vista Aérea da Área de Estudo - CODIN........................................... 22

Figura 5.3: Vista Aérea da ADRSU da Cidade de Campos dos Goytacazes....... 22

Figura 5.4: Mapa Geomorfológico da Área de Estudo (ESC: 1/1.000.000)......... 22

Figura 5.5: Mapa Geológico da Área de Estudo (ESC: 1/1.000.000).................. 23

Figura 5.6: Mapa Pedológico da Área de Estudo (ESC: 1/1.000.000)................. 24

Figura 5.7: Carta Topográfica do Município de Campos dos Goytacazes/RJ

(Sub-Bacia da Área de Estudo)........................................................................... 25

Figura 6.1: Posto de Entrega Voluntária (PEV).................................................... 34

Figura 7.1: Levantamento Topográfico – Foto Ilustrativa..................................... 55

Figura 7.2.: Sondagem a Percussão - Foto Ilustrativa......................................... 56

Figura 7.3- Mapa de Localização dos Furos à Percussão................................... 57

Figura 7.4: Sondagem a Trado – Foto Ilustrativa................................................. 59

Figura 7.5: Mapa de Localização dos Furos a Trado........................................... 60

Figura 7.6: Mapa de Locação dos Pontos de Monitoramento.............................. 60

Figura 7.7: Perfil Esquemático – Poço Padrão.................................................... 61

Figura 8.1: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP02.............................. 68

Figura 8.2: Análise Granulométrica – Sondagem a Percussão – SP02............... 69

Figura 8.3: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP04.............................. 71

Figura 8.4: Análise Granulométrica – Sondagem a Percussão – SP04............... 72

Figura 8.5: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP06.............................. 74

Figura 8.6: Análise Granulométrica – Sondagem a Percussão – SP06............... 75

Figura 8.7: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP10.............................. 77

SANTOS JR (2002)

IX

Figura 8.8: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP12.............................. 79

Figura 8.9: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST01.............................. 81

Figura 8.10: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST01.................... 82

Figura 8.11: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST02............................ 84

Figura 8.12: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST02.................... 85

Figura 8.13: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST03............................ 87

Figura 8.14: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST03.................... 87

Figura 8.15: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST04............................ 89

Figura 8.16: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST04.................... 89

Figura 8.17: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST05............................ 90

Figura 8.18: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST05.................... 91

Figura 8.19: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST06............................ 93

Figura 8.20: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST06.................... 94

Figura 8.21: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST07............................ 96

Figura 8.22: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST07.................... 97

Figura 8.23: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST10............................ 99

Figura 8.24: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST10.................... 100

Figura 8.25: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST12............................ 102

Figura 8.26: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST12.................... 103

Figura 8.27: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST14............................ 105

Figura 8.28: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST14.................... 106

Figura 8.29: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST16............................ 108

Figura 8.30: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST16.................... 109

Figura 8.31: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST22............................ 111

Figura 8.32: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST22.................... 112

SANTOS JR (2002)

X

Figura 9.1: Planta Topográfica: Plani-Altimétrica................................................. 115

Figura 9.2: Curvas de Isoteores de Al.................................................................. 116

Figura 9.3: Curvas de Isoteores de Cd................................................................ 117

Figura 9.4: Curvas de Isoteores de Cr................................................................. 118

Figura 9.5: Curvas de Isoteores de Cu................................................................ 119

Figura 9.6: Curvas de Isoteores de Fe................................................................. 120

Figura 9.7: Curvas de Isoteores de Ni.................................................................. 121

Figura 9.8: Curvas de Isoteores de Pb................................................................. 122

Figura 9.9: Curvas de Isoteores de Mn................................................................ 123

Figura 9.10: Curvas de Isoteores de Zn............................................................... 124

SANTOS JR (2002)

XI

LISTA DE GRÁFICOS

PÁG.

Gráfico 8.1: Concentração de metais pesados em solos – SP-02..................... 70

Gráfico 8.2: Concentração de metais pesados em solos – SP-04..................... 73

Gráfico 8.3: Concentração de metais pesados em solos – SP-06..................... 76

Gráfico 8.4: Concentração de metais pesados em solos – SP-10..................... 78

Gráfico 8.5: Concentração de metais pesados em solos – SP-12..................... 80

Gráfico 8.6: Concentração de metais pesados em solos – ST-01..................... 83

Gráfico 8.7: Concentração de metais pesados em solos – ST-02..................... 86

Gráfico 8.8: Concentração de metais pesados em solos – ST-03..................... 88

Gráfico 8.9: Concentração de metais pesados em solos – ST-05..................... 92

Gráfico 8.10: Concentração de metais pesados em solos – ST-06................... 95

Gráfico 8.11: Concentração de metais pesados em solos – ST-07................... 98

Gráfico 8.12: Concentração de metais pesados em solos – ST-10................... 101

Gráfico 8.13: Concentração de metais pesados em solos – ST-12................... 104

Gráfico 8.14: Concentração de metais pesados em solos – ST-14................... 107

Gráfico 8.15: Concentração de metais pesados em solos – ST-16................... 110

Gráfico 8.16: Concentração de metais pesados em solos – ST-22................... 113

SANTOS JR (2002)

XII

LISTA DE TABELAS

PÁG.

Tabela 1.1: Percentual de Áreas em Processo de Desertificação..................... 11

Tabela 6.1: Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos Urbanos............. 31

Tabela 6.2: Produção de Resíduos Sólidos Per Capita em Alguns Países e

Cidades..............................................................................................................

37

Tabela 6.3: Brasil - Lixo coletado por região nos domicílios urbanos – 1991.... 37

Tabela 6.4: Brasil - Percentual do lixo coletado nas Regiões Metropolitanas –

1991................................................................................................................... 38

Tabela 6.5: Brasil – População urbana, por nível de renda, com acesso à

coleta de lixo - 1990 (Em %).............................................................................. 38

Tabela 6.6: Brasil – Composição Média do Lixo................................................ 39

Tabela 6.7: Composição dos resíduos domésticos em diversos países - % do

peso total...........................................................................................................

39

Tabela 6.8: Brasil - Destino Final do Lixo (Em %)............................................. 40

Tabela 6.9:Tratamento e Disposição Final do Lixo Coletado em outros países

– 1990 (Em %)................................................................................................... 41

Tabela 6.10: Concentração máxima permitida de metais em solos agrícolas,

tratados com lodo de esgoto, em diversos países............................................. 47

Tabela 7.1: Valores de referência de Metais pesados segundo diversos

autores............................................................................................................... 66

Tabela 9.1: Coeficiente de Correlação de Pearson – Pontos de Amostragem.. 125

Tabela 9.2: Coeficiente de Correlação de Pearson – Elementos Químicos

Quantificados..................................................................................................... 126

Tabela 9.3: Concentração de elementos em Aterros no Brasil.......................... 127

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS

NA ÁREA DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA

CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ.

ELIAS LIRA DOS SANTOS JUNIOR

“Dissertação submetida ao Programa de Mestrado em Engenharia Civil da

Universidade Estadual do Norte Fluminense como requisito parcial para a obtenção

do grau de: Mestre em Ciências de Engenharia.”

Orientador: Prof. Sérgio Tibana.

Co – Orientador(a): Profª. Cristina Maria Magalhães de Souza.

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ.DEZEMBRO – 2002.

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS

NA ÁREA DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA

CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ.

ELIAS LIRA DOS SANTOS JUNIOR

Dissertação submetida ao Programa de Mestrado em Engenharia Civil da

Universidade Estadual do Norte Fluminense como requisito parcial para a obtenção

do grau de: Mestre em Ciências de Engenharia.

Aprovada em 11 de dezembro de 2002.

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________________

Prof. PhD. Tacio Mauro Pereira Campos. PUC/RJ

_____________________________________________________________Prof. D.Sc. Frederico Terra de Almeida; LECIV/CCT/UENF.

_____________________________________________________________Prof. D.Sc. Cristina Maria Magalhães de Souza;LCA/CBB/UENF (Co-Orientadora).

_____________________________________________________________Prof. D.Sc. Sérgio Tibana; LECIV/CCT/UENF (Orientador).

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 1

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 2

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1- CONCEITOS

i) Desenvolvimento sustentável

Em 1987, a Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento das

Nações Unidas publicou o Relatório Brundtland, que apresentou um conceito de

desenvolvimento sustentável – “...aquele desenvolvimento que atende às

necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações

futuras atenderem às suas próprias” – que, mais que um conceito, transmitia o

desejo de mudança de paradigma para um estilo de desenvolvimento, que não se

mostrasse excludente socialmente e danoso ao meio ambiente.

Desenvolvimento sustentável deve, portanto, significar desenvolvimento

social e econômico estável, equilibrado, com mecanismos de distribuição das

riquezas geradas e com capacidade de considerar a fragilidade, a interdependência

e as escalas de tempo próprias e específicas dos recursos naturais.

Viabilizar esse conceito na prática implica mudança de comportamento

pessoal e social, além de transformações nos processos de produção e de

consumo. Para tanto, faz-se necessário o desencadeamento de um processo de

discussão e comprometimento de toda a sociedade. Essas características tornam,

ainda hoje, o desenvolvimento sustentável um processo a ser ainda implementado.

ii) Sustentabilidade

Sustentabilidade ecológica – refere-se à base física do processo de

crescimento e tem como objetivo a manutenção de estoques de capital natural,

incorporados às atividades produtivas.

Sustentabilidade ambiental – refere-se à manutenção da capacidade de

sustentação dos ecossistemas, o que implica a capacidade de absorção e

recomposição dos ecossistemas em face das agressões antrópicas.

Sustentabilidade social – refere-se ao desenvolvimento e tem por objetivo a

melhoria da qualidade de vida da população. Para o caso de países com problemas

de desigualdade e de exclusão social, implica a adoção de políticas distributivas e a

universalização de atendimento a questões como saúde, educação, habitação e

seguridade social.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 3

Sustentabilidade política – refere-se ao processo de construção da cidadania

para garantir a incorporação plena dos indivíduos ao processo de desenvolvimento.

Sustentabilidade econômica – refere-se a uma gestão eficiente dos recursos

em geral e caracteriza-se pela regularidade de fluxos do investimento público e

privado. Implica a avaliação da eficiência por processos macrossociais.

1.2- ASPECTOS GERAIS

O convívio do homem e o meio ambiente torna-se cada vez mais

problemático a medida que o ser humano tem dificuldades em preservar as

condições naturais do meio no qual vive, tornando-o, assim, um meio inadequado

para a sua própria saúde.

As viabilidades ambiental, social e política surgiram no inicio da década de 80

como marcos regulamentadores das ações antrópicas, sobremaneira, as obras de

engenharia. (e.g: estradas, túneis, barragens, etc.).

Entre as medidas que minimizam os impactos ambientais, oriundos das

atividades antrópicas, o saneamento básico tem como meta a higiene do meio físico

(ar, água, solo e rochas), constituindo-se, desta forma, em uma ferramenta de suma

importância para a identificação e caracterização de alterações neste meio, sejam

estas diretas ou indiretas.

A falta de prioridade no setor indica números alarmantes, haja vista que 77%

dos resíduos urbanos são lançados em lixões, 23% em aterros (dos quais 11% em

aterros sanitários), além do fato de existirem aproximadamente 50.000 crianças

dispostas nestas áreas por todo país (IPT/CEMPRE, 2000).

Construído com a participação qualificada de atores relevantes do governo e

da sociedade, por meio de diferentes formas de consulta e debate, o documento

Cidades sustentáveis, elaborado pelo Consórcio Parceria 21, tem por objetivo geral

subsidiar a formulação da Agenda 21 brasileira com propostas que introduzam a

dimensão ambiental nas políticas urbanas vigentes ou que venham a ser adotadas,

respeitando-se as competências constitucionais em todas as esferas de governo.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 4

1.3- A AGENDA 21 BRASILEIRA

A Agenda 21, proposta pelos países participantes da Conferência das Nações

Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), representou um avanço

no sentido de reforçar a idéia segundo a qual desenvolvimento e meio ambiente

constituem um binômio central e indissolúvel e, como tal, deve ser incorporado às

políticas públicas e às práticas sociais de todos os países do planeta.

A base dessa construção – o conceito de desenvolvimento sustentável –

surge como contraponto aos tradicionais modelos de desenvolvimento econômico,

caracterizados pelos fortes impactos negativos na sociedade e no meio ambiente.

As sociedades modernas vêm gradualmente reconhecendo, em todas as suas

dimensões, os problemas inerentes à contínua busca de crescimento econômico.

Esse crescimento, por sua vez, passa a considerar, cada vez mais, suas

repercussões e seus impactos negativos nos grupos sociais e no meio ambiente,

identificando custos econômicos expressivos, anteriormente desprezados. A tarefa

de reconhecer e minimizar esses custos representa uma excelente oportunidade de

transformar as práticas de desenvolvimento econômico em todo o mundo, criando

as condições para a implementação do desenvolvimento sustentável.

A estrutura da Agenda 21 Brasileira contemplará três partes principais: uma

parte introdutória delineando o perfil do país no limiar do século XXI, uma parte

dedicada aos temas prioritários e uma seção sobre medidas propostas. O trabalho

deverá privilegiar uma abordagem multissetorial da realidade brasileira, procurando

enfatizar a interdependência entre as dimensões ambiental, econômica, social e

institucional.

Os temas considerados prioritários para detalhamento, segundo a Comissão

de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional – CPDS –

são: Cidades Sustentáveis, Agricultura Sustentável, Infra-estrutura e Integração

Regional, Gestão dos Recursos Naturais, Redução das Desigualdades Sociais e

Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 5

1.4- SITUAÇÃO ATUAL DOS RECURSOS NATURAIS

A experiência tem evidenciado que o uso intensivo e irracional do solo pode

resultar na degradação desse recurso, com dramáticas conseqüências para a

sociedade. Torna-se vital, portanto, concentrar esforços na gestão do recurso solo

para seu uso racional, eficiente e produtivo, de modo a satisfazer as necessidades

das atuais e futuras gerações.

É evidente a ocorrência de processos de uso inadequado (agrícola e não-

agrícola) do recurso solo, resultando em degradação, em vários níveis e graus.

Nesses processos, incluem-se, principalmente: acidificação, salinização, erosão e

desertificação. A extensão dessas áreas degradadas é de difícil dimensionamento,

mas é reconhecidamente expressiva.

Os impactos negativos, na economia e no ambiente, decorrentes das formas

inadequadas de uso do solo são preocupantes, exigindo reversão da situação.

Esses impactos afetam a capacidade produtiva dos solos e os demais recursos

naturais, principalmente os recursos hídricos. Além disso, suas conseqüências têm,

muitas vezes, repercussões que extrapolam as áreas onde ocorrem. Assim, por

exemplo, a erosão hídrica acelerada resulta no assoreamento e na poluição de

cursos e reservatórios de água, causando enchentes, destruição e pobreza em

amplas áreas geográficas.

O recurso solo tem sido afetado, também, por atividades não-agrícolas,

incluindo-se a mineração, as obras de infra-estrutura, os assentamentos urbanos e

industriais, as áreas de recreação, entre outras.

Extensas áreas de terra têm sido utilizadas para mineração organizada

(minérios de ferro, alumínio, fosfatos etc.) e não-organizada (garimpos, extração de

areia, cascalheiras etc.), resultando, freqüentemente, em sítios de degradação.

As obras de infra-estrutura, especialmente as rodovias, têm sido

consideradas como grandes causadoras de desequilíbrios do sistema

solo/água/planta. É notória a ocorrência freqüente de sulcos e voçorocas ao longo

das estradas, resultantes de seu planejamento inadequado ou de sua precária

manutenção.

De modo geral, o uso não-agrícola do solo carece de um tratamento

sistematizado de informações sobre a fragilidade desse recurso e sobre as

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 6

potenciais repercussões no meio ambiente. O mesmo ocorre com o uso agrícola,

incluindo-se lavouras, pecuária e florestas.

O contexto institucional ligado, direta ou indiretamente, à gestão do recurso

solo é complexo, inconsistente e de insuficiente operacionalidade. Não existe

definição clara de responsabilidades dos órgãos públicos, considerando as esferas

federal, estadual e municipal. Não é dada a devida prioridade à sua gestão, pelos

governos, desde as fases de planejamento até as de controle da qualidade desse

recurso.

Inúmeros fatores interagem no processo de gestão dos recursos naturais. O

processo de gestão, portanto, necessita considerar, além das relações intrínsecas

entre os recursos naturais, as relações de interdependência existentes com as

dinâmicas econômica, social e política.

Em geral, pode-se afirmar que a ação antrópica é o primeiro passo na

geração de efeitos em cascata sobre os recursos naturais. A forma como a ação de

desmatamento influencia na regulamentação hídrica provoca degradação das

bacias hidrográficas, erosão, perda de fertilidade dos solos; contribui para a

desertificação e interfere no processo de mudanças climáticas.

Os fatores naturais – água, solo, ar, vegetação, fauna – interagem entre si de

modo sistêmico, fazendo com que uma alteração sobre qualquer um desses fatores

tenha repercussão imediata sobre todos. Portanto, ao se tratar da gestão dos

recursos naturais em um determinado espaço físico – uma bacia hidrográfica, uma

região, uma localidade –, é indispensável considerar a sinergia que existe entre eles

e buscar orientar seus respectivos usos, de modo a respeitar essa interação.

1.5- USO DO SOLO

Para suprir suas necessidades, o ser humano usa a terra – entendida como

fase terrestre, onde se situam os recursos naturais – de diversas maneiras: para

produzir alimentos, fibras e madeiras para finalidades urbanas e industriais, para

transportes rodoviários, ferroviários e aéreos, para a extração de minérios e de

materiais de construção, para distribuição de energia e para a disposição dos

resíduos. Adicionalmente, precisa da terra para fins considerados não-produtivos,

tais como recreação e, em seu estado natural, como habitat da imensa variedade de

plantas e animais.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 7

O solo, como um dos recursos da terra, vem, portanto, sofrendo uma

crescente pressão decorrente dos diferentes tipos de uso. Tal situação é

preocupante, na medida em que o solo é um recurso natural finito e não-renovável,

se considerado em uma escala temporal compatível com a intervenção humana.

A experiência tem evidenciado que o uso intensivo e irracional do solo pode

resultar na degradação desse recurso, com dramáticas conseqüências para a

sociedade. Torna-se vital, portanto, concentrar esforços na gestão do recurso solo

para seu uso racional, eficiente e produtivo, de modo a satisfazer as necessidades

das atuais e das futuras gerações.

Combinado com a água, o solo constitui o sustentáculo da agricultura. É o

solo que fornece os nutrientes essenciais ao crescimento das plantas, armazenando

a água ou a umidade essencial, vital a esse crescimento e à absorção mineral. O

solo, no entanto, não é apenas um complexo inorgânico de areia, silte e argila, mas

um conjunto de organismos vivos, dotado de componentes biológicos de natureza

dinâmica. Nesse contexto, suas características apresentam limitações potenciais,

sensíveis a suas potenciais utilizações.

O estudo da gênese e da morfologia do solo tem como objetivo, também, a

sua classificação em termos de maior ou menor permeabilidade, característica que

intervém de modo fundamental na rapidez das enchentes e na parcela levada às

vazões de estiagens pelas águas subterrâneas.

A cobertura vegetal, em particular as florestas, filia-se às questões

geológicas, influenciando enormemente as condições de intercepção de

precipitações, retenções e infiltração, escoamento superficial e subsuperficial,

evaporação e transpiração. Os graus de perturbação dessa cobertura vegetal

natural e o manejo de cultivos – anuais, perenes, pastagens e forrageiras –

introduzem características que levam a que meios técnico-científicos se preocupem

com três grandes problemas, a saber: i) poluição das águas continentais (água

doce); ii) erosão dos solos, perda de fertilidade, salinização e desertificação; e iii)

perdas irreversíveis da diversidade biológica.

Os causadores desses problemas são os dejetos urbanos, humanos,

industriais e agrícolas; os desmatamentos indiscriminados; o manejo inadequado do

solo e da água; deficiências de sistemas de drenagem; queimadas; extrativismo

desmesurado (caça, pesca, madeiras e outras plantas), entre outros.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 8

As soluções normalmente apontadas, que são recentes, referem-se a: i)

recuperação e conservação dos mananciais de água; ii) recuperação e conservação

dos solos; e iii) conservação da biodiversidade (unidades de conservação) e

conservação de recursos genéticos (in situ e ex situ).

O solo, quando em seu estado natural, tem um equilíbrio dinâmico, com

interações contínuas entre seus componentes físicos, químicos e biológicos. O uso

do solo, para qualquer finalidade, resulta, em geral, na quebra desse equilíbrio. No

entanto, quando usado racionalmente, de acordo com sua aptidão e com técnicas

apropriadas, o solo atinge um novo estado de equilíbrio que pode ser estável e

produtivo. Seu uso inadequado, por outro lado, resultará em instabilidade e

degradação, com perda parcial ou total de sua capacidade produtiva. A recuperação

dessa capacidade é por vezes possível, mas implica custos elevados para a

sociedade.

A não-observância de princípios ecológicos na formulação de sistemas de

uso do solo, com respeito às suas diferentes categorias, tem sido responsável pela

contínua degradação dos solos. Derrubar a vegetação natural, praticar cultivos,

queimadas e introduzir novas espécies de plantas e animais são mudanças

significativas que se podem igualar, em seus efeitos, às mudanças catastróficas

que, durante períodos geológicos, estabelecem seqüências de erosão e

transformam a topografia.

A degradação dos solos nem sempre decorre das mudanças ocasionadas

pela agricultura. Um desenvolvimento urbano mal localizado, sistemas rodoviários

mal planejados e assentados, má conservação florestal e muitos outros aspectos da

extensa atividade humana podem causar a instabilidade e a degradação (Downes,

1983).

No que se refere ao Brasil, freqüentemente são feitas afirmativas sobre sua

vocação agrícola, classificando o país como celeiro do mundo. Essas afirmações,

baseadas quase exclusivamente no fator solo, referem-se à enorme extensão

territorial brasileira. Esse potencial do solo, efetivamente grande, precisa ser

referenciado a algumas condicionantes, das quais se destacam duas. A primeira

refere-se à natureza do solo, como oferta. Nesse particular, deve-se ter presente

que: i) mais de um terço (35,3%) do território nacional é totalmente desaconselhável

para qualquer tipo de atividade agrícola; ii) adicionando-se as áreas que sofrem

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 9

algum tipo de restrição mais séria, mais da metade do território do país não serve ou

não pode ser utilizado em agricultura, salvo mediante elevadíssimos investimentos;

e iii) apenas 4,2% são solos de boas características, ou seja, “solos profundos, bem

drenados, predominantemente de textura média ou argilosa, com fertilidade natural

variando de alta a média”. Esse percentual representa cerca de 35 milhões de

hectares. A segunda condicionante refere-se ao modo irregular como se distribuem

esses 35 milhões de hectares em todo o território nacional.

Além disso, a maior parte do país é de clima tropical, em que os fenômenos

naturais - radiação, temperatura, luminosidade, ventos e chuvas se manifestam de

modo muito intenso, provocando e produzindo reações não desejáveis, tais como

erosões, ervas daninhas, pragas e doenças de plantas e de animais.

É forçoso, portanto, reconhecer que o manejo dos solos deve ter alicerce em

três condições básicas para a superação das suas condicionantes e restrições. Em

primeiro lugar, é preciso desenvolver e adotar tecnologias adequadas; em segundo

lugar, é necessária a inversão de expressivo volume de capital para a construção da

fertilidade e para o manejo desses solos e, em terceiro, é fundamental, para aqueles

que detêm/usam terras agricultáveis, ter disponível grande habilidade de gestão

empresarial.

No Brasil, o uso predominante do recurso solo destina-se à agricultura, seja

para produção de alimentos, fibras ou madeiras. As principais funções do solo,

nesse processo, são o provimento de suporte mecânico para as plantas, por meio

de seu sistema radicular, e o fornecimento de água e de elementos nutritivos

(nutrientes) para o desenvolvimento dos vegetais, desde a germinação até a

colheita.

O modelo agrícola ainda predominante no país tem fortes conexões com o

modelo conhecido como Revolução Verde, fortemente embasado no uso de energia

fóssil e de agroquímicos e na mecanização intensiva. A principal preocupação é a

produtividade, em sua dimensão econômica. Uma das premissas desse modelo tem

sido o trabalho intensivo da camada superficial do solo, envolvendo o uso de

implementos (principalmente de arados e grades) para revolver o solo, incorporar

insumos (calcário e fertilizantes) e nivelar a superfície do terreno.

O uso contínuo e repetitivo dessas práticas tem-se mostrado ineficiente,

resultando, entre outras situações, na destruição dos agregados do solo, na

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 10

formação de camadas compactadas, no decréscimo da permeabilidade e, por

conseqüência, no aumento do escorrimento da água pela superfície da terra.

A combinação da ação desagregadora das gotas da chuva (de natureza

intensa em regiões tropicais) sobre um solo descoberto após a aração/gradagem e a

energia da enxurrada têm sido a principal fonte de erosão e degradação do solo no

Brasil. Segundo dados do IPEA (1997), as perdas ambientais associadas ao recurso

solo para uso agrícola e florestal, causadas por processos de erosão, são estimadas

em 5,9 bilhões de dólares ou 1,4% do PIB brasileiro.

Os efeitos imediatos dessa situação são observados nas propriedades

agrícolas, com o declínio da produtividade física e da competitividade do

empreendimento. No Estado do Paraná, por exemplo, a produtividade da cultura da

soja caiu de 60 sacas por hectare para 35, representando uma perda anual de 55

milhões de sacas, segundo a EMATER/PR.

A manutenção desses desequilíbrios facilita os processos de desertificação,

mesmo em áreas com climas úmidos. É bastante conhecido o caso da região da

Campanha rio-grandense, onde os desmatamentos indiscriminados e a pressão de

pastoreio redundaram em extensas áreas pré-desertificadas ou mesmo

desertificadas. Na região do semi-árido do Nordeste, de um modo geral, observa-se

avançado processo de desertificação. A Tabela 1.1, a seguir, ilustra esse fato.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 11

Tabela 1.1 – Percentual de áreas em processo de desertificação

ESTADO %

Alagoas 3

Piauí 5

Bahia 5

Sergipe 12

Pernambuco 25

Rio Grande do Norte 36

Ceará 52

Paraíba 63

Fonte: EMBRAPA, 1994.

Outro processo altamente degradante é a salinização do solo em regiões

onde a evapotranspiração potencial supera a pluviosidade. Relatos dessa situação

são freqüentes na região Nordeste em face do mau manejo da irrigação,

provocando a deposição de sais na superfície do solo.

Embora os prejuízos imediatos da degradação do solo se situem no âmbito

das propriedades agrícolas, as conseqüências a longo prazo têm resultantes fora

da propriedade agrícola e até mesmo da área rural. Essas conseqüências referem-

se ao assoreamento de cursos de água e de reservatórios, causando prejuízos aos

investimentos hidráulicos, além de enchentes e inundações. Em 1982, aportaram a

Itaipu 12,5 milhões de toneladas de terra, segundo cálculos da Secretaria de

Agricultura do Paraná. No Rio Grande do Sul, a maior barragem do estado, Passo

Real, poderá estar totalmente assoreada em um prazo de trinta a quarenta anos,

por causa da quantidade de terra em suspensão carreada pelos rios que ali

desembocam. No vale do Itajaí, em Santa Catarina, o assoreamento nas barragens

de controle de enchentes exige constantes dragagens, com altíssimos custos.

O recurso solo tem sido também intensamente usado, no Brasil, para fins

não-agrícolas, incluindo-se a mineração, as obras de infra-estrutura, os

assentamentos urbanos e industriais, as áreas de recreação e de manutenção da

biodiversidade.

Os impactos ambientais gerados pelas formas inadequadas de uso do solo

afetam, além de sua capacidade produtiva, os demais recursos naturais,

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 12

principalmente os recursos hídricos, tendo suas conseqüências, muitas vezes,

repercussões que extrapolam as áreas onde ocorrem. Assim, por exemplo, a erosão

hídrica acelerada resulta no assoreamento e na poluição de cursos e reservatórios

de água, causando enchentes, destruição e pobreza em amplas áreas geográficas.

É necessário, contudo, registrar uma evolução positiva desse cenário nos

últimos anos, como resultado da maior conscientização e da melhoria da legislação

e do controle ambiental. A exigência legal de previsão e prevenção de impactos

ambientais, em processos de ocupação do solo, têm tido resultados positivos.

Assim posto e esperando-se uma mudança radical no que se refere a essas

práticas equivocadas, espera-se resgatar um grande passivo na área de disposição

final de lixo, que é um problema que desafiará as gerações futuras de engenheiros

ambientais. Nesse particular é ainda em todo o mundo a prática de se dispor o lixo

em aterros sanitários a tecnologia mais empregada. Isso explica-se pelo fato de que

o aterro sanitário é, dos métodos usuais de tratamento/disposição de lixo, aquele

que tem o mérito de ser auto-suficiente não necessitando de práticas auxiliares para

dispor o lixo de modo adequado no meio ambiente, pelo menos se considerarmos o

denominado lixo comum.

Diversos autores consideram o lixo como um dos determinantes da estrutura

epidemiológica da comunidade, exercendo sua ação sobre a incidência das doenças

ao lado de outros fatores.

Embora exista, no meio técnico, uma percepção sobre os efeitos dos

resíduos sólidos domésticos sobre a saúde humana, não há uma demonstração

definitiva sobre a natureza desta relação. Sabe-se que, quando não é propiciado um

manejo adequado aos resíduos sólidos, estes podem abrigar agentes portadores de

doenças, oferecendo riscos à saúde pública e aos profissionais encarregados da

coleta de lixo.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO II: HIPÓTESE DO TRABALHO 13

CAPÍTULO II: HIPÓTESE DO TRABALHO

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO II: HIPÓTESE DO TRABALHO 14

CAPÍTULO II: HIPÓTESE DO TRABALHO

Neste trabalho parte-se da premissa que a “área de disposição final dos

resíduos sólidos urbanos da cidade de Campos dos Goytacazes” (ADRSU)

apresenta um grau de contaminação por metais pesados pelo lançamento

indiscriminado deste tipo de material e que esta contaminação migra no sentido

sudeste de acordo com o regime de fluxo sub-superficial. Dentro desta premissa

acusa-se que o fluxo, nas camadas do subsolo, é predominantemente horizontal, o

que inibi o transporte de poluentes verticalmente. Outra hipótese considerada neste

estudo é a de que existe diferença entre os métodos de coleta de amostras, ou seja,

existe diferença nos resultados analíticos em função da sondagem, seja ela a trado

ou à percussão.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO III: OBJETIVOS 15

CAPÍTULO III: OBJETIVOS

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO III: OBJETIVOS 16

CAPÍTULO III: OBJETIVOS

3.1- OBJETIVO GERAL

O objetivo principal desta pesquisa foi a identificação do grau de

contaminação do solo por metais pesados na “ Área de Disposição Final de

Resíduos Sólidos Urbanos da Cidade de Campos dos Goytacazes”, no Estado do

Rio de Janeiro. Desta forma obter-se-á a contaminação da área, por ocorrência, ou

não, de metais nos diversos níveis de solo.

3.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS

! Identificação do sentido de fluxo sub-superficial e, possivelmente, a

migração dos poluentes;

! Caracterização dos níveis de metais pesados nas diferentes camadas

de solo;

! Classificação da ADRSU quanto ao nível de contaminação.

! Identificação da interferência dos resultados pelos diferentes métodos

de coleta.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO IV: JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA 17

CAPÍTULO IV: JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO IV: JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA 18

CAPÍTULO IV: JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

No lixo são vários os produtos contendo substâncias que conferem

características de inflamabilidade, corrosividade, oxirredução ou toxicidade. As

pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e alguns tipos de frascos de aerossóis

estão presentes no lixo urbano em quantidades significativamente maiores em

relação a outros resíduos potencialmente perigosos (IPT/CEMPRE, 2000).

Rousseaux et al (1989), fizeram uma estimativa das quantidades de metais

pesados dispersos no lixo brasileiro, assim como a contribuição de cada

componente do lixo para o teor final de metais no composto. Os plásticos aparecem

como principal fonte de Cd (67 a 77% do total). O chumbo e o cobre fazem parte em

quantidades importantes, nos metais ferrosos (29 a 50% de Pb e 14 a 50% de Cu).

O couro contribui com 35% do Cr e a borracha com 32 a 37% do Zn. O papel

aparece como notável fonte de Pb (10 a 14%).

Os metais pesados (MP), definidos como elementos com massa específica

maior que 5g/cm3, estão presentes em rochas e em concentrações elevadas, em

áreas com adição de rejeitos industriais, biosólidos e alguns agroquímicos. Alguns

desses elementos são essenciais para várias funções fisiológicas nos seres vivos,

como Fe, Cu, Zn e Mn, enquanto outros, como Cd, Pb e Hg, não têm funções

biológicas conhecidas. Quando em excesso no solo, esses elementos podem inibir o

crescimento das plantas e causar alterações nas comunidades vegetais (Baker et

al., 1994), como também exercer efeitos adversos sobre os microrganismos do solo

(Valsecchi et al,1995), interferindo nas funções do ecossistema, com conseqüências

ao meio ambiente e à saúde pública.

Grandes esforços têm sido feitos para integrar conhecimentos que facilitem a

reabilitação de solos contaminados por metais pesados, e assim, possibilitar o

retorno da funcionabilidade e estabilidade do ecossistema formado (Vangronsveld &

Cunningham, 1998). Para isto, procura-se amenizar o efeito da fitotoxicidade dos

metais no solo, visando ao estabelecimento da vegetação.

O diagnóstico da ADRSU é de suma importância para a prevenção de

possíveis danos à saúde ocasionados por metais pesados. Tais elementos podem

entrar na cadeia alimentar via hídrica, o que ocasionaria prejuízos significativos a

comunidade local, ou ainda, circunvizinhas.

SANTOS JR (2002) CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO19

CAPÍTULO V: ÁREA DE ESTUDO

SANTOS JR (2002) CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO20

CAPÍTULO V: ÁREA DE ESTUDO

5.1- LOCALIZAÇÃO E ACESSO

A área sob estudo está localizada a 11 Km do centro da cidade. A cidade de

Campos dos Goytacazes está localizada na Região Norte do Estado do Rio de

Janeiro, aproximadamente a 279 km da capital estadual, Rio de Janeiro, com uma

área de 4.037 km2, sendo o maior município do Estado e possuindo uma população

de 406.989 (quatrocentos e seis mil novecentos e oitenta e nove) habitantes (IBGE;

2000).

Sua economia baseia-se no extrativismo mineral e na indústria agrícola,

sobremaneira, na indústria sulcro-alcoleira, em franca decadência.

A localização do município é apresentada na figura5.1

Figura 5.1: Localização do Município de Campos dos Goytacazes.

A ADRSU está inscrita ao Distrito Industrial do município, tendo como

acessos a rodovia BR-101 Norte e o bairro Parque Garus, via ponte da Lapa. Na

figura 5.2 apresenta-se o Distrito Industrial da cidade de Campos dos Goytacazes, e

seus respectivos acessos.

N

SANTOS JR (2002) CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO21

FIGURA 5.2: Vista Aérea da Área de Estudo - CODIN.

A área do vazadouro situa-se junto a estrada de acesso a localidade de Brejo

Grande, distando 3,1 km em relação a BR-101. Mal operada possivelmente desde o

início de sua instalação, a área utilizada para a destinação final dos resíduos sólidos

é inadequada, técnica e ambientalmente, para o recebimento de resíduos. Como

não há cobertura das células, proliferam vetores e urubus que disputam restos de

alimentos com animais e famílias de catadores (carapiras). A figura 5.3 indica a área

de deposição de resíduos sólidos da Cidade e respectiva área de estudo.

Área de

Disposição

FIGURA 5.3: Vista Aérea da ADRSU da Cidade de Campos dos Goytacazes

A área vem sendo utilizada como depósito desde meados da década de 80,

sendo instalados um CIEP (Centro de Integração de Estudos), e alguma pequena

infra-estrutura para a comunidade local (energia elétrica; água).

Acesso via Br-101

Acesso via Pq. Garus

Lixão

SANTOS JR (2002) CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO22

No inicio o lixo era depositado em células, que após sua utilização eram

cobertas com material argiloso de áreas circunvizinhas do local em questão.

5.2- GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA

A área situa-se nos denominados tabuleiros terciários, os quais estendem-se

por quase, toda margem esquerda do Rio Paraíba do Sul. Os tabuleiros possuem

uma uniformidade quanto a sua conformação edáfica (MIC, 1984). O relevo é

suavemente ondulado onde as cotas variam de 12m a 42 m.

A área é dita como plana resultante da acumulação fluvial, sujeita a

inundações periódicas, correspondentes as várzeas atuais, depósitos sedimentares

das planícies litorâneas (RADAMBRASIL; 1983). Na figura 5.4 é mostrada a

configuração geomorfológica da área estudada.

LEGENDA

FIGURA 5.4: Mapa Geomorfológico da Área de Estudo (ESC:1/1.000.000)

Os limites geológicos da área são determinados por uma Unidade Pré-

Cambriana denominada Bela Joana, constituída geralmente por gnaisses de

granulação grosseira a média com coloração cinza-esverdeada, apresentando

textura gnáissica porfiroblástica e subordinadamente cataclástica; estruturas

LIXÃO

SANTOS JR (2002) CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO23

magmáticas do tipos “Schlicren” e nebulítica; presença de neossomas lepticúticos.

Esta formação encontra-se no Morro Alto ao norte do objeto de estudo.

Na área de estudo encontram-se argilas orgânicas de coloração cinza-negra

e depósitos de turfa, em lagos, pântanos e brejos, do período quaternário, próximo a

lagoa Bom Jesus. Os sedimentos do grupo Barreiras estão representados a oeste

por níveis descontínuos alternados de material friável e mal selecionado, desde

arenoso, areno-argiloso a argiloso, constituído principalmente por grãos de quartzo

sub-angulosos abundantes e grãos de feldspatos caulinizados; níveis

conglomeráticos com seixos arredondados, de canal fluvial, e horizonte de

concentrações lateríticas; bolsões de argila caulínica e características cores

variegadas (roxa, amarela, branca e vermelha) nos níveis argilosos espessos.

(DRM;1983).

Na Figura 5.5 apresenta-se o mapa geológico da região em escala

1/1.000.000 (RADAMBRASIL; 1983), considerando a diversidade geológica do

objeto da pesquisa

FIGURA 5.5: Mapa Geológico da Área de Estudo (ESC:1/1.000.000)

LIXÃO

SANTOS JR (2002) CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO24

5.3- SOLOS

O local de estudo é constituído basicamente de solos aluviais eutróficos não

solódicos e solódicos, com horizonte A moderado de textura média e argilosa mais

glei; pouco húmico álico de texturas argilosa e muito argilosa, de baixa e alta

atividade, respectivamente, e relevo plano (RADAMBRASIL, 1983). Na Figura 5.6

ilustra-se, o trabalho, com o mapa pedológico da área de estudo.

FIGURA 5.6: Mapa Pedológico da Área de Estudo (ESC:1/1.000.000)

Existe a predominância de solos profundos com avançado estado de

intemperização, com argilas de baixa atividade e ausência de materiais primários,

correspondentes às classes dos Latossolos e Podzólicos. Estes solos apresentam-

se na forma de Podzólicos amarelo álico argiloso de baixa atividade, não abrúptico;

textura arenosa/argilosa e média/argilosa; relevo suavemente ondulado mais

Latossolo Amarelo Podzólicos, ambos álicos. Horizonte A moderado de textura

argilosa relevo ondulado e suavemente ondulado (RADAMBRASIL, 1983).

Considerando os perfis estratigráficos verifica-se que na parte superior da

formação existe ocorrência de canga laterítica a profundidade de 2 a 3 m, chegando

a aflorar nos terrenos de encosta (MIC, 1984).

A espessura da camada do sedimento terciário da formação barreiras é

indicada na bibliografia como sendo superior a 70 m, face ao levantamento de

poços na localidade de Travessão. Os mesmos citam que este material foi objeto de

LIXÃO

SANTOS JR (2002) CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO25

transporte curto e rápido, por correntes que não conseguiram selecionar os

elementos petrográficos, não formando estruturas sedimentares. Desta forma,

atribui-se a origem destes sedimentos a uma decomposição das rochas gnáissicas

do Cristalino, localizadas a oeste (MIC, 1984).

5.4- ASPECTOS FISIOGRÁFICOS

Na figura 5.7 mostra-se a bacia hidrográfica referente à área de estudo em

carta de 1:25.000 (MIC, 1984)..

Bacia de drenagem

Área de estudo

FIGURA 5.7:Carta Topográfica do Município de Campos dos Goytacazes/RJ (Sub-Bacia da Área

de Estudo).

A região possui, em média, 600 mm de precipitações anuais.

Desenvolvimento de formações superficiais arenosas, areno-argilosas e siltosas

com sedimentação fluvial orgânica e ocorrência de cascalheiras recobertas por

formações pioneiras herbáceas e vegetação secundária, predominando culturas

cíclicas e permanentes, e pastagens naturais. Abrangem planícies e terraços fluviais

SANTOS JR (2002) CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO26

e fluviolacustres, com meandros e paleocanais em estágio de colmatagem, leques

de esparamentos coluviais periodicamente inundáveis, em áreas de declives

inferiores a 2%.

A ação do relevo se reflete principalmente sobre a dinâmica da água, quer no

sentido vertical (infiltração), quer no lateral (“run off”), assim como indiretamente

sobre a temperatura e radiações.

A área de drenagem da bacia é de aproximadamente 350 hectares, sendo a

área de estudo de aproximadamente 35 hectares correspondendo a

aproximadamente, 10% da área da bacia de drenagem.

O local possuía uma grande quantidade de lagoas e regiões alagadiças, que

serviam como barreiras geoquímicas. Com o passar dos anos, parte deste acervo

foi suprimido por ações antrópicas. Dentre as ações antrópicas existentes no local

pode-se citar: o desmatamento, o lançamento descontrolado de resíduos sólidos, o

assoreamento, etc.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 27

CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 28

CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

6.1- RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

6.1.1- INTRODUÇÃO

Um dos maiores desafios com que se defronta a sociedade moderna é o

equacionamento da questão do lixo urbano. Além do expressivo crescimento da

geração de resíduos sólidos, sobretudo nos países em desenvolvimento, observam-

se, ainda, ao longo dos últimos anos, mudanças significativas em suas

características. Essas mudanças são decorrentes principalmente dos modelos de

desenvolvimento adotados e da mudança nos padrões de consumo.

O crescimento populacional aliado à intensa urbanização, acarreta a

concentração da produção de imensas quantidades de resíduos e a existência cada

vez menor de áreas disponíveis para a disposição desses materiais. Juntam-se a

esses fatos, as questões institucionais, que tornam cada vez mais difícil para os

municípios darem, um destino adequado ao lixo produzido.

6.1.2- DEFINIÇÕES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS – RSU

São diversas as definições dadas aos resíduos sólidos urbanos conforme os

interesses, sejam eles normativos, administrativos, de pesquisa, entre outros.

Segundo a NBR 10004/1987 da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS

TÉCNICAS (ABNT), os resíduos sólidos são definidos como

...resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da

comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de

serviços e varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de

sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações

de controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades

tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou

exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor

tecnologia disponível.

A Fundação Prefeito Faria Lima/Centro de Estudos e Pesquisas de

Administração Municipal (CEPAM) (citada por Compromisso Empresarial para

Reciclagem (CEMPRE, 1995), define os resíduos sólidos como sendo restos das

atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 29

descartáveis. Apresentam-se sob estado sólido, semi-sólido ou semilíquido (com

conteúdo líquido insuficiente para que este possa fluir livremente).

A Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP; 1981, citada por Nóbrega

et al. (1994), define o lixo como um conjunto de resíduos sólidos resultantes da

atividade humana.

De acordo com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre (PMPA), citada por

Rocha. (1993), o lixo é um subproduto do conjunto de atividades desenvolvidas pela

sociedade, com o objetivo de atender as suas necessidades de consumo.

Embora existam definições sobre RSU mais abrangentes, resumidas e

detalhadas, há de se ressaltar que, na elaboração de projetos sobre lixo, deve-se

utilizar as definições normativas, como as da ABNT, no caso do Brasil.

6.1.3- CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS – RSU

Os Resíduos Sólidos Urbanos são constituídos de uma massa bastante

heterogênea. Além de variarem em função de diversos parâmetros, são formados

por variados componentes físicos.

Segundo Barros et al. (1995), os resíduos, quanto à fonte geradora,

classificam-se usualmente em: domiciliar, comercial, institucional, público, especial,

de unidade de saúde, industrial e urbano. De acordo com o autor supracitado, as

definições utilizadas para os resíduos de interesse deste estudo são:

• Lixo comercial: procedente dos estabelecimentos comerciais, tais

como, escritórios, bancos, lojas, hotéis, restaurantes, supermercados, quitandas,

empresas e outros. Suas características dependem das atividades ali

desenvolvidas. Constituem-se de papéis, papelão, plásticos, caixas, embalagens de

madeira, sobras de alimentos, resíduos de lavagens, etc.

• Lixo institucional: produzido em instituições públicas e privadas, como

teatros, escolas, cinemas, igrejas e outros. Suas características permitem classificá-

lo como do tipo comercial.

• Lixo industrial: originário das diferentes atividades industriais e,

portanto, com uma composição muito variada. Os resíduos de alguns tipos de

indústrias, como padarias, confecções, as chamadas indústrias caseiras, podem ser

classificados como comerciais.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 30

6.1.4- ASPECTOS: ECONÔMICOS, DE BIODEGRADABILIDADE E RISCOS

POTENCIAIS

Conforme Lima (1986), os resíduos sólidos, quanto ao grau de

biodegradabilidade (susceptibilidade à decomposição por microorganismos)

classificam-se em:

• facilmente degradáveis: matéria orgânica putrescível;

• moderadamente degradáveis: papel, papelão e outros materiais

celulósicos;

• dificilmente degradáveis: trapo, couro, borracha e madeira;

• não degradáveis: vidro, metal, plástico, pedras e terra.

Oliveira (1974, citado por Nóbrega et al, 1994), ainda descreve que os

resíduos sólidos, quanto ao aspecto econômico, classificam-se em:

• resíduos aproveitáveis;

• resíduos para a produção de compostos (orgânicos em geral);

• resíduos recuperáveis;

• resíduos inaproveitáveis (inorgânicos em geral).

Segundo a ABNT – NBR 10004/1987, os resíduos sólidos urbanos, quanto

aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, em função de suas

propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas, classificam-se como Classe II

– não inertes: combustíveis, biodegradáveis ou solúveis em água (Ítem 4.1.5.2 NBR

10004/1987).

6.1.5- CARACTERIZAÇÃO DOS RSU

Devido a sua diversidade, os resíduos sólidos são variáveis no espaço e no

tempo, influenciados por condições econômicas, sociais, geográficas e climáticas do

lugar em estudo. A análise dos seus componentes permite ao pesquisador

determinar as características da população que o gerou.

De acordo com Orth et al (1998), o conhecimento da composição gravimétrica

ou física (percentual em peso) dos resíduos sólidos é um importante elemento de

auxílio ao planejamento da limpeza urbana.

Segundo Cintra (1995),

... é preciso estudar, e muito bem o relacionamento entre o produtor e o lixo

que ele mesmo produz, para se obter uma interferência nesta composição, o que

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 31

contribuirá para uma melhoria na qualidade ambiental, degradada pela má

disposição da grande quantidade e variedade dos componentes do lixo.

Lima (1995) diz que a composição gravimétrica serve para mostrar as

potencialidades econômicas do lixo, subsidiando informações para a escolha do

melhor e mais adequado sistema de tratamento e disposição final. Silva (1991)

reforça que a composição dos resíduos sólidos de uma cidade varia em função de

vários parâmetros ligados à população e ao aspecto físico da cidade. As

características qualitativas e quantitativas dos resíduos sólidos urbanos variam com

aspectos sócio-econômicos e culturais, em condições que se modificam com o

decorrer do tempo. A tendência da evolução das características qualitativas e

quantitativas é dada pela composição gravimétrica dos resíduos, que expressa a

variação percentual de cada elemento constituinte na massa do lixo. O

conhecimento da composição gravimétrica, fornece subsídios para o

dimensionamento de sistemas de coleta e transporte, como também estudos de

viabilidade técnica sobre a forma mais adequada de tratamento e destino final.

Dados de caracterização de várias localidades nacionais apresentam

diferenças significativas na composição dos resíduos sólidos, comprovando que os

resultados não devem ser generalizados. A Tabela 6.1 apresenta os resultados

médios da caracterização de RSU de quatro cidades brasileiras.

TABELA 6.1: Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos Urbanos

Vale ressaltar que, nos estudos sobre RSU apresentados na Tabela 6.1,

foram incluídos bairros com características predominantemente domésticas (São

Carlos – SP e São Paulo – SP), bairros com características domésticas e

Cidade/ Estado

Componentes São Carlos/SP 1 Aracaju/SE 2 Feira de Santana/BA 3 São Paulo/SP 4

(%)

Matéria Orgânica 56,70 55,37 81,78 49,50

Papel/ Papelão 21,30 25,28 8,40 18,80

Vidro 1,40 1,23 0,26 1,50

Metal 5,40 2,03 0,16 2,80

Plástico 8,50 10,83 5,80 22,90

Trapo 3,40 3,73 0,00 2,40

Madeira, Couro e Borracha 2,30 1,03 0,10 1,90

Outros 1,00 0,50 3,50 0,20

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

Fontes : 1 Gomes (1989). 2 Nóbrega et al(1994). 3 Nunesmaia (1997). 4 Orth e Motta(1998).

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 32

comerciais (Aracaju – SE) e características de Centro de Abastecimento (CEASA –

Feira de Santana – BA).

Segundo Lima (1986), cada caso exige uma solução particular,

principalmente quando da aplicação de um sistema de tratamento e destino final.

Por sua vez Cintra (1995), declara que

Outros fatores influentes para esta diversidade quali-quantitativa

do lixo são características da população que o produziu (origem,

número, nível educacional e atitudes, poder aquisitivo) das

características do local de produção (tipologia urbana, variações

climáticas e sazonais), dos serviços de coleta (freqüência e eficiência),

das mudanças na política econômica, das leis e regulamentações

específicas e dos tratamentos domiciliares, eventualmente, existentes

(trituração e pré-seleção).

6.1.5.1- METODOLOGIAS DE CARACTERIZAÇÃO

De acordo com Cintra (1995), "para realização de estudos de caracterização

do lixo, várias metodologias são empregadas e apresentam como principais

dificuldades a escolha de amostras representativas e ausência de critério de

padronização para os componentes na fase de segregação".

Essa mesma autora explica: "Geralmente, o procedimento de pesquisa se dá

através de levantamentos ou da amostragem do lixo proveniente da fonte geradora

ou do destino final".

Vários autores (Kiehl e Porta, 1981; Lima, 1986; Gomes, 1989; Schneider,

1994) recomendam utilizar a metodologia em função do itinerário de coleta do

caminhão, da divisão em bairros, das diferentes classes sociais de uma localidade.

Assim, encontram-se áreas (ou setores) diferenciadas das quais se devem retirar

amostras de lixo. De cada uma dessas áreas, e durante uma ou mais estações do

ano, escolhe-se aleatoriamente ou através de estudos estatísticos, um ou mais

caminhões no destino final e pelo quarteamento, obtêm-se amostras

representativas.

Podem-se também caracterizar os resíduos sólidos através do interior ou

exterior dos domicílios (prédeterminados estatisticamente ou não) de cada uma das

áreas (ou setores) estabelecidas anteriormente, denominadas unidades – base das

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 33

amostras. Desse modo, obtêm-se as amostras consideradas representativas para

este caso (Berrios, 1986; SLU, 1991; Schneider, 1994 ).

Após a segregação e pesagem dos componentes das amostras obtidas de

ambas as metodologias, acima descritas, tem-se a composição física do lixo de uma

localidade.

Schalch (1991), Gomes (1989) e Jardim et al. (1995) reforçam que,

inicialmente, escolhem-se os bairros de acordo com a classe social (alta, média e

baixa) e o centro comercial. Em seguida, coleta-se a amostra do bairro escolhido e

faz-se o quarteamento, que, de acordo com a NBR10007/1987, consiste no

processo de mistura pelo qual uma amostra bruta é dividida em quatro partes iguais,

sendo tomadas duas partes opostas entre si para constituir uma nova amostra e

descartadas as partes restantes. As partes não descartadas são misturadas

totalmente e o processo de quarteamento é repetido até que se obtenha o volume

desejado. No experimento em questão, o volume foi representado por uma amostra

de 100,0 Kg (quilogramas).

Segundo Klee e Carruth (1970) e Gomes (1989), essa quantidade de amostra

é suficiente para as determinações, pois resulta em valores com precisão

equivalente a de amostras maiores.

6.1.6- TRATAMENTOS E DISPOSIÇÃO FINAL DOS RSU

De acordo com dados levantados em 1992, pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil, com uma população em torno de 150

milhões de habitantes, produz, aproximadamente, 100.000 ton/dia de resíduos

sólidos urbanos de origem domiciliar e comercial, e apenas cerca de 28% desse lixo

urbano coletado recebem algum tipo de tratamento (23% depositados em aterros

sanitários, 3% compostados e 2% reciclados). O restante (72%) é destinado a

aterros controlados ou é lançado indiscriminadamente em "lixões" a céu aberto ou

em cursos d'água. Dos 4425 municípios brasileiros, 88% lançam os resíduos a céu

aberto e 12% os depositam em aterros. Com relação aos aterros, 86% são aterros

controlados, 10% são sanitários e 4% são especiais. Os municípios que possuem

usinas de compostagem, reciclagem ou incineração correspondem a

aproximadamente 1% do total.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 34

6.1.6.1- COLETA SELETIVA

Entende-se por coleta seletiva a separação na fonte geradora dos materiais

que possam ser recuperados, mediante um acondicionamento para cada

componente ou grupo de componentes, para fins de reciclagem (Wells et al.1996,

citado por Costa, 1998).

Quando se fala em valorização dos recicláveis, deve-se dar importância à

coleta seletiva, pois, se o lixo for segregado na origem, a qualidade da matéria-

prima secundária será mais alta.

Segundo a publicação da empresa de Limpeza Urbana da Cidade de São

Paulo (LIMPURB, 1990) e Costa (1998), a coleta seletiva pode ser classificada em

duas modalidades:

1. modalidade porta a porta: um caminhão recolhe no domicílio os

materiais separados;

2. modalidade Posto de Entrega Voluntária (Figura 6.1) na qual a

comunidade participa mais ativamente da coleta seletiva, pois, além de separar

os materiais, transporta-os até um local e os deposita em caçamba ou containers

de cores diferentes, convencionais, conforme o tipo de material. As cores

utilizadas são:

Azul ⇔ Papel

Amarela ⇔ Metal

Verde ⇔ Vidro

Vermelha ⇔ Plástico

FIGURA 6.1: Posto de Entrega Voluntária (PEV)

Fonte : Aguiar (1998).

6.1.6.2- RECICLAGEM

Segundo Ruiz (1993, citado por Costa , 1998), reciclagem é uma estratégia

de gerenciamento dos resíduos sólidos. É definida ainda como o “resultado de uma

série de atividades através das quais os materiais que se tornariam lixo, ou estão no

lixo, são desviados, sendo coletados, separados e processados para serem usados

como matéria-prima na manufatura de bens”.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 35

De acordo com Costa (1998), a reciclagem apresenta aspectos relevantes

sob o ponto de vista ambiental, dentre os quais se encontram a redução do

consumo de energia no processo secundário e a diminuição do lixo a ser disposto

em aterro sanitário.

6.1.6.3-COMPOSTAGEM

Lima (1995, citado por Costa, 1998) define a compostagem como “ato ou

ação de transformar os resíduos orgânicos facilmente biodegradáveis, através de

processos físicos, químicos e biológicos, em uma matéria biogênica mais estável e

resistente à ação das espécies consumidoras”.

Considerando o ponto de vista de Nunesmaia (1997), uma das características

do lixo urbano brasileiro é o seu alto teor de matéria orgânica. O tratamento dessa

fração, em média 50% do total dos RSU produzidos, significa um considerável

aumento na vida útil de aterro sanitário.

Por sua vez, Schalch (1991, citado por Nóbrega et al, 1994), explica que uma

boa localização da usina de compostagem permite reduzir o transporte do lixo, pois

os rejeitos do processo podem ser dispostos, sem problemas, em aterros sanitários;

a instalação e utilização da usina de compostagem não causam problemas de

poluição atmosférica ou hídrica e não necessitam de mão-de-obra especializada.

Já para Barros (1995), a compostagem tem sido experimentada em algumas

usinas que, por problemas de má concepção, má operação e manutenção

deficiente, não tem funcionado corretamente, fazendo com que fique desacreditado

o processo, apesar de seu excelente potencial. A riqueza do lixo, em termos de

matéria orgânica, mais do que sugere, impõe que seja utilizada a compostagem, o

que, além de gerar renda, constitui uma prática louvável de reciclagem.

6.1.6.4- ATERRO

Stech, no manual da Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental

(CETESB, 1990) define aterro sanitário como um processo utilizado para a

disposição de RSU no solo, fundamentado em critérios de engenharia e normas

operacionais específicas. Esse processo se resume em confinar os resíduos com

uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho, seguro,

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 36

portanto, em termos de controle da poluição ambiental e proteção ao meio

ambiente.

Jardim et al (1995) considera que o aterro controlado é uma técnica de

disposição de RSU no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e a sua

segurança, minimizando os impactos ambientais.

6.2- SITUAÇÃO ATUAL

A produção de lixo tem sido diretamente associada ao estágio de

desenvolvimento de uma região; em geral, quanto mais evoluída, maior o volume e

peso de resíduos e dejetos de todo tipo. Todavia há outros fatores que influenciam a

geração de lixo como: variações sazonais e climáticas, hábitos e costumes da

população, densidade demográfica, leis e regulamentações específicas, entre

outros.

No Brasil são produzidas diariamente, segundo o Manual de Gerenciamento

Integrado (Jardim et al, 1995), cerca de 241 mil toneladas de lixo, dos quais 90 mil

são de origem domiciliar. Dessa forma, a média nacional de produção de resíduos

por habitante, estaria em torno de 600g/dia. Uma cidade como São Paulo, no

entanto, produz em média 1 kg/dia de lixo por habitante. A seguir são apresentadas,

na Tabela 6.2, a produção de RSU per capita em algumas cidades do Mundo.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 37

TABELA 6.2: Produção de Resíduos Sólidos Per Capita em Alguns Países eCidades.

PAÍSES G / hab-dia CIDADES g / hab-diaCanadá 1.900 México DF 900

Estados Unidos 1.500 Rio de Janeiro 900Holanda 1.300 Buenos Aires 800

Suíça 1.200 Santiago de Chile 800Japão 1.000 San Salvador 680Europa 900 Tegucigalpa 520Índia 400 Lima 500

Fonte: Oficina Pan-americana de La Salud/OMS, 1997,dados de 1990

6.2.1- LIXO COLETADO

Nas áreas urbanas, o serviço de lixo coletado atingia, em 1991, 80% dos

domicílios. Apesar desta boa cobertura no atendimento, vis à vis outros países em

desenvolvimento, cerca de metade do lixo urbano brasileiro não coletado era

simplesmente jogado (sem ser queimado ou enterrado). Isto significa a existência

de quase 3 milhões de domicílios urbanos nesta condição.

• Por Grandes Regiões

Desses 3 milhões de domicílios, 54% estão localizados na região Nordeste-

NE. As regiões Sul e Sudeste exibem as maiores proporções de domicílios

urbanos com lixo coletado - 87%. Uma ilustração deste comportamento é disposta

na Tabela 6.3.

TABELA 6.3: Brasil - Lixo coletado por região nos domicílios urbanos – 1991.

REGIÕES %BRASIL 80

Norte 55Nordeste 64Sudeste 87

Sul 87Centro - Oeste 76

Fonte: IBGE - Censo Demográfico 1991, in PNSB 1992.

• Por Regiões Metropolitanas (RMs)

A situação da coleta em oito Regiões Metropolitanas evidenciava, em 1991,

um desequilíbrio de atendimento entre núcleo e entorno, na maioria dos casos, com

destaque para as de Fortaleza, Belo Horizonte e Rio de Janeiro (Tabela 6.4). Em

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 38

Recife e Salvador as médias de atendimento são mais baixas mas o desequilíbrio é

um pouco menor. Curitiba apresenta uma situação peculiar, pois embora o

atendimento ao núcleo e entorno não seja equilibrado, a média é das mais altas. Já

nas RMs de São Paulo e Porto Alegre, observa-se um nível de atendimento alto e

equilibrado entre a capital e os municípios periféricos.

TABELA 6.4: Brasil - Percentual do lixo coletado nas Regiões

Metropolitanas - 1991

REGIÕES METROPOLITANAS TOTALCOLETADO

NÚCLEO ENTORNO

RM de Fortaleza 80 85 49RM de Recife 75 83 67RM de Salvador 76 78 60RM de Belo Horizonte 78 87 61RM do Rio de Janeiro 80 96 60RM de São Paulo 97 99 94RM de Curitiba 94 98 83RM de Porto Alegre 95 97 93

Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 1991, in PNSB 1992.

• Por Tamanho de Cidade

Em geral, à medida que aumenta o tamanho das cidades, aumenta também o

atendimento à população com serviços de coleta de lixo.

Nas duas categorias de cidades de menor tamanho: até 20 mil habitantes, e

de 20 mil a 50 mil habitantes, a cobertura desses serviços gira em torno de 60% dos

domicílios urbanos.

• Por Nível de Renda

Quanto maior o nível de renda da população, maior o atendimento em

termos de coleta de lixo (Tabela 6.5)

TABELA 6.5: Brasil - População urbana, por nível de renda, com acesso àcoleta de lixo - 1990 (Em %)NÍVEL DE RENDA Coletado

0 - 1 salário mínimo 51,31 - 2 salários mínimos 56,82 - 5 salários mínimos 69,6mais de 5 salários mínimos 89,0Total 78,4

Fonte: PNAD/90 , in Texto para discussão n.º 403, Seroa da Motta

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 39

6.2.2- COMPOSIÇÃO DO LIXO

O conhecimento da composição do lixo é imprescindível para o planejamento

de investimento em coleta, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos. No

que se refere à composição do lixo brasileiro a Tabela 6.6 mostra.

TABELA 6.6: Brasil - Composição Média do LixoITENS % PESO

Matéria orgânica 52,5Papel e papelão 24,5Plásticos 2,9Vidros 1,6Metais ferrosos e não ferrosos 2,3Outros 16,2Total 100,0

Fonte: Manual de Compostagem, J.T. Pereira Neto, 1992

Os dados do PNAD, onde 78% da população tem acesso à coleta referem-se

a 1990, apresentando ligeira diferença em relação ao censo de 1991 onde este

indicador é de 80%.

Esses dados incluem trapos, borracha, couro, madeira, etc. Verifica-se que os

países de maior renda per capita respondem por alto percentual de resíduos

inorgânicos como vidro, papel, plásticos e metal. Ao contrário, os países de menor

renda apresentam resíduos com alto conteúdo de alimentos (Tabela 6.7).

TABELA 6.7: Composição dos resíduos domésticos em diversos países - % dopeso total

Países Ano Metal Papel Vidro Orgânico Plástico OutrosNigéria 1990 5,0 17,0 2,0 43,0 4,0 29,0Suécia 1987 7,0 50,0 8,0 15,0 8,0 12,0USA 1983 9,2 42,7 10,3 14,6 1,7 21,5Áustria 1992 4,9 40,3 8,1 22,4 9,0 15,3Colômbia 1989 1,0 22,0 2,0 56,0 5,0 14,0Dinamarca 1988 4,1 32,9 6,1 44,0 6,8 6,1França 1992 3,2 49,0 9,4 16,3 8,4 13,7Japão (Capital) 1988 1,2 43,6 1,0 34,0 5,6 14,6Hungria(Capital)

1992 4,4 20,0 6,1 34,7 5,7 29,1

Fonte: OMS/OPAS,1997.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 40

6.2.3. DESTINO FINAL DO LIXO

• No Brasil

Cerca de 49% do lixo coletado é disposto em vazadouros, sem qualquer tipo

de tratamento (Tabela 6.8). Outros 45% destinam-se a aterros controlados ou

sanitários e 5% recebem tratamento em usina. Nas regiões Norte - N e Nordeste -

NE a parcela do lixo recolhido que é jogada em vazadouros é bem maior - em torno

de 90%. Na Região Norte, dentro desses 90%, aproximadamente 23% são jogados

em áreas alagadas. Nas regiões S e SE o quadro é menos dramático,

principalmente para os municípios com mais de 300 mil hab., onde a maior parte do

lixo coletado recebe tratamento adequado.

TABELA 6.8: Brasil - Destino Final do Lixo (Em %)Grandes Vazadouro Aterro UsinaRegiões Controlado Sanitário Total Compos-

tagemReciclagem Total

Norte 89,7 4,0 3,7 7,7 2,6 0,0 2,6Nordeste 90,7 5,4 2,3 7,9 0,7 0,7 1,5C. Oeste 54,0 27,0 13,1 40,1 5,0 0,3 5,9Sudeste 26,6 24,6 40,5 65,2 4,4 3,5 8,2Sul 40,7 52,0 4,9 57,0 1,0 1,2 2,2Brasil 49,3 21,9 23,3 45,3 3,0 2,2 5,4

Fonte: IBGE/DPE/Deiso - Depart.º de Estatística e Indicadores Sociais - PNSB/89.

É importante destacar que nas regiões N e NE, apenas cerca de 10% de todo

o lixo coletado recebia algum tipo de tratamento.

• Em Outros Países

A Tabela 6.9 mostra a situação do tratamento e a disposição final do lixo em

alguns países desenvolvidos e na América Latina, em 1990. Entretanto atualmente,

observa-se na Europa uma tendência à volta da reciclagem da maior parte do lixo

inorgânico que era destinado à incineração. Este fato é conseqüência tanto dos

diversos problemas causados ao meio ambiente pela ineficácia dos equipamentos,

quanto à qualidade dos gases lançados pelas usinas de incineração. Como

exemplo, podemos citar recente lei italiana de fevereiro de 1997, que obriga as

municipalidades a adotarem a coleta seletiva, de forma a aumentar a qualidade dos

materiais recicláveis viabilizando, assim, sua comercialização. O não cumprimento

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 41

da lei acarretará o impedimento à implantação de aterros e/ou usinas de

incineração.

TABELA 6.9:Tratamento e Disposição Final do Lixo Coletado em outros

países – 1990 (Em %)

País ou Região Aterro Sanitário Incineração CompostagemEstados Unidos 80 19 < 1Japão 30 70 2Alemanha 70 30 3França 55 40 9Suíça 20 80 -Suécia 40 55 5Espanha 80 15 5América Latina 98 < 1 < 1

FONTE: OMS/OPAS, 1997.

6.3- SOLOS

6.3.1- INTRODUÇÃO

O solo atua freqüentemente como um “filtro”, tendo a capacidade de

depuração e imobilizando grande parte das impurezas nele depositadas. No

entanto, essa capacidade é limitada, podendo ocorrer alteração da qualidade do

solo, devido ao efeito cumulativo da deposição de poluentes atmosféricos, à

aplicação de defensivos agrícolas e fertilizantes e à disposição de resíduos sólidos

industriais, urbanos, materiais tóxicos e radioativos (Moreira-Nodermann, 1987).

Em função das características do solo, a água se infiltra e atravessa os

diversos substratos horizontais, classificados de acordo com seu nível de saturação

de água (Yoshinag, 1993), em zonas saturadas e zonas não saturadas. A água

subterrânea propriamente dita encontra-se nas zonas saturadas, onde os poros,

fraturas ou espaços vazios da matriz sólida estão completamente preenchidos por

água. Assim, como fazem parte do mesmo contexto, o que ocorrer com o solo

repercutirá nas águas subterrâneas, podendo resultar em alterações de sua

qualidade. Desta forma, a migração dos poluentes através do solo, para as águas

superficiais e subterrâneas, constitui uma ameaça para a qualidade dos recursos

hídricos utilizados em abastecimento público, industrial, agrícola, comercial, lazer e

serviços.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 42

O uso das águas superficiais torna-se cada vez mais problemático, em virtude

da precariedade dos sistemas de saneamento básico, da quantidade insuficiente e

dos elevados custos dos sistemas de tratamento necessários para o atendimento

aos padrões de potabilidade. Assim, os recursos hídricos subterrâneos tornam-se

uma alternativa de abastecimento simples, confiável, eficiente, de baixo custo e com

alta disponibilidade. Segundo diagnóstico efetuado pela CETESB (1997a), o uso

das águas subterrâneas para o abastecimento público no Estado de São Paulo, vem

crescendo gradativamente. Atualmente, 71,6% dos municípios do Estado são total

ou parcialmente abastecidos por águas subterrâneas. Isto mostra a importância

deste recurso para o abastecimento, reforçando a necessidade de proteção da

qualidade destas águas.

6.3.2- QUALIDADE DO SOLO

No gerenciamento da qualidade de solos e das águas subterrâneas, tanto em

caráter preventivo quanto corretivo, as seguintes questões devem ser respondidas:

! O que é solo “limpo”?

! O que é uma área suspeita de contaminação?

! A área está contaminada?

! A área requer uma intervenção?

! A intervenção é urgente?

! Quando deve começar a intervenção?

! Qual o objetivo da intervenção?

Um solo pode ser considerado “limpo” quando a concentração de um

elemento ou substância de interesse ambiental é menor ou igual ao valor de

ocorrência natural. Esta concentração foi denominada como valor de referência de

qualidade e estes números não serão fixados como padrões em legislação.

Segundo o Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas (CETESB,

1999a), que está atualmente em discussão interna na CETESB, uma área suspeita

de contaminação é aquela na qual, após a realização de uma avaliação preliminar,

foram observadas indicações que induzem a suspeitar de contaminação. Esta

avaliação é realizada com base em informações disponíveis, não incluindo

necessariamente amostragem e análise de solos e águas subterrâneas.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 43

A área será considerada contaminada se, entre outras situações, as

concentrações de elementos ou substâncias de interesse ambiental estiverem acima

de um dado limite denominado valor de intervenção, indicando a existência de um

risco potencial de efeito deletério sobre a saúde humana, havendo necessidade de

uma ação imediata na área, a qual inclui uma investigação detalhada e a adoção de

medidas emergenciais, visando a minimização das vias de exposição como a

restrição do acesso de pessoas à área e suspensão do consumo de água

subterrânea.

A urgência da intervenção pode ser baseada em uma avaliação de fluxo e

transporte de massa de poluentes, através de modelagem matemática, assim como

em uma avaliação de risco específica para as condições do local, levando-se em

consideração a exposição humana. O início da intervenção na área e a execução de

todas as etapas posteriores devem ser acordadas entre o responsável pela

remediação e as autoridades competentes, estabelecendo-se um cronograma

executivo que deverá ser subsidiado pelas informações obtidas na avaliação da

área contaminada.

Os objetivos da intervenção são definidos após a investigação detalhada.

Caso a intervenção recomendada seja uma remediação, propõe-se que o alvo a ser

atingido, ou seja, a concentração do contaminante após o término da remediação,

seja determinado pela avaliação de risco específica, tendo como valor orientador, o

valor de alerta.

Portanto, antes de se partir para uma avaliação detalhada, aplicando-se

modelos de avaliação de risco caso a caso, o que envolve altos custos e grande

especialização, uma lista orientadora de valores de referência de qualidade e

valores de intervenção pode ser utilizada, possibilitando ao poluidor, a alternativa de

utilizar os recursos disponíveis diretamente para a remediação. A função destes

valores numéricos é prover uma orientação quantitativa no processo de avaliação de

áreas contaminadas e à tomada de decisão sobre as ações emergenciais, com

vistas à proteção da saúde humana. A maioria das legislações preconiza que essa

remediação deve ser encerrada quando um determinado valor de concentração de

poluente é atingido. Este pode ser igual ou menor ao valor de alerta, dependendo do

cenário em que a área contaminada se insere.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 44

Segundo Visser (1994), as metodologias utilizadas por agências ambientais

de diferentes países, para tomada de decisão sobre áreas suspeitas de

contaminação, podem ser diferenciadas nas que utilizam valores numéricos

orientadores pré-estabelecidos, com ou sem diferenciação do uso do solo e nas que

baseiam-se na avaliação de risco caso a caso.

Uma dificuldade encontrada, quando do uso de valores numéricos

preestabelecidos, é saber como lidar com as condições específicas de cada local,

em relação ao tipo de contaminante, propriedades, uso do solo e situação

hidrogeológica. Consequentemente, contaminações similares não resultam

necessariamente em riscos similares. O risco varia com a exposição, para a qual, a

disponibilidade do poluente é um fator importante. Então, a aplicação de valores

numéricos não deverá ser utilizada para fornecer respostas universais às questões

específicas associadas à poluição de solo e águas subterrâneas.

Mesmo com as limitações acima discutidas, o critério numérico tem

vantagens, como por exemplo, rapidez e facilidade de implantação; indicar o grau de

poluição; ser utilizado como fonte de informação, facilitando e democratizando o

planejamento das ações; ter coerência com a política de controle de poluição,

através de padrões ambientais; reduzir influências políticas locais; uniformizar as

ações de controle e ser utilizado como base comparativa em monitoramento para

avaliar a eficiência da remediação de solos e águas subterrâneas contaminados.

Os valores orientadores obtidos com base no critério de uso do solo, assim

como outros procedimentos de avaliação ambiental, envolvem algumas questões de

ordem prática, como, a definição do cenário, nos casos em que ocorre mais de uma

possibilidade de uso do solo; a quantificação de um grande número de variáveis e a

necessidade de lidar-se com as incertezas em todos os estágios da derivação de

critérios numéricos, o que também é inerente às metodologias de avaliação de risco.

Além disso, uma avaliação da qualidade do solo e das águas subterrâneas

dependente de valores estabelecidos com base somente na questão da saúde

humana, em detrimento de outros importantes aspectos do meio ambiente, pode

desconsiderar efeitos sobre os processos biológicos e outras funções do solo.

A diferenciação de metas de remediação, com base no uso do solo, pode ser

uma alternativa atrativa, dados os altos custos dos processos de remediação. Esta

alternativa permite aceitar concentrações residuais maiores de contaminantes

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 45

quando do uso menos nobre do local, ou quando existe uma menor exposição à

saúde humana. Ainda não é possível avaliar se esta alternativa é economicamente

efetiva a longo prazo, considerando as freqüentes mudanças no uso do solo,

especialmente em países com alta densidade populacional. Mudanças no uso do

solo podem exigir uma segunda remediação. Quando esta alteração no uso é

acompanhada pela mudança do proprietário do local, problemas jurídicos de

responsabilidade ou de ressarcimento de custos podem ocorrer.

Em muitos países, existe a tendência de usar valores numéricos pré

determinados para avaliação preliminar e classificação de áreas contaminadas. Para

estabelecer prioridades de remediação de áreas contaminadas, pode ser utilizado

um sistema de pontuação ou alguma forma de avaliação de risco.

Os valores de intervenção são, em geral, derivados com base, no risco à

saúde humana e no critério de uso e ocupação do solo. Em alguns países como

Canadá, Alemanha, Holanda e Inglaterra, são considerados também os riscos

ecotoxicológicos. No Canadá e Inglaterra, o nível de remediação é definido

diretamente por uma avaliação de risco caso a caso.

As avaliações de risco caso-a-caso, usadas pelos Estados Unidos no

Programa “Superfund”, idealizado para recuperar áreas seriamente contaminadas,

demostraram ter uma relação custo/benefício desfavorável. Neste processo, em

função de sua complexidade, o tempo decorrido entre a identificação da área

contaminada e a tomada de decisão para intervenção é longo, além de que, o

conhecimento em avaliação de risco está concentrado em um pequeno grupo de

técnicos especialistas. Esta metodologia possibilita uma maior influência política

regional. Desta forma, considera-se que avaliações de risco caso-a-caso são

indicadas para áreas contaminadas complexas em relação ao seu tamanho e ao

número de contaminantes presentes, com altos custos de remediação envolvidos.

Segundo Cunha (1997), os seguintes fatores determinam a existência de

incertezas associadas à avaliação de risco:

� ausência de dados toxicológicos para um grande número de substâncias e

para algumas vias de exposição;

� não considerar a dependência de ação entre as substâncias envolvidas

(sinergismo ou antagonismo), que pode resultar na sub ou superestimativa do risco

decorrente da exposição a múltiplas substâncias;

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 46

� emprego de dados relativos à exposição impróprios à população avaliada,

quando adotados valores desenvolvidos para populações de outros países.

A tendência mundial sugere a adoção de listas orientadoras com valores de

referência de qualidade, de alerta e de intervenção, como uma primeira etapa nas

ações de monitoramento da qualidade, prevenção à poluição e diagnóstico de áreas

suspeitas de contaminação, remetendo a avaliação de risco caso a caso para as

áreas contaminadas. Cabe ressaltar que o uso de padrões internacionais pode levar

à avaliações inadequadas, já que existem diferenças nas condições climáticas,

tecnológicas e pedológicas de cada país, justificando o desenvolvimento de listas

orientadoras próprias, compatíveis com as características de cada um deles.

6.3.2.1- SUBSTÂNCIAS NATURALMENTE AUSENTES NO SOLO

Considera-se substâncias naturalmente ausentes no solo, aquelas geradas

ou isoladas antropogenicamente em processos industriais. A maior parte dos

problemas ambientais causados por estes compostos é originado pela destinação

inadequada no solo, de resíduos industriais e domésticos e por práticas agrícolas

indiscriminadas.

Uma vez que, analiticamente, o valor de concentração zero não é

determinado, o valor de referência de qualidade pode, a exemplo do que é praticado

em outros países, ser estabelecido como o limite de detecção dos métodos

analíticos que representem a melhor tecnologia analítica disponível em

procedimentos analíticos padronizados.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 47

6.3.2.2- SUBSTÂNCIAS NATURALMENTE PRESENTES NO SOLO

Os metais estão presentes naturalmente nos solos, em concentrações

variáveis de acordo com a sua gênese. No entanto, estas concentrações podem

sofrer incremento devido a processos antrópicos, principalmente por fontes difusas.

A maioria das informações disponíveis na literatura brasileira refere-se à fertilidade

do solo e poucos referem-se à questão ambiental.

Segundo Matiazzo e Andrade (2000), trabalhos sobre comportamento de

metais pesados em solos, sua fitodisponiblidade com conseqüente passagem para

a cadeia alimentar tem sido objeto de estudos bastante intensivos na literatura

mundial. Entretanto, no Brasil, esses estudos têm-se limitado a fornecer dados

sobre Cu e Zn tendo em vista as limitações dos métodos analíticos utilizados para

detectar concentrações traços de Cd, Hg e Pb.

A concentração máxima permitida de metais em solos agrícolas tratados com

lodo de esgoto, em diversos países, é apresentada na Tabela 6.10, segundo

SANEPAR (1999).

TABELA 6.10: Concentração máxima permitida de metais em solos agrícolas,tratados com lodo de esgoto, em diversos países.

Elementos (mg.Kg-1solo)PAÍS Cd Cu Cr Ni Pb Zn

CEU 1 - 3 50 - 140 100 - 150 30 – 75 80 –300 150 – 300França 2 100 150 60 100 300Alemanha 1,6 50 100 50 100 200Itália 3 100 150 50 100 300Reino Unido 3 135 400 75 300 300Dinamarca 0,5 100 200 50 50 150Finlândia 0,5 100 200 50 50 150Noruega 1 60 100 30 50 150Suécia 0,5 40 30 15 40 100Est. Unidos 26 750 1600 210 160 1400Nova Zelândia 3 140 600 35 550 280Canada (Otano) 1,6 100 120 32 60 220

FONTE: SANEPAR (1999)

Para as substâncias inorgânicas de interesse ambiental (metais pesados),

que ocorrem naturalmente no solo, os valores de referência de qualidade podem ser

estabelecidos em função das suas concentrações naturais, levando-se em

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 48

consideração a variação das propriedades do solo. A expressão engloba metais,

semi-metais como o selênio (Se). Trata-se, portanto, de um conjunto muito

heterogêneo de elementos. Às vezes, usa-se, como sinônimos, outros termos como

“elementos-traço” ou “metais-traço”, os quais também não são adequados, visto que

o qualitativo “traço” na química analítica quantitativa é reservado para designar

concentrações ou teores de qualquer elemento que não podem ser quantificados

por que sua concentração é muito baixa. Imprópria ou não, a expressão “metal

pesado” parece ter sido a mais usada para designar metais classificados como

poluentes do ar, água, solo, alimentos e forragens. Na lista de metais pesados estão

com maior freqüência os seguintes elementos: Cu, Fe, Mn, Mo, Zn, Co, Ni, V, Al, Ag,

Cd, Cr, Hg e Pb (Malavolta, 1994). Neste trabalho todos estes elementos serão

denominados como metais.

O solo é um compartimento natural constituído por componentes minerais e

orgânicos, com suas propriedades físicas, químicas e biológicas. As propriedades

do solo, entretanto, não podem ser uma simples combinação das propriedades de

seus componentes. A composição dos solos é extremamente diversa e governada

por muitos fatores, sendo os mais importantes, as condições climáticas e o material

parental.

Segundo Singh e Steinnes (1994), os metais em solos são derivados tanto do

intemperismo, que age sobre o material parental, como de fontes externas naturais

(erupção vulcânica) ou antrópicas (indústrias, agricultura).

Em vista disto, a Holanda, para calcular os valores de referência de

qualidade, utilizou o critério de que a concentração natural de metais pode ser

estimada pela sua correlação com algumas propriedades físicas e químicas do solo

que influenciam às condições micro-ambientais e são determinantes na adsorção de

metais, no caso em questão com a matéria orgânica e a porcentagem da fração

argila.

Dentre as propriedades do solo que afetam a retenção e mobilidade de

metais pesados, estão o pH, CTC, quantidade de matéria orgânica, quantidade e

tipo de fração argila (argilas silicatadas e óxidos) e competição iônica (Matos, 1995).

Estudos de correlação e o equacionamento de modelos de regressão

múltipla, a fim de estabelecer a contribuição de propriedades do solo têm sido

apresentados na literatura para muitos metais (Matos, 1995). Singh e Steinnes

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 49

(1994) observaram em vários estudos, que existe uma forte correlação entre a

concentração natural de metais no material de origem e em solos desenvolvidos a

partir deste.

Matos et al. (1995a) estudando a destinação de resíduos no solo elaboraram

modelos de regressão múltipla associando os fatores de retardamento e

coeficientes de difusão dos metais zinco, cádmio, cobre e chumbo às propriedades

físicas e químicas do solo. A participação das propriedades físicas nos modelos foi

pequena enquanto que as participações da matéria orgânica e concentração de

fósforo foram as mais significativas.

Mattiazzo e Gloria (1995) observaram que os efeitos prejudiciais da presença

de metais, provenientes da destinação de resíduos sólidos, manifestaram-se em

solos com baixa capacidade de troca catiônica - CTC (< 5 cmol/100 cm 3 ) e baixos

conteúdos de argila, particularmente quando o pH do solo, determinado em água,

estava ao redor de 4,0. Estes mesmos autores concluíram ainda que, da mesma

forma que em solos de clima temperado, a quantidade máxima permissível de

metais a ser adicionada em solos de clima tropical pode ser limitada pelo valor CTC

e pH do solo, no momento da adição. No entanto, segundo estes mesmos autores,

os parâmetros mais indicados para definir a quantidade máxima de metais a ser

aplicada em um solo, estejam eles presentes num resíduo orgânico ou inorgânico,

são o conteúdo de argila e de óxidos de ferro e alumínio.

Mattiazzo e Barreto. (1995) concluíram que, em função da concentração de

metais adicionada, para solo arenoso de baixa CTC, a atividade microbiana,

traduzida pela quantidade de CO2 liberado, foi significativamente afetada pela

presença de metais, que ficaram disponíveis e esse efeito não foi revertido pelo

aumento do valor do pH do solo. No solo argiloso, a presença de metais não afetou

a atividade microbiana em valores de pH do solo iguais ou acima de 5. Esses

resultados foram também obtidos por Mattiazzo e Barreto (1995) que observaram

que o efeito da adição de metais foi mais prejudicial em solos de baixa CTC e baixo

conteúdo de argila, particularmente quando o valor do pH era 4,0 no momento da

adição do metal na forma solúvel.

Segundo Matos et al. (1995b), os solos podem apresentar uma grande

variedade de sítios de adsorção, com diferentes propriedades de ligações e grande

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 50

quantidade de complexos aquoso-iônicos e não iônicos capazes de participarem da

adsorção e possivelmente dos processos de precipitação de metais.

Os metais podem, ainda, serem retidos no solo por complexação e quelação

pela matéria orgânica, por adsorção específica em óxidos de ferro, alumínio e

manganês e oclusão em carbonatos. Os mesmos autores observaram que a classe

e horizonte do solo afetaram significativamente a adsorção e consequentemente a

mobilidade dos metais (Zn, Cd, Cu, Pb). Dentre os tipos de solos, o podzólico

vermelho amarelo - PV, foi o de maior capacidade de retenção dos metais e o

latossolo vermelho amarelo - LVa, o de menor capacidade. No que se refere aos

horizontes do solo, a interação solo/soluto foi mais pronunciada no horizonte A,

ficando os horizontes subsuperficiais (B e C) com interações bem mais restritivas.

Nuvolari (1996) afirma que embora os teores de matéria orgânica sejam

baixos em solos tropicais, sua presença, mesmo em pequenas quantidades,

aumenta a superfície específica média dos solos, pelo elevado grau de divisão

dessas partículas, provocando mudanças na CTC dos solos. Em estudos

conduzidos por Pereira (1995), verificou-se que as concentrações de ferro e

alumínio apresentavam uma correlação direta com as características do solo: idade

e distribuição do tamanho das partículas (análise textural).

Segundo a revisão apresentada por Matos (1995) as características do solo

citadas como de melhores correlações para adsorsão de cádmio foram pH, teor de

matéria orgânica, a CTC e a superfície específica; para o chumbo foram teor de

argila, pH, soma de bases ou cálcio trocável; para o cobre foram pH, soma de bases

ou cálcio trocável, teor de matéria orgânica e CTC, enquanto para o zinco foram o

pH, CTC, superfície específica e com os óxidos de ferro amorfos.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 51

6.4-LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

No Brasil, ainda não existe uma legislação específica para as questões que

envolvam áreas contaminadas (AC). No entanto, a legislação ambiental existente

oferece uma certa base referindo-se indiretamente a diferentes aspectos do

problema de AC, como, por exemplo, os itens que abordam a preservação ou a

recuperação da qualidade ambiental, os instrumentos legais como as políticas

nacional ou estadual de meio ambiente e diretrizes e normas para o controle de

poluição. Há também leis específicas que estabelecem instrumentos legais

especiais com uma certa relevância para o problema de áreas contaminadas, como,

por exemplo, o parcelamento do solo urbano. De acordo com a estrutura federativa,

encontram-se legislações ambientais no âmbito federal, estadual e municipal que

podem, tendo em vista à falta de legislação específica, ser utilizadas nas ações dos

órgãos ambientais nas questões que envolvem esse tema.

6.4.1- Legislação federal

a) Constituição Federal

A Constituição Federal do Brasil de 1988 estabelece os princípios da política

nacional do meio ambiente. No capítulo VI (“Do Meio Ambiente”), Artigo 225, é

colocado o princípio: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo

para as presentes e futuras gerações.

b) Lei nº 6.938/81 - sobre a Política Nacional do Meio Ambiente

A Lei Federal 6.938/81, regulamentada pelo Decreto 99.274/90, define a

política nacional do meio ambiente e regula a estrutura administrativa de proteção e

de planejamento ambiental – o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA).

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 52

c) Lei nº 6.766/79 – sobre o parcelamento do solo urbano

A Lei Federal 6.766/79 define as competências do Estado e do Município

sobre a questão do parcelamento do solo. É um instrumento importante na interface

de áreas contaminadas com o desenvolvimento urbano. A lei não permite o

parcelamento do solo em áreas poluídas.

d) Lei nº 9.605/98 – sobre as sanções penais e administrativas derivadas

de lei de crimes ambientais, condutas e atividade lesivas ao meio ambiente

(Lei dos Crimes Ambientais)

A Seção IV – A Lei prevê penas de reclusão de até 5 anos na Seção IV ("Da

Poluição e outros Crimes Ambientais"), conforme mencionado no Art. 54:

Art. 54 – Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem

ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a

mortandade de animais ou a destruição significativa da flora.

A comercialização de substância tóxica (p. ex., a venda de áreas

contaminadas) perigosa ou nociva à saúde humana está sendo considerada como

infração no Art.56:

Art. 56 – Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar,

fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou

substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana e ao meio ambiente em

desacordo com as exigências estabelecidas em leis e nos seus regulamentos.

A omissão da autoridade ambiental na apuração de infrações ambientais está

sendo considerada como infração administrativa no Art. 70.

Art. 70 – Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou

omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e

recuperação do meio ambiente.

E colocada sob a pena de co-responsabilidade no § 3º:

§ 3º – A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é

obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo

próprio, sob a pena de co-responsabilidade.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VII: METODOLOGIA 53

CAPÍTULO VII: METODOLOGIA

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VII: METODOLOGIA 54

CAPÍTULO VII: METODOLOGIA

Nos estudos de diagnóstico de contaminação de uma área faz-se necessária

a caracterização geotécnica do solo. Estas são realizadas com amostras

representativas das diferentes ocorrências. Antes de se iniciar qualquer programa

de amostragem de solo, os seus objetivos devem ser definidos (investigação

confirmatória, detalhada e para remediação), pois são os fatores determinantes no

planejamento do programa a ser executado (definição da densidade, da posição dos

pontos de amostragem, dos procedimentos de campo, dos métodos de conservação

das amostras e das necessidades analíticas). De acordo com os objetivos

estabelecidos, serão determinados o grau de detalhamento e a precisão a serem

adotados no programa de amostragem estabelecido para a área. Na definição

desses objetivos, é importante levar-se em conta toda informação pré-existente do

local ou mesmo aquelas existentes em locais similares ao estudado, em algumas

situações; onde essas informações são escassas, pode ser necessária a realização

de estudos iniciais, como a aplicação de métodos geofísicos e de "screening", antes

que sejam definidos os objetivos finais da amostragem. Portanto, deve ser

enfatizado que a execução com sucesso dos objetivos delineados depende

diretamente da qualidade do programa de amostragem planejado e da sua perfeita

execução.

Dessa forma, segundo Byrnes (1994), na organização de um programa de

amostragem para uma área específica devem ser definidos:

• Objetivos da amostragem de solo

• Necessidade e utilização dos dados

• Programa de amostragem

Neste Capitulo serão descritos os procedimentos adotados para a verificação

da hipótese preconizada no Capítulo 2 deste trabalho. Este estudo foi dividido em

campanhas de campo, análises laboratoriais e tratamento e análise das

informações, sendo a primeira subdivida em: levantamento topográfico e sondagens

de investigação do solo, enquanto que a segunda foi seccionada em análises físicas

e análises químicas do solo. Desta forma apresenta-se a discretização dos serviços

empregados na pesquisa.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VII: METODOLOGIA 55

7.1- LEVANTAMENTOS DE CAMPO

7.1.1- LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO

Em um primeiro momento realizou-se o levantamento plani-altimétrico da

área de estudo com vistas à escolha dos pontos de monitoramento e/ou da malha

amostral. As coordenadas dos pontos foram obtidas em GPS da marca Trimble do

tipo Geoexplorer #3. A planimetria e altimetria foram executadas em teodolito da

marca ZEISS, tipo THEO-080, gerando uma planta em escala 1:1.000. O

processamento das informações foi no software TOPO EVN, que considera o

método da poligonal fechada. Na figura abaixo apresenta-se uma ilustração deste

levantamento.

FIGURA 7.1: Levantamento Topográfico – Foto Ilustrativa.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VII: METODOLOGIA 56

7.1.2- COLETA DE AMOSTRAS

A sondagem realizada no local é denominada de simples reconhecimento e

segue a NBR-6484. Este método é constituído de duas maneiras. A primeira é a

sondagem à percussão ou lavagem (SPT) enquanto que a segunda é a sondagem a

trado (ST).

7.1.2.1- SONDAGEM A PERCUSSÃO (SPT / Standard Penetration Test)

A técnica de amostragem SPT é um método de investigação direta bastante

utilizado no Brasil e no mundo. Este método permite a aquisição de dados do solo

fundamentais num projeto de fundação e para uma campanha de caracterização

física, este pode fornecer a densidade de solos granulares além da consistência

para solos argilosos (correlações). A Figura 7.2 mostra uma ilustração desta técnica.

FIGURA 7.2.: Sondagem a Percussão - Foto Ilustrativa

Com os dados obtidos é possível traçar um perfil das camadas do solo,

permitindo-se visualizar com a devida exatidão as cotas de transição entre

camadas.

O número de golpes oscila de 5 a 65 N-SPT, tal variação é decorrente da

enorme diversidade de materiais ultrapassados. Com isto, analisando resultados de

sondagens a percussão realizados no depósito de lixo do Caju, na Baía de

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VII: METODOLOGIA 57

Guanabara/RJ, os valores de SPT registrados não podem ser relacionados à

resistência do material, como normalmente é feito para solos. Alguns valores

elevados são decorrentes apenas do resultado da dificuldade de se atravessar os

mais diversos obstáculos. A grande quantidade de plásticos confere ao maciço uma

certa armadura, possibilitando-o permanecer estável em taludes de 9 metros de

altura, quase na vertical.

A utilização desta técnica da forma tradicional, ou seja, com lavagem, em

muito vem sendo discutida pela literatura. Esta discussão propõe que o método seja

utilizado sem lavagem para que evite possíveis contaminações do material a ser

coletado e/ou, ainda, na imprecisão da visualização na troca de camadas.

Em seguida ao levantamento topográfico foram iniciadas análises de

investigação do subsolo.

Na figura 7.3 são identificados os pontos de monitoramento que se utilizaram

da técnica de percussão. SP-02, SP-04, SP-06, SP-10 e SP12 foram as

denominações atribuídas aos furos executados por esta forma de coleta de amostra.

FIGURA 7.3- Mapa de Localização dos Furos à Percussão.

Os pontos SP-04 e SP-06 foram locados na área de lançamento de resíduos,

propriamente dita, enquanto que os demais pontos buscaram locais que

considerassem o contorno do lixão. Sendo o SP-02 próximo ao CIEP, o que pela

hipótese inicial do trabalho acusa como sendo uma área isenta de contaminação por

metais pesados face a inexistência de resíduos sólidos no local. O SP-12 está

localizado na entrada principal do lixão, enquanto que o SP-10 encontra-se no ponto

oposto ao SP-02, no ponto mais baixo do terreno (5,5 m).

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VII: METODOLOGIA 58

A locação destes pontos e, por conseguinte, a metodologia deste trabalho

visou considerar os pontos considerados críticos da área, ou seja, o centro de

massa. Desta forma, pode-se, por assim dizer que o método empregado para a

escolha dos pontos amostrais foi o método das aproximações sucessivas ao

inverso. Uma vez que somente após a obtenção dos resultados desta campanha é

que se propôs a escolha da malha definitiva de amostragem.

As sondagens a percussão (SPT) consistem em métodos de investigação

direta do solo. As vantagens deste ensaio com relação aos demais são: simplicidade

do equipamento, baixo custo e obtenção de um valor numérico de ensaio que pode

ser relacionando com regras empíricas de projeto.

Segundo Irelands, Moretto & Vargas (1970): “Nem o equipamento nem os

procedimentos de escavação foram completamente padronizados em nível

internacional no ensaio SPT. As diferenças existentes podem ser parcialmente

justificadas pelos desenvolvimento e investimentos de cada país. Porém mais

importante são as adaptações das técnicas de escavação às diferentes condições

do subsolo.”

Nestes pontos as sondagens tiveram como fator limitante a penetrabilidade

do amostrador que é função das características do solo. As amostras eram

coletadas de metro a metro, ou ainda, quando da ocorrência de mudança de

camadas. O nível d’água era obtido um dia após a escavação, visando a

estabilização do mesmo.

7.1.2..2- SONDAGEM A TRADO

A técnica de sondagem a trado consiste na perfuração manual do solo de

baixa e média resistência através de um trado de diâmetro variável (Geologia de

Engenharia, 1998). Este é constituído de uma concha metálica dupla que penetra no

solo através de movimentos rotativos e retém o solo amolgado em seu interior. A

torção é impelida através de uma cruzeta e repassada por hastes metálicas

rosqueáveis até a concha.

De acordo com Landva & Clark apud Carvalho (1996); a perfuração a trado

mostrou-se eficiente para as investigações realizadas em aterros municipais antigos

e novos no Canadá. Cepollina et al, apud Carvalho (1996); descrevem uma série de

furos utilizando-se um trado mecânico de grande diâmetro (0,60 m) no aterro Tais

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VII: METODOLOGIA 59

furos atingiram profundidades de até 30 metros, várias informações sobre estes

foram colhidas, tais como: até 10,0m o RSU apresentava-se idêntico ao do

lançamento, com muita matéria orgânica, pedaços de plásticos; dos 10,0 aos 18,0m

era possível reconhecer apenas os plásticos imersos em muita “lama de lixo” com

consistência muito mole; dos 18,0 aos 23,0m o RSU apresentava-se seco; dos 23,0

aos 30,0m o RSU voltou a apresentar-se úmido, porém pegajoso.

Levando-se em conta que a forma de perfuração e amostragem utilizadas em

aterros sanitários é extremamente dependente do tipo de aterro e materiais a serem

investigados; e que utilizando-se equipamentos convencionais para investigação do

solo, problemas quanto a perfuração e recuperação de amostras são freqüentes. O

equipamento a se utilizar terá um diâmetro de 4”, com a coleta das amostras sendo

efetuada de forma contínua. Devido as limitações do equipamento, a perfuração não

se avançará muito além do nível d’água, permitindo-se pequenos deslocamentos

laterais quando se encontrar objetos ou corpos estranhos que ofereçam resistência

ao seu avanço. Na Figura 7.4 apresenta-se uma ilustração do trado e da técnica de

tradagem manual.

FIGURA 7.4: Sondagem a Trado – Foto Ilustrativa.

Doze foram os furos a trado. Com profundidades que variaram de 1,50 m a

aproximadamente, 7 m. Eles são denominados de ST, sendo: 01, 02, 03, 04, 05, 06,

07, 10, 12, 14, 16 e 22. O procedimento para coleta de amostras, utilizando-se desta

técnica, foi análoga ao SPT, contudo a maior proximidade da equipe de campo com

o equipamento melhora, em muito, a sensibilidade quando da mudança de

camadas. As amostras foram coletadas de acordo com as mudanças de

características tátil-visuais: textura, dureza, cor e brilho.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VII: METODOLOGIA 60

Na planta planimétrica da figura a seguir, mostra-se a localização dos pontos

supra citados (Figura 7.5).

4200

4300

4400

4500

4600

4700

4800

4900

5000

5100

5200

9500 9600 9700 9800 9900 10000 10100 10200 10300 10400 10500Canal CIEP Lagoa PoligonalÁrea em estudo Estrada CIEP Estrada LIXÃO SubestaçãoLIXÃO

ST-14

ST-22

ST-16

NorteMagnético

ST-12

ST-05

ST-06

ST-07

ST-01

ST-02

ST-03

ST-10

ST-04

FIGURA 7.5: Mapa de Localização dos Furos a Trado.

Na figura 7.6 mostra-se a distribuição dos pontos de amostragem por toda

área de estudo e com as técnicas empregadas.

FIGURA 7.6: Mapa de Locação dos Pontos de Monitoramento.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VII: METODOLOGIA 61

7.1.3- CRITÉRIOS DE EXECUÇÃO

Os furos, uma vez executados foram revestidos com tubos de PVC tipo rígido

de 100mm, como mostra a Figura 7.7.

FIGURA 7.7: Perfil Esquemático – Poço Padrão.

Os furos seguiram as seguintes recomendações:

Revestimento interno: tubo de inox ou ferro fundido ou PVC rígido marrom

(JS classe 12) de diâmetro pequeno (50, 75 e 100mm), porém suficiente para

introdução de amostrador para medição de nível. No caso de formação aqüífera

argilosa ou de baixa transmissividade, o diâmetro mínimo do revestimento será

obrigatoriamente de l00mm. Este tubo deve revestir o poço até a camada não

saturada.

Filtro: tubo ranhurado e de mesmo diâmetro do revestimento (ranhuras de 2

a 3m, espaçadas de 0l cm) que fica na parte saturada do poço (no lençol freático).

Para diâmetro pequenos, até 75mm, há necessidade do filtro penetrar até 2m no

lençol freático.

Pré-filtro: ocupa o espaço anular entre o filtro e a parede de perfuração. É

constituído de areia lavada com granulometria maior que a ranhura do filtro (>2mm).

Em formações aqüíferas arenosas poderá ser dispensado o pré-filtro.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VII: METODOLOGIA 62

Proteção sanitária: para evitar que a água superficial contamine o poço

através da infiltração pelo espaço anular entre a escavação e o revestimento, deve

ser feito um preenchimento com cimento na extremidade superior deste espaço

(aproximadamente 30cm de altura) e, ao redor da boca do poço, uma laje com

pequeno declive.

Tampão: a boca do poço será protegida com um tampão removível e o fundo

suprido de um tampão fixo, preferencialmente provido de rosca. Devido às pressões

que possam ocorrer, a boca do poço deve possuir um pequeno orifício para facilitar

a remoção da tampa.

Sistema de proteção do tubo: o tubo deve sobressair 20 cm de superfície e

ser envolvido por alvenaria ou tubo maior com tampa chaveada e identificação

indelével.

Selo: camada de betonita ou cimento no espaço anular, acima do pré-filtro

(limite máximo do nível d’água) para impedir que a água que percorre a parede

externa do tubo atinja a camada saturada.

Preenchimento: o espaço anular da zona não saturada deve ser preenchida

com material impermeável (argila, solo de perfuração) a fim de firmar o tubo e

dificultar a penetração de líquidos provenientes da superfície.

Guias centralizadoras: dispositivo saliente distribuído externamente ao

longo do tubo com o objetivo de mantê-lo centrado em relação ao eixo do poço, por

ocasião de sua introdução.

7.2- ANÁLISES LABORATORIAIS

7.2.1- DETERMINAÇÃO DE METAIS PESADOS

As amostras foram levadas ao Laboratório de Ciências Ambientais da

Universidade Estadual do Norte Fluminense (LCA/UENF) para a realização das

determinações quantitativas de metais pesados. Os metais avaliados foram: Al, Cr,

Cu, Fe, Mn, Pb, Zn, Ba, V e Sn, para os pontos SP-02, SP-04 e SP-06. Os

elementos Al, Cd, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb e Zn foram quantificados nos furos a trado

e nos demais SPT (SP-10 e SP-12). As diferenças entre os elementos quantificados

se deve ao fato das baixas concentrações encontradas nas primeiras amostragens e

pelo grau de toxicidade do elemento, sendo considerados os elementos comuns aos

diferentes monitoramentos (Al, Cr, Cu, Fe, Mn, Zn e Pb).

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VII: METODOLOGIA 63

Para a realização deste ensaio as amostras foram secadas, em temperatura

ambiente. Em seguida foram peneiradas na peneira de #40. Após esta etapa

submeteu-as a pesagem de aproximadamente um grama para a extração total via

ácida.

Metodologia de Digestão Química

Pesagem de um grama de amostra em duplicata;

• Adição de 10 ml de ácido fluorídrico concentrado (HF) e 20 ml de ácido

nítrico concentrado (HNO3);

• Misturar estas dosagens ácidas com a amostra em bomba de teflon;

• Levar para estufa, previamente aquecida, a uma temperatura de

120±0,5ºC, durante aproximadamente 12 horas;

• A seguir retira-se da estufa e leva-se ao banho de areia, até que a

amostra esteja, sobremaneira, solubilizada. Em caso de elevados teores de matéria

orgânica (coloração escura) adicionar 0,5 ml de água oxigenada (H2O2) até que a

amostra apresente uma coloração mais clarificada.

• Feito isto e após a evaporação dos ácidos da solução adicionar 20 ml

de ácido nítrico a 5% (HNO3) levar a amostra para leitura no espectrofotômetro de

emissão atômica por Plasma (ICP-AES/ Varian Modelo Liberty Series II).

7.2..2- ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

Esta análise seguiu os critérios estabelecidos pela NBR - 7181, sendo

utilizada, também, a NBR-6508 para a obtenção da densidade real dos grãos. Após

o recebimento da amostra de solo, efetua-se o seguinte procedimento:

• Seca-se uma determinada quantidade de solo ao ar (uma quantidade maior do

que aquela que será utilizada no ensaio), desmancham-se os torrões e, em

seguida, homogeneiza-se o material cuidadosamente.

• Para que o material ensaiado seja representativo da jazida, a quantidade de solo

a ser utilizada no ensaio deve ser obtida por quarteamento (realizado

manualmente ou com o uso do quarteador), obtendo-se assim uma amostra de

solo como o peso necessário para se efetuar os ensaios ( a quantidade de solo

necessária para a realização do ensaio de granulometria é função do tipo de

solo: solos grossos requerem uma maior quantidade de solo e vice-versa).

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VII: METODOLOGIA 64

• Pesa-se a amostra de solo seco ao ar peneira-se o material na peneira de #10.

O material retido nesta peneira é lavado evitando-se a presença de torrões de

solo. Em seguida leva-se a estufa 110 ± 0,5ºC. Após a secagem executa-se o

peneiramento grosso, que consiste em passar o material nas peneiras,

preconizadas por norma, acima da peneira de #10, após isso pesa-se a fração

de solo retido em cada peneira.

PENEIRAMENTO FINO

É realizado utilizando-se a quantidade de solo que consegue passar na #10,

no momento da preparação da amostra, seguindo-se o seguinte procedimento

experimental:

• O material é colocado na peneira de # 200 lavando-se e em seguida colocando-o

na estufa;

• Junta-se e empilha-se as peneiras de abertura compreendidas entre as peneiras

de #10 e #200, coloca-se o material seco no conjunto de peneiras e agita-se o

conjunto mecânica ou manualmente; após isso pesa-se a fração de solo retido

em cada peneira.

SEDIMENTAÇÃO

Para realizar um ensaio de sedimentação utiliza-se a amostra passada na

peneira de # 10 com um peso entre 50 e 100 gramas. O ensaio de sedimentação

seguiu o seguinte procedimento experimental:

• Coloca-se a massa de solo em imersão (6 a 24 horas), na presença de solução

de hexametafosfato de sódio;

• Agita-se a mistura no dispersor elétrico durante aproximadamente 15 minutos,

transferindo-se, em seguida, para uma proveta graduada, completando-a com

água destilada até 1.000 ml e realizando-se a agitação da mistura.

• Efetuam-se as leituras do densímetro nos instantes: 30 s, 1 min, 2 min, 4min, 8

min, 15 min, 30 min, 1 h, 2 h, 4 h, 8 h e 24 h.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VII: METODOLOGIA 65

7.3- TRATAMENTO DOS DADOS

Foram realizadas análises em duplicatas sem amostras de padrões de

referência interna. O limite de detecção da técnica usada foi de 0,5 ng.g-1. O cálculo

seguiu a metodologia descrita por Skoog e Leary (1992) de acordo com a equação:

×=a

DPbrancoLD 2 ; onde:

DP- desvio padrão de um número significativo de brancos (n>25);

a- inclinação da curva de calibração.

A seguir foram levantadas as médias para cada ponto de sondagem e

respectivo elemento quantificado. Estes valores foram comparados entre si (teste de

hipóteses) para a verificação da diferença estatística. Utilizando o método de

Kringing foram realizadas interpolações de áreas para cada um dos elementos (em

níveis médios) obtendo-se as isoetas de concentrações dos diversos metais

pesados, podendo assim, visualizar-se o sentido da migração dos contaminantes

As concentrações encontradas foram, ainda, comparadas ao valores

estabelecidos na literatura afim de caracterizar a área quanto ao seu nível de

contaminação. Tais valores são apresentados na Tabela 7.1.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO VII: METODOLOGIA 66

TABELA 7.1: Valores de Referência de Metais Pesados Segundo Diversos Autores.

Schaeffer (1984) Califórnia & Pratt (1966) Faria (1987) Alen (1974) CETESB (2000)

Elemento Característica Limite

s

Normais Sugestão Normais Limites Referência Alerta

Cd Menores 3,0 < 0,05 ---- < 1,0 0,03 – 0,3 < 0,5 3,0

Cr Menores 100 5 - 100 5 - 1000 Variável 10 –200 40 75

Mn Menores --- --- 200 - 3000 ---- ---- --- ---

Ni Menores 0 5 - 50 5 - 500 10 – 100 5 – 500 13 30

Pb Menores 100 2 - 60 --- ≤50 2 – 20 17 100

Zn Menores 300 10 - 80 10 - 300 10 - 100 --- 60 300

Ba Menores --- --- 100 - 3000 --- --- 75 150

V Menores --- --- 20 -500 --- --- 275 ---

Valores expressos em ppm.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 67

CAPÍTULO VIII: APRESENTAÇÃO DOSRESULTADOS

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 68

CAPÍTULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

8.1- SONDAGENS A PERCUSSÃO (SPT)

Neste módulo apresentam-se os ensaios que se utilizaram da técnica da

sondagem a percussão. Mostrando o perfil estratigráfico, os ensaios

granulométricos e a análise química para cada ponto. Esta descrição começa com a

Figura 8.1 indicando os resultados do ponto SP- 02. A localização dos referidos

pontos foram descritos no Capítulo VII (Metodologia).

FIGURA 8.1: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP02.

Neste ponto não verificou-se a presença de RSU, uma vez que este ponto

encontra-se fora da área de lançamento de RS (CIEP).

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 69

A Figura 8.2 apresenta o comportamento físico para o ponto em questão.

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A PERCUSSÃO - SP02

0

10

20

30

40

50

60

PROFUNDIDADE (m)

TE

OR

DO

MA

TE

RIA

L (

%)

ARGILA SILTE AREIA FINA AREIA MÉDIA AREIA GROSSA PEDREGULHO

ARGILA 42 40 50 23 32 34 39

SILTE 7 5 4 6 8 5 11

AREIA FINA 14 20 12 18 20 22 19

AREIA MÉDIA 25 24 24 34 23 22 19

AREIA GROSSA 11 10 10 17 16 16 11

PEDREGULHO 1 1 0 2 1 1 1

0,00 - 1,90 1,90 - 3,00 3,00 - 3,90 3,90 - 5,00 5,00 - 6,00 6,00 - 7,00 7,00 - 7,30

FIGURA 8.2: Análise Granulométrica - Sondagem a Percussão – SP02

Como citado anteriormente não se observa a presença de resíduos sólidos no

ponto SP-02, sendo verificado um elevado percentual de material argiloso, na

maioria das camadas. Esses teores argilosos variam de 23% (camada de 4,00 –

5,00 m) até 50% (camada de 3,00 - 4,00 m), contudo, aponta-se para os percentuais

de areia que atribuem ao ponto uma característica arenosa até a profundidade de 3

m, passando, então a uma argila de cor avermelhada com presença de lateríta até

3,90 m, em seguida foi encontrado, novamente, uma camada arenosa perdurando

ao limite da sondagem à 7,45m de profundidade.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 70

No Gráfico 8.1 apresenta-se a concentração dos metais no ponto supra

citado.

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A PERCUSSÃO - SP02

0,10

1,00

10,00

100,00

1.000,00

0,00 - 1,90 1,90 - 3,00 3,00 - 3,90 3,90 - 5,00 5,00 - 6,00 6,00 - 7,00 7,00 - 7,30

PROFUNDIDADE (m)

CO

NC

EN

TR

ÃO

(p

pm

)

Al Cr Cu Fe Mn Pb Zn

GRÁFICO 8.1: Concentração de Metais Pesados em Solos – SP02

Pode-se verificar que as concentrações de Al e Fe são da ordem de 198,28

ppm e 70,57 ppm, respectivamente (média). O Al apresentou sua concentração

mínima na ultima camada (Al7,00 – 7,30= 112 ppm) e a máxima na primeira camada

(Al0,00 – 1.90= 300 ppm). Para o Fe verificou-se concentrações de 28 ppm na ultima

camada (7,00 – 7,30 m), e 169 ppm na terceira camada (3,00 – 3,90 m),

caracterizando, assim os valores mínimos e máximos, respectivamente, para esse

elemento. Os demais elementos quando não detectados (Cr, Mn) foram

identificados em teores significativamente baixos (Cu=0,53 ppm e Pb=0,74 ppm,

média) não excedendo os limites citados na Tabela 7.1 do Capitulo anterior

(Metodologia). Estes níveis podem ser justificados pelo tamanho e distribuição das

partículas (material argiloso).

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 71

Na Figura 8.3 é mostrado o perfil estratigráfico do ponto SP-04.

FIGURA 8.3: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP04.

O nível d’água apresenta-se a, aproximadamente, 1 m de profundidade com

um camada de lixo de 4 m e subsequente a esta camada encontra-se uma argila

siltosa com diferentes colorações seguida de uma camada de areia. A sondagem

limitou-se a 7,45 m de profundidade.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 72

Na Figura 8.4 mostra-se a granulometria dos substratos de solo para o ponto

SP-04.

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A PERCUSSÃO - SP04

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

PROFUNDIDADE (m)

TE

OR

DO

MA

TE

RIA

L (

%)

ARGILA SILTE AREIA FINA AREIA MÉDIA AREIA GROSSA PEDREGULHO

ARGILA 32 27 18

SILTE 7 5 4

AREIA FINA 24 39 9

AREIA MÉDIA 25 29 37

AREIA GROSSA 10 13 27

PEDREGULHO 2 3 5

5,00 - 6,00 6,00 - 7,00 7,00 - 8,00

FIGURA 8.4: Análise Granulométrica - Sondagem a Percussão – SP04.

Para o ponto SP-04 pode-se notar que não existem análises nas camadas

superiores a 5 metros de profundidade. Isto se deve ao fato de que toda camada

superior a esta citada é constituída de lixo. Desta forma considera-se, que em

média, este tipo de solo é arenoso (Média de areia média = 30,33% ± 6,11%), com a

mais baixa variação dos constituintes do solo. Todavia, vale ressaltar que na 1ª

camada de solo (5,00 – 6,00m) verificou-se a predominância de material argiloso

(argila= 32%).

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 73

A seguir, no Gráfico 8.2, são apresentados os níveis de metais pesados para

o ponto SP-04.

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A PERCUSSÃO - SP04

0,1

1

10

100

1000

5,00 - 6,00 6,00 - 7,00 7,00 - 8,00

PROFUNDIDADE (m)

CO

NC

EN

TR

ÃO

(p

pm

)

Al Cr Cu Fe Mn Pb Zn

GRÁFICO 8.2: Concentração de Metais Pesados em Solos – SP04.

Analogamente ao ponto anterior encontra-se o ponto sob foco, com as

maiores concentrações de Al e Fe (503 ppm e 223 ppm) na camada mais argilosa

(1ª camada: 5,00 – 6,00 m). Dos elementos não essenciais avaliados, ou

potencialmente tóxicos, todos apresentam-se abaixo dos valores preconizados pela

literatura. Os valores para Al e Fe são descritos, na literatura, fundamentalmente,

em níveis percentuais, em conseqüência da sua ocorrência natural, tendo em vista a

sua distribuição na crosta da Terra.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 74

A Figura 8.5 apresenta o perfil estratigráfico do ponto SP-06.

FIGURA 8.5: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP06.

Neste ponto verifica-se, ainda, uma espessa camada de lixo (4 m) com um

nível d’água de 1 m similar ao encontrado com o ponto SP-04. A sondagem limitou-

se a 7,40 m com duas camadas de argila siltosa, com diferentes colorações,

constituindo-se em uma única camada de 2,20 m de espessura (4,00 – 6,20 m). Em

seguida encontrou-se areia com uma significativa resistência a penetração

(compactação).

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 75

Na Figura 8.6 mostra-se os resultados referentes as análises granulométricas

do ponto SP-06.

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A PERCUSSÃO - SP06

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

PROFUNDIDADE (m)

TE

OR

DO

MA

TE

RIA

L (

%)

ARGILA SILTE AREIA FINA AREIA MÉDIA AREIA GROSSA PEDREGULHO

ARGILA 83 44 48 16 47

SILTE 10 6 5 12 9

AREIA FINA 3 19 14 22 24

AREIA MÉDIA 2 22 20 31 15

AREIA GROSSA 2 9 13 17 5

PEDREGULHO 0 0 0 2 0

4,50 - 5,00 5,00 - 6,00 6,00 - 6,50 6,50 -7,00 7,00 -8,00

FIGURA 8.6: Análise Granulométrica - Sondagem a Percussão – SP06.

Para o ponto SP-06 verifica-se a predominância, significativa, de material

argiloso (média =47,60% ± 23,80%) nas camadas adjacentes ao lixo (4,50 – 5,00 m)

o que indica um comportamento semelhante aos demais furos. Considerando a

proximidade dos furos SP-04 e SP-06 observa-se que as camadas adjacentes ao

lixo apresentam características similares. Assim sendo, pode-se dizer que existe

uma relação física entre as camadas dos furos mencionados acima. Similar ao

comportamento das sondagens anteriores, o ponto SP-06 possui uma concentração

significativa de Al e Fe, em comparação ao demais metais.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 76

A seguir, no Gráfico 8.3, apresentam-se os resultados quantitativos de metais

para o ponto SP-06.

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A PERCUSSÃO - SP06

0,10

1,00

10,00

100,00

1.000,00

4,50 - 5,00 5,00 - 6,00 6,00 - 6,50 6,50 -7,00 7,00 -8,00

PROFUNDIDADE (m)

CO

NC

EN

TR

ÃO

(p

pm

)

Al Cr Cu Fe Mn Pb Zn

GRÁFICO 8.3: Concentração de Metais Pesados em Solos – SP06.

Similar ao comportamento das sondagens anteriores, o ponto SP-06, possui

uma concentração significativa de Al e Fe, em comparação ao demais metais.

Aponta-se que neste ponto os valores dos outros elementos estão dentro dos

admissíveis pela literatura.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 77

A Figura 8.7 mostra-nos a estratigrafia do solo para o ponto SP-10, situado no

ponto de drenagem da bacia.

FIGURA 8.7: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP10.

Este furo foi realizado em 05 de setembro de 2001. Nele verifica-se uma

camada de lixo de aproximadamente 1,80 m, sendo esta retirada com o trado,

diante da dificuldade da penetração do SPT. A sondagem teve como camada limite

a profundidade de 6,90 m em função das limitações do equipamento. Inicialmente

aponta-se para a presença duas camadas argilosas, diferenciadas pela coloração e

teor de argila, seguida de uma camada de 3 m de areia, posteriormente, retornando

a um solo argiloso. Ressalta-se a importância deste ponto face a sua localização,

uma vez que ele esta no ponto de drenagem da bacia do lixão onde, segundo a

hipótese inicial deste trabalho, esperavam-se as maiores concentrações dos

elementos quantificados, ou seja, maior poluição.

Nesta sondagem não foram realizadas análises granulométricas em virtude

da pouca quantidade de amostras, contudo, realizou-se a determinação dos níveis

de metais pesados sendo os resultados apresentados no Gráfico 8.4.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 78

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A PERCUSSÃO -SP10

0,00

0,01

0,10

1,00

10,00

100,00

1.000,00

10.000,00

1,80 - 3,00 3,00 - 6,00 6,00 - 6,90

PROFUNDIDADE (m)

CONCENTRAÇÃO

Al Cd Cr Cu Fe Mn Ni Pb Zn

GRÁFICO 8.4: Concentração de Metais Pesados em Solos – SP10.

Curiosamente aponta-se para a não detecção de Al nas duas primeiras

camadas, encontrando-se, somente na última os valores 10 vezes inferiores aos

encontrados nos demais furos (Al6,00-6,90=25,96 ppm), até então apresentados.

Contudo o Fe apresenta-se com ordem de grandeza 10 vezes superior aos valores

citados nos outros pontos, mesmo não sendo detectado na primeira camada,

ocorrendo a maior concentração na última camada (Fe6,00-6,90=3.775,24ppm). O

elemento Cr excede os limites de referência estabelecidos pela CETESB (2000) na

camada de 3,00 a 6,00 m, se observamos em níveis médios notamos que este

mesmo elemento adequa-se aos valores normais para solo (36,78 ± 5,90 ppm).

Aponta-se que os demais parâmetros estão em consonância com os níveis normais.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 79

Finalizando a técnica de sondagem a percussão mostra-se na Figura 8.8 os

resultados da análise tátil-visual realizada no ponto SP-12.

FIGURA 8.8: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP12.

A sondagem teve como limite a profundidade de 6,42 m sendo encontrado o

nível d’água a 2,00 m. Este ponto refere-se a entrada/saída de caminhões do lixão

(portão principal). Com uma pequena camada de resíduos (0,15 m) e com variações

sucessivas de camadas o ponto SP-12 limitou-se pela significativa dificuldade de

penetração no material argiloso (elevado grau de compactação).

Neste ponto, tal qual o SP-10, não foram realizadas análises granulométricas

pela mesma dificuldade citada anteriormente, contudo, os níveis dos diversos metais

foram mensurados e estão apresentados no Gráfico 8.5.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 80

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A PERCUSSÃO - SP12

0,00

0,01

0,10

1,00

10,00

100,00

1.000,00

10.000,00

100.000,00

0,15 -0,60 0,60 - 2,50 2,50 - 2,90 2,90 - 3,50 3,50 - 4,40 4,40 - 6,42

PROFUNDIDADE (m)

CO

NC

EN

TR

ÃO

(p

pm

)Al Cd Cr Cu Fe Mn Ni Pb Zn

GRÁFICO 8.5: Concentração de Metais Pesados em Solos – SP12.

Neste ponto relata-se o comportamento do Al e Fe que encontram-se em

ordens de grandeza, aproximadamente, 30 vezes maior que os pontos SP-02; 04 e

06. Isto pode ser verificado na camada de 2,50 a 2,90 m onde os valores de Al

chegam a 13.068 ppm, enquanto que o Fe chega ao seu valor máximo, 15.164 ppm,

na camada de 0,60 a 2,50 m. O Cr excede aos valores de referência em todas as

camadas abaixo da primeira camada (0,15 - 0,60 m), estando a camada de 0,60 a

2,50 m fora dos limites de alerta. Os demais elementos não agridem os limites

estabelecidos pela literatura em nenhum dos estratos de solo.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 81

8.2- SONDAGENS A TRADO (ST)

As apresentações dos valores encontrados pela sondagem a trado se farão

presentes neste momento. Começando-se pela Figura 8.9 onde é mostrado o perfil

tátil-visual do ponto ST-01.

FIGURA 8.9: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST01.

Para este ponto verificou-se um nível d’água (N.A) de 4,70 m de profundidade

sendo o limite da sondagem em 5,70 m de profundidade. Essencialmente verifica-se

a predominância de duas camadas distintas, constituídas de argila e areia. Este

ponto pode ser comparado ao perfil do furo SP-02 uma vez que estes pontos são

próximos. Desta forma verifica-se que a camada argilosa segue um comportamento

de similaridade entre estes pontos (ST01= 4,7 m & SP02= 4,0 m). A confirmação, ou

não, deste comportamento vem apresentada na Figura 8.10, onde apresentam-se

os resultados das análises físicas do solo.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 82

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST01

-

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

PROFUNDIDADE (m)

TE

OR

DO

MA

TE

RIA

L (

%)

ARGILA SILTE AREIA FINA AREIA MÉDIA AREIA GROSSA PEDREGULHO

ARGILA 28,0 17,0 11,0 10,0

SILTE 19,0 28,0 28,0 22,0

AREIA FINA 18,0 19,0 16,0 14,0

AREIA MÉDIA 25,0 24,0 30,0 36,0

AREIA GROSSA 9,0 11,0 14,0 17,0

PEDREGULHO 1,0 1,0 1,0 1,0

0,00 - 1,40 1,40 - 3,30 3,30 - 4,70 4,70 - 5,70

FIGURA 8.10: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST01.

Este ponto possui característica arenosa (∑ teores de areia = 58,25%),

contudo verifica-se a presença de argila nas camadas até 1,40 m de profundidade e

de argila após esta cota. Esta constatação contrapõem-se ao apresentado no perfil

estratigráfico onde considera o ponto como, em sua maioria, sendo argiloso.

Considerando a localização deste furo pode-se indicar que este ponto será um

ponto de “branco”, ou seja, segue a premissa da hipótese inicial do trabalho sobre o

transporte de poluentes dar-se segundo a topografia da área. O local deste ponto é

um dos que possui cota mais elevada, podendo, assim, assumir a função de ponto

de base para os demais furos, ou branco. Ele esta localizado dentro do CIEP.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 83

O comportamento dos diversos metais quantificados, para o ponto ST-01, são

descritos no Gráfico 8.6.

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST01

0,00

0,01

0,10

1,00

10,00

100,00

1000,00

10000,00

100000,00

0,00 - 1,40 1,40 - 3,30 3,30 - 4,70 4,70 - 5,70

PROFUNDIDADE (m)

CO

NC

EN

TR

ÃO

(p

pm

)

Al Cd Cr Cu Fe Mn Ni Pb Zn

GRÁFICO 8.6: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST01.

Neste local nota-se um comportamento similar aos pontos citados até então.

O comportamento do Al e Fe segue similar aos níveis encontrados nos pontos SP-

12, enquanto que os demais elementos encontram-se com níveis bem abaixo dos

preconizados pela literatura Estes elevados valores de Al e Fe podem ser

justificados pelas características do material de empréstimo, uma vez que o local do

ponto ST-01 foi todo aterrado (parte interna do CIEP).

Desta forma podem ser considerados os valores, então, encontrados para

este ponto como o “background” do local, de maneira intuitiva, preliminar e

hipotética, para verificação da possível correlação entre os furos de sondagem. A

seguir apresenta-se as análises realizadas no ponto ST-02 iniciando-se pelo perfil

estratigráfico na Figura 8.11.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 84

FIGURA 8.11: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST02.

No ponto ST-02 a sondagem ficou limitada a profundidade de 3,80 m,

estando o nível d’água a 3,5m. Nesta análise verifica-se a característica argilosa do

ponto até 3,5 m de profundidade e a partir daí tem-se areia. Lembra-se que este

ponto encontra-se próximo ao SP-02 que não possuem depósito de resíduos em

suas áreas.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 85

A Figura 8.12 mostra o comportamento deste ponto no tocante a

granulometria.

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST02

0

5

10

15

20

25

30

35

PROFUNDIDAE (m)

TE

OR

DO

MA

TE

RIA

L (

%)

ARGILA SILTE AREIA FINA AREIA MÉDIA AREIA GROSSA PEDREGULHO

ARGILA 33 27 16

SILTE 9 12 26

AREIA FINA 20 15 16

AREIA MÉDIA 26 28 32

AREIA GROSSA 11 17 10

PEDREGULHO 1 1 0

0 - 2,50 2,50 - 3,50 3,50 - 3,80

FIGURA 8.12: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST02.

A figura acima vem sobrepor ao citado na análise tátil-visual, pois verifica-se a

presença de material arenoso (areia = 58,33%), e não argiloso (25,33%). Esta

avaliação é feita sobre os valores médios para o furo. Desta forma afirma-se que

este furo é essencialmente arenoso tendo uma variação de arenoso argiloso, na

profundidade de 3,50 m, para arenoso siltoso.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 86

No Gráfico 8.7 podem ser vistos os valores de metais pesados para este

ponto.

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST02

0,00

0,01

0,10

1,00

10,00

100,00

1.000,00

10.000,00

100.000,00

0 - 2,50 2,50 - 3,50 3,50 - 3,80

PROFUNDIDADE (m)

CO

NC

EN

TR

ÃO

(p

pm

)

Al Cd Cr Cu Fe Mn Ni Pb Zn

GRÁFICO 8.7: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST02.

O gráfico acima ressalta um comportamento de discordância a valores de

referência citados na literatura no tocante ao cromo. Este elemento possui valor

igual a 54,78 ± 6,15 ppm. Analisando as camadas verifica-se que todas possuem

este comportamento tendo a segunda camada o valor mais significativo (Cr2,50-

3,50=61,30 ppm) Nesta camada é onde encontra-se o maior teor de areia (60%). Os

demais elementos encontram-se em acordo aos limites normais dito para solos pela

literatura citada no Capitulo anterior.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 87

A seguir apresenta-se o perfil estratigráfico do ponto ST-03 na Figura 8.13.

FIGURA 8.13: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST03.

O ponto ST-03 teve a profundidade de 1,00 m com N.A de 0,55 m com

características arenosas até 0,30 m, ocorrendo neste ponto uma mudança de

camada para areia argilosa.

A Figura 8.14 retrata o comportamento granulométrico do ponto em questão.

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST03

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

PROFUNDIDADE (m)

TE

OR

ES

DO

MA

TE

RIA

L (

%)

ARGILA SILTE AREIA FINA AREIA MEDIA AREIA GROSSA PEDREGULHO

ARGILA 14 29

SILTE 10 13

AREIA FINA 14 4

AREIA MEDIA 44 26

AREIA GROSSA 18 28

PEDREGULHO 0 0

0 - 0,30 0,30 - 1,00

FIGURA 8.14: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST03.

Para o ponto ST-03 observa-se que na camada superficial (0,00 – 0,30 m)

encontra-se significativa concentração de areia (areia média = 44%), com presença

de argila, corroborando com o perfil estratigráfico que indica para este ponto uma

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 88

característica arenosa. Comportamento similar segue a camada adjacente, sendo

que os teores de argila, desta feita, são mais próximos aos níveis de areia (argila =

29% e areia grossa = 28%). Sendo assim, pode-se considerar este ponto como

sendo, essencialmente, areno-argiloso.

Os resultados dos níveis de metais pesados encontrados nas diferentes

camadas de solo são apresentadas no Gráfico 8.8.

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST03

0,00

0,01

0,10

1,00

10,00

100,00

1000,00

10000,00

100000,00

0 - 0,30 0,30 - 1,00

PROFUNDIDADE (m)

CO

NC

EN

TR

ÃO

(p

pm

)

Al Cd Cr Cu Fe Mn Ni Pb Zn

GRÁFICO 8.8: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST03.

Aponta-se, para este ponto, a concordância dos elementos avaliados com os

citados pela literatura, contudo, indica-se para o comportamento dos elementos Al e

Fe, que mostram uma ordem de grandeza, significativamente, superior aos pontos

SP-02, SP-04 e SP-06, isto pode ser atribuído a característica arenosa dos locais

apontados, também, nos pontos ST-01 e 02.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 89

As camadas de solo do ponto ST-04 são mostradas na Figura 8.15

FIGURA 8.15: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST04.

A sondagem limitou-se a 2,65 m de profundidade, com N.A em 2,15 m.

Excetuando-se a camada de cobertura, verifica-se a presença significativa de argila

o que atribui ao ponto dificuldades na sondagem, segundo esta metodologia.

A granulometria do ponto é descrita na Figura 8.16 que segue abaixo.

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST04

0

5

10

15

20

25

30

35

PROFUNDIDADE (m)

TE

OR

ES

DO

MA

TE

RIA

L (

%)

ARGILA SILTE AREIA FINA AREIA MÉDIA AREIA GROSSA PEDREGULHO

ARGILA 13 25 20 14

SILTE 15 19 18 19

AREIA FINA 32 24 22 26

AREIA MÉDIA 31 22 22 27

AREIA GROSSA 9 9 10 10

PEDREGULHO 0 1 8 4

0,00 - 0,80 0,80 - 1,60 1,60 - 2,25 2,25 - 2,65

FIGURA 8.16: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST04.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 90

Avaliando o ponto ST-04 encontrou-se elevados teores de areia (areia fina =

26,0% e areia média= 25,5%), e pouco material argiloso (argila= 18%), contrariando

o perfil estratigráfico. Este furo não foi contemplado com análises químicas para

verificação do nível de metais pesados, haja vista a pequena quantidade de

amostras, resultantes do ensaio físico. Contudo, considera-se de altíssima

importância tal ponto, pois está situado próximo ao ponto de drenagem da micro-

bacia do lixão. Isto deverá ser confrontado com os estudos dos furos ST-12 e SP-

10, que encontram-se na região próxima ao ponto em questão.

Apresenta-se, neste momento os pontos opostos aos até então,

apresentados, pois os mesmos situam-se no que considera-se como ponto de

recarga ou mesmo à montante do ponto de drenagem da bacia do lixão. Os furos,

considerados de recarga, são: ST-05; ST-06 e ST-07. Iniciando-se a apresentação

pelo ponto ST-05, Figura 8.17, com a estratigrafia do solo.

FIGURA 8.17: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST05.

O limite da sondagem para o ponto ST-05 foi de 5,50m de profundidade com

nível d’água na cota 4,96 m. Percebe-se uma lente de areia a 5,10 m com

espessura de, aproximadamente, 10 cm. Esta camada arenosa será de grande

importância em se tratando de transporte mássico horizontal.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 91

A Figura 8.18 apresenta os resultados da análise granulométrica para o ponto

ST-05.

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST05

0

10

20

30

40

50

60

70

PROFUNDIDADE (m)

TE

OR

ES

DO

MA

TE

RIA

L (

%)

ARGILA SILTE AREIA FINA AREIA MÉDIA AREIA GROSSA PEDREGULHO

ARGILA 17 24 47 46 38 61 30

SILTE 15 17 11 21 25 23 11

AREIA FINA 14 12 9 10 7 6 4

AREIA MÉDIA 24 34 18 11 13 5 16

AREIA GROSSA 27 11 14 12 16 5 39

PEDREGULHO 3 2 1 0 1 0 0

0 - 0,20 0,20 - 2,30 2,30 - 3,00 3,00 - 4,40 4,40 - 4,90 4,90 - 5,10 5,10 -5,50

FIGURA 8.18: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST05.

A figura retrata um comportamento crescente, para o ponto ST-05, dos níveis

de argila nas três primeiras camadas (0,00 a 0,20m, 0,20 a 2,30m e 2,30 a 3,00m),

onde nas duas primeiras (0,00 a 0,20m e 0,20 a 2,30m) não houveram

predominância deste tipo de material. Contudo, avaliando-se o furo como um todo,

observa-se que a predominância, em média, é de areia (43,86%). A presença de

finos caracteriza este ponto, uma vez que o segundo maior teor é de argila

(37,57%). Desta forma indica-se que o furo é areno-argiloso com uma camada (2,30

a 5,10 m) argilo-siltoso, ratificando ao encontrado na análise tátil-visual.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 92

As concentrações de metais pesados no solo para o ponto ST-05 são

descritas no Gráfico 8.9.

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST05

0,00

0,01

0,10

1,00

10,00

100,00

1.000,00

10.000,00

100.000,00

0 - 0,20 0,20 - 2,30 2,30 - 3,00 3,00 - 4,40 4,40 - 4,90 4,90 - 5,10 5,10 -5,50

PROFUNDIDADE (m)

CO

NC

EN

TR

ÃO

(p

pm

)

Al Cd Cr Cu Fe Mn Ni Pb Zn

GRÁFICO 8.9: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST05.

Os elevados teores de Al e Fe (Al ≈ 38.000,00 ppm e Fe ≈ 27.000,00 ppm)

vêm comprovando a hipótese de que estes níveis são função do tipo de material

local. Todos os parâmetros encontram-se dentro dos limites de referência ou

normais para solo, exceto o Zn que na primeira camada (Zn0,00 - 0,20m = 89,82 ppm)

extrapola concentrações tidas como valores normais de 60 ppm.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 93

A estratigrafia do ponto ST-06 é apresentada na Figura 8.19.

FIGURA 8.19: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST06.

Com N.A de 3,90 m de profundidade e limite de sondagem de 4,50 m

apresenta-se o ponto ST-06. Neste furo aponta-se para existência de uma camada

laterítica que limitou a sondagem com esta metodologia.

Aponta-se para este ponto a identificação de duas camadas sendo a primeira

de areia argilosa de cor marrom (0,50 m de espessura) e a segunda uma argila

arenosa, com cor cinza.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 94

A seguir são apresentados os resultados granulométricos, Figura 8.20, do

ponto ST-06.

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST06

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

PROFUNDIDADE (m)

TE

OR

ES

DO

MA

TE

RIA

L (

%)

ARGILA SILTE AREIA FINA AREIA MÉDIA AREIA GROSSA PEDREGULHO

ARGILA 16 16 33 29 41

SILTE 15 41 15 11 13

AREIA FINA 21 12 13 14 9

AREIA MÉDIA 31 18 22 25 21

AREIA GROSSA 12 10 12 16 14

PEDREGULHO 5 3 5 5 2

0 - 0,50 0,50 - 1,80 1,80 - 2,30 2,30 - 3,60 3,60 - 4,50

FIGURA 8.20: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST06.

No ponto ST-06 indica-se a presença de finos (argila = 27% e silte = 19%),

contudo aponta-se para a predominância de areia (50,00%). A camada até 0,50 m

de profundidade caracteriza-se como uma areia argilosa e, a partir deste ponto têm-

se uma camada de silte-arenoso até a profundidade de 1,80 m, seguindo até o final

da sondagem com uma camada areno-argilosa, com os teores de argila crescentes

até o final do ensaio.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 95

Sendo assim, pode-se apresentar os resultados dos ensaios químicos

realizados no ponto ST-06, Figura 8.10.

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST06

0,00

0,01

0,10

1,00

10,00

100,00

1.000,00

10.000,00

100.000,00

0 - 0,50 0,50 - 1,80 1,80 - 2,30 2,30 - 3,60 3,60 - 4,50

PROFUNDIDADE (m)

CO

NC

EN

TR

ÃO

(p

pm

)

Al Cd Cr Cu Fe Mn Ni Pb Zn

GRÁFICO 8.10: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST06.

O comportamento do Al e Fe seguem os padrões encontrados nos demais

pontos, enquanto que o cromo, na quarta e quinta camadas (2,30 – 3,60m e 3,60 –

4,60m, respectivamente), excede os valores de referência indicados pela CETESB

(2000), que estabelece 40 ppm como valor de referência e 75 ppm como valor de

alerta, para este elemento. Ressalta-se que os valores excederam, tão somente, os

limites de referência, estando abaixo dos valores de alerta (Cr2,30 –3,60= 48,66 ppm e

Cr3,60 – 4,50= 51,02 ppm).

Acusa-se que os demais valores estão em conformidade aos valores

preconizados pelos diversos autores.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 96

O perfil estratigráfico do ponto ST-07 é mostrado a seguir na Figura 8.21.

FIGURA 8.21: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST07.

Neste perfil verifica-se a presença da lente de areia a uma profundidade de

5,80m, o que havia sido encontrado no furo anterior (ST-06), contudo, constatou-se

que esta camada faz-se presente quando refinada na análise granulométrica. Este

furo apresentou o N.A à profundidade de 7,65 m e limite da sondagem em 8,10 m.

Este ponto finaliza a malha considerada à montante do lixão, com pouca

interferência de lixo, ou praticamente nenhuma.

As análises físicas para este ponto são mostradas na Figura 8.22 que segue.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 97

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST07

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

PROFUNDIDADE (m)

TE

OR

ES

DO

MA

TE

RIA

L (

%)

ARGILA SILTE AREIA FINA AREIA MÉDIA AREIA GROSSA PEDREGULHO

ARGILA 14 31 16 10 26 31 40

SILTE 13 13 25 21 12 10 15

AREIA FINA 26 18 19 21 16 14 13

AREIA MÉDIA 36 27 29 31 29 26 19

AREIA GROSSA 10 10 10 12 15 16 11

PEDREGULHO 1 1 1 5 2 3 2

0,00 - 1,20 1,20 - 3,30 3,30 - 5,80 5,80 - 6,00 6,00 - 6,75 6,75 - 7,75 7,75 - 8,10

FIGURA 8.22: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST07.

Esta figura mostra um comportamento similar do ST-07 aos furos ST-05 e

ST-06. Com presença de areia (58,29%), seguida de finos (argila= 24% e silte =

15,57%) o que indica um solo areno-argiloso, em se tratando do perfil como um todo

(valores médios). Todavia vale apontar a presença de pedregulho em todas as

camadas do perfil, principalmente, nas mais profundas (8,10 m). Sendo o ensaio

limitado pela presença de laterita e/ou, ainda, pequenos cascalhos. Indica-se uma

observação ao fato de que, para quase todo o perfil, as características são similares

a característica do furo como um todo (arenoso argiloso). Sendo assim acusa-se tal

característica para este ponto, salientando-se a proximidade com os resultados

citados na análise tátil-visual.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 98

Os resultados da quantificação dos metais pesados nos diversos extratos de

solo no ponto ST-07 são apresentados no Gráfico 8.11.

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST07.

0,00

0,01

0,10

1,00

10,00

100,00

1.000,00

10.000,00

100.000,00

0,00 - 1,20 1,20 - 3,30 3,30 - 5,80 5,80 - 6,00 6,00 - 6,75 6,75 - 7,75 7,75 - 8,10

PROFUNDIDADE (m)

CO

NC

EN

TR

ÃO

(p

pm

)

Al Cd Cr Cu Fe Mn Ni Pb Zn

GRÁFICO 8.11: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST07.

O cromo apresenta níveis fora dos indicados pela CETESB (2000), (Crmédia =

51,75 ppm/ CrCETESB = 40 ppm). Analisando a estratifigráfia verifica-se que isto

ocorre na segunda, terceira (1,20 – 3,30 m e 3,30 – 5,80 m), e nas duas últimas

camadas (6,75 – 7,75 m e 7,75 – 8,10 m).

Ressalta-se que a camada de 5,80 – 6,00 m inexiste na análise de metais

pesados, uma vez que, não restou material suficiente para a quantificação dos

referidos metais, não sendo possível a realização do ensaio para esta camada.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 99

A Figura 8.23 apresenta os resultados da análise tátil visual realizada no

ponto ST-10

FIGURA 8.23: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST10.

Este ponto faz parte de uma outra malha composta pelos furos: ST-01; ST-

02; ST-03; ST-10 e ST-12. Todavia vale ressaltar que existe uma expectativa

distinta para estes pontos uma vez que ele encontra-se na drenagem da bacia,

conjuntamente ao ponto ST-12.

O limite deste furo foi de aproximadamente 5 m de profundidade com N.A de

1,26 m. Neste ponto verifica-se, ainda, a presença da lente de areia que foi citada

nos pontos do lado oposto da área (ST-06 e ST-07). Após esta camada encontra-se

um material argiloso de difícil penetração o que restringiu, em muito, a coleta neste

ponto para maiores profundidades.

Aponta-se que este furo após sua execução em 27 de setembro de 2001

esteve inundado até o mês de abril do ano seguinte. A descrição física desse furo é

descrita na Figura 8.24.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 100

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST10

0

10

20

30

40

50

60

PROFUNDIDADE (m)

TE

OR

ES

DO

MA

TE

RIA

L (

%)

ARGILA SILTE AREIA FINA AREIA MÉDIA AREIA GROSSA PEDREGULHO

ARGILA 31 44 42 48 41 31 30 49 54 52

SILTE 11 11 13 15 14 17 13 14 15 17

AREIA FINA 20 18 18 16 24 23 17 18 14 15

AREIA MÉDIA 28 20 20 15 13 21 26 12 12 9

AREIA GROSSA 10 7 7 6 7 8 14 7 5 7

PEDREGULHO 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0

0 - 0,700,70 - 1,55

1,55 - 2,20

2,20 - 2,39

2,39 - 3,01

3,01 - 3,15

3,15 - 3,30

3,30 - 3,56

3,56 - 5,00

5,00 - 5,21

FIGURA 8.24: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST10.

No ponto ST-10 nota-se que a sexta e sétima camadas (3,01 – 3,15 m e 3,15

– 3,30m) são muito pequenas e podem ser entendidas como uma só, face à

proximidade dos valores encontrados, o que refina a análise tátil-visual, ratificando a

presença de areia, principalmente areia média. O furo caracteriza-se pela,

significativa, presença de argila (42,20%) e areia (43,70%), ocorrendo de forma

similar nos extratos de solo, onde nas maiores profundidades ocorreram as maiores

concentrações de argila (argila3,56-5,00= 54% e argila5,00-5,21= 52%). Poder-se-ia,

então, atribuir ao furo uma característica areno-argiloso, contudo verifica-se a

alternância entre camadas argilo-arenoso e areno-argiloso nas diversas

profundidades, resultando no seguinte perfil: até 2,20 m de profundidade areia

argilosa, deste ponto até 2,40 m, argilo-arenosa, desta cota até 3,20 m a presença,

novamente, de areia argilosa, em seguida a esta camada retorna a camada argilo-

arenosa permanecendo até o fim da sondagem.

A sondagem limitou-se a esta profundidade face às limitações do

equipamento: baixa penetrabilidade em solos compactados, saturados e adensados.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 101

As análises de metais pesados para o ponto ST-10 encontram-se descritas

no Gráfico 8.12 que segue abaixo.

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST10.

0,00

0,01

0,10

1,00

10,00

100,00

1.000,00

10.000,00

100.000,00

0 - 0,70 0,70 - 1,55 1,55 - 2,20 2,20 - 2,39 2,39 - 3,01 3,01 - 3,15 3,15 - 3,30 3,30 - 3,56 3,56 - 5,00 5,00 - 5,21

Profundidade (m)

Co

nce

ntr

ação

(p

pm

)

Al Cd Cr Cu Fe Mn Ni Pb Zn

GRÁFICO 8.12: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST10.

Os valores de Cr excedem as concentrações de referência da CETESB

(2000), contudo encontram-se dentro dos limites ditos como normais (5 a 100 ppm)

estabelecidos por Shaeffer (1984). A segunda, terceira, quarta, quinta, nona e

décima camadas excedem, ainda, valores de alerta indicados pela CETESB (2000).

Considerando-se o posicionamento dos furos pode-se ver que este ponto e o furo

ST-07 encontram-se em lados opostos, o que inclina a indicar um possível

acréscimo deste parâmetro no percurso entre esses dois pontos (ST-07Cr= 51,75

ppm e ST-10Cr= 75,06 ppm).

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 102

A Figura 8.25 apresenta o comportamento estratigráfico do ponto ST-12.

FIGURA 8.25: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST12.

Este ponto, ST-12, segundo as preposições deste trabalho, deve ser

considerado de altíssima importância, pois nele, em tese, é que se encontrariam os

maiores valores de metais. Tal afirmação é baseada na localização do mesmo. A

localização se dá, exatamente, na saída da bacia, onde existia a passagem do

corpo hídrico superficial o qual foi obstruído pela estrada (ver Figura Capitulo VII:

Metodologia). A sondagem limitou-se a 5,80 m de profundidade com nível d’água de

aproximadamente 0,60 m. Devido a sua localização o fenômeno de inundação

também ocorreu neste ponto, e para o mesmo período.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 103

As análises granulométricas são apresentadas na Figura 8.26.

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST12

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

PROFUNDIDADE (m)

TE

OR

DO

MA

TE

RIA

L (

%)

ARGILA SILTE AREIA FINA AREIA MÉDIA AREIA GROSSA

ARGILA 17 9 15 30

SILTE 9 12 16 13

AREIA FINA 17 17 23 23

AREIA MÉDIA 40 42 31 25

AREIA GROSSA 17 20 14 9

2,03 - 3,48 3,48 - 3,86 3,86 - 5,16 5,16 - 5,80

FIGURA 8.26: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST12.

A camada superior à primeira profundidade mostrada no gráfico refere-se a

coluna de lixo, não havendo caracterização física e química deste material.

Verificou-se que o furo é arenoso (∑ teores de areia = 69,50%), o que pode ser

observado ao longo das camadas. Vale lembrar que este furo compõe o ponto de

drenagem da sub-bacia do lixão, juntamente com o furo SP-10. Esta camada

arenosa poder-se-á estar sendo utilizada para a filtragem dos poluentes carreados

pela massa líquida, pelos processos de advecção e dispersão hidrodinâmica, uma

vez que pela característica da área (planície de inundação) tem-se o escoamento

sub-superficial, preferencialmente, horizontal. Aponta-se para a similaridade entre a

camada arenosa encontrada em ambos os furos à profundidade abaixo da camada

de resíduos.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 104

O Gráfico 8.13 mostra os níveis de metais pesados encontrados no ponto ST-

12.

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST12.

0,00

0,01

0,10

1,00

10,00

100,00

1.000,00

10.000,00

100.000,00

2,03 - 3,48 3,48 - 3,86 3,86 - 5,16 5,16 - 5,80

PROFUNDIDADE (m)

CO

NC

EN

TR

ÃO

(p

pm

)

Al Cd Cr Cu Fe Mn Ni Pb Zn

GRÁFICO 8.13: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST12.

Como citado anteriormente, as camadas superiores à primeira camada (2,03

– 3,48 m), referenda aos detritos pertinentes ao local (lixo). Neste ponto o elemento

Cr está fora dos limites de referência (CETESB; 2000). Apresentando uma

concentração média de 41,76 ppm, porém o descumprimento ocorre somente em

duas das quatro camadas, sendo estas: a terceira e a quarta camadas (Cr3,86 – 5,16=

42,71 ppm e Cr5,16 – 5,80= 50,50 ppm). Indica-se que os demais elementos .elementos

encontram-se em conformidade com a literatura citada.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 105

A Figura 8.27 apresenta a análise tátil-visual para o ponto ST-14.

FIGURA 8.27: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST14.

O ponto ST-14 compõe a malha dos furos ST-05, ST-06 e ST-07, na parte

mais baixa do lixão, todavia indica-se que os pontos citados encontram-se no ponto

mais elevado do terreno, e o ponto em questão encontra-se próximo à divisa do

terreno e dentro da ADRSU, ao contrário dos demais que estão em áreas vizinhas.

Sendo assim, considera-se estes pontos como isentos de poluição e/ou

contaminação. A sondagem limitou-se a profundidade de 4,96 m encontrando o N.A

a 1,54 m.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 106

A análise física do ponto ST-14 é mostrada na Figura 8.28.

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST14

0

10

20

30

40

50

60

70

PROFUNDIDADE (m)

TE

OR

DO

MA

TE

RIA

L (

%)

ARGILA SILTE AREIA FINA AREIA MÉDA AREIA GROSSA

ARGILA 35 18 21 25 37 61 49 48 50 49 45

SILTE 30 14 8 10 19 26 22 25 27 23 23

AREIA FINA 12 15 7 20 17 9 13 14 11 12 13

AREIA MÉDA 17 35 35 30 16 3 10 8 8 10 14

AREIA GROSSA 6 18 29 14 10 1 6 5 4 6 3

0,00 - 1,07

1,07 - 1,30

1,30 - 1,80

1,80 - 2,00

2,00 - 2,98

2,98 - 3,15

3,15 - 3,25

3,25 - 3,41

3,41 - 3,60

3,60 - 3,95

3,95 - 4,36

FIGURA 8.28: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST14.

Nota-se a predominância de argila (39,82%). A presença de finos é verificada

em inúmeras camadas, fundamentalmente, nas camadas abaixo de 2,98m de

profundidade. Isto pode ser verificado no perfil estratigráfico, onde nestas camadas

verificou-se a ocorrência de laterita, coincidindo com a última camada encontrada no

ponto ST-12 (aproximadamente 5 m de profundidade). Este ponto segue a

configuração arenosa até a profundidade de 2,98 m, a partir deste ponto apresenta-

se uma camada argilo-silto-arenosa.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 107

A seguir, no Gráfico 8.14, apresentamos as concentrações dos metais

quantificados para o ponto ST-14.

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST14.

0,00

0,10

10,00

1.000,00

100.000,00

0,00 - 1,07 1,07 - 1,30 1,30 - 1,80 1,80 - 2,00 2,00 - 2,98 2,98 - 3,15 3,15 - 3,25 3,25 - 3,41 3,41 - 3,60 3,60 - 3,95 3,95 - 4,36

PROFUNDIDADE (m)

CO

NC

EN

TR

ÃO

(p

pm

)

Al Cd Cr Cu Fe Mn Ni Pb Zn

GRÁFICO 8.14: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST14.

Neste ponto acusa-se a concordância do elemento cromo com os valores

considerados normais para solo, de 5 a 100 ppm, segundo Schaeffer (1984).

Todavia, encontra-se acima dos valores estabelecidos como referência de 40 ppm,

CETESB (2000). O valor médio encontrado para este elemento foi de 62,86 ± 11,87

ppm (CV = 19%). Aponta-se para a sexta camada (2,98 – 3,15m) como a de maior

concentração deste metal (Cr2,98–3,15= 81,18 ppm), valor este que excede, até

mesmo, o limite de alerta preconizado pela CETESB (2000) de 75 ppm. Isto se deve

ao fato da elevada concentração de material argiloso (61%), caracterizando a

adsorção deste elemento no referido material. Possivelmente esta camada funciona

como uma barreira física para a retenção de material, o que eleva significativamente

a concentração dos poluentes para este ponto.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 108

Análogo ao cromo, tem-se o chumbo, uma vez que este está dentro dos

limites ditos como normais, de 5- 50 ppm, segundo Schaeffer (1984), porém a

primeira, quarta e quinta camadas encontram-se fora dos valores de referência

(Pb0,00-1,07= 20,04 ppm; Pb1,80-2,00=18,59 ppm e Pb2,00-2,98= 18,71 ppm/ Referência 17

ppm), estabelecidos por CETESB (2000). Face a discrepância dos valores

encontrados muito pouco se pode inferir sobre o comportamento deste

contaminante, sendo atribuída a maior concentração a camada superficial.

O ponto ST-16 apresenta seu perfil estratigráfico conforme a Figura 8.29.

FIGURA 8.29: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST16.

O ponto possui uma camada de aproximadamente 2 m de lixo, estando

situado próximo ao ST-14, finalizando a malha amostral deste lado do lixão,,

composta pelos pontos: ST-14, 16, 22 e 12; correspondendo a parte mais baixa do

lixão. Limitando o ensaio a profundidade de 5,33 m, este ponto apresenta

características similares ao ponto anteriormente citado e com nível d’água na

camada de lixo, a 0,80 m.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 109

Os resultados do ponto ST-16 referente a quantificação dos teores dos

diversos constituintes do solo encontram-se na Figura 8.30.

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST16

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

PROFUNDIDADE (m)

TE

OR

DO

MA

TE

RIA

L (

%)

ARGILA SILTE AREIA FINA AREIA MÉDIA PEDREGULHO GULHO %

ARGILA 10 6 18 78 40 34

SILTE 16 39 46 17 19 19

AREIA FINA 24 29 19 3 13 13

AREIA MÉDIA 38 20 14 1 19 19

PEDREGULHO 10 6 3 1 9 9

GULHO % 2 0 0 0 0 0

0,00 - 0,70 0,70 - 2,00 2,00 - 2,30 2,30 - 4,33 4,33 - 5,00 5,00 - 5,33

FIGURA 8.30: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST16.

Considera-se o furo ST-16 como arenoso (41,67 ± 22,25Observando-se o

perfil verifica-se a existência de quatro camadas distintas, sendo a primeira à

profundidade de 2,0 m constituída de areia siltosa. A Segunda camada, até 2,30 m,

é um silte arenoso, enquanto que desta profundidade até 4,33 m tem-se uma argila

siltosa, até que encontramos, no quarto extrato, uma areia argilosa.

Possivelmente exista uma correlação entre esta sondagem e o ST-14;

contudo aponta-se para a profundidade de 2,98m a camada mais argilosa do ST-14,

enquanto que para o ST-16 esta camada encontra-se a 2,30 m de profundidade.

Este fato, contraria o acompanhamento do relevo, uma vez que o ST-14 encontra-se

em uma cota mais elevada a que o ST-16, distando os ponto de aproximadamente

15 m.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 110

A seguir, no Gráfico 8.15, apresentam-se as concentrações dos metais

quantificados para o ponto ST-16.

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST16

0,00

0,01

0,10

1,00

10,00

100,00

1.000,00

10.000,00

100.000,00

0,00 - 0,70 0,70 - 2,00 2,00 - 2,30 2,30 - 4,33 4,33 - 5,00 5,00 - 5,33

PROFUNDIDADE (m)

CO

NC

EN

TR

ÃO

(p

pm

)

Al Cd Cr Cu Fe Mn Ni Pb Zn

GRÁFICO 8.15: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST16.

O elemento cromo segue indicações acima do valor de referência (Cr=69 ±

19,78 ppm/CrCETESB=45 ppm). As segunda e terceira camadas estão acima dos

limites de alerta (Cr0,70-2,00= 82,81 ppm e Cr2,00-2,30= 86,27 ppm/ CrCETESB=75 ppm).

Tais valores encontram-se nas camadas areno-siltosa e silto-arenosa,

respectivamente, não se fazendo presente nas camadas com maiores teores de

argila.

O chumbo nas duas últimas camadas (4,33 – 5,00 m e 5,00 – 5,33,

respectivamente) está fora dos limites de referência (CETESB, 2000), porém, dentro

dos limites normais indicados por Schaeiffer (1984). Na segunda camada ocorre,

ainda, a não conformidade do zinco, estando este acima dos valores de referência

(Zn0,70-2,00=64,35 ppm/ZnCETESB=60 ppm).

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 111

Finalizando a apresentação dos pontos de sondagem tem-se, na Figura 8.31,

o perfil estratigráfico do furo ST-22.

FIGURA 8.31: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST22.

Neste local aparece uma camada de areia de 2,70 m de espessura, sem lixo.

O limite de coleta de amostras foi à profundidade de 4,57 m encontrando um nível

d’água de 1,00 m, aproximadamente. Este ponto concerne a uma área de fronteira

com a fazenda vizinha e por conseguinte próximo a vala de retenção de chorume.

Notadamente, aponta-se, a inadequação do local confrontando aos objetivos da

área com o perfil acima mostrado, haja vista a grande concentração de areia,

material este de pouca capacidade de retenção para o ponto em questão.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 112

As análises granulométricas para o ponto ST-22 podem ser vistas na Figura

8.32.

ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST22

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

PROFUNDIDADE (m)

TE

OR

DO

MA

TE

RIA

L (

%)

ARGILA SILTE AREIA FINA AREIA MÉDIA AREIA GROSSA PEDREGULHO

ARGILA 21 17 25 28 32 25 24 28 40

SILTE 22 12 11 15 10 7 8 7 13

AREIA FINA 16 24 24 22 21 12 12 14 16

AREIA MÉDIA 30 36 31 26 28 46 46 35 22

AREIA GROSSA 10 10 9 9 9 10 10 15 9

PEDREGULHO 1 1 0 0 0 0 0 1 0

0,00 - 0,30 0,30 - 0,57 0,57 - 0,73 0,73 - 1,15 1,15 - 2,05 2,05 - 3,10 3,10 - 3,47 3,47 - 3,95 3,95 - 4,57

FIGURA 8.32: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST22.

A sondagem foi realizada até a profundidade de 4,57 m face as dificuldades

de coleta de amostras, além da característica do material e do grau de compactação

do solo. Na maioria das camadas verifica-se significativas concentrações de areia

média, exetuando-se, a quarta, quinta e nona camadas, em que ocorre a

predominância de argila (argila0,73 – 1,15= 28%; argila 1,15 – 2,05= 32% e argila 3,95 – 4,54=

40%). Este perfil pode ser considerado como areno-argiloso em sua totalidade, o

que ratifica a estratigrafia apontada na análise tátil visual. Esta areia poderia ser

considerada como um filtro para a retenção dos contaminantes, contudo, sabemos

que em se tratando de metais pesados tal afirmativa torna-se invalida, haja vista a

baixa capacidade de adsorção da areia para este tipo de material.

SANTOS JR (2002) CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 113

A seguir, no Gráfico 8.16, apresenta-se as concentrações dos metais

quantificados para o ponto ST-22.

CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST-22

0,00

0,01

0,10

1,00

10,00

100,00

1.000,00

10.000,00

100.000,00

0,00 - 0,30 0,30 - 0,57 0,57 - 0,73 0,73 - 1,15 1,15 - 2,05 2,05 - 3,10 3,10 - 3,47 3,47 - 3,95 3,95 - 4,57

PROFUNDIDADE (m)

CO

NC

EN

TR

ÃO

(p

pm

)

Al Cd Cr Cu Fe Mn Ni Pb Zn

GRÁFICO 8.16: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST22.

O cromo possui concentração igual a 57,71 ± 12,88 ppm o que confere ao

furo de sondagem uma discordância aos valores indicados como referência,

segundo CETESB (2000). A situação ocorre de forma gradativa entre as camadas,

diretamente ao aumento de profundidade. Sendo assim, tém-se a situação critica no

ponto mais profundo (Cr3,95 – 5,04= 76,53 ppm). Criteriosamente, este parâmetro

apresenta-se maior concentração no ponto em que existe maior teor de argila.

Informa-se que os demais parâmetros encontram-se em conformidade com

os valores preconizados pela literatura mundial.

SANTOS JR (2002) CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 114

CAPÍTULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

SANTOS JR (2002) CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 115

CAPÍTULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

9.1- DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS CONTAMINANTES

Os resultados descritos no capitulo anterior serão aqui discutidos segundo a

hipótese inicial do trabalho, ou seja, que o comportamento da contaminação da

área, por metais pesados, seguirá o relevo. Desta forma apresenta-se, na Figura

9.1, uma planta plani-altimétrica da área estudada objetivando a melhor ilustração

da topografia da área.

263500.00 263600.00 263700.00 263800.00 263900.00 264000.00 264100.00

UTM X

7596100.00

7596200.00

7596300.00

7596400.00

7596500.00

7596600.00

7596700.00

UT

M Y

FIGURA 9.1: Planta Topográfica: Plani-Altimetrica.

É notório os locais de acúmulo de água segundo a topografia da área,

estando em conformidade com as hipóteses, inicialmente referendadas, no escopo

deste trabalho. Considerando estes regimes preferenciais, apresenta-se a seguir a

SANTOS JR (2002) CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 116

distribuição espacial dos elementos quantificados começando pelo Alumínio (Al) na

Figura 9.2.

263500 263600 263700 263800 263900 264000 264100

UTM X

7596100

7596200

7596300

7596400

7596500

7596600

7596700U

TM

Y

FIGURA 9.2: Isoteores de Al.

As maiores concentrações de Al encontram-se dentro da área em que

recebe, diretamente, o lixo. Desta forma pode-se atribuir tais concentrações ao

processo de sorção já que estas zonas não são saturadas. Apenas uma análise

meticulosa do líquido intersticial, que percola a zona não saturada em diferentes

profundidades no aterro, poderia associar a capacidade de retenção de

contaminantes por este solo com processos atenuadores de contaminação (e.g:

sorção).

SANTOS JR (2002) CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 117

Na Figura 9.3 apresenta-se o comportamento do elemento Cádmio (Cd).

263500 263600 263700 263800 263900 264000 264100

UTM X

7596100

7596200

7596300

7596400

7596500

7596600

7596700

UT

M Y

FIGURA 9.3: Isoteores de Cd.

As curvas de isoteores de cádmio mostram um gradiente sudoeste da

migração deste contaminante. Análogo ao alumínio, este poluente contrapõem ao

apontado inicialmente pelo autor deste trabalho, onde considerava a migração

segundo o fluxo superficial, ou seja, sudeste (SE); pois neste momento verifica-se

que, em caso de contaminação, existe uma tendência significativa ao transporte no

sentido sudoeste (SW). Isto pode indicar que esteja ocorrendo uma filtragem

natural, ou mesmo, lixiviação, podendo os contaminantes estar na coluna líquida, ou

mesmo, já inseridos à cadeia trófica.

SANTOS JR (2002) CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 118

Na Figura 9.4 apresenta-se o comportamento do elemento Cromo (Cr).

263500 263600 263700 263800 263900 264000 264100

UTM X

7596100

7596200

7596300

7596400

7596500

7596600

7596700U

TM

Y

FIGURA 9.4: Isoteores de Cr.

Como citado no Capítulo anterior, verificou-se que este parâmetro excedeu

em diversos pontos os limites estabelecidos como referência pela literatura.

Contudo, ao interpolarmos as áreas para obtenção da espacialização deste

contaminante na área estudada, verificou-se um gradiente significativo a sudoeste,

principalmente, no centro de massa do lixão.

O local onde são excedidos os limites de referência de cromo são os que

recebem lixo a mais tempo. Os valores têm um comportamento crescente nas áreas

vizinhas ao lixão, principalmente no local de empréstimo de material de cobertura

(canto superior esquerdo). Pode-se inferir que exista uma contaminação por cromo

a montante da área de estudo, isto se deve, provavelmente, a associação deste

elemento com os íons dos argilo minerais existentes nas áreas supracitadas.

SANTOS JR (2002) CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 119

Os isoteores de Cobre (Cu) são apresentados na Figura 9.5.

263500 263600 263700 263800 263900 264000 264100

UTM X

7596100

7596200

7596300

7596400

7596500

7596600

7596700

UT

M Y

FIGURA 9.5: Isoteores de Cu.

Ratificam-se os valores indicados no capitulo anterior, na análise de metais

pesados, onde este elemento não excedeu aos limites preconizados pela literatura.

Todavia ressalta-se a elevação das concentrações para o ponto próximo a lagoa no

sentido sudoeste, corroborando com os valores encontrados para os demais

elementos.

SANTOS JR (2002) CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 120

A Figura 9.6 mostra a interpolação da área para o elemento Ferro (Fe).

263500 263600 263700 263800 263900 264000 264100

UTM X

7596100

7596200

7596300

7596400

7596500

7596600

7596700U

TM

Y

FIGURA 9.6: Isoteores de Fe.

Este elemento não possui o comportamento que os demais vem

apresentando, isto pode ser justificado pela existência de material argiloso nas

áreas em que aparecem as maiores concentrações, verificadas, principalmente, nas

áreas vizinhas e nos pontos citados como branco (próximo ao CIEP ou fora da área

de disposição).

SANTOS JR (2002) CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 121

A distribuição espacial do elemento Niquel (Ni) é apresentada na Figura 9.7.

263500 263600 263700 263800 263900 264000 264100

UTM X

7596100

7596200

7596300

7596400

7596500

7596600

7596700

UT

M Y

FIGURA 9.7: Isoteores de Ni.

Os valores obtidos na interpolação natural, para este elemento, apontam para

valores significativamente abaixo dos valores normais para solos. Isto se deve ao

fato de que em nenhum dos pontos este elemento excedeu o que indica os mais

diversos autores. Sendo a migração de contaminação, por níquel, exógena, ou seja,

um processo de dentro para fora, encontrou-se os valores mais representativos fora

da área de estudo.

SANTOS JR (2002) CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 122

A apresentação dos isoteores de Chumbo (Pb) é feita na Figura 9.8.

263500 263600 263700 263800 263900 264000 264100

UTM X

7596100

7596200

7596300

7596400

7596500

7596600

7596700

UT

M Y

FIGURA 9.8: Isoteores de Pb.

Este elemento segue um comportamento similar ao cromo e ao cobre com

valores crescentes no sentido sudoeste, apresentando uma migração externa ao

lixão em pontos à montante a área de estudo. Os pontos mais críticos, que não

chegam a exceder os limites de referência citado pela literatura, apresentam-se na

extremidade esquerda do lixão próximo ao canal existente, do qual mantém a lagoa

à jusante.

SANTOS JR (2002) CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 123

Os isoteores de Manganês (Mn) são descritos na Figura 9.9.

263500 263600 263700 263800 263900 264000 264100

UTM X

7596100

7596200

7596300

7596400

7596500

7596600

7596700U

TM

Y

FIGURA 9.9: Isoteores de Mn.

Segundo a literatura este elemento tem comportamento extremamente

variado, contudo os valores encontrados neste trabalho apontam para valores muito

menores aos que podem ser considerados como contaminação. Em se tratando de

distribuição espacial o manganês não seguiu um comportamento definido, tal qual

aos demais elementos quantificados.

SANTOS JR (2002) CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 124

Finalizando a apresentação da distribuição espacial dos metais pesados

quantificados mostramos a Figura 9.10 com o elemento Zinco (Zn).

263500 263600 263700 263800 263900 264000 264100

UTM X

7596100

7596200

7596300

7596400

7596500

7596600

7596700

UT

M Y

FIGURA 9.10: Isoteores de Zn.

O zinco segue o comportamento espacial, até aqui seguido pela maioria dos

elementos, do sentido sudoeste e migrando para áreas vizinhas.

Este comportamento é justificado pelo elevado teor de argila nas áreas

vizinhas e apresentação de zonas não saturadas nessas áreas. Sabe-se que parte

da área estudada passa boa parte do ano submersa, devendo ser lixiviada, no

período de novembro a abril, o que atribui baixos valores a estes locais. Um outro

fator é a porosidade do material, ou até mesmo o aparecimento de zonas de fratura,

que possivelmente estariam servindo como sumidouro para estes contaminantes.

A contaminação pode estar, ainda, relacionada com a baixa capacidade do

solo reter contaminantes, resultante da migração horizontal dos elementos pela

zona saturada, ratificada nos perfis de solo (camadas de areia).

SANTOS JR (2002) CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 125

9.2- DIFERENÇA ENTRE METODOLOGIAS DE COLETA DE AMOSTRAS

(SPT versus TRADO).

Neste tópico apresenta-se uma breve discussão sobre a influência da

metodologia de coleta de amostras nos resultados finais. Em muito se discute tal

interferência, contudo, pouco se atribui a coleta ou a possíveis falhas na execução

dos ensaios em laboratórios.

Desta forma considerou-se a média dos valores para cada ponto amostrado,

tanto os a trado (11), quanto os de SPT (06), para os parâmetros químicos.

Com o auxilio do teste T de Student verificou-se que não existe diferença

significativa entre os resultados e, por conseguinte, nos métodos de coleta. Isto

ocorreu para todos elementos, exceto para o alumínio e o manganês onde esta

hipótese foi recusada ao nível de significância de 5%, isto se deve, possivelmente,

ao tipo de material do equipamento, que no caso do trado é constituído de ferro.

9.3- ESTUDO DE CORRELAÇÃO.

Este item discute a correlação entre os pontos de coleta e os parâmetros

químicos avaliados. Na Tabela 9.1 apresenta-se o coeficiente de correlação de

Pearson para os diversos locais de amostragem.

TABELA 9.1: Coeficiente de Correlação de Pearson – Pontos de Amostragem

A maioria dos pontos possui uma boa correlação, com exceção do ponto ST-

12 e SP-10. Isto é perfeitamente compreensível uma vez que estes pontos estão

extremamente próximos. O que destoa é a baixa correlação entre os mesmos (-

0,262).

SANTOS JR (2002) CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 126

Uma constatação importante é que os furos a trado possuem, em sua

maioria, uma correlação melhor que os furos a percussão, quando confrontados

entre si. Isto se deve, provavelmente, ao fato dos pontos terem uma amostragem

maior, uma menor dispersão de resultados e, possivelmente, uma melhor resposta

analítica. A Tabela 9.2 aponta os valores das correlações para os parâmetros

químicos analisados.

TABELA 9.2: Coeficiente de Correlação de Pearson – Elementos Químicos

Quantificados

Não se verifica nenhuma correlação entre os metais presentes na área de

estudo, isto ocorre em função do dinamismo do local, dos agentes externos entre

outros intervenientes (chuva, radiação solar, infiltração, lixiviação, etc.). Os

processos de propagação dos contaminantes em lixões, normalmente, são da

ordem de grandeza de 200 metros para 7 anos (Matos et al; 1995), logo, pouco há a

inferir sobre estes valores uma vez que o lixão da cidade possui aproximadamente

20 anos.

SANTOS JR (2002) CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 127

9.4- AVALIAÇÃO COMPARATIVA COM OUTROS LIXÕES

Neste item confrontar-se-á os valores supra citados com os encontrados na

área objeto de estudo, e ainda, com valores encontrados em outros lixões. Na

Tabela 9.3 mostram-se alguns elementos em alguns aterros no Brasil.

TABELA 9.3: Concentração de elementos em Aterros no Brasil.

ELEMENTO ITATIBA

(ppm)

PIRACICABA

(ppm)

PAULÍNIA

(ppm)

CAMPOS DOS

GOYTACAZES (ppm)

Cd 0,05 – 0,40 0,06 – 0,30 0,05 – 0,1 0 – 0,65

Cr 2 – 47 28 – 110 7 – 87 1,25 – 105

Cu 3 – 116 3 – 117 2 – 37 0,1 – 86

Ni 2 – 54 8 – 63 1 – 298 0 – 15

Pb 26 – 221 8 – 239 36 – 197 0 – 24

Zn 55 – 354 43 –216 59 – 981 0 – 89

Fonte: Heitzamann (1999).

Os intervalos de concentração observados na tabela 9.3, para os elementos

cádmio, cromo e cobre possuem uma similaridade entre as diversas localidades,

contrário ao que ocorre com níquel, chumbo e zinco, onde as concentrações da área

de estudo são menores que as demais áreas. Isto se deve a um conjunto de fatores,

tais como: tempo de utilização da área, característica dos resíduos lançados no local

e volume descartado.

Para o elemento cádmio nota-se que a concentração máxima encontrada na

área de estudo extrapola todos os valores encontrados nos demais lixões, que

excede os limites normais estabelecidos por CETESB (2000), que para este

elemento é de valores inferiores a 0,5 ppm.

No caso do elemento cromo verifica-se uma propagação mais acentuada de

pontos que contrariam os valores estabelecidos como normais, sendo isto ratificado

pelo limite máximo encontrado de 105 ppm, o maior valor encontrado entre os lixões

supracitados. Pode-se explicar tal fato pelo lançamento indiscriminado de lodo de

curtume, atividade que se utiliza cromo.

SANTOS JR (2002) CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 128

A menor concentração de cobre obtida na área em análise é inferior as

menores concentrações encontradas nas demais áreas, isto ocorre também para as

maiores concentrações. Este fato se repete ao avaliarmos o níquel, chumbo e zinco,

isto, muito provavelmente, se deve ao fato do lixão não receber uma quantidade

significativa de resíduos industriais, o que lhe confere uma característica,

essencialmente, urbana.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO X: CONCLUSÕES 129

CAPÍTULO X: CONCLUSÕES

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO X: CONCLUSÕES 130

CAPÍTULO X: CONCLUSÕES

Neste tópico são itemizadas as conclusões obtidas neste trabalho. Tais

afirmativas são descritas abaixo:

! Existe uma contaminação de cromo na área à montante do lixão;

! Os valores de metais pesados encontram-se, na maioria dos casos, dentro dos

valores normais preconizados pela literatura, exceto o cromo que em grande

parte das amostras, aproximadamente, 80% encontraram-se acima dos limites

de referência para solos, indicados pela CETESB (2000).

! A propagação da pluma de contaminação segue o sentido Sudoeste – SW,

contrário ao que se propunha na hipótese inicial deste trabalho, Sudeste – SE; e

tem preferência pelo regime horizontal, uma vez que temos pouca infiltração

(áreas inundáveis);

! As concentrações em áreas vizinhas são mais expressivas que no próprio lixão,

o que se atribui às características do solo do local, ou seja, teores de argila e

profundas zonas de saturação, promovendo uma associação maior do elemento

com o solo;

! Não existe diferença entre os métodos de coleta de amostras no tocante a

variabilidade e/ou interferência nos resultados, com exceção do alumínio e o

manganês;

! Existe uma boa correlação entre os pontos de monitoramento, principalmente, os

realizados a trado, enquanto que não existe nenhuma correlação entre os

metais;

! Os intervalos de concentrações dos elementos estudados estão com

comportamento similar a lixões com características próximas ao da área

estudada.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO XI: CONSIDERAÇÕES FINAIS 131

CAPÍTULO XI: CONSIDERAÇÕES FINAIS

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO XI: CONSIDERAÇÕES FINAIS 132

CAPÍTULO XI: CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste tomo indica-se as considerações acerca deste trabalho. Sabe-se que

as verificações feitas neste estudo apontam para um refinamento do monitoramento,

tanto do solo quanto das águas, devendo ser levado em consideração os seguintes

aspectos:

! Medição de parâmetros físico-químicos, tanto para solo quanto para

água (pH, temperatura, potencial-redox e oxigênio dissolvido), para o perfeito

compreendimento dos processos geoquímicos envolvidos no transporte de poluente;

Dentro das recomendações sugeridas por este trabalho, observa-se a

necessidade do monitoramento das lagoas e águas subterrâneas da área e em

áreas vizinhas verificando a possível correlação entre estes corpos hídricos e o rio

Paraíba do Sul, ou até mesmo as lagoas de grande porte da localidade (ex.: Lagoa

do Campelo).

Uma outra sugestão é a modelagem númerica-computacional para a

otimização dos processos de monitoramento.

Outras recomendações de caráter genérico:

! Análise quali-quantitativa dos argilo-minerais presentes nos locais

considerados como branco para o estabelecimento do “background” local, podendo,

assim diferençar a contaminação natural da antropogênica.

! Ações de remediação são necessárias e, perfeitamente, justificadas

para este momento face à baixa concentração dos poluentes e pela pouca

mobilidade dos mesmos no local o que implica em uma significativa eficácia no

processo de descontaminação da área.

! Os valores encontrados neste estudo foram somente referentes à

concentração total dos elementos sob estudo, não considerando-se a

disponibilidade desses elementos.

! Aponta-se para a necessidade da especiação dos elementos estudos

neste trabalho objetivando o conhecimento da disponibilidade de cada elemento nos

diversos compartimentos biogeoquímicos.

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO XII: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 133

CAPÍTULO XII: REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS

SANTOS JR (2002) CAPÍTULO XII: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 134

CAPÍTULO XII: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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