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CUNHA, A.M.P.; MENDES, I.A.C.; DIAS, M.Z.; ROQUE, M.A.T.; CICONELLI, M.I.R.O. Enf.

Novas Dimens., v.2, n.4, p.190-196, 1976.

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO BACTERIANA NUMA SALA DE

OPERAÇÃO NAS DIVERSAS FASES DO TRABALHO

Ana Maria Palermo da Cunha1, Isabel Amélia Costa Mendes2, Maria Zuanon Dias3, Maria Aparecida Teixeira Roque4, Maria Ignez R. O. Ciconelli5

RESUMO

As autoras avaliam a contaminação bacteriana da sala de operações durante o ato cirúrgico. Esta

avaliação pode servir como ponto de partida para o enfermeiro de centro cirúrgico sistematizar o

controle da infecção hospitalar nas salas de operações.

ABSTRACT

The authors valuated the microorganisms in operating room during the surgical act. The bacterial

control of the room was studied in five parts: the empty operating room, the beginning, the middle, the

end of surgical act, after the cleaning and disinfection room. This work is the beginning of the surgical

nurse's infection control in the operating room.

1 Professor Assistente do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto USP e bolsista da CAPES. 2 Professor Assistente do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto USP e bolsista da CAPES. 3 Enfermeira do Centro Cirúrgico do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. 4 Enfermeira do Centro Cirúrgico do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. 5 Responsável pela disciplina de Enfermagem Cirúrgica do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto.

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INTRODUÇÃO

A profilaxia da infecção hospitalar assume papel extremamente importante a cada dia que

passa.

As enfermeiras de unidades cirúrgicas são solicitadas, freqüentemente, para ajudarem a

decidir qual a melhor maneira de realizar este ou aquele tratamento cirúrgico, dada a complexidade

da atual terapêutica com o avanço da tecnologia.

Inúmeros são os fatores que as enfermeiras têm que considerar para poderem sistematizar a

assistência de enfermagem ao paciente que vai ser submetido ao ato cirúrgico, de modo a prevenir a

infecção hospitalar.

Desde 1959, DEVENISH e MILES observaram a grande incidência de infecção por

Staphylococcus aureus, ocorrida no pós-operatório de cirurgias assépticas. Encontraram dois

cirurgiões portadores desse agente pato gênico, na cavidade nasal, relacionando o número de

infecções, no pós-operatório, com as cirurgias realizadas por ambos.

MAURER (1968) afirmou: "Existem microrganismos que não só resistem à ação de um

antisséptico, como também conseguem se multiplicar nos recipientes que os contêm, apesar do

antisséptico ter elevada concentração".

A capacidade bactericida de um desinfetante pode ser efêmera e após perdê-la, pode-se

transformar em um veículo de infecção.

WALTER (1969) assinala os Staphylococcus, Streptococcus e certos germes Gram-

negativos, ocasionalmente, representantes do gênero do Clostridium, como agentes etiológicos das

infecções das feridas pós-operatórias, apontando a equipe cirúrgica como responsável pela

veiculação desses germes, com exclusão dos Clostridium sp.

Além destes aspectos abordados, a nossa observação durante as atividades diárias, no

centro cirúrgico, veio testemunhar a afluência de pessoas que lá chegavam, como:alunos de

Enfermagem e Medicina, além da Equipe de Enfermagem e de Médicos que têm acesso para cuidar

do paciente cirúrgico.

A necessidade de identificar a eficiência das técnicas específicas de sala de operações, para

prevenir a contaminação bacteriana, veio apressar este estudo.

MATERIAL E MÉTODO

Este estudo foi realizado em uma sala de operações, do bloco cirúrgico do Hospital das

Clínicas de Ribeirão Preto, durante três manhãs, em três semanas consecutivas.

Na primeira manhã, realizou-se uma cirurgia cardíaca: Comissurotomia mitral + papilotomia; e

equipe cirúrgica* possuía seis elementos e duas circulantes de sala de operação.

Na segunda manhã, realizou-se uma cirurgia gástrica: Hemigastrectomia + vagotomia seletiva

+ acentuação do ângulo de Hiss e reconstrução Billroth n° 2, Hoffmeister Finsterer; a equipe cirúrgica

possuía cinco elementos e uma circulante de sala de operação.

* Equipe cirúrgica incluindo anestesia.

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Na terceira manhã, realizou-se uma cirurgia ginecológica: Períneoplastia anterior e posterior +

eletrocoagulação de colo; a equipe cirúrgica possuía seis elementos e uma circulante de sala de

operações.

De modo geral, a atividade total para a realização de cada uma destas cirurgias,

consideradas neste trabalho, foi de sete horas, ou seja, das 6 horas às 13 horas, quando a sala já

estaria pronta para receber outra cirurgia.

Utilizamos placas de Petri, de tamanho habitual, com meio de cultura agar-infusão-sangue,

colocadas em exposição durante vinte a trinta minutos, nas sucessivas fases do trabalho, na Sala de

Operações.

Usamos placas Rodac**, com o mesmo meio de cultura, empregadas como carimbo de

superfície, verificando, em um toque, a contaminação das superfícies dos objetos.

Em todas as fases do trabalho as placas de Petri e Rodac foram colocadas sempre no

mesmo local.

Após a colheita de material da sala de operações, as placas foram incubadas em estufa a

35°C por 24 horas.

À seguir, realizamos a leitura das placas, contando e identificando as colônias bacterianas

crescidas na superfície do agar.

Merece referência o fato de que em cada um dos três dias de nossa observação na mesma

sala, realizaram-se tipos de cirurgia para as quais previmos possibilidades de contaminação diversa.

Atualmente dividem-se as cirurgias em três grupos:

1) As cirurgias realizadas em condições estéreis como podemos mencionar: cirurgias

cardíacas, ortopédicas, urológicas e outras.

2) As cirurgias realizadas em condições limpas como: cirurgias ginecológicas,

otorrinolaringológicas e outras.

3) As cirurgias realizadas em condições sujas ou contaminadas quando há presença de fezes

ou pús.

Segundo esta classificação, cujo valor é hoje discutido para estruturá-la verdadeiramente,

tivemos oportunidade de analisar a contaminação durante uma cirurgia cardíaca, uma gástrica e uma

ginecológica. Incluímos a cirurgia gástrica no terceiro grupo, com restrições.

RESULTADOS

Avaliação de contaminação bacteriana numa sala de operações nas diversas fases do

trabalho.

FASE I — A limpeza e desinfecção da sala foi realizada no fim do dia cirúrgico anterior ao da

observação para pesquisa, a qual continha a poeira depositada na superfície dos objetos durante à

noite e final do dia anterior. Na manhã seguinte, entrou uma pessoa, com uniforme privativo do centro

cirúrgico para colher o material da sala para a pesquisa.

** Rodac platos 15mm Style, 6cm de diâmetro. Falcon plasties Division of B-D Laboratories Inc. – Los Angeles – Califórnia. Sua conformação permite que as tampas das mesmas formem um encaixe, não tocando na superfície do Agar. São recuperadas por lavagem e desinfecção química a frio (detergente, glutaraldeído 2% e álcool etílico 70%).

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Tabela I - Resultado da leitura das placas colhidas na fase I.

Cirurgias / Colônias

Cardíaca Gástrica Ginecológica

Local da sala

S B F Sa S B F Sa S B F Sa

01 Contato c/ lençol mesa operatória R 100 0 0 0 - - - - - - - -

02 Mesa de instrumental R 2 0 0 0 0 0 0 0 - - - -

03 Ar condicionado (parado) R 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

04 Aspirador R 0 0 0 0 0 0 0 0 spr 0 0 0

05 Foco R 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

06 Parapeito da janela 2 0 0 0 1 1 0 0 0 3 0 0

07 Sobre Mesa operatória 4 0 0 0 2 0 1 0 0 1 0 0

08 Pés Mesa operatória (chão) R 8 0 0 0 - - - - 1 44 0 0

09 Chão da Ante- sala 2 3 0 0 0 13 0 0 1 88 0 0

10 Entrada da Sala Operação 4 5 0 0 5 3 3 0 2 33 0 0

11 Parapeito da janela próximo ante-sala 1 2 0 0 0 3 0 0 0 7 0 0

12 Cabeceira mesa operação (chão) 5 0 0 0 3 8 0 0 3 3 0 0

13 Oxigênio R 0 4 0 0 1 0 0 0 0 2 0 0

14 Oxigênio Torpedo - - - - - - - - - - - -

TOTAL 128 14 0 0 12 29 4 0 7 31 0 0

S - Staphylococcus coagulase

B - Bacillus sp

Sa - Sarcinas

F - Fungos

0 – foi feita a observação e o resultado foi negativo

R - Placas Rodac

Nº - Contagem para duas placas colocadas simultaneamente no mesmo local

“spr” – “spreader” - difusão

- - Observação não foi feita por problemas ambientais e fase do ato cirúrgico.

FASE II — A realização da desinfecção e montagem da sala de operações para cirurgia foi

feita pela circulante, usando álcool etílico a 70% (por peso) para o mobiliário, e formaldeido-álcool,

cloreto de benzetônio, isto-octil-fenoxi-polietoxietanol (veículo aquoso) a 2% para o chão. Também

entraram, com o uniforme privativo do centro cirúrgico: o instrumentador, o paciente com a maca, o

anestesista, os assistentes e o cirurgião.

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Tabela II - Resultados da leitura das placas colhidas na fase II.

Cirurgias / Colônias

Cardíaca Gástrica Ginecológica

Local da sala

S B F Sa S B F Sa S B F Sa

01 Contato c/ lençol mesa operatória R - - - - - - - - - - - -

02 Mesa de instrumental R 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

03 Ar condicionado ( parado) R 1 0 0 0 0 0 0 0 - - - -

04 Aspirador R 2 0 0 0 0 0 0 0 0 spr 0 0

05 Foco R 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0

06 Parapeito da janela 14 1 0 0 14 1 0 0 4 8 20 0

07 Sobre Mesa operatória 3 0 0 0 18 3 0 1 - - - -

08 Pés Mesa operatória (chão) R 6 0 0 0 (1

(30

(1

(3 0 0 11 20 0 0

09 Chão da Ante- sala 19 4 0 0 30 7 0 2 13 10 0 0

10 Entrada da Sala Operação 5 1 0 0 11 4 0 0 >50 14 0 0

11 Parapeito da janela próximo ante-sala 11 0 0 0 10 7 0 0 12 5 0 0

12 Cabeceira mesa operação (chão) 6 1 0 0 17 0 0 0 7 8 0 0

13 Oxigênio R 3 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0

14 Oxigênio Torpedo - - - - 5 2 1 0 - - - -

TOTAL 68 7 0 0 138 28 1 3 97 76 2 0

S - Staphylococcus coagulase

B - Bacillus sp

Sa - Sarcinas

F - Fungos.

0 – foi feita a observação e o resultado foi negativo

R - Placas Rodac

Nº - Contagem para duas placas colocadas simultaneamente no mesmo local.

“spr” – spreader- difusão

- - Observação não foi feita por problemas ambientais e fase do ato cirúrgico

FASE III — Período central da cirurgia, quando a movimentação da sala havia diminuído,

pois, todas as pessoas estavam no seu lugar de trabalho; havia em trânsito somente pessoas

uniformizadas, entrando e saindo da sala.

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Tabela III – Resultados da leitura das placas colhidas na fase III.

Cirurgias / Colônias

Cardíaca Gástrica Ginecológica

Local da sala

S B F Sa S B F Sa S B F Sa

01 Contato c/ lençol mesa operatória R - - - - - - - - - - - -

02 Mesa de instrumental R - - - - - - - - - - - -

03 Ar condicionado(parado) R 0 0 0 0 0 2 0 0 - - - -

04 Aspirador R - - - - - - - - - - - -

05 Foco R - - - - - - - - - - - -

06 Parapeito da janela 0 1 0 0 9 2 0 0 0 5 0 0

07 Sobre Mesa operatória 3 1 0 0 - - - - - - - -

08 Pés Mesa operatória(chão) R 3 1 0 0 10 0 0 0 10 6 0 0

09 Chão da Ante- sala 9 0 0 0 >100 >100 0 0 9 >100 0 0

10 Entrada da Sala Operação 5 6 0 0 18 8 0 0 5 6 0 0

11 Parapeito da janela próximo ante-

sala

7 3 0 0 25 1 0 0 3 5 0 0

12 Cabeceira mesa operação (chão) 0 1 0 0 (6

(5

(5

(5

0 0 4 5 0 0

13 Oxigênio R - - - - - - - - - - - -

14 Oxigênio Torpedo - - - - 0 0 0 0 - - - -

TOTAL 27 13 0 0 -173 -123 0 0 31 -127 0 0

S - Staphylococcus coagulase

B - Bacillus sp

Sa - Sarcinas

F - Fungos

0 – foi feita a observação e o resultado foi negativo

R - Placas Rodac

Nº - Contagem para duas placas colocadas simultaneamente no mesmo local

“spr” – spreader- difusão

- - Observação não foi feita por problemas ambientais e fase do ato cirúrgico

FASE IV — Após o término da cirurgia, a sala de operações apresentava-se com todo o

material sujo, utilizado na cirurgia; uma circulante fazia a limpeza, retirando o material sujo e

preparando a desinfecção da sala.

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Tabela IV – Resultados da leitura das placas colhidas na fase IV.

Cirurgia / Colônias

Cardíaca Gástrica Ginecológica

Local da sala

S B F Sa S B F Sa S B F Sa

01 Contato c/ lençol mesa operatória R - - - - - - - - - - - -

02 Mesa de instrumental R - - - - 30 0 0 0 - - - -

03 Ar condicionado(parado) R 0 0 0 0 0 1 0 0 - - - -

04 Aspirador R 1 0 0 0 spr 0 0 0 - - - -

05 Foco R 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0

06 Parapeito da janela - - - - 4 3 0 0 - - - -

07 Sobre Mesa operatória 0 2 0 0 - - - - 1 11 0 0

08 Pés Mesa operatória(chão) R 0 0 0 0 9 4 0 0 - - - -

09 Chão da Ante- sala - - - - 2 1 0 0 - - - -

10 Entrada da Sala Operação - - - - 7 5 0 0 0 0 0 0

11 Parapeito da janela próximo ante-sala - - - - 3 4 0 0 - - - -

12 Cabeceira mesa operação (chão) 0 0 0 0 14 6 0 0 - - - -

13 Oxigênio R - - - - - - - - - - - -

14 Oxigênio Torpedo - - - - - - - - - - - -

TOTAL 1 3 0 0 69 24 0 0 1 11 0 0

S - Staphylococcus coagulase

B - Bacillus sp

Sa - Sarcinas

F - Fungos

0 – foi feita a observação e o resultado foi negativo

R - Placas Rodac

Nº - Contagem para duas placas colocadas simultaneamente no mesmo local.

“spr” – spreader- difusão

- - Observação não foi feita por problemas ambientais e fase do ato cirúrgico

FASE V -— O material foi colhido logo após a desinfecção da sala com álcool etílico 70% (por

peso) para o mobiliário, e formaldeído-álcool, cloreto de benzetônio, isto-octil-fenoxi-polietoxietanol

(veículo aquoso) a 2% para o chão. As manchas de sangue do chão foram removidas com H2O2 ou

líquido de Dakin. A sala estava vazia.

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Tabela V – Resultados da leitura das placas colhidas na fase V.

Cirurgias / Colônias

Cardíaca Gástrica Ginecológica

Local da sala

S B F Sa S B F Sa S B F Sa

01 Contato c/ lençol mesa operatória R - - - - - - - - - - - -

02 Mesa de instrumental R - - - - - - - - - - - -

03 Ar condicionado(parado) R 0 1 0 0 - - - - - - - -

04 Aspirador R - - - - - - - - - - - -

05 Foco R 0 0 0 0 0 0 0 0 - - - -

06 Parapeito da janela - - - - - - - - 7 2 0 0

07 Sobre Mesa operatória 2 0 0 0 2 0 0 0 3 0 0 0

08 Pés Mesa operatória(chão) R 0 0 0 0 - - - - 9 0 0 0

09 Chão da Ante- sala 1 0 0 0 - - - - 11 0 0 0

10 Entrada da Sala Operação 1 0 0 0 0 0 0 0 6 1 0 0

11 Parapeito da janela próximo ante-sala 0 0 0 0 - - - - 7 5 0 0

12 Cabeceira mesa operação (chão) - - - - - - - - 3 1 0 0

13 Oxigênio R - - - - - - - - - - - -

14 Oxigênio Torpedo - - - - - - - - - - - -

TOTAL 4 1 0 0 2 0 0 0 46 9 0 0

S - Staphylococcus coagulase

B - Bacillus sp

Sa - Sarcinas

F - Fungos

0 – foi feita a observação e o resultado foi negativo

R - Placas Rodac

Nº - Contagem para duas placas colocadas simultaneamente no mesmo local.

“spr” – spreader- difusão

- - Observação não foi feita por problemas ambientais e fase do ato cirúrgico.

DISCUSSÃO

Reconhecendo as limitações deste trabalho, a dificuldade e impossibilidade de coleta de

material nos locais previamente determinados (vide tabelas) nos três tipos de cirurgia, podemos,

considerar que a contaminação da sala de operações variou de cirurgia para cirurgia e em cada fase

observada. Levando em consideração as ressalvas Já apresentadas, a cirurgia gástrica foi a que

apresentou maior contaminação.

Houve uma coincidência entre fases de maior ou menor contaminação do ambiente com o

tipo de cirurgia realizada, no sentido de ser uma cirurgia mais limpa ou suja.

A sala apresentou contaminação menor nas fases de trabalho I (sala antes do início da

atividade cirúrgica) e V (após desinfecção da sala, no final da cirúrgia). Este aspecto veio tranquilizar

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a enfermeira de centro cirúrgico, pois, a sala de operações que foi oferecida ao paciente para o ato

cirúrgico possuía baixa contaminação, permitindo que a equipe cirúrgica operasse com menor risco

de contaminação. Por outro lado, a desinfecção realizada, no final de cada operação, foi eficiente

para diminuir o número de colônias existentes na sala, deixando-a em boas condições para receber a

próxima cirurgia, de modo a evitar o risco da infecção hospitalar cruzada para o paciente cirúrgico.

A fase II do trabalho apresentou maior contaminação, mesmo estando relacionada ao tipo de

cirurgia mais suja ou limpa. Os resultados, mais uma vez, segundo a literatura consultada, vieram

mostrar que o aumento do número de pessoas e sua movimentação, na sala de operações, elevam a

contaminação da sala a níveis elevados. Esta situação deve alertar a enfermagem do centro cirúrgico

para programar corretamente o material usado nas cirurgias, evitando providências de última hora, e

além disso, impedir a entrada de pessoas estranhas ao ato cirúrgico e que muitas vezes

desconhecem os princípios fundamentais de assepsia cirúrgica.

A fase III embora tivesse apresentado diminuição da contaminação da sala, coincidindo com

a diminuição de movimentos da equipe cirúrgica, pelo fato de cada membro estar no lugar de

trabalho, assim mesmo, dada a entrada e saída das circulantes e de pessoas estranhas à equipe

cirúrgica como estudante de medicina, enfermagem e outros, manteve, também um nível elevado de

contaminação comparando-se com as fases I, IV e V. Na fase IV a circulante desmontava e

desinfetava a sala com movimentos calmos, o fluxo de pessoas foi mínimo em relação às fases II e

III.

Devemos notificar ainda que durante o período de sete horas em que se estendeu nossa

observação passaram pela sala diariamente, em média sessenta pessoas. (Equipe de enfermagem e

médica, alunos de enfermagem e de medicina).

Em alguns locais da sala de operação a pesquisa ficou prejudicada, devido ao fato de não

podermos tocar o meio de cultura em objetos considerados estéreis, e em uso durante a cirurgia. Mas

a nossa satisfação residiu em avaliar de alguma forma situações reais e cotidianas dentro da sala

cirúrgica.

Como profissionais, com olhos voltados para o futuro, necessitamos testemunhar

cientificamente a eficiência da assistência de enfermagem prestada aos pacientes.

CONCLUSÕES

1) Não há dúvida de que a desinfecção da superfície dos objetos foi satisfatória, pela

comparação das tabelas I e II com a V.

2) Pela literatura consultada, a contaminação da sala na fase I pode ser, em grande parte

atribuída ao ar ambiente, que carregado de microrganismos, permitiu sua deposição sobre as

superfícies que foram desinfetadas durante a fase citada.

3) Há necessidade de desinfecção do ar ambiente, da Sala de Operação, se quisermos obter

condições ambientais com menor presença de microrganismos.

4) A comparação dos resultados das cinco fases do trabalho mostrou contaminação pequena

ou ausente nos objetos próximos ao teto como: Ar condicionado e Foco Central.

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5) Há grande população bacteriana no chão e em objetos próximos a ele.

6) Movimentação rápida e trânsito desnecessário de pessoas na sala de operações elevaram

a nível alto a contaminação da sala.

SUGESTÃO

Levando-se em consideração a contaminação encontrada na fase I, sugerimos a colocação

de lâmpadas Ultra-Violeta para desinfecção do ar ambiente nas salas de operações, segundo normas

já estabelecidas e praticadas em vários centros cirúrgicos no Brasil. A desinfecção é aplicada

enquanto as salas de cirurgias não estão sendo utilizadas. Esta medida permitiria manter um

ambiente cirúrgico mais seguro e menos contaminado para o paciente.

AGRADECIMENTO

As autoras agradecem as sugestões que lhes foram feitas pelo Professor Dr. Carlos

Solé-Vernin, Titular de Microbiologia do Departamento de Parasitologia, Microbiologia e

Imunologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

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