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Governo do Estado do Ceará Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente – CONPAM Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior - SECITECE AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA Autores Marcelo Pereira de Souza Isabel Silva Dutra de Oliveira Conceição Maria de Albuquerque Alves Nájila Rejanne Alencar Julião Cabral PROJETO DE CONSERVAÇÃO E GESTÃO SUSTENTÁVEL DO BIOMA CAATINGA – MA TA BRANCA Fortaleza – CE Abril/2009

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Governo do Estado do Ceará Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente – CONPAM

Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior - SECITECE

AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA

Autores Marcelo Pereira de Souza

Isabel Silva Dutra de Oliveira Conceição Maria de Albuquerque Alves

Nájila Rejanne Alencar Julião Cabral

PROJETO DE CONSERVAÇÃO E GESTÃO SUSTENTÁVEL DO BIOMA CAATINGA – MA TA BRANCA

Fortaleza – CE Abril/2009

2

SUMÁRIO

Lista de Figuras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .03

Lista de Abreviaturas e Siglas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .04

1. Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .05

2. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09

3. Avaliação Ambiental Estratégica – conceito e importância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

4. Diferença entre Avaliação Ambiental Estratégica e Estudo de Impacto Ambiental . . . .17

5. Exemplos de Avaliação Ambiental Estratégica no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18

6. Origens e Fundamentos da AAE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21

7. Métodos de Avaliação Ambiental Estratégica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

8. Etapas da Avaliação Ambiental Estratégica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

9. Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

10. Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

11. Sobre os autores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36

3

LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Municípios Cearense de intervenção do Projeto Mata Branca . . . . . . . . . . . . 07

Figura 02 – Quadro das principais lacunas da prática de AIA no Brasil . . . . . . . . . . . . . . 11

Figura 03 – Características de implementação da AAE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

Figura 04 – A AAE facilita a integração das questões de ambiente e

sustentabilidade no processo de decisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16

Figura 05 – Quadro Comparativo entre AAE e EIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17

Figura 06 – Quadro de exemplos de experiências brasileiras de AAE, de 1998 a 2007 . . .19

Figura 07 – Histórico da Avaliação Ambiental Estratégica no mundo . . . . . . . . . . . . . . . .21

Figura 08 – A prática da avaliação de Impacto em cascata em

um sistema de planejamento de turismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Figura 09 – Quadro de Processo Integrado de Avaliação Ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . .24

Figura 10 – Quadro Resumo de AAE e processo de tomada de decisão . . . . . . . . . . . . . . 27

Figura 11 – Avaliação Ambiental e os sistemas socioecológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28

4

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AAE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Avaliação Ambiental Estratégica

AIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Avaliação de Impacto Ambiental

Conama . . . . . . . . . . . . . . . . .Conselho Nacional do Meio Ambiente

Coema . . . . . . . . . . . . . . . . . .Conselho Estadual do Meio Ambiente - Ceará

CONPAM . . . . . . . . . . . . . .Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente do Ceará

CONSEMA . . . . . . . . . . . . . Conselho Estadual do Meio Ambiente – São Paulo

EIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Estudo de Impacto Ambiental

EPIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . Estudo Prévio de Impacto Ambiental

GASBOL . . . . . . . . . . . . . . . Gasoduto Brasil-Bolívia

GEF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .Global Environmental Fund

ICID . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Conferência Internacional sobre Impactos de Variações

Climáticas e Desenvolvimento Sustentável em Regiões Semi-áridas

ICMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . Imposto sobre Circulação de mercadorias e Serviços de

Transportes Intermunicipais, interestaduais e telefonia

ISA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Índice de Sustentabilidade Ambiental

MMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . Ministério do Meio Ambiente

PPP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Políticas, Planos e Programas

PSMV . . . . . . . . . . . . . . . . . Programa Selo Município Verde

RIMA . . . . . . . . . . . . . . . . . .Relatório de Impacto do Meio Ambiente

UGP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Unidade Gerencial de Projeto

USCEQ . . . . . . . . . . . . . . . . . US Council for Environmental Quality

5

1. Apresentação

O estado do Ceará, por intermédio do GEF Mata Branca, de responsabilidade da

Unidade Gerencial de Projeto (UGP), CONPAM, alicerçado em políticas públicas que

destacam o viés da sustentabilidade, deve realizar a Avaliação Ambiental Estratégica do

Projeto de Conservação e Gestão Sustentável do Bioma Caatinga (Projeto Mata Branca).

A presente apostila é parte integrante deste processo, com o objetivo de trazer, de

maneira sucinta, o conteúdo necessário ao entendimento da Avaliação Ambiental

Estratégica (AAE) como uma ferramenta de apoio à decisão, nos processos de gestão

ambiental e territorial, por se constituir em avaliação sistemática dos impactos ambientais

das decisões tomadas em nível de Políticas, Planos e Programas (PPP).

Serão abordados os seguintes temas: Avaliação de Impacto Ambiental como

instrumento de política ambiental; a modalidade Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) –

avaliação de impactos em níveis estratégicos de decisão; suas origens e fundamentos,

objetivos, conceitos fundamentais e âmbito de aplicação; o modelo europeu por meio da

Directiva Europeia 2001/42/CE e exemplos da experiência internacional e nacional.

O estado do Ceará se destaca no cenário nacional, por sua visão pioneira em termos

de políticas ambientais, a exemplo da Política Estadual de Recursos Hídricos (1992), a

primeira em âmbito nacional.

É importante se fazer o registro histórico dos acontecimentos no estado do Ceará,

que tiveram repercussão na elaboração das políticas públicas estaduais. A capital cearense

foi, em janeiro de 1992, a sede da ICID (Conferência Internacional sobre Impactos de

Variações Climáticas e Desenvolvimento Sustentável em Regiões Semi-áridas), que trouxe

como resultado imediato o compromisso assumido pelos tomadores de decisão de elaborar

as estratégias de desenvolvimento pautadas nas premissas e conceitos de sustentabilidade.

A mencionada Conferência serviu de base para a Conferência das Nações Unidas sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92.

Durante a sessão de abertura da ICID, em Fortaleza, cabe destacar as palavras do

então Governador do estado do Ceará, Cid Ferreira Gomes: “Fiquei vivamente

impressionado com o interesse e o conhecimento do Sr. Maurice Strong a respeito das

regiões semiáridas e aceitei o seu desafio de fazer do nosso Estado um caso de

compromisso com o desenvolvimento sustentável. O Ceará é o experimento que nós temos,

pela mobilização do nosso povo, pela responsabilidade das suas lideranças e pela

capacidade de implementar novas políticas. Apesar de uma política de desenvolvimento

6

sustentável só se manifestar em médio e longo prazos, a sua execução deve iniciar-se de

imediato, baseada na promoção do desenvolvimento econômico, respeitando o meio

ambiente, e numa forte política de aperfeiçoamento dos nossos recursos humanos”.

Cisne (2002) afirma que o desenvolvimento sustentável tem sido perseguido como

meta maior do Governo do estado do Ceará, com visão de longo prazo e processo

participativo, que implicam na equidade social, intra e entre gerações e no

desenvolvimento endógeno.

Em 1995, é publicado o Plano de Desenvolvimento Sustentável (1995-1998), do

qual se destacam os seguintes aspectos (CEARÁ, 1995):

- conscientização da preservação ecológica, materializada na montagem de aparato

institucional e regulatório das questões ambientais;

- dinamismo e diversificação da indústria, com desconcentração no sentido da

interiorização;

- melhoria nas condições gerais de educação, saúde e saneamento básico;

- progresso na área científico-tecnológica, com a consolidação de um sistema público de

ciência e tecnologia.

O Projeto Mata Branca tem intervenção direta no bioma Caatinga e deve repercutir

no desenvolvimento territorial de 68 municípios cearenses. Assim sendo, a Avaliação

Ambiental Estratégica, por suas características e seu objetivo, deve possibilitar aos

tomadores de decisão visualizar os cenários de oportunidades e riscos que o Projeto

abrange e facilitar aos órgãos ambientais competentes a análise e orientação dos caminhos

ou escolhas a fazer, no sentido de garantir a manutenção da qualidade ambiental, em

horizonte temporal, na área de intervenção do Projeto.

A Figura 01 mostra, em verde claro, os municípios de intervenção do Projeto Mata

Branca. Os municípios, em verde escuro, são também de intervenção e possuem Unidades

de Conservação, que são, portanto, áreas prioritárias de intervenção do Projeto.

7

Figura 01 – Municípios Cearense de intervenção do Projeto Mata Branca

Fonte: IPECE, 2006.

O estado do Ceará, desde 2003, implementou programa de certificação ambiental

pública em seus municípios, por meio do Programa Selo Município Verde (PSMV), que

tem como resultado direto o Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISA), oriundo das

8

avaliações: Avaliação por Gestão Ambiental, Avaliação por Desempenho Ambiental e

Avaliação por Mobilização Ambiental. Este programa tem mudado a face dos municípios

cearenses, pois permite que o viés ambiental esteja presente na pauta das discussões, em

âmbito local, uma vez que a avaliação é anual, orientada para o compromisso do município

para sustentabilidade ambiental, as avaliações são realizadas por equipe multidisciplinar,

autônoma, independente, compromissada e responsável. O estado do Ceará, atualmente,

possui 132 municípios (dos 184 em sua totalidade) com Conselhos Municipais de

Desenvolvimento e Meio Ambiente (Comdema) em plena atividade; este resultado

satisfatório deve-se ao PSMV, em virtude do mencionado programa fazer uma única

exigência de participação do município: que o mesmo possua Comdema e que este esteja

operando com reuniões regulares.

Ainda em esfera estadual, em dezembro de 2007, houve a criação e regulamentação

referente a um dos instrumentos avançados de gestão ambiental, o ICMS Socioambiental,

que tem sua redistribuição dos 25% aos municípios divididos da seguinte maneira: 18%

segundo Relatório de Qualidade Educacional (RQE), 5% segundo Relatório de Qualidade

da Saúde (RQS) e 2% segundo Relatório de Qualidade do Meio Ambiente (RQA). O

Decreto regulamentar coloca, textualmente, que a partir de 2012, o PSMV deve ser o

critério utilizado para referenciar o RQA..

9

2. Introdução

Em 1981, é instituída no Brasil, a Política Nacional do Meio Ambiente, cujo

objetivo é a compatibilização do desenvolvimento socioeconômico com a manutenção da

qualidade ambiental, em território nacional. O art. 9o, da Lei no 6938, de 31 de agosto, traz

13 (treze) instrumentos de política ambiental, dentre os quais está a Avaliação de Impacto

Ambiental (AIA), em seu inciso III (BRASIL, 1981).

Souza (2000) comenta que os instrumentos são os mecanismos que possibilitam o

alcance dos objetivos a serem perseguidos; é o “de que maneira se implementa a política”.

O mencionado autor admite que as políticas devam apresentar, também, os objetivos e os

aspectos institucionais (quem são os atores responsáveis).

No Brasil, a resolução Conama no 01, de 1986, traz os requisitos para a elaboração

do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu respectivo Relatório de Impacto do Meio

Ambiente (RIMA). Essa modalidade de AIA tem por finalidade estudar a viabilidade

ambiental de empreendimentos ou atividades, portanto tem um caráter pontual. Assim

sendo, Burian (2006) relata que surgiram os Estudos de Impacto Ambiental e os

respectivos RIMAs, a partir de meados da década de 1980, por meio da mencionada

resolução, representando o início do período em que o processo de licenciamento

ambiental, que não se esgota com o EIA e o RIMA, passou a ter um peso mais

significativo dentro da implantação de empreendimentos.

Momtaz (2002) e Wang, Morgan e Cashmore (2003) compartilham a idéia de que a

origem da obrigatoriedade de EIA e de RIMA deve ser atribuída, de algum modo, às

imposições das agências bilaterais ou multilaterais de financiamento, a exemplo do Banco

Mundial (Banco Interamericano de Desenvolvimento), com conseqüências na legislação

brasileira.

A Constituição do Brasil reiterou a importância de fixar normas para proteção

ambiental, trazendo um capítulo inteiro (Capítulo VI do Título VIII – Da Ordem Social)

relacionado com meio ambiente. O art. 225 diz textualmente: “Todos têm direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para presentes e futuras gerações”. E mais: “Exigir, na forma da lei, para

instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do

meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade” (BRASIL,

1988).

10

O EIA, assim designado pela Resolução nº 01 de 1986 do CONAMA, ou EPIA,

constitui-se no primeiro instrumento constitucional da Política Nacional do Meio Ambiente

a oferecer os elementos necessários para que o órgão ambiental competente possa emitir

juízo de valor, favorável ou desfavorável, ao empreendimento, concedendo ou não a

autorização para a construção.

O modelo padrão de avaliação de impactos falha ao desconsiderar a capacidade de

decisão daqueles que seriam diretamente atingidos pelos empreendimentos (Brown e

Jacobs, 1997; Burian, 2006), chamando atenção para a ausência de instrumentos que

assegurem a participação popular, a exemplo da Avaliação Ambiental Estratégica. O fato é

que o EIA, embora tenha representado um avanço, ainda é insuficiente como instrumento

para inclusão de desenvolvimento sustentável, pois sozinho, e sem articulação com os

demais instrumentos de política ambiental, não é capaz de atender os objetivos de

sustentabilidade, em perspectiva global. Bruhn-Tysk e Eklund (2002) admitem que

somente um documento mais abrangente como a AAE poderia representar um importante

passo nesse sentido.

Teixeira (2008) apresenta a Figura 02, que mostra as principais lacunas da

Avaliação de Impacto Ambiental no Brasil, cujas informações foram oriundas do

Seminário “Vinte Anos de Licenciamento Ambiental no Brasil” realizado em outubro de

2006, em São Paulo, e promovido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA).

11

Figura 02 – Quadro das principais lacunas da prática de AIA no Brasil

Aspectos Principais lacunas

Normativos e

procedimentais

A falta de regulamentação apropriada: padrões de qualidade ambiental, critérios de avaliação e de revisão de estudos, procedimentos específicos para avaliação ambiental por setor econômico; Procedimentos de avaliação ambiental e de licenciamento ambiental desconectados do contexto de proposição e planejamento de projetos e não ajustados a outros instrumentos de gestão ambiental, em particular a monitoração e a auditoria ambiental. A falta de revisão e adequação dos procedimentos de avaliação ambiental vis-à-vis à demanda de uso de recursos ambientais pela nova dinâmica de investimentos no País.

Institucionais A fragilidade das instituições ambientais, que experimentam problemas de recursos humanos, técnicos e financeiros, para fazer valer os requisitos da prática da AIA e do licenciamento ambiental; Superposição de competências e falta de coordenação das instituições responsáveis por outros instrumentos que são parte do processo de licenciamento, isto é, concessão de outorgas e de autorizações à supressão de vegetação.

Técnicos A baixa qualidade técnica dos termos de referência dos estudos ambientais e por conseqüência dos próprios estudos; a pouca capacidade instalada em técnicas de previsão de impactos ambientais; a ineficiência dos procedimentos de comunicação social e participação do público; a falta de verificação do cumprimento das condições de licenças concedidas e da avaliação contínua da mitigação de impactos, a desconsideração continuada da cumulatividade dos impactos e da sinergia de efeitos.

Legais A “judicialização” da tomada de decisão do licenciamento. Poucas normas específicas e claras (o que possibilita a intervenção contínua do Ministério Público).

Fonte: Teixeira (2008)

A prática da AIA de projetos e do licenciamento ambiental no Brasil tem revelado,

também, a crescente percepção de grupos de interesse da necessidade de se incorporar

novas ferramentas ao processo de licenciamento ambiental, de interferir nos planos e

programas geradores dos projetos de infra-estrutura e de avaliar os impactos cumulativos

decorrentes (MMA, 2002). Esse novo quadro se estrutura com base em cinco argumentos,

conforme Teixeira (2008), que compreendem:

(i) que é possível identificar e evitar nas etapas de formulação de políticas públicas, planos

e programas de desenvolvimento alguns tipos de impactos;

12

(ii) que a variável ambiental não é considerada na tomada de decisão que define os projetos

de investimentos, sendo tratada somente no licenciamento quando da abordagem dos

possíveis impactos;

(iii) que a análise individual de projetos dificulta a identificação e a avaliação de impactos

cumulativos decorrentes da implantação de vários empreendimentos numa mesma região;

(iv) que os projetos de grande impacto ambiental representam, via de regra, baixa

consistência nas justificativas técnicas, políticas, institucionais e legais em termos das

alternativas selecionadas;

(v) que a falta de envolvimento da sociedade no processo de planejamento e de tomada de

decisão que define os projetos de investimentos determina que estes só sejam conhecidos

no processo de licenciamento ambiental, o que pode contribuir para o acirramento de

conflitos socioambientais.

Visando preencher as lacunas da prática de AIA, antecipando a avaliação ambiental

para o nível de planejamento, nos últimos dez ou quinze anos tem sido estabelecido em

diversos países um novo instrumento denominado Avaliação Ambiental Estratégica

(BURIAN, 2006). Em âmbito nacional, não há regulamentação para a modalidade

Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), que tem por finalidade a inserção da variável

ambiental no processo de Políticas, Planos e Programas.

No Brasil, tramita na Câmara Federal o Projeto de Lei no 2072, de 2004, de autoria

do Deputado Fernando Gabeira e Relatoria do Deputado Leonardo Monteiro, que versa

sobre alteração da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, a fim de dispor sobre a Avaliação

Ambiental Estratégica de políticas, planos e programas. Na justificação do projeto, alega-

se que é fundamental, porém insuficiente, a implementação de Estudo de Impacto

Ambiental (EIA) no âmbito dos processos de licenciamento ambiental, pois ele abrange

apenas empreendimentos específicos. Daí, o efeito cumulativo gerado por um conjunto de

empreendimentos decorrentes de políticas, planos e programas governamentais não estaria

convenientemente contemplado na legislação pátria, razão principal da proposição que se

apresenta (BRASIL, 2004).

Tramitam ainda outros dois projetos de lei, o PL 3.729/04 (do Deputado Luciano

Zica) e o PL 3.957/04 (da Deputada Ann Pontes). Essas duas proposições também prevêem

que planos e programas (e ainda políticas, no caso do segundo projeto de lei)

potencialmente causadores de impacto ambiental possam ser submetidos a processo de

licenciamento ambiental (BRASIL, 2004).

13

O MMA (2002) relata que o licenciamento e a avaliação de impacto ambiental são

instrumentos cujos objetivos limitam-se a subsidiar as decisões de aprovação de projetos

de empreendimentos individuais, e não os processos de planejamento e as decisões

políticas e estratégicas que os originam. As questões e situações conflituosas em termos do

uso dos recursos e da proteção ambiental surgidas nas diferentes etapas de formulação de

políticas públicas e planejamento devem ser respondidas e solucionadas por meio de um

processo seqüencial de entendimento e avaliação das conseqüências ambientais de sua

implementação. Reconhece MMA (2002) que esta foi uma das razões por que se

desenvolveu a AAE, que é, reconhecidamente, o instrumento de política ambiental

adequado para promover a articulação das várias dimensões de uma dada política, um

plano ou um programa de desenvolvimento, permitir que se explicitem com clareza seus

objetivos e as questões ambientais relacionadas à sua implementação, orientar os agentes

envolvidos no processo e indicar os caminhos para sua viabilização econômica, social e

ambiental, facilitando ainda a avaliação de impactos cumulativos porventura resultantes

das diversas ações a serem desenvolvidas.

14

3. Avaliação Ambiental Estratégica – conceito e importância

Conforme Ahmed; Mercier e Verheem (2005), a Avaliação Ambiental Estratégica é

uma ferramenta disponível para integrar as dimensões da sustentabilidade dentro das

políticas, planos e programas dos países. A AAE é participativa, dando voz àqueles que

são afetados pelas políticas, planos e programas.

A AAE auxilia os tomadores de decisão a obter melhor compreensão sobre como os

aspectos: ambiental, social e econômico convivem juntos (OECD, 2006). Sem esta

compreensão, existe o risco de que o sucesso do desenvolvimento de hoje se transforme

nos desafios ambientais de amanhã. Em síntese, a AAE auxilia os tomadores de decisão a

pensar as conseqüências de suas ações (OECD, 2006).

Importante ressaltar que a AAE deve ser aplicada nos estágios iniciais da tomada de

decisão, no sentido de: (1) auxiliar nas políticas, planos e programas e (2) assegurar seu

potencial de eficácia e sustentabilidade.

Jiliberto (2002) relata que o objetivo principal da AAE é mudar a maneira que as

decisões são tomadas integrando os valores ambientais dentro do processo da tomada de

decisão. O mencionado autor adiciona que dependendo do sistema de decisão, resultado

satisfatório não será alcançado caso os procedimentos e métodos da AAE se basearem em

procedimentos e métodos modificados do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), em parte

porque a AAE lida com conceitos e não com atividades (em termos de locação e tipologia),

ou seja, o objeto da avaliação é diferente e mais complexo.

A Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) é um instrumento de avaliação de

impactos estratégica cujo objetivo é facilitar a integração ambiental e a avaliação de

oportunidades e riscos de estratégias de ação no quadro de um desenvolvimento

sustentável. As estratégias de ação estão fortemente associadas à formulação de políticas e

são desenvolvidas no contexto de processos de planejamento e programação

(PARTIDÁRIO, 2007a). A mencionada autora menciona que os objetivos gerais da AAE

são: (1) contribuir para um processo de decisão ambiental e sustentável; (2) melhorar a

qualidade de políticas, planos e programas; (3) fortalecer e facilitar a AIA de projetos e (4)

promover novas formas de tomar decisão.

A Figura 03 traz as características de implementação da AAE.

15

Figura 03 – Características de implementação da AAE

Integrada - Assegura uma avaliação ambiental apropriada para todas as

decisões estratégicas relevantes, para o alcance do desenvolvimento

sustentável;

- Endereçado às interrelações dos aspectos biofísicos, sociais e

econômicos;

- É obrigatório para políticas de setores e regiões relevantes.

Orientada para

sustentabilidade

- Facilita a identificação de opções de desenvolvimento a

alternativas que são mais sustentáveis1

focada - prover informação confiável, suficiente e usual para o

planejamento de desenvolvimento e tomada de decisão;

- é direcionado para as características do processo de decisão;

- é efetivo em custo e tempo.

responsável - é de responsabilidade das agências competentes para que as

decisões estratégicas sejam tomadas;

- é desenvolvida com profissionalismo, rigor, imparcialidade e

equilíbrio;

- é sujeita a auditoria e verificação independentes;

- documenta e justifica como as questões de sustentabilidade são

levadas em consideração na tomada de decisão.

participativa - informa e envolve o público interessado e afetado, bem como os

órgãos governamentais em todo o processo de tomada de decisão;

- tem informação clara e fácil, e assegura acesso suficiente para

todas as informações relevantes.

interativa - assegura acessibilidade dos resultados da avaliação cedo o

suficiente para influenciar no processo de tomada de decisão e

inspirar o planejamento futuro;

- prover informação suficiente sobre os impactos da implementação

de uma decisão estratégica, para julgar o quanto determinada

decisão pode ser revisada e providenciar uma base para decisões

futuras. 1 que contribui para todas as estratégias de desenvolvimento sustentável conforme colocado na Rio 1992 e definido em políticas específicas. Fonte: IAIA (2002).

16

Os princípios de responsabilização, de participação e de transparência são

fundamentais na AAE, relata Partidário (2007a), bem como a sua capacidade de

acompanhar, de modo interativo e facilitador, os ciclos de preparação, execução e revisão

que caracterizam os processos de planejamento e de programação, de maneira a influenciar

a formulação e discussão de estratégias de ação, bem como apoiar a decisão sobre as

opções de desenvolvimento quando as mesmas ainda se encontram abertas.

Conforme Figura 04, a AAE atua preferencialmente sobre o processo de concepção

e de elaboração de PPPs, e não sobre o seu resultado, de maneira a facilitar a integração

das questões ambientais e de sustentabilidade. Caratti et al. (2004) informam que para

aumentar a sua eficácia, a AAE deve adaptar-se estrategicamente ao processo de decisão,

seguindo o designado modelo de AAE centrado na decisão.

Figura 04 - A AAE facilita a integração das questões de ambiente e sustentabilidade no processo de decisão (de planejamento ou de programação)

Fonte: Partidário (2007a)

Um dos grandes desafios da AAE está na capacidade de se avaliar os potenciais

riscos e as possíveis oportunidades das estratégias de desenvolvimento territorial, levando

em conta as premissas da sustentabilidade. Partidário (2007a) entende que a AAE permite

“julgar” o mérito ou os riscos de prosseguir determinadas estratégias de desenvolvimento

territorial e, eventualmente, propor melhores direções para as estratégias a seguir. Continua

a mencionada autora que a aplicação da AAE necessita de dispor de um quadro pol´tico

estável e de linhas de orientação (por exemplo, no caso do estado do Ceará, as estratégias

estaduais de desenvolvimento sustentável) em relação ao que possa ser um futuro desejável.

concepção

Ambiente e sustentabilidade

aprovação

elaboração

discussão

revisão

execução

17

4. Diferença entre Avaliação Ambiental Estratégica e Estudo de Impacto

É importante esclarecer as diferenças entre EIA e AAE. A AAE é vista como um

auxiliar a decisão, uma ferramenta para planejamento. Sob esta perspectiva, a AAE

incorpora avaliações de ambas iniciativas políticas e, ainda, planos e programas que têm

referências físicas e espaciais (por exemplo: planos regionais e locais, programas de

desenvolvimento regional, entre outros)

Enquanto a AAE é uma ferramenta de avaliação para estabelecimento de

sustentabilidade ou escala de entendimento de programas e planos, o EIA é mais aceito e

utilizado como ferramenta que identifica impactos em nível de projetos individuais.

A Figura 05 traz, resumidamente, as diferenças entre AAE e EIA.

Figura 05 – Quadro Comparativo entre AAE e EIA

Avaliação Ambiental Estratégica Estudo de Impacto Ambiental

estratégica Projeto específico

Aplicado a políticas, planos e programas Aplicado a projetos individuais

regional Local

Pode considerar os efeitos cumulativos de

vários planos e programas

Dificuldade em considerar efeitos

cumulativos

Maior nível de flexibilidade Foco em impactos de projetos específicos

Caráter pro-ativo e informa propostas de

desenvolvimento

Caráter reativo de uma proposta específica

É um processo contínuo Tem começo e fim bem definidos

Avalia impactos cumulativos e identifica

implicações e questões para o

desenvolvimento sustentável

Avalia impactos diretos e seus benefícios

Tem uma perspectiva ampla e um nível

menor de detalhes para providenciar uma

visão geral do contexto

Tem uma perspectiva menor e um maior

nível de detalhamento

Fonte: Adaptado de CSIR (1996); MMA (2002).

18

5. Exemplos de Avaliação Ambiental Estratégica no Brasil

Apesar de não haver legislação brasileira pertinente a AAE, em virtude da

obrigatoriedade, por parte das agências de fomento (a exemplo do Banco Mundial), em

realizar essa ferramenta de política ambiental, existem iniciativas em âmbito nacional

sendo realizadas.

Teixeira (2008) informa que o primeiro momento da experiência de AAE é

ilustrado por dois processos importantes: a tentativa de estruturação de um sistema de AAE

pelo CONSEMA em São Paulo e pela primeira experiência em AAE no Brasil, datada de

1994, ligada à construção do gasoduto Brasil-Bolívia (GASBOL).

No caso do Estado de São Paulo, Teixeira (2008) registra a tentativa de

regulamentação do uso da AAE de modo a ampliar a aplicação da avaliação de impacto

ambiental para políticas e programas setoriais, fundamentada na percepção das limitações

da avaliação ambiental aplicada a projetos individuais, conforme a experiência acumulada

pela prática de análise de EIA desde 1987. Por decisão do Conselho Estadual de Meio

Ambiente (CONSEMA), estabeleceu-se, em 1994, uma comissão com o objetivo de

analisar e propor sistema que possibilitasse a avaliação das questões ambientais nas

instâncias de formulação de políticas, planos e programas de interesse público, cujo

modelo proposto seguiu abordagem fortemente influenciada pela prática da AIA, segundo

sistema de baixo para cima (botton-up), e um caminho que atribuía à autoridade ambiental

do governo a decisão sobre a viabilidade ambiental de programas e planos de

desenvolvimento, uma espécie de “licenciamento ambiental de PPP”. Não houve

continuidade ao processo. (TEIXEIRA, 2008).

Quanto à análise da aplicação da AAE ao projeto do GASBOL, Teixeira (2008)

sugere que, embora o estudo tenha mérito quanto ao seu propósito, o uso do instrumento

foi equivocado quanto às razões que motivaram sua aplicação. A mencionada autora

destaca que a AAE foi motivada para oferecer subsídios técnicos adicionais à tomada de

decisão de concessão de empréstimo internacional (no caso BID) e não para oferecer

informações adicionais para a decisão sobre a realização ou não do empreendimento.

A Figura 06 traz, resumidamente, as experiências brasileiras de AAE, no período de

1998 a 2007, os setores de demanda, bem como seus promotores.

Figura 06 – Quadro de exemplos de experiências brasileiras de AAE, de 1998 a 2007.

Projeto Setor Ano Promotores Informações Técnicas Bacia Araguaia-Tocantins Energia

Elétrica 2002 CEPEL –

Eletrobrás Desenvolvimento de metodologia para o planejamento da geração de hidroeletricidade com aplicação de estudo

de caso na Bacia dos rios Araguaia e Tocantins. Plano Indicativo 2003 -

2012 Energia Elétrica

2002 CEPEL COPPE

Avaliação da viabilidade ambiental do Plano de acordo com critérios de sustentabilidade, considerando-se 3

níveis de análises: projetos, conjunto de projetos e o plano como um todo. Complexo do Rio Madeira Energia

Elétrica 2005 FURNAS Avaliação dos efeitos ambientais de longo prazo (mudanças significativas para designar mudanças em processos

instaurados na região) físicos e institucionais associados à implantação e operação do complexo Hidroelétrico do

Rio Madeira e a sustentabilidade do desenvolvimento decorrente. Bacia de Camamu-Almada (2002-2003)-BA

Petróleo (upstream)

2002 Consórcio de Empresas

Subsidiar planejamento de investimentos de E&P em 5 blocos exploratórios concedidos, com especial atenção à

cumulatividade de impactos ambientais dos projetos possíveis e orientações para o processo de licenciamento

ambiental das possíveis alternativas de aproveitamento. AAE do COMPERJ Petróleo 2007 Petrobras Avaliar os potenciais efeitos socioambientais da implantação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro e suas

sinergias com outros projetos co-localizados, como o Arco Metropolitano e o PLANGÁS. PRODETUR- SUL Turismo 2004 BID –

MTur Análise dos impactos sócio-ambientais; medidas de monitoramento e controle dos impactos; e recomendações

para a gestão ambiental do Programa (AAE programática) Plano de Desenvolvimento

Integrado do Turismo

Sustentável na Costa Norte

Turismo 2006 Mtur Uso da AAE como suporte ao planejamento do desenvolvimento do turismo na região da Costa Norte (estados do

Ceará, Piauí e Maranhão) a partir da avaliação das implicações ambientais associadas às opções de

desenvolvimento do turismo, em discussão entre o Ministério do Turismo e os estados. RODOANEL-SP Transportes 2004 CONSEMA

DER-SP Viabilidade Ambiental x AIA CUMULATIVIDADE. Subsídios para o licenciamento e identificação de possíveis

conflitos. Programa Rodoviário de Minas Gerais

Transportes 2006 Governo de Minas Gerais

Avaliar as implicações ambientais do Programa Rodoviário de Minas Gerais.

AAE no PPA federal Planejamento 2002 2006

Ministério do

Planejamento

Avaliar a uso da AAE como ferramenta de apoio à decisão em nível estratégico no processo de planejamento do

desenvolvimento do País, considerando-se a perspectiva de visão integrada no território e as implicações

ambientais de projetos co-localizados. GEF Pantanal Biodiversidade 1998

2004 ANA/ MMA

Avaliar as estratégias de gerenciamento integrado do Pantanal e da Bacia Alto Paraguai, com vistas a desenvolver

programa de ações capazes de apoiar e assegurar o desenvolvimento sustentável da região

Fonte: Adaptado de Teixeira (2008)

20

No estado do Ceará, tem-se a experiência da AAE do Complexo Industrial do Porto

do Pecém (CIPP), em 2006, promovido pela Secretaria de Planejamento e Gestão do

Governo, com vistas a atender a proposição de uso da AAE feita pela agência de fomento,

para que os seus resultados fossem considerados na decisão de aprovar ou não a concessão do

financiamento para o Complexo. A decisão de realizar o Complexo como uma ação que

contribuiria para a consecução de objetivo estratégico da política energética cearense (ou seja,

incrementar a participação de oferta de energia, por meio de termelétricas, na matriz energética,

bem como implantação de Siderurgia) já estava adotada pelo Governo estadual.

Cabe observar, contudo, que em todas as experiências brasileiras houve desencontros

conceituais (aplicações em empreendimentos), não houve avaliação específica pelos órgãos e

instituições (formalmente não existe AAE no Brasil), mas os empreendedores utilizaram as

informações para adequações em seus projetos.

21

6. Origens e Fundamentos da AAE

O Ato de Política Nacional de Meio Ambiente (National Environmental Policy Act

– NEPA, Act of 1969), dos Estados Unidos da América, é a referência que primeiro se tem

notícia à solicitação do que mais tarde ficou conhecido como AAE. De fato, o mecanismo

EIA impôs às agências federais a prepararem ferramenta de avaliação para legislações e

outras ações federais com significante efeito sobre a qualidade ambiental.

A Figura 07 traz, resumidamente, o histórico da AAE no mundo.

Figura 07 – Histórico da Avaliação Ambiental Estratégica, no mundo

ano Iniciativas históricas

1969 O Act of 1969 passou pelo Congresso americano, obrigando todas as agências e

departamentos federais a considerar e avaliar os efeitos ambientais das propostas de

legislação e de projetos maiores.

1978 O Conselho americano de Qualidade Ambiental (USCEQ) estabelece regulamentações

específicas para avaliações programáticas

1989 O Banco Mundial adota uma diretiva interna (OD 4.00) em EIA que permite acompanhar

a preparação de avaliações regionais e setoriais

1990 A Comunidade Comum Européia implementa a primeira proposta de Diretiva para

Avaliação Ambiental de Pol´ticas, Planos e Programas

1991 A Convenção de UNECE promove a aplicação da avaliação ambiental para políticas,

planos e programas

1991 O Comitê de Assistência ao Desenvolvimento, da OECD, adota princípios chamando

específicos programas de assistência a realizarem e monitorarem os impactos ambientais.

1995 A UNDP introduz a visão ambiental como uma ferramenta de planejamento

1997 O Conselho da União Européia adota uma proposta para Diretiva de Conselho em que

estabelece a avaliação dos efeitos para determinados planos e programas na área

ambiental

2001 A UNECE estabelece um rascunho de protocolo da Avaliação Ambiental Estratégica

aplicada a políticas, planos e programas.

2001 O Conselho da União Européia adota a Diretiva do Conselho 2001/42/CE de 27 de junho

que estabelece os efeitos de determinados planos e programas na área ambiental

Fonte: Partidário (2003)

22

A Avaliação Ambiental Estratégica possui a capacidade de suportar o

desenvolvimento de políticas e práticas de planejamento com uma forte componente

ambiental e, acima de tudo, pode permitir um papel fundamental na promoção dos

princípios da sustentabilidade e na consideração dos efeitos cumulativos (Partidário, 1996;

Fischer, 1999; Goodland e Mercier, 1999).

Partidário (2003) enumera os seguintes fundamentos para AAE:

(1) Auxilia no alcance de proteção ambiental e de desenvolvimento sustentável por meio

da: (a) consideração dos efeitos ambientais de ações estratégicas, (b) identificação das

melhores opções de práticas ambientais e (c) avisa previamente os efeitos cumulativos e

mudanças de grande escala;

(2) Integra o viés ambiental dentro dos setores de tomada de decisão por meio da: (a)

promoção do aspecto ambiental e de propostas sustentáveis e (b) mudança nas direções das

decisões já feitas.

Admite Partidário (2007b) que as três principais funções da AAE são:

(1) integração do meio ambiente e das questões de sustentabilidade em processo

estratégico;

(2) avaliação das oportunidades e riscos das opções estratégicas; e

(c) validação da avaliação dos processos estratégicos e das tomadas de decisão.

A figura 8 mostra o nível de aplicação da Avaliação de Impacto em casacata e suas

modalidades: (a) Avaliação Ambiental Estratégica, que insere a variável ambiental no

processo de Políticas, Planos e Programas e do (b) Estudo de Impacto Ambiental, que tem

por finalidade estudar a viabilidade ambiental de projetos ou empreendimentos.

23

Figura 08 – A prática da avaliação de Impacto em cascata em um sistema de planejamento

de turismo

Relação entre ações

Nível

administrativo

Políticas Planos Programas Projetos

(AAE) (AAE) (AAE) (EIA)

Federal

Estadual

Municipal

Política Nacional Plano Nacional de Programa Naacional de Construção

do Turismo Incentivo ao Turismo Roteiros Turísticos de estradas

Integrados

Política Estadual Plano Estadual de Programa de Incentivo Implantação de

do Turismo Desenvolvimento a projetos turísticos resorts/hotel de

do Turismo grande porte

Política Municipal Plano Municipal de Programa de Diversi- Construção de

do Turismo Incentivo ao Turismo ficação de oferta Centro de Feiras

turística e Eventos

Fonte: Lemos (2007).

A inter-relação entre políticas, planos e programas são frequentemente idealizados

como um processo hierárquico da tomada de decisão, conforme Figura 09, que usa o

desenvolvimento da matriz energética como um exemplo.

24

Figura 09 – Quadro de Processo Integrado de Avaliação Ambiental

alternativas justificativa tecnológica local

mitigação

Políticas Política macro-econômica Política ambiental

Estratégias de desenvolvimento setorial, por exemplo, transporte e energia

Desenvolvimento regional

Mega projetos, por exemplo, canais

Programas Estratégias de conservação

Suprimento de energia, por exemplo, óleo, gás, nuclear e hidraúlica

Planos Gerenciamento integrado de bacias hidrográficas

Planos de Bacias

projetos Padrões ambientais, por exemplo, qualidade da água e produção de peixes

Avaliação de impactos específicos

Fonte: Sadler e Verheem, 1996. Assim, se uma AAE for feita em determinada região, provavelmente, na maioria

dos casos, o EIA é necessário; pois na prática a AAE diz respeito a propostas amplas e

alternativas, enquanto o EIA é requerido em virtude de um projeto específico

(empreendimento ou atividade) e que requer maior detalhamento de informações a respeito

dos efeitos deste determinado empreendimento no meio ambiente. A AAE pode auxiliar na

preparação de um EIA, mas não removerá sua necessidade (inclusive legal).

25

7. Métodos de Avaliação Ambiental Estratégica

Sadler e Verheem (1996); Therivel e Partidário (1996) relatam que os seguintes

princípios podem ser retirados de experiências práticas de AAE, a saber:

- inicia antes da formulação de políticas;

- ocorre em paralelo e integrado com a formulação de política;

- enfoca as questões de sustentabilidade;

- considera alternativas; e

- envolve o público.

Dalal-Clayton e Sadler (1998) informam que, a respeito dos princípios gerais, um

processo de AAE deve:

- acompanhar o propósito e ser adaptado para o nível de políticas ou para o nível de planos

e programas;

- ter integração, de maneira a ser aplicado segundo os objetivos e previsões estabelecidos

para ele e ser efetivo em atingir os objetivos;

- estar focado na informação necessária na direção das decisões a serem tomadas e

acompanhar as significantes questões-chaves;

- estar voltado aos princípios do desenvolvimento sustentável (considerando-se as

dimensões social, ambiental e econômica);

- estar integrado com análises paralelas das dimensões e questões socioeconômicas, e com

outros processos e instrumentos de avaliação e planejamento;

- relacionar com EIA quando apropriado (talvez por mecanismos de avaliação em cascata);

- ser transparente e aberto;

- ser prático, fácil de implementar, orientado para solução de problemas e custo-efetivo;

- introduz novas perspectivas e criatividade; e

- ser um processo de aprendizagem.

Resumidamente, a AAE permite prover informação ambiental a vários estágios de

tomada de decisão relacionada a ações estratégicas. Rakos et al. (1997) trazem a síntese do

processo de AAE, da seguinte maneira:

(1) Descrição das PPP:

- nome das PPP

- nome da autoridade líder

- locação geográfica

26

- setor (se aplicável)

- período de tempo coberto pelas PPP.

(2) Situação dos objetivos primários das PPP, incluindo objetivos ambientais

(3) Lista de várias maneiras alternativas que os objetivos podem ser alcançados (incluindo

as alternativas: “não ação” e “melhor para o meio ambiente”)

(4) Descrição das regulamentações e padrões ambientais, e relevantes problemas e

conflitos ambientais

(5) Descrição e explicação dos possíveis impactos das PPP (talvez se utilizando matriz ou

listagem de controle), incluindo: uso do solo, eficiência energética, transporte, resíduos,

mineração, água, ar, ecologia, materiais perigosos, serviços públicos e infra-estrutura,

paisagem, patrimônio cultural, espaço urbano)

(6) Explanação de quais alternativas foram selecionadas e porquê

(7) Descrição de como as PPP podem ser modificadas para eliminar ou reduzir alguns

significantes impactos ambientais adversos identificados no (5), e outras medidas

propostas para reduzir esses impactos.

(8) Lista de quais membros do poder público, de ONGs e outras autoridades foram

consultadas; e explicação de como suas opiniões refletiram nas PPP.

A Figura 10 sumariza os estágios da AAE e mostra como estão relacionados ao

processo de decisão, conforme Therivel e Brown (1999).

27

Figura 10 – Quadro Resumo de AAE e processo de tomada de decisão

Processo de tomada de

decisão estratégica

AAE Possíveis métodos de AAE (adaptado

de Sadler e Verheem, 1996)

Determinar/Definir

objetivos/visão de PPP

Determinar/Definir objetivos

ambientais e indicadores

Identificar conflitos e

questões de interesse

Identificar conflitos e

interesses ambientais

(incluindo a baseline

ambiental onde são

considerados os padrões

adequados ambientais, as

capacidades de suporte ou

próximo à capacidade)

Refere-se a: política ambiental, padrões,

planos locais e regionais, valores e

preferências públicas (comuns), estoques

ambientais.

Identificar e descrever

alternativas de modo que

os objetivos sejam

atendidos

Identificar alternativas que são

melhores para o meio

ambiente

Avaliar e comparar as

alternativas

Prever e avaliar os impactos

ambientais do meio ambiente,

comparar as alternativas com

os impactos ambientais

Screening/scoping: listagem de controle,

comparação de casos, rede de efeitos,

consultas públicas

Avaliação de impacto: cenários, avaliação de

risco, indicadores e critérios ambientais,

matriz de impacto política, modelos de

simulação e de previsão, SIG, análise custo-

benefício e outras técnicas de avaliação

econômica, análise multi-critérios,

modelagem computacional, análise de ciclo

de vida.

Condução pública Exercícios de consulta

pública, ONGs, outras

autoridades e preparação do

Relatório de AAE

Análise de sensibilidade, workshorps,

entrevistas, consulta seletiva, diálogo

político.

Selecionar e refinar as

alternativas

Mitigação dos impactos

ambientais

Implementar PPP e

monitorar os resultados

Monitoramento dos impactos

ambientais e prover feedback

Fonte: Therivel e Brown (1999).

28

Sinclair et al. (2008) estabeleceram estrutura conceitual de aprendizagem para o

desenvolvimento sustentável por meio de Avaliação Ambiental. A Figura 11 traz os

sistemas sócioecológicos e as suas inter-relações.

Figura 11 – Avaliação Ambiental e os sistemas socioecológicos

Fonte: Sinclair et al. (2008).

Significativa participação

Monitoramento Avaliação Ambiental

aprovada

Avaliação dos efeitos cumulativos

e estratégica

Sustentabilidade econômica, social e

ecológica

Avaliação Ambiental

Educação crítica

Aprendizagem individual

Aprendizagem social

Transformação e mudança social

29

A necessidade de mudança social em larga escala, a prevalência do conflito e a

inerente incerteza e complexidade dos sistemas socioecológicos permitem o desenho da

estrutura. A Avaliação Ambiental é um processo de governança socioecológica,

particularmente quando guiada por critérios ambientais. O monitoramento auxilia a

estabelecer curvas de aprendizagem oriundas das decisões da Avaliação Ambiental e a

avaliação dos efeitos cumulativos incorpora a memória da avaliação ambiental e auxilia

futuras decisões. Oportunidades para uma significativa participação é parte essencial no

processo de aprendizagem individual e coletivo. A sociedade civil pode se utilizar da

educação crítica para facilitar sua participação na Avaliação Ambiental (Sinclair et al.

(2008).

Therivel e Ross (2007) informam que em relação aos efeitos cumulativos, seu

manejo inclui: (a) evitar e mitigar: lidando com um efeito para reduzir sua magnitude ou

evitá-lo em conjunto; (b) compensação; (c) acompanhamento ou estudos de monitoramento

que possam causar ações de manejo, a exemplo da adaptação e (d) num nível mais

estratégico, regras para estabelecimento e manejo de projetos.

Continuam os mencionados autores que a predição dos efeitos cumulativos permite

identificar:

(1) os efeitos totais de diferentes componentes de um plano ou programa, e

(2) os efeitos totais de um plano ou programa em combinação com aqueles de outras

atividades humanas

Admitem os citados autores que a determinação do contexto de uma boa avaliação

de efeitos cumulativos deve:

(a) considerar as tendências passadas e atividades humanas, conservando uma mentalidade

clara sobre o que significam essas tendências,

(b) usar a descrição da baseline para dar um entendimento do existir um problema

cumulativo ou não. O propósito dos estudos da baseline não é apenas a coleta de dados,

mas usar as informações para entender o que está acontecendo,

(c) comparar a situação da baseline contra os alvos verdade. Quando não existem alvos,

estes devem ser criados. A avaliação de qualidade de vida pode ser um bom meio a se

perseguir,

(d) mapas são excelentes maneiras de representação de dados em escala espacial e auxilia a

relacionar diferentes escalas de descrição da baseline,

(e) a informação da baseline e posteriormente os resultados do monitoramento podem ser

coletados de acordo com os protocolos de monitoramento estipulados pela regulação legal.

30

Estes protocolos podem idealmente serem usados por todos os programas de

monitoramento nas regiões de tal forma que os resultados possam ser compartilhados para

as propostas dos efeitos cumulativos.

8. Etapas da Avaliação Ambiental Estratégica

A primeira coisa a se fazer na Avaliação Estratégica é identificar os fatores críticos,

suas inter-relações que possam ser estratégicas para o entendimento do contexto;

identificar e analisar o problema e identificar as escalas relevantes que possibilitem uma

adequada avaliação (PARTIDÁRIO, 2007b).

Em uma AAE não são as fases de planejamento ou de formulação de políticas que

importam, mas aqueles momentos do processo de decisões estratégicas, quando decisões

críticas devem ser tomadas e que podem trazer benefícios enquanto oportunidades da AAE.

Partidário (1996) faz referência aos “pontos de verificação no processo de formulação de

políticas que favoreça a avaliação e revisão de como e quando todos os fatores relevantes e

pertinentes estão efetivamente sendo integrados”. Este conceito posteriormente ficou

conhecido como “janelas de decisão”, por meio do projeto ANSEA (CARATTI et al.,

2004), que significam os momentos de decisão que tem um significante impacto nas

conseqüências ambientais das políticas, planos e programas, na qual a informação

ambiental e a regulação dos procedimentos são mais efetivas para a consideração

consciente dos objetivos ambientais.

No entanto, posteriormente Partidário (2007b) estabelece que as janelas de decisão

devem ser identificadas como os momentos de integração e não como impactos ou

momentos de validação. Continua a mencionada autora que as janelas de decisão trazem

uma capacidade e uma oportunidade estratégica de modo a influenciar a tomada de decisão

e assegurar que os princípios de sustentabilidade e a avaliação de impactos estejam

completamente integrados. As janelas de decisão são críticas no processo de AAE e

necessitam ser identificadas no estágio inicial para influenciar a organização do processo

de AAE.

A baseline significa um detalhamento da situação existente, incorporando todos os

aspectos relevantes. Geralmente, em AAE existe o constante sentimento de ausência de

informações, especialmente considerando as escalas de abordagem e o alto grau de

incertezas associadas à AAE. Partidário (2007b) comenta que para evitar o sentimento de

lacunas de informação, a AAE deve identificar seu contexto de informações. O contexto no

31

qual opera a AAE é um contexto de multi escalas e as informações podem ser necessárias

em diferentes abordagens, mesmo se o objeto de avaliação for em escala relativamente

local, a exemplo do planejamento de transporte.

Em termos estratégicos, sugere-se o uso da nomenclatura “opções”, ao invés de

alternativas, e a nomenclatura “oportunidades” e “riscos”, ao invés de impactos. NO caso

das medidas mitigadoras, notadamente em EIAs o termo mitigação está fortemente

relacionado a correção, por meio de medidas de compensação físicas. O termo faz menos

sentido no processo de AAE, uma vez que as tomadas de decisão não estão diretamente

relacionadas a construção ou fases de operação. Pelo contrário, admite Partidário (2007b),

uma série de ações e iniciativas seguem uma AAE, a exemplo de novas políticas, novos

programas e novos planos e, ainda, novos projetos.

Continua a mencionada autora que a AAE permite a escolha de opções ou direções

que estarão mais afeitas às melhores soluções ambientalmente sustentáveis. Numa AAE

devem-se estabelecer as diretrizes macro de planejamento e manejo (gestão), normalmente

com indicação de ações futuras em direção ao que é ambientalmente correto, pensando nas

gerações futuras.

Em resumo, Partidário (2007b) menciona que:

- as informações significam qualquer elemento capaz de responder às questões críticas e

prover assistência aos tomadores de decisão no sentido de diminuir as incertezas;

- qualquer momento é um bom momento para decidir sobre necessidades de informações.

Existem momentos de debate e de tempestade de idéias (brainstorming), momentos de

análises, momentos de interação, momentos de decisão. Em todos esses momentos novas

informações podem ser necessárias e a decisão de quando a informação é realmente

indispensável.

32

9. Considerações Finais

A avaliação ambiental estratégica pode se constituir em importante ferramenta de

gestão ambiental e contribuir, sobremaneira, para que as decisões, em base pública e

privada, tenham mais consistência em relação às necessidades de um futuro sustentável.

Conforme Sánchez (2008), a verdadeira medida do sucesso da AAE será sua capacidade de

influenciar as decisões e não a confecção de relatórios volumosos e bem ilustrados.

Continua o mencionado autor que o objetivo é duplo: (1) identificar antecipadamene as

conseqüências das PPP a fim de evitar, minimizar ou compensar impactos adversos e (2)

influenciar diretamente o desenho de novas PPP, que incorporem os impactos

socioeconômicos e ambientais e, ainda, que contribuam para o desenvolvimento

sustentável.

Portanto, não se trata de submeter políticas, planos e programas à AAE, e sim usar

a AAE para formular e desenvolver políticas, planos e programas. Assim sendo,

fundamental encontrar caminhos que permitam ou favoreçam a institucionalização da AAE

(em alguns casos tornando-a obrigatória para tomada de decisões), sem, no entanto,

transforma-la em obstáculo sob a ótica dos tomadores de decisão e, ainda, sem constituir

em processo incompatível com os tempos de procedimentos necessários à realização de

ações estratégicas para o desenvolvimento regional.

33

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Environmental Impact Assessment Review, vol. 23.. New York: , Elsevier Science Inc.,

2003, pp 543–579.

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11. Sobre os autores Marcelo Pereira de Souza

Engenheiro Civil, Administrador de Empresas e Bacharel em Direito. Mestre e

Doutor em Saúde Pública (USP). Pós-Doutorado em Geografia, pela Clark University.

Pós-Doutorado em Avaliação Ambiental Estratégica, pela Oxford University. Professor

Titular do Departamento de Engenharia Hidráulica e Saneamento, da Escola de Engenharia

de São Carlos, da Universidade de São Paulo. Coordenador do Programa de Pós-

Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental, do CRHEA/USP. E-mail:

[email protected]

Isabel Silva Dutra de Oliveira

Arquiteta e Urbanista. Mestre e Doutora em Ciências da Engenharia Ambiental

(USP). Doutorado Sanduíche em Avaliação Ambiental Estratégica, na Oxford University.

Conceição Maria de Albuquerque Alves

Engenheira Civil. Mestre em Ciências da Engenharia Ambiental (USP). Doutora

em Hidrologia, pela Cornell University. E-mail: [email protected]

Nájila Rejanne Alencar Julião Cabral

Arquiteta e Urbanista. Mestre em Saneamento Ambiental (UFC). Doutora em

Ciências da Engenharia Ambiental (USP). Pós-Doutorado em Engenharia Civil (UFSCar).

Professora Doutora do Departamento de Construção Civil, do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Membro Titular do Comitê Gestor e da

Comissão Técnica do Programa Selo Município Verde, Ceará (2003-2009). E-mail:

[email protected]