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Estrutura e Organização da Educação Brasileira Autor: Lindolfo Anderson Martelli Tema 10 Competências Profissionais para as Práticas de Gestão

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Estrutura e Organização da Educação BrasileiraAutor: Lindolfo Anderson Martelli

Tema 10Competências Profissionais para as Práticas de Gestão

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Tema 10Competências Profissionais para as Práticas de Gestão

Como citar este material:MARTELLI, Lindolfo Anderson. Estrutura e Organização da Educação Brasileira: Competências Profissionais para as Práticas de Gestão. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014.

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Tema 10Competências Profissionais para as Práticas de Gestão

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CONTEÚDOSEHABILIDADES

Conteúdo

Nessa aula você estudará:

• A importância do trabalho participativo no desenvolvimento das ações escolares.

• Os objetivos e as funções do projeto pedagógico-curricular, do currículo, do ensino, da gestão, do desenvolvimento profissional e da avaliação.

• O desenvolvimento de competências individuais e grupais e a organização da gestão do trabalho na escola.

• Os modelos de admissão de diretores nas escolas públicas.

Introdução ao Estudo da Disciplina

Caro(a) aluno(a).

Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro Educação Escolar: Políticas, Estrutura e Organização, dos autores José Carlos Libâneo, João Ferreira de Oliveira e Mirza Seabra Toschi, editora Cortez, 2012, PLT 748.

Roteiro de Estudo:

Lindolfo Anderson MartelliEstrutura e Organização da Educação Brasileira

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CONTEÚDOSEHABILIDADES

Competências Profissionais para as Práticas de Gestão

A gestão escolar requer a efetivação de novos processos de organização e gestão que promovam a efetiva participação de toda a comunidade escolar nas decisões. A participação coletiva favorece a gestão democrática que precisa estruturar a cultura organizacional da escola, ou seja, deve ser parte integrante das práticas dos diferentes atores que constroem o cotidiano escolar. Isso quer dizer que os processos de participação constituem, em si mesmos, processos de aprendizagem e de mudanças culturais a serem construídos cotidianamente.

A participação não ocorre sempre da mesma forma, ela é circunstancial e depende das competências de cada um dos envolvidos. Os processos de participação sofrem influências de muitas variáveis e envolvem decisões que afetam assimetricamente o cotidiano escolar. Ou seja, existem decisões pontuais, imediatas, que pouco impactam o cotidiano escolar, e aquelas que interferem diretamente nos projetos complexos e estratégicos da escola.

Nesse sentido, a participação democrática só é possível a partir da constante reflexão sobre a cultura organizacional da escola, que por muito tempo esteve balizada em processos autoritários, pautando-se em hierarquias inflexíveis em que o poder era centralizado

Habilidades

Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões:

• Quais competências profissionais devem ser desenvolvidas na gestão participativa?

• Quais ações devem ser desenvolvidas pela instituição escolar para uma gestão participativa?

• Qual a importância da participação da comunidade escolar no desenvolvimento do projeto político-curricular e na escolha dos diretores?

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LEITURAOBRIGATÓRIAprincipalmente na figura de um único gestor. A participação democrática deve ser viabilizada a partir de meios e condições favoráveis para a gestão, destacando-se a infraestrutura adequada, os recursos humanos qualificados e o apoio estudantil. Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 451) o conceito de participação está fundamentado no princípio da autonomia, que se opõe justamente às formas autoritárias de tomada de decisão. Para os autores há dois sentidos para a participação:

A participação significa a intervenção dos profissionais da educação e dos usuários (alunos e pais) na gestão da escola. Há dois sentidos de participação articulados entre si: a) a de caráter mais interno, como meio de conquista da autonomia da escola, dos professores, dos alunos, constituindo prática formativa, isto é, elemento pedagógico, curricular, organizacional; b) a de caráter mais externo, em que os profissionais da escola, alunos e pais compartilham, institucionalmente, certos processos de tomada de decisão.

A participação democrática requer que todos os envolvidos nos processos de decisão estejam determinados a contribuir por vontade própria. Portanto, ela não deve ser imposta, delegada ou requerida por decreto como um mecanismo formal. É salutar que nas decisões sejam evidenciadas as contradições e diferenças entre os participantes, pois deste processo emergem discussões e questões que são problematizadas, permitindo o amadurecimento de ideias. O importante é que a gestão escolar seja construída com base na cooperação, no trabalho coletivo, no partilhamento do poder, com muito diálogo, respeito às diferenças e as vivências particulares de todos. A liberdade de expressão deve ser garantida como a primeira condição para a participação de todos, dirigentes escolares, professores, estudantes, funcionários, pais de estudantes e comunidade local. A escola deve ser o espaço onde a comunidade escolar vivencia o aprendizado democrático, exerce a cidadania e se integra à gestão.

A gestão que promove a participação democrática prevê a necessidade de estabelecer objetivos, metas, formas organizativas e procedimento de gestão e articulação das relações humanas. Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 512), esse estilo de gestão requer a formação de uma boa equipe de trabalho; a construção de uma comunidade democrática de aprendizagem; a promoção do desenvolvimento profissional; o envolvimento de pais, alunos e comunidade escolar nas decisões; o fortalecimento de formas de comunicação e de difusão de informações e finalmente um sistema de avaliação escolar. Portanto, a gestão escolar precisa adotar uma concepção realista da organização escolar, considerando, ao mesmo tempo, os valores, os significados, as interpretações das pessoas em relação ao processo que precisa ser feito e os objetivos e as exigências sociais impostos pela realidade.

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A reflexão conjunta com base nas vivências pessoais deve promover a construção de uma comunidade democrática de aprendizagem com a qual o trabalho colaborativo é favorecido e as expectativas são compartilhadas em relação aos objetivos, aos meios de trabalho, às formas de relacionamento e às práticas de gestão. De acordo com Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 519), a construção de uma comunidade de aprendizagem requer:

- Consenso mínimo sobre valores e objetivos.

- Estabilidade do corpo docente e tempo integral numa escola.

- Metas pertinentes, claras e variáveis.

- Capacitação de docentes para o trabalho em equipe e para a aquisição de habilidades de participação.

- Promoção de ações sistemáticas de formação continuada, para o desenvolvimento profissional.

A escola no cumprimento do seu papel e na efetivação da gestão democrática, precisa não só criar espaços de discussões que possibilitem a construção coletiva do projeto educativo, como também desenvolver e sustentar ambientes que favoreçam essa participação. De acordo com Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 512-524) os objetivos e metas estabelecidos na gestão de estilo democrático-participativo devem prever:

1) Formação de uma boa equipe de pessoas que trabalhe colaborativamente e que de forma cooperativa possibilite o rompimento de práticas individualistas.

2) Construção de uma comunidade democrática de aprendizagem em que sejam garantidas a participação ativa de professores e alunos nas decisões relacionadas à vida da escola.

3) Promoção de ações de desenvolvimento profissional que promova a formação continuada dos profissionais da escola, envolvendo professores e funcionários administrativos.

4) Envolvimento dos alunos em processos de solução de problemas e de tomada de decisões, garantindo a transformação de seu próprio pensamento e de seus comportamentos.

5) Envolvimento dos pais na vida da escola tanto em seu aspecto formal, em associações, quanto informalmente, mediante o diálogo com professores, coordenadores e direção.

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6) Fortalecimento de formas de comunicação e de difusão de informações em que se privilegiem a transparência das informações e o acesso a estas.

7) Avaliação do sistema escolar, das escolas e da aprendizagem dos alunos considerando os instrumentos de avaliação interno e externo, desdobrada em avaliação institucional e avaliação acadêmica.

Os autores Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 444), defensores da pedagogia sociocrítica, entendem que a gestão escolar precisa ser entendida sistemicamente, relacionando a organização escolar como uma construção social que envolve a experiência subjetiva das pessoas e a realidade sociocultural e política. Nessa concepção, a organização escolar é concebida como um sistema que agrega pessoas, que considera suas intencionalidades e as relações com o contexto sociopolítico. Os desafios à competência da direção, à coordenação pedagógica e aos professores estão relacionados à capacidade de conciliar interesses pessoas e coletivos, particularidades culturais e exigências universais da convivência humana, de se preocupar com os objetivos pedagógicos e sociais e estabelecer formas participativas e eficiência nos processos administrativos.

Na organização e na gestão da escola, os autores Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 446) sugerem seis áreas de atenção para a equipe gestora: o planejamento e o projeto pedagógico-curricular; a organização e o desenvolvimento do currículo; a organização e o desenvolvimento de ensino; as práticas de gestão técnico-administrativas e pedagógico-curriculares; o desenvolvimento profissional; a avaliação institucional e da aprendizagem. Para os autores, essas áreas de atuação são determinantes para a eficácia escolar e melhoria do processo de ensino e aprendizagem.

O trabalho em equipe é muito importante, principalmente no que se refere à construção do projeto pedagógico curricular, já que, nele, são tratados os problemas e as dificuldades relacionadas ao conteúdo, à gestão e à dinâmica escolar como um todo. Esse processo de construção colaborativa deve permitir não só a troca de informações e de experiências como também a busca por consenso em relação aos problemas e suas soluções. Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), o projeto pedagógico-curricular é um documento que reflete as intenções, os objetivos, as aspirações e os ideais da equipe escolar. Entre as razões que justificam a importância desse projeto, estão: a atividade conjunta; as práticas participativas; a prática educativa; e a autonomia da equipe escolar.

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O roteiro de formulação do projeto pedagógico-curricular deve contemplar os seguintes itens: contextualização e caracterização da escola; concepção de educação e práticas escolares; diagnóstico da situação atual; estrutura de organização e gestão. Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), no planejamento do currículo da escola, é necessário considerar os seguintes princípios: ele precisa ser democrático; garantir cruzamento de culturas, com conhecimentos e experiências diversificadas; incluir a interculturalidade, o respeito e a valorização da diversidade cultural e das diferentes origens sociais dos alunos; respeito à cultura local; analisar a dinâmica espacial da cidade; fortalecer a identidade pessoal, a subjetividade dos alunos; prever tentativas de enriquecimento curricular.

No que diz respeito à organização e ao desenvolvimento de ensino, os autores destacam que o êxito da escola não está apenas no exercício da democracia, da gestão participativa, da introdução de inovações técnicas, mas também na qualidade cognitiva e operativa das aprendizagens. Desse modo, a organização do ensino depende de algumas condições que devem ser propiciadas pela escola, como projeto pedagógico-curricular, plano de trabalho, orientação metodológica, formas de agrupamentos dos alunos, materiais de estudo, bons livros, sistema de avaliação de aprendizagem e práticas de gestão participativa.

Os recursos humanos são o grande diferencial das instituições de ensino, e, por esse motivo, uma maneira para obter melhores resultados é garantir um círculo de motivação a partir do estímulo da capacidade de criação e superação, que permite ao indivíduo sentir-se mais gratificado, uma vez que o investimento em recursos humanos, tecnologias, informações e na valorização de uma cultura aberta às mudanças torna a escola forte e dificilmente a leva a dificuldades. Nesse sentido, a formação continuada dos profissionais também deve ser pensada em termos de gestão.

Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), a noção atual de desenvolvimento profissional parte da ideia de que a escola é espaço de formação, ou seja, é no contexto escolar que professores e demais funcionários podem reconstruir suas práticas. Nesse sentido, o desenvolvimento profissional deve articular não só o desenvolvimento pessoal, que consiste nos investimentos pessoais dos professores em seu próprio processo de formação, mas também o desenvolvimento organizacional, que se refere ao envolvimento no processo de organização e gestão da escola.

Segundo Santos (2002, p. 41), os gestores escolares possuem várias e importantes funções dentro da escola, atribuições essas que nem sempre são realizadas com satisfação. No entanto, pode-se reverter esse quadro com as seguintes ações:

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1. Efetivando a gestão participativa, envolvendo todos os profissionais da escola no planejamento das atividades nos aspectos administrativos, pedagógicos, políticos e éticos.

2. Solucionando a insatisfação dos profissionais em razão da sensação de impotência e inutilidade diante do fracasso da escola em educar as novas gerações.

3. Conscientizando todos de que somente a prática participativa e democrática pode provocar mudanças significativas e benéficas para a escola. Os autores Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 521) destacam que existem muitas dificuldades para a promoção da participação democrática na escola, de ordem social e cultural, decorrentes das novas configurações da realidade social. Questões como desemprego, prostituição infantil, violência entre grupos, tráfico de drogas, uso de armas, liberação sexual, desintegração familiar, bullying, entre outros, são verdadeiros desafios para a gestão da escola. Essas questões repercutem na disciplina e na cultura organizacional escolar, pois trazem para o cotidiano escolar comportamentos inadequados, insubordinação, agressão física e verbal, desrespeito e ameaça aos alunos e professores. O despreparo em lidar com essas questões revela a necessidade de repensar as práticas de gestão, as formas de organização do trabalho escolar e o envolvimento entre alunos e professores.

Diante dessas questões, para que a participação democrática não seja prejudicada, os autores Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 522) sugerem que a gestão incorpore medidas como:

• Promoção de encontros de orientação educacional grupal para conversação dirigida sobre questões de formação moral, relacionamentos, problemas típicos da juventude.

• Envolvimento de alunos nas discussões de normas disciplinares, incluindo formas de prevenção de violência física e de agressões verbais.

• Promoção de ações que fortaleçam os laços com as famílias e a comunidade.

• Investimento em ações de capacitação dos professores para lidar com dilemas morais e com o manejo da classe; diante das novas atitudes que os alunos exibem na sala.

Para se implantar um processo de mudança na organização escolar é importante que a gestão seja planejada. Portanto, é primordial que esta atente para as mudanças sociais e culturais da contemporaneidade, as transformações da comunidade escolar e a necessidade de investimento e valorização dos recursos humanos e técnicos disponíveis. Tal desafio é

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permanente e precisa ser discutido em reuniões colegiadas que visem detectar os fatos considerados geradores de mudanças estratégicas na organização e os benefícios que podem ser tirados disso. Nesse sentido, Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 529-536) destacam as competências que precisam ser desenvolvidas entre os profissionais da escola:

• Aprender a participar de um grupo de trabalho ou de discussão, desenvolver o trabalho em equipe, saber ouvir, compartilhar interesses e motivações.

• Desenvolver em toda a equipe as capacidades e habilidades de liderança, o que envolve saber se comunicar, escutar, expor ideias, ser capaz de organizar, atribuir responsabilidades, coordenar o trabalho, acompanhar e avaliar.

• Compreender os processos envolvidos nas inovações organizativas, pedagógicas e curriculares, sendo capaz de introduzir inovações e instituir novas práticas.

• Aprender a tomar decisões sobre os problemas e dilemas da organização escolar, das formas de gestão, da sala de aula, integrando a comunidade escolar na tomada de decisões.

• Conhecer, informar e dominar o conteúdo da discussão de maneira atuante e crítica, principalmente com relação à legislação, aos planos e às diretrizes oficiais; às normas e rotinas; às questões pedagógicas e curriculares.

• Saber elaborar planos e projetos de ação, envolvendo a habilidade de planejar, realizar diagnósticos, definir problemas, formular objetivos e gerar soluções.

• Aprender métodos e procedimentos de pesquisa e contribuir com a solução de problemas na escola e na sala de aula.

• Familiarizar-se com modalidades e instrumentos de avaliação do sistema, organização escolar e aprendizagem escolar, o que requer domínio dos instrumentos e práticas de avaliação.

Para uma gestão participativa é necessário desenvolver competências profissionais que provoquem mudanças nas atitudes, nas ações e nos comportamentos. Essas mudanças são necessárias para melhor atender à efetividade das ações educacionais para a promoção da aprendizagem dos alunos.

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Nas práticas de gestão estão incluídas as ações técnico-administrativas e pedagógico-curriculares. As ações técnico-administrativas envolvem a legislação e as normas escolares; os recursos físicos, materiais, didáticos e financeiros; incluindo as rotinas administrativas e a secretaria escolar. E as ações pedagógico-curriculares envolvem a gestão do projeto pedagógico, do currículo, do ensino, do desenvolvimento profissional e da avaliação. A responsabilidade direta dessas ações pertence à direção e à coordenação pedagógica.

No que diz respeito às atribuições, é importante destacar que cabem ao diretor da escola as questões administrativas e a gestão das tomadas de decisões por meio de práticas participativas. Já a coordenação pedagógica responde pela viabilização do trabalho pedagógico-didático e por sua integração e articulação com os professores. Cabe ao coordenador dar assistência pedagógico-didática aos professores, ajudando-os nas situações de aprendizagem. E por parte dos professores se espera domínio dos conteúdos e adequação ao desenvolvimento do aluno; domínio de metodologias de ensino; clareza dos objetivos de ensino; planos de ensino e de aula; uma classe organizada e alunos motivados; levar em conta os conhecimentos trazidos pelos alunos; domínio de procedimentos e instrumentos de avaliação.

Dentre as formas de acesso historicamente adotadas no sistema educacional brasileiro, propostas para a gestão das escolas públicas, destacam-se: 1) diretor livremente indicado pelos poderes públicos (estados e municípios); 2) diretor de carreira; 3) diretor aprovado em concurso público; 4) diretor indicado por listas tríplices ou sêxtuplas ou processos mistos; e 5) eleição direta para diretor (BRASIL, 2004, p. 35).

Para cada uma dessas modalidades, existem argumentos favoráveis e contras a sua implantação e nenhuma delas cumpre plenamente as exigências da gestão democrática da escola. Diante desses modelos e das necessidades da gestão democrática na escola, são destacadas algumas exigências para a escolha do diretor da escola pública: a efetiva participação das comunidades local e escolar, a proposta pedagógica para a gestão e a liderança dos postulantes ao cargo.

Historicamente a direção das escolas públicas tem se fundamentado basicamente na livre indicação de representantes do poder público de diretores como um cargo de confiança da administração pública. Dessa forma o papel da direção esteve atrelado ao clientelismo, ao favoritismo e a jogos de interesses e poder sem o respaldo da comunidade escolar. Nesse modelo de gestão a escola é concebida como um espaço de práticas autoritárias e um mecanismo de diversas barganhas políticas. Os gestores acabam transformando a

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escola em trampolim político para interesses pessoais ou de grupos, geralmente atrelados a partidos políticos organizados.

Em relação ao diretor de carreira, trata-se de uma modalidade pouco utilizada na escola pública. Nesse caso a progressão ao cargo se dá por critérios de tempo de serviço, qualificação profissional, merecimento etc. Frequentemente, essa modalidade é uma variação da indicação política, ou seja, não é efetivamente fundamentada em critérios objetivos relacionados à qualificação pessoal.

A admissão de diretores por concurso público, mediante critérios objetivos, pode reduzir a gestão a questões técnicas, administrativas, rotineiras e burocráticas. Esse tem sido um dos principais caminhos de ingresso de diretores nas escolas públicas estaduais e municipais. As discussões relacionadas ao ingresso de diretores mediante concurso público se encaminham para a defesa da carreira docente no setor público. Assim, os gestores são escolhidos mediante concurso de provas, ou de provas e títulos. A fragilidade desse sistema está na proposta de estabilidade concedida ao gestor, ao passo que, por se tratar de educação, todos os envolvidos devem estar em constante aprimoramento pessoal e profissional, dispostos a mudanças o tempo todo. A gestão escolar não pode ser concebida como uma função vitalícia, conquistada mediante um processo de seleção que não leva em consideração a participação efetiva da comunidade escolar e local (BRASIL, 2004, p. 39).

A indicação a partir de listas tríplices ou sêxtuplas, ou a combinação de processos (modalidade mista), consiste na consulta à comunidade escolar, ou a setores desta, para a indicação de nomes dos possíveis dirigentes. Após a indicação dos nomes, cabe ao Executivo ou a seu representante nomear o diretor dentre os nomes destacados e/ou submetê-lo a uma segunda fase, que consiste em provas ou atividades de avaliação de sua capacidade cognitiva para a gestão da educação. Nessa modalidade, a comunidade escolar tem participação ativa apenas no início no processo, deixando de ser democrática ao longo do tempo.

Uma das formas mais democráticas de ingresso de diretores na escola pública é mediante eleições diretas. Dessa forma, o diretor pode ser escolhido diretamente pela comunidade escolar, que define e analisa as competências profissionais de cada um dos candidatos, ou então com processos que combinam eleição direta, provas, planos de trabalhos, análise de competências etc. Embora esse seja um processo legítimo de participação democrática na escola, muitas vezes ele está assentado em interesses políticos. Ou seja, nem mesmo as eleições são capazes de garantir em si mesmas a democratização da gestão escolar, embora representem um importante instrumento de participação da comunidade escolar.

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De acordo com Dourado (2004, p. 49-51), a complexidade das tarefas de gestão e organização da escola, o avanço teórico-prático da educação e de sua gestão, a democratização das relações escolares e a rediscussão das formas de escolha dos diretores começam a interferir nessa lógica tradicional de gestão. Isso quer dizer que a organização e a gestão da escola passam a ser assunto dos diferentes segmentos que compõem as comunidades local e escolar.

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Quer saber mais sobre o assunto? Então:

SitesLeia o artigo de José Augusto Pacheco, intitulado “Currículo e gestão escolar no contexto das políticas educacionais”.Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/rbpae/article/view/26410/15402>. Acesso em: 02 jan. 2014.Esse artigo aborda a inter-relação que existe entre currículo e gestão educacional no contexto das políticas e práticas educacionais.

Leia o artigo “O projeto político-pedagógico como mecanismo para uma efetiva gestão escolar democrática e participativa”, de Arlete Moura de O. Cabral.Disponível em: <http://www.anpae.org.br/simposio2011/cdrom2011/PDFs/trabalhosCompletos/comunicacoesRelatos/0075.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2014.Esse trabalho discute a escola como instituição educativa que promove a autonomia pedagógica e administrativa, utilizando como mecanismo o projeto político-pedagógico para concretizar a democracia e a participação no processo de tomada de decisões na escola.

Acesse o arquivo do e-book “Professores do Brasil: impasses e desafios”.Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001846/184682por.pdf> Acesso em: 02 de jan. 2014.

LINKSIMPORTANTES

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LINKSIMPORTANTESEssa produção, coordenada pelas professoras Bernadete Angelina Gatti e Elba Siqueira de Sá Barreto, da Fundação Carlos Chagas, apresenta os resultados da pesquisa desenvolvida para a UNESCO e apoiada pelo Ministério da Educação. As pesquisadoras desenvolveram um amplo estudo sobre a formação inicial e continuada e a carreira dos professores no Brasil com o intuito de oferecer às diversas instâncias da administração educacional do país um exame crítico do quadro vigente, seguido de orientações e recomendações, que sirvam de subsídio para uma efetiva valorização dos professores.

Vídeos Importantes: Assista à participação do professor Dr. Vitor Henrique Paro na audiência pública sobre o processo de escolha de Diretores de Escola no Brasil.Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=gSHPLSOSiXQ>. Acesso em: 02 jan. 2014.Em seu discurso, o Dr.Paro questiona os modelos de gestão praticados na escola pública brasileira e discute os reflexos da política neoliberal na qualidade do ensino. Discute ainda as diferentes modalidades de acesso aos diretores às escolas públicas brasileiras.

Assista à entrevista da professora Dr. Bernadete Gatti, para a revista Nova Escola, sobre a atual formação de professores no Brasil.A entrevista está dividida em duas partes. Parte 1 – disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=WH6kuIPXkvA>; e Parte 2 – disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=42MugNVgQHI>. Acesso em: 02 jan. 2014.A profa. Bernadete Gatti apresenta o resultado das suas pesquisas e reflete sobre a importância da valorização profissional e das políticas públicas que favoreçam uma carreira profissional para os professores.

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Instruções:

Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema.

Questão 1:

Considerando a realidade das diretorias das escolas públicas no Brasil, quais seriam os principais aspectos a serem considerados na definição dos diretores destas escolas?

Questão 2:

O projeto pedagógico-curricular é um do-cumento que reflete as intenções e os ob-jetivos da instituição escolar. Sobre o pro-jeto pedagógico-curricular é correto afirmar que:

I. Possibilita a atividade conjunta entre a escola, a direção, os especialistas, os funcionários e alunos.

II. Sua formulação é também prática educativa, manifestação do caráter formativo do ambiente de trabalho.

III. Expressa o grau de autonomia da equipe escolar.

IV. Reflete as intenções, os objetivos e as aspirações do Ministério da Educação e Cultura.

V. Sua elaboração é responsabilidade do diretor e do coordenador pedagógico da escola.

Das afirmativas apresentadas, estão corre-tas apenas:

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a) I, II, III e IV.

b) I, IV e V.

c) I, II e III.

d) II e IV.

e) I, III, IV.

Questão 3:

Fazem parte das ações a serem desenvol-vidas com o objetivo de assegurar práticas de gestão participativa, exceto:

a) Formação de equipe.

b) Construção de uma comunidade democrática de aprendizagem.

c) Promoção de ações de desenvolvimento profissional.

d) Envolvimento dos alunos em processos de solução de problemas e de tomada de decisões.

e) Admissão de diretores na escola pública mediante concurso.

Questão 4:

Sobre as práticas de gestão é correto afir-mar que:

a) Dizem respeito a ações de natureza técnico-administrativa e pedagógica.

b) Envolvem apenas ações de natureza técnico-administrativa.

c) Envolvem ações de natureza pedagógico-curricular.

d) Envolvem a gestão do patrimônio e das finanças.

e) Promovem o desenvolvimento profissional mediante formação continuada.

Questão 5:

A respeito de algumas características das competências profissionais dos profissio-nais da educação, está correta a seguinte alternativa:

a) Aprender a tomar decisões; conhecer, informar e dominar o conteúdo da discussão de maneira atuante e crítica; aprender métodos e procedimentos de pesquisa; reconhecer que os líderes devem receber melhores salários.

b) Aprender a participar ativamente em grupo; desenvolver capacidades de liderança; compreender as inovações organizativas, pedagógicas e curriculares; conhecer, informar e dominar o conteúdo da discussão de maneira atuante e crítica.

c) Aprender a participar ativamente em grupo; desenvolver capacidades de liderança; compreender os objetivos

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educacionais definidos pelas secretarias de educação; saber defender seus argumentos.

d) Aprender a tomar decisões; dominar do conteúdo das discussões; aprender as técnicas de gestão empresarial; familiarizar-se com instrumentos de avaliação externa.

e) Aprender a decidir; ter domínio do conteúdo das discussões; relegar os objetivos educacionais definidos pelas secretarias de educação; reconhecer que os líderes devem receber melhores salários.

Questão 6:

Qual a relação existente entre o projeto pedagógico-curricular e a organização e a gestão da escola?

Questão 7:

Em relação à participação, quais são os princípios a serem considerados no plane-jamento curricular?

Questão 8:

Descreva três competências que devem ser desenvolvidas pelo diretor, coordena-dor e professor e que influenciam a gestão democrático-participativa.

Questão 9:

De que forma a formação continuada con-tribui para o desenvolvimento de práticas de gestão participativa?

Questão 10:

Existem muitas dificuldades para a promo-ção da participação democrática na escola, de ordem social e cultural, decorrentes das novas configurações da realidade social. Nesse cenário, quais são as questões que desafiam o processo de planejamento e gestão escolar participativa?

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Neste tema, você realizou um estudo sobre as áreas de atuação da organização e da gestão escolar e conheceu o planejamento e o projeto pedagógico-curricular; a organização e o desenvolvimento do currículo; a organização e o desenvolvimento de ensino; as práticas de gestão técnico-administrativas e pedagógico-curriculares; o desenvolvimento profissional; a avaliação institucional e da aprendizagem. Acompanhou ainda quais são as ações e competências profissionais para as práticas de gestão participativa. Também estudou sobre as diferentes formas de ingresso dos diretores na escola pública e os instrumentos de participação democrática na escolha dos gestores. Entendeu assim que, para um efetivo modelo de gestão participativo, são necessárias discussões, reflexões e tomadas de decisões envolvendo toda a comunidade escolar.

Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos!

ARANHA, Maria Lúcia. História da Educação e da Pedagogia: geral e do Brasil. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Moderna, 2006.

BRASIL. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares: conselho esco-lar, gestão democrática da educação e escolha do diretor. Brasília, nov. 2004. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_cad5.pdf> Acesso em: 02 jan. 2014

CABRAL, Arlete Moura de O. O projeto político-pedagógico como mecanismo para uma efetiva gestão escolar democrática e participativa. Simpósio Anpae, 2011. Disponível em: <http://www.anpae.org.br/simposio2011/cdrom2011/PDFs/trabalhosCompletos/comunica-

REFERÊNCIAS

FINALIZANDO

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REFERÊNCIAScoesRelatos/0075.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2014.

DOURADO, L. F. O diretor, o conselho escolar e a gestão democrática na escola. In: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Conselho escolar, gestão democrática da edu-cação e escolha do diretor. 2004, p. 49-51. Disponível em: <http://escoladegestores.mec.gov.br/site/4-sala_politica_gestao_escolar/pdf/saibamais_6.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2014.

GATTI, Bernadete A. SIQUEIRA, Elba S. B. Professores do Brasil: impasses e de-safios. Brasília: UNESCO, 2009. 294 p. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001846/184682por.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2014.

JESUS, Adriana Regina. Currículo e educação: conceito e questões no Contexto educa-cional. RBPAE, v. 27, n. 3, p. 361-588, set./dez. 2011. Disponível em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/642_840.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2014.

LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira de; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. 10. ed. rev. ampl. São Paulo: Cortez, 2012.

PACHECO, José Augusto Pacheco. Currículo e gestão escolar no contexto das políticas educacionais. RBPAE, v. 27, n. 3, p. 361-588, set./dez. 2011. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/rbpae/article/view/26410/15402>. Acesso em: 02 jan. 2014.

PARO, Vitor H. Escritos sobre educação. São Paulo: Xamã, 2001.

SILVA, Luiz Heron da (Org). A escola cidadã no contexto da globalização. Petrópolis: Vo-zes, 1998, p. 300-307.

RIBEIRO, Adriano. A gestão democrática do projeto político-pedagógico na escola pública de educação básica. Simpósio Anpae, 2011. Disponível em: <http://www.anpae.org.br/congressos_antigos/simposio2009/05.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2014.

SANTOS, Clóvis Roberto dos. O gestor educacional de uma escola em mudanças. São Paulo: Pioneira, 2002. 94 p.

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Avaliação: a avaliação deve representar a reorientação para uma aprendizagem melhor e para o aperfeiçoamento do sistema de ensino.

Avaliação acadêmica: a avaliação acadêmica ou científica visa à produção de informações sobre os resultados da aprendizagem escolar em função do acompanhamento e da visão das políticas educacionais, do sistema escolar das escolas, com a intenção de formular indicadores de qualidade dos resultados do ensino. O objetivo desta avaliação é aferir a qualidade de ensino e de aprendizagem dos alunos relacionando a qualidade da oferta e dos serviços de ensino e os resultados do rendimento escolar dos alunos (Cf. LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 526).

Avaliação institucional: a avaliação institucional é função primordial do sistema de organização e de gestão dos sistemas escolares, podendo abranger também as escolas, individualmente. Essa avaliação visa à obtenção de dados quantitativos e qualitativos sobre os alunos, os professores, a estrutura organizacional, os recursos físicos e materiais, as práticas de gestão, a produtividade dos cursos e dos professores etc., com o objetivo de emitir juízo de valor e tomar decisões acerca do desenvolvimento da instituição (Cf. LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 525).

Comunidade democrática de aprendizagem: a expressão está associada à ideia de participação ativa de professores, pedagogos e alunos – por meio de reuniões, debates, aulas e atividades extraclasse – nas decisões relacionadas com a vida da escola, com os conteúdos, com os processos de ensino, com as atividades escolares de variada natureza, com a avaliação. A comunidade deve ser o espaço público em que se discute o conhecimento, a organização curricular, as relações sociais, os modos e critérios de avaliação, as normas (Cf. LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012:518).

Cultura: inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade.

GLOSSÁRIO

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Currículo: segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), é a concretização, a viabilização das intenções e das orientações expressas no projeto pedagógico. O currículo é estabelecido pelos sistemas de ensino, sendo expresso em diretrizes curriculares, objetivos e conteúdos das áreas ou disciplina de estudo. Os autores destacam três tipos de manifestações para o currículo: formal, real e oculto. O currículo formal ou oficial é estabelecido pelos sistemas de ensino, expresso em diretrizes curriculares, nos objetivos e nos conteúdos das áreas ou disciplinas de estudo. O currículo real é aquele que de fato acontece na sala de aula, em decorrência de um projeto pedagógico e dos planos de ensino. O currículo oculto refere-se àquelas influências que afetam a aprendizagem dos alunos e o trabalho dos professores, provenientes da experiência cultural.

Formação continuada: geralmente é destinada a pessoas que já exercem uma atividade profissional e que participam de outras formações para aperfeiçoamento profissional.

Gestão participativa: o entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si, a ideia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas analisando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto.

Interculturalidade: a interculturalidade tem lugar quando duas ou mais culturas entram em interação.

Pedagogia sociocrítica: conhecida como pedagogia sociocritica, pedagogia crítico-social dos conteúdos, pedagogia dialética, pedagogia histórico-crítica, tem como seus principais representantes intelectuais da área da educação Demerval Saviani, José Carlos Libâneo, Guiomar Namo de Mello, Carlos Roberto Jamil Cury, entre outros. A partir da década de 1970, esses intelectuais passaram a rever as teorias pedagógicas vigentes sob a égide do materialismo dialético de teóricos como Marx, Makarenki e Gramsci, para os quais não há natureza humana essencial, porque o ser humano se constrói pelo trabalho, inserido na cultura em que vive. Esses intelectuais buscaram reverter o quadro de desorganização da escola brasileira, que gera uma escola excludente, com altos índices de analfabetismo, evasão, repetência e seletividade (Cf. ARANHA, 2006, p. 342).

Projeto pedagógico-curricular: é o planejamento do trabalho escolar estruturado em um documento que propõe uma direção política e pedagógica para a escola. Nesse documento são formuladas metas e são previstos procedimentos e instrumentos de ação. Em seu sentido pedagógico, formula objetivos sociais e políticos e meios formativos para dar

GLOSSÁRIO

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uma direção ao processo educativo, indicando por que e como se ensina e, sobretudo, orientando o trabalho educativo para as finalidades sociais e políticas almejadas pelo grupo de educadores. O projeto expressa uma atitude pedagógica, que consiste não só em dar sentido, um rumo, às práticas educativas, onde quer que estas sejam realizadas, mas também firmar as condições organizativas e metodológicas para a viabilização da atividade educativa (LIBÂNEO, 1988 apud LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 471).

GLOSSÁRIO

GABARITO

Questão 1

Resposta: Diante dos vários modelos de ingresso de diretores na escola pública é imprescindível que seja garantida gestão a democrática. Portanto são destacadas algumas exigências para a escolha do diretor da escola pública: a efetiva participação das comunidades local e escolar, a proposta pedagógica para a gestão e a liderança dos postulantes ao cargo.

Questão 2

Resposta: Alternativa C.

O projeto político curricular deve ser elaborado coletivamente pelo grupo de educadores, levando em consideração todas as demandas pedagógicas e curriculares da comunidade escolar. Serve para definir os rumos da prática educativa e, portanto, considera a realidade local como base para a sua formulação.

Questão 3

Resposta: Alternativa E.

Embora o concurso seja um mecanismo justo para a escolha de profissionais competentes para o exercício funcional, ele não garante a participação da comunidade escolar na escolha efetiva do diretor da escola pública. A fragilidade neste sistema está na proposta

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de estabilidade concedida ao gestor, ao passo que, por se tratar de educação, todos os envolvidos devem estar em constante aprimoramento pessoal e profissional, dispostos a mudanças o tempo todo.

Questão 4

Resposta: Alternativa A.

Nas práticas de gestão estão incluídas as ações técnico-administrativas e pedagógico-curriculares. As ações técnico-administrativas envolvem a legislação e as normas escolares; os recursos físicos, materiais, didáticos e financeiros; incluindo as rotinas administrativas e a secretaria escolar. E as ações pedagógico-curriculares envolvem a gestão do projeto pedagógico, do currículo, do ensino, do desenvolvimento profissional e da avaliação. A responsabilidade direta dessas ações pertence à direção e à coordenação pedagógica.

Questão 5

Resposta: Alternativa B.

• Os autores Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 529-536) destacam as competências que precisam ser desenvolvidas entre os profissionais da escola:

• Aprender a participar de um grupo de trabalho ou de discussão, desenvolver o trabalho em equipe, saber ouvir, compartilhar interesses e motivações.

• Desenvolver em toda a equipe as capacidades e habilidades de liderança, o que envolve saber se comunicar, escutar, expor ideias, ser capaz de organizar, atribuir responsabilidades, coordenar o trabalho, acompanhar e avaliar.

• Compreender os processos envolvidos nas inovações organizativas, pedagógicas e curriculares, sendo capaz de introduzir inovações e instituir novas práticas.

• Aprender a tomar decisões sobre os problemas e dilemas da organização escolar, das formas de gestão, da sala de aula, integrando a comunidade escolar na tomada de decisões.

• Conhecer, informar e dominar o conteúdo da discussão de maneira atuante e crítica, principalmente com relação à legislação, aos planos e às diretrizes oficiais; às normas e rotinas; às questões pedagógicas e curriculares.

GABARITO

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• Saber elaborar planos e projetos de ação, envolvendo a habilidade de planejar, realizar diagnósticos, definir problemas, formular objetivos e gerar soluções.

• Aprender métodos e procedimentos de pesquisa e contribuir com a solução de problemas na escola e na sala de aula.

• Familiarizar-se com modalidades e instrumentos de avaliação do sistema, organização escolar e aprendizagem escolar, o que requer o domínio dos instrumentos e práticas de avaliação.

Questão 6

Resposta: O projeto pedagógico curricular apresenta os objetivos e as finalidades educacionais e inclui legislação, currículo, conteúdos, métodos e formas organizativas da escola. Além disso, envolve em sua elaboração metas compatíveis com os interesses da equipe escolar e da comunidade; por isso, por meio do projeto, se pode conhecer toda a estrutura e a organização de uma instituição de ensino.

Questão 7

Resposta: Precisa ser democrático, garantindo a base cultural e científica comum e uma base comum de formação moral e de prática de cidadania; deve representar o cruzamento de culturas, levando em conta experiências concretas dos alunos em seu meio social e cultural.

Questão 8

Resposta: A resposta deve prever que sejam mapeadas as competências profissionais dos gestores associados a um sistema de participação democrática.

Questão 9

Resposta: A formação continuada contribui para o desenvolvimento de práticas de gestão participativa na medida em que representa um espaço de estudo, reflexão, discussão e confrontação de experiências.

Questão 10

Resposta: Questões como desemprego, prostituição infantil, violência entre grupos, tráfico de drogas, uso de armas, liberação sexual, desintegração familiar, bullying, entre outros, são verdadeiros desafios para a gestão da escola. Essas questões repercutem na disciplina

GABARITO

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e na cultura organizacional escolar, pois trazem para o cotidiano escolar comportamentos inadequados, insubordinação, agressão física e verbal, desrespeito e ameaça aos alunos e professores. O despreparo em lidar com essas questões revela a necessidade de repensar as práticas de gestão, as formas de organização do trabalho escolar e o envolvimento entre alunos e professores.

GABARITO