autobiografia

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um pouco de mim

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Page 1: Autobiografia

AutobiografiaChamo-me Ana Paula Navarro Queiroz Palma, sendo o Palma

adquirido por casamento, nasci a 16 de Dezembro de 1965, signo

sagitário, em Moçambique, na cidade maravilhosa com o nome de

Beira, http://cidadedabeira.tripod.com/fotos.htm sou filha do primeiro

casamento de minha mãe, Ruth Sobral de Campos Navarro e filha de

José Eduardo de Oliveira Queiroz. O meu pai é natural de Cedofeita,

freguesia do Porto, a minha mãe é também nascida em Moçambique,

mas em Lourenço Marques, hoje Maputo.

Sou tetra neta de um grande senhor, Major Caldas Xavier, um

grande militar português, que comandou tropas em Moçambique e por

esse facto consta na história de Portugal. A família Caldas Xavier do

lado da minha avó materna, que era sua bisneta, Magda Sobral de

Campos Caldas Xavier ganhava em sucesso a família Navarro, do lado

do meu avô materno.

Alfredo Augusto Caldas Xavier (Lisboa, 25 de Setembro de 1852 —

Lourenço Marques, 8 de Janeiro de 1896) foi um militar, engenheiro, explorador e

administrador colonial português que se distinguiu nas denominadas campanhas de

pacificação de Moçambique nas últimas décadas do século XIX. No dizer de Joaquim Augusto

Mouzinho de Albuquerque, outros dos militares que ganharam fama nessas campanhas, o

major Alfredo Augusto Caldas Xavier, foi o mais ilustre de todos os oficiais que têm honrado o

nome português em África, modelo de virtudes militares de coragem e abnegação. Teve um

papel de destaque no projecto da linha de caminho-de-ferro de Maputo ao Transvaal e na

delimitação das fronteiras do sul de Moçambique.

1 Ana Paula Palma

Page 2: Autobiografia

Quando tinha um ano e meio, a minha mãe separou-se do meu

pai que não conheço pessoalmente, voltou para casa dos meus avós e

só voltou a pensar em casar quando eu um dia ao colo dela na

varanda, ao ver passar uma menina de mãos dadas com o pai e mãe,

comentei mais ou menos assim «aquela menina tem tudo, tem pai, tem

mãe, tem tudo», e por causa disso ela pensou em «dar-me» um

padrasto, que veio a concretizar-se tinha eu 5/6 anos e a quem passei a

chamar de pai.

Fiz a escola primária no Colégio Luís de Camões,

(http://mocambique1.blogs.sapo.pt/arquivo/947752.html) lembro-me

que tinha-mos uma farda toda catita de camisa branca e saia plissada

preta e sapatinhos pretos envernizados.

Por ser uma criança branca, tinha direito a ter “mainatos”, ou seja

empregados pretos para tomar conta de mim, enquanto havia em

casa outros a quem se chamava de criado, ou preto ou outro nome

tipo sabonete, nomes que os brancos/patrões lhes colocavam. Nessa

altura os brancos sentiam-se donos dos pretos, classe humana do mais

reles, assim pensavam.

Foi nessa mentalidade, mas mais suave, que cresci, felizmente

para mim, sim para mim, eu nunca tive qualquer sensação que era

superior a eles…mas que fazer?

Não se fazia distinção de raça só com os negros também se fazia

gozação com os chineses, ou os “chinas” ou ainda com os indianos que

eram chamados de “monhés”.

De qualquer modo, a minha família fazia como já referi uma

distinção suave, pelo menos reconheciam que eram seres humanos e

tentavam dar-lhes um pouco da dignidade que outros não lhes

reconheciam como direito.

Page 3: Autobiografia

AutobiografiaAssim, enquanto a minha mãe e o meu padrasto, procuravam

casa, para fazer vida em comum, pois a minha mãe vivia nessa altura

num quarto enquanto eu, ficava em casa com os meus avós, foi numa

altura em que o meu avô materno teve de regressar a Penela – sua

terra natal – porque o meu bisavô Albino Navarro, que era viúvo, estava

doente e já tinha perto de 80 anos.

Nessa altura, vim com os meus avós para Penela, tinha eu 7 anos,

vim no nosso maravilhoso paquete Infante Dom Henrique,

http://blogdaruanove.blogs.sapo.pt/86903.html e pelo caminho conheci desde

tempestades a golfinhos!

Nesta fase da minha vida, vim conhecer um País com um clima

completamente diferente do meu. Mas depressa adaptei-me e adorei

viver durante um ano em Penela, pois adorava brincar nos castelos e foi

fantástico poder conhecer o meu bisavô que até me ensinou a

apanhar grilos!

Fiz muitos amigos e como era maria-rapaz, mais amigos que

amigas.

Regressei a Moçambique, havia um mês que se tinha dado o 25

de Abril, a minha irmã, tinha nascido em Maio de 1974 e ia finalmente

conhecê-la e ter uma parceira para jogar futebol condição que

«impus» para ela vir ao mundo.

Nesta altura no meu país, existia já há muito o clima de tensão

militar entre a Frelimo, forças militares moçambicanas e as forças

militares portuguesas.

Neste momento a Frelimo tinha ocupado algumas instituições,

desde hospitais às escolas e eu passei a aprender as canções

revolucionárias da Frelimo, a aprender a «machambar» ou seja a

3 Ana Paula Palma

Page 4: Autobiografia

cultivar a terra, e a manobrar com a famosa G3, que naquela altura

estava desenhada no quadro e era a arma de guerra por excelência.

Um ano e meio depois, a minha mãe e o meu pai entenderam que seria

mais seguro viver cá em Portugal, afinal a filha mais velha estava a

tornar-se perigosamente uma guerrilheira.

Viemos no magnífico Jumbo, um boeing 747

http://pt.wikipedia.org/wiki/Boeing_747 meio de transporte que guardo

com muito agrado na minha memória, porque era o maior avião de

passageiros do mundo!

O meu padrasto era natural de Antanhol, freguesia de Coimbra,

que fica cerca de 5 quilómetros desta cidade, e desde 1976 que viemos

de vez para Portugal. A minha mãe ainda vive e trabalha naquela

freguesia. (O meu pai já faleceu).

Até vir para Vila do Bispo, estudei em Coimbra na escola

preparatória Silva Gaio, que fica em Santa Clara, junto ao Rio

Mondego, ”o Bazófias”, depois estudei na escola secundária ( na altura,

Liceu) D. Duarte, bem junto à célebre Quinta das Lágrimas e ao pé do

não menos célebre Portugal dos Pequenitos. Mais tarde estudei no

Colégio Apostólico da Imaculada Conceição – CAIC – em Cernache,

colégio de Jesuítas, onde fiz grandes amigos e tive como referência

para a minha vida um professor que já faleceu o meu querido Padre

Faria, com quem mantive contacto já eu estava a viver em Vila do

Bispo e já tinha tido a minha primeira filha.

E dizia eu, adquiri algumas experiências profissionais, trabalhando

nas férias escolares, em restaurantes, onde ajudava na copa e a servir

às mesas, shopings, nomeadamente numa loja de langerie, tomei conta

de crianças e dei explicações de português e matemática às crianças

da escola primária, de Antanhol, caiei a igreja da freguesia e escrevi

alguns artigos para jornais regionais e nacionais.

Page 5: Autobiografia

AutobiografiaNestas tarefas todas, é obvio que algumas foram difíceis de

executar, mas era necessário arregaçar as mangas e trabalhar…outros

trabalhos, como por exemplo tomar conta de crianças ou ajudá-las a

estudar, foi algo de belo e maravilhoso.

Os artigos para os jornais, foi um dos sonhos que cheguei à

conclusão que não tenho muita aptidão, apesar do sucesso dos artigos

e do incentivo dos meus professores, amigos e vizinhos. Falta-me a veia

de «cusca» e de gostar de saber tudo sobre a vida alheia.

Igreja de Antanhol que eu já caiei, empoleirada lá mesmo até

ao sino.

restaurante onde trabalhei 6

meses e onde aprendi a cozinhar, antes de ir tirar o curso de

administração autárquica.

Tirei o curso de Administração Autárquica no Centro de Estudos de

5 Ana Paula Palma

Page 6: Autobiografia

Administração Autárquica (CEFA) em Coimbra, http://www.cefa.pt/v1/index.php e vim estagiar em 1990, para a Câmara Municipal de Vila do Bispo, acabando por entrar nos quadros da autarquia em Setembro de 1992.

Conheci um ambiente estupendo nos serviços, fui muito bem

recebida e acarinhada por todos e fiz dos meus colegas os meus

familiares e os meus alicerces de vida que ainda hoje mantenho. Fui

também bem recebida na vida social de Vila do Bispo e Vila do Bispo,

passou a ser minha terra.

Tive oportunidade de viver sozinha durante 3 anos, num quarto

alugado, onde provei a mim mesma que sabia gerir o meu ordenado e

até consegui fazer poupanças. Depois conheci o meu colega Joaquim

Palma, que se tornou meu marido a 16 de Dezembro de 1994 e desse

casamento nasceram duas filhas a Celina que tem 13 anos e a Disa que

tem 9 anos.

Profissionalmente, na Câmara estive a trabalhar nos recursos

humanos durante 11 anos, onde fiz todo o serviço, desde actualizar os

processos individuais dos funcionários, aos vencimentos e

aposentações, dei também apoio à Assembleia Municipal, ajudando os

secretários a elaborar as actas. Depois passei para o serviço de

tesouraria, onde estou actualmente a exercer as funções de substituta

da tesoureira.

Enquanto estagiária e contratada, na Câmara Municipal de Vila

do Bispo, passei por todos os serviços inclusive atendimento telefónico.

Adorei o serviço anterior, conhecia os meus colegas todos e

aprendi a gostar do actual serviço, pois tenho de lidar com o contacto

com o utente/cliente e por vezes é muito difícil.

Ainda não realizei alguns sonhos, como por exemplo viajar, dar a

Page 7: Autobiografia

Autobiografiaconhecer a minha terra natal às minhas filhas e marido, encontrar e

conhecer o meu pai biológico, ajudar o meu marido a vencer a

dependência do álcool, consagrar e assegurar o futuro das minhas

filhas, sentir-me útil para com os demais.

Vivo o dia-a-dia.

Procuro ser positiva e tranquila apesar de ser uma pessoa ansiosa.

7 Ana Paula Palma