aulaaovivo redacao dissertacao argumentativa 03-03-2015

Upload: venus-little

Post on 14-Jan-2016

6 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

descomplica aula de redação

TRANSCRIPT

  • Este contedo pertence ao Descomplica. Est vedada a cpia ou a reproduo no autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

    Aula ao Vivo

    Redao Eduardo Valladares e Rafael Cunha

    03.03.2015

    A Dissertao Argumentativa A organizao discursiva do texto Nas aulas de redao do Ensino Fundamental, voc deve ter aprendido que existem trs modalidades chamadas clssicas de organizao discursiva de um texto. So elas a narrao, a descrio e a dissertao. Entre as no clssicas, destacam-se a carta argumentativa, o resumo e a resenha, entre outras. As trs primeiras sero trabalhadas por ns ao longo de nosso curso, com especial destaque para o modelo dissertativo. Isso porque a referida modalidade a nica que vem sendo cobrada, ao longo dos anos, com relativa constncia (ressalve-se aqui o caso das provas da UNIRIO 2006 e UERJ 2007) nas bancas de vestibulares do Estado do Rio de Janeiro. A ela dedicaremos grande parte de nosso curso. 1. O texto dissertativo 1.1. Consideraes Iniciais O modelo dissertativo , como foi dito, o preferido pelas comisses de vestibulares. Essa preferncia no se d ao acaso; muito pelo contrrio, justifica-se pelo fato de a dissertao ser a modalidade textual que associa, com maior evidncia, as caractersticas de um candidato desejadas pela banca: inteligncia lingustica, capacidade de articulao de discursos ou informaes soltas, reflexividade e senso crtico. Tudo isso no a partir de referncias por demais tcnicas ou provenientes de decorebas, mas sempre com base em aspectos da realidade. Em sntese, podemos afirmar que a dissertao mede a capacidade do aluno de absorver, interagir com e interpretar o seu mundo, alm de produzir tais ideias sob a forma escrita. Diante do que foi mencionando, vlido enfatizar que quase impossvel se obter um bom resultado na prova de Redao se estivermos presos a frmulas mgicas ou receitas de bolo relativas produo textual. Por esse motivo, estimularemos sempre o pensamento crtico e consciente de nossos alunos, a fim de que qualquer redao a partir de qualquer tema e em qualquer circunstncia possa ser produzida de modo adequado e proveitoso. 1.2. Caractersticas Gerais da Dissertao:

    1.2.1. O ato de dissertar: segundo o dicionrio Aurlio, dissertar significa tratar com desenvolvimento um ponto doutrinrio ou um tema qualquer; em outras palavras, trata-se do ato de desembrulhar um tema esclarecendo os seus pontos principais para o leitor s vezes, inclusive, emitindo uma opinio. Na escola, aprendemos que existem duas espcies de textos dissertativos: o expositivo e o argumentativo. No primeiro caso, so feitas consideraes imparciais sobre o tema, sem a emisso de qualquer juzo de valor pelo enunciador. No segundo caso, uma opinio emitida e, posteriormente, defendida com o uso de argumentos. Nesse sentido, cuidado: as bancas dos exames vestibulares no costumam observar com bons olhos textos meramente expositivos; j dissemos que o senso crtico um dos ingredientes de uma boa redao, e somente com a defesa de uma opinio ou ponto de vista poderemos fazer notar nossa capacidade crtica. Textualmente, isso confirmado pela banca da UNICAMP:

  • Este contedo pertence ao Descomplica. Est vedada a cpia ou a reproduo no autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

    Aula ao Vivo

    Redao Eduardo Valladares e Rafael Cunha

    03.03.2015

    Em uma dissertao, deve-se defender uma tese, ou seja: organizar dados, fatos, ideias, enfim, argumentos em torno de um ponto de vista definido sobre o assunto em questo. Uma dissertao deve, na medida do possvel, concluir algo. Portanto, no tem cabimento ficar simplesmente elencando argumentos favorveis ou contrrio a determinada ideia.

    (www.comvest.unicamp.br) Daqui para frente, lembre-se do seguinte: quando falarmos em dissertao, pura e simplesmente, estaremos fazendo referncia ao tipo argumentativo. 1.2.2. Objetivo ou funo: como vimos na ltima aula, o objetivo maior da dissertao convencer o possvel leitor de que um determinado ponto de vista vlido. Para que esse objetivo seja atingido, fazemos uso de argumentos que, bem estruturados, configuram a chamada argumentao. A argumentao constituda de um conjunto de ideias comentadas e fundamentadas que, lgica ou psicologicamente, garantem a adeso de um interlocutor a certo ponto de vista. 1.2.3. Estrutura ortodoxa: existem diversas formas de se organizar um texto. Entretanto, uma parece ser a mais indicada na ocasio do exame vestibular: trata-se da chamada estrutura ortodoxa da dissertao. Sob esse escopo, o texto possui trs partes bem definidas, cada uma desempenhando um papel especfico. So elas a introduo, o desenvolvimento e a concluso. Essa parece ser a estruturao mais adequada por diversos motivos, entre os quais se destacam: a) no um atarefa simples organizar as ideias e apresenta-las para a banca de modo coerente. A estrutura ortodoxa constitui um meio extremamente eficaz de promover essa organizao. b) todos os exemplos de redaes que obtiveram grau mximo divulgadas pelas comisses examinadoras seguem essa estrutura. Desse modo, o candidato no vai apenas mostrar capacidade de ordenao do raciocnio; vai demonstrar que entrou em contato com bons textos ao longo de sua preparao. 1.2.4. Linguagem impessoal: o texto dissertativo deve ser escrito, via de regra, na terceira pessoa. Dito de outro modo, os pronomes eu, meu ou minha jamais devero ser utilizados, bem como formas verbais que contenham em sua estrutura a desinncia nmero-pessoal da primeira pessoa: acredito, acho, devo, quero. - Por que no posso utilizar a primeira pessoa do singular no meu texto? Ora, se a minha opinio... Esse questionamento deve estar surgindo em sua mente neste exato momento. De fato, parece paradoxal impedir que se utilizem marcas de personalizao em um texto pessoal. Na verdade, a explicao para essa aparente contradio bastante simples: de um lado, bvio que o texto pertence a quem o produz; nesse sentido, seria redundante o enunciador ter, o tempo todo, que aparecer. Por outro lado e aqui est o motivo maior , bons argumentadores fazem com que opinies pessoais paream verdades absolutas; isso, s mesmo a linguagem impessoal (em terceira pessoa) pode realizar. Observao: existe a possibilidade de ser utilizada a primeira pessoa do plural (ns). Contudo, esse subterfgio s deve ser empregado quando estivermos diante de um contexto mais humanstico, em que a incluso genrica do enunciador seja bem-vinda. o que acontece em muitas provas do ENEM (Exame Nacional do Ensino Mdio), que, por muitas vezes apresentar um carter nitidamente social, acaba fazendo com que o aluno se sinta vontade para redigir

  • Este contedo pertence ao Descomplica. Est vedada a cpia ou a reproduo no autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

    Aula ao Vivo

    Redao Eduardo Valladares e Rafael Cunha

    03.03.2015

    estruturas como Devemos buscar, ento, os meios adequados para diminuir tamanho flagelo social. 1.2.5. Adequao norma culta e aos ndices de formalidade: a dissertao um texto tcnico e, como tal, deve seguir um conjunto mnimo de regras. Nesse contexto, o registro formal e culto deve ser empregado pelo aluno. Assim, todas as modalidades relativas boa gramtica, desde as regras de acentuao, pontuao, concordncia e regncia, entre outras, at o no uso de grias ou de vocbulos considerados de baixo calo devero ser observadas. Para complementar seus conhecimentos nessa parte, no deixe de assistir s aulas de Gramtica na disciplina Portugus I. 1.2.6. Qualidades essenciais: para que sua dissertao consiga obter o grau mximo, mais alguns detalhes devero estar presentes: clareza (por isso no se deve redigir um texto muito hermtico), coerncia, coeso (esses dois aspectos sero trabalhados em aulas posteriores), senso crtico, uma pequena dose de originalidade e profundidade. Todos esses elementos, somados, faro com que o candidato consiga causar excelente impresso na banca corretora e, por isso, a nota ser alta. Voc deve ter percebido, a partir do exposto, que escrever uma dissertao perfeita no uma tarefa fcil. Muito pelo contrrio, trata-se de uma atividade bastante complexa e que requer do aluno concentrao total aliada a muita prtica. Vamos comear nossos esforos? Mos obra! 2. DISSERTAES EXEMPLARES Redao 1 ENEM 2012 Nota 1000 Tema: Viver em rede no sculo XXI: os limites entre o pblico e o privado

    O fim do Grande Irmo Cmeras que gravam qualquer movimento, telas transmitindo notcias a todo minuto, o Estado e a mdia controlando os cidados. O mundo idealizado por George Orwell em seu romance 1984, onde aparelhos denominados teletelas controlam os habitantes de Oceania vem se tornando realidade. Com a televiso e, principalmente, a internet, somos influenciados para no dizer manipulados todos os dias. Tal influncia ocorre, majoritariamente, atravs da mdia e da propaganda. Com elas, padres de vida so disseminados a uma velocidade assombrosa, fazendo a sociedade, muitas vezes privada de conscincia crtica, absorv-los e incorpor-los como ideais prprios. Desse modo, deixamos de ter opinio particular para seguir os modelos ditados pelo computador, acreditando no que foi publicado, sem o devido questionamento da veracidade dos fatos apresentados. Com isso, as novas redes sociais, surgidas nesse incio do sculo XXI, se tornam os principais vetores da alienao cultural e social da populao, uma vez que todos possuem um perfil virtual com acesso imensurvel a todo o tipo de informaes. Por isso, diversas empresas e personalidades se valem da criao de perfis prprios, atraindo diversos seguidores, aos quais

  • Este contedo pertence ao Descomplica. Est vedada a cpia ou a reproduo no autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

    Aula ao Vivo

    Redao Eduardo Valladares e Rafael Cunha

    03.03.2015

    impe sua maneira de agir e pensar. Esses usurios, ento, se tornam mais vulnerveis e suscetveis manipulao virtual. Outro ponto negativo dessas redes, como o Facebook e o Twitter, o fato de todo o contedo publicado ficar armazenado na internet, permitindo a determinao do perfil dos usurios e a escolha da melhor maneira miditica de agir para conquist-los. Alm disso, o uso indiscriminado de tais perfis possibilita a veiculao de imagens ou arquivos difamadores, servindo como ferramenta poltica e social para aumentar a credibilidade de determinadas personalidades, como ocorre com Hugo Chaves em sua ditadura na Venezuela e comprometendo outras, com falsas denncias, por exemplo. Diante disso, necessria a aplicao de medidas visando a um maior controle da internet. A implantao, na grade escolar brasileira, do estudo dessas novas tecnologias de informao, incluindo as redes sociais, e a consequente formao crtica dos brasileiros, seria um bom comeo. S assim, poderemos negar as previses feitas por George Orwell e ter um futuro livre do controle e da alienao. Redao 2 Universidade Federal Fluminense Nota 10 Acompanhe uma proposta de redao que foi corrigida por uma banca com parmetros diferentes daqueles do ENEM. Tema: A relao entre o homem e o tempo

    Sob controle Raras so as pessoas que, no mundo contemporneo, podem passar um dia sequer sem consultar um relgio. Seja pela necessidade de atender a um compromisso, seja para saber a hora de um programa na TV, ou at mesmo por puro vcio, o fato que todos dependemos da medio do tempo. Isso de tal forma comum, que muitos chegam a pensar que essa escravido uma marca da vida moderna. Ser? Um olhar atento para a histria permite verificar algo que nos esquecemos quando prestamos ateno apenas no presente: o homem sempre quis controlar o tempo. Os relgios de sol de antigas civilizaes so uma prova cabal disso. Ou mesmo a percepo de fenmenos naturais que indicavam a mudana das estaes. Sobre esse prisma, no h como negar que a relao do homem com o tempo est distante de ser uma novidade que nos deixe alarmados. Na verdade, o que ocorreu com o passar dos sculos foi uma transformao na maneira de realizar o controle do tempo, pois, com tecnologias cada vez mais sofisticadas, o ser humano passou a administrar essa medio com uma enorme exatido e nas menores fraes, o que acabou por produzir uma relao viciosa: quanto mais preciso o controle do tempo, mais rpidas so as atividades; quanto mais rpidas as atividades, maior a necessidade de controlar o tempo. Diante desse histrico, poderamos ficar com a sensao de que, em essncia, pouco mudou. Afinal, do relgio de sol ao relgio digital, a diferena apenas quantitativa. No entanto, esse no um detalhe desprezvel, haja vista a presena de relgios em todas as esferas da vida humana, regendo o funcionamento da sociedade atual. No deixa de ser irnico: o homem queria ter o tempo sob controle; agora, ele prprio est sob controle de sua inveno.

  • Este contedo pertence ao Descomplica. Est vedada a cpia ou a reproduo no autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

    Aula ao Vivo

    Redao Eduardo Valladares e Rafael Cunha

    03.03.2015

    Exerccios Leia com ateno a redao abaixo, escrita por um ex-aluno. Observe que NO se trata de um exemplo de boa redao. Ela apresenta diversos problemas que devem ser observados e evitados. Depois, responda s questes propostas. Tema: Para voc, o que ser cidado?

    relativo

    No dicionrio, ser cidado ser um indivduo no gozo dos direitos civis e polticos de um Estado, ou no desempenho de seus deveres para com este. Essa afirmao difcil de ser entendida, principalmente porque a poltica hoje muito incoerente. Diante disso, preciso ver se o conceito de cidado pode ter uma definio fixa e universal, sem considerar suas mudanas em cada contexto. Em um mundo globalizado, preciso dizer que ser cidado hoje algo difcil de ser cumprido. Isso porque, com a troca entre as novas formas de cultura, os princpios sociais mudando a todo instante, tornando mais fcil que uma pessoa no consiga entend-los, o que, na teoria, j seria um ataque ideia de cidadania. Porm, no se pode exigir que uma populao que no sabe nem mesmo os princpios bsicos de convvio social tenha uma atitude coerente em relao s leis aplicadas, j que elas so feitas por pessoas que no se importam com as suas necessidades. Alm disso, h uma falta de coerncia sobre o que se pensa ser um cidado. Ao mesmo tempo que se recrimina o fato de pessoas no se empenharem para cumprirem seus deveres em relao ao Brasil, o governo no assegura que os direitos de cada cidado sejam cumpridos. Essa postura o reflexo de uma poltica que se diz democrtica, mas obedece s aos interesses da elite que manda no pas, j que no d a igualdade de direitos. Assim, ser cidado torna-se confuso, pois o papel de cada um na sociedade fica muito relativo. Relativa tambm a prpria viso que cada um tem da sua viso quanto ao papel que precisa desempenhar na sociedade. Muitos acham que suas atitudes no tm reflexo direto em toda a sociedade, por isso agem apenas pensando em si mesmo. Com isso, jogam papis nas ruas, picham muros, roubam monumentos, sem se importar se esto destruindo um patrimnio pblico. O problema que eles no percebem que, fazendo essas coisas, esto agredindo a eles prprios, pois tambm fazem parte da sociedade. Portanto, ser cidado algo muito complicado hoje em dia, j que o capitalismo impe o ritmo da vida moderna e os interesses pessoais so mais importantes do que o convvio social. Ningum mais sabe o que deve fazer ou o que pode exigir. Por isso, pode-se dizer que a definio do dicionrio precisa ser revista, de repente colocando-se logo no incio dela algo como relativo. 1. Criar uma adversidade significa, em alguns casos, contrapor uma ideia a outra, o que pode

    gerar um erro de coerncia, a contradio. Ao utilizar uma ideia adversativa nesse mesmo pargrafo, o autor comete tal erro? Explique.

    2. Por que, ao dizer que no se pode exigir que uma populao que desconhece at mesmo os princpios bsicos de convvio social tenha uma atitude coerente em relao s leis aplicadas, o autor torna sua argumentao falha?

  • Este contedo pertence ao Descomplica. Est vedada a cpia ou a reproduo no autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

    Aula ao Vivo

    Redao Eduardo Valladares e Rafael Cunha

    03.03.2015

    3. O chamado duplo sentido, na linguagem coloquial, conhecido na norma culta como ambiguidade. Pode-se dizer que esse fenmeno ocorre na frase j que elas so feitas por pessoas que no se importam com as suas necessidades. Corrija-a.

    4. Pode-se dizer que o segundo pargrafo de desenvolvimento contm um erro quanto viso do tema? Por qu?

    5. A falta de clareza um problema estrutural srio, que dificulta a compreenso e prejudica a defesa de um ponto de vista. Ao observar o primeiro perodo do terceiro pargrafo de desenvolvimento, percebe-se que ele est confuso. Reescreva-o.

    6. Uma aluna, ao ler esse pargrafo, disse que o autor falou, falou e no disse nada. Ela est certa em sua constatao? Como chamado esse tipo de erro?

  • Este contedo pertence ao Descomplica. Est vedada a cpia ou a reproduo no autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.

    Aula ao Vivo

    Redao Eduardo Valladares e Rafael Cunha

    03.03.2015

    Gabarito

    1. No, pois ele d continuidade defesa de seu ponto de vista, apresentando apenas uma ressalva quanto s exigncias da sociedade em relao ao comportamento de cada indivduo.

    2. Porque ele cria uma generalizao, afirmando que toda a populao desconhece os

    princpios bsicos de convvio social, o que se aplica apenas a uma parcela da mesma.

    3. J que elas so feitas por pessoas que no se importam com as necessidades dos menos favorecidos.

    4. Sim, j que o tema trata da ideia de cidado de forma ampla, no apenas no que diz

    respeito situao brasileira. H, portanto, uma restrio ao enfoque do tema.

    5. Relativa tambm a viso que uma pessoa possui quanto ao seu papel em uma sociedade.

    6. Sim. Abordagem circular.