aula_2001016847_material de apoio i e ii unidades dir tributário i 2015.1

Upload: bianca-nascimento

Post on 01-Mar-2016

7 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

direito tributario

TRANSCRIPT

  • DIREITO TRIBUTRIO I MATERIAL DE APOIO - PROF. EDELSON REIS 2015.1

    CONTEDO PROGRAMTICO UNIDADE I

    PONTO 1. DIREITO TRIBUTRIO. CONCEITO. OBJETO. FINALIDADE(S).

    DIREITO FINANCEIRO. RECEITAS PBLICAS

    1. Conceito Podemos conceituar o Direito Tributrio como ramo do direito pblico que disciplina direitos, deveres e obrigaes entre os contribuintes (pessoas naturais e pessoas jurdicas) e as entidades tributantes (Unio, Estado, Distrito Federal e Municpios), bem como entidades paraestatais (sindicatos, conselhos de classe, autarquias, servios sociais, etc), dispondo sobre a arrecadao de receitas pblicas derivadas, atravs de impostos, taxas, contribuies de melhoria, contribuies sociais e emprstimos compulsrios. 2. Objeto O Direito Tributrio tem por objeto a instituio de tributos, retirando parte da riqueza produzida pelos particulares para financiamento da atividade estatal. 3. Finalidade(s) O Direito Tributrio um instrumento jurdico que legitima a cobrana de tributos, mas nem sempre o Estado age com o intuito de arrecadar. Vejamos as suas finalidades:

    a) Fiscal A funo precpua do Direito Tributrio proporcionar receitas derivadas ao Estado, ou seja, arrecadar tributos para financiar a atividade estatal.

  • b) Extrafiscal - O Estado utiliza o Direito Tributrio como instrumento de

    interveno econmica, aumentando ou diminuindo a tributao para proteger o mercado, incentivar indstrias, restringir ou incentivar o crdito, combater a crise, garantir o abastecimento de produtos essenciais, etc.

    c) Parafiscal A tributao instituda em favor de categorias profissionais (sindicatos e conselhos de classe) ou para assegurar benefcios sociais (previdencirios ou assistenciais).

    4. Direito Financeiro De todos os ramos do Direito, o Direito Financeiro o que tem relao mais estreita com o Direito Tributrio, pois a necessidade de equilibrar o oramento pblico faz com que o Estado se utilize das ferramentas jurdicas do Direito Tributrio para aumentar a entrada de recursos, muitas vezes tornando a carga tributria insuportvel ao contribuinte e, por conseguinte, prejudicial economia do Pas. Podemos conceituar o Direito Financeiro como o conjunto de normas que regula a atividade financeira do Estado (despesas, receitas, oramentos e crditos pblicos) para satisfao das necessidades pblicas bsicas (a prestao de servios pblicos, exerccio do poder de polcia e a interveno no domnio econmico).

    Os valores que ingressam na esfera pblica (Unio, Estados, Municpios e Distrito Federal) so chamados de receitas pblicas, assim classificadas:

    a) Originrias Aquelas obtidas atravs da explorao do patrimnio pblico ou atividade econmica (vendas de bens e servios). O Estado atua sem exercer o seu poder de soberania. Ex.: aluguel de um imvel pblico ao particular; ganho de capital (dividendos proporcionados pelas empresas estatais); royalties pela concesso de explorao de riquezas minerais; tarifas (servios de gua, luz, telefone, etc).

    b) Derivadas So aquelas onde o Estado arrecada compulsoriamente

    dos contribuintes, atravs dos tributos, sob os princpios e normas do Direito Tributrio. As multas so equiparadas aos tributos.

  • PONTO 2. RELAO DO DIREITO TRIBUTRIO COM OUTRAS REAS DO

    DIREITO E CINCIAS AFINS

    1. Outras reas do Direito

    Alm do Direito Financeiro, o Direito Tributrio tambm repercute:

    a) DIREITO CONSTITUICIONAL As normais constitucionais possuem supremacia em relao a qualquer outra rea do Direito, inclusive o Direito Tributrio. Desse modo, as normas fundamentais da sociedade preconizam valores a serem observados pelos demais ramos. A Ordem Tributria est contida na Constituio Federal, que estabelece a competncia da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, bem como as limitaes do poder de tributar (princpios).

    b) DIREITO ECONMICO Ramo atravs do qual o Estado regula a

    economia, para garantir a livre concorrncia e a proteo ao consumidor. tendo como expresso mxima o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econmica) que, dentre outras atribuies, controla as concentraes empresariais (fuses e incorporaes). O Estado excepcionalmente concorre atravs das empresas estatais (no podem gozar de tratamento diferenciado das organizaes privadas, inclusive na esfera tributria). A poltica tributria deve ser aplicada em harmonia com os ditames da nossa ordem econmica, muitas vezes utilizado como ferramenta de interveno econmica, reduzindo ou aumentando certos tributos para proteger a economia nacional.

    c) DIREITO ADMINISTRATIVO Dispe da estrutura administrativa estatal

    e controla os atos praticados na Administrao Pblica, direta (Unio, Estados, DF e Municpios) ou indireta (autarquias, associaes pblicas e empresas estatais). O Direito Tributrio depende de vrios institutos do Direito Administrativo para garantia da arrecadao (poder de polcia, processo administrativo, supremacia do interesse pblico, estatuto do servidor pblico, etc).

    d) DIREITO PENAL Destina-se a reprimir os atos infracionais de maior

    potencial agressivo sociedade, prescrevendo penas restritivas de liberdade e de direito, conforme a gravidade do delito. Quando o contribuinte pratica atos fraudulentos para reduzir ou no pagar tributos (sonegao) estar sujeito s sanes de natureza criminal.

  • e) DIREITO PREVIDENCIRIO Todas as pessoas que exercem atividade econmica (empresrios, empregados e autnomos) so obrigadas contribuir para a Previdncia Social, com a finalidade de custear os benefcios previdencirios em favor dos segurados (aposentadoria, penso, salrio- maternidade, auxlio-doena, etc). Os benefcios so administrados pelo INSS (autarquia federal), mas o custeio da seguridade social tem natureza tributria, competindo Receita Federal a fiscalizao e arrecadao das contribuies previdencirias.

    f) DIREITO ASSISTENCIAL Garante direitos relacionados ao mnimo

    existencial, atravs de benefcios assistenciais s pessoas que esto na pobreza ou extrema pobreza desassistidas pela Previdncia Social, impondo sociedade o deve de solidariedade. Assim, a Unio pode instituir contribuies sociais, no obstante a poltica assistencial possa ser feita por outras vias.

    g) DIREITO AMBIENTAL rea do Direito que visa garantir direitos

    transgeracionais (geraes atuais e futuras) a um meio ambiente ecologicamente equilibrado. A aplicao de multas e intervenes administrativas no so suficientes para coibir a explorao inadequada dos recursos naturais. O Estado pode, atravs do Direito Tributrio, reduzir a carga tributria (incentivos fiscais) dos empresrios que investem em medidas preventivas para preservar o meio ambiente, como instrumento de poltica ambiental.

    h) DIREITO EMPRESARIAL Disciplina os interesses da classe

    empresarial (sociedades limitadas, sociedades annimas, recuperao de empresas, etc). As empresas so responsveis para arrecadao de tributos em larga escala, pois circulam riquezas e geram empregos e, por conseguinte, receitas derivadas para o Estado. Assim, o Fisco deve adotar uma poltica que viabilize a conservao das empresas, para evitar que estas entrem em estado de insolvncia. A legislao empresarial garante a prerrogativa de recuperao das empresas em crise, enquanto que a legislao tributria assegura o parcelamento da dvida fiscal (REFIS) viabilizando a manuteno das empresas no mercado.

    i) DIREITO DO TRABALHO Regula as relaes entre empregados e empregadores. A legislao trabalhista impe ao empregador a obrigao de recolher FGTS em favor de seus empregados (o fundo de garantia tem natureza tributria). A legislao tributria, por sua vez, considera o empregador como responsvel pelo recolhimento do imposto de renda e da contribuio previdenciria de seus empregados. As organizaes sindicais (de trabalhadores e de empregadores) podem cobrar contribuio sindical.

  • j) DIREITO DO CONSUMIDOR o conjunto de medidas que visa proteger o consumidor (destinatrio final de produtos ou servios) contra prticas abusivas por parte do fornecedor. A carga tributria imposta ao fornecedor repassada ao consumidor (contribuinte de fato). Assim, o Estado deve ponderar acerca da repercusso dos tributos no preo final dos produtos e servios, devendo desonerar os bens e servios essenciais sobrevivncia do consumidor, principalmente o de baixo poder aquisitivo.

    k) DIREITO CIVIL a base do direito privado, mas serve de aplicao subsidiria ao Direito Tributrio, principalmente na parte especial do Direito das Famlias.

    2. Cincias Afins O Direito Tributrio reflete tambm em cincias afins, a exemplo das cincias econmicas, administrativas e contbeis.

    a) ECONOMIA O Direito Tributrio depende dos agentes econmicos para atingir a sua finalidade arrecadatria. O Estado aumenta a sua arrecadao na proporo da circulao de riquezas. Embora o patrimnio do contribuinte seja tambm objeto de tributao, no restam dvidas que a maior parcela de receitas derivadas decorra do consumo de bens e servios. Assim, a tributao deve ser condizente com a realidade econmica.

    b) ADMINISTRAO DE EMPRESAS Como j vimos, os empresrios so os principais agentes econmicos e contribuintes de tributos. A quantidade de tributos em todas as esferas muito elevada, podendo comprometer a gesto das empresas. No entanto, o Direito Tributrio possui regimes alternativos (lucro real ou lucro presumido, independentemente do porte, e supersimples para pequenas empresas). Alm do mais, os incentivos fiscais podem reduzir custos para empresas que tm responsabilidade social, alm de melhorar a imagem destas perante o consumidor. Uma empresa bem estruturada e com planejamento fiscal pode reduzir a carga tributria sem recorrer a expedientes fraudulentos.

    c) CONTABILIDADE A legislao tributria delega ao contribuinte empresrio a prerrogativa de efetuar lanamentos fiscais (autolanamentos), para posteriormente o Fisco homologar. Por esta razo, a Contabilidade necessita de uma constante atualizao das rotinas fiscais. A Contabilidade, na verdade, tem papel relevante, pois mensura o impacto da tributao no patrimnio das empresas, facilitando a tomada de decises dos empresrios na escolha do regime mais favorvel s suas organizaes.

  • PONTO 3. TRIBUTO. CONCEITO. CLASSIFICAO. EXAES. TARIFAS.

    RECEITAS SINDICAIS

    1. Conceito Segundo o art. 3 do CTN (Cdigo Tributrio Nacional):

    Tributo toda prestao pecuniria compulsria em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que no constitua sano de ato ilcito, instituda por lei cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. (grifos nossos).

    Assim, podemos destacar que: (I) o tributo tem natureza coercitiva, pois o contribuinte obrigado a pag-lo independentemente de sua vontade; (II) deve ser pago em moeda ou equivalente (desde que a legislao de cada entidade tributante assim o determine); (III) no tem o carter punitivo, pois o tributo incide sobre renda, faturamento ou patrimnio do contribuinte (ao contrrio da multa que imposta em caso de infraes, embora depois de consolidada seja equiparada ao tributo); (IV) somente a lei pode instituir o tributo, dependendo da aprovao de lei pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional, Assemblias Legislativas ou Cmara de Vereadores), exceto quando se tratar de tributos extrafiscais; (V) apenas pode ser cobrado por meio de lanamento (escriturao do tributo na forma da lei). 2. Classificao Tripartite Tradicionalmente os tributos so classificados em: impostos, taxas e contribuies de melhoria.

    Imposto

    Tem por fato gerador situao independente de qualquer atividade estatal especfica, ou seja, destinado ao custeio da atividade estatal, obras e servios pblicos em geral (art. 16 do CTN e art. 145, I, da CF). O Estado retira parte da riqueza do contribuinte, respeitando a sua capacidade contributiva. A destinao do imposto uti universi (para todos/tributao no vinculada).

    Taxa

    Taxas de polcia e de servios so tributos vinculados atuao estatal: exerccio do poder de polcia ou prestao de servio pblico especfico e divisvel (art. 77 do CTN e art. 145, II, da CF). A taxa surge da atuao diretamente dirigida ao contribuinte. A base de clculo da taxa no pode ser idntica a dos impostos, bem como incidir sobre capital das empresas ( nico do art. 77 do CTN e 2 do art. 145 da CF). Enfim a destinao da taxa uti singuli (para o contribuinte/tributao vinculada).

  • Como exemplos de taxas de polcia temos a taxa de licena e funcionamento, taxa de licenciamento de veculos, taxa de vigilncia sanitria, em virtude de restries necessrias para o desenvolvimento de certas atividades e propriedade de certos bens. A taxa de servio somente podem ser cobradas em razo de servio especfico e divisvel, podendo ser cobrado tambm quando o servio colocado disposio do contribuinte (o importante que potencialmente o servio esteja colocado disposio do contribuinte, como o caso da taxa de esgoto, numa rua que possua servio de esgoto e o contribuinte no utilizar porque tem fossa particular). Alguns municpios vm cobrando taxa de lixo utilizando a base de clculo do IPTU, o que inconstitucional. O correto cobrar com base no volume de lixo produzido por cada contribuinte (como tecnicamente difcil de mensurar, o municpio pode demonstrar com base em dados estatsticos a mdia de produo de lixo por unidade residencial/condominial).

    Contribuio de Melhoria

    Tem por fato gerador a atuao estatal mediata (a posteriori) ao contribuinte, pois existe um elemento intermedirio entre a atividade estatal e a obrigao do contribuinte que a valorizao do imvel. Assim, a contribuio de melhoria instituda para fazer face ao custo de obras pblicas que decorra valorizao imobiliria (art. 81 do CTN e art. 145, III, da CF). A cobrana ficar limitada ao valor total da obra, mas no poder ultrapassar o valor que a obra resultou individualmente para cada imvel.

    3. Classificao Quinquipartite Com a evoluo das necessidades de maior financiamento da atividade estatal, inclusive para atender demandas sociais e situaes emergenciais, a classificao foi ampliada para cinco espcies acrescentando-se as contribuies sociais e emprstimos compulsrios.

    Contribuies Sociais Preferimos denomin-las de contribuies parafiscais, possuindo os mesmos requisitos elencados no art. 3 do CTN para a cobrana de impostos, de taxas e de contribuies de melhoria (compulsoriedade, no ser punio e se constituir atravs de lanamento).

  • Geralmente so criadas em favor de terceiros (OAB, CRC, CRA, CRM, CREA, SENAC, SENAI, sindicatos, etc). Ainda que o Estado arrecade diretamente (contribuies para a seguridade social e para interveno econmica) o faz em prol da sociedade (benefcios previdencirios/assistenciais) ou da economia (desenvolvimento de determinado segmento empresarial).

    Emprstimos Compulsrios

    So criados apenas pela Unio, mas somente podem ser institudos por meio de lei complementar, para atender a despesas extraordinrias decorrentes de calamidade pblica, guerra externa ou sua iminncia, bem como para investimento pblico urgente e de relevante interesse nacional (art. 148 da CF). A lei determinar o prazo de durao do emprstimo e remunerao a ser paga ao contribuinte quando da devoluo do emprstimo. 4. Exaes Os tributos so exaes no sentido amplo (lato senso), mas as exaes propriamente ditas (stricto senso) so figuras assemelhadas aos tributos, pois no preenchem todos os requisitos atribudos aos tributos (art. 3 do CTN), embora dotadas de compulsoriedade, a saber:

    a) Seguro Obrigatrio Os proprietrios de veculos so obrigados ao pagamento de seguro obrigatrio (DPVAT) para cobertura de danos pessoais causados por veculos automotores, na mesma oportunidade do licenciamento (taxa) e do IPVA (imposto), destinando o valor para a Federao Nacional das Seguradoras (Lei 6.194/1974).

    b) Multa Trata-se de uma penalidade aplicada contra infraes

    administrativas, penais, ambientais, trabalhistas, econmicas, tributrias, etc. A rigor no tributo, porque tem o carter punitivo, mas legalmente aplicada converte-se em obrigao tributria principal, sujeitando o devedor execuo fiscal.

    c) Estacionamento Pbico Rotativo (Zona Azul) Nas cidades de grande e mdio porte, muito comum a cobrana pelo uso de estacionamento rotativo. O Cdigo de Trnsito Brasileiro (Lei 9.503/1997) autoriza que os Municpios implantem sistema rotativo pago (zona azul). Estacionamentos privados cobram tarifas.

    5. Receitas Sindicais No que diz respeito s receitas sindicais, no podemos confundir a contribuio sindical (tributo), com as demais fontes de custeio das organizaes sindicais:

  • a) Contribuio Sindical - uma espcie de contribuio social (parafiscal), que deve ser cobrada de todos os trabalhadores e empregadores, sindicalizados ou no, possuindo natureza tributria. Os profissionais intelectuais que pagam contribuio ao seu rgo de classe (OAB, CRC, CRA, CRM, CREA, etc) so dispensados de contribuio sindical.

    b) Contribuio Confederativa - A Constituio Federal autoriza (art. 8) a

    instituio de contribuio para custeio do sistema confederativo, mediante aprovao em assemblia geral da categoria, mas no tem a natureza tributria, porque somente pode ser cobrada dos sindicalizados, ou seja, daqueles que livremente se filiaram ao sindicato classista, conforme precedente n 119 do TST. Trata-se de uma exao para os sindicalizados.

    c) Contribuio Assistencial - Encontrada nas sentenas normativas (dissdios coletivos), convenes e acordos coletivos, visando custear as atividades assistenciais do sindicato, podendo o trabalhador no sindicalizado manifestar oposio sua cobrana, no prazo de 10 (dez) dias a contar da publicao da sentena normativa ou da conveno ou acordo coletivo. Tem natureza de exao para os sindicalizados e contratual (contrato normativo) para os no sindicalizados, pois existe a possibilidade de escusa por parte destes.

    d) Contribuio Associativa - Tambm chamada de mensalidade sindical,

    cobrada apenas dos associados, mediante autorizao expressa ao empregador (natureza contratual).

    6. Tarifas Tambm denominadas de preos pblicos, preos polticos ou preos quase privados, as tarifas so cobradas quando o Estado transfere a prestao de um servio pblico para o particular (concessionria do servio pblico). A cobrana de tarifa, que regida por leis administrativas, especialmente a Lei 8.987/1995 (Lei de Concesso de Servios Pblicos) e pelas relaes de consumo (Lei 8.078/1990 - Cdigo de Defesa do Consumidor).

    A tarifa difere da taxa, porque no compulsria (trata-se de preo pago pelo usurio-consumidor semelhante aos preos privados, embora sujeita ao controle do Estado, em vista da essencialidade do servio prestado). cobrada por fora da relao contratual entre a concessionria e o usurio-consumidor. Por exemplo, o consumidor deseja contratar o servio de transporte, pagando tarifa (preo pblico) pelo bilhete de passagem. As tarifas so controladas pelas Agncias Reguladoras, estabelecendo o valor mximo, no impedindo a prtica de preos mais favorveis ao consumidor, como tem ocorrido com a telefonia mvel e celular.

  • 7. Outras Figuras (Taxas, Contribuies Sociais, Exaes ou Tarifas?) Controvertida a natureza do pedgio, pois a Constituio veda que a tributao seja aplicada no sentido de restringir o trfego de pessoas ou bens, salvo no que diz respeito cobrana de pedgio, que pode ser institudo para manuteno de rodovias exploradas por concessionrias de servio pblico. O entendimento doutrinrio dominante que pedgio uma taxa (de servio), mas vem sendo cobrado como se fosse uma exao.

    Assim, somente poderia ser cobrado pela efetiva utilizao, de acordo com a quilometragem percorrida pelo contribuinte. Na prtica no assim, pois o contribuinte paga por toda a extenso do trecho pedagiado, mesmo que percorra poucos quilmetros. H violao dos princpios da legalidade (stricto senso) e da anterioridade, pois os reajustes ocorrem no mesmo exerccio, alm de faz-lo atravs de decretos/portarias/resolues (legalidade lato senso) transformando-o em mera exao.

    Quanto s chamadas taxas cartorrias, o STF j pacificou o entendimento que os servios de registro pblico, cartorrios e notoriais so servios pblicos delegados pelo Estado nos moldes do art. 175 da Constituio Federal, submetendo as atividades dos titulares de cartrios ao direito privado. Assim, os cartrios cobram tarifas (preos pblicos). Durante quase 20 anos foi travada uma batalha jurdica acerca da TIP (taxa diluminao pblica). Em 2001, o STF reconheceu a inconstitucionalidade de tal tributo. O legislador, no entanto, atravs da EC 39/2002 autorizou a cobrana tributria sobre a iluminao pblica com nova roupagem: CIP (contribuio para custeio da iluminao pblica).

    PONTO 4. FONTES DO DIREITO TRIBUTRIO. INTERPRETAO

    1. Fontes Materiais As fontes materiais ou fontes reais do Direito Tributrio, pois so as riquezas ou bens em geral que o legislador utiliza como veculos de incidncia tributria, como patrimnio, renda e os servios. a situao definida pela lei como necessria imposio do tributo (fato gerador ou fato imponvel). 2. Fontes Formais So os atos normativos ou conjunto de normas que do nascimento ao Direito Tributrio (leis, costumes e princpios). Espcies de fontes formais:

  • a) Diretas Tambm chamadas de imediatas, primrias ou principais, devem

    ser consideradas em primeiro lugar, observando-se a hierarquia das normas (escritas). So as leis especficas do Direito Tributrio.

    b) Indiretas Em caso de omisso ou lacuna das normas tributrias, a autoridade tributria dever utilizar sucessivamente, as chamadas fontes indiretas (mediatas, secundrias ou acessrias) na seguinte ordem: (I) analogia (leis de outras reas); (II) costumes; (III) princpios especficos do direito tributrio (legalidade, anterioridade, capacidade do contribuinte, etc); (IV) princpios gerais do direito (igualdade, liberdade, direito adquirido, etc); (V) equidade (senso de justia). O art. 108 do CTN probe exigir tributo atravs do emprego da analogia. Por outro lado, no permite dispensar tributo devido ao empregar a equidade.

    3. Legislao Tributria

    a) Normas Constitucionais So as fontes (formais) mais importantes, quer pela posio hierrquica (princpio da supremacia constitucional), quer pelos princpios tributrios (limitaes ao poder de tributar). No podem ser contrariadas pelas normas inferiores.

    b) Leis Complementares Funcionam como leis gerais sobre tributao,

    estabelecendo diretrizes para as entidades tributantes de todas as esferas (Unio, Estados, DF e Municpios). A CF determina que as alquotas mnimas e mximas de ISS (imposto municipal) sejam fixadas por Lei Complementar. O CTN foi institudo pela Lei 5.172/1966 (lei ordinria), mas a CF recepcionou com o status de lei complementar. Assim, qualquer alterao dever ser promovida atravs de Lei Complementar. Os emprstimos compulsrios somente podem ser institudos por lei complementar.

    c) Leis Ordinrias So as normas que criam ou majoram tributos em cada esfera. Assim, a Unio dispe acerca de seus tributos (Imposto de Renda, IOF, ITR, Contribuies Parafiscais, etc), idem os Estados (ICMS, IPVA, etc) e os Municpios (IPTU, ISS, etc). Excepcionalmente, a CF exige lei complementar para criao de tributos, como o caso do imposto sobre grandes fortunas (ainda no institudo) e dos emprstimos compulsrios.

    d) Leis Delegadas O Congresso Nacional pode atender solicitao do Presidente da Repblica, autorizando a este a criar ou majorar tributos, desde que respeitadas as condies de seu exerccio. Tem a mesma fora de uma lei ordinria.

  • e) Medidas Provisrias A CF autoriza ao Presidente da Repblica, em caso de urgncia e relevncia, editar medidas provisrias com fora de lei (art. 62 CF). A sua eficcia imediata, ou seja, produz efeitos jurdicos a partir de sua edio. Cabe ao Congresso Nacional converter em lei ou rejeitar, no prazo de 60 dias ( possvel prorrogar por mais 60 dias). Rejeitando a MP, o Congresso Nacional dever regulamentar (por meio de decreto legislativo) as relaes jurdicas dela decorrente. Em se tratando de tributos, a CF estabelece que dever respeitar o princpio da anterioridade, exceto os impostos de carter extrafiscal.

    f) Decretos Legislativos Ocorre quando o Congresso Nacional aprova

    tratados e convenes internacionais. Em matria tributria, geralmente aprovado para evitar dupla tributao e contextualizar a nossa legislao interna com o direito internacional, sem causar prejuzo nossa soberania. Tem a mesma fora das leis ordinrias.

    g) Resolues do Senado No Direito Tributrio, o Senado Federal fixa as alquotas mnimas e mximas nas operaes internas para cobrana de ICMS, bem como as alquotas interestaduais; tambm para estabelecer alquota mxima de ITCMD.

    h) Decretos - Apenas regulamentam as leis aprovadas pelo Poder Legislativo, no podendo fazer qualquer tipo de inovao. Na prtica so os textos mais consultados, pois detalham como a lei deve ser cumprida. Somente podem instituir obrigaes acessrias (prtica ou absteno de ato no interesse da administrao tributria), no podendo instituir ou majorar tributos (obrigao principal).

    i) Fontes Formais Complementares So os instrumentos de hierarquia

    inferior, tais como portarias, instrues, decises administrativas de rgos singulares ou colegiados, costumes administrativos (prticas reiteradas pelas autoridades administrativas) e os convnios celebrados entre as entidades tributantes.

    4. Interpretao (Hermenutica) da Legislao Tributria Consiste em compreender o verdadeiro sentido da lei. Na interpretao da legislao tributria, so utilizadas as mesmas tcnicas do direito civil, sendo pertinentes os diversos mtodos:

    a) Gramatical ou Literal - O intrprete deve procurar extrair o exato sentido de cada terminologia.

    b) Lgico-Sistemtico - Contextualiza dispositivos de um mesmo sistema,

    buscando a compatibilidade de cada dispositivo com o todo.

  • c) Teleolgico - Identifica as finalidades das normas, ou seja, o carter poltico, econmico e social das mesmas.

    d) Histrico - necessrio entender em que tipo de conjuntura a lei foi aprovada.

    A doutrina e a jurisprudncia fornecem elementos para uma melhor compreenso das normas. O CTN, no entanto, restringe a interpretao ao mtodo literal em se tratando de suspenso ou excluso do crdito tributrio e dispensa de obrigao acessria (art. 111).

    PONTO 5. LIMITAES AO PODER DE TRIBUTAR (PRINCPIOS)

    O legislador constituinte prescreveu vrios princpios (limitaes ao poder de tributar) para proteger o contribuinte de qualquer abusividade. So os seguintes:

    a) Legalidade (CF, art. 150, I) Somente a lei em sentido estrito pode instituir ou majorar tributos. Em se tratando de impostos extrafiscais (II, IE, IPI e IOF) admite-se alteraes atravs de medidas provisrias.

    b) Anterioridade (CF, art. 150, III, b) A lei que cria ou aumenta tributo s

    entra em vigor a partir de noventa dias (anterioridade mitigada ou nonagesimal) e no ano seguinte (anterioridade de exerccio), exceto alguns impostos extrafiscais como imposto de exportao, imposto de importao e imposto sobre operaes financeiras), CIDE-Combustvel, imposto de guerra e emprstimos compulsrios para antender a despesas extraordinrias decorrentes de calamidade pblica, de guerra externa ou na sua iminncia (os emprstimos compulsrios para investimentos pblicos relevantes devem obedecer anterioridade, de exerccio e nonagesimal). As contribuies para a seguridade social e o imposto sobre produtos industrializados submetem-se apenas a anterioridade nonagesimal.

    c) Irretroatividade (CF, art. 150, III, a) A lei tributria s vlida em relao a fatos ocorridos a partir da entrada em vigor. Pode retroagir, apenas, para beneficiar o contribuinte.

    d) Isonomia (CF, art. 150, III) A lei tributria deve tratar igualmente os

    contribuintes que se encontrem em situao equivalente.

    e) Capacidade Contributiva (CF, art. 145, 1o) O tributo deve ser cobrado de acordo com as possibilidades de cada contribuinte. Por exemplo, o imposto de renda das pessoas fsicas cobrado na proporo do rendimento do contribuinte (iseno at R$ 1.862,22 e alquotas graduais (progressividade fiscal) de 7,5%, 15%, 22,5% e 27,5%.), bem como na contribuio previdenciria (8%, 9% e 11%).

  • f) Progressividade (CF, art. 182, 4) Os Municpios podem IPTU

    progressivo para desestimular imveis urbanos que no esto cumprindo a sua funo social, o mesmo ocorrendo com a Unio em relao a imveis rurais improdutivos (progressividade extrafiscal).

    g) Vedao de Efeitos Confiscatrios (CF, art. 150, IV) A tributao deve

    ser razovel, no podendo comprometer exageradamente o patrimnio do contribuinte. A progressividade no legitima o confisco da propriedade.

    h) Imunidade Recproca (CF, art. 150, VI, a) No podem as entidades tributantes instituir impostos sobre o patrimnio, renda ou servio, uns dos outros. Essa imunidade extensiva s autarquias (Banco Central, CVM, UFBA, UNEB, etc) e associaes pblicas (FIBGE, etc), mas no se aplica s estatais (economia mista e empresas pblicas), que se submetem s regras de direito privado. O Supremo Tributrio Nacional estendeu aos Correios e Telegrfos (empresa pblica) o tratamento dispensado s pessoas jurdicas de direito pblico.

    i) Imunidade de Certas Entidades (CF, art. 150, VI, b e c) No podem as entidades tributantes instituir impostos sobre o patrimnio, renda ou servio, de partidos polticos, entidades sindicais de trabalhadores, templos de qualquer culto, instituies de educao e de assistncia social, sem fins lucrativos (reconhecidas como de utilidade pblica).

    j) Imunidade de Livros, Jornais, Peridicos e Papel Destinado sua Impresso (CF, art. 150, VI, d) Inclusive oriundos do exterior. Quer dizer, no ser cobrado ICMS e IPI sobre tais produtos. As empresas so obrigadas ao pagamento de imposto de renda, de contribuies sociais, de IPTU, ISS (sobre os anncios) e demais tributos.

    k) Imunidade para Fins de Reforma Agrria (CF, art. 184, 5) Os atos de transmisso de imveis desapropriados para fins de reforma agrria so imunes de impostos (o texto constitucional chama de iseno).

    l) Imunidade de Trfego (CF, art. 150, V) Exceto para cobrana de pedgio pela utilizao de vias conservadas (mas o contribuinte deve ter vias alternativas para se locomover livremente).

    m) No-Cumulatividade (CF, arts. 153, 3o., II; 155, 2o, I) - Trata-se de uma limitao especfica para IPI e ICMS, para evitar a bitributao.

    n) Essencialidade (CF, art. 153, 3o; 155, 2o., III) Especfico do IPI e do ICMS, para incidir com alquotas mdicas em relao a produtos essenciais.

  • o) Uniformidade Nacional (CF, art. 151, I) A Unio s pode instituir tributos que sejam uniformes em todo o territrio nacional. Ao conceder incentivos fiscais no estar a Unio violando tal princpio, pois a Constituio Federal estabelece a reduo das desigualdades sociais e regionais como um dos objetivos fundamentais do Brasil.

    p) Vedao de Distino em Razo de Procedncia ou Destino (CF, art. 152) Limitao impostas aos Municpios, Estados e Distrito Federal, no sentido de que no haja nenhuma diferena entre bens e servios, de qualquer natureza, em razo da procedncia ou do destino.

    q) Vedao da Utilizao da Base de Clculo dos Impostos nas Taxas (CF, art. 145, 2) As taxas no podero ter a mesma base de clculo dos impostos. Assim, inconstitucional utilizar o valor venal do imvel (utilizado na cobrana do IPTU) como base de clculo da taxa de lixo.

    CONTEDO PROGRAMTICO UNIDADE II

    PONTO 6. COMPETNCIA. CAPACIDADE ATIVA. REPARTIO DE

    RECEITAS

    1. Competncia Coexistem no Brasil trs esferas autnomas: a Unio, os Estados (Estados-Membros) e os Municpios, alm do Distrito Federal (equivalente fuso de Estado e Municpio), que esto no mesmo plano de igualdade, dispondo a Constituio acerca dos poderes e competncias de cada entidade. A competncia indelegvel, intransfervel, no podendo uma entidade conferir seus poderes para outra entidade. Vejamos as principais espcies de competncia:

    a) Privativa Diz respeito aos impostos. Cada entidade federativa tem os impostos enumerados pela Constituio Federal:

    Unio: Imposto de Renda (IR), Imposto de Importao(II), Imposto de Exportao(IE), Imposto sobre Produtos Industrializados(IPI), Imposto Territorial Rural(ITR) e Imposto sobre Grandes Fortunas(IGF).

    Estados: Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios (ICMS), Imposto sobre Propriedade de Veculos Automotores (IPVA) e Imposto sobre Transmisso Causa Mortis ou Doao (ITD).

  • Municpios: Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), Imposto sobre Servios (ISS) e Imposto sobre Transmisso Inter Vivos, por ato oneroso, de Bens Imveis (ITBI).

    b) Comum o caso das taxas e contribuies de melhoria, onde cada

    entidade tributante poder instituir na esfera de sua competncia, de acordo com o servio prestado, atividade de polcia ou realizao de obras pblicas.

    c) Residual Apenas a Unio possui esta competncia: a de criar novos impostos, mas no poder adotar o mesmo fato gerador/base de clculo de impostos j existentes.

    d) Extraordinria Em caso de guerra, a Unio poder, excepcionalmente,

    instituir o Imposto de Guerra e Emprstimos Compulsrios.

    e) Exclusiva ou Especial Tambm compete Unio criar contribuies sociais/parafiscais (INSS, FGTS, PIS, CSLL, COFINS, PIS/PASEP, CIDE, Profissionais, Sindicais, etc). Tal exclusividade no absoluta, pois os Estados, o DF e os Municpios podero instituir contribuies sociais em benefcio de seus servidores (assistncia e previdncia social). Alm do mais, os Municpios e ao DF podem instituir contribuio para custeio da iluminao pblica, substituindo a chamada taxa de iluminao pblica (art. 149-A, CF).

    f) Cumulativa Como o Distrito Federal no dividido em Municpios, a

    Constituio Federal tem competncia inerente aos Estados e Municpios. 2. Capacidade Ativa No confundir competncia com capacidade. Esta diz respeito apenas a fiscalizao e a cobrana, por delegao, sem poder de legislar. o que ocorre na arrecadao das contribuies previdencirias pelo INSS; das contribuies profissionais (OAB, CRC, CRA, CREA, sindicatos, etc), onde a entidade tem apenas capacidade mas no competncia. 3. Equilbrio das Receitas Estatais A CF determina que a Unio reparta ou redistribua aos Estados e aos Municpios parte de suas receitas, o mesmo ocorrendo com os Estados em relao aos Municpios, objetivando um melhor equilibro entre os entes federados.

  • 4. Repasse da Unio para os Estados e para o Distrito Federal

    100% do IR retido na fonte sobre os rendimentos pagos por eles, suas autarquias e fundaes aos servidores pblicos.

    21,5% da arrecadao global do IR e do IPI ao Fundo de Participao dos Estados e Distrito Federal.

    10% do IPI, proporcionalmente ao valor das respectivas exportaes, sendo que nenhum Estado poder receber mais de 20% do montante que for distribudo.

    20% da arrecadao do imposto da competncia residual (at hoje no foi criado nenhum imposto desta categoria).

    30% do IOF sobre ouro, quando definido como ativo financeiro.

    29% da CIDE sobre combustveis, a serem utilizados no financiamento de transportes.

    5. Repasse da Unio para os Municpios e para o Distrito Federal

    100% do IR retido na fonte sobre os rendimentos pagos por eles, suas autarquias e fundaes aos servidores pblicos.

    22,5% da arrecadao global do IR e do IPI para o Fundo de Participao dos Municpios.

    3% da arrecadao global do IR e do IPI para programas de financiamento ao setor produtivo das Regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

    1% da arrecadao global do IR e do IPI (em dezembro de cada ano)

    50% do ITR arrecadado pela Unio relativamente aos imveis neles situados.

    100% do ITR quando estes realizarem a cobrana e fiscalizao do imposto, sem que haja reduo ou qualquer outra forma de renncia fiscal, (EC 42/2003, que alterou o art. 153 da CF).

  • 6. Repasse dos Estados para os Municpios

    50% do IPVA referente a veculos licenciados no territrio municipal.

    25% do ICMS, sendo proporcionalmente s operaes realizadas no Municpio e de acordo com critrios sociais.

    25% do IPI das exportaes recebido da Unio.

    25% da CIDE repassado pela Unio.

    7. Compensaes Financeiras (royalties) O art. 20, 1 da Constituio Federal estabelece que devida aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municpios, e aos rgos da administrao da Unio, como contraprestao pela utilizao econmica dos recursos minerais em seus respectivos territrios: 12% para a Unio; 23% para o Estado onde for extrada a substncia mineral; 65% para o municpio produtor.

    PONTO 7. OBRIGAO TRIBUTRIA. SUJEITO PASSIVO

    1. Obrigao Tributria Embora a obrigao tributria tenha a mesma base da obrigao civil (causa, sujeitos e objeto), difere desta pelo fato que a obrigao civil nasce a partir de ajuste entre as partes e a obrigao tributria decorre da lei (ex lege), dada a sua natureza compulsria. A obrigao tributria pode ser:

    a) Principal - Pagamento de tributo ou penalidade pecuniria.

    b) Acessria - Prtica ou absteno de ato no interesse da administrao tributria.

    2. Contribuinte Devedor direto do tributo:

    a) De Direito So aqueles que esto obrigados (juridicamente) a pagar os tributos (empresrios, importadores, exportadores, proprietrios, empregados, autnomos, etc).

    b) De Fato So os consumidores finais que pagam os tributos do ponto de

    vista econmico.

  • 3. Responsvel Devedor indireto que, embora no sendo contribuinte, deve responder por fora de lei.

    a) Por Substituio Quando uma pessoa substitui a outra para efeito de tributao. o caso do comprador da safra, que assume o ICMS do agricultor; do empresrio que adquire determinadas mercadorias oriundas de outras Estados; do empregador que deve recolher os tributos devidos pelos empregados; os bancos e as seguradoras pelo IOF de seus clientes.

    b) Por Sucesso Ocorre em relao aos sucessores, mortis causa

    (herdeiros, legatrios), ou atos inter vivos (donatrios, adquirentes, etc). Em caso de aquisio de estabelecimento empresarial (trespasse), o adquirente responder integralmente pelos tributos pendentes se o alienante (vendedor) cessar suas atividades. Se o alienante continuar a explorao no prazo de seis meses, ainda assim o adquirente responder subsidiariamente (caso a Execuo Fiscal no obtenha xito com o devedor principal, poder executar o adquirente). No haver responsabilidade tributria integral ou subsidiria quando a sucesso empresarial ocorrer em processo de recuperao judicial ou falncia (art. 133, 1o,,CTN).

    c) Por Solidariedade - So terceiros solidrios aos contribuintes, por

    fora de lei, pelas omisses de que forem responsveis: (I) os pais pelos tributos dos filhos incapazes; (II) os tutores e curadores pelos tutelados ou curatelados; (III) os administradores de bens de terceiros; (IV) o inventariante pelo esplio; (V) os tabelies, escrives, pelos atos praticados no Cartrio; (VI) os scios, no caso de liquidao de sociedades de pessoas.

    d) Por Atos Infracionais Quando administradores (controladores,

    diretores, conselheiros, etc) ou prepostos (gerentes, mandatrios) praticarem atos, em prejuzo do pagamento de tributos, com dolo (inteno) ou culpa (negligncia, impercia ou imprudncia), respondero pessoalmente (art. 136 do CTN).

    4. Capacidade do Contribuinte Para fins de tributao, a sujeio passiva independe da capacidade civil do contribuinte (art. 121 do CTN). Assim, uma pessoa civilmente incapaz (uma criana de um ano, por exemplo) contribuinte de tributos, embora seja citado atravs de seu representante legal.

  • Do mesmo modo, uma sociedade empresria de fato (no registrada na Junta Comercial) pode ser responsabilizada pelos tributos devidos, no obstante o fisco responsabilizar tambm os scios da sociedade no personificada. 5. Domiclio do Contribuinte O contribuinte pode escolher seu domiclio tributrio, desde que no cause prejuzos fiscalizao e arrecadao dos tributos. Na falta de indicao, a residncia ou local habitual dos negcios de uma pessoa natural ser o seu domiclio (art. 127 do CTN). No caso das organizaes empresrias cada estabelecimento ser individualmente considerado para fins de tributao.

    PONTO 8. FATO GERADOR E LANAMENTO

    1. Fato Gerador Acontecimento que faz nascer a obrigao tributria para o contribuinte ou responsvel (a realizao da hiptese prevista em lei). O fato gerador pode ser:

    a) Instantneo Ocorre no momento em que o contribuinte pratica determinado ato, tais como produo ou circulao de bens (ICMS, IPI, II, IE, IOF), prestao de servios (ISS) ou transmisso da propriedade (ITBI, ITD).

    b) Peridico Nos impostos patrimoniais (IPTU, IPVA), o fato gerador

    acontece a cada exerccio, considerando a data-base o ltimo dia do ano (31.12).

    c) Complexo Combina as duas espcies anteriores, pois a cada

    operao surge a obrigao de pagar e a sua base de clculo ser ajustada com base no ltimo dia do exerccio de cada ano. o que ocorre em relao ao imposto de renda, onde o contribuinte far anualmente declarao de ajuste.

    d) Presumido A Constituio Federal autoriza (art. 150, 7) a cobrana de

    imposto ou contribuio cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente (nas operaes interestaduais, o ICMS antecipado e cobrado com base no preo estimado para revenda).

  • 2. Lanamento Enquanto o fato gerador faz nascer a obrigao tributria, o crdito tributrio constitudo atravs do lanamento, ou seja, o lanamento o procedimento administrativo plenamente vinculado (de acordo com as formalidades legais) que possibilita ao fisco exigir o tributo. As modalidades de lanamento so as seguintes:

    a) Autolanamento Tambm chamado de lanamento por homologao, o prprio contribuinte ou responsvel efetua a apurao do montante e realiza o pagamento no prazo legal (art. 147 do CTN), ficando o lanamento (autolanamento) disposio do fisco para homologar ou corrigir de ofcio, caso no corresponda ao valor devido. O fisco tem o prazo de 05 (cinco) anos, a contar do lanamento para corrigir o lanamento do sujeito passivo, sob pena de ocorrer a homologao tcita (art. 150, 4, CTN).

    b) Por Declarao O sujeito passivo presta as informaes ao fisco, que

    efetua o lanamento com base nas declaraes (ITD, ITBI). Pode ser corrigido de ofcio, se for comprovado artifcio por parte do(s) declarante(s).

    c) De Ofcio O fisco apura o tributo e notifica o sujeito passivo

    (contribuinte ou responsvel) para pagar o montante. Est previsto no art. 149 do CTN. Ocorre geralmente nos impostos patrimoniais (IPTU, IPVA), mas tambm utilizado para corrigir lanamento efetuado pelo contribuinte (autolanamento) no homologado ou quando comprovar que o sujeito passivo (contribuinte ou terceiro) agiu com dolo, fraude ou simulao (a hiptese mais comum ocorre na compra e venda de imveis, onde as partes informam valor abaixo do valor venal).

    PONTO 9. SUSPENSO, EXTINO E EXCLUSO DO CRDITO TRIBUTRIO

    1. Suspenso Quando a lei autoriza paralisar a cobrana do tributo constitudo. So hipteses de suspenso:

    a) Moratria a dilao do prazo para pagamento do tributo. Pode ser concedida ao sujeito passivo, individual ou coletivamente, quando houve houver razes relevantes.

    b) Parcelamento Na verdade uma modalidade de moratria, permitindo dividir o tributo vencido em parcelas iguais, incluindo juros e multas.

  • c) Depsito do Montante Integral Trata-se de depsito voluntrio para evitar o nus de multa, juros e correo em caso de improcedncia da reclamao ou recurso administrativo. Se o sujeito passivo depositar e no reclamar/recorrer em 30 dias, o depsito ser convertido em renda, extinguindo o crdito.

    d) Reclamao e Recurso Administrativo Enquanto a defesa do sujeito

    passivo no for apreciada pela Administrao o crdito ficar suspenso. No obrigatrio fazer reclamao acompanhada de depsito do montante.

    e) Concesso de Liminar Quando o Poder Judicirio, em mandado de

    segurana ou qualquer ao judicial, concede medida liminar ou tutela antecipada, o crdito restar suspenso at que ocorra a deciso em definitivo.

    2. Extino O CTN enumera as seguintes hipteses para extino do crdito tributrio:

    a) Pagamento a maneira mais natural de extinguir qualquer obrigao, pois o devedor satisfaz plenamente o que lhe foi cobrado. Em se tratando de tributo deve ser pago em moeda nacional.

    b) Pagamento em Duplicidade - Se houver pagamento a maior ou em

    duplicidade, o contribuinte ter direito restituio (repetio do indbito).

    c) Imputao de Pagamento - Existindo mais de um tributo vencido, em primeiro lugar devem ser quitadas as contribuies de melhoria, depois as taxas e por ltimo os impostos. Se os tributos forem da mesma natureza, primeiramente sero recebidos na ordem crescente de prescrio e, por fim, na ordem decrescente de valor (art. 163 CTN).

    d) Compensao O sujeito passivo poder utilizar crdito que possuir perante a Administrao Pblica, desde que compatvel com a natureza do tributo cobrado.

    e) Transao a possibilidade de acordo judicial quando o fisco

    concordar em reduzir o montante da execuo fiscal.

    f) Remisso Ocorre quando o fisco perdoa dvida tributria. O art. 172 do CTN exige despacho fundamentado, considerando a situao econmica do contribuinte, erro ou ignorncia escusveis do sujeito passivo, a equidade e a diminuta importncia do crdito.

  • g) Decadncia Perecimento do direito em virtude do no exerccio regular de direito por parte do credor. Em direito tributrio, a decadncia ocorre quando o fisco deixar de efetuar o lanamento no prazo de cinco anos a contar do fato gerador (art. 173 CTN).

    h) Prescrio Uma vez constitudo o crdito tributrio, o fisco tem at cinco anos para iniciar a execuo fiscal. Existe, ainda, a prescrio intercorrente, contada a partir do incio da execuo fiscal, que no foi concluda no prazo de cinco anos.

    i) Converso do Depsito em Renda Quando o sujeito passivo tem

    julgamento administrativo desfavorvel, caso tenha efetuado o depsito integral, ou quando o contribuinte faz o depsito sem recorrer do lanamento/auto de infrao efetuado pelo fisco.

    j) Pagamento Antecipado e Homologao do Lanamento Ocorre no lanamento por homologao, onde o fisco tem cinco anos para homologar ou impugnar. Considera-se homologado tacitamente pelo decurso de cinco anos sem auditoria fiscal (art. 150, 4 CTN).

    k) Consignao em Pagamento Quando existe divergncia de valor entre o arbitrado pelo fiscal e o reconhecido pelo sujeito passivo, este poder depositar em juzo o valor do crdito. Sendo julgada procedente a consignao, o crdito ser extinto. Se for julgada improcedente, o crdito ser cobrado pelo fisco.

    l) Deciso Administrativa Irreformvel Reconhecendo o fisco a procedncia da reclamao ou recurso, em definitivo, o crdito tributrio ser declarado extinto. Se o sujeito passivo tiver feito depsito integral, ter direito a resgatar o seu montante.

    m) Deciso Judicial em Definitivo Tornando a sentena imutvel (trnsito em julgado), o crdito tambm ser extinto.

    n) Dao em Pagamento de Imveis O contribuinte poder oferecer imvel, avaliado por perito idneo, para quitao de tributos.

    3. Excluso As possibilidades para evitar a incidncia do crdito so as seguintes:

    a) Iseno Dispensa do tributo devido feita por expressa disposio de lei. concedida por prazo certo em virtude de razes de ordem econmica-social.

    b) Anistia Extingue a punibilidade das infraes fiscais, ou seja, a

    excluso das multas incidentes sobre o no pagamento de tributos.

  • BIBLIOGRAFIA BSICA CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributrio. So Paulo: Saraiva, 1991. COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributrio. Rio de Janeiro: Forense, 1999. MACHADO, Hugo Brito. Curso de Direito Tributrio. So Paulo: Malheiros, 1995. MARTINS, Ives Gandra da Silva. Sistema Tributrio na Constituio de 1988. So Paulo: Saraiva NASCIMENTO, Carlos Valder. Curso de Direito Tributrio. Rio de Janeiro: Forense, 1999.

    BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR PARA PESQUISA ATALIBA, Geraldo. Apontamentos da Cincia das Finanas, Direito Financeiro e Tributrio. So Paulo: Revista dos Tribunais, 1969. BALEEIRO, Aliomar. Uma Introduo Cincia das Finanas. Rio de Janeiro: Forense, 1981. CARRAZZA, Roque Antnio. Curso de Direito Constitucional Tributrio. So Paulo: Malheiros, 1993. HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributrio. So Paulo: Atlas, 2007. TORRES, Ricardo Lobo. Normas de Interpretao e Integrao do Direito Tributrio. Rio de Janeiro: Forense, 1991. LEGISLAO PRINCIPAL E SUBSIDIRIA Constituio Federal Cdigo Tributrio Nacional Cdigo de Processo Civil Cdigo Civil (fevereiro/2015)