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  • 1. Joo Alfredo Telles MeloDireito AmbientalFa7

2. Fundamentao constitucional Art. 186 - A funo social cumprida quando apropriedade rural atende, simultaneamente, segundocritrios e graus de exigncia estabelecidos em lei, aosseguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilizao adequada dos recursos naturaisdisponveis e preservao do meio ambiente; III - observncia das disposies que regulam asrelaes de trabalho; IV - explorao que favorea o bem-estar dosproprietrios e dos trabalhadores. 3. Fundamentao constitucional Art. 225 - Todos tm direito ao meio ambienteecologicamente equilibrado, bem de uso comum dopovo... 1 - Para assegurar a efetividade desse direito,incumbe ao Poder Pblico: III - definir, em todas as unidades da Federao,espaos territoriais e seus componentes a seremespecialmente protegidos, sendo a alterao e asupresso permitidas somente atravs de lei, vedadaqualquer utilizao que comprometa a integridade dosatributos que justifiquem sua proteo; 4. O direito de propriedade no novoCdigo Civil Art. 1.228. O proprietrio tem a faculdade de usar,gozar e dispor da coisa, e o direito de reav-la do poderde quem quer que injustamente a possua ou detenha. 1o O direito de propriedade deve ser exercido emconsonncia com as suas finalidades econmicas esociais e de modo que sejam preservados, deconformidade com o estabelecido em lei especial,a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilbrioecolgico e o patrimnio histrico e artstico, bemcomo evitada a poluio do ar e das guas. 5. Breve histrico os cdigosanteriores e o retrocesso atual O primeiro Cdigo Florestal brasileiro foi editado em 1934.O Decreto Federal 23793/34 foi elaborado com a ajuda dediversos naturalistas, muitos dos quais j preocupados, poca, com a conservao das funes bsicas dosecossistemas naturais e cientes da importncia de seconservar todos os tipos de vegetao nativa e no apenasaquelas que pudessem oferecer lenha. Esse primeiro Cdigo considerava as florestas bem deinteresse comum. Como consequncia, os direitos depropriedade sobre elas sofreriam limitaes estabelecidasem lei, especialmente em relao ao corte de rvores emflorestas protetoras ou remanescentes, consideradas depreservao perene. 6. Em 1962 foi formado um grupo de trabalho para reporuma proposta de "novo" Cdigo Florestal, quefinalmente foi sancionado em 1965, atravs da LeiFederal n 4771/65 , que manteve os pressupostos eobjetivos da lei anterior: evitar ocupao em reasfrgeis, obrigar a conservao de um mnimo da floranativa para garantir um mnimo de equilbrioecossistmico e estimular a plantao e o uso racionaldas florestas, notadamente nas regies de"desbravamento" (Amaznia). O modelo adotado pelo Cdigo de 1965 diferiu doanterior pela abolio das categorias de florestas entoprevistas e pela instituio das chamadas florestas depreservao permanente, aquelas que, por sua funaoambiental, no podem ser suprimidas. 7. 39 organizaes da sociedade alertaram a opinio pblicapara o fato de que o Brasil vive um retrocesso semprecedentes na rea socioambiental... CDIGO FLORESTAL o ponto paradigmtico desseprocesso de degradao da agenda socioambiental aiminente votao de uma proposta de novo CdigoFlorestal que desfigura a legislao de proteo s florestas,concede anistia ampla para desmatamentos irregularescometidos at julho de 2008, instituindo a impunidade queestimular o aumento do desmatamento, alm de reduziras reservas legais e reas de Proteo Permanente em todoo Pas. A verso em fase final de votao nos prximos diasafronta estudos tcnicos de muitos dos melhores cientistasbrasileiros, que se manifestam chocados com o desprezopelos alertas feitos sobre os erros grosseiros e desmandosevidentes das propostas de lei oriundas da Cmara Federale do Senado. (06/03/2012) 8. A LEI N 12.651/2012 onovssimo Cdigo Florestal -finalidades e objetivos Art. 1o-A. Esta Lei estabelece normas gerais sobre aproteo da vegetao, reas de PreservaoPermanente e as reas de Reserva Legal; aexplorao florestal, o suprimento de matria-primaflorestal, o controle da origem dos produtosflorestais e o controle e preveno dos incndiosflorestais, e prev instrumentos econmicos efinanceiros para o alcance de seus objetivos. 9. Princpios do Cdigo Florestal Art. 1. A. Pargrafo nico. Tendo como objetivo o desenvolvimentosustentvel, esta Lei atender aos seguintes princpios: I - afirmao do compromisso soberano do Brasil com a preservaodas suas florestas e demais formas de vegetao nativa, bem como dabiodiversidade, do solo, dos recursos hdricos e da integridade dosistema climtico, para o bem estar das geraes presentes e futuras; II - reafirmao da importncia da funo estratgica da atividadeagropecuria e do papel das florestas e demais formas de vegetaonativa na sustentabilidade, no crescimento econmico, na melhoria daqualidade de vida da populao brasileira e na presena do Pas nosmercados nacional e internacional de alimentos e bioenergia; III - ao governamental de proteo e uso sustentvel de florestas,consagrando o compromisso do Pas com a compatibilizao eharmonizao entre o uso produtivo da terra e a preservao dagua, do solo e da vegetao; 10. Princpios do Cdigo Florestal IV - responsabilidade comum da Unio, Estados,Distrito Federal e Municpios, em colaborao com asociedade civil, na criao de polticas para a preservao erestaurao da vegetao nativa e de suas funesecolgicas e sociais nas reas urbanas e rurais; V - fomento pesquisa cientfica e tecnolgica nabusca da inovao para o uso sustentvel do solo e da gua,a recuperao e a preservao das florestas e demais formasde vegetao nativa; VI - criao e mobilizao de incentivos econmicos parafomentar a preservao e a recuperao da vegetao nativae para promover o desenvolvimento de atividadesprodutivas sustentveis. 11. Florestas, interesse comum, uso efuno da propriedade Art. 2o As florestas existentes no territrio nacional e as demaisformas de vegetao nativa, reconhecidas de utilidade s terras querevestem, so bens de interesse comum a todos os habitantes doPas, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitaesque a legislao em geral e especialmente esta Lei estabelecem. 1o Na utilizao e explorao da vegetao, as aes ou omissescontrrias s disposies desta Lei so consideradas uso irregular dapropriedade, aplicando-se o procedimento sumrio previsto no incisoII do art. 275 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Cdigo deProcesso Civil, sem prejuzo da responsabilidade civil, nos termos do 1o do art. 14 da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, e das sanesadministrativas, civis e penais. 2o As obrigaes previstas nesta Lei tm natureza real e sotransmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso detransferncia de domnio ou posse do imvel rural. 12. Bem de interesse comum =interesse difuso A expresso bens de interesse comum a todos oshabitantes do Pas, constantes dos dois C. FlorestaisBrasileiros e, agora tambm da Lei 12.651/12, nosremete imediatamente ao do caput do art. 225 daCF/88, que afirma ser o m.a. ecologicamenteequilibrado um bem de uso comum do povo... O significado jurdico que se extrai dessa expresso que a flora... constitui um interesse difuso, direitotransidividual, de natureza indivisvel, cuja tutela podeser invocada por todos os seus titulares, pessoasindeterminadas e ligadas por circunstncias de fato(Guilherme Purvin). 13. Conceitos: art. 3. Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por: I - Amaznia Legal: os Estados do Acre, Par, Amazonas,Roraima, Rondnia, Amap e Mato Grosso e as regiessituadas ao norte do paralelo 13 S, dos Estados deTocantins e Gois, e ao oeste do meridiano de 44W, doEstado do Maranho; 14. Conceitos: art. 3. II - rea de Preservao Permanente - APP: rea protegida, cobertaou no por vegetao nativa, com a funo ambiental de preservar osrecursos hdricos, a paisagem, a estabilidade geolgica e abiodiversidade, facilitar o fluxo gnico de fauna e flora, proteger o soloe assegurar o bem-estar das populaes humanas; III - Reserva Legal: rea localizada no interior de uma propriedade ouposse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a funo de asseguraro uso econmico de modo sustentvel dos recursos naturais do imvelrural, auxiliar a conservao e a reabilitao dos processos ecolgicos epromover a conservao da biodiversidade, bem como o abrigo e aproteo de fauna silvestre e da flora nativa; IV - rea rural consolidada: rea de imvel rural com ocupaoantrpica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificaes,benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste ltimocaso, a adoo do regime de pousio; 15. Conceitos: art. 3 V - pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela exploradamediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedorfamiliar rural, incluindo os assentamentos e projetos de reformaagrria, e que atenda ao disposto no art. 3o da Lei no 11.326, de 24 dejulho de 2006; VI - uso alternativo do solo: substituio de vegetao nativa eformaes sucessoras por outras coberturas do solo, como atividadesagropecurias, industriais, de gerao e transmisso de energia, deminerao e de transporte, assentamentos urbanos ou outras formas deocupao humana; VII - manejo sustentvel: administrao da vegetao natural para aobteno de benefcios econmicos, sociais e ambientais, respeitando-seos mecanismos de sustentao do ecossistema objeto do manejo econsiderando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilizao demltiplas espcies madeireiras ou no, de mltiplos produtos esubprodutos da flora, bem como a utilizao de outros bens e servios; 16. Conceitos: art. 3 VIII - utilidade pblica: a) as atividades de segurana nacional e proteo sanitria; b) as obras de infraestrutura destinadas s concesses e aos serviospblicos de transporte, sistema virio, inclusive aquele necessrio aosparcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municpios,saneamento, gesto de resduos, energia, telecomunicaes,radiodifuso, instalaes necessrias realizao de competiesesportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem comominerao, exceto, neste ltimo caso, a extrao de areia, argila, saibroe cascalho; c) atividades e obras de defesa civil; d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias naproteo das funes ambientais referidas no inciso II deste artigo; e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadasem procedimento administrativo prprio, quando inexistir alternativatcnica e locacional ao empreendimento proposto, definidas em ato doChefe do Poder Executivo federal; 17. Conceitos: art. 3. IX - interesse social: a) as atividades imprescindveis proteo da integridade da vegetao nativa, tais comopreveno, combate e controle do fogo, controle da eroso, erradicao de invasoras eproteo de plantios com espcies nativas; b) a explorao agroflorestal sustentvel praticada na pequena propriedade ou posserural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que no descaracterize acobertura vegetal existente e no prejudique a funo ambiental da rea; c) a implantao de infraestrutura pblica destinada a esportes, lazer e atividadeseducacionais e culturais ao ar livre em reas urbanas e rurais consolidadas, observadas ascondies estabelecidas nesta Lei; d) a regularizao fundiria de assentamentos humanos ocupados predominantementepor populao de baixa renda em reas urbanas consolidadas, observadas as condiesestabelecidas na Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009; e) implantao de instalaes necessrias captao e conduo de gua e de efluentestratados para projetos cujos recursos hdricos so partes integrantes e essenciais daatividade; f ) as atividades de pesquisa e extrao de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pelaautoridade competente; g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimentoadministrativo prprio, quando inexistir alternativa tcnica e locacional atividadeproposta, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal; 18. Conceitos: art. 3. X - atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental: a) abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes epontilhes, quando necessrias travessia de um curso dgua, aoacesso de pessoas e animais para a obteno de gua ou retirada deprodutos oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentvel; b) implantao de instalaes necessrias captao e conduo degua e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direitode uso da gua, quando couber; c) implantao de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo; d) construo de rampa de lanamento de barcos e pequenoancoradouro; e) construo de moradia de agricultores familiares, remanescentes decomunidades quilombolas e outras populaes extrativistas etradicionais em reas rurais, onde o abastecimento de gua se d peloesforo prprio dos moradores; 19. Conceitos: art. 3. X - atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental: f ) construo e manuteno de cercas na propriedade; g) pesquisa cientfica relativa a recursos ambientais, respeitados outrosrequisitos previstos na legislao aplicvel; h) coleta de produtos no madeireiros para fins de subsistncia eproduo de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada alegislao especfica de acesso a recursos genticos; i) plantio de espcies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhase outros produtos vegetais, desde que no implique supresso davegetao existente nem prejudique a funo ambiental da rea; j) explorao agroflorestal e manejo florestal sustentvel, comunitrioe familiar, incluindo a extrao de produtos florestais no madeireiros,desde que no descaracterizem a cobertura vegetal nativa existentenem prejudiquem a funo ambiental da rea; k) outras aes ou atividades similares, reconhecidas como eventuais ede baixo impacto ambiental em ato do Conselho Nacional do MeioAmbiente - CONAMA ou dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente; 20. Conceitos: art. 3. XII - vereda: fitofisionomia de savana, encontrada em solos hidromrficos, usualmentecom a palmeira arbreaMauritia flexuosa - buriti emergente, sem formar dossel, emmeio a agrupamentos de espcies arbustivo-herbceas; XIII - manguezal: ecossistema litorneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos aodas mars, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, s quais se associa,predominantemente, a vegetao natural conhecida como mangue, com influnciafluviomarinha, tpica de solos limosos de regies estuarinas e com disperso descontnuaao longo da costa brasileira, entre os Estados do Amap e de Santa Catarina; XIV - salgado ou marismas tropicais hipersalinos: reas situadas em regies comfrequncias de inundaes intermedirias entre mars de sizgias e de quadratura, comsolos cuja salinidade varia entre 100 (cem) e 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000(mil), onde pode ocorrer a presena de vegetao herbcea especfica; XV - apicum: reas de solos hipersalinos situadas nas regies entremars superiores,inundadas apenas pelas mars de sizgias, que apresentam salinidade superior a 150(cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), desprovidas de vegetao vascular; XVI - restinga: depsito arenoso paralelo linha da costa, de forma geralmentealongada, produzido por processos de sedimentao, onde se encontram diferentescomunidades que recebem influncia marinha, com cobertura vegetal em mosaico,encontrada em praias, cordes arenosos, dunas e depresses, apresentando, de acordocom o estgio sucessional, estrato herbceo, arbustivo e arbreo, este ltimo maisinteriorizado; XVII - nascente: afloramento natural do lenol fretico que apresenta perenidade e dincio a um curso dgua; XVIII - olho dgua: afloramento natural do lenol fretico, mesmo que intermitente; 21. Conceitos: art. 3. XX - rea verde urbana: espaos, pblicos ou privados, com predomnio de vegetao,preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de ZoneamentoUrbano e Uso do Solo do Municpio, indisponveis para construo de moradias, destinados aospropsitos de recreao, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteo dos recursoshdricos, manuteno ou melhoria paisagstica, proteo de bens e manifestaes culturais; XXI - vrzea de inundao ou plancie de inundao: reas marginais a cursos dgua sujeitas aenchentes e inundaes peridicas; XXII - faixa de passagem de inundao: rea de vrzea ou plancie de inundao adjacente a cursosdgua que permite o escoamento da enchente; XXIII - relevo ondulado: expresso geomorfolgica usada para designar rea caracterizada pormovimentaes do terreno que geram depresses, cuja intensidade permite sua classificao comorelevo suave ondulado, ondulado, fortemente ondulado e montanhoso. XXIV - pousio: prtica de interrupo temporria de atividades ou usos agrcolas, pecurios ousilviculturais, por no mximo 5 (cinco) anos, para possibilitar a recuperao da capacidade de uso ouda estrutura fsica do solo; XXV - reas midas: pantanais e superfcies terrestres cobertas de forma peridica por guas,cobertas originalmente por florestas ou outras formas de vegetao adaptadas inundao; XXVI - rea urbana consolidada: aquela de que trata o inciso II do caput do art. 47 da Lei no 11.977,de 7 de julho de 2009; e XXVII - crdito de carbono: ttulo de direito sobre bem intangvel e incorpreo transacionvel. Pargrafo nico. Para os fins desta Lei, estende-se o tratamento dispensado aos imveis a que serefere o inciso V deste artigo s propriedades e posses rurais com at 4 (quatro) mdulos fiscais quedesenvolvam atividades agrossilvipastoris, bem como s terras indgenas demarcadas e s demaisreas tituladas de povos e comunidades tradicionais que faam uso coletivo do seu territrio. 22. As reas de preservaopermanente - APPs PAULO AFFONSO L. MACHADO: APP um espao territorial em que a floresta ou avegetao devem estar presentes. Se a floresta a noestiver, ela deve a ser plantada. A legislao federal se caracteriza como uma norma geral,devendo ser respeitada pelos estados e municpios, quesomente podero aumentar as exigncias federais, e nodiminu-las. Dois tipos de APP: por situao (art. 4.) e por finalidade(art. 6.). Edis Milar se utiliza dos conceitos APPs institudas porlei (art. 4.) e APPs institudas por ato do poder pblico(art. 6.). 23. APPs por situao Art. 4o Considera-se rea de Preservao Permanente, emzonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: I - as faixas marginais de qualquer curso dgua naturalperene e intermitente, excludos os efmeros, desde a borda dacalha do leito regular, em largura mnima de: a) 30 (trinta) metros, para os cursos dgua de menos de 10 (dez)metros de largura; b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos dgua que tenham de10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; c) 100 (cem) metros, para os cursos dgua que tenham de 50(cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; d) 200 (duzentos) metros, para os cursos dgua que tenham de200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos dgua que tenhamlargura superior a 600 (seiscentos) metros; 24. APPs por situao Art. 4o Considera-se rea de Preservao Permanente, em zonas rurais ou urbanas,para os efeitos desta Lei: II - as reas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mnima de: a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo dgua com at 20 (vinte)hectares de superfcie, cuja faixa marginal ser de 50 (cinquenta) metros; b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; III - as reas no entorno dos reservatrios dgua artificiais, decorrentes debarramento ou represamento de cursos dgua naturais, na faixa definida na licenaambiental do empreendimento; IV - as reas no entorno das nascentes e dos olhos dgua perenes, qualquer que sejasua situao topogrfica, no raio mnimo de 50 (cinquenta) metros; V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45, equivalente a 100%(cem por cento) na linha de maior declive; VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; VII - os manguezais, em toda a sua extenso; 25. APPs por situao Art. 4o Considera-se rea de Preservao Permanente, em zonasrurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, at a linha de rupturado relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeeshorizontais; IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com alturamnima de 100 (cem) metros e inclinao mdia maior que 25, as reasdelimitadas a partir da curva de nvel correspondente a 2/3 (dois teros)da altura mnima da elevao sempre em relao base, sendo estadefinida pelo plano horizontal determinado por plancie ou espelhodgua adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de selamais prximo da elevao; X - as reas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros,qualquer que seja a vegetao; XI - em veredas, a faixa marginal, em projeo horizontal, com larguramnima de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaopermanentemente brejoso e encharcado. 26. APPs do art. 4. limitaoadministrativa e indenizao PAULO AFFONSO LEME MACHADO: Oportuno lembrar que na APP do art. 4. no cabeindenizao ao proprietrio rural que deva ter em seuimvel uma APP. Trata-se de uma limitao administrativa, que toda imposio geral, gratuita, unilateral e de ordempblica condicionadora do exerccio de direitos (nocaso, o direito de propriedade) ou de atividadesparticulares s exigncias do bem-estar social (eambiental) (Helly Lopes Meirelles). 27. APPs por finalidade (destinao) Art. 6o Consideram-se, ainda, de preservao permanente, quandodeclaradas de interesse social por ato do Chefe do PoderExecutivo, as reas cobertas com florestas ou outras formas devegetao destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades: I - conter a eroso do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentosde terra e de rocha; II - proteger as restingas ou veredas; III - proteger vrzeas; IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaados de extino; V - proteger stios de excepcional beleza ou de valor cientfico, culturalou histrico; VI - formar faixas de proteo ao longo de rodovias e ferrovias; VII - assegurar condies de bem-estar pblico; VIII - auxiliar a defesa do territrio nacional, a critrio das autoridadesmilitares. IX -proteger reas midas, especialmente as de importnciainternacional. 28. APPs do art. 6. e desapropriao PAULO AFFONSO LEME MACHADO: As reas que contm os bens a serem protegidospodem ser de domnio pblico ou privado. Sendo reasprivadas, a declarao de interesse social possibilitar aefetivao da desapropriao, tendo o expropriante oprazo de dois anos para concretiz-la. O Poder Pblico, se quiser efetivamente instituir a APPdo art. 6. dever desapropriar a rea, o que no ocorrenos casos da APP do art. 4. (por situao). 29. Regime de proteo das APPs Art. 7o A vegetao situada em rea de PreservaoPermanente dever ser mantida pelo proprietrio da rea,possuidor ou ocupante a qualquer ttulo, pessoa fsica oujurdica, de direito pblico ou privado. 1o Tendo ocorrido supresso de vegetao situada em rea dePreservao Permanente, o proprietrio da rea, possuidor ouocupante a qualquer ttulo obrigado a promover arecomposio da vegetao, ressalvados os usos autorizadosprevistos nesta Lei. 2o A obrigao prevista no 1o tem natureza real e transmitida ao sucessor no caso de transferncia de domnio ouposse do imvel rural. 3o No caso de supresso no autorizada de vegetao realizadaaps 22 de julho de 2008, vedada a concesso de novasautorizaes de supresso de vegetao enquanto no cumpridasas obrigaes previstas no 1o. 30. Supresso de vegetao em APPs Art. 8o A interveno ou a supresso de vegetao nativa em rea de PreservaoPermanente somente ocorrer nas hipteses de utilidade pblica, de interesse socialou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei. 1o A supresso de vegetao nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somentepoder ser autorizada em caso de utilidade pblica. 2o A interveno ou a supresso de vegetao nativa em rea de PreservaoPermanente de que tratam os incisos VI e VII do caput do art. 4o poder ser autorizada,excepcionalmente, em locais onde a funo ecolgica do manguezal estejacomprometida, para execuo de obras habitacionais e de urbanizao, inseridas emprojetos de regularizao fundiria de interesse social, em reas urbanas consolidadasocupadas por populao de baixa renda. 3o dispensada a autorizao do rgo ambiental competente para a execuo, emcarter de urgncia, de atividades de segurana nacional e obras de interesse da defesacivil destinadas preveno e mitigao de acidentes em reas urbanas. 4o No haver, em qualquer hiptese, direito regularizao de futuras intervenesou supresses de vegetao nativa, alm das previstas nesta Lei. 31. Reserva Legal (Florestal) PAULO AFFONSO LEME MACHADO: Cada proprietrio no conserva uma parte da propriedadecom florestas somente no interesse da sociedade ou de seusvizinhos, mas primeiramente no seu prprio interesse. A Reserva legal florestal deve ser adequada trplice funoda propriedade: econmica, social e ambiental. Usa-se menos a propriedade para usar-se sempre. A reserva legal incide somente sobre o domnio privado emreas rurais, enquanto as APPs incidem sobre o domnioprivado e domnio pblico, seja no espao urbano, seja nomeio rural. 32. Natureza jurdica da Reserva LegalFlorestal EDIS MILAR Verifica-se que a determinao de reservar certo percentualde uma propriedade para fins de conservao e proteo dacobertura vegetal caracteriza-se como uma obrigao geral,gratuita, unilateral e de ordem pblica, a indicar seuenquadramento no conceito de limitao administrativa. De fato, os arts 12 e 17 da Lei 12.651/2012, enquanto normasde ordem pblica de carter geral, impem obrigao defazer e incidem sobre toda e qualquer propriedade rural,configurando-se como materializao do conceito defuno socioambiental da propriedade. 33. Reserva Legal (Florestal) Art. 12. Todo imvel rural deve manter rea com cobertura devegetao nativa, a ttulo de Reserva Legal, sem prejuzo daaplicao das normas sobre as reas de Preservao Permanente,observados os seguintes percentuais mnimos em relao reado imvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: I - localizado na Amaznia Legal: a) 80% (oitenta por cento), no imvel situado em rea deflorestas; b) 35% (trinta e cinco por cento), no imvel situado em rea decerrado; c) 20% (vinte por cento), no imvel situado em rea de camposgerais; II - localizado nas demais regies do Pas: 20% (vinte por cento). 34. Reserva Legal (Florestal) Art. 17. A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura devegetao nativa pelo proprietrio do imvel rural, possuidor ouocupante a qualquer ttulo, pessoa fsica ou jurdica, de direito pblicoou privado. 1o Admite-se a explorao econmica da Reserva Legal mediantemanejo sustentvel, previamente aprovado pelo rgo competente doSisnama, de acordo com as modalidades previstas no art. 20. 2o Para fins de manejo de Reserva Legal na pequena propriedade ouposse rural familiar, os rgos integrantes do Sisnama deveroestabelecer procedimentos simplificados de elaborao, anlise eaprovao de tais planos de manejo. 3o obrigatria a suspenso imediata das atividades em rea deReserva Legal desmatada irregularmente aps 22 de julho de 2008. 4o Sem prejuzo das sanes administrativas, cveis e penais cabveis,dever ser iniciado, nas reas de que trata o 3o deste artigo, o processode recomposio da Reserva Legal em at 2 (dois) anos contados apartir da data da publicao desta Lei, devendo tal processo serconcludo nos prazos estabelecidos pelo Programa de RegularizaoAmbiental - PRA, de que trata o art. 59. 35. Reserva Legal - desdobramentos Restringe a explorao econmica da propriedade; Tem sua utilizao limitada ao regime de manejo florestalsustentvel; Tem sua localizao ditada pelo rgo ambiental estadual:o 1., art 14: o rgo estadual integrante do SISNAMA ouinstituio por ele habilitada dever aprovar a localizaoda RL aps a incluso do imvel no CAR (...); Possibilita, no clculo do seu percentual, o cmputo dasreas relativas a vegetao existente em APP; Sua manuteno encerra nus tanto do proprietrio comodo possuidor. (Edis Milar) 36. Limitao administrativa PAULO AFFONSO LEME MACHADO: Limitao administrativa toda imposio geral,gratuita, unilateral e de ordem pblica condicionadorado exerccio de direitos ou de atividades particulares sexigncias do bem estar social (e ambiental) (HelyLopes Meireles). As APPs do art. 4. (por sua generalidade) e as reservaslegais florestais contm limitaes administrativas aoexerccio do direito de propriedade, por isso, no soindenizadas pelo poder pblico. 37. Proteo das reas verdes urbanas Art. 25. O poder pblico municipal contar, para oestabelecimento de reas verdes urbanas, com os seguintesinstrumentos: I - o exerccio do direito de preempo para aquisio deremanescentes florestais relevantes, conforme dispe a Leino 10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto da Cidade); II - a transformao das Reservas Legais em reas verdesnas expanses urbanas III - o estabelecimento de exigncia de reas verdes nosloteamentos, empreendimentos comerciais e naimplantao de infraestrutura; e IV - aplicao em reas verdes de recursos oriundos dacompensao ambiental. 38. (In)constitucionalidade do novoCdigo Florestal 3 ADIs da PGR BRASLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF) vai ter dedecidir se o novo Cdigo Florestal est ou no est deacordo com a Constituio brasileira. A procuradora-geralda Repblica interina, Sandra Cureau, encaminhou nestasegunda-feira, 21, trs aes ao STF questionando artigos dalei que foi aprovada no ano passado. Na opinio de Sandra Cureau, entre os dispositivosinconstitucionais do cdigo esto trechos que reduziram eextinguiram reas que anteriormente eram protegidas. "Acriao de espaos territoriais especialmente protegidosdecorre do dever de preservar e restaurar os processosecolgicos essenciais, de forma que essa deve ser uma dasfinalidades da instituio desses espaos", disse. 39. Inconstitucionalidade do C.Fl. Nas aes, a procuradora tambm questiona a anistia concedida a quemdegradou reas preservadas. Para ela, o cdigo acaba com o dever de pagarmultas e impede sanes penais. "Se a prpria Constituio estatui de formaexplcita a responsabilizao penal e administrativa, alm da obrigao dereparar danos, no se pode admitir que o legislador infraconstitucional excluatal princpio, sob pena de grave ofensa Lei Maior", sustentou. Sandra Cureau pediu que o STF conceda liminares para suspender trechos donovo Cdigo Florestal. Diante da relevncia do tema, a procuradora tambmrequereu que o tribunal adote um rito abreviado na tramitao do processo. Seesse rito for aprovado, o julgamento definitivo dos processos poder ocorrermais brevemente. A votao pelo STF das aes sobre o Cdigo Florestal dever provocar bastantepolmica. Quando tramitou no Congresso, o projeto dividiu diversos setores dasociedade, como ambientalistas, ruralistas e acadmicos. Como o STF podedeclarar a inconstitucionalidade de trechos da lei, as discusses devero voltarpraticamente estaca zero. http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=228842