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O Cdigo Florestal, as APPs e as Reservas Legais (Espaos territoriais especialmente protegidos em sentido amplo)Joo Alfredo Telles MeloDireito AmbientalFa7

Espaos territoriais especialmente protegidos (ETEPs) dis MilarArt. 225, 1., inciso III.(Incumbncias do Poder Pblico para dar efetividade ao Direito ao Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado):

III - definir, em todas as unidades da Federao, espaos territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alterao e a supresso permitidas somente atravs de lei, vedada qualquer utilizao que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteo;

Para Milar, os ETEPs se dividem em:

1. ETEPs em sentido estrito: as Unidades de Conservao da Natureza (UCs), disciplinadas pela Lei 9985/00 (lei do SNUC), posto que so previstas como tais em sua prpria redao.

2. ETEPs em sentido lato: nesta classificao se encontram as reas de Preservao Permanente (APPs) e as Reservas Legais (RL) ou Reservas Legais Florestais, posto que, embora no expressamente arroladas como tais, apresentam caractersticas que se almodam ao conceito de ETEPs.

O QUE UMA FLORESTA http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/29004-o-que-e-uma-floresta A definio comum defloresta qualquer grande rea de terra coberta de rvores ou outra vegetao que produza madeira, onde as copas se tocam formando um "teto" verde. Mata, mato, bosque, capoeira e selva so alguns dos nomes populares dados floresta.Elas podem ser classificadas como:naturaisouplantadas,homogneas,primriasousecundriaseriprias. Seronaturaisquando se encontrarem no seu estado original, sem interveno humana. Asplantadasso aquelas intencionalmente produzidas pelo ser humano para atingir um objetivo especfico, seja produo ou conservao. Florestasprimriasso aquelas que nunca sofreram derrubada ou corte, originais de uma regio. Enquanto aquelas que esto em processo de regenerao natural aps derrubadas ou alteraes pela ao do homem ou de fatores naturais so chamadassecundrias. As florestashomogneasso florestas plantadas constitudas por apenas uma ou poucas espcies de rvores. As florestasriprias(ou matas ciliares) so as que orlam um ou os dois lados de um curso d'gua.

Fundamentao constitucionalArt. 186 - A funo social cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critrios e graus de exigncia estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:I - aproveitamento racional e adequado;II - utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao do meio ambiente;III - observncia das disposies que regulam as relaes de trabalho;IV - explorao que favorea o bem-estar dos proprietrios e dos trabalhadores.

Fundamentao constitucionalArt. 225 - Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo... 1 - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico:III - definir, em todas as unidades da Federao, espaos territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alterao e a supresso permitidas somente atravs de lei, vedada qualquer utilizao que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteo;

O direito de propriedade no novo Cdigo CivilArt. 1.228. O proprietrio tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reav-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

1oO direito de propriedade deve ser exercido em consonncia com as suas finalidades econmicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilbrio ecolgico e o patrimnio histrico e artstico, bem como evitada a poluio do ar e das guas.

Breve histrico os cdigos anteriores e o retrocesso atualO primeiro Cdigo Florestal brasileiro foi editado em 1934. O Decreto Federal 23793/34 foi elaborado com a ajuda de diversos naturalistas, muitos dos quais j preocupados, poca, com a conservao das funes bsicas dos ecossistemas naturais e cientes da importncia de se conservar todos os tipos de vegetao nativa e no apenas aquelas que pudessem oferecer lenha.

Esse primeiro Cdigo considerava as florestas bem de interesse comum. Como consequncia, os direitos de propriedade sobre elas sofreriam limitaes estabelecidas em lei, especialmente em relao ao corte de rvores em florestas protetoras ou remanescentes, consideradas de preservao perene.

Em 1962 foi formado um grupo de trabalho para repor uma proposta de "novo" Cdigo Florestal, que finalmente foi sancionado em 1965, atravs daLei Federal n 4771/65 , que manteve os pressupostos e objetivos da lei anterior: evitar ocupao em reas frgeis, obrigar a conservao de um mnimo da flora nativa para garantir um mnimo de equilbrio ecossistmico e estimular a plantao e o uso racional das florestas, notadamente nas regies de "desbravamento" (Amaznia).O modelo adotado pelo Cdigo de 1965 diferiu do anterior pela abolio das categorias de florestas ento previstas e pela instituio das chamadas florestas de preservao permanente, aquelas que, por sua funao ambiental, no podem ser suprimidas.

39 organizaes da sociedade alertaram a opinio pblica para o fato de que o Brasil vive um retrocesso sem precedentes na rea socioambiental...

CDIGO FLORESTAL o ponto paradigmtico desse processo de degradao da agenda socioambiental a iminente votao de uma proposta de novo Cdigo Florestal que desfigura a legislao de proteo s florestas, concede anistia ampla para desmatamentos irregulares cometidos at julho de 2008, instituindo a impunidade que estimular o aumento do desmatamento, alm de reduzir as reservas legais e reas de Proteo Permanente em todo o Pas. A verso em fase final de votao nos prximos dias afronta estudos tcnicos de muitos dos melhores cientistas brasileiros, que se manifestam chocados com o desprezo pelos alertas feitos sobre os erros grosseiros e desmandos evidentes das propostas de lei oriundas da Cmara Federal e do Senado. (06/03/2012)

A LEI N 12.651/2012 o novssimo Cdigo Florestal - finalidades e objetivos

Art. 1o-A. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteo da vegetao, reas de Preservao Permanente e as reas de Reserva Legal; a explorao florestal, o suprimento de matria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e preveno dos incndios florestais, e prev instrumentos econmicos e financeiros para o alcance de seus objetivos.

Princpios do Cdigo FlorestalArt. 1. A. Pargrafo nico. Tendo como objetivo o desenvolvimento sustentvel, esta Lei atender aos seguintes princpios:I - afirmao do compromisso soberano do Brasil com a preservao das suas florestas e demais formas de vegetao nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hdricos e da integridade do sistema climtico, para o bem estar das geraes presentes e futuras;II - reafirmao da importncia da funo estratgica da atividade agropecuria e do papel das florestas e demais formas de vegetao nativa na sustentabilidade, no crescimento econmico, na melhoria da qualidade de vida da populao brasileira e na presena do Pas nos mercados nacional e internacional de alimentos e bioenergia;III - ao governamental de proteo e uso sustentvel de florestas, consagrando o compromisso do Pas com a compatibilizao e harmonizao entre o uso produtivo da terra e a preservao da gua, do solo e da vegetao;

Princpios do Cdigo FlorestalIV - responsabilidade comum da Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, em colaborao com a sociedade civil, na criao de polticas para a preservao e restaurao da vegetao nativa e de suas funes ecolgicas e sociais nas reas urbanas e rurais;V - fomento pesquisa cientfica e tecnolgica na busca da inovao para o uso sustentvel do solo e da gua, a recuperao e a preservao das florestas e demais formas de vegetao nativa;VI - criao e mobilizao de incentivos econmicos para fomentar a preservao e a recuperao da vegetao nativa e para promover o desenvolvimento de atividades produtivas sustentveis.

Florestas, interesse comum, uso e funo da propriedadeArt. 2o As florestas existentes no territrio nacional e as demais formas de vegetao nativa, reconhecidas de utilidade s terras que revestem, so bens de interesse comum a todos os habitantes do Pas, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitaes que a legislao em geral e especialmente esta Lei estabelecem.

1o Na utilizao e explorao da vegetao, as aes ou omisses contrrias s disposies desta Lei so consideradas uso irregular da propriedade, aplicando-se o procedimento sumrio previsto noinciso II do art. 275 da Lei no5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Cdigo de Processo Civil, sem prejuzo da responsabilidade civil, nos termos do 1odo art. 14 da Lei no6.938, de 31 de agosto de 1981, e das sanes administrativas, civis e penais.

2o As obrigaes previstas nesta Lei tm natureza real e so transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferncia de domnio ou posse do imvel rural.

Bem de interesse comum = interesse difusoA expresso bens de interesse comum a todos os habitantes do Pas, constantes dos dois C. Florestais Brasileiros e, agora tambm da Lei 12.651/12, nos remete imediatamente ao do caput do art. 225 da CF/88, que afirma ser o m.a. ecologicamente equilibrado um bem de uso comum do povo...O significado jurdico que se extrai dessa expresso que a flora... constitui um interesse difuso, direito transidividual, de natureza indivisvel, cuja tutela pode ser invocada por todos os seus titulares, pessoas indeterminadas e ligadas por circunstncias de fato (Guilherme Purvin).

Conceitos: art. 3.Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:I - Amaznia Legal: os Estados do Acre, Par, Amazonas, Roraima, Rondnia, Amap e Mato Grosso e as regies situadas ao norte do paralelo 13 S, dos Estados de Tocantins e Gois, e ao oeste do meridiano de 44 W, do Estado do Maranho;

Conceitos: art. 3.II - rea de Preservao Permanente - APP: rea protegida, coberta ou no por vegetao nativa, com a funo ambiental de preservar os recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade geolgica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gnico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populaes humanas;

III - Reserva Legal: rea localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a funo de assegurar o uso econmico de modo sustentvel dos recursos naturais do imvel rural, auxiliar a conservao e a reabilitao dos processos ecolgicos e promover a conservao da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteo de fauna silvestre e da flora nativa;

IV - rea rural consolidada: rea de imvel rural com ocupao antrpica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificaes, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste ltimo caso, a adoo do regime de pousio;

Conceitos: art. 3 V - pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos de reforma agrria, e que atenda ao disposto noart. 3oda Lei no11.326, de 24 de julho de 2006;

VI - uso alternativo do solo: substituio de vegetao nativa e formaes sucessoras por outras coberturas do solo, como atividades agropecurias, industriais, de gerao e transmisso de energia, de minerao e de transporte, assentamentos urbanos ou outras formas de ocupao humana;

VII - manejo sustentvel: administrao da vegetao natural para a obteno de benefcios econmicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentao do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilizao de mltiplas espcies madeireiras ou no, de mltiplos produtos e subprodutos da flora, bem como a utilizao de outros bens e servios;

Conceitos: art. 3 VIII - utilidade pblica:

a) as atividades de segurana nacional e proteo sanitria;b) as obras de infraestrutura destinadas s concesses e aos servios pblicos de transporte, sistema virio, inclusive aquele necessrio aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municpios, saneamento, gesto de resduos, energia, telecomunicaes, radiodifuso, instalaes necessrias realizao de competies esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como minerao, exceto, neste ltimo caso, a extrao de areia, argila, saibro e cascalho;c) atividades e obras de defesa civil;d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteo das funes ambientais referidas no inciso II deste artigo;e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo prprio, quando inexistir alternativa tcnica e locacional ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal;

Conceitos: art. 3. IX - interesse social:

a) as atividades imprescindveis proteo da integridade da vegetao nativa, tais como preveno, combate e controle do fogo, controle da eroso, erradicao de invasoras e proteo de plantios com espcies nativas;b) a explorao agroflorestal sustentvel praticada na pequena propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que no descaracterize a cobertura vegetal existente e no prejudique a funo ambiental da rea;c) a implantao de infraestrutura pblica destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em reas urbanas e rurais consolidadas, observadas as condies estabelecidas nesta Lei;d) a regularizao fundiria de assentamentos humanos ocupados predominantemente por populao de baixa renda em reas urbanas consolidadas, observadas as condies estabelecidas naLei no11.977, de 7 de julho de 2009;e) implantao de instalaes necessrias captao e conduo de gua e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hdricos so partes integrantes e essenciais da atividade;f) as atividades de pesquisa e extrao de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade competente;g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo prprio, quando inexistir alternativa tcnica e locacional atividade proposta, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal;

Conceitos: art. 3. X - atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental:

a) abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhes, quando necessrias travessia de um curso dgua, ao acesso de pessoas e animais para a obteno de gua ou retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentvel;b) implantao de instalaes necessrias captao e conduo de gua e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da gua, quando couber;c) implantao de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo;d) construo de rampa de lanamento de barcos e pequeno ancoradouro;e) construo de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades quilombolas e outras populaes extrativistas e tradicionais em reas rurais, onde o abastecimento de gua se d pelo esforo prprio dos moradores;

Conceitos: art. 3. X - atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental:

f) construo e manuteno de cercas na propriedade;g) pesquisa cientfica relativa a recursos ambientais, respeitados outros requisitos previstos na legislao aplicvel;h) coleta de produtos no madeireiros para fins de subsistncia e produo de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a legislao especfica de acesso a recursos genticos;i) plantio de espcies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais, desde que no implique supresso da vegetao existente nem prejudique a funo ambiental da rea;j) explorao agroflorestal e manejo florestal sustentvel, comunitrio e familiar, incluindo a extrao de produtos florestais no madeireiros, desde que no descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem prejudiquem a funo ambiental da rea;k) outras aes ou atividades similares, reconhecidas como eventuais e de baixo impacto ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA ou dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente;

Conceitos: art. 3. XII - vereda: fitofisionomia de savana, encontrada em solos hidromrficos, usualmente com a palmeira arbreaMauritiaflexuosa- buriti emergente, sem formar dossel, em meio a agrupamentos de espcies arbustivo-herbceas;XIII - manguezal: ecossistema litorneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos ao das mars, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, s quais se associa, predominantemente, a vegetao natural conhecida como mangue, com influncia fluviomarinha, tpica de solos limosos de regies estuarinas e com disperso descontnua ao longo da costa brasileira, entre os Estados do Amap e de Santa Catarina;XIV - salgado ou marismas tropicais hipersalinos: reas situadas em regies com frequncias de inundaes intermedirias entre mars de sizgias e de quadratura, com solos cuja salinidade varia entre 100 (cem) e 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), onde pode ocorrer a presena de vegetao herbcea especfica;XV - apicum: reas de solos hipersalinos situadas nas regies entremars superiores, inundadas apenas pelas mars de sizgias, que apresentam salinidade superior a 150 (cento e cinquenta) partes por 1.000 (mil), desprovidas de vegetao vascular;

Conceitos: art. 3. XVI - restinga: depsito arenoso paralelo linha da costa, de forma geralmente alongada, produzido por processos de sedimentao, onde se encontram diferentes comunidades que recebem influncia marinha, com cobertura vegetal em mosaico, encontrada em praias, cordes arenosos, dunas e depresses, apresentando, de acordo com o estgio sucessional, estrato herbceo, arbustivo e arbreo, este ltimo mais interiorizado;XVII - nascente: afloramento natural do lenol fretico que apresenta perenidade e d incio a um curso dgua;XVIII - olho dgua: afloramento natural do lenol fretico, mesmo que intermitente;XX - rea verde urbana: espaos, pblicos ou privados, com predomnio de vegetao, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Municpio, indisponveis para construo de moradias, destinados aos propsitos de recreao, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteo dos recursos hdricos, manuteno ou melhoria paisagstica, proteo de bens e manifestaes culturais;

Conceitos: art. 3. XXI - vrzea de inundao ou plancie de inundao: reas marginais a cursos dgua sujeitas a enchentes e inundaes peridicas;XXII - faixa de passagem de inundao: rea de vrzea ou plancie de inundao adjacente a cursos dgua que permite o escoamento da enchente;XXIII - relevo ondulado: expresso geomorfolgica usada para designar rea caracterizada por movimentaes do terreno que geram depresses, cuja intensidade permite sua classificao como relevo suave ondulado, ondulado, fortemente ondulado e montanhoso.XXIV - pousio: prtica de interrupo temporria de atividades ou usos agrcolas, pecurios ou silviculturais, por no mximo 5 (cinco) anos, para possibilitar a recuperao da capacidade de uso ou da estrutura fsica do solo;XXV - reas midas: pantanais e superfcies terrestres cobertas de forma peridica por guas, cobertas originalmente por florestas ou outras formas de vegetao adaptadas inundao;XXVI - rea urbana consolidada: aquela de que trata oinciso II docaputdo art. 47 da Lei no11.977, de 7 de julho de 2009; eXXVII - crdito de carbono: ttulo de direito sobre bem intangvel e incorpreo transacionvel.

Pargrafo nico. Para os fins desta Lei, estende-se o tratamento dispensado aos imveis a que se refere o inciso V deste artigo s propriedades e posses rurais com at 4 (quatro) mdulos fiscais que desenvolvam atividades agrossilvipastoris, bem como s terras indgenas demarcadas e s demais reas tituladas de povos e comunidades tradicionais que faam uso coletivo do seu territrio.

As reas de preservao permanente (APPs)Para Paulo Affonso Leme Machado, so 5 as caractersticas das APPs:1. uma rea, no mais uma floresta, como no cdigo anterior e pode estar ou no coberta por vegetao (nativa ou extica);2. No uma rea qualquer, mas, uma rea protegida;3. A rea protetida de forma permanente, no descontnua;4. A APP protegida om funes ambientais especficas;5. A supresso indevida de uma APP obriga o proprietrio ou posseiro a recompor a vegetao.

As reas de preservao permanente - APPsPAULO AFFONSO L. MACHADO:APP um espao territorial em que a floresta ou a vegetao devem estar presentes. Se a floresta a no estiver, ela deve a ser plantada.A legislao federal se caracteriza como uma norma geral, devendo ser respeitada pelos estados e municpios, que somente podero aumentar as exigncias federais, e no diminu-las.Dois tipos de APP: por situao (art. 4.) e por finalidade (art. 6.).Edis Milar se utiliza dos conceitos APPs institudas por lei (art. 4.) e APPs institudas por ato do poder pblico (art. 6.).

APPs por situaoArt. 4o Considera-se rea de Preservao Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:I - as faixas marginais de qualquer curso dgua natural perene e intermitente, excludos os efmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mnima de:a) 30 (trinta) metros, para os cursos dgua de menos de 10 (dez) metros de largura;b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos dgua que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;c) 100 (cem) metros, para os cursos dgua que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;d) 200 (duzentos) metros, para os cursos dgua que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos dgua que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros;

APPs por situaoArt. 4o Considera-se rea de Preservao Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:

II - as reas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mnima de:a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo dgua com at 20 (vinte) hectares de superfcie, cuja faixa marginal ser de 50 (cinquenta) metros;b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;III - as reas no entorno dos reservatrios dgua artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos dgua naturais, na faixa definida na licena ambiental do empreendimento;IV - as reas no entorno das nascentes e dos olhos dgua perenes, qualquer que seja sua situao topogrfica, no raio mnimo de 50 (cinquenta) metros;V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive;VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;VII - os manguezais, em toda a sua extenso;

APPs por situaoArt. 4o Considera-se rea de Preservao Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:

VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, at a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projees horizontais;IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mnima de 100 (cem) metros e inclinao mdia maior que 25, as reas delimitadas a partir da curva de nvel correspondente a 2/3 (dois teros) da altura mnima da elevao sempre em relao base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por plancie ou espelho dgua adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais prximo da elevao;X - as reas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetao;XI - em veredas, a faixa marginal, em projeo horizontal, com largura mnima de 50 (cinquenta) metros, a partir do espao permanentemente brejoso e encharcado.

APPs por finalidade (destinao)Art. 6o Consideram-se, ainda, de preservao permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as reas cobertas com florestas ou outras formas de vegetao destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:

I - conter a eroso do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;II - proteger as restingas ou veredas;III - proteger vrzeas;IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaados de extino;V - proteger stios de excepcional beleza ou de valor cientfico, cultural ou histrico;VI - formar faixas de proteo ao longo de rodovias e ferrovias;VII - assegurar condies de bem-estar pblico;VIII - auxiliar a defesa do territrio nacional, a critrio das autoridades militares.IX -proteger reas midas, especialmente as de importncia internacional.

APPs do art. 6. e desapropriaoPAULO AFFONSO LEME MACHADO:As reas que contm os bens a serem protegidos podem ser de domnio pblico ou privado. Sendo reas privadas, a declarao de interesse social possibilitar a efetivao da desapropriao, tendo o expropriante o prazo de dois anos para concretiz-la.O Poder Pblico, se quiser efetivamente instituir a APP do art. 6. dever desapropriar a rea, o que no ocorre nos casos da APP do art. 4. (por situao).

Regime de proteo das APPsArt. 7o A vegetao situada em rea de Preservao Permanente dever ser mantida pelo proprietrio da rea, possuidor ou ocupante a qualquer ttulo, pessoa fsica ou jurdica, de direito pblico ou privado. 1o Tendo ocorrido supresso de vegetao situada em rea de Preservao Permanente, o proprietrio da rea, possuidor ou ocupante a qualquer ttulo obrigado a promover a recomposio da vegetao, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei. 2o A obrigao prevista no 1otem natureza real e transmitida ao sucessor no caso de transferncia de domnio ou posse do imvel rural. 3o No caso de supresso no autorizada de vegetao realizada aps 22 de julho de 2008, vedada a concesso de novas autorizaes de supresso de vegetao enquanto no cumpridas as obrigaes previstas no 1o.

Supresso de vegetao em APPsArt. 8o A interveno ou a supresso de vegetao nativa em rea de Preservao Permanente somente ocorrer nas hipteses de utilidade pblica, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei.

1o A supresso de vegetao nativa protetora de nascentes, dunas e restingas somente poder ser autorizada em caso de utilidade pblica. 2o A interveno ou a supresso de vegetao nativa em rea de Preservao Permanente de que tratam os incisos VI e VII docaputdo art. 4opoder ser autorizada, excepcionalmente, em locais onde a funo ecolgica do manguezal esteja comprometida, para execuo de obras habitacionais e de urbanizao, inseridas em projetos de regularizao fundiria de interesse social, em reas urbanas consolidadas ocupadas por populao de baixa renda. 3o dispensada a autorizao do rgo ambiental competente para a execuo, em carter de urgncia, de atividades de segurana nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas preveno e mitigao de acidentes em reas urbanas. 4o No haver, em qualquer hiptese, direito regularizao de futuras intervenes ou supresses de vegetao nativa, alm das previstas nesta Lei.

Reserva Legal (Florestal)PAULO AFFONSO LEME MACHADO:Cada proprietrio no conserva uma parte da propriedade com florestas somente no interesse da sociedade ou de seus vizinhos, mas primeiramente no seu prprio interesse.A Reserva legal florestal deve ser adequada trplice funo da propriedade: econmica, social e ambiental.Usa-se menos a propriedade para usar-se sempre.A reserva legal incide somente sobre o domnio privado em reas rurais, enquanto as APPs incidem sobre o domnio privado e domnio pblico, seja no espao urbano, seja no meio rural.

Natureza jurdica da Reserva Legal FlorestalEDIS MILAR

Verifica-se que a determinao de reservar certo percentual de uma propriedade para fins de conservao e proteo da cobertura vegetal caracteriza-se como uma obrigao geral, gratuita, unilateral e de ordem pblica, a indicar seu enquadramento no conceito de limitao administrativa.De fato, os arts 12 e 17 da Lei 12.651/2012, enquanto normas de ordem pblica de carter geral, impem obrigao de fazer e incidem sobre toda e qualquer propriedade rural, configurando-se como materializao do conceito de funo socioambiental da propriedade.

Reserva Legal (Florestal)Art. 12. Todo imvel rural deve manter rea com cobertura de vegetao nativa, a ttulo de Reserva Legal, sem prejuzo da aplicao das normas sobre as reas de Preservao Permanente, observados os seguintes percentuais mnimos em relao rea do imvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei:I - localizado na Amaznia Legal:a) 80% (oitenta por cento), no imvel situado em rea de florestas;b) 35% (trinta e cinco por cento), no imvel situado em rea de cerrado;c) 20% (vinte por cento), no imvel situado em rea de campos gerais;II - localizado nas demais regies do Pas: 20% (vinte por cento).

Reserva Legal (Florestal)Art. 17. A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetao nativa pelo proprietrio do imvel rural, possuidor ou ocupante a qualquer ttulo, pessoa fsica ou jurdica, de direito pblico ou privado. 1o Admite-se a explorao econmica da Reserva Legal mediante manejo sustentvel, previamente aprovado pelo rgo competente do Sisnama, de acordo com as modalidades previstas no art. 20. 2o Para fins de manejo de Reserva Legal na pequena propriedade ou posse rural familiar, os rgos integrantes do Sisnama devero estabelecer procedimentos simplificados de elaborao, anlise e aprovao de tais planos de manejo. 3o obrigatria a suspenso imediata das atividades em rea de Reserva Legal desmatada irregularmente aps 22 de julho de 2008. 4o Sem prejuzo das sanes administrativas, cveis e penais cabveis, dever ser iniciado, nas reas de que trata o 3odeste artigo, o processo de recomposio da Reserva Legal em at 2 (dois) anos contados a partir da data da publicao desta Lei, devendo tal processo ser concludo nos prazos estabelecidos pelo Programa de Regularizao Ambiental - PRA, de que trata o art. 59.

Reserva Legal - desdobramentosRestringe a explorao econmica da propriedade;Tem sua utilizao limitada ao regime de manejo florestal sustentvel;Tem sua localizao ditada pelo rgo ambiental estadual: o 1., art 14: o rgo estadual integrante do SISNAMA ou instituio por ele habilitada dever aprovar a localizao da RL aps a incluso do imvel no CAR (...);Possibilita, no clculo do seu percentual, o cmputo das reas relativas a vegetao existente em APP;Sua manuteno encerra nus tanto do proprietrio como do possuidor.(Edis Milar)

Proteo das reas verdes urbanasArt. 25. O poder pblico municipal contar, para o estabelecimento de reas verdes urbanas, com os seguintes instrumentos:I - o exerccio do direito de preempo para aquisio de remanescentes florestais relevantes, conforme dispe aLei no10.257, de 10 de julho de 2001 (Estatuto da Cidade);II - a transformao das Reservas Legais em reas verdes nas expanses urbanasIII - o estabelecimento de exigncia de reas verdes nos loteamentos, empreendimentos comerciais e na implantao de infraestrutura; eIV - aplicao em reas verdes de recursos oriundos da compensao ambiental.

(In)constitucionalidade do novo Cdigo Florestal 3 ADIs da PGRBRASLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF) vai ter de decidir se o novo Cdigo Florestal est ou no est de acordo com a Constituio brasileira. A procuradora-geral da Repblica interina, Sandra Cureau, encaminhou nesta segunda-feira, 21, trs aes ao STF questionando artigos da lei que foi aprovada no ano passado.Na opinio de Sandra Cureau, entre os dispositivos inconstitucionais do cdigo esto trechos que reduziram e extinguiram reas que anteriormente eram protegidas. "A criao de espaos territoriais especialmente protegidos decorre do dever de preservar e restaurar os processos ecolgicos essenciais, de forma que essa deve ser uma das finalidades da instituio desses espaos", disse.

Inconstitucionalidade do C.Fl.Nas aes, a procuradora tambm questiona a anistia concedida a quem degradou reas preservadas. Para ela, o cdigo acaba com o dever de pagar multas e impede sanes penais. "Se a prpria Constituio estatui de forma explcita a responsabilizao penal e administrativa, alm da obrigao de reparar danos, no se pode admitir que o legislador infraconstitucional exclua tal princpio, sob pena de grave ofensa Lei Maior", sustentou.

Sandra Cureau pediu que o STF conceda liminares para suspender trechos do novo Cdigo Florestal. Diante da relevncia do tema, a procuradora tambm requereu que o tribunal adote um rito abreviado na tramitao do processo. Se esse rito for aprovado, o julgamento definitivo dos processos poder ocorrer mais brevemente.

A votao pelo STF das aes sobre o Cdigo Florestal dever provocar bastante polmica. Quando tramitou no Congresso, o projeto dividiu diversos setores da sociedade, como ambientalistas, ruralistas e acadmicos. Como o STF pode declarar a inconstitucionalidade de trechos da lei, as discusses devero voltar praticamente estaca zero.http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=228842

A Lei das guas (trailer): https://youtu.be/v4XBPC87FJg

Estamos diante da ltima chance para anular os retrocessos do Cdigo Florestal:http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/amazonia/noticia/2015/08/estamos-diante-da-ultima-chance-para-anular-os-retrocessos-do-codigo-florestal.htmlJustia declara, incidentalmente, inconstitucionalidade de artigo do novo Cdigo Florestal:http://www.ecodebate.com.br/2014/02/18/justica-declara-inconstitucionalidade-de-artigo-do-novo-codigo-florestal/Sobre as ADIs contra dispositivos do novo C.Florestal:http://ibda.org.br/saiba-mais-sobre-as-adis-contra-dispositivos-do-novo-codigo-florestal/