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Escrita das Américas: a literatura como fonte Ensino de História e Linguagens: da graduação à educação básica, práticas de leitura documental Coordenadora: Adriane Vidal Costa Bárbara Munaier Isadora Vivacqua José Antônio

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Escrita das Américas: a literatura como fonte

Ensino de História e Linguagens: da graduação à educação básica, práticas de leitura documental

Coordenadora: Adriane Vidal Costa

Bárbara MunaierIsadora Vivacqua

José Antônio

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História e LiteraturaRepresentações latino-americanas nas obras de Júlio Cortázar, Pablo Neruda, Gabriel García Márquez e

Isabel Allende

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Literatura como fonte

•Qualquer tipo de documento é uma representação do real;

•Segundo Chartier, a distinção entre história e ficção é vacilante. A primeira pretende realizar uma representação adequada do real que foi e não é mais, e a segunda, em todas as suas formas, “é um discurso que ‘informa’ do real, mas não pretende abonar-se nele”;

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•O literato insere-se na realidade sociocultural do tempo em que vive, do qual faz parte, com ela dialogando ao produzir sua representação;

“Isolar da ficção, fragmentos da realidade”

“A ficção não seria [...] o avesso do real, mas uma outra forma de captá-la, onde os limites da criação e fantasia são mais amplos do que aqueles permitidos

ao historiador [...] (PESAVENTO, 1995)”

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“A proposta é historicizar a obra literária – seja ela conto, crônica, poesia ou romance -, inseri-la no movimento da sociedade, investigar as suas redes de interlocução social, destrinchar não a sua suposta autonomia em relação à sociedade, mas sim a forma como constrói ou representa a sua relação com a realidade social – algo que faz mesmo ao negar fazê-lo.”

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• A produção historiográfica não pode prescindir da imaginação, da subjetividade, assim como a produção da narrativa ficcional esta embutida de doses de realidade.

• Não devemos, em hipótese alguma, imaginar que os fatos estão soltos por aí e que basta catalogá-los para que a verdade se faça, límpida e indiscutível, diante de nós.

• Devemos buscar as diferentes representações que se podem encontrar sobre o real, já que a sua descrição costuma envolver uma conseqüente e imediata interpretação.

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O intelectual latino-americano

“Durante três décadas, 1960 a 1990, revolução e socialismo foram componentes centrais do debate político-intelectual latino-americano. Os principais eventos que propiciaram e balizaram esse debate decorreram da Revolução Cubana e da Revolução Sandinista na Nicarágua” (VIDAL, Adriane).

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“Consideramos que o debate sobre revolução e socialismo, propiciado sobretudo pelo clima político gerado pela Revolução Cubana — que atravessou a década de sessenta chegando até a experiência revolucionária sandinista — possibilitou a formação de um espaço comum revistas, jornais, conselhos editoriais, editoras, reuniões, encontros, conferências, correspondências de intervenção intelectual para os escritores latinoamericanos” (VIDAL, Adriane).

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Pablo Neruda (1904 – 1973)

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Vida e Obra

• Pablo Neruda nasceu em Parral, em de 1904, como Neftalí Ricardo Reyes Basoalto. Era filho de um operário ferroviário e uma professora primária, morta quando Neruda tinha apenas um mês de vida.

• Ainda adolescente adotou o pseudônimo de Pablo Neruda, pois tinha uma relação conflituosa com o pai que não aceitava sua condição de poeta.

• Com vinte anos, publica “Vinte poemas de amor e uma canção desesperada”.

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•Em 1927, começa sua longa carreia diplomática. Isso possibilitou ao poeta vasta experiência cultural.

•Em 1936, eclode a Guerra Civil espanhola; Neruda é destituído do cargo consular e escreve Espanha no coração.

•Pablo Neruda esteve presente no palco dos acontecimentos da Guerra Civil Espanhola, o que mudou o rumo de sua poesia, despertando no poeta o compromisso político-social.

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•Com o fim da Guerra Civil Espanhola e a derrota das forças republicanas, em 1939, ocorreu um acelerado êxodo de cidadãos espanhóis em busca de exílio. Neruda estava em Paris, mandado pelo presidente chileno Pedro Aguirre Cerdae tinha a missão de reunir um grande número desses espanhóis e mandá-los para o Chile.

•Para a realização desse trabalho, Neruda contou com a ajuda do governo republicano no exílio, que lhe conseguiu um barco, o Winnipeg. O poeta embarcou mais de dois mil espanhóis refugiados, que a bordo do Winnipeg chegaram a Valparaíso em fins de 1939.

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• Em 1945 é eleito senador. No mesmo ano, lê para mais de 100 mil pessoas no Estádio do Pacaembu em homenagem ao líder comunista Luís Carlos Prestes.

• Em 1950 publica Canto General, uma de suas obras mais importantes.

• Em outubro de 1971 recebeu o Nobel de Literatura. Após o prêmio, Neruda é convidado por Salvador Allende para ler para mais de 70 mil pessoas no Estádio Nacional de Chile.

• De acordo com Isabel Allende, em seu livro Paula, Neruda teria morrido de "tristeza" em setembro de 1973, ao ver dissolvido o governo de Allende.

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•Morre em 1973, poucos dias depois do Golpe de Estado. Sua morte ainda hoje é uma questão polêmica.

•Durante as eleições presidenciais do Chile nos anos 70, Neruda abriu mão de sua candidatura para que Salvador Allende vencesse, pois ambos eram marxistas.

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“Companheiro Pablo Neruda... PRESENTE”

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Júlio Cortázar (1914 – 1984)

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Vida e Obra• Filho de argentinos, nasceu na embaixada da

Argentina em Ixelles, distrito de Bruxelas, na Bélgica, e voltou a sua terra natal aos quatro anos de idade.

• Em 1935, forma-se professor em Letras, na Argentina. Lecionou em algumas faculdades no interior do país.

• Em 1951, aos 37 anos, Cortázar, por não concordar com a ditadura na Argentina, partiu para Paris, pois havia recebido uma bolsa do governo francês para ali estudar por dez meses, e acabou se instalando definitivamente.

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•Em 1963 visitou Cuba enviado pela Casa de las Américas, para ser jurado em um concurso. Foi a época de intensificação do seu fascínio pela política.

•Nesse mesmo ano lançou Rayuela, uma de suas principais obras.

•A partir daí, engajou-se politicamente contra os regimes autoritários latino-americanos.

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•Em novembro de 1970 viaja ao Chile, onde se solidarizou com o governo de Salvador Allende.

•Em 1971, foi "excomungado" por Fidel Castro, assim como outros escritores, por pedir informações sobre o desparecimento do poeta Heberto Padilla.

•Apesar de sua desilusão com a atitude de Castro, continuou acompanhando a situação política da América Latina.

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• Em 1973, recebeu o Prêmio Médicis por seu Libro de Manuel e destinou seus direitos à ajuda dos presos políticos na Argentina.

•Em 1974, foi membro do Tribunal Bertrand Russell II, reunido em Roma para examinar a situação política na América Latina, em particular as violações dos Direitos Humanos.

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•Em 1976, viajou para Costa Rica, onde se encontrou com Sergio Ramírez e Ernesto Cardenal, e fez uma viagem clandestina até Solentiname, na Nicarágua.

•Esta viagem o marcaria para sempre e seria o começo de uma série de visitas a este país.

•Em 1983, volta a democracia na Argentina, e Cortázar fez uma última viagem à sua pátria, onde foi recebido calorosamente por seus admiradores.

•Morre de leucemia, em 1984.

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Júlio Cortázar em Cuba

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Principais Obras• Todos los fuegos el fuego, 1966;

• La vuelta al día en ochenta mundos, 1967 (cuentos);

• Libro de Manuel, 1973 (novela);

• Octaedro, 1974 (cuentos);

• Nicaragua tan violentamente dulce, 1983;

• Bestiario, 1951 (cuentos);

• Final del juego, 1956 (cuentos);

• Las armas secretas, 1959 (cuentos);

• Los premios, 1960 (novela);

• Rayuela, 1963 (novela);

• La autopista del Sur, 1964;

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Gabriel García Márquez (1927)

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Vida e Obra

•Gabriel José García Márquez nasceu em 6 de março de 1927, em Aracataca (Colômbia), e após seus pais irem para Barranquilla, em 1929, foi criado por seus avós maternos, que posteriormente viriam a influenciar suas narrativas, a partir das histórias que contavam.

•O avô, coronel Nicolas Márquez, veterano da guerra civil colombiana (que se estendeu de 1899-1902), narrava-lhe suas aventuras militares, e a avó, Tranquilina Iguarán, relatava fábulas e lendas que transmitiam sua visão mágica e supersticiosa da realidade.

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• García Márquez, também conhecido como Gabo, completou os primeiros estudos em Barranquilla e Zipaquirá, onde teve um professor de literatura, Carlos Julia Calderón Hermida, que desempenhou papel marcante em sua decisão de se tornar escritor e a quem dedicaria seu romance "O Enterro do Diabo" (1955).

• Por insistência dos pais, Márquez chegou a iniciar o curso de direito na Universidade Nacional, em Bogotá, mas logo enveredou para o jornalismo, assumindo uma coluna diária no recém-fundado jornal "El Universal". Contudo, não chegou a concluir a graduação.

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•Nessa época, final da década de 1940, publicou seus primeiros contos, "La Tercera Resignación" e "Eva Está Dentro de su Gato". Consagrou-se na carreira jornalística ao ingressar na redação de "El Espectador", onde se tornou o primeiro crítico de cinema do jornalismo colombiano e depois um brilhante cronista e repórter, que exerceu influência na vida cultural do país.

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•No final dos anos 50, de volta às Américas, trabalhou em Caracas (Venezuela), em Cuba, onde passou seis meses, e em Nova York, dirigindo a agência de notícias cubana Prensa Latina. Em 1960, García Márquez mudou-se para a Cidade do México e começou a escrever roteiros para cinema. No ano seguinte, publicou "Ninguém Escreve ao Coronel" e, em 1962, "O Veneno da Madrugada", que ganhou o Prêmio Esso de Romance, na Colômbia.

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Cem Anos de Solidão

• Em 1966, segundo depoimento do escritor mexicano Carlos Fuentes, quando voltava do balneário de Acapulco para a Cidade do México, García Márquez teve o momento de inspiração para escrever o romance que ruminava há mais de uma década. Largou o emprego, deixando o sustento da casa e dos dois filhos a cargo da mulher, Mercedes Barcha. Isolou-se pelos próximos 18 meses, trabalhando diariamente por mais de oito horas. No ano seguinte, publicou aquela que seria sua obra mais conhecida e um dos fatores que colocaram em evidencia a literatura latino-americana, “Cem anos de solidão” em 1967.

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• Com esta narrativa, mesclada de realismo e anedotas fantásticas associadas aos seus personagens, o autor teceu uma representação de uma cidade cuja história tanto lembra sua cidade natal quanto seu próprio país e até mesmo a América Latina, outrora isolados das grandes novidades científicas e políticas, posteriormente submetidos à dependência de estranhos (o governo federal e suas forças militares, a força econômica estrangeira), representando portanto, a formação de um estado moderno no âmbito das próprias nações latino-americanas.

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Prêmio Nobel• Em 1982, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, pelo

conjunto de sua obra. Foi o primeiro colombiano e o quarto latino-americano a receber o prêmio. Diante da Academia Sueca e de quatrocentos convidados, pronunciou o discurso "A Solidão da América Latina", refletindo sobre aspectos políticos e sociais que permeiam a história da América Latina e retratam sua complexidade, e assim, ajudam a identificar traços de sua identidade e da própria ideia de América Latina.

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Atividade Política• García Márquez teve seu engajamento político evidenciado

principalmente nas décadas de 1960 e 1970, e participou intensamente dos debates políticos e sociais acerca de revolução e socialismo na América Latina. Esse engajamento foi fomentado, assim como em outros escritores e intelectuais, a partir da Revolução Cubana. Sua obra literária foi permeada por suas crenças políticas e ideológicas, e serviu como expoente de seu posicionamento em relação aos debates políticos e as questões sociais da América Latina.

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• Apoiou a Revolução Cubana e tornou-se amigo pessoal de Fidel Castro. A revolução configurava a oportunidade de uma experiência socialista na América, em um contexto de desencantamento por parte dos intelectuais com a URSS, e por isso foi tão importante no que se refere ao impulso para esse engajamento político dos escritores.

• Devido as suas tendências e posturas esquerdistas, García Márquez foi para o exílio, em países como México e Espanha, por causa de enfrentamentos e atritos com o governo de seu país em diversos momentos.

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Isabel Allende (1942)

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• Isabel Allende nasceu em 2 de Agosto de 1942, em Lima, Peru. É filha do diplomata Tomás Allende (primo-irmão de Salvador Allende) e de Francisca Llona, conhecida como Doña Panchita.

•Em 1945, Francisa decide anular seu matrimônio com Tomás e regressa ao Chile com seus filhos, para viverem na casa de seu pai, em Santiago. Isabel Allende cresce, então, aos cuidados de sua mãe e de seu avô.

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•Em 1953, Panchita casa-se novamente com o diplomata Ramón Huidoro, amigo íntimo de Salvador Allende, o que estreita a relação entre Allende e sua sobrinha. Por conta da profissão de Ramón, Panchita decide mudar novamente com seus filhos, vivem um tempo na Bolívia e depois em Beirute (Líbano).

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•Em 1958, Isabel retorna ao Chile, onde termina seus estudos secundário. Posteriormente, conhece seu futuro esposo – Miguel Frías, estudante de engenharia. Casam-se em 1962 e um ano depois tem a sua primeira filha, Paula. Em 1966 nasce o segundo filho do casal, Nicolás.

•Em 1967, Isabel Allende é convidada a escrever na revista Paula, a primeira revista feminina a ser publicada no Chile.

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“Era una periodista muy poco objetiva. Tengo opiniones fuertes y me resulta muy difícil disimularlas. Cuando entrevistaba a alguien, ponía en su boca las cosas que me interesaba que dijera. Cuando no tenía una noticia importante, o cuando el entrevistado era poco hablador, le echaba imaginación. Siempre usaba el humor como instrumento periodístico, y cuando hay humor hay más flexibilidad, las personas son más tolerantes. Iba a las entrevistas con una idea concreta sobre lo que quería que me dijera el personaje. El periodismo objetivo es la mentira más grande”.

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“Eu te dar uma entrevista? Você é a pior jornalista deste país! Pedi para que viesse aqui para lhe dizer que você inventa coisas demais nas suas matérias. Sempre termina falando de si mesma. Tudo isso são virtudes na literatura. Porque não escreve um romance?”.

Pablo Neruda sobre Isabel Allende

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O Golpe militar e a vida na Venezuela

• No dia 11 de Setembro de 1973, o general Augusto Pinochet põe fim à democracia do Chile, e o tio de Isabel, Salvador Allende, se suicida. Pinochet instala uma ditadura cruel, que vitimou mais de 40.000 pessoas.

• O sobrenome famoso passa a tornar-se um problema para Isabel: “En aquella época mi nombre era muy llamativo. Fuera de Chile me di cuenta de que llamarse Allende era como tener un título de nobleza, era más o menos como llamarse Kennedy”.

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• Isabel se exila na Venezuela. Junto com seus pais e seus filhos, permanece em Caracas por treze anos.

• Agravando a situação, a família recebe notícias de que o avô de Isabel estava gravemente doente e ela não podia visitá-lo por conta da ditadura. Exatamente nesse difícil contexto, Isabel começa a escrever uma carta de despedida a seu avô, usando uma maquina de escrever apoiada na mesa da cozinha, contendo todas as histórias da família que ele narrava em sua infância. O avô falece, mas Isabel continua a escrever.. e assim nasce “A Casa dos Espíritos” (1982), inspirada em sua própria família.

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• Ainda em 1978, diversos jornais divulgaram uma notícia que também impressionou Isabel Allende: a descoberta de uma mina abandonada que continha cadáveres de 15 pessoas. Inspirada e impressionada por tal informação, Allende lança, anos mais tarde, “De Amor e de Sombra” (1984). Este livro tem início exatamente onde “A Casa dos Espíritos” termina, durante o gole militar e a queda de Salvador Allende, em 1973.

• Após o sucesso destes dois livros, e o lançamento da sua terceira obra “Eva Luna”, Isabel Allende decida largar tudo para se dedicar somente à literatura.

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• Em 1990, com a restauração do regime democrático no Chile, Isabel regressa ao país para receber o prêmio “Gabriela Mistral”, das mãos do presidente Patricio Aylwin.

• Em dezembro de 1991, Paula, filha de Isabel, é internada no hospital, vítima de um ataque de porfiría. A escritora acompanha o sofrimento da filha que se prolonga durante meses, em um coma irreversível, e escreve a história de sua família para a jovem inconsciente, na esperança de que algum dia ela desperte. Assim surge seu livro “Paula” (1996), considerado como o mais comovente, pessoal e revelador de seus livros.

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•Depois da fase de luto, Isabel busca um tema que fosse o mais distante possível da morte e da dor, e publica “Afrodite”, uma mistura de livro de culinária e de romances.

•O último livro até então escrito por Isabel, chama-se “Amor”, publicado em 2012.

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Influências literárias• Isabel nunca estudou literatura, mas confessa que

sua obra recebe a influência de grandes escritores latino-americanos, como Mario Vargas Llosa, Pablo Neruda e Gabriel García Márquez. Suas obras são consideradas parte do Realismo Mágico.

• Suas temáticas fantásticas, dramáticas, românticas, aventureiras ou passionais se desenvolvem em cenários muito variados, misturando situações reais, históricas, místicas, entre outras. Isabel sempre inclui em suas narrativas, pinceladas autobiográficas, declarando: “Mi vida es lo que escribo”.

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Uma realidade fantástica

Discursos de Pablo Neruda e Gabriel García Marquez ao ganharem o Prêmio Nobel de Literatura.

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Pablo Neruda, 1971

“E penso com não menor fé que tudo está sustentado – o homem e sua sombra, o homem e sua atitude, o homem e sua poesia – numa comunidade cada vez mais extensa, num exercício que integrará para sempre em nós a realidade e os sonhos porque de tal maneira os une e confunde (...) Não sei se vivi aquilo ou se o escrevi, não sei se foram verdade ou poesia, transição ou eternidade, os versos que experimentei naquele momento, as experiências que cantei mais tarde”

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“Ampliando estes deveres do poeta, na verdade ou no erro, até as suas últimas conseqüências, decidi que a minha atitude dentro da sociedade e perante a vida devia ser também humildemente partidária. (...) Compreendi, imerso no cenário das lutas da América, que minha missão humana era a de unir-me à extensa força do povo organizado, unir-me com sangue e alma, com paixão e esperança, porque somente desta torrente impetuosa podem nascer as mudanças necessárias para os escritores e para os povos”

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“Venho de uma obscura província, de um país separado de todos os outros pela sua talhante geografia. Fui o mais abandonado dos poetas e minha poesia foi regional, dolorosa e chuvosa. Mas sempre tive confiança no homem. Jamais perdi a esperança. Por isso talvez tenha chegado até aqui com a minha poesia, e também com a minha bandeira”

“Assim a poesia não terá cantado em vão”

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Gabriel García Márquez, 1982

“Nossa independência da dominação dos espanhóis não nos pôs fora do alcance da loucura. O general Antonio López de Santana, três vezes ditador do México, providenciou um magnífico funeral para a perna direita que ele perdera na chamada Guerra dos Pastéis. O general Gabriel García Moreno governou o Equador por 16 anos como um monarca absoluto; em seu velório, o corpo ficou sentado na cadeira presidencial, vestido com o uniforme completo e decorado com uma camada protetora de medalhas”

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“Não temos tido sequer um minuto de sossego. Um prometéico presidente, entrincheirado em seu palácio em chamas, morreu lutando contra um exército inteiro, sozinho; e dois suspeitos acidentes de avião, ainda por explicar, abreviaram a vida de um grande presidente e a de um militar democrata que tinha ressuscitado a dignidade de seu povo”

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“Ouso dizer que é esta desproporcional realidade, e não apenas sua expressão literária, que mereceu a atenção da Academia Sueca de Letras. Uma realidade não de papel, mas que vive dentro de nós e determina cada instante de nossas incontáveis mortes de todos os dias, e que nutre uma fonte de criatividade insaciável, cheia de tristeza e beleza, da qual este errante e nostálgico colombiano não passa de mais um, escolhido pelo acaso”

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“Poetas e mendigos, músicos e profetas, guerreiros e canalhas, todas as criaturas desta indomável realidade, temos pedido muito pouco da imaginação, porque nosso problema crucial tem sido a falta de meios concretos para tornar nossas vidas mais reais. Este, meus amigos, é o cerne da nossa solidão”

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“Cara a cara com esta realidade horrenda que pode ter parecido uma mera utopia em toda a existência humana, nós, os inventores das fábulas, que acreditamos em qualquer coisa, nos sentimos inclinados a acreditar que ainda não é tarde demais para nos engajarmos na criação da utopia oposta”

Page 62: Aula 1 -  História e Literatura

Reflexões sobre o conceito de América Latina

•Concepções sobre a origem do conceito;

•O “pertencimento” do Brasil na América Latina;

•Por uma identidade latino-americana;

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Calle 13 - Latinoamerica

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Fim