a história na literatura

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Título: Os B arrigas e os M agriçosA utor: Á lvaro CunhalA no: 2000http://combate.blogspot.com/2006/04/os-barrigas-e-os-magrios.html

“ Esta história que vos vou contar passou-se há muitos anos, ainda nenhum de vocês tinha nascido. Foi num país em que havia uns homens conhecidos como os B arrigas e outros conhecidos como os M agriços. Os B arrigas não tinham este nome por serem todos barrigudos, mas por comerem tanto, tanto, tanto que nem se percebia onde cabia tanta coisa. Houve até quem dissesse que para lá caber tanta comida o corpo dos B arrigas lá por dentro devia ser todo estômago.Os M agriços também não se chamavam assim por terem nascido todos magrinhos. M as porque, em certas épocas do ano, os B arrigas não lhes davam trabalho, nada lhes pagavam, e passavam tanta fome. E então sim, ficavam tão magrinhos, só pele e osso, magrinhos como carapaus secos. Os B arrigas tinham muitos campos, muitas terras, tão grandes, tão grandes, que de uma ponta nem com binóculo se via a outra ponta. Os B arrigas tinham também moinhos para moer farinha, lagares para moer azeitona e fabricar azeite. Nesses campos, nesses moinhos, nesses lagares, trabalhavam os magriços. Mas recebiam tão pouco, tão pouco, que não lhes dava para comerem eles, suas mulheres e seus filhos.E, ainda por cima, eram mesmo maltratados, como se fossem bichos. Uma vez, um M agriço pediu ao B arriga seu patrão que lhe pagasse mais pelo seu trabalho. E sabeis vocês o que lhe respondeu o B arriga? O B arriga riu-se e respondeu: "S e não tens pão, come palha." Isto não se diz a ninguém. S ão palavras feias de um homem mau, não vos parece?

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Outra vez, um outro M agriço que trabalhava num lagar procurou o B arriga e disse-lhe «S enhor B arriga, eu fabrico cântaros e cântaros de azeite, mas o senhor fica com todo e eu não tenho azeite para temperar as batatas». E o B arriga deu uma resposta tão feia, tão feia, que não sei se aqui a diga. M as sempre a digo. O B arriga respondeu: «S e não tens azeite para temperar as batatas faz-lhe xixi por cima.» Disse isto com palavras ainda piores, mas foi isto que disse.S ão também palavras feias de um homem mau, não vos parece? Isto eram, porém, palavras feias de homens maus, mas as coisas eram ainda piores. Porque os B arrigas tinham ao seu serviço soldados armados e quando os M agriços protestavam - um, por exemplo, disse ao B arriga: «O senhor é um homem mau» - eles diziam aos soldados para prender os M agriços, meterem-nos presos nuns buracos a que chamavam prisões. Isto e ainda pior.Uma vez, um Magriço não se cansava de protestar. «V ai-te embora daqui». E ele disse: «Não vou sem o senhor nos dar razão». O B arriga deu ordem aos soldados para lhe darem um tiro e ele morreu logo ali. Falando uns com os outros, os Magriços diziam que as coisas não podiam continuar assim. Mas havia os soldados. E se eles se revoltavam , os B arrigas diziam aos soldados para os correrem todos a tiro.Que fazer? S e algum de vocês fosse uma M agriço, o que fazia? Foi um M agriço que se lembrou. Tinha um amigo que era soldado e disse-lhe ass im: «Olha lá amigo, achas bem isto? O que os B arrigas te mandam fazer? » O soldado era bom rapaz e disse: «Eu estou de acordo contigo. M as que posso eu fazer? »Lembrou-se então de falar com os outros soldados e todos pensaram que era preciso ajudar os Magriços a libertar-se de tal s ituação. Foi então que os M agriços se juntaram todos, procuraram o mais barrigudo dos B arrigas e lhes disseram: «Isto não pode continuar ass im. O senhor tem tanta terra que muita está abandonada. Nós vamos trabalhar para lá, cultivá-la, e o que produzirmos é para nós.»

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O B arriga nem queria acreditar. Começou logo a gritar: «Estais malucos ou quê? S e se atrevem a isso, varro-vos todos a tiro!» M as os M agriços não tiveram medo, foram para essas terras abandonadas, começaram a limpá-la de mato para depois cavarem e semearem. Os B arrigas protestaram, chamaram nomes aos M agriços, ameaçaram de os mandar matar. Mas o pessoal não se assustou. O mesmo sucedeu por toda a parte e os M agriços, com o seu trabalho, desenvolveram rapidamente a agricultura. A sseguraram trabalho a todos os que dantes passavam metade do ano sem trabalho e sem pão e ganharam para que ficasse a juventude que fugia. S emearam terras que estavam abandonadas. Produziram e venderam trigo, tomate, compraram vacas e ovelhas e ass im produziram leite e queijo. A rranjaram máquinas agrícolas. O que fizeram os B arrigas? Chamaram os soldados e deram ordem: «vão lá e corram com esses gajos a tiro!» Os soldados foram, lá isso é verdade. M as não deram tiro nenhum, e até deram os parabéns aos M agriços pelo trabalho que estavam a fazer. E o mesmo se passou nos moinhos e nos lagares de azeite. Os magriços tomaram conta de uns e de outros e quando apareceram os B arrigas a protestar, eles disseram: «Não lhe queremos mal, senhor B arriga. O senhor leva a farinha e o azeite de que precisa para a sua família. E nós levamos o resto para as nossas.»E o mesmo se passou nas fábricas dos Magriços e em toda a parte. Passou-se tudo isto na primavera. Calhou começar no dia 25 do mês de A bril. Por isso, quando se fala no 25 de A bril, é dessa revolta dos M agriços e do que foram capaz de realizar que se fala.E, para acabar a história, quero fazer-vos uma pergunta. A mim, já me têm perguntado: «Ouve lá, se tivesses viv ido nessa época, com quem estarias tu? Com os B arrigas ou com os M agriços? » E eu respondo: com os M agriços, claro! E penso que conhecendo vocês esta história, dariam a mesma resposta.”

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