aula 09 curso regular de direito constitucionalprofessores vicente paulo e frederico dias

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    observncia obrigatria pelos demais entes federados. Ento, porexemplo, se no processo legislativo federal o prazo para que o chefe doExecutivo oponha veto a projeto de lei de 15 (quinze) dias teis, no podemos estados, o Distrito Federal e os municpios fixarem prazo distinto para que o

    chefe do Executivo local (Governador e Prefeito, conforme o caso) vete projetode lei. Se no modelo federal a deliberao para rejeio do veto maioriaabsoluta, essa ser tambm a deliberao para rejeio do veto nas esferasestadual, distrital e municipal - e assim por diante.

    3) Clusula ptrea

    Conforme vimos, o processo legislativo de elaborao normativa temaconstitucional, que foi minuciosamente disciplinado pelo poder constituinteoriginrio. Novamente, indaga-se: o processo legislativo de elaborao das leis

    clusula ptrea, ou pode ser substancialmente modificado por emenda Constituio?

    Mais uma vez, a resposta negativa. Segundo entendimento do SupremoTribunal Federal, o processo legislativo das leis no constitui clusulaptrea, podendo, portanto, ser modificado por emenda Constituio. Comoexemplo, podemos citar a EC 32/2001, que alterou significativamente oprocesso legislativo das medidas provisrias, modificando substancialmente oart. 62 da Lei Maior.

    4) Inconstitucionalidade formalConforme vimos, o processo legislativo de elaborao normativa temadisciplinado diretamente pela Constituio Federal. Logo, a desobedincia aqualquer fase do rito legislativo de elaborao das leis implica desrespeito Constituio Federal, isto , tal desobedincia faz nascer umainconstitucionalidade, que poder ser reconhecida pelo Poder Judicirio,quando provocado para tal.

    Essa inconstitucionalidade denominada formal (ou nomodinmica), porquediz respeito ao desrespeito a formalidades exigidas pelo texto constitucional.

    5) Controle judicial (preventivo) de constitucionalidade

    Ns ainda no estudamos, neste curso on-line, o assunto "controle deconstitucionalidade das leis". Entretanto, voc sabe que, grosso modo, estudarcontrole de constitucionalidade fiscalizar a validade das leis em face daConstituio, isto , temos controle de constitucionalidade quando um rgocompetente verifica se uma lei desobedece, ou no, a Constituio.

    Elaborada, promulgada e publicada uma lei, poder ela ser declaradainconstitucional pelo Poder Judicirio, caso tenha havido, no rito de sua

    elaborao, desrespeito ao processo legislativo constitucional. Nesse caso,conforme aprendemos no item precedente, estaremos diante da chamadainconstitucionalidade formal (ou nomodinmica).

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    Agora, observe o seguinte: nessa situao - em que publicada uma leielaborada com desrespeito ao processo legislativo constitucional -, o controledo Poder Judicirio incidiu sobre a norma j pronta e acabada, j inserida noordenamento jurdico. Ou seja: o Poder Judicirio agiu de forma repressiva,

    com o fim de retirar do ordenamento jurdico norma j pronta e acabada, jintegrante do ordenamento jurdico, mas que desrespeita a ConstituioFederal (desrespeito ao processo legislativo constitucional).

    H, porm, a possibilidade de que o Poder Judicirio fiscalize o processolegislativo de elaborao das leis, em si. Aqui, o controle judicial incidir sobreo processo legislativo em si, enquanto o projeto de lei tramita pelas Casas doCongresso Nacional. Veja: agora, o Poder Judicirio atuar preventivamente(controle de constitucionalidade judicial preventivo), visando a evitar que sejaelaborada uma lei com desrespeito ao processo legislativo constitucional.

    Resumindo, em simples palavras: o Poder Judicirio poder fiscalizar aobservncia do processo legislativo constitucional em dois momentos -durante a tramitao do projeto de lei pelas Casas do Congresso Nacional(controle judicial preventivo, incidente sobre o "processo legislativo"propriamente dito), ou posteriormente, depois da insero da norma noordenamento jurdico (controle judicial repressivo, incidente sobre a "lei").

    E como se d esse controle judicial preventivo incidente sobre o processolegislativo? Bem, tal controle se d da seguinte forma: no momento em queum projeto de lei colocado em tramitao em uma das Casas do CongressoNacional, se um parlamentar dessa Casa entender que tal proposio

    desrespeita o processo legislativo constitucional, poder impetrar um mandadode segurana perante o Supremo Tribunal Federal, pleiteando a sustao datramitao.

    Como se v, so as seguintes as caractersticas desse controle judicialpreventivo, incidente sobre o processo legislativo:

    a) s pode ser iniciado por um congressista da Casa Legislativa em que oprojeto estiver tramitando;

    b) dever ser realizado mediante a impetrao de mandado de segurana;

    c) o mandado de segurana dever ser impetrado diretamente

    (originariamente) perante o Supremo Tribunal Federal.Mais detalhadamente, as fases possveis nesse controle judicial preventivo soos seguintes, nesta ordem:

    a) apresentado um projeto de uma das normas integrantes do processolegislativo (art. 59) Casa Legislativa, em dado momento, de acordo com asregras regimentais e prioridades da Mesa, ser ele colocado em tramitaopelo Presidente da Mesa;

    b) a partir desse momento, se um congressista dessa Casa Legislativaentender que o referido projeto desrespeita o processo legislativo

    constitucional (arts. 59 a 69), poder ele impetrar mandado de segurana(controle incidental) perante o STF, com o pedido de que seja concedida peloSTF medida liminar sustando a tramitao de tal projeto;

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    c) na apreciao da medida liminar, se o pedido de sustao for indeferido, atramitao do projeto continuar normalmente; caso a medida liminar sejadeferida, o STF determinar Casa Legislativa que suste a tramitao doprojeto at que, posteriormente, o tribunal examine o mrito do mandado de

    segurana, a fim de firmar sua posio definitiva sobre a matria;d) ao julgar o mrito do mandado de segurana, se for denegada a segurana(pedido improcedente), a tramitao prosseguir normalmente; se forconcedida a segurana (pedido procedente), o projeto no poder maistramitar pelas Casas do Congresso Nacional;

    e) em qualquer caso - seja no julgamento do pedido de medida liminar, sejano julgamento de mrito -, se o processo legislativo for encerrado antes do

    julgamento do STF, o mandado de segurana restar prejudicado (ser extintosem julgamento de mrito), por perda de objeto (hiptese em que haver,tambm, a perda da legitimidade do congressista para continuar no polo ativoda ao).

    Foram apenas aspectos mais gerais, pouco mais de quatro pginas, mas j tedo condies de acertar questes como esta.

    (CESPE/IRBR/DIPLOMACIA/2008) As regras bsicas do processolegislativo previstas na Constituio Federal devem,obrigatoriamente, ser seguidas pelos estados-membros.

    As regras bsicas do processo legislativo federal disciplinado naConstituio Federal so de observncia obrigatria pelos estados-

    membros. Logo, a questo est correta.Pronto! Vistos esses aspectos gerais do processo legislativo, passemos, agora,especificamente ao estudo do processo legislativo de elaborao das leis,deixando para a parte final desta aula o estudo dos processos legislativosespeciais (das medidas provisrias e das leis delegadas).

    6) Processo Legislativo das Leis

    Considerando que as disposies acerca do processo legislativo das leis so umtanto quanto numerosas, dividiremos o seu estudo em subitens, para facilitar asua fixao, bem como posteriores revises do contedo.

    6.1) Processo legislativo ordinrio e sumrio

    O processo legislativo de elaborao de uma lei pode seguir o rito ordinrio ouo rito sumrio (ou de urgncia). Temos, assim, os denominados "processolegislativo ordinrio" e "processo legislativo sumrio".

    E qual a relevante diferena entre eles? Para ns (que s pensamos emconcursos!), a fundamental diferena entre eles que, no ordinrio, as CasasLegislativas no tm prazo limite para concluso da apreciao doprojeto de lei, enquanto no processo legislativo sumrio a prpriaConstituio Federal j estabelece um prazo para que cada CasaLegislativa conclua a apreciao (discusso e votao).

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    pauta"). Cuidado com essa exceo, no vacile: o sobrestamento de pauta no absoluto, pois no atinge as deliberaes legislativas que tenhamprazo constitucional determinado (caso das medidas provisrias - que,conforme veremos, tm prazo constitucional determinado para sua

    apreciao).Observe ainda que, como comentamos, os 45 dias contam separadamentepara cada Casa. Portanto, eventual trancamento ocorrer apenas naquela Casaque no apreciar o projeto dentro de seu prazo. Ou seja, se a Cmara sapreciou o projeto de lei no 50 dia, isso significa que ele estava trancando apauta daquela Casa. Todavia, quando encaminhando ao Senado, o projeto delei no trancar a pauta, exceto se transcorrido novo prazo de 45 dias semapreciao.

    4 - Os prazos do 2 no correm nos perodos de recesso do CongressoNacional, nem se aplicam aos projetos de cdigo.

    Por fim, duas informaes importantes:

    a) os prazos do processo legislativo sumrio (os tais 45 dias e 10 dias, acimamencionados) no correm durante os perodos de recesso do CongressoNacional; e

    b) o processo legislativo sumrio no se aplica a projetos de cdigos (isto, o Presidente da Repblica no pode solicitar ao Congresso Nacional urgnciana apreciao de um projeto de cdigo - Cdigo Penal, Cdigo Civil, porexemplo).

    6.2) IniciativaO processo de elaborao de uma lei desencadeado pela chamada"iniciativa". Temos a iniciativa de lei quando um dos legitimados pelo art. 61da Constituio apresenta um projeto de lei a uma das Casas do CongressoNacional, para apreciao (discusso e votao). Detalharemos a seguir osaspectos que consideramos importantes acerca da iniciativa.

    Legitimados

    Os legitimados para dar incio ao processo legislativo de elaborao de uma lei- ordinria ou complementar - esto enumerados no art. 61 da Constituio

    Federal. Com efeito, reza esse dispositivo constitucional que a iniciativa dasleis complementares e ordinrias cabe a qualquer membro ou Comisso daCmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, aoPresidente da Repblica, ao Supremo Tribunal Federal, aos TribunaisSuperiores, ao Procurador-Geral da Repblica e aos cidados, na forma e noscasos previstos nesta Constituio.

    Conforme vimos na aula pretrita, a Cmara dos Deputados e o SenadoFederal tambm so legitimados para apresentar projeto de lei referente remunerao de seus servidores, nos termos do art. 51, IV, e 52, XIII, daConstituio Federal.

    Iniciativa popular

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    A iniciativa privativa do Presidente da Repblica - prevista nos arts. 61, 1, e165 - estende-se aos governadores e prefeitos.

    Significa que as matrias que, na esfera federal, so de iniciativa privativa doPresidente da Repblica, sero de iniciativa privativa do Governador de Estado,

    na esfera estadual, e do Prefeito, no mbito municipal. Por exemplo: a lei quedisponha sobre regime jurdico dos servidores pblicos federais da iniciativaprivativa do Presidente da Repblica (art. 61, 1, II, "c"); logo, na esferaestadual, a lei que disponha sobre regime jurdico dos servidores pblicosestaduais ser da iniciativa privativa do Governador e, no mbito municipal, ainiciativa sobre essa mesma lei, em relao aos servidores municipais, ser dainiciativa privativa do Prefeito.

    Portanto, os demais legitimados no processo legislativo estadual e municipalno podero apresentar projetos d e lei sobre tais matrias, d a iniciativaprivativa do chefe do Executivo. E mais: os parlamentares estaduais (emunicipais) no podero, sequer, apresentar proposta de emenda Constituio Estadual (e Lei Orgnica) tratando de tais matrias, pois essamedida implicaria burla iniciativa privativa do chefe do Executivo.

    Importante este ltimo aspecto: as matrias da iniciativa privativa do chefe doExecutivo no podem ser tratadas, por iniciativa parlamentar, naConstituio do Estado ou na Lei Orgnica dos municpios e do DistritoFederal. Na prtica, isso significa que as Constituies Estaduais ficamimpedidas de tratarem de temas de iniciativa privativa do chefe do PoderExecutivo.

    Veja este enunciado que o Cespe elaborou em 2010, para a prova do MPU,cargo Analista Processual.

    "Como decorrncia do princpio da simetria e do princpio da separaodos poderes, as hipteses de iniciativa reservada ao presidente daRepblica, previstas na Constituio Federal, no podem ser estendidasaos governadores."

    Como vimos no incio, o STF considera que as regras bsicas do processolegislativo previstas na Constituio Federal so de observncia obrigatriapelos estados-membros. Nesse sentido, como decorrncia do princpio da

    simetria, as hipteses de iniciativa reservada ao presidente da Repblica,previstas na Constituio Federal, devem ser estendidas obrigatoriamente aosgovernadores. Item errado.

    Iniciativa privativa e emenda parlamentar

    Indaga-se: os parlamentares podem apresentar emendas a projetos de leiresultantes de iniciativa privativa? Por exemplo: se o Presidente da Repblicaapresentar projeto de lei sobre matria de sua iniciativa privativa, oscongressistas podero apresentar emenda a tal projeto?

    A resposta afirmativa, isto , podem ser apresentadas emendas a projetos

    de lei resultantes de iniciativa privativa. Entretanto, esse poder de emendaparlamentar limitado, haja vista que s sero admitidas emendas que:

    a) no impliquem aumento de despesa, ressalvadas as leis oramentrias; e

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    b) guardem pertinncia temtica.

    Cuidado! Esses dois pressupostos devem ser observados simultaneamente: asemendas no podero implicar aumento de despesa (admitidos, apenas, osaumentos de despesas nas leis oramentrias) e devero guardar pertinncia

    temtica (isto , devero tratar de matria conexa quela originariamenteapresentada no projeto de lei).

    O desrespeito a esses requisitos - se a emenda parlamentar implicar aumentode despesa ou no guardar pertinncia com a matria do projeto - ser ainconstitucionalidade formal (ou nomodinmica) da lei.

    Um detalhe: essa exceo quanto s leis oramentrias (admite-se emendasque aumentem despesas nas leis oramentrias, de iniciativa do chefe doPresidente da Repblica) deve-se ao fato de que nessas leis a apresentao deemenda que implique aumento de despesa obriga o parlamentar a indicar a

    fonte de despesa, na forma do art. 166, 3, II, da Constituio Federal.Vejamos uma assertiva da Esaf.

    (ESAF/APO/MPOG/2010) As emendas parlamentares apresentadas aprojeto de lei enviado pelo Presidente da Repblica, em tema de suaprivativa iniciativa, no precisam ter pertinncia temtica com o queconstava do texto originalmente encaminhado ao Legislativo.

    Segundo o STF, os projetos de lei de iniciativa privativa do Presidente daRepblica podem sofrer emendas parlamentares, desde que: (i) tenhampertinncia temtica com a matria tratada no projeto apresentado; e (ii) no

    impliquem aumento de despesa (salvo no caso de projetos de leisoramentrias - CF, art. 63, I e art. 166, 3 e 4). Item errado.^m u u a m m a m W m m ## Iniciativa privativa, vicio de iniciativa e sano presidencial

    Nas matrias de iniciativa privativa, sabemos que s o detentor da iniciativapoder apresentar o projeto de lei sobre a respectiva matria. Se outrolegitimado apresentar o projeto de lei, haver o que se denomina vicio deiniciativa, hiptese em que o Presidente da Repblica dever vetar o projetode lei, por inconstitucionalidade formal.

    Imagine, por exemplo, uma das matrias de iniciativa privativa do Presidente

    da Repblica, indicada no art. 61, 1, da Constituio Federal. S ele,Presidente da Repblica, poder apresentar projeto de lei sobre tal matria.Suponha, agora, que um Deputado apresente o projeto de lei e que este sejaaprovado pelas duas Casas do Congresso Nacional e enviado ao Presidente daRepblica, para sano ou veto. Nessa situao, deveria o Presidente daRepblica vetar o projeto de lei, por inconstitucionalidade formal,resultante do vcio de iniciativa. Certo?

    Pois , mas e se o Presidente da Repblica sancionar o projeto de lei (em vezde vet-lo)? A sano estar convalidando o vcio verificado na iniciativa?Enfim, a sano supre o vcio de iniciativa, tornando a lei vlida?

    A resposta negativa. A sano do Presidente da Repblica noconvalida o vcio de iniciativa. Na prtica, significa que, se houve vcio na

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    iniciativa, ainda que posteriormente o Presidente da Repblica sancione oprojeto de lei, a lei resultante nascer viciada, padecer deinconstitucionalidade formal, que poder arguida perante o Poder Judicirio.

    Agora, suponha que o Presidente tenha apresentado um projeto de lei sobre

    remunerao de servidores do Poder Executivo (de sua iniciativa privativa, nostermos do art. 61, 1, II, "a" da CF/88). Vimos que esse projeto poderiareceber emendas parlamentares, desde que essas emendas no implicassemaumento de despesa e guardassem pertinncia temtica.

    Mas, e se houver um vcio de emenda (por exemplo, uma emenda que noguarde a pertinncia temtica exigida)? A sano do Presidente a esse projetode lei convalidaria tal vcio?

    A resposta novamente negativa. A sano do Presidente da Repblicano convalida o vcio de emenda.

    Em suma, sano presidencial no convalida vcio de iniciativa, nem vcio deemenda.

    Neste ano de 2011, o Cespe cobrou uma questo sobre esse assunto.

    (CESPE/JUIZ/TRF-5REGIO/2011) O Poder Legislativo no detmcompetncia para emendar projeto de lei de iniciativa reservada ao chefedo Poder Executivo.

    A assertiva est incorreta, pois o Poder Legislativo pode sim emendar projetode lei de iniciativa reservada ao chefe do Poder Executivo, desde que asemendas: (i) no impliquem aumento de despesa (ressalvadas as leis

    oramentrias); e (ii) guardem pertinncia temtica com o projeto de lei.Fixao de prazo para o exerccio de iniciativa privativa

    Pode o Poder Legislativo fixar prazo para que o titular da iniciativa privativaapresente o respectivo projeto de lei? Por exemplo: pode a ConstituioEstadual fixar prazo limite para que o Governador apresente os projetos de leisobre matria de sua iniciativa privativa? Imagine, por exemplo, a ConstituioEstadual fixando o prazo de seis meses para que o Governador apresente oprojeto de lei sobre regime jurdico dos servidores estaduais. Seria vlida essafixao de prazo?

    A resposta negativa. Segundo orientao do Supremo Tribunal Federal, inconstitucional a fixao de prazo pelo Poder Legislativo para que otitular de iniciativa privativa apresente o respectivo projeto de lei, porofensa ao princpio da separao dos poderes.

    Iniciativa de lei em matria tributria

    Estabelece a Constituio Federal que so da iniciativa privativa doPresidente da Repblica as leis que disponham sobre organizaoadministrativa e judiciria, matria tributria e oramentria, serviospblicos e pessoal da administrao dos Territrios (CF, art. 61, 1, II,

    "b").Diante desse dispositivo constitucional, travou-se a seguinte controvrsia:matria tributria, em geral, de iniciativa do chefe do Executivo, ou s deProfs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 10

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    iniciativa privativa do Presidente da Repblica matria tributria no mbito dosTerritrios Federais?

    Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, no mbito da Unio,dos estados, do Distrito Federal e dos municpios matria tributria

    no da iniciativa privativa do chefe do Executivo; s da iniciativaprivativa do Presidente da Repblica matria tributria no mbito dosTerritrios Federais.

    Portanto, no mbito da Unio, dos estados, do Distrito Federal e dosmunicpios, os membros do Legislativo podem apresentar projetos de lei sobrematria tributria (concesso de iseno fiscal; criao, reduo ou majoraode tributos etc.).

    Vejamos duas questes sobre o tema.

    (ESAF/AGENTE DE TRABALHOS DE ENGENHARIA/SMF/RJ/2010) O prefeito

    detm iniciativa privativa para os projetos de lei em matria tributria."(CESPE/JUIZ/TRF 5. a Regio/2009) Considere que um projeto de lei deiniciativa parlamentar tenha por objeto autorizar o parcelamento dedbitos tributrios federais em 60 meses, especificando o seu alcance erequisitos. Nessa situao hipottica, a sano presidencial elimina ainconstitucionalidade formal do referido projeto de lei, visto que a matria de competncia privativa do presidente da Repblica.

    A iniciativa de lei sobre matria de direito tributrio no de competnciaprivativa do chefe do Poder Executivo, o que torna as duas questes

    incorretas. No que se refere segunda assertiva, cabe destacar ainda queeventuais vcios de iniciativa no podem ser sanados pela sano presidencial.Item errado.

    Iniciativa de lei sobre o Ministrio Pblico

    H, no texto constitucional, quatro importantes iniciativas de lei acerca doMinistrio Pblico. Essas quatro iniciativas no podem ser esquecidas, nemconfundidas, na hora da sua prova. Vamos a elas:

    a) lei complementar sobre a organizao do Ministrio Pblico comum: dainiciativa concorrente entre o chefe do Executivo e o respectivo

    Procurador-Geral (CF, art. 61, 1, II, "d" c/c art. 128, 5);Temos, ento, o seguinte: (i) Ministrio Pblico da Unio - iniciativaconcorrente entre o Presidente da Repblica e o Procurador-Geral daRepblica; (ii) Ministrio Pblico dos Estados - iniciativa concorrente entre oGovernador e o Procurador-Geral de Justia.

    b) lei sobre a criao e extino de seus cargos e servios auxiliares, a polticaremuneratria e os planos de carreira do Ministrio Pblico: da iniciativaprivativa do prprio Ministrio Pblico, exercida pelo respectivoProcurador-Geral (CF, art. 127, 2);

    c) lei que estabelece normas gerais para a organizao do Ministrio Pblicodos Estados: da iniciativa privativa do Presidente da Repblica (CF, art.61, 1, II, "d").

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    d) iniciativa de lei sobre a organizao do Ministrio Pblico que atua junto aosTribunais de Contas: a iniciativa privativa da respectiva Corte de Contas(por exemplo: da iniciativa privativa do Tribunal de Contas da Unio a lei quedisponha sobre a organizao do Ministrio Pblico que atua junto a esse

    tribunal; da iniciativa privativa do Tribunal de Contas do Estado da Bahia alei que disponha sobre a organizao do Ministrio Pblico que atua junto aeste tribunal - e assim por diante).

    Iniciativa da lei de organizao dos Tribunais de Contas

    da iniciativa privativa do Tribunal de Contas da Unio a lei que estabeleasua lei orgnica, suas atribuies e competncias e seus cargos e servios (CF,art. 73 c/c art. 96, II).

    Conforme vimos acima, essa prerrogativa do Tribunal de Contas da Uniocontempla, tambm, o poder de iniciativa da lei de organizao do

    Ministrio Pblico que atua junto Corte de Contas (CF, art. 130).Por fora do art. 75 da Constituio Federal, essas mesmas iniciativasprivativas so tambm asseguradas aos Tribunais de Contas dos Estados e dosMunicpios (neste ltimo caso, onde houver).

    6.3) Fase de deliberao

    Aps a fase inicial do processo legislativo, em que algum legitimado apresentaum projeto de lei ao parlamento, passa-se fase de apreciao daqueleprojeto pelo Poder Legislativo.

    Na esfera federal, o processo legislativo das leis do tipo bicameral, isto , o

    projeto de lei dever ser aprovado pelas duas Casas do Congresso Nacional,em separado (entenda-se "bicameralmente").

    Como vimos, o projeto de lei apresentado por um dos legitimados do art. 61da Constituio Federal a uma das Casas do Congresso Nacional, que atuarcomo casa iniciadora, dando incio discusso e votao da matria.

    Logo que um projeto de lei chega a uma Casa Legislativa (seja a Casainiciadora, seja a Casa revisora) ele passa necessariamente pela anlise deduas Comisses: uma que examinar os aspectos materiais (comissotemtica) e outra que verificar os aspectos formais da norma, ligados sua

    constitucionalidade (Comisso de Constituio e Justia).Mas, o que significa ser aprovado o projeto de lei? Ou, em outros termos, qualo qurum necessrio para a aprovao do projeto de lei?

    Analisado o projeto, ele vai a plenrio para que seja discutido e votado, sendoaprovado pelo voto de, pelo menos, maioria simples dos votos no caso de leiordinria (maioria dos presentes sesso, desde que satisfeito o qurummnimo de maioria dos integrantes da Casa). J no caso de lei complementar,exige-se maioria absoluta (maioria dos integrantes da Casa).

    Um parntese: a Constituio que estabelece qual ser o campo a ser

    tratado em lei complementar. Ou seja, s se exige lei complementar naquelasmatrias para as quais a Constituio especifica a necessidade desseinstrumento.

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    Continuando, na Casa iniciadora, teremos duas possibilidades:

    a) se o projeto for rejeitado, ser ele arquivado, s podendo a matriaconstituir novo projeto de lei na mesma sesso legislativa por solicitao damaioria absoluta de uma das Casas do Congresso Nacional (CF, art. 67);

    b) se o projeto for aprovado, ser ele encaminhado outra Casa Legislativa,que atuar como Casa revisora.

    Quando aprovado na Casa iniciadora, o projeto de lei ser encaminhado Casarevisora, na qual teremos trs possibilidades:

    a) se o projeto for rejeitado, ser ele arquivado, s podendo a matriaconstituir novo projeto de lei na mesma sesso legislativa por solicitao damaioria absoluta de uma das Casas do Congresso Nacional (CF, art. 67);

    b) se o projeto for aprovado, seguir para o Presidente da Repblica, para

    sano ou veto;c) se o projeto for emendado, retornar Casa iniciadora, para apreciaodas emendas.

    Nesta ltima hiptese - oposio de emenda pela Casa revisora -, temos umaspecto importantssimo no processo legislativo das leis no Brasil. que, emcaso de divergncia de vontade entre as Casas iniciadora e revisora,prevalecer a vontade da primeira (Casa iniciadora), que poder rejeitar asemendas da Casa revisora e encaminhar a sua manifestao de vontade aoPresidente da Repblica, para sano ou veto.

    Exemplificando: imagine que a Cmara dos Deputados tenha aprovado umprojeto de lei fixando o valor do salrio-mnimo em R$ 800,00 (Casainiciadora), sendo o projeto encaminhado ao Senado Federal, para reviso(Casa revisora); na sua apreciao, o Senado Federal emenda o projeto,majorando o valor do salrio-mnimo para R$ 920,00, hiptese em quedetermina a Constituio o retorno do projeto Casa iniciadora, paraapreciao da emenda; nesse caso (divergncia de vontade entre as Casasiniciadora e revisora), a Cmara dos Deputados (Casa iniciadora) poderaprovar a emenda do Senado (Casa revisora), enviando ao Presidente daRepblica para sano o valor de R$ 920,00, ou poder simplesmente rejeitara emenda do Senado e encaminhar para sano o seu valor original, de R$800,00.

    Entendido? Ok. Ento, agora, suponha que a emenda apresentada pelo Senadono fosse nem um pouco relevante. Imagine que um Senador leu o valorproposto de "R$ 920,00" e achou melhor mudar o texto para "novecentos evinte reais" mensais.

    Ou seja, nessa hiptese, o Senado teria apenas mudado a maneira de escrevero mesmo valor de salrio: em vez dos "R$ 920,00" originais, o texto legalapresentaria a mesma quantia por extenso ("novecentos e vinte reais").

    No houve nenhuma mudana significativa, nenhuma mudana substancial. Advida : faz sentido movimentar a Casa iniciadora de novo (a Cmara) paraapreciar essa emenda que no tem relevncia nenhuma?

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    No, no faz. Da o entendimento que deve ser guardado por voc: aalterao de projeto de lei por uma Casa Legislativa no precisa serreapreciada pela outra Casa caso a alterao no seja substancial.

    Por fim, ao receber o projeto de lei aprovado pelas duas Casas do Congresso

    Nacional, poder o Presidente da Repblica:a) sancion-lo expressamente, hiptese em que a lei resultante serpromulgada e publicada;

    b) vet-lo expressamente, situao em que o veto, acompanhado darespectiva motivao, ser, no prazo de quarenta e oito horas, encaminhadoao Presidente do Senado Federal, para apreciao pelo Congresso Nacional,que dever faz-lo no prazo de trinta dias, s podendo rejeit-lo por decisode maioria absoluta de seus membros, em sesso conjunta;

    Uma indagao importante, que quase todo mundo erra nas nossas aulas

    presenciais! Caso esgotado o prazo de trinta dias sem apreciao do veto peloCongresso Nacional, ser ele considerado mantido ou rejeitado? Resposta: noser considerado mantido, tampouco rejeitado! U, e o que acontecer, ento?Simplesmente ser o veto colocado na ordem do dia da sesso imediata(entenda-se: sesso conjunta imediata, j que o veto sempre apreciado emsesso conjunta!), sobrestadas as demais proposies, at sua votao final(CF, art. 66, 6).

    c) manter-se em silncio (nem sancionar expressamente, nem vetarexpressamente), situao em que, decorrido o prazo de quinze dias teis(cuidado, so 15 dias teis), ocorrer a denominada sano tcita.

    Possibilidade de aprovao do projeto de lei pelas Comisses

    Conforme visto anteriormente, uma vez apresentado o projeto Casainiciadora, inicia-se no plenrio dessa Casa a discusso e votao da matria.Se aprovado na Casa iniciadora, ser o projeto encaminhado Casa revisora,para nova discusso e votao plenria.

    Acontece, porm, que possvel a aprovao do projeto no mbito dascomisses tcnicas (especializadas ou temticas), dispensando-se a discussoe votao plenria, na forma estabelecida no regimento interno das CasasLegislativas.

    o que estabelece o art. 58, 2, I, da Constituio Federal, segundo o qualcabe s comisses discutir e votar projeto de lei que dispensar, naforma do regimento, a competncia do Plenrio, salvo se houverrecurso de um dcimo dos membros da Casa.

    Observe, portanto, que, no Brasil, plenamente possvel que uma lei sejalegitimamente aprovada sem a matria nunca ter sido discutida evotada no Plenrio das Casas do Congresso Nacional, quando taldiscusso e votao ocorrem no mbito das Comisses.

    Porm, veja tambm que possvel aos congressistas afastarem essacompetncia das comisses, forando a discusso e votao da matria noPlenrio, desde que haja recurso de, pelo menos, um dcimo dos

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    membros da Casa (na Cmara dos Deputados, composta por 513 deputados,requerimento de 51 deputados j suficiente para retirar o poder dedeliberao da Comisso e forar a discusso e votao plenria da matria).

    Veja como foi capciosa esta questo da Esaf (EPPGG do MPOG, em 2005):

    " constitucionalmente possvel que o Congresso Nacional aprove leiordinria, sem que a mesma tenha sido votada, quer pelo Plenrio daCmara dos Deputados, quer pelo Plenrio do Senado Federal."

    De fato, possvel, dada a possibilidade de aprovao de leis no mbito dascomisses, sem necessidade de submisso da matria ao Plenrio das CasasLegislativas. que, nos termos do art. 58, 2, I da CF/88, compete scomisses discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento,a competncia do Plenrio, salvo se houver recurso de um dcimo dosmembros da Casa. Incorreta a questo.

    6.4) SanoA sano o ato de concordncia do chefe do Executivo com o projeto de leiaprovado pelo Legislativo.

    Objetivamente, vamos ao que nos interessa, para o fim de concurso, sobre asano:

    a) a sano ato privativo do chefe do Executivo (Presidente da Repblica,Governador ou Prefeito, conforme o caso);

    b) a sano pode ser expressa (quando o Presidente da Repblica ope a sua

    assinatura ao projeto, sancionando-o) ou tcita (quando o Presidente daRepblica permanece em silncio por quinze dias teis);

    c) em regra, a sano o momento em nasce a lei, como resultado daconjugao das vontades do Legislativo e do Executivo; por isso se diz que asano incide sobre projeto de lei - e, ao incidir, faz nascer a lei;

    d) a sano, porm, no ato imprescindvel ao nascimento da lei, haja vistaque, na hiptese em que o Presidente da Repblica veta o projeto de lei(portanto, no o sanciona), o Congresso Nacional poder rejeitar o veto,fazendo nascer a lei, mesmo sem sano;

    e) ademais, nem todos os atos normativos integrantes do nosso processolegislativo submetem-se sano; com efeito, as emendas Constituio, asleis delegadas, os decretos legislativos e as resolues no se sujeitam sano (no tocante s medidas provisrias, veremos que estas tambm no sesujeitam sano, podendo, porm, a lei resultante de sua converso sujeitar-se sano);

    f) a sano ato irretratvel, que no admite desistncia;

    g) a sano pelo chefe do Executivo no impede que ele, posteriormente,questione perante o Poder Judicirio a constitucionalidade da lei (por exemplo:o Presidente da Repblica pode sancionar, hoje, um projeto de lei e,posteriormente, ingressar com uma ao direta de inconstitucionalidadeperante o Supremo Tribunal Federal pleiteando a declarao dainconstitucionalidade da lei resultante desse projeto);Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 15

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    h) a sano no convalida o vcio de iniciativa.

    6.5) Veto

    O veto a discordncia do chefe do Executivo com o projeto aprovado pelo

    Legislativo. Ter o Presidente da Repblica quinze dias uteis para manifest-lo, sempre expressamente, j que o seu por esse perodo silncio importasano tcita.

    Assim como o fizemos em relao sano, passemos logo, e objetivamente,aos aspectos relevantes sobre o veto:

    a) o veto sempre expresso, explcito (j que, conforme vimos, o silncio doPresidente da Repblica, por quinze dias teis, importa sano tcita doprojeto); logo, no h veto tcito, por decurso de prazo, no direito brasileiro;

    b) o veto sempre motivado, por inconstitucionalidade ou por contrariedade

    ao interesse pblico;Como se v, so duas as motivaes que autorizam o Presidente da Repblicaa vetar um projeto de lei aprovado pelo Legislativo: inconstitucionalidade oucontrariedade ao interesse pblico. No primeiro caso, teremos o chamadoveto jurdico (porque fundamentado em razes de Direito); na segundahiptese, o denominado veto poltico (porque fundamento em razespolticas). No primeiro caso (veto jurdico), temos um tpico controle deconstitucionalidade poltico (exercido por rgo de natureza poltica, que nointegra o Poder Judicirio) e preventivo (porque tal controle incide sobreprojeto, antes de a norma estar pronta e acabada).

    c) o veto pode ser total (quando incidente sobre todo o projeto) ou parcial(quando incidente sobre parte do projeto);

    O veto parcial, porm, sofre uma importante limitao: o veto parcial somenteabranger texto integral de artigo, de pargrafo, de inciso ou de alnea (CF,art. 66, 2). Significa dizer que o veto parcial no poder incidir sobrepalavras ou expresses de um desses dispositivos, pois essa medida poderiaimplicar alterao substancial da vontade do Legislativo pelo Executivo.

    d) o veto relativo ou supervel (pois pode ser rejeitado pelo CongressoNacional);

    Esse um dos aspectos interessantes do veto no Brasil: o veto no pe fim aoprocesso legislativo; ao contrrio, ele posterga o processo legislativo, ao criaruma nova fase, de apreciao do veto; nessa nova fase, ele poder serrejeitado pelo Congresso Nacional, por deciso da maioria absoluta dosDeputados e Senadores, em sesso conjunta;

    e) o veto ato irretratvel, que no admite desistncia;

    f) o veto admite rejeio parcial (o Congresso Nacional, ao apreciar o veto aum mesmo projeto de lei, poder mant-lo em relao a certos dispositivos erejeit-lo em relao a outros dispositivos);

    g) o veto do chefe do Executivo pode incidir sobre texto por ele prprioadotado;

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    Esse aspecto interessante. Imagine que o Presidente da Repblica elaboreum projeto de lei sobre certa matria e o submeta apreciao do CongressoNacional, que o aprova integralmente, sem nenhuma alterao. Em seguida, oprojeto enviado ao Presidente da Repblica, para sano ou veto. Nesse

    caso, o Presidente da Repblica poder vetar tal projeto, total ou parcialmente(por entend-lo, agora, contrrio ao interesse pblico), hiptese em que o vetoestar incidindo sobre texto por ele prprio elaborado (j que o CongressoNacional no alterou, em nada, o projeto).

    h) o veto sempre supressivo (isto , o chefe do Executivo s pode suprimirtexto do projeto de lei, jamais acrescentar - no h veto aditivo no Brasil);

    i) a rejeio do veto produz efeitos ex nunc (no retroativos);

    Outro aspecto que merece explicao. Suponha um projeto de lei de dezartigos que tenha dois artigos vetados pelo Presidente da Repblica (veto

    parcial). Nesse caso, o veto aos dois artigos ser, no prazo de quarenta e oitohoras, encaminhado ao Presidente do Senad o Federal, com a devidamotivao. E o que ocorrer com os demais oito artigos, que no foramvetados? Ficaro eles aguardando a apreciao do veto pelo CongressoNacional? No. No. Os artigos no vetados sero promulgados e publicados,desde j (eles no ficaro aguardando a apreciao do veto aos dois artigos).Tudo certo at aqui?

    Pois bem, veja que nesse caso a lei ser publicada com oito artigos, enquantoos outros dois artigos tm o seu veto pendente de apreciao pelo CongressoNacional, que ter trinta dias para faz-lo. Se posteriormente o veto aos dois

    artigos for rejeitado pelo Congresso Nacional, indaga-se: esses dois artigospassaro a produzir efeitos retroativamente data de incio da eficcia dosoutros oito artigos (ex tunc), ou sua eficcia ser somente prospectiva, da pordiante (ex nunc)? No Brasil, a rejeio do veto produz efeitos meramenteprospectivos (ex nunc), isto , os dispositivos que tm o seu veto rejeitadosomente produzem eficcia da por diante (e jamais retroativamente data depublicao dos demais dispositivos no vetados).

    j) o veto um ato poltico do Chefe do Poder Executivo (mesmo o vetojurdico), insuscetvel, portanto, de sofrer controle judicial.

    Ou seja, no h que se questionar judicialmente as razes do veto. Como atopoltico, o veto poder, se for o caso, ser rejeitado por outro ato poltico: pelaapreciao do Congresso Nacional.

    Por outro lado, o STF j admitiu o controle da tempestividade do veto. Nessecaso, exige a Corte que haja manifestao do Poder Legislativo a respeito.

    Significa dizer que, passado o prazo de quinze dias teis, o projeto de lei esttacitamente aprovado. O veto posterior a esse prazo intempestivo e seusefeitos podero ser suspensos pelo Poder Judicirio desde que hajamanifestao anterior do Poder Legislativo a respeito.

    De outro lado, no se admite que haja provocao do judicirio sobre asrazes do veto, sejam elas fundadas em aspectos polticos ou jurdicos.

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    Vejamos esta assertiva da prova da FCC para Analista do MPE/SE, elaboradano ano de 2010.

    "A ausncia de sano expressa no prazo de 15 (quinze) dias implica nacaducidade ou prescrio do projeto de lei."

    A ausncia de sano expressa por mais de quinze dias teis implica sanotcita ao projeto de lei. Assertiva incorreta.

    A mesma prova trouxe a interessante assertiva a seguir:

    "O veto constitui ato poltico do Chefe do Executivo, sendo insuscetvel decontrole judicial, restrio aplicvel tanto no veto poltico como no

    jurdico."

    De fato, o veto em si no passvel de controle judicial, independentementede ser ele um veto jurdico ou poltico. Correta a questo.

    6.6) Promulgao .A promulgao o ato que atesta a existncia da lei, inserindo-a noordenamento jurdico. ato que incide sobre a lei, tornando-a pronta parainovar o ordenamento jurdico. Por isso, diz-se que a promulgao o ato queinova o ordenamento jurdico, pela insero de uma nova norma.

    Ao contrrio da sano, a promulgao no ato privativo do chefe doExecutivo. Embora a regra seja a promulgao das leis pelo chefe doExecutivo, h hipteses em que a promulgao da competncia doLegislativo. o caso, por exemplo, da rejeio do veto e da ocorrncia de

    sano tcita, nos termos do art. 66, 7, da Constituio Federal.Com efeito, nessas duas situaes - rejeio do veto e sano tcita -, aprioridade para promulgao ser do Presidente da Repblica. Entretanto, seele no o fizer no prazo de quarenta e oito horas, a competncia desloca-separa o Presidente do Senado Federal, que poder faz-lo em igual prazo. Porfim, se o Presidente do Senado no o fizer no prazo de quarenta e oito horas, oVice-Presidente do Senado o far.

    Muito cuidado com essas duas hipteses, manjadas em provas! Srio, quasetodo candidato acha que, na rejeio do veto e na sano tcita, acompetncia para promulgao da lei , desde o incio, do Presidente do

    Senado Federal, o que no verdade. A prioridade para promulgar doPresidente da Repblica, que ter quarenta e oito horas para faz-lo.Somente se este no o fizer nesse prazo que nascer a competncia doPresidente do Senado.

    H, entretanto, situaes em que a competncia para promulgar j nasce como Legislativo, como no caso das emendas Constituio (que sopromulgadas pelas Mesas da Cmara e do Senado - art. 60, 3), dosdecretos legislativos (promulgados pelo Presidente da Mesa do CongressoNacional) e das resolues (promulgadas pelo Presidente da Mesa doCongresso Nacional, da Cmara ou do Senado, conforme a origem do ato).

    6.7) Publicao

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    A publicao no , propriamente, fase do processo legislativo de elaboraodas leis. Isso porque, conforme vimos anteriormente, a lei j nasce com asano e inserida no ordenamento jurdico pela promulgao, momento apartir do qual j est pronta para a produo de seus efeitos.

    Desse modo, a lei inserida no ordenamento jurdico pelo ato de promulgao,a partir do qual j estar pronta para a produo de todos os seus efeitos

    jurdicos. Essa produo de eficcia ficar, entretanto, sujeita a uma condio:a publicao na imprensa oficial - que representa, portanto, mera condiode eficcia da lei (e no fase de elaborao da lei, em si).

    Ufa! Quantas informaes! Terminamos, aqui, o estudo do processo legislativodas leis. Nos itens seguintes, examinaremos os processos legislativos especiaisde elaborao das leis delegadas e medidas provisrias.

    7) Processo legislativo das medidas provisriasA medida provisria espcie normativa nova, criada pela Constituio Federalde 1988. Com a extino do antigo decreto-lei, houve por bem o legisladorconstituinte dotar o Presidente da Repblica de ato normativo gil para queele, em situaes de urgncia e relevncia, possa tratar de matriasordinariamente reservadas lei.

    Portanto, medida provisria no lei. ato normativo, com fora de lei,adotado pelo Presidente da Repblica em situaes de urgncia e relevncia.Cuida-se de ato primrio e geral, que se situa na mesma situao

    hierrquica das leis, mas que com estas no se confunde, devido,especialmente, ao procedimento legislativo totalmente distinto, conformeestudado nos subitens seguintes.

    Esse assunto - natureza jurdica da medida provisria - tem sido muitoabordado em concursos. Vejamos algumas abordagens. No concurso doTCU/2007, o Cespe/UnB afirmou que a medida provisria um ato primrio,sob condio resolutiva e de carter excepcional no quadro da Separao dosPoderes. Corretssima a questo, seno vejamos.

    Medida provisria um ato normativo primrio porque retira o seufundamento de validade diretamente da Constituio, haja vista que integra oprocesso legislativo (CF, art. 59, V).

    Medida provisria ato normativo sob condio resolutiva porque temfora de lei desde a sua edio, mas essa fora de lei poder resolver-se(extinguir-se) futuramente, com a sua rejeio do Congresso Nacional (CF, art.62, 3).

    Medida provisria ato normativo de carter excepcional no quadro daseparao dos Poderes porque sua edio pelo Presidente da Repblicaconstitui desempenho de funo atpica (legislativa) pelo Poder Executivo (hajavista que, em regra, cabe ao Poder Legislativo a funo de legislar).

    Vejamos, literalmente, a questo do Cespe/UnB:

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    (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO DO TCU/2007) Um conceitovlido de MP aquele que a entende como um ato normativo primrio,sob condio resolutiva, de carter excepcional no quadro da separaodos poderes.

    Em outra questo do mesmo concurso, afirmou o Cespe/UnB que a medidaprovisria produz, com a sua edio, pelo menos dois efeitos: inovador daordem jurdica e provocador do Congresso Nacional. Veja o enunciado:

    (CESPE/ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO DO TCU/2007) As MPsproduzem, ao serem editadas, pelo menos dois efeitos: o efeito inovadorda ordem jurdica e o efeito provocador do Congresso Nacional para queeste delibere sobre o assunto.

    Novamente, correta a questo, pois, de fato, a edio de medida provisriaproduz estes dois efeitos:

    a) o efeito inovador da ordem jurdica, haja vista que elas tm fora de leidesde a sua edio; e

    b) o efeito provocador do Congresso Nacional, pois determina a Constituioque, uma vez editadas pelo chefe do Executivo, sero elas imediatamenteencaminhadas ao Congresso Nacional, para apreciao.

    Poderamos, ainda, apontar um terceiro efeito: o efeito de suspender aeficcia da legislao ordinria pretrita em sentido contrrio (pois,com a publicao da medida provisria, fica automaticamente suspensa aeficcia de eventual lei ordinria pretrita em sentido contrrio).

    7.1) Medidas provisrias antes e depois da EC 32/2001Desde a promulgao da Constituio Federal de 1988, as medidas provisriasestiveram submetidas a dois regimes constitucionais distintos.

    O primeiro regime vigorou da promulgao da Constituio (05/10/1988) ata data da promulgao da EC 32/2001 (11/09/2001). Nesse primeiro regime,as medidas provisrias possuam uma eficcia inicial de apenas 30 (trinta)dias, mas podiam ser sucessivamente reeditadas pelo Presidente da Repblica,mantendo-se a regulao da matria, com fora de lei, enquanto houvessereedies sucessivas.

    O segundo regime, atualmente em vigor, foi implantado pela EC 32/2001 e,portanto, somente aplicvel s medidas provisrias editadas a partir dapromulgao dessa emenda constitucional, em 11/09/2001.

    H, ainda, um detalhe importante no tocante transio do primeiro para osegundo regime. Na data da promulgao da EC 32/2001 havia no CongressoNacional 66 medidas provisrias antigas - editadas no regime constitucionalanterior, antes de 11/09/2001 - em tramitao. Estavam em tramitaoporque haviam sido editadas no regime constitucional pretrito, mas ainda nohaviam sido apreciadas pelo Congresso Nacional.

    Fez-se necessrio, ento, estabelecer-se uma regra especial de transio paraessas 66 medidas provisrias. Esse papel foi cumprido pelo art. 2 da EC32/2001, nos seguintes termos:

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    "As medidas provisrias editadas em data anterior da publicao destaemenda continuam em vigor at que medida provisria ulterior asrevogue explicitamente ou at deliberao definitiva do CongressoNacional".

    Como se v, essas medidas provisrias antigas continuaro em vigor,regulando as respectivas matrias com fora de lei, por prazo indeterminado,at que ocorra uma das seguintes situaes:

    a) sejam revogadas por outra medida provisria, ou por outra espcienormativa que possua dignidade para isso (lei ordinria, lei complementaretc.); ou

    b) sejam apreciadas pelo Congresso Nacional.

    Enquanto no ocorrer uma dessas situaes, essas medidas provisriascontinuaro regulando, com fora de lei, as matrias nelas tratadas,

    independentemente de qualquer ato. No h que se falar em necessidade derepublicao, de reedio, de prorrogao de prazo etc., pois o prprio art. 2da EC 32/2001 j lhes outorgou vigncia por prazo indeterminado.

    Importante verificar, tambm, que essas medidas provisrias no foramconvertidas em lei pela EC 32/2001. Elas continuam sendo medidasprovisrias, s que agora com vigncia por prazo indeterminado. Tanto assimque elas podero ser, ainda hoje, apreciadas pelo Congresso Nacional.

    Cabe destacar que eventual apreciao pelo Congresso Nacional dessasmedidas provisrias antigas dever realizar-se segundo o procedimento antigo

    (regras existentes anteriormente EC 32/2001), vigente ao tempo de suaedio.

    Por bvio, portanto, todo o nosso estudo, ao longo desta aula, abordar o novoprocesso regime constitucional das medidas provisrias, implantado pela EC32/2001 para medidas provisrias editadas a partir de ento. Esse o regimeque se encontra atualmente em vigor, e que por ns ser estudado. Sobre oregime anterior - em vigor at a EC 32/2001 -, voc s precisa saber desseregime de transio acima, aplicvel s tais 66 medidas provisrias queestavam em vigor na data da promulgao da EC 32/2001.

    7.2) Viso panormica do novo processo legislativo

    De incio, importante que voc entenda, em linhas gerais, que as medidasprovisrias so editadas pelo Presidente da Repblica e submetidas aoCongresso nacional imediatamente. Mas, desde ento, elas produzem efeitos,com fora de lei.

    O Congresso Nacional ter 60 dias para apreci-las (prorrogveis por mais 60),no correndo esse prazo durante os perodos de recesso do Congresso.Vencido o prazo, as medidas provisrias perdero sua eficcia at entoexistente. Tudo isso ser mais bem detalhado nos subitens seguintes.

    As medidas provisrias so apreciadas nas duas Casas do Congresso Nacional,em separado (bicameralmente), iniciando-se a votao na Cmara dosDeputados (CF, art. 62, 8).

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    Porm, antes da deliberao das Casas Legislativas, caber a uma comissomista de Deputados e Senadores examin-las e sobre elas emitir parecer(CF, art. 62, 9).

    Observe que o papel constitucional da comisso mista no ser o de deliberar

    definitivamente sobre as medidas provisrias, mas sim o de emitir umparecer sobre elas, para o fim de auxiliar/acelerar a apreciao pelo Plenriodas duas Casas do Congresso Nacional.

    Ao final, depois do exame pela Comisso Mista e da deliberao plenria nasduas Casas Legislativas, a medida provisria poder:

    a) ser integralmente convertida em lei;

    b) ser parcialmente convertida em lei, mediante a elaborao de um projeto delei de converso (PLV);

    c) ser integralmente rejeitada pelo Congresso Nacional (rejeio expressa);d) perder a sua eficcia por decurso de prazo (rejeio tcita).

    Converso integral em lei

    Quando o Congresso Nacional aprova uma medida provisria sem alteraodo texto adotado pelo Presidente da Repblica, a lei resultante da converso promulgada diretamente pelo Presidente da Mesa do CongressoNacional. Veja que, nesse caso, como o Congresso Nacional no alterou otexto adotado pelo Presidente da Repblica, no h que se falar em retornoda matria para sano ou veto.

    Nesse caso, portanto, todo o procedimento esgotar-se- no mbito doCongresso Nacional: a medida provisria ser apreciada, convertidaintegralmente em lei, promulgada pelo Presidente da Mesa do CongressoNacional e encaminhada para publicao.

    Importante! Trata-se de hiptese de nascimento de lei sem sano no direitobrasileiro - lei resultante da converso integral de medida provisria.

    Converso parcial em lei (com alteraes)

    Quando o Congresso Nacional altera a medida provisria submetida suaapreciao, a medida provisria transformada em um projeto de lei de

    converso (PLV). Significa dizer que o Congresso Nacional elabora, a partirda medida provisria apresentada pelo Presidente da Repblica, um projeto delei de converso (PLV), por no concordar integralmente (discordar em parte)com o texto adotado pelo Presidente da Repblica.

    Se esse PLV for aprovado, ser ele encaminhado ao Presidente daRepblica para sano ou veto. Afinal, foram introduzidas alteraes namatria pelo Congresso Nacional, e, portanto, o Presidente da Repblicadever manifestar-se sobre essas modificaes.

    Cuidado! Nessa situao, quando o PLV aprovado e encaminhado ao

    Presidente da Repblica para sano ou veto, determina a Constituio Federalque a medida provisria manter-se- integralmente em vigor at que oPLV seja sancionado ou vetado (CF, art. 62, 12).

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    Essa regra foi estabelecida para se evitar a ocorrncia de um vazio jurdicosobre a matria entre a aprovao do PLV e a data de sano ou veto peloPresidente da Repblica. Se no existisse essa regra e o PLV fosse aprovado noltimo dia de vigncia da medida provisria, teramos um vazio jurdico entre a

    aprovao do PLV e a sano ou veto do Presidente da Repblica (que poderocorrer em at 15 dias teis). Afinal, neste perodo a medida provisria noproduziria mais eficcia (em virtude do esgotamento de sua eficcia, pordecurso de prazo) e o PLV ainda no estaria regulando a matria (pois aindadependeria da sano do Presidente da Repblica). Por fora dessa regraconstitucional, nesse perodo - entre a aprovao do PLV e a sano ou vetodo Presidente da Repblica - a medida provisria manter-se- integralmenteem vigor, ainda que ultrapassado o prazo constitucional de sua eficcia.

    Importante! Veja que, nessa hiptese, a medida provisria poder ter umavigncia superior ao prazo constitucional de cento e vinte dias (sessenta dias,

    prorrogveis por mais sessenta dias), haja vista que permanecerintegralmente em vigor at que o PLV seja sancionado ou vetado, ainda queultrapassado o prazo de cento e vinte dias.

    Vejamos como o Cespe cobrou isso neste ano de 2011 (prova para juiz doTRF-5a. Regiao.

    "A partir da promulgao da CF, as medidas provisrias passaram a serapreciadas pelo Congresso Nacional no prazo de sessenta dias,

    prorrogvel pelo mesmo perodo, no se admitindo, portanto,possibilidade de vigncia de medida provisria por mais de cento e vinte

    dias. "Incorreta a assertiva, uma vez que a medida provisria pode sim alcanar maisde cento e vinte dias de vigncia.

    Rejeio integral expressa

    Temos a rejeio integral expressa quando o Congresso Nacional aprecia amedida provisria no prazo constitucionalmente estabelecido e a rejeita,integral e explicitamente, por no concordar com o texto adotado peloPresidente da Repblica.

    Nesse caso - quando uma medida provisria rejeitada expressamente -, o

    Congresso Nacional ter o prazo de 60 (sessenta) dias para editar um decretolegislativo disciplinando as relaes jurdicas dela decorrentes (CF, art. 62, 3). Em outras palavras: com a rejeio integral expressa, o CongressoNacional ter um prazo de sessenta dias para editar um decreto legislativodisciplinando as relaes jurdicas que, em decorrncia da medida provisria,consolidaram-se durante a sua vigncia (no perodo entre a publicao e arejeio).

    E se o Congresso Nacional no editar esse decreto legislativo no prazo desessenta dias? Nesse caso, as relaes jurdicas constitudas e decorrentes deatos praticados durante a vigncia da medida provisria conservar-se-oregidas pelo texto da medida provisria (CF, art. 62, 11).

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    Anote-se que, na prtica, a Constituio Federal imps um nus ao CongressoNacional no caso de rejeio de medida provisria: o nus de editar umdecreto legislativo, no prazo de sessenta dias, para disciplinar as relaes

    jurdicas dela decorrentes; se o Congresso Nacional no editar esse decreto

    legislativo nesse prazo de sessenta dias, prevalecer a vontade do Presidenteda Repblica para as relaes jurdicas consolidadas no perodo, pois estaspermanecero regidas pelo texto originrio da medida provisria.

    Perda de eficcia por decurso de prazo (rejeio tcita)

    Ocorre a perda de eficcia por decurso de prazo quando se expira o prazoconstitucionalmente estabelecido sem que o Congresso Nacional tenhaapreciado a medida provisria. Essa situao denominada rejeio tcita,pois a medida provisria perde a sua eficcia tacitamente, sem ter havido umarejeio expressa (apreciao) pelo Congresso Nacional.

    Ocorrendo a rejeio tcita, teremos a mesma consequncia havida na rejeioexpressa, anteriormente estudada - ou seja: dever o Congresso Nacional, noprazo de sessenta dias, editar um decreto legislativo, para disciplinar asrelaes jurdicas decorrentes da medida provisria; se o Congresso Nacionalno editar esse decreto legislativo no prazo de sessenta dias, prevalecer avontade do Presidente da Repblica para as relaes jurdicas do perodo, poisestas permanecero regidas pelo texto originrio da medida provisria.

    7.3) Pressupostos constitucionais

    Medida provisria s pode ser adotada diante de urgncia e relevncia (CF,art. 62).

    Indaga-se: a quem cabe o exame desses pressupostos constitucionais?

    Inicialmente, cabe ao Presidente da Repblica a emisso de juzo quanto presena dos pressupostos de urgncia e relevncia.

    Posteriormente, esse exame ser realizado pelas Casas Legislativas, antesdo exame de mrito da medida provisria. Com efeito, estabelece aConstituio que a deliberao de cada uma das Casas do Congresso Nacionalsobre o mrito das medidas provisrias depender de juzo prvio sobre oatendimento de seus pressupostos constitucionais (CF, art. 62, 5). Significadizer que as duas Casas do Congresso Nacional, antes de apreciarem o mritodas medidas provisrias, tm a obrigao constitucional de emitir um juzoexpresso sobre a presena (ou no) dos seus pressupostos constitucionais deurgncia e relevncia.

    Excepcionalmente poder, ainda, o Poder Judicirio apreciar a presenadesses pressupostos, na realizao do chamado controle deconstitucionalidade. Desse modo, embora a regra seja a apreciao dospressupostos de urgncia e relevncia das medidas provisrias ficar sob aincumbncia dos Poderes Executivo e Legislativo, o Poder Judicirio pode,excepcionalmente, diante de abuso do Presidente da Repblica,

    examinar a presena desses pressupostos.Em concurso pblico, voc deve tomar cuidado com o enunciado da questo,pois se certo que o Poder Judicirio pode, excepcionalmente, apreciar os

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    pressupostos de urgncia e relevncia para edio de medida provisria, tambm certo simplesmente afirmar-se que o Poder Judicirio pode apreciaresses pressupostos (sem meno ao carter de excepcionalidade). Enfim, se oPoder Judicirio pode apreci-los excepcionalmente, porque pode apreci-los

    (no h necessidade de o enunciado referir-se, expressamente, ao"excepcionalmente").

    Um importantssimo entendimento do STF acerca desse assunto: a conversoem lei da medida provisria no convalida os eventuais vcios formaisverificados na sua edio (desatendimento dos seus pressupostos de urgnciae relevncia, por exemplo).

    Significa dizer que a converso em lei da medida provisria no afasta apossibilidade de o Poder Judicirio declarar a inconstitucionalidade da medidaprovisria (e, em consequncia, da lei resultante de sua converso) em razode vcios formais verificados no momento de sua edio (desatendimento dosseus pressupostos de urgncia e relevncia; tratamento de matria vedada medida provisria, por exemplo).

    Vejamos uma questo bem simples da FCC e uma no to simples do Cespe.

    (FCC/ANALISTA/TRF/1a REGIO/2011) A deliberao de cada uma dasCasas do Congresso Nacional sobre o mrito das medidas provisrias nodepender de juzo prvio sobre o atendimento de seus pressupostosconstitucionais.

    Pelo contrrio. Como vimos, a deliberao de cada uma das Casas doCongresso Nacional sobre o mrito das medidas provisrias depender de

    juzo prvio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais (CF, art.62, 5).

    (CESPE/ACE/MDIC/2008) De acordo com a jurisprudncia do STF, no cabvel ao direta de inconstitucionalidade contra medida provisria, sobo fundamento de ausncia dos requisitos de urgncia e relevncia, por setratar de ato que recai no mbito da discricionariedade do presidente daRepblica.

    Como regra, os requisitos de urgncia e relevncia sero analisados peloPresidente da Repblica (na edio) e pelo Congresso Nacional (que, por

    ausncia dos pressupostos, poder deixar de converter a MP em lei).Excepcionalmente, esses requisitos constitucionais legitimadores da edio demedidas provisrias (urgncia e relevncia) podem se submeter ao crivo doPoder Judicirio como forma de se garantir a supremacia constitucional. Diantedisso, o item est errado.

    7.4) Vedaes constitucionais adoo de medidas provisrias

    Medida provisria tem fora de lei e, portanto, pode substituir lei ordinria.Entretanto, no correto afirmar que medida provisria pode tratar de

    qualquer matria ordinria, pois existem limitaes estabelecidasexpressamente na Constituio Federal edio de medida provisria.

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    So vrios os dispositivos constitucionais que estabelecem as limitaes edio de medida provisria, que devero ser obrigatoriamente memorizadospelo candidato, a saber:

    a) Art. 25, 2;

    Esse dispositivo veda a adoo de medida provisria para regulamentar aexplorao dos servios locais de gs canalizado.

    Observe que essa vedao dirige-se aos governadores de Estado, naquelesEstados que optaram pela adoo de medida provisria no seu mbito, hajavista que a competncia para regulamentar a explorao dos servios locais degs canalizado pertence ao Estado. Portanto, no faz sentido essa vedaodirigir-se ao Presidente da Repblica.

    b) Art. 62, 1;

    Esse o dispositivo constitucional que estabelece um extenso rol de matriasvedadas medida provisria, todas importantssimas para a sua prova. Comefeito, dispe tal dispositivo que vedada a edio de medidas provisriassobre matria:

    - relativa a nacionalidade, cidadania, direitos polticos, partidos polticos edireito eleitoral;

    - direito penal, processual penal e processual civil; organizao do PoderJudicirio e do Ministrio Pblico, a carreira e a garantia de seus membros;

    - planos plurianuais, diretrizes oramentrias, oramento e crditos adicionais

    e suplementares, ressalvada a abertura de crdito extraordinrio paraatender a despesas imprevisveis e urgentes, como as decorrentes deguerra, comoo interna ou calamidade pblica;

    - que vise a deteno ou seqestro de bens, de poupana popular ou qualqueroutro ativo financeiro;

    - reservada a lei complementar;

    - j disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional ependente de sano ou veto do Presidente da Repblica.

    c) Art. 246;

    Esse artigo da Constituio estabelece uma estranha regra, fixada pela EC32/2001 (no vamos perder tempo, aqui, analisando a motivao para tal, poisisso no ser cobrado na sua prova!).

    Segundo o art. 246, vedada a adoo de medida provisria naregulamentao de artigo da Constituio cuja redao tenha sido alterada pormeio de emenda promulgada entre 1 de janeiro de 1995 at a promulgaoda EC 32/2001, inclusive.

    Essa vedao incide, apenas, sobre aqueles artigos da Constituio Federal quetenham sido alterados por emenda neste perodo: 1 de janeiro de 1995 at

    a data da promulgao da EC 32/2001, incluindo os artigos alteradospor esta emenda.

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    Portanto, artigos da Constituio Federal cuja redao tenha sido alterada emdata anterior a 1 de janeiro de 1995, ou posterior data da promulgao daEC 32/2001 (isto , a partir da EC n 33) esto livres dessa vedao.

    d) Art. 2 da EC 8/95;

    Esse dispositivo veda a adoo de medida provisria para regulamentar odisposto no inciso XI do art. 21 da Constituio.

    e) Art. 3 da EC 9/95;

    Esse artigo veda a adoo de medida provisria para regulamentar a matriaprevista nos incisos I a IV e nos 1 e 2 do art. 177 da Constituio;

    f) Art. 73 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias - ADCT.

    Tal dispositivo vedava a adoo de medida provisria na regulamentao doFundo Social de Emergncia, enquanto existente esse fundo.

    Alm dessas vedaes expressas, certo que o Presidente da Repblicatambm no poder dispor sobre matria da competncia privativa doCongresso Nacional (art. 49), da Cmara dos Deputados (art. 51), doSenado Federal (art. 52), do Poder Judicirio, do Ministrio Pblico e doTribunal de Contas da Unio, sob pena de usurpao dainiciativa/competncias desses rgos.

    Ora, se a Constituio Federal reservou a esses rgos a iniciativa de lei sobredeterminadas matrias, certo que o Presidente da Repblica no poderusurpar essa iniciativa privativa e disciplin-las mediante a edio de medida

    provisria. Por exemplo: se a Constituio Federal reservou Cmara dosDeputados a iniciativa de lei sobre a remunerao de seus servidores (art. 51,IV), certo que essa matria no poder ser tratada por medida provisria.

    Algumas observaes importantes.

    A Constituio Federal veda a edio de medidas provisrias sobre matriarelativa a planos plurianuais, diretrizes oramentrias, oramento e crditosadicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, 3 (CF, art.62, 1, I, d). Essa ressalva diz respeito abertura de crditoextraordinrio para atender a despesas imprevisveis e urgentes, comoas decorrentes de guerra, comoo interna ou calamidade pblica,

    situao em que expressamente admitida a utilizao de medida provisria(CF, art. 167, 3).

    A Constituio Federal veda a adoo de medida provisria para dispor sobredireito eleitoral, penal, processual penal e processual civil. importantssimo que voc memorize esses quatro ramos do Direito. Afinal, se aConstituio s veda a adoo de medida provisria para dispor sobre essesquatro ramos do Direito porque, implicitamente, ela est admitindo a adoodessa espcie normativa para tratar dos demais ramos do Direito. Por isso, muito comum aparecer em prova de concurso questes indagando se medida

    provisria pode dispor sobre direito do trabalho, direito civil ou direitoadministrativo. E a, pode ou no pode? Ora, se tais ramos no se encontram

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    entre aqueles expressamente vedados, porque a Constituio permite a suaregulao por medida provisria.

    Vamos treinar com dois enunciados recentes do Cespe ento.

    (CESPE/ANALISTA JUDICIRIO/ADMINISTRATIVA I/TRE/MT/2010) vedada a edio de medidas provisrias sobre matria relativa a direitocivil.

    (CESPE/TCNICO JUDICIRIO/SEGURANA JUDICIRIA/TRE/BA/2010)Para matrias reservadas a lei complementar, ao presidente da Repblica vedado editar medida provisria.

    Admite-se a edio de medida provisria sobre matria relativa a direito civil;mas no se admite sobre matria relativa a direito eleitoral, direito penal,processual civil e processual penal (CF, art. 62, 1, I, "b"). Errada a primeiraquesto.

    Ademais, de fato, por ter fora de lei ordinria, no se admite medidaprovisria que trate de matria reservada lei complementar (CF, art. 62, 1, III). Correta a segunda questo.

    Ainda sobre vedao constitucional adoo de medida provisria,consideramos esta questo imbatvel! Vamos ver se voc pensaria correto nahora da prova!

    (CESPE/INSS/1997) Sabendo que a Emenda Constitucional n 11, de1996, estabeleceu que facultado s universidades admitir professores,tcnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei, correto afirmar que

    o presidente da Repblica no pode expedir medida provisria pararegular a admisso desses professores, tcnicos e cientistas estrangeirosno quadro das universidades.

    Ora, se essa matria foi disciplinada pela EC 11, promulgada em 1996,certamente no poder ser regulamentada por medida provisria, pois h,nessa situao, a incidncia da vedao estabelecida no art. 246 daConstituio, segundo a qual vedada a regulamentao por medidaprovisria de artigo da Constituio cuja redao tenha sido alterada poremenda entre 01/01/1995 at a EC 32/2001, inclusive. Item certo.

    Mas o mais interessante sobre o tema no foi essa questo do Cespe, mas estada Esaf. Veja s:

    (ESAF/PROCURADOR DO DF/2007) Sabendo-se que a EmendaConstitucional n. 11, de 30.4.96, estabeleceu que ' facultado suniversidades admitir professores, tcnicos e cientistas estrangeiros, naforma da lei', dado afirmar que o Presidente da Repblica no podeexpedir medida provisria para regular a admisso desses professores,tcnicos e cientistas estrangeiros no quadro das universidades.

    Brincadeira? A Esaf esperou dez anos e no titubeou para elaborar (oumelhor, copiar!) exatamente, literalmente, o mesmo enunciado do Cespe. Quevergonha! rs

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    Evidentemente, se a questo do Cespe estava certa, a da Esaf tambm est,pelos mesmos motivos comentados acima.

    Bem, uma coisa certa: se voc quiser acertar alguma questo sobre medidaprovisria na sua prova, a memorizao dessas vedaes constitucionais

    edio dessa espcie normativa OBRIGATRIA!7.5) Instituio ou majorao de impostos por medida provisria

    Determina a Constituio Federal que medida provisria que impliqueinstituio ou majorao de impostos s produzir efeitos no exercciofinanceiro seguinte se houver sido convertida em lei at o ltimo dia daqueleem que foi editada (CF, art. 62, 2).

    Essa exigncia de converso em lei da medida provisria at o ltimo dia doexerccio financeiro (e no somente a sua publicao!) veio para moralizar aaplicao do princpio da anterioridade tributria (CF, art. 150, III, "b"),

    evitando que uma medida provisria publicada em 31/12/2011 institua oumajore imposto sujeito anterioridade, permitindo a sua incidncia sobre fatosgeradores ocorridos j a partir do dia seguinte (01/01/2012).

    Porm, esse mesmo dispositivo constitucional estabelece que essa regra nose aplica aos seguintes impostos:

    a) importao de produtos estrangeiros (II);

    b) exportao, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE);

    c) produtos industrializados (IPI);

    d) operaes de crdito, cmbio e seguro, ou relativas a ttulos ou valoresmobilirios (IOF);

    e) impostos extraordinrios (IEG).

    Esses impostos que no sofrem a aplicao dessa exigncia so justamenteaqueles que no se sujeitam ao princpio da anterioridade (CF, art. 150, 1).Afinal, se no se sujeitam ao princpio da anterioridade, no h razes paraaplicao dessa regra de exigncia da converso da medida provisria em leiat o ltimo dia do exerccio financeiro em que editada.

    Importante destacar, ainda, que essa regra do art. 62, 2, s se aplica a

    impostos (excepcionados o II, IE, IPI, IOF e IEG), e no a todas as espciesde tributos. No aplicvel, portanto, instituio ou majorao de taxas,contribuies de melhoria e contribuies sociais, de interveno no domnioeconmico e de interesse das categorias profissionais ou econmicas.

    Vejamos alguns exemplos: (i) medida provisria publicada em setembro de2011 majorando a alquota do imposto de renda s produzir efeitos noexerccio de 2012 se houver sido convertida em lei at 31/12/2011; (ii)medida provisria publicada em setembro de 2011 majorando a alquota doimposto de importao produzir efeitos imediatamente, porque no lhe aplicatal regra do 2 do art. 62, nem o princpio da anterioridade tributria,

    previsto no art. 150, III, "b", tampouco o princpio da noventena, previsto noart. 150, III, "c" da Constituio (art. 150, 1).

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    7.6) Prazo de eficcia das medidas provisrias

    O prazo de eficcia da medida provisria, durante o qual o Congresso Nacionaldever concluir o processo legislativo de sua apreciao, de sessenta dias,prorrogvel por uma nica vez por igual perodo (CF, art. 62, 3).

    Esses prazos no correm durante os perodos de recesso do CongressoNacional, exceto se houver convocao extraordinria do Congresso Nacional. que havendo convocao extraordinria do Congresso Nacional, as medidasprovisrias em vigor na data da convocao sero automaticamente includasna pauta de votao (CF, art. 57, 8). Ora, se sero automaticamenteincludas na pauta de votao, porque estaro em apreciao e, portanto,haver contagem dos prazos durante a sesso extraordinria. Terminada aconvocao extraordinria, suspende-se novamente a contagem, se aindaremanescer o perodo de recesso do Congresso Nacional.

    Essa prorrogao automtica, por fora do prprio texto constitucional. S necessrio um requisito para que haja a prorrogao: os primeiros sessentadias no forem suficientes para a concluso do processo legislativo deapreciao da medida provisria.

    Esgotado esse prazo sem a concluso de sua apreciao, a medida provisriaperder sua eficcia por decurso de prazo (rejeio tcita).

    Cuidado! Essa prorrogao do prazo de eficcia da medida provisria no podeser confundida com reedio da medida provisria, conforme explicado nospargrafos seguintes.

    A prorrogao do prazo de eficcia de medida provisria ocorre quandoesse ato normativo editado pelo Presidente da Repblica e submetido apreciao do Congresso Nacional e esgota-se o prazo de sessenta dias acontar da sua edio sem o encerramento da votao da medida provisriapelas Casas Legislativas. Quando esgotado esse prazo de sessenta dias sem oencerramento da votao da medida provisria nas Casas do CongressoNacional, ele automaticamente prorrogado por uma nica vez por igualperodo (isto , a eficcia da medida provisria prorrogada por mais sessentadias, ganhando as Casas do Congresso Nacional mais esse novo perodo paraconcluir a respectiva votao).

    J a reedio de medida provisria ocorre quando a medida provisriaanterior rejeitada pelas Casas do Congresso Nacional ou perde a sua eficciapor decurso de prazo (isto , quando perde a sua eficcia pelo esgotamento doprazo de sessenta mais sessenta dias sem a concluso da votao pelas Casasdo Congresso Nacional). Ocorrendo essa situao, o Presidente da Repblicapoder reeditar a medida provisria anterior, cuidando da mesma matria,desde que em sesso legislativa diferente daquela em que se deu a suarejeio ou perda de eficcia por decurso de prazo (art. 62, 10).

    Outro aspecto importante: embora a eficcia de uma medida provisria seja sesessenta dias, prorrogveis por mais sessenta dias, no correto afirmarque o prazo mximo de eficcia de uma medida provisria de cento evinte dias.

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    Primeiro, porque na contagem desse prazo no so computados os perodos derecesso do Congresso Nacional (CF, art. 62, 4). Assim, se uma medidaprovisria for editada em 24/12/2011 (durante o perodo de recesso,portanto), a contagem do prazo s ser iniciada em 02/02/2012 (data de

    reincio dos trabalhos parlamentares, aps o trmino do recesso), exceto sedurante o recesso houver convocao extraordinria do Congresso Nacional.

    Segundo, porque no caso de aprovao de projeto de lei de converso (PLV)alterando o texto original da medida provisria, esta manter-se-integralmente em vigor at que seja sancionado ou vetado o PLV, ainda queultrapassado o prazo de cento e vinte dias (CF, art. 62, 12).

    Portanto, nessas duas hipteses - recesso do Congresso Nacional e conversoparcial da medida provisria, com a elaborao de um PLV - a medidaprovisria poder ter vigncia superior a cento e vinte dias.

    Ainda, outro aspecto importante. No sabemos se voc observou, mas vejaque, atualmente, quando editada uma medida provisria durante o perodode recesso do Congresso Nacional, ela comea, desde a publicao, a regularnormalmente a matria, com fora de lei. A nica distino para um perodonormal, de trabalhos legislativos, que no correro, durante o perodo derecesso, os prazos para sua apreciao (CF, art. 62, 4).

    7.7) Sobrestamento de pauta por medida provisria

    O prazo para o trancamento da pauta da Casa Legislativa em que a medidaprovisria estiver tramitando de quarenta e cinco dias, improrrogvel (CF,art. 62, 6).

    Conforme vimos anteriormente, esses prazos para apreciao de medidaprovisria no correm durante os perodos de recesso do Congresso Nacional(CF, art. 62, 4), exceto se houver convocao extraordinria do CongressoNacional (CF, art. 57, 8).

    Esgotado esse prazo de quarenta e cinco dias, contado da publicao, sem aconcluso da apreciao da medida provisria, esta entrar em regime deurgncia, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional,ficando sobrestadas, at que se ultime a votao, todas as demaisdeliberaes legislativas da Casa em que estiver tramitando (CF, art. 62, 6).

    Exemplificando: se o prazo de quarenta e cinco dias expirar na Cmara dosDeputados (Casa iniciadora obrigatria no processo legislativo de medidaprovisria), a medida provisria entrar em regime de urgncia e trancar apauta dessa Casa Legislativa; posteriormente, quando a Cmara dosDeputados ultimar a votao da medida provisria, haver a liberao de suapauta de votao, e a medida provisria ser encaminhada ao Senado Federal;chegando ao Senado Federal, a medida provisria entrar, de pronto, emregime de urgncia, trancando a pauta desta Casa Legislativa (no havernova contagem do prazo de quarenta e cinco dias na segunda Casa Legislativa;a contagem de quarenta e cinco dias uma s, a partir da publicao damedida provisria); se o Senado Federal modificar substancialmente a matria(emendar), a medida provisria retornar Cmara dos Deputados, paraexame das emendas, e j entrar, de imediato, em regime de urgncia,Profs. Vicente Paulo e Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 31

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    trancando novamente a pauta de votao desta Casa, at que se ultime a suavotao.

    Vamos repetir, para que no haja confuso de sua parte:

    a) se a medida provisria no for apreciada em at quarenta e cinco dias(improrrogveis) contados de sua publicao, entrar em regime de urgncia,ficando a pauta sobrestada, at que se ultime a votao da medida provisria(trancamento de pauta);

    b) ultimada a votao da medida provisria pela Casa Legislativa, sua pautaestar liberada, e a medida provisria seguir para a outra Casa Legislativa,hiptese em que a pauta desta ltima Casa j ficar trancada (no havercontagem de novo prazo de quarenta e cinco dias), at que seja ultimada avotao da medida provisria.

    Os maiores detalhes sobre o sobrestamento de pauta por medida provisria

    so, portanto, os seguintes: (a) o prazo para o trancamento da pauta dequarenta e cinco dias, improrrogveis, contados a partir da publicao damedida provisria; (b) trata-se de um s prazo de quarenta e cinco dias, isto, no so quarenta e cinco dias para cada uma das Casas do CongressoNacional (como ocorre no processo legislativo sumrio de lei - art. 64, 2).

    Este assunto foi cobrado de maneira bem bsica pela FCC neste ano.

    (FCC/ANALISTA/TRF/1a REGIO/2011) Se a medida provisria no forapreciada em at trinta e cinco dias contados de sua publicao, entrarem regime de urgncia, subsequentemente, em cada uma das Casas do

    Congresso Nacional, ficando sobrestadas, at que se ultime a votao,todas as demais deliberaes legislativas da Casa em que estivertramitando.

    O prazo para o trancamento da pauta de 45 dias (CF, art. 62, 6). Diantedisso, incorreto (e fcil) o item.

    Qual o alcance do trancamento de pauta por medida provisria?

    Bem, estabelece a Constituio Federal que, havendo o trancamento de pauta,ficaro "sobrestadas, at que se ultime a votao, todas as demaisdeliberaes legislativas da Casa em que estiver tramitando (art. 62,

    6).Portanto, pela literalidade do texto constitucional, a regra de que osobrestamento seria absoluto, ficando sobrestadas todas as demais matriasem deliberao na respectiva Casa Legislativa.

    Entretanto, importante destacar que, em 2009, o Supremo Tribunal Federal,por deciso liminar monocrtica do Ministro Celso de Mello (MS 27931, rel.Min. Celso de Mello, 27/03/2009), referendou entendimento do Presidente daCmara dos Deputados, Michel Temer, dando outro alcance ao sobrestamentode pauta pela medida provisria.

    Para Michel Temer, propostas de emenda Constituio (PEC), projetos de leicomplementar, resolues, decretos legislativos e matrias vedadas medidaprovisria (art. 62, 1) podero ser votados em sesses extraordinrias,

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    mesmo com a pauta trancada por medidas provisrias nas sesses ordinrias,porque, segundo ele, as medidas provisrias no podem tratar dos temasreservados a essas propostas. Com isso, ele defende que o trancamento depauta deve ser limitado s sesses ordinrias, e no s extraordinrias.

    Ou, em outras palavras: para Temer, o trancamento de pauta por medidaprovisria deve ser aplicado apenas aos projetos de lei ordinria quepodem ser objeto de medida provisria, no sendo atingidas pelotrancamento, portanto, as propostas de emenda Constituio (PEC), osprojetos de lei complementar, as resolues, os decretos legislativos e asdemais matrias vedadas medida provisria (CF, art. 62, 1).

    Adotando-se o entendimento de Temer, as medidas provisrias seriamanalisadas pelos deputados nas sesses ordinrias, que ocorrem de tera aquinta-feira no plenrio, e os deputados estariam livres para votar as matriasvedadas medida provisria - propostas de emenda constitucional, resolues,decretos legislativos, leis complementares e as matrias do art. 62, 1 - emsesses extraordinrias da Casa.

    Em defesa do seu posicionamento, Michel Temer apresentou um fundamentode natureza poltica, no sentido de que se no encontrarem uma soluointerpretativa do texto constitucional que os permita o destrancamento dapauta, os deputados s vo conseguir apreciar as medidas provisrias, ficandoparalisada a anlise de todos os outros atos legislativos. De outra parte,apresenta fundamento de natureza jurdica, baseado no fato de que como amedida provisria s pode versar sobre matria de lei ordinria, a expresso"todas as demais deliberaes legislativas", do artigo 62, deve ser entendidacomo "todas as demais deliberaes legislativas ordinrias".

    Pois bem, o Ministro do STF Celso de Mello manteve esse entendimento dopresidente da Cmara, Michel Temer, que permite a anlise das mencionadasmatrias vedadas medida provisria mesmo quando a pauta da Casa estivertrancada por esta espcie normativa.

    Segundo Celso de Mello, a deciso de Temer "teria, aparentemente, a virtudede fazer instaurar, no mbito da Cmara dos Deputados, verdadeira prxislibertadora do desempenho da funo primria que, histrica einstitucionalmente, sempre lhe pertenceu: a funo de legislar". Ele afirma

    ainda