aula 07 - métodos experimentais utilizados em estudos com proteínas- final

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04/03/2011 1 Métodos experimentais utilizados em estudos com proteínas Prof a . Nídia Métodos baseados em características físico-químicas das biomoléculas: 1. Tamanho Massa Densidade (ex: centrifugação, diálise, gel-filtração) 2. Carga elétrica (ex: cromatografia de troca iônica, eletroforese) 3. Solubilidade ou hidrofobicidade (ex: cromatografia em papel, fase reversa) Métodos baseados em afinidade biológica, que exploram a interação entre duas moléculas: 4. Cromatografia de afinidade (pressupõe que uma das moléculas do par que interage é um “reagente” de fácil obtenção, disponível comercialmente) Métodos de Isolamento de Biomoléculas Existe uma grande variedade de métodos visando a separação de biomoléculas. Como na maioria das vezes o que se pretende purificar é uma proteína,(o grupo de moléculas com maior diversidade) as metodologias de separação de proteínas tiveram um grande desenvolvimento, com muitas opções disponíveis. Os métodos de separação de biomoléculas são agrupados em duas categorias: ORGANELAS Lisossomos Lisossomos Mitocôndria Mitocôndria Golgi Golgi Núcleo Núcleo SOBRENADANTE F 1 F 2 F 3 F 4 F 2 .1 F 2 .2 F 2 .3 F 2 .3.1 F 2 .3.2 . . . . . . F 2. 3.N Precipitação com Sal/Solvente Precipitação com Sal/Solvente Cromatografia Troca Iônica Cromatografia Troca Iônica (pH ou resina diferente) F 2 .3.N.X 1 Proteína apenas (0.001g) - 0.1 a 0.5% total Gel Filtração MATERIAL BIOLÓGICO DE PARTIDA: (100g) O fluxograma ao lado representa a “marcha” de purificação de uma proteína, mostrando as etapas sucessivas, cada uma consistindo de método, que levam ao isolamento de uma proteína presente numa mistura complexa. Observe a quantidade de proteínas (100g) presente no material inicial e quanto da proteína purificada se obtém no final (0,001g). Esses números são típicos para a purificação da maioria das proteínas, em especial enzimas. Em cada etapa, a proteína de interesse é separada das demais com base em uma propriedade diferente. Conseqüentemente, as proteínas ainda misturadas com aquela que está sendo isolada são cada vez mais semelhantes em suas características físico-químicas, exigindo métodos cada mais sensíveis, capazes de explorar pequenas diferenças, para se chegar à proteína pura. Extrato bruto Medida da atividade biológica - particular para cada proteína - deve ser quantitativa, para estimar quanto da proteína de interesse há em cada fração. Medidas do conteúdo protéico (diversos) - absorbância de luz UV de 280 nm - métodos colorimétricos (ex: Lowry, Bradford, BCA, etc) Além dos métodos de purificação, análises complementares devem ser feitas ao longo da purificação, para verificar se o processo de separação está sendo eficiente. A medida da atividade biológica da proteína de interesse e do conteúdo de proteínas de cada fração resultante do processo de separação devem ser feitas a cada passo. Assim, apenas a fração que contém a proteína de interesse, marcada com um círculo vermelho no fluxograma, é submetida à próxima etapa de purificação. ORGANELAS Lisossomos Lisossomos Mitocôndria Mitocôndria Golgi Golgi Núcleo Núcleo SOBRENADANTE F 1 F 2 F 3 F 4 F 2 .1 F 2 .2 F 2 .3 F 2 .3.1 F 2 .3.2 . . . . . . F 2. 3.N Precipitação com Sal/Solvente Precipitação com Sal/Solvente Cromatografia Troca Iônica Cromatografia Troca Iônica (pH ou resina diferente) F 2 .3.N.X 1 Proteína apenas (0.001g) - 0.1 a 0.5% total Gel Filtração MATERIAL BIOLÓGICO DE PARTIDA: (100g)

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Page 1: Aula 07 - Métodos experimentais utilizados em estudos com proteínas- Final

04/03/2011

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Métodos experimentais utilizados em estudos com proteínas

Profa. Nídia

Métodos baseados em características físico-químicas das biomoléculas:

1. Tamanho – Massa – Densidade (ex: centrifugação, diálise, gel-filtração)

2. Carga elétrica (ex: cromatografia de troca iônica, eletroforese)

3. Solubilidade ou hidrofobicidade (ex: cromatografia em papel, fase reversa)

Métodos baseados em afinidade biológica, que exploram a interação entre duas

moléculas:

4. Cromatografia de afinidade (pressupõe que uma das moléculas do par que

interage é um “reagente” de fácil obtenção, disponível comercialmente)

Métodos de Isolamento de Biomoléculas

Existe uma grande variedade de métodos visando a separação de

biomoléculas.

Como na maioria das vezes o que se pretende purificar é uma proteína,(o grupo

de moléculas com maior diversidade) as metodologias de separação de proteínas

tiveram um grande desenvolvimento, com muitas opções disponíveis.

Os métodos de separação de biomoléculas são agrupados em duas categorias:

ORGANELAS

LisossomosLisossomos

MitocôndriaMitocôndria

GolgiGolgi

NúcleoNúcleo

SOBRENADANTE

F1 F

2F

3F

4

F2 .1

F2 .2 F

2 .3

F2 .3.1

F2 .3.2 . . . . . . F

2. 3.N

Precipitação com Sal/Solvente

Precipitação com Sal/Solvente

Cromatografia Troca Iônica

Cromatografia Troca Iônica

(pH ou resina diferente)

F2 .3.N.X

1 Proteína apenas

(0.001g) - 0.1 a 0.5% total

Gel Filtração

MATERIAL BIOLÓGICO DE PARTIDA: (100g) •O fluxograma ao lado representa a

“marcha” de purificação de uma proteína,

mostrando as etapas sucessivas, cada

uma consistindo de método, que levam ao

isolamento de uma proteína presente

numa mistura complexa.

•Observe a quantidade de proteínas

(100g) presente no material inicial e

quanto da proteína purificada se obtém no

final (0,001g). Esses números são típicos

para a purificação da maioria das

proteínas, em especial enzimas.

•Em cada etapa, a proteína de interesse é

separada das demais com base em uma

propriedade diferente.

•Conseqüentemente, as proteínas ainda

misturadas com aquela que está sendo

isolada são cada vez mais semelhantes

em suas características físico-químicas,

exigindo métodos cada mais sensíveis,

capazes de explorar pequenas diferenças,

para se chegar à proteína pura.

Extrato bruto

• Medida da atividade biológica

- particular para cada proteína

- deve ser quantitativa, para estimar quanto

da proteína de interesse há em cada fração.

• Medidas do conteúdo protéico (diversos)

- absorbância de luz UV de 280 nm

- métodos colorimétricos

(ex: Lowry, Bradford, BCA, etc)

Além dos métodos de purificação, análises

complementares devem ser feitas ao longo da

purificação, para verificar se o processo de

separação está sendo eficiente.

A medida da atividade biológica da proteína

de interesse e do conteúdo de proteínas de

cada fração resultante do processo de

separação devem ser feitas a cada passo.

Assim, apenas a fração que contém a

proteína de interesse, marcada com um

círculo vermelho no fluxograma, é submetida

à próxima etapa de purificação.

ORGANELAS

LisossomosLisossomos

MitocôndriaMitocôndria

GolgiGolgi

NúcleoNúcleo

SOBRENADANTE

F1 F

2F

3F

4

F2 .1

F2 .2 F

2 .3

F2 .3.1

F2 .3.2 . . . . . . F

2. 3.N

Precipitação com Sal/Solvente

Precipitação com Sal/Solvente

Cromatografia Troca Iônica

Cromatografia Troca Iônica

(pH ou resina diferente)

F2 .3.N.X

1 Proteína apenas

(0.001g) - 0.1 a 0.5% total

Gel Filtração

MATERIAL BIOLÓGICO DE PARTIDA: (100g)

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Para iniciar a purificação, inicialmente é necessário extrair a proteína de interesse

para um meio líquido, exceto se ela já estiver naturalmente presente em um meio

líquido (sangue, suor, água do mar, meio de cultura, seiva de planta, etc).

tecidos

células

Homogeneização

(para romper tecidos e células)

por pressão

(prensa francesa)

liquefação

(Potter)

Homogenado

ou

Extrato bruto

Material

de

partida

Material na

fonte

por ultra-som com

detergente

Vários métodos são

possíveis para transformar

células, órgãos, tecidos em

um homogenado, ou extrato

bruto.

sangue centrifugado: separação de plasma e células

A centrifugação freqüentemente é uma das primeiras

etapas de purificação aplicado a um extrato bruto.

Através do movimento de rotação do rotor da centrífuga,

uma força centrífuga é aplicada à amostra, separando seus

componentes através de suas massas e/ou densidade,

conforme a técnica.

Através de sucessivas etapas de centrifugação com

velocidades (rotações por minuto, rpm) crescentes, pode-se

obter diferentes frações de um homogenado de células ou

tecidos.

centrifugação diferencialhomogenado

células intactas

pedaços de membrana

núcleos

mitocôndrias

lisossomos

ribossomos

fração

citoplasmática

A centrífuga

Câmara blindadaAmostra sedimentando

refrigeração vácuo

rotor

ângulo

fixo

As mais potentes ultracentrífugas atuais ainda não são capazes de sedimentar proteínas.

Processos que diminuem a solubilidade e provocam a precipitação fracionada de proteínas

são utilizados como etapas preliminares de purificação. Uma das vantagens desses métodos

é o baixo custo e capacidade de processar grandes volumes/massas.

A precipitação de proteínas pode ser induzida por:

- adição de sais (Precipitação salina)

- adição de solventes

- variação de pH (Precipitação isoelétrica)

So

lub

ilid

ad

e d

a h

em

og

lob

ina

(S

/S’)

KCl

NaCl

MgSO4

(NH4)2SO4

K2SO4

Concentração do Sal,, Molar

Salting-in X Salting-out

O gráfico ilustra o efeito de

diferentes sais sobre a solubilidade

da hemoglobina.

Em baixa concentração salina, a

solubilidade das proteínas aumenta,

pois os íons do sal ajudam a reforçar

a camada de solvatação.

Em alta concentração salina, a

solubilidade das proteínas diminui

pois os íons do sal competem pelas

moléculas de água disponíveis para

formar a sua própria camada de

solvatação.

Diferenças na solubilidade

proteíca.

So

lub

ilid

ad

e,

log

FibrinogênioPseudoglobulina

MioglobinaAlbumina

Hemoglobina

Concentração do Sal (NH4)2SO4,, Molar

Sais se dissociam em solução aquosa e competem com as proteínas pela água

de solvatação.

Considere uma solução com fibrinogênio,

albumina, hemoglobina, pseudoglobulina e

mioglobina e observe o gráfico.

Usando o sal sulfato de amônio (NH4)2SO4,

pode-se purificar completamente o fibrinogênio

a partir de uma mistura das 5 proteínas, pois

este precipita totalmente em uma saturação de

2,8 M do sal.

Neste ponto, centrifuga-se a solução e o

fibrinogênio é coletado como um precipitado.

Numa próxima etapa, adicionando-se mais

sal à solução até uma saturação de 7 M, pode-

se obter um novo precipitado contendo

albumina, hemoglobina e pseudoglobulina.

E teremos também purificada a mioglobina,

ainda solúvel na presença de 7M do sal, e que

ficou sozinha no sobrenadante.

Proteínas apresentam diferente sensibilidade

para a precipitação salina.

- precipitam primeiro:

proteínas maiores

proteínas mais hidrofóbicas

possuem camadas de solvatação maiores

ou menos organizadas, mais fáceis de pertubar.

Page 3: Aula 07 - Métodos experimentais utilizados em estudos com proteínas- Final

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3

Solventes miscíveis com a água diminuem a constante

dielétrica do meio e desorganizam a camada de

solvatação das proteínas.

Os mais utilizados são etanol e acetona.

Proteínas também podem ser precipitadas com adição de solventes ao meio ou

quando colocadas em meio com pH próximo ao seu ponto isoelétrico.

Água

Dimetilformamida

Metanol

Etanol

Acetona

Clorofórmio

Benzeno

78.5 1.85

48.9 3.96

32.6 1.66

24.3 1.68

20.7 2.72

4.8 1.15

2.3 0.00

Solvente Constante

Dielétrica

Momento

Dipolar

Proteína P.I.

Pepsina <1,0

Ovalbumina galinha 4,6

Albumina sérica humana 4,9

Tropomiosina 5,1

Insulina bovina 5,4

Fibrinogênio humano 5,8

Gama-globulina 6,6

Colágeno 6,6

Mioglobina equina 7,0

Hemoglobina humana 7,1

Ribonuclease A bovina 7,8

Citocromo C equino 10,6

Histona bovina 10,8

Lisozima, galinha 11,0

Salmina, salmão 12,1

Ponto Isoelétrico de algumas Proteínas

Proteínas colocadas em meio com pH igual ao seu PI

tendem a precipitar, pois tendo carga neutra, apresentam

a camada de solvatação menos organizada.

• a amostra é colocada dentro de um saco feito com uma membrana de celofane com poros

tratados, que permite a passagem de moléculas até 10,000 d.

• o saco contendo a amostra é imerso em um recipiente contendo o solvente que se deseja.

• excesso de sal ou de solvente se difunde para o solvente

• após várias trocas de solvente, todo o excesso de sal/solvente terá sido retirado.

Para obter as proteínas precipitadas em solução novamente, é necessário

reverter as condições que levaram à precipitação.

Membrana

de celofane

solvente

solução a

ser dialisada

Aos precipitados obtidos com sal ou

solvente, adiciona-se água.

Ao precipitado obtido com variação

de pH, retornar ao pH original.

início finalDt

Para remover o excesso de sal ou do solvente no precipitado, utiliza-se

a diálise.

ORGANELAS

LisossomosLisossomos

MitocôndriaMitocôndria

GolgiGolgi

NúcleoNúcleo

SOBRENADANTE

F1 F

2F

3F

4

F2 .1

F2 .2 F

2 .3

F2 .3.1

F2 .3.2 . . . . . . F

2. 3.N

Precipitação com Sal/Solvente

Precipitação com Sal/Solvente

Cromatografia Troca Iônica

Cromatografia Troca Iônica

(pH ou resina diferente)

F2 .3.N.X

1 Proteína apenas

(0.001g) - 0.1 a 0.5% total

Gel Filtração

MATERIAL BIOLÓGICO DE PARTIDA: (100g) Até o momento, exploramos as

etapas iniciais de purificação de

proteínas, como a centrifugação

diferencial e precipitação

fracionada.

Esses métodos, apesar de terem

baixo poder de resolução (exploram

diferenças grosseiras entre as

proteínas), permitem processar

grandes volumes ou massas, típicos

das etapas iniciais de isolamento.

Quando já houve redução significa-

tiva dos montantes de proteínas a

serem processados, iniciam-se as

cromatografias, que irão explorar as

diferenças mais sutis entre as

moléculas.

Não esquecer que todas as frações

obtidas devem ter o conteúdo de

proteínas e de atividade biológica

medidos, para se decidir qual/quais

deverão passar para o passo

seguinte da purificação.

Métodos para medida do conteúdo de proteína:

A absorbância de uma solução de proteínas a 280nm é diretamente proporcional

ao seu conteúdo protéico, desde que essas contenham esses aminoácidos na sua

composição, especialmente triptofano.

A vantagem desse método é que ele não é destrutivo para a proteína.

Em geral, considera-se que uma leitura de 1,0 A280 equivale a uma concentração

de 1 mg/mL.

Comprimento de onda

Ab

so

rtiv

idad

e m

ola

r, e O gráfico mostra o

espectro de absorção de

luz UV dos aminoácidos

aromáticos Trp, Tyr ou

Phe.

Page 4: Aula 07 - Métodos experimentais utilizados em estudos com proteínas- Final

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Cromatografia

Esta técnica consiste na passagem da proteína através de uma coluna (faseestacionária) que é desenhada para reter ou diminuir a velocidade da passagem da fasemóvel onde estão as macromoléculas (proteínas);

A técnica baseia-se numa propriedade particular:

• como o tamanho, carga ou afinidade química.

A solução a analisar deve conter a proteína concentrada e o método deve ser rápidopara evitar a degradação da mesma, devendo no entanto, utilizar-se inibidores deproteases.

Que características devem ter as resina cromatográficas para possibilitar

separações de moléculas baseadas em diferentes propriedades ?

Cromatografia de permeação em gel ou gel-filtração:

separação de moléculas pela massa molecular

géis são porosos, funcionando como peneiras ou filtros

Cromatografia de troca iônica:

separação de moléculas pela carga elétrica

géis apresentam grupos carregados positiva- ou negativamente

Cromatografia de partição (fase reversa ou hidrofóbica):

separação de moléculas pela solubilidade relativa em meio aquoso

géis possuem caráter hidrofóbico

Cromatografia de afinidade:

separação de moléculas pela capacidade de interagir com um ligante

géis possuem ligante específico ligado covalente à resina

Cromatografia em Coluna

Con

cen

traçã

o

Tempo ou volume

Coletor de

frações

Funcionamento Básico de uma Coluna Cromatográfica

Uma coluna é um tubo cilíndrico aberto nas duas extremidades e preenchido com a

resina ou matriz ou gel cromatográfico.

A coluna é constantemente alimentada com líquido (tampão), banhando a resina e

forçando o contato desta com as moléculas que estão sendo analisadas.

Abaixo está representado o esquema geral de uma cromatografia:

Tempo 1

Mais tampão é

colocado na

coluna, forçando os

componentes

da amostra a

interagirem

com a resina

Componentes da

amostra se

separam e saem da coluna com

diferentes

volumes de

tampão

Tempo 2 Tempo n

Líquido

que sai da

coluna é recolhido

em tubos

de um

coletor de

frações

Os componentes da mistura são

separados por interação diferenciada

com a resina, com base em

propriedades moleculares como:

• massa molecular

• carga elétrica

• solubilidade

• afinidade

Amostra com

diferentes

componentes

Resina

embebida

em tampão

Tempo zero

Um cromatograma, como o

gráfico ao lado, é a maneira

usual de se representar o resultado de uma cromatografia.

Page 5: Aula 07 - Métodos experimentais utilizados em estudos com proteínas- Final

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Cromatografia de Troca Iônica

A cromatografia de troca iônicaexplora as diferenças no sinal e namagnitude das cargas líquidas dasproteínas em um dado pH.

Cromatografia de troca iônica

A resina para cromatografia de troca iônica apresenta carga elétrica, positiva ou

negativa, em uma ampla faixa de pH.

Trocadora de ânions Trocadora de cátions

DEAE CM

Existem dois tipos básicos:

resinas trocadoras de ânions (possuem carga positiva), como o dietilaminoetil

(DEAE)-celulose e;

resinas trocadoras de cátions (possuem carga negativa), como o carboxi-metil

(CM)-celulose.

Assim, o DEAE-celulose pode ser utilizado em pH abaixo de 10, enquanto

o CM-celulose é utilizado em pH acima de 4, condições em que pelo menos

50% dos grupos dessas resinas estão carregados.

Cromatografia de troca iônica

O gráfico mostra que essas resinas mantém suas cargas em uma ampla faixa

de pH.

Como funciona a Cromatografia de Troca Iônica

Adsorção

Eluição

++

+

+

++

+

+

Moléculas com a mesma carga,

ou sem carga, não interagem com a resina,

sendo as primeiras a sair da coluna

Adição de sal ao tampão resulta em

competição entre os íons em solução

e as moléculas adsorvidas na resina.

Na+Cl- +

A cromatografia de troca iônica compreende duas

etapas:

1) adsorção das proteínas com carga contrária à

resina, e saída da coluna das proteínas com a

mesma carga;

2) eluição das proteínas adsorvidas.

++

+

+

++

+

+

+

++

No exemplo ao lado, como funciona uma resina catiônica ou

trocadora de ânions, como o DEAE-celulose:

Para a eluição, as condições de adsorção da coluna

(pH ou força iônica) são alteradas para neutralizar a

interação entre as proteínas e a resina.

Mais frequentemente utiliza-se um aumento da

concentração do sal no tampão, pois alterações

de pH podem desnaturar proteínas, levando-as a

precipitar dentro da coluna.

Page 6: Aula 07 - Métodos experimentais utilizados em estudos com proteínas- Final

04/03/2011

6

Carboximetil~celulose

(trocadora de cátions)Dietilaminoetil~celulose

(trocadora de ânions)

Duas Modalidades de Cromatografia de Troca Iônica

Gradientes de sal podem fracionar as proteínas adsorvidas na resina de acordo com

a intensidade de suas cargas, que é dada pela diferença entre seus PIs e o pH do

tampão de eluição.

As proteínas não retidas (com a mesma carga da resina) não são separadas, sendo

simplesmente “arrastadas” pelo tampão.

_

=

=_

+

++++

(+)

(+)

(+)

(+)

0. 10 M

0. 15 M

0. 20 M

Eluição NaCl

Não retidas

DEAE++

0. 10 M

0. 15 M

0. 20 M

Eluição NaCl

+

(-)

(-)

(-)

+++

_ =

=_(-)

Não retidas

CM

Cromatografia de Gel-Filtração (ou Cromatografia de

exclusão ou peneira molecular )

A cromatografia de exclusão portamanho, também chamada de gel-filtração, separa as proteínas deacordo com seu tamanho.

Cromatografia de gel filtração ou peneira molecular

grãos (beads) da

resina com poros

grão da resina poroso

proteína grande

proteína pequena

Tampão

“empurra”

moléculas através da

resina

tubos

Na gel-filtração, as proteínas que penetram nos poros da resina precisam de diferentes

volumes de tampão para saírem da coluna, conforme suas massas moleculares, percorrendo os

canais internos dos grãos. Quanto maior o número de grãos em que cada molécula entrar durante

o percurso através da coluna, maior o volume necessário para sua saída.

Proteínas maiores que o diâmetro dos poros não são separadas e saem da coluna com pouco

tampão, correspondente apenas ao volume da coluna externo aos grãos, também chamado de

volume morto (Vo).

Proteínas menores que o diâmetro dos poros não são separadas e saem da coluna com um

volume de tampão correspondente ao volume interno (Vi, volume total menos o volume do próprio

gel).

Moléculas com massas diferentes

Fluxo do tampão

Ab

sorb

ân

cia

a 2

80

nm

volume

Med

ida

da

ati

v. b

ioló

gic

a

Moléculas

maiores

Moléculas

menores

Kav

Ma

ssa

mo

lecu

lar

(kD

)

20 40 60 80 100 120 mL

25 50 75 100 125 mL

volume de eluição

A cromatografia de gel-filtração possibilita estimar a massa molecular de

uma proteína em seu estado nativo

Além de purificar, por ser realizada em condições de pH, força iônica

e temperatura que preservam a atividade biológica da proteína, a

gel-filtração fornece a Mr do seu estado nativo.

Para isso, é necessário “calibrar” a coluna com proteínas de massa

molecular conhecida, construindo-se uma curva de calibração.

O volume de saída (eluição) de uma proteína numa coluna de gel-

filtração é proporcional ao logaritmo de sua massa molecular.

Curva de calibração

traçado da medida de atividade

biológica nas frações

Medir o volume de eluição da

fração mais ativa. Transportar

para a curva de calibração.

Ler a massa

correspondente

Observar

a escala

log

Page 7: Aula 07 - Métodos experimentais utilizados em estudos com proteínas- Final

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7

Resinas para Gel-Filtração

Sephadex G-10 Dextrana 0.05 - 0.70

Sephadex G-25 Dextrana 1 - 5

Sephadex G-50 Dextrana 1 - 30

Sephadex G-100 Dextrana 4 - 150

Sephadex G-200 Dextrana 5 - 600

Bio-Gel P- 2 Policrilamida 0.1 - 1.8

Bio-Gel P- 6 Policrilamida 1 - 6

Bio-Gel P- 10 Policrilamida 1.5 - 20

Bio-Gel P- 30 Policrilamida 2.4 - 40

Bio-Gel P-100 Policrilamida 5 - 100

Bio-Gel P-300 Policrilamida 60 - 400

Sepharose 6B Agarose 10 - 4.000

Sepharose 4B Agarose 60 - 20.000

Sepharose 2B Agarose 70 - 40.000

NOME TIPO FAIXA DE RESOLUÇÃO(kD)

*Sephadex e Sepharose: Amersham Pharmacia Biotech; Bio -Gel: Bio -Rad Laboratories

Moléculas pequenas

Moléculas pequenas

Proteínas

Proteínas

Células, partículas sub-celulares

Existem diferentes tipos de resinas para gel-filtração, conforme o tipo

de moléculas ou partículas a serem separadas

indica quais os tamanhos das

partículas que podem entrar

nos poros da resina e serem

fracionados. Acima ou abaixo

da faixa, não há separação.

Cromatografia de Afinidade

A cromatografia de afinidadesepara proteínas por suasespecificidades de ligação.

Cromatografia de afinidade:

Eluição: condições que interferem na ligação da proteína ao

ligante, como mudanças no pH e/ou força iônica, ou

por competição com o ligante livre.

Desprezar

proteínas não

retidas

Lavagem

Eluição

pH 2,0 ou sal

Antígeno A

puro

Anti-A

interage

apenas

com a

proteína A

-

Mistura de proteínas

Coluna

empacotada

com esse gel

Partículas de

gel recobertas

de anticorpos

anti-A

Adsorção

Complexo

Ag-AC é

desfeito

A separação de moléculas

tem como base a interação

específica do analito

(molécula-alvo) com um

ligante imobilizado na matriz.

Forças envolvidas nessa

interação podem ser não

covalentes (eletrostáticas,

hidrofóbica, pontes de H) ou

covalentes (p.e., ponte

dissulfeto).

Ex: cromatografia de

imunoafinidade

Um dos métodos mais eficientes para a purificação de proteínas, possibilitando um alto

rendimento com número reduzido de etapas.

Ligante

grupo-específico

Especificidade

Proteína A Região Fc de IgG

Proteína G Região Fc de IgG

Concanavalina A Grupos glicosil- ou manosil-

Cibacron Blue Várias enzimas, albumina

lisina Plasminogênio, RNA ribossomal

arginina proteinases tipo tripsina

benzamidina proteinases tipo tripsina

calmodulina Proteínas reguladas por calmodulina

heparina Fatores de coagulação, lipases,

hormônios, receptores estoróides, etc

Metais de transição Proteínas e peptídeos com resíduos

de His expostos

1. Mono-específicos: ligação específica da molécula-alvo

- análogos de substratos ou inibidores de enzimas

- agonistas ou antagonistas de receptores

- determinantes antigênicos de anticorpos

- ligantes com “tag” ou “marcação”

- glutationa-S-transferase

- poli-Histidina

2. Grupo-específico: ligantes para separação de grupos:

Tipo de ligantes em cromatografia de afinidade

8-AEA-cAMP

8-(2-aminoethyl)aminoadenosine-3',5'-cyclic

monophosphate

(ligante para proteínas com afinidade por cAMP

ou cGMP)

Sítios de ligação das proteínas

A, G e L à imunoglobulina, que

permitem a purificação de

anticorpos por cromatografia

de afinidade

Page 8: Aula 07 - Métodos experimentais utilizados em estudos com proteínas- Final

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Cromatografia de Partição

Princípio: Explora diferenças de solubilidade dos compostos em solventes com grau de hidrofobicidade

diferentes, um polar e outro apolar.

Aplicável especialmente á moléculas pequenas, como compostos orgânicos, aminoácidos, peptídeos,

açúcares, lipídeos, etc.

Apresenta limitações para uso com proteínas acima de 20-30kda, que são desnaturadas em presença

de solvente orgânico.

AMOSTRAS

Fase estacionária

(suporte sólido)X Fase móvel

(líquido ou gás)

- Amostra se deslocará (é mais solúvel) acompanhando a Fase Móvel

Duas Possibilidades

- Amostra não se deslocará (é mais solúvel) na Fase Estacionária

Consiste de 2 sistemas:

Suporte: PAPEL

Fase Estacionária: Aquosa (H20 na celulose)

Fase Móvel: Solvente orgânico (hidrofóbico)

CROMATOGRAFIA DE PARTIÇÃO

Suporte: GEL DE SÍLICA (camada delgada ou TLC)

CROMATOGRAFIA DE FASE REVERSA

Fase Estacionária: sílica (mineral apolar)

Fase Móvel: Solvente aquoso ou água

Dois tipos de montagem:

Para um dado sistema de solvente e tipo de suporte, cada substância apresenta um

valor de Rf característico (razão de retardação).

Assim, além de um método de purificação, as cromatografias de partição permitem

identificar e quantificar (pela intensidade das manchas obtidas após a separação)

diferentes compostos.

Pode-se ainda recortar a mancha de interesse do papel ou da sílica e recuperar o

composto isolado.

distância de migração da substância

distância de migração do solvente

Rf =

Papel

ou placa

de sílica

Amostra

na origem

tempo 0 t 1 t2 tn

direção do

fluxo do

solvente

Compostos

separados

Cuba com solvente (fluxo por capilaridade)

Cromatografia de Partição

Como se avalia se o processo de purificação de uma proteína foi eficiente ?

Três parâmetros permitem avaliar a eficiência do processo de purificação de uma proteína:

- Atividade específica (AE): é a razão entre a quantidade da proteína de interesse, medida

através de sua atividade biológica, e a quantidade total de proteínas presentes

em cada etapa de purificação. Esse índice aumenta ao longo da purificação.

- Índice de purificação: indica quantas vezes em relação ao material de partida a proteína

de interesse foi “concentrada”. Calcula-se como a razão entre as atividades

específicas inicial (material de partida) e final (proteína pura).

- Rendimento: indica quanto (em %) da proteína de interesse ativa presente no material de

partida foi recuperado ao final da purificação. Um certo grau de perda é

inerente do processo de purificação (em cada etapa só devem ser proces-

sadas as frações mais ricas em atividade biológica, desprezando-se aquelas

que apresentam pouca atividade).

Também podem ocorrer perdas por desnaturação das proteínas devido às

diferentes condições (pH, sais, etc) a que são submetidas nas diferentes

etapas de purificação. Espera-se recuperar o máximo possível da proteína de

interesse.

Como se avalia se o processo de purificação de uma proteína foi eficiente ?

A eletroforese em gel de poliacrilamida (PAGE) permite visualizar a composição de

proteínas de uma amostra. É um método complementar para a purificação de proteínas.

Fornece informações sobre a massa molecular e composição

de subunidades da proteína em meio desnaturante e redutor.

A poliacrilamida funciona como uma

peneira, deixando passar através de seus

poros as moléculas pequenas e retendo

as grandes;

A poliacrilamida é um polímero que

forma um gel de malha porosa.

poliacrilamida

Catalisador

(persulfato de amônio)

+

acrilamida N,N´-metilenobisacrilamidaacrilamida

• É formado a partir da reação de acrilamida e

bisacrilamida.

• concentração de acrilamida variando de 7-

20% determina o diâmetro dos poros

• uso de gradiente de acrilamida aumenta o

poder de resolução

• o gel é polimerizado com tampão pH 8.9, na

presença do detergente Na+ dodecil sulfato (SDS)

Page 9: Aula 07 - Métodos experimentais utilizados em estudos com proteínas- Final

04/03/2011

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H3C-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2-CH2- Sódio dodecil sulfato

Desnaturação de proteínas por SDS

• desnaturação uniformiza a forma das proteínas, que poderia influenciar na migração

através dos poros da poliacrilamida;

• mascara a carga natural das proteínas no pH da corrida, fazendo com que todas

moléculas migrem para o anôdo;

• facilita o efeito de redutores, rompendo pontes dissulfeto intra- e inter-cadeias

A porção hidrocarboneto do

detergente interage com as regiões

hidrofóbicas da proteína, dispondo

o grupo sulfato carregado na

superfície, em contato com o meio

aquoso.

A repulsão entre os grupos

fosfato desestabiliza os laços não

covalentes que mantém a estrutura

3D da proteína, desnaturando-a. Efeito do SDS

Eletroforese em Gel de Poliacrilamida (PAGE)

cuba vertical para mini-gel (10 X 8 cm)

Na cuba, o gel é polimerizado entre duas

placas de vidro ou plástico, afastadas 1 mm

uma da outra.

Antes da polimerização, um pente é

colocado na parte superior do gel para formar

os poços onde serão colocados de 5 a 20

microlitros de cada amostra, misturadas com

azul de bromofenol, um indicador da corrida.

As partes superior e inferior do gel fazem

contato com recipientes de tampão, onde

estão os eletrodos que estabelecerão o

campo elétrico (~100V) durante a corrida

(1 a 2h).

Terminada a corrida, as placas são retiradas

da cuba, e o gel entre elas é cuidadosamente

retirado e corado para revelar as bandas de

proteína. Como corantes utiliza-se Coomassie

Blue ou nitrato de prata.

catodo

anodo

tampão

Poços para

as amostras

amostra

Placas

de vidro

1 mm

tampão

gel

Tipo mais comum de cuba para PAGE.

Adição do redutor 2-mercaptoetanol rompe

pontes dissulfeto nas proteínas, possibilitando a

determinação do número de cadeias e tipo de

ligação entre cadeias de proteínas oligoméricas

Padrões

AB

A

B

Sem Com

2 - Mercaptoetanol

2 - Mercaptoetanol

B

s s

SH SH

A

B

A

Eletroforese em Meio RedutorSDS-PAGE das proteínas da bactéria

Salmonella tiphymurium

Direção

da

migração

Cada linha (banda) corada no gel

representa uma proteína

Page 10: Aula 07 - Métodos experimentais utilizados em estudos com proteínas- Final

04/03/2011

10

SDS-PAGE permite determinar a massa molecular de proteínas

Mobilidade relativa

Ma

ssa

mo

lecu

lar

(kD

) 97.4

87.0

45.0

29.0

21.0

12.5

6.5

(-)

(+)

Curva de calibração de SDS-PAGE

Utiliza-se proteínas padrões com Mr (mobilidade relativa )

conhecida para se fazer uma curva de calibração do gel em cada

corrida. Interpolando-se a mobilidade relativa de uma proteína

desconhecida na curva pode-se estimar a sua massa molecular.

Proteínas padrões em um SDS-PAGE

Mr

Focalização Isoelétrica

Um gradiente de pH estável éestabelecido em um gel pelaadição de anfólitos apropriados.

Uma mistura de proteínas éinserida em um poço gel.

Com a aplicação de um campoelétrico, as proteínas entram no gele migram até que cada umaalcance um pH equivalente a seupI.

Lembre-se que, pH=pI, a cargalíquida da proteína é zero.

Técnica que separa proteínas de acordo com seus pontos isoelétricos.

Eletroforese em duas dimensões

As proteínas são inicialmente separadaspor focalização isoelétrica em um gelcilíndrico.

O gel é então colocado horizontalmentesobre um segundo gel de forma achatada,e as prote[inas são separadas poreletroforese em gel de poliacrilamida-SDS.

A separação horizintoal reflete asdiferenças em pI;

A separação vertical reflete as diferençasem massa molecular.

Mais de 1000 proteínas podem seranalisadas por esta técnica.