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CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL - POLÍCIA FEDERAL PROFESSOR: PEDRO IVO Prof: Pedro Ivo www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 06 – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE LEI N° 8.069/90 Futuros Aprovados, Sejam bem vindos! Hoje iniciaremos nossas conversas sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que é, talvez, um dos maiores problemas dos concurseiros no que tange ao estudo da legislação penal especial, devido à sua extensão. Costumo escutar muito em sala de aula a seguinte pergunta: “Professor, o último edital da Polícia Federal diz que é só a parte penal e processual do ECA, mas o que quer dizer isto? Quais os dispositivos que efetivamente precisamos estudar?” Realmente, responder esta pergunta não é fácil e, para não haver a chance de deixar de fora algum item passível de ser trazido pela banca, fiz um estudo aprofundado das questões apresentadas em provas do CESPE e delineei o máximo possível o Estatuto com foco na sua PROVA. Desta forma, obviamente, os pontos que claramente constituem “PARTE PROCESSUAL E PENAL” serão apresentados. Além destes, alguns pontos que encontram relações com este tema, PELO MENOS SEGUNDO A VISÃO DA BANCA, também serão tratados. Assim, vocês estarão se preparando da forma mais objetiva possível, mas com a certeza de estarem vendo TODOS os pontos exigíveis na prova. Dito isto, preparem o cérebro e vamos adquirir conhecimento!!! Bons estudos!!! ********************************************************************** 6.1 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES O Estatuto da Criança e do Adolescente foi instituído pela lei nº 8.069 no dia 13 de julho de 1990, revogando a lei nº 6.697/79, antigo Código de Menores, e regulamentando os direitos das crianças e dos adolescentes, inspirado nas

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AULA 06 – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE LEI N° 8.069/90

Futuros Aprovados,

Sejam bem vindos!

Hoje iniciaremos nossas conversas sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que é, talvez, um dos maiores problemas dos concurseiros no que tange ao estudo da legislação penal especial, devido à sua extensão.

Costumo escutar muito em sala de aula a seguinte pergunta:

“Professor, o último edital da Polícia Federal diz que é só a parte penal e processual do ECA, mas o que quer dizer isto? Quais os dispositivos que

efetivamente precisamos estudar?”

Realmente, responder esta pergunta não é fácil e, para não haver a chance de deixar de fora algum item passível de ser trazido pela banca, fiz um estudo aprofundado das questões apresentadas em provas do CESPE e delineei o máximo possível o Estatuto com foco na sua PROVA.

Desta forma, obviamente, os pontos que claramente constituem “PARTE PROCESSUAL E PENAL” serão apresentados. Além destes, alguns pontos que encontram relações com este tema, PELO MENOS SEGUNDO A VISÃO DA BANCA, também serão tratados.

Assim, vocês estarão se preparando da forma mais objetiva possível, mas com a certeza de estarem vendo TODOS os pontos exigíveis na prova.

Dito isto, preparem o cérebro e vamos adquirir conhecimento!!!

Bons estudos!!!

**********************************************************************

6.1 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

O Estatuto da Criança e do Adolescente foi instituído pela lei nº 8.069 no dia 13 de julho de 1990, revogando a lei nº 6.697/79, antigo Código de Menores, e regulamentando os direitos das crianças e dos adolescentes, inspirado nas

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diretrizes fornecidas pela Constituição Federal de 1988 e por uma série de normas internacionais.

Em seu art. 1° o legislador declara a quem a lei é dirigida e, por óbvio, deixa claro que é à criança e ao adolescente. Veja:

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

A Doutrina da Proteção Integral consiste em garantir a crianças e adolescentes, sem exceção, os direitos à sobrevivência, ao desenvolvimento pessoal e social e à integridade física, psicológica e moral, com a criação e articulação de um conjunto de políticas e ações em quatro importantes seguimentos: Políticas Sociais Básicas, Assistência Social, Proteção Especial e Garantias de direitos.

Bom, até agora falamos bastante nos termos “criança” e “adolescente”. Mas o que exatamente essas palavras querem dizer?

O Estatuto considera criança quem tem até 12 anos de idade incompletos e adolescente aquele entre 12 e 18 anos de idade. Observe:

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

CCRRIIAANNÇÇAA

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A definição de “criança” no Estatuto foi de suma importância para a área penal e processual, pois os juízes costumavam aumentar a pena quando o crime era cometido contra criança e, como não existia uma regulamentação clara quanto à idade, cada um mensurava da forma mais conveniente.

Seguindo em frente, no art. 3º, o estatuto apresenta sua “declaração de propósitos”, que será detalhada ao longo da lei. Declara que a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, garantindo-lhes sua proteção integral e assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as condições para facultar seu total desenvolvimento em condições dignas.

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

Para isso, determina no art.4° ser dever não só do Poder Público, mas também da família, da comunidade e da sociedade em geral garantir, com prioridade, essa proteção integral.

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Esse supra dispositivo tem base constitucional. Veja:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Ainda no art. 4º, mas agora em seu parágrafo único, define o legislador que a garantia de prioridade compreende:

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A) PRIMAZIA DE RECEBER PROTEÇÃO E SOCORRO EM QUAISQUER

CIRCUNSTÂNCIAS;

B) PRECEDÊNCIA DE ATENDIMENTO NOS SERVIÇOS PÚBLICOS OU DE

RELEVÂNCIA PÚBLICA;

C) PREFERÊNCIA NA FORMULAÇÃO E NA EXECUÇÃO DAS POLÍTICAS

SOCIAIS PÚBLICAS;

D) DESTINAÇÃO PRIVILEGIADA DE RECURSOS PÚBLICOS ÀS ÁREAS

RELACIONADAS COM A PROTEÇÃO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE.

6.2 DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

6.2.1 DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE

O Estatuto, nos arts. 7º ao 14, dispõe sobre o direito à vida e à saúde, visando proteger a criança mesmo antes do seu nascimento através de um tratamento adequado à gestante.

Após o nascimento, o Poder Público, as instituições e os empregadores deverão dar condições necessárias para o aleitamento materno, inclusive para os filhos de gestantes que estejam cumprindo pena privativa de liberdade.

Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade.

O art.10 e seus incisos dispõem sobre um problema grave que vem acontecendo constantemente em nosso país, e a sua observância evitará os dramas existenciais que tanto abalam as famílias no caso de trocas e desaparecimentos de bebês, algumas vezes involuntários e outras muitas, criminosos. Observe o texto legal:

Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:

I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;

II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem

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prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;

III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;

IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato;

V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.

O supra-exposto artigo determina certos procedimentos que deverão ser cumpridos por todos os hospitais e demais estabelecimentos, públicos e particulares, de atenção à saúde de gestantes.

Essas entidades, se não obedecerem aos preceitos legais, estarão sujeitos às penas dos arts 228 e 229:

Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Parágrafo único. Se o crime é culposo:

Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.

Ainda tratando do direito à vida e à saúde, dispõe o art. 12 do Estatuto que em caso de internação de criança ou adolescente, os estabelecimentos

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deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável.

Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.

No caso de suspeita ou certeza de maus tratos, o responsável pelo estabelecimento ou o médico tem obrigação de comunicar à autoridade competente. Veja:

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.

Caso não o faça, incidirá na infração administrativa prevista no art. 245:

Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Observação ��� Responsável é a pessoa que, apesar de não ser nem pai e nem mão, adquire a responsabilidade de zelar pela criança ou adolescente. É um conceito amplo que inclui, por exemplo, o tutor, o curador e o guardião legal de fato.

Este conceito não deve ser confundido com a idéia de representante legal, que é munido do poder familiar e, portanto, somente localizado na figura do pai, mãe ou tutor.

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Ainda em relação à comunicação de maus tratos, é importante citar que não é só o estabelecimento que atende à criança ou ao adolescente que tem a obrigação de comunicar a suspeita ou a certeza do fato. Podemos dizer que qualquer pessoa que tomar conhecimento desse crime tem obrigação de fazer, imediatamente, a comunicação.

Os Tribunais vêm encarando o silêncio como crime de omissão de socorro, com pena de detenção de um a seis meses ou multa, conforme o art.135 do Código Penal:

Art.135. Deixar de prestar assistência, quando possível faze-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.

6.2.2 DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE

Segundo o Estatuto, a criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais, garantidos na Constituição Federal:

Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

Vamos analisar os pontos pertinentes para sua PROVA:

6.2.2.1 DO DIREITO À LIBERDADE

EM CASO DE SUSPEITA OU CONFIRMAÇÃO DE

MAUS-TRATOS CONTRA CRIANÇAS E

ADOLESCENTES, O ESTABELECIMENTO

DEVERÁ, OBRIGATORIAMENTE, COMUNICAR AO

CONSELHO TUTELAR.

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O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos constantes no art.16.

• IR, VIR E ESTAR NOS LOGRADOUROS PÚBLICOS E ESPAÇOS

COMUNITÁRIOS, RESSALVADAS AS RESTRIÇÕES LEGAIS;

• OPINIÃO E EXPRESSÃO;

• CRENÇA E CULTO RELIGIOSO;

• BRINCAR, PRATICAR ESPORTES E DIVERTIR-SE;

• PARTICIPAR DA VIDA FAMILIAR E COMUNITÁRIA, SEM

DISCRIMINAÇÃO;

• PARTICIPAR DA VIDA POLÍTICA, NA FORMA DA LEI;

• BUSCAR REFÚGIO, AUXÍLIO E ORIENTAÇÃO.

A privação do direito à liberdade caracteriza maus tratos e pode o responsável ser punido com perda da guarda, destituição da tutela ou suspensão ou destituição do pátrio poder. Além disso, poderá ser enquadrado na infração administrativa prevista no art. 249:

Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao pátrio poder ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

6.2.2.2 DO DIREITO AO RESPEITO

O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

Agora, imaginemos que uma criança ou adolescente apareceu na televisão, sem autorização, cometendo um delito. O que acontece?

A publicidade que identifique criança e adolescente envolvida em atos infracionais sujeita o infrator à sanção da infração administrativa do art. 247.

Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou

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documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.

6.2.2.3 DO DIREITO À DIGNIDADE

Para assegurar a dignidade da criança e do adolescente, o Estatuto afirma ser um dever de todos mantê-los a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor, tendo a obrigação de evitá-los as autoridades públicas e todos os cidadãos.

Caso o direito de dignidade da criança e do adolescente seja violado, os responsáveis poderão ser apenados na forma do art.232.

Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:

Pena - detenção de seis meses a dois anos.

6.2.3 DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA

O legislador dedicou grande parte do ECA à convivência familiar e comunitária, já que a preocupação principal dos legisladores é que a criação e a educação sejam realizadas dentro da família natural, ou família substituta, caso seja necessário.

O Estatuto elevou a convivência familiar e comunitária à categoria de direito fundamental, com a certeza de que nenhum lugar é melhor para a criança e o adolescente do que o seio de sua família.

Quando se fala em família e filhos, o Estatuto esclarece que os filhos havidos fora do casamento podem ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, e que não haverá nenhuma discriminação entre a filiação

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legítima e a ilegítima. O reconhecimento é um direito indisponível e imprescritível.

As crianças e os adolescentes estão, segundo a lei, sujeitas ao poder familiar, que deve ser exercido em igualdade de condições por pai e mãe, assegurado o recurso ao juiz por qualquer um dos dois em caso de divergências.

CABE AOS PAIS:

1. DEVER DE SUSTENTO;

2. GUARDA E EDUCAÇÃO DOS FILHOS MENORES;

3. OBRIGAÇÃO DE CUMPRIR E FAZER CUMPRIR AS DETERMINAÇÕES JUDICIAIS.

O não cumprimento dos deveres acima poderá caracterizar infração administrativa prevista no art. 249 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Veja:

Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao pátrio poder ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Mas, Professoooor, esse conceito de dever de sustento não é muito subjetivo? E se a mãe não trabalha e o pai ganha pouco? Só por carência de recursos poderá a família perder o pátrio poder??? A reposta é negativa e a lei discorre:

Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do pátrio poder.

Dito isto, não esqueça:

A FALTA OU A CARÊNCIA DE RECURSOS MATERIAIS

NÃO CONSTITUI MOTIVO SUFICIENTE PARA A PERDA

OU SUSPENSÃO DO PÁTRIO PODER.

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6.2.3.1 PROCEDIMENTO NOS CASOS DE PERDA OU SUSPENSÃO DO PÁTRIO PODER

O procedimento para a perda ou suspensão do pátrio poder será provocado pelo Promotor da Infância e da Juventude, ou por terceiro interessado, por meio de uma petição destinada ao Magistrado.

Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do pátrio poder terá início por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse.

Mas quem é esse terceiro interessado?

Qualquer um que demonstre legítimo interesse econômico ou moral. Vamos clarear o tema:

• LEGÍTIMO INTERESSE ECONÔMICO � Como exemplo de interesse econômico temos os credores do menor que reclamem de uma má administração do patrimônio do devedor.

• LEGÍTIMO INTERESSE MORAL � No caso do interesse moral poderá ser qualquer pessoa da família da criança ou adolescente prejudicada pelo mau desempenho do responsável pelo menor.

A petição inicial indicará:

1. A AUTORIDADE JUDICIÁRIA A QUE FOR DIRIGIDA;

2. O NOME, O ESTADO CIVIL, A PROFISSÃO E A RESIDÊNCIA DO

REQUERENTE E DO REQUERIDO, DISPENSADA A QUALIFICAÇÃO EM

SE TRATANDO DE PEDIDO FORMULADO POR REPRESENTANTE DO

MINISTÉRIO PÚBLICO;

3. A EXPOSIÇÃO SUMÁRIA DO FATO E O PEDIDO;

4. AS PROVAS QUE SERÃO PRODUZIDAS, OFERECENDO, DESDE LOGO, O

ROL DE TESTEMUNHAS E DOCUMENTOS.

Havendo motivo grave, o Juiz da Infância, depois de ouvir o Ministério Público, pode decretar liminarmente a suspensão do poder pátrio até o julgamento definitivo da causa. Nesse período, a criança ou o adolescente deverá ficar com pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade.

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A citação deverá ser feita seguindo exatamente o preceituado em lei, pois, por ser formalidade indispensável, caso não siga rigorosamente as regras, poderá causar nulidade dos atos subsequentes.

Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos.

Parágrafo único. Deverão ser esgotados todos os meios para a citação pessoal.

A resposta do réu será apresentada em 10 dias, contados a partir do dia seguinte à juntada nos autos do mandado de citação, ou, se por edital, da data de publicação no órgão de imprensa autorizado.

No caso da impossibilidade do réu em constituir um advogado, por falta de recursos, poderá requerer que lhe seja nomeado um dativo.

Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o prazo a partir da intimação do despacho de nomeação.

Passado o prazo para o réu fazer sua contestação, caso não tenha sido apresentada, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por 05 (cinco) dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual prazo.

Mas e se a resposta (contestação) houver sido apresentada?

Apresentada a resposta, o juiz dará vista dos autos ao Ministério Público por 05 (cinco) dias, salvo quando este for o requerente, determinando, em seguida, a audiência de instrução e julgamento.

Antes da audiência de instrução e julgamento, o Juiz poderá:

DICIONÁRIO DO CONCURSEIRO

ADVOGADO DATIVO É O NOMEADO PELO JUIZ PARA POSTULAR

EM NOME DA CRIANÇA OU DO ADOLESCENTE QUE NÃO PODE

ARCAR COM AS DESPESAS DE CONTRATAÇÃO DO

PROFISSIONAL, MEDIANTE HONORÁRIOS.

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1. Requisitar elementos de prova existentes em repartições públicas de todos os níveis que julgar necessário ao julgamento da causa.

2. A requerimento de qualquer das partes, do Ministério Público ou de ofício, a autoridade judiciária poderá determinar a realização de estudo social ou, se possível, de perícia por equipe interprofissional.

Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por mais dez.

A decisão será proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias.

No caso de ser decidido pela perda ou suspensão do pátrio poder, e após transitar em julgado a sentença, será ela averbada à margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente.

Art. 163. A sentença que decretar a perda ou a suspensão do pátrio poder será averbada à margem do registro de nascimento da criança ou adolescente.

6.3 DA PREVENÇÃO

O Estatuto buscou disciplinar, a nível preventivo, medidas para prevenir a ocorrência de ameaça ou violação aos direitos da criança e do adolescente.

Para isso, a Lei determinou que as crianças e os adolescentes têm direito à informação, à cultura, ao lazer, aos esportes, às diversões, aos espetáculos, e que a inobservância das normas de prevenção importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica.

SSEE OO PPEEDDIIDDOO IIMMPPOORRTTAARR EEMM MMOODDIIFFIICCAAÇÇÃÃOO DDEE GGUUAARRDDAA,,

SSEERRÁÁ OOBBRRIIGGAATTÓÓRRIIAA,, DDEESSDDEE QQUUEE PPOOSSSSÍÍVVEELL EE RRAAZZOOÁÁVVEELL,, AA

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Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.

Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. (grifo nosso)

6.3.1 DIVERSÕES E ESPETÁCULOS PÚBLICOS

As diversões e espetáculos públicos deverão ser regulados pelo Poder Público, através do Ministério da Justiça, informando a natureza deles e determinando as faixas etárias a que não se recomendem

Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e aos espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa etária, porém as crianças menores de 10 anos somente poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibição acompanhadas dos pais ou responsáveis.

Para que isso ocorra, é obrigatório que o responsável pelo evento afixe, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, todas as informações referentes à natureza da diversão ou do espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação.

A desobediência dessa determinação incidirá na infração administrativa prevista no art. 252:

Art. 252 Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

A determinação acima tratada vale também para os anúncios de peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetáculos, que terão que indicar os limites de idade.

A não observância desse dispositivo acarretará, para seu agente, a pena referente a infração administrativa do art. 253:

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Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não se recomendem:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.

Quanto aos espetáculos transmitidos em emissoras de rádio e televisão, somente serão exibidos no horário recomendado para o público infanto-juvenil os programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas.

Além disso, nenhum espetáculo pode ser apresentado ou anunciado sem aviso de sua classificação antes de sua transmissão, apresentação ou exibição, sob pena de incidir no art. 254:

Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação:

Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias.

Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empresas que vendam ou aluguem fitas de vídeo cuidarão para que a venda ou aluguel seja de acordo com a classificação atribuída pelo órgão competente.

Além disso, as fitas deverão ter no invólucro a informação sobre a natureza do conteúdo e a faixa etária a que se destinam. A não obediência ao que dispõe o art. 256 acarretará penalização. Veja

Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente:

Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

É obrigatório o lacre da embalagem de revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes, cabendo às

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editoras a responsabilidade de cobrir com embalagem opaca as capas que contenham mensagens pornográficas ou obscenas.

Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo.

Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegidas com embalagem opaca.

Quanto às revistas e às publicações infanto-juvenis, não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições, respeitando, assim, os valores éticos e morais da pessoa e da família.

Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Descumprir qualquer das obrigações dos arts. 78 e 79 fará com que o responsável incida na sanção referente à infração administrativa do art. 257:

Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 desta Lei:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou publicação.

Estabelecimentos que explorem bilhar, sinuca ou congênere ou casas de jogos ��� O Estatuto estabelece a proibição da entrada de crianças e adolescentes nesses estabelecimentos, mesmo acompanhados de pais, tutores ou guardiães.

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Os gerentes ou proprietários desses locais deverão ostentar, na parte da frente dos seus estabelecimentos advertência dessa proibição, sob pena de responsabilidade na forma do art. 258:

Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no espetáculo:

Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

6.3.2 DOS PRODUTOS E SERVIÇOS

Uma norma importante de prevenção, agora relativa aos produtos e serviços, está disposta no art. 81, determinando a proibição da venda à criança e ao adolescente de diversos itens. Vamos analisar:

I - ARMAS, MUNIÇÕES E EXPLOSIVOS � O Estatuto entende que é indiscutível o perigo do contato de crianças e adolescentes com qualquer instrumento que se preste à violência física e define como crime a seguinte conduta:

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos.

II - BEBIDAS ALCOÓLICAS E PRODUTOS CUJOS COMPONENTES POSSAM CAUSAR

DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA, AINDA QUE POR UTILIZAÇÃO INDEVIDA � Para evitar o fornecimento desses produtos o ECA prevê a seguinte modalidade típica:

Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida:

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Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

III - FOGOS DE ESTAMPIDO E DE ARTIFÍCIO, EXCETO AQUELES QUE PELO SEU

REDUZIDO POTENCIAL SEJAM INCAPAZES DE PROVOCAR QUALQUER DANO FÍSICO

EM CASO DE UTILIZAÇÃO INDEVIDA � Os fogos de artifício causam um grande número de vítimas, principalmente crianças e adolescentes.

Desta forma, o ECA proíbe o fornecimento desta espécie de produto através da seguinte tipificação:

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida:

Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.

IV - REVISTAS E PUBLICAÇÕES IMPRÓPRIAS ��� As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo.

As editoras cuidarão para que as capas que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegidas com embalagem opaca. O descumprimento caracterizará, como já vimos, infração administrativa. Veja:

Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 desta Lei:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou publicação.

ATENTE QUE NÃO ESTAMOS FALANDO AQUI DE

ENTORPECENTES OU DROGAS AFINS, POIS NESSA

HIPÓTESE SERIA APLICADA A LEI N° 11.343/2006.

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VI - BILHETES LOTÉRICOS E EQUIVALENTES � Proibição difícil de ser conseguida em um país onde essa prática é tão arraigada no gosto do povo, sendo apenada com o art.258:

Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no espetáculo:

Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Um último artigo nesse tópico é em relação à hospedagem de crianças e adolescentes. Observe:

Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.

Nenhum hotel, motel, pensão ou estabelecimento poderá hospedá-los, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável. A inobservância dessa disposição acarretará a penalidade da infração administrativa prevista no art.250:

Art. 250. Hospedar criança ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável ou sem autorização escrita destes, ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere:

Pena - multa de dez a cinqüenta salários de referência; em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

6.3.3 DA AUTORIZAÇÃO PARA VIAJAR

VVIIAAGGEEMM EEMM TTEERRRRIITTÓÓRRIIOO NNAACCIIOONNAALL ��� Como regra geral, adolescente pode viajar desacompanhado e sem necessidade de qualquer autorização para qualquer lugar do território nacional. Todavia, nos termos do art. 83, tal preceito não é aplicável às crianças. Observe:

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Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial.

§ 1º A autorização não será exigida quando:

a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;

b) a criança estiver acompanhada:

1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco;

2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.

§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização válida por dois anos.

VVIIAAGGEEMM PPAARRAA FFOORRAA DDOO TTEERRRRIITTÓÓRRIIOO NNAACCIIOONNAALL ��� Nesse caso, a ordem judicial não é necessária se a criança ou adolescente estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável, ou viajar na companhia de um dos pais, mas com autorização expressa do outro, através de documento com firma reconhecida.

Já na falta de ambos os pais, torna-se imprescindível a autorização do Juiz da Infância e da Juventude do domicílio da criança e do adolescente.

Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou adolescente:

I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;

II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com firma reconhecida.

Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro (mesmo os pais) residente ou domiciliado no exterior. (grifo nosso)

No caso da não observância de qualquer das situações acima, o agente estará incidindo na infração administrativa prevista no art. 251:

Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei:

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Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

6.4 DA PRÁTICA DO ATO INFRACIONAL

6.4.1 DISPOSIÇÕES GERAIS

Como você já sabe, são inimputáveis todos os menores de 18 anos e, assim, não poderão ser considerados autores de crimes e condenados a penas (em âmbito penal).

Neste sentido dispõe o art. 104 do ECA:

Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.

Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do fato.

Mas isso quer dizer que se um menor comete um ato definido como crime ele não sofre nenhuma sanção?

A resposta só pode ser negativa. O que ocorre é que o Estatuto da Criança e do Adolescente define um tratamento legal diferenciado aos réus inimputáveis. Para o diploma legal os menores não comentem crimes, mas atos infracionais. Observe:

Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.

Assim, podemos definir o ato infracional como a ação tipificada como contrária à lei que tenha sido efetuada pela criança ou adolescente

Vamos agora analisar como as autoridades devem proceder quando do conhecimento da ocorrência de um ato infracional:

1 – NO CASO DE O AGENTE SER CRIANÇA:

A criança acusada de um ato infracional deverá ser conduzida imediatamente à presença do Conselho Tutelar ou Juiz da Infância e da Juventude.

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Se efetivamente praticou ato infracional, será aplicada medida específica de proteção, tais como orientação, apoio e acompanhamento temporários, freqüência obrigatória em ensino fundamental, requisição de tratamento médico e psicológico, entre outras medidas. Observe o texto legal:

Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101.

Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:

I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;

II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;

III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;

IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente;

V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;

VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

VII - acolhimento institucional;

VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;

IX - colocação em família substituta.

2 – NO CASO DE O AGENTE SER ADOLESCENTE:

Se for adolescente, e em caso de flagrância de ato infracional, o jovem de 12 a 18 anos será levado até a autoridade policial especializada.

Na polícia, não poderá haver lavratura de auto DE PRISÃO EM FLAGRANTE e o adolescente deverá ser levado à presença do juiz.

Por fim, cabe ressaltar que os adolescentes não são igualados a réus ou indiciados e não são condenados a penas (reclusão e detenção) como ocorre com os maiores de 18 anos.

No caso de ato infracional recebem medidas sócio-educativas, sem caráter de apenação.

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1.7.2 DOS DIREITOS INDIVIDUAIS

O Estatuto, ao iniciar o tratamento dos direitos daqueles que cometem ato infracional, dispõe que:

Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

O art. 106 regula a garantia do art. 5°, LXI da Constituição Federal, em sintonia com o respeito devido à pessoa do adolescente. Veja:

Art.5°

[...]

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.

CASO PRÁTICO

UM JOVEM DE 17 ANOS CASOU-SE COM SUA NAMORADA, POIS

ESTA ESTARIA GRÁVIDA.

SEIS MESES DEPOIS DE CASADO, ELE COMETEU UM CRIME.

PERGUNTO:

PODERÁ ELE SER PUNIDO PELO CÓDIGO PENAL, JÁ QUE COM O

CASAMENTO ELE ADQUIRIU A MAIORIDADE CIVIL (EMANCIPAÇÃO)?

NÃO, POIS DE ACORDO COM O CÓDIGO PENAL ELE CONTINUA

INIMPUTÁVEL, JÁ QUE AINDA NÃO TINHA 18 ANOS QUANDO

COMETEU O ATO INFRACIONAL.

AAOO SSEE CCAASSAARR,, EELLEE AALLCCAANNÇÇOOUU SSOOMMEENNTTEE AA MMAAIIOORRIIDDAADDEE

CCIIVVIILL EE EESSTTAA NNÃÃOO SSEE CCOONNFFUUNNDDEE CCOOMM AA PPEENNAALL

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Perceba que o termo utilizado pelo art. 106, na prática de atos infracionais, é APREENSÃO e não PRISÃO. Este termo vem sendo utilizado constantemente no recente caso do goleiro Bruno. Observe e assimile de uma vez por todas:

Quanto ao direito do adolescente em identificar os responsáveis pela sua apreensão, a finalidade é evitar abusos de autoridade, cuidado esse que o Estatuto teve devido à violência injustificável que um grande número de policiais pratica no caso de apreensão de menores infratores.

Continuando com a previsão dos direitos do adolescente, no art. 107 do ECA, encontramos novamente um preceito da Constituição Federal (Art. 5º, LXII), porém regulado para o adolescente. Veja:

Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

Assim como qualquer indivíduo, o adolescente tem o direito de ter seu recolhimento comunicado à autoridade judiciária e também a familiares ou pessoa por ele indicada.

6.4.2 PRAZO

O Estatuto da Criança e do Adolescente veio regular o prazo máximo que um adolescente pode ter sua liberdade privada ANTES DA SENTENÇA. Observe:

NOTÍCIA – TERRA – 06.07.2010

Policiais da Divisão de Homicídios (DH) do Rio de Janeiro fizeram uma diligência na casa do goleiro Bruno, do Flamengo, nesta terça-feira e levaram para a delegacia um menor de 17 anos que estava no local. Ele é suspeito de ter participado do assassinato da jovem Eliza Silva Samudio, que teria um filho com o goleiro. O rapaz começou a depor às 15h.

A apreensão ocorreu depois que a polícia recebeu uma denúncia de um parente do menor em uma rádio, dizendo que ele estava escondido na casa de Bruno, no Recreio. Ao ouvir o relato, a polícia de Minas entrou em contato imediatamente com a DH, que conseguiu apreender o menor.

Segundo o diretor jurídico do Flamengo, Monclar Gama, que esteve na Divisão de Homicídios, Bruno autorizou a entrada nos policiais em seu apartamento para buscar o adolescente. Segundo o advogado, o próprio goleiro telefonou para a polícia, desmentindo o suposto cárcere privado e autorizando a entrada dos agentes.

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Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.

Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.

Esse artigo é importantíssimo para a sua PROVA e, portanto, não esqueça:

A internação preventiva determinada pelo juiz deve conter fundamentação legal que comprove a autoria do ato infracional pelo adolescente e deve, ainda, ser de interesse social, visando à segurança e ao sossego público.

6.4.3 IDENTIFICAÇÃO

O art. 109, último relativo aos direitos individuais, dispõe que quando o adolescente for civilmente identificado, não será submetido à identificação compulsória pelos órgãos policiais, a não ser que seja necessário para efeito de confrontação, em caso de dúvida fundada.

Essa medida visa evitar o constrangimento da obrigação de tomada de impressões digitais.

Novamente, o Estatuto regula um preceito da Constituição Federal (Art. 5º, LVIII) para os adolescentes.

Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.

6.4.4 DAS GARANTIAS PROCESSUAIS

AA PPRRIIVVAAÇÇÃÃOO DDOO AADDOOLLEESSCCEENNTTEE SSÓÓ ÉÉ PPEERRMMIITTIIDDAA

EEMM CCAARRÁÁTTEERR PPRREEVVEENNTTIIVVOO,, EEMM UUMM PPRRAAZZOO

MMÁÁXXIIMMOO DDEE 4455 DDIIAASS DDEE IINNTTEERRNNAAÇÇÃÃOO..

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O Estatuto exige que em todo caso de ato infracional cometido por adolescente, este seja tratado regularmente perante a Justiça da Infância e da Juventude:

Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal.

Além disso, o estatuto define as seguintes garantias ao adolescente infrator:

GGAARRAANNTTIIAASS DDOO AADDOOLLEESSCCEENNTTEE IINNFFRRAATTOORR

I - PLENO E FORMAL CONHECIMENTO DA ATRIBUIÇÃO DE ATO INFRACIONAL,

MEDIANTE CITAÇÃO OU MEIO EQUIVALENTE;

II - IGUALDADE NA RELAÇÃO PROCESSUAL, PODENDO CONFRONTAR-SE COM

VÍTIMAS E TESTEMUNHAS E PRODUZIR TODAS AS PROVAS NECESSÁRIAS À SUA

DEFESA;

III - DEFESA TÉCNICA POR ADVOGADO;

IV - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA E INTEGRAL AOS NECESSITADOS, NA

FORMA DA LEI;

V - DIREITO DE SER OUVIDO PESSOALMENTE PELA AUTORIDADE COMPETENTE;

VI - DIREITO DE SOLICITAR A PRESENÇA DE SEUS PAIS OU RESPONSÁVEL EM

QUALQUER FASE DO PROCEDIMENTO.

Resumindo e explicando o quadro acima:

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• O adolescente não deverá ser processado sem aviso oficial;

• As partes processuais, ou seja, acusação e defesa, terão iguais oportunidades para estabelecerem o debate;

• Não se dispensa a acareação ou a oitiva de depoimentos;

• Deverá estar assistido por um advogado de sua livre escolha, regularmente inscrito na OAB. Se carente, no caso de impossibilidade de arcar com os honorários de advogado, receberá assistência gratuita de Defensor Público oferecido pelo Estado, como determina a Constituição Federal:

Art.5°

[...]

LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;

• O juiz terá que ouvir pessoalmente o adolescente;

• O adolescente poderá, sempre que desejar, ter a presença dos pais, tutores ou guardiães, para que possa ter um apoio moral e afetivo.

Perceba, Futuro (a) Aprovado (a), que com relação aos direitos do adolescente não há grandes inovações. O que fez o Estatuto foi ressaltar preceitos já existentes na Constituição Federal e aplicar pequenas alterações no que tange ao menor.

Vamos, agora, passar ao estudo das medidas sócio-educativas passíveis de serem aplicadas quando da ocorrência de um ato infracional.

6.4.5 DAS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS

Após julgada procedente a representação contra o adolescente, o juiz, em sentença fundamentada, determinará que medidas serão aplicadas ao infrator.

O art. 112 traz em seus sete incisos as medidas à disposição do magistrado. São elas:

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:

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MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS

• QUALQUER UMA DAS MEDIDAS PREVISTAS NO ART. 101, I A VI.

• I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de

responsabilidade;

• II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;

• III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de

ensino fundamental;

• IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à

criança e ao adolescente;

• V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em

regime hospitalar ou ambulatorial;

• VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e

tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

• (ATENÇÃO!!! OS INCISOS VII E VIII NÃO ESTÃO INSERIDOS!!!)

• ADVERTÊNCIA;

• OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO;

• PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE;

• LIBERDADE ASSISTIDA;

• INSERÇÃO EM REGIME DE SEMI-LIBERDADE;

• INTERNAÇÃO EM ESTABELECIMENTO EDUCACIONAL.

Posteriormente, o artigo que estamos comentando traz em seus 03 parágrafos seguintes regras que, embora óbvias, o legislador fez questão de inseri-las a fim de evitar descalabros por parte do Magistrado ou mesmo da autoridade policial. Veja:

Art.112

[...]

§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.

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§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.

§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.

Os parágrafos acima mostram claramente que a proposta do Estatuto não é punir, mas sim proteger o adolescente com um atendimento de reeducação, visando à sua reabilitação social.

Sempre que possível, será dada preferência às medidas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

AS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS, ASSIM COMO AS MEDIDAS

ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO DISPOSTAS NO ART. 101, PODERÃO SER

APLICADAS ISOLADA OU CUMULATIVAMENTE, BEM COMO

SUBSTITUÍDAS A QUALQUER TEMPO (ART. 113).

Vamos analisar agora as medidas em espécie:

6.4.5.1 QUALQUER UMA DAS MEDIDAS PREVISTAS NO ART.101, I A VI

Caro (a) Aluno (a), já vimos a listagem no quadro acima, mas colocarei aqui para ficar mais fácil a fixação:

• ENCAMINHAMENTO AOS PAIS OU RESPONSÁVEL, MEDIANTE TERMO DE

RESPONSABILIDADE;

• ORIENTAÇÃO, APOIO E ACOMPANHAMENTO TEMPORÁRIOS;

• MATRÍCULA E FREQÜÊNCIA OBRIGATÓRIAS EM ESTABELECIMENTO

OFICIAL DE ENSINO FUNDAMENTAL;

• INCLUSÃO EM PROGRAMA COMUNITÁRIO OU OFICIAL DE AUXÍLIO À

FAMÍLIA, À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE;

• REQUISIÇÃO DE TRATAMENTO MÉDICO, PSICOLÓGICO OU

PSIQUIÁTRICO, EM REGIME HOSPITALAR OU AMBULATORIAL;

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• INCLUSÃO EM PROGRAMA OFICIAL OU COMUNITÁRIO DE AUXÍLIO,

ORIENTAÇÃO E TRATAMENTO A ALCOÓLATRAS E TOXICÔMANOS.

6.4.5.2 ADVERTÊNCIA

É feita oralmente pelo próprio juiz, sendo lançada em um termo e assinado pelos presentes, inclusive pais, tutores e guardiães.

Art.114

[...]

Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria.

6.4.5.3 OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO

Se o adolescente não tiver patrimônio próprio para arcar com o reparo do dano, caberá aos pais, tutores e guardiães essa responsabilidade.

Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.

No caso de nenhum dos envolvidos ter capacidade para arcar com o reparo do dano, o juiz decretará a substituição dessa medida por outra que possa ser cumprida pelo adolescente e que satisfaça o ofendido.

Art.116

[...]

Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada.

6.4.5.4 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE

Previstas no art. 117, as atividades impostas nesse caso não terão, evidentemente, nenhum caráter vexatório e serão compatíveis com as condições pessoais do adolescente.

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Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.

PARTICULARIDADES:

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À

COMUNIDADE

TAREFAS GRATUITAS DE INTERESSE GERAL,

POR UM PERÍODO NÃO EXCEDENTE A 06

(SEIS) MESES, JUNTO A HOSPITAIS, ESCOLAS,

ENTIDADES ASSISTENCIAIS ETC.

JORNADA DE TRABALHO DE, NO MÁXIMO, 08

HORAS SEMANAIS, AOS SÁBADOS, DOMINGOS

E FERIADOS OU DIAS ÚTEIS, SEM PREJUÍZO

DO PERÍODO ESCOLAR, OU JORNADA NORMAL

DE TRABALHO, CONFORME DISPOSTO EM SEU

PARÁGRAFO ÚNICO.

Art.117

[...]

Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a freqüência à escola ou à jornada normal de trabalho.

Cabe ressaltar que a prestação de serviços jamais poderá ser feita em estabelecimento de iniciativa privada de fins lucrativos.

6.4.5.5 LIBERDADE ASSISTIDA

Será aplicada sempre que se configurar a medida mais adequada no sentido de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.

Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.

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Consiste em uma vigilância sobre o adolescente com a finalidade de prevenir atitudes que prejudiquem sua formação moral ou o bem estar público.

Quando o juiz entender que essa é a melhor medida para o adolescente, designará uma pessoa, com a necessária idoneidade moral e apta para a função, para seguir a meta de reabilitação do infrator no seio da comunidade local.

PARTICULARIDADES:

LIBERDADE ASSISTIDA

DURAÇÃO MÍNIMA DE 06 MESES, PODENDO

SER PRORROGADA, REVOGADA OU

SUBSTITUÍDA POR OUTRA MEDIDA, DESDE QUE

OUVIDOS O ORIENTADOR, O MINISTÉRIO

PÚBLICO E O DEFENSOR.

6.4.5.6 INSERÇÃO EM REGIME DE SEMI-LIBERDADE

É o meio termo entre o convívio no seio da família e da sociedade e o regime de recolhimento imposto. Dessa forma, mantêm-se o adolescente em contato com a sociedade e ao alcance do juizado.

Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial.

As atividades desenvolvidas fora do recolhimento deverão ser acompanhadas pelo orientador. A decisão judicial, ao decretar essa medida, já delega ao orientador o poder pedagógico necessário ao processo social de recuperação do adolescente.

PARTICULARIDADES:

REGIME DE SEMILIBERDADE

É OBRIGATÓRIO DURANTE A MEDIDA:

• A ESCOLARIZAÇÃO E A

PROFISSIONALIZAÇÃO.

• ACOMPANHAMENTO DE UM

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ORIENTADOR.

• NÃO COMPORTA PRAZO DETERMINADO.

6.4.5.7 INTERNAÇÃO EM ESTABELECIMENTO EDUCACIONAL

A internação em estabelecimento educacional é a mais severa das medidas sócio-educativas apresentadas pelo Estatuto. Está definida no art. 121, nos seguintes termos:

Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

A medida priva o adolescente de sua liberdade física, ou seja, do direito de ir e vir, e só é aplicada em casos extremos e por curta duração.

Vamos analisar as particularidades desta sanção:

PARTICULARIDADES:

INTERNAÇÃO

• DURANTE A INTERNAÇÃO O JUIZ PODERÁ

PERMITIR QUE O MENOR TRABALHE E

ESTUDE FORA DO ESTABELECIMENTO ONDE

ESTARÁ INTERNADO, DESDE QUE TAL MEDIDA

NÃO OFEREÇA PERIGO À SOCIEDADE.

• A INTERNAÇÃO NÃO COMPORTA PRAZO

DETERMINADO.

• DEVE SER AVALIADA A CADA SEIS MESES.

• NÃO PODERÁ EXCEDER A TRÊS ANOS.

• APÓS O PRAZO DE 03 (TRÊS ANOS), O

ADOLESCENTE DEVERÁ SER LIBERADO,

COLOCADO EM REGIME DE SEMILIBERDADE

OU DE LIBERDADE ASSISTIDA.

• A INTERNAÇÃO DEVERÁ TERMINAR AOS 21

ANOS, QUALQUER QUE TENHA SIDO O TEMPO

DE CUMPRIMENTO DA MEDIDA COERCIVA.

• A DESINTERNAÇÃO SERÁ PRECEDIDA DE

DECISÃO DO JUIZ COMPETENTE, COM O

PARECER DO PROMOTOR DA JUSTIÇA E DA

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JUVENTUDE.

• DEVE SER CUMPRIDA EM ENTIDADE

EXCLUSIVA PARA ADOLESCENTE AUTOR DE

ATO INFRACIONAL.

Do exposto acima pode surgir uma pertinente dúvida: Observe que há previsão do término da internação aos 21 anos. Mas, será que este prazo foi alterado para 18 anos devido ao Código Civil de 2002?

A resposta é negativa, ou seja, não houve alteração de prazo. Observe o importante e interessante julgado do STF:

A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescente autor de ato infracional, ou seja, a privação da liberdade deve ocorrer em local distinto daquele destinado ao abrigo (no caso de crianças e adolescentes desprovidos de lar de sustentação e de condições econômicas).

STF, HC 96.745/RJ, DJ 29.05.2009

1. É pacífica a jurisprudência de ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a redução da maioridade civil pela Lei nº 11.406/2002 (novo Código Civil) em nada modificou os parâmetros de idade constantes do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA.

2. A solução da causa passa pela adoção do princípio da especialidade das leis. Pelo que hão de prevalecer as regras e parâmetros do microssistema jurídico em que o Estatuto da Criança e do Adolescente consiste. Solução de todo condizente com a "absoluta prioridade" constitucional conferida à criança e ao adolescente, cada qual deles expressamente qualificado como detentor de "condição peculiar de desenvolvimento" (caput e inciso V do § 3º do art. 227 da CF).

3. A automática aplicação da maioridade civil para desconsiderar os institutos jurídicos que são próprios do Estatuto da Criança e do Adolescente opera como inescondível fator de tratamento desfavorável. A proteção constitucionalmente consagrada é de se estender até a idade máxima de vinte e um anos (§ 5º do art. 121 do ECA).

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Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.

A internação é medida extrema e, por isso, o Estatuto, em seu art. 122, precisou exatamente os casos em que devem ser aplicados.

Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:

1. TRATAR-SE DE ATO INFRACIONAL COMETIDO MEDIANTE GRAVE AMEAÇA OU

VIOLÊNCIA À PESSOA;

2. POR REITERAÇÃO NO COMETIMENTO DE OUTRAS INFRAÇÕES GRAVES;

3. POR DESCUMPRIMENTO REITERADO E INJUSTIFICÁVEL DA MEDIDA

ANTERIORMENTE IMPOSTA, SENDO QUE, NESSE CASO, O PRAZO DE

INTERNAÇÃO NÃO PODERÁ SER SUPERIOR A TRÊS MESES.

6.4.6 DIREITOS DO ADOLESCENTE PRIVADO DE LIBERDADE

O Estatuto traz no art. 124 uma longa lista com os direitos do adolescente privado de liberdade. Na maioria são regramentos constitucionais reafirmados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. São eles:

DIREITOS DO ADOLESCENTE PRIVADO DE LIBERDADE

• ENTREVISTAR-SE PESSOALMENTE COM O REPRESENTANTE DO MINISTÉRIO

PÚBLICO;

• PETICIONAR DIRETAMENTE A QUALQUER AUTORIDADE;

• AVISTAR-SE RESERVADAMENTE COM SEU DEFENSOR;

• SER INFORMADO DE SUA SITUAÇÃO PROCESSUAL, SEMPRE QUE

SOLICITADA;

• SER TRATADO COM RESPEITO E DIGNIDADE;

• PERMANECER INTERNADO NA MESMA LOCALIDADE OU NAQUELA MAIS

PRÓXIMA AO DOMICÍLIO DE SEUS PAIS OU RESPONSÁVEL;

• RECEBER VISITAS, AO MENOS, SEMANALMENTE;

• CORRESPONDER-SE COM SEUS FAMILIARES E AMIGOS;

• TER ACESSO AOS OBJETOS NECESSÁRIOS À HIGIENE E AO ASSEIO

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PESSOAL;

• HABITAR ALOJAMENTO EM CONDIÇÕES ADEQUADAS DE HIGIENE E

SALUBRIDADE;

• RECEBER ESCOLARIZAÇÃO E PROFISSIONALIZAÇÃO;

• REALIZAR ATIVIDADES CULTURAIS, ESPORTIVAS E DE LAZER;

• TER ACESSO AOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL;

• RECEBER ASSISTÊNCIA RELIGIOSA SEGUNDO A SUA CRENÇA E DESDE QUE

ASSIM O DESEJE;

• MANTER A POSSE DE SEUS OBJETOS PESSOAIS E DISPOR DE LOCAL

SEGURO PARA GUARDÁ-LOS, RECEBENDO COMPROVANTE DAQUELES

PORVENTURA DEPOSITADOS EM PODER DA ENTIDADE;

• RECEBER, QUANDO DE SUA DESINTERNAÇÃO, OS DOCUMENTOS PESSOAIS

INDISPENSÁVEIS À VIDA EM SOCIEDADE.

Finalizando o rol de direitos, mas o pondo à parte dos demais, o Estatuto da Criança e do Adolescente veda a incomunicabilidade.

Traz também importante dispositivo que atenua a regra da permissão para visita dos pais ou responsáveis. Entretanto, a exceção à regra só é possível quando existirem motivos sérios e fundados da prejudicialidade das visitas aos interesses do adolescente.

Observe:

Art. 124

[...]

§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.

§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.

Por fim, o Estatuto dispõe em seu art. 125 que:

Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.

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6.4.7 DA REMISSÃO

Remissão, no dicionário, significa perdoar, renunciar, desistir, absolver, ou seja, é a ação e o efeito de redimir. É sobre a remissão que dispõe o art. 126:

Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.

Esse artigo traz dois tipos de remissão:

A primeira, REMISSÃO PARAJUDICIAL, está apresentada no caput do artigo e o representante do Ministério Público pode abster-se da provocação do Juízo, caso entenda ser melhor poupar o adolescente de uma medida judicial.

O parágrafo único trata de outra figura de remissão, a REMISSÃO JUDICIAL, que é concedida pelo juiz dentro do processamento ajuizado quando, a pedido do Ministério Público ou de ofício, entender que será melhor para o adolescente.

Art.126

[...]

Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.

Por fim, o Estatuto determina que a medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, podendo requerer esse benefício o próprio adolescente, seus pais, o tutor ou guardião, o advogado constituído ou Defensor Público.

A VIOLAÇÃO DO ARTIGO ACIMA PODE CARACTERIZAR

ATO DE TORTURA, DEIXANDO DE SER PENALIZADO PELO

ESTATUTO E SIM PELA LEI N° 9.455/97, A LEI DOS

CRIMES DE TORTURA, VELHA CONHECIDA SUA!!!

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Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.

Concurseiros de todo Brasil, parabéns por mais uma aula completada!

Finalizaremos o tema e veremos diversos exercícios no nosso próximo encontro.

Agora é manter o ritmo de estudos, rever a matéria e estar cada vez mais preparado para sua PROVA.

Abraços e bons estudos,

Pedro Ivo

"Você ganha força, coragem e confiança através de cada experiência

em que você realmente para e encara o medo de frente.”

(Eleanor Roosevelt)

RESUMINDO PARA SUA PROVA

REMISSÃO PARAJUDICIAL � MINISTÉRIO PÚBLICO

REMISSÃO JUDICIAL � MAGISTRADO

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