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ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 1 Aula 01 Modelo de Heckscher-Ohlin. Novas abordagens de comércio internacional: rendimentos crescentes e concorrência imperfeita. Olá alunos, Seguimos com nosso curso com base no edital 2012. Para aqueles alunos que adquiriram o curso antes do edital 2012, as aulas já abordaram toda a matéria do edital atual. Alguns assuntos cobrados saíram e isso foi indicado na tabela da aula 12 do curso anterior. A mudança mais significativa foi a retirada da parte de balanço de pagamentos, mobilidade de capitais, modelo keynesiano, modelo IS-LM-BP e outros que eram bastante cobrados nas provas da Cesgranrio. Como esses modelos não se encaixam nos assuntos pedidos no edital 2012, não faz sentido a banca cobrar isso na prova, por isso não vou abordar esses modelos. Nesta aula 02, as teorias de comércio internacional continuam as mesmas com exceção das teorias de Rybczynski, teoria de Linder e teoria da Síntese Dinâmica. 1. O modelo de Heckscher-Ohlin Um século após Ricardo ter estabelecido o princípio das vantagens comparativas, Eli Heckscher e Bertil Ohlin formularam uma teoria que procurava responder o que determina a vantagem comparativa e o efeito do comércio internacional sobre os rendimentos dos vários fatores de produção (capital, trabalho e terra) das nações que participam do comércio, ou seja, como se dá a distribuição de renda auferida com o comércio. O modelo H-O foi apresentado originalmente no livro “Interregional and International Trade”, de Bertil Ohlin, publicado em 1933. Basicamente, a Teoria de Heckscher-Ohlin (ou Teoria da Dotação de Fatores ou Teoria da Proporção dos Fatores), afirma que as forças

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ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog

Profa. Julia Olzog www.pontodosconcursos.com.br Página 1

Aula 01

Modelo de Heckscher-Ohlin. Novas abordagens de comércio

internacional: rendimentos crescentes e concorrência imperfeita.

Olá alunos,

Seguimos com nosso curso com base no edital 2012. Para aqueles alunos que

adquiriram o curso antes do edital 2012, as aulas já abordaram toda a matéria

do edital atual. Alguns assuntos cobrados saíram e isso foi indicado na tabela

da aula 12 do curso anterior. A mudança mais significativa foi a retirada da

parte de balanço de pagamentos, mobilidade de capitais, modelo keynesiano,

modelo IS-LM-BP e outros que eram bastante cobrados nas provas da

Cesgranrio. Como esses modelos não se encaixam nos assuntos pedidos no

edital 2012, não faz sentido a banca cobrar isso na prova, por isso não vou

abordar esses modelos.

Nesta aula 02, as teorias de comércio internacional continuam as

mesmas com exceção das teorias de Rybczynski, teoria de Linder e teoria da

Síntese Dinâmica.

111... O modelo de Heckscher-Ohlin

Um século após Ricardo ter estabelecido o princípio das vantagens

comparativas, Eli Heckscher e Bertil Ohlin formularam uma teoria que

procurava responder o que determina a vantagem comparativa e o efeito do

comércio internacional sobre os rendimentos dos vários fatores de produção

(capital, trabalho e terra) das nações que participam do comércio, ou seja,

como se dá a distribuição de renda auferida com o comércio. O modelo H-O foi

apresentado originalmente no livro “Interregional and International Trade”, de

Bertil Ohlin, publicado em 1933.

Basicamente, a Teoria de Heckscher-Ohlin (ou Teoria da Dotação

de Fatores ou Teoria da Proporção dos Fatores), afirma que as forças

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produtivas de um país se especializam e exportam os produtos que requerem a

utilização mais intensiva de seu fator de produção abundante.

O modelo H-O, diferentemente de Smith e Ricardo que consideravam

apenas o fator de produção trabalho, considera todos os fatores de

produção: terra, trabalho e capital. Outra diferença em relação à teoria de

Ricardo é que no modelo da dotação dos fatores a tecnologia é assumida

constante, ou seja, as tecnologias de produção são idênticas em ambos os

países, comente variando os fatores de produção.

Dado que os fatores de produção são fixos/estáticos, o comércio

internacional decorre da diferença entre os países no que diz respeito à

dotação dos fatores de produção. Assim, se um país possui abundância do

fator de produção capital, por exemplo, ele irá se especializar na produção e

exportação de bens que sejam intensivos em capital e irá importar bens

intensivos em terra e trabalho. Pelo modelo H-O, o que determina o comercio

internacional são as diferenças relativas nas dotações de recursos entre os

países.

Assim, o padrão de comércio do modelo é o seguinte: países tendem a

exportar produtos que utilizam intensivamente o fator de produção que

se encontra relativamente mais abundante, e importam mercadorias que

utilizam intensivamente o fator de produção menos abundante em seu

território. Pose-se dizer que os países têm vantagens comparativas naqueles

bens cuja produção requer fatores relativamente abundantes

domesticamente. Isso porque, onde o fator é abundante (capital, por

exemplo), seu custo relativo aos demais fatores (trabalho e terra) é menor, o

que torna economicamente mais rentável a produção de bens intensivos em

capital.

No modelo H-O original existem apenas dois países, duas commodities

que podem ser produzidas e dois fatores homogêneos de produção: é um

modelo tipo 2x2x2. Vejamos:

- Duas economias – país A e B;

- Dois bens – M e X;

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- Dois fatores de produção – K e L (Capital e Trabalho)

No modelo, o bem M será intensivo em capital se a relação

capital/trabalho em sua produção for superior à taxa usada para produzir o

bem X: KM/LM > KX/LX. Consequentemente, se o bem M é intensivo em capital,

o bem X será intensivo em trabalho.

Quanto aos países, o país A será relativamente abundante em capital se

a taxa capital/trabalho (K/L) for maior que a taxa K/L do país B: (K/L)A >

(K/L)B . Nesse caso, sendo o país A relativamente abundante em capital, o país

B terá abundância relativa de trabalho.

Assim, o modelo de H-O mostra que as vantagens comparativas são

influenciadas por:

• Intensidade relativa no emprego de fatores (K, L)1 no que se refere

a bens;

• Abundância relativa de fatores (K, L) no que se refere a países.

Dadas as suposições do modelo acima, um país exportará a commodity

cuja produção é intensiva no fator relativamente mais abundante

domesticamente. Isso também equivale a dizer, que as trocas internacionais

podem ser identificadas como a troca de fatores abundantes por fatores

escassos.

Assim, por exemplo, a especialização dos países latino americanos na

produção de produtos primários para a exportação, associada à importação de

produtos manufaturados, seria um corolário do teorema de Hecksher-Ohlin,

dado que estes países possuem uma abundante dotação de recursos naturais e

de mão de obra de baixa qualificação.

Em relação ao custo de oportunidade, em um modelo de um único fator

de produção, como é o caso do Modelo de Ricardo, a Fronteira de

Possibilidades de Produção da economia é uma reta e o custo de oportunidade

1 No exemplo foram usados K= capital e L= trabalho, mas o fator Terra também é condiderado como fator de

produção

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é constante. Já em um modelo de dois ou mais fatores, a Fronteira de

Possibilidades de produção da economia é uma curva e os custos de

oportunidade são crescentes.

Os pressupostos básicos do modelo H-O são os seguintes:

• As funções de produção para ambas as commodities exibem retornos

constantes de escala2, mas diferem entre si no que diz respeito à utilização de

capital e trabalho. Ou seja, uma commodity é capital-intensiva e a outra é

trabalho-intensiva.

• Ambos os países possuem as mesmas tecnologias de produção (constante).

• As preferências são homogêneas e idênticas em ambos os países.

• A única diferença entre os países se deve à abundância relativa de capital,

trabalho e terra em cada país.

• A oferta total dos fatores de produção é fixa.

• Há plena mobilidade de capital e trabalho entre os dois setores produtivos;

• Não há mobilidade de capital e trabalho entre os países;

• Não há barreiras comerciais, tarifas ou custos de transporte;

• Há concorrência perfeita e pleno emprego.

• O comércio de bens é uma forma indireta de comerciar os fatores de

produção contidos nas mercadorias.

2 No caso dos rendimentos constantes de escala tendo os insumos dobrados, a função de produção também irá dobrar,

ou seja, o aumento na produção se dá na mesma proporção do aumento dos insumos utilizados.

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Na tentativa de avaliar a relação entre distribuição de renda e comércio

internacional, o teorema foi aprimorado para mostrar que haveria uma

equalização dos preços relativos dos fatores de produção com o comércio

internacional.

1.1. Paradoxo de Leontief

Pelo modelo de Heckscher-Ohlin, os países apresentam vantagens

comparativas nos bens cuja produção utiliza-se do fator de produção

abundante no país, de modo que a tendência é a de que o país exporte esses

tipos de produtos. Todavia, um estudo do economista Wassily Leontief,

publicado em 1953, colocou em xeque a teoria de Hecksher-Ohlin, ao

evidenciar que as exportações norte-americanas, no pós-Segunda Guerra

Mundial, eram menos capital-intensivas do que as importações, ou seja, a

economia mais capital-intensiva do mundo, os EUA, tinha um padrão de

comércio que se afastava dos modelos clássico e neoclássico: exportava bens

intensivos em trabalho e importava bens intensivos em capital. Essa

constatação estatística foi denominada de paradoxo de Leontief.

Essa contradição levantou algumas hipóteses em relação ao padrão de

comércio americano. Alguns argumentos era de que os EUA detêm uma

vantagem comparativa muito mais relacionada com a mão de obra altamente

qualificada (i.e., capital humano) do que com o capital físico. Com base nesta

explicação, as exportações dos EUA são muito intensivas em capital humano, e

não particularmente intensivas em trabalho (i.e., mão de obra desqualificada).

Outros autores acham que o modelo H-O está correto, porém deveria

levar em conta mais fatores de produção além do capital e do trabalho

homogêneos. Segundo este argumento, o padrão de comércio parece também

ser influenciado pela dotação de recursos naturais e de mão de obra

qualificada. Neste caso, o erro do modelo teria sido apenas o de considerar

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toda a mão de obra como homogênea. Por outro lado, também se defende que

o modelo deveria levar em consideração os padrões de demanda.

Outra explicação é que a estrutura tarifária americana proporciona maior

proteção aos produtos intensivos em trabalho. Se os EUA adotam uma política

protecionista em relação aos produtos trabalho-intensivos, as importações

destes diminuem e há, comparativamente, um volume maior de importações

de produtos capital-intensivos.

O Paradoxo de Leontief acabou estimulando o surgimento de novas

teorias para explicar o comércio internacional, levando em conta outros

aspectos até então não abordados pelas teorias tradicionais.

1.2. Teorema Hecksher-Ohlin-Samuelson ou Teorema da

Equalização dos Preços dos Fatores

Como decorrência da Teoria Heckscher-Ohlin, surgiu o Teorema da

Equalização dos Preços dos Fatores, desenvolvida por Paul Samuelson. É

também conhecido como Teorema da Equalização dos Custos dos Recursos ou

Teorema Heckscher-Ohlin-Samuelson.

Os pressupostos do Teorema H-O-S são os mesmos do modelo de H-O,

mas agora a análise é feita sobre os efeitos do livre comércio na remuneração

dos fatores de produção.

Por exemplo, vamos novamente usar o modelo 2x2x2

- Dois países – China e Alemanha;

- Dois bens – vestuário e automóveis;

- Dois fatores de produção – K e L (Capital e Trabalho)

A China tem abundância do fator de produção trabalho e, portanto, se

especializa na produção e exportação de bens intensivos em trabalho, no

nosso exemplo: vestuário. A Alemanha, possui abundância do fator de

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produção capital e, portanto, se especializa na produção e exportação de bens

intensivos em capital, nesse caso automóveis.

Com o livre comércio entre as nações, a China passa a vender roupas

(vestuário) para a Alemanha e compra desta automóveis. Com isso, a indústria

chinesa precisa produzir mais vestuário, o que acaba aumentando a demanda

por mais trabalhadores (mão de obra). Já a indústria alemã, precisa produzir

mais automóveis, o que aumenta a demanda por capital (investimentos).

A especialização e comércio entres os países causa um efeito sobre a

remuneração dos fatores: na China, o aumento da demanda por mão de obra

provoca a elevação dos salários (aumenta a demanda por trabalho, que leva a

um aumento da remuneração do fator de produção trabalho). Na Alemanha, o

aumento da demanda por capital causa a elevação dos juros (remuneração do

fator de produção capital).

Como há o comércio entre os países que suprem a oferta do bem

intensivo no fator escasso, a China deixa de produzir automóveis e passa a

comprar da Alemanha. Da mesma forma, a Alemanha não produz mais roupas,

pois compra da China. Na China, haverá então uma redução da demanda por

capital enquanto na Alemanha haverá redução da demanda por mão de obra.

A redução da demanda por capital na China acaba levando a uma

redução dos juros (remuneração do fator de produção capital); enquanto na

Alemanha, a redução da demanda por mão de obra gera uma redução dos

salários.

Então, com o livre comércio, verifica-se que houve elevação dos salários

e redução dos juros na China; e elevação dos juros e redução dos salários na

Alemanha.

Em síntese, o teorema diz que o país com abundância em um fator de

produção e escassez em outro irá demandar mais fator de produção abundante

para atender às exportações nas quais possui vantagem comparativa. Ao longo

do tempo, isso possibilitará aumentar a remuneração do fator abundante.

A consequência em termos globais, seria a equalização dos preços

dos fatores de produção. Na China os salários que eram baixos aumentaram

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e os juros que eram altos diminuíram. Na Alemanha, os salários que eram

altos caíram, e os juros que eram baixos subiram. Isso leva a uma

convergência na remuneração dos fatores e uma situação de equilíbrio.3

Em linhas gerais, o teorema explica o efeito do livre comércio sobre a

remuneração dos fatores de produção.

Dentro de uma economia vemos os efeitos causados pelo comércio em

relação à distribuição de renda: no nosso exemplo, o comércio favorecerá os

trabalhadores chineses – provocando aumento dos salários – e prejudicará os

proprietários do capital – queda dos juros, menor remuneração do fator. A

mesma coisa na Alemanha: o dono do capital recebe mais juros, mas em

compensação, os trabalhadores saem perdendo. Há, portanto, ganhadores e

perdedores, sendo a renda distribuída para os detentores do fator abundante

em detrimento dos detentores do fator escasso.

Resumo de Comércio Internacional e Distribuição de Renda:

–Numa economia fechada, o fator abundante produz muito do bem

intensivo, o que faz com este bem tenha um preço relativamente baixo.

–Com a abertura, há aumento no preço relativo deste bem, por conta da

demanda do resto do mundo.

–O comércio (livre de barreiras) leva à convergência dos preços relativos

(o custo de produção de um bem está diretamente relacionado ao preço dos

fatores utilizados na sua produção)

–Mudanças nos preços relativos têm fortes efeitos sobre a remuneração

relativa dos fatores nos países: os proprietários dos fatores abundantes de um

país obtêm ganhos do comércio, mas os proprietários dos fatores escassos

saem perdendo.

O modelo sofre críticas, pois a maior parte do comércio mundial é feita

entre países desenvolvidos e entre países em desenvolvimento, os quais

apresentam dotações fatoriais relativamente similares, caso que o modelo H-

O-S não pode explicar. Veremos isso mais adiante.

3 Na prática, sabemos que não é isso que acontece, pois os salários na vida real são bem maiores nos países

desenvolvidos e os juros maiores nos países não desenvolvidos! Mesmo caindo os salário e os juros eles não chegam a se equalizar.

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Mas, apesar disso, o teorema pode ser percebido na vida real: na China,

o grande crescimento econômico causado pelo aumento da produção e

exportação dos bens produzidos naquele país têm provocado a elevação dos

salários, que pressionam os preços para cima, gerando inflação. Como os

chineses têm que repassar o aumento dos salários para os preços dos

produtos, a China acaba exportando sua inflação, embutida nos preços dos

produtos, para o resto do mundo.

1.3. O Teorema de Stolper-Samuelson

O Teorema de Stolper-Samuelson, diz que o aumento no preço relativo

de um bem provoca um aumento mais que proporcional da renda do fator

de produção empregado intensivamente em sua produção e uma redução da

remuneração do fator de produção escasso.

Suponha que a intensidade do uso fator trabalho é maior na produção do

bem 1 que na produção do bem 2. Se aumentar o preço do bem 1 (p1), o

preço de equilíbrio do trabalho (fator usado intensivamente na produção do

bem 1) aumenta, enquanto que o preço do outro fator, não usado

intensivamente, diminui. Isso porque o aumento do preço do bem 1 provoca

um estímulo à expansão da produção em detrimento da produção do bem 2, o

que acaba gerando um aumento da demanda pelo insumo (fator) de produção

do bem, que eleva seu preço.

Vimos no modelo H-O-S os efeitos do livre comércio sobre a distribuição

de renda. Mas o que acontece com as remunerações dos fatores de produção

se houver protecionismo (imposição de barreiras), ao invés do livre comércio?

Outro aspecto importante do teorema S-S é que ele explica os efeitos

que a imposição de tarifas (barreiras tarifárias) provocam sobre a

remuneração dos fatores de produção.4

4 Teorema Stolper-Samuelson descreve os efeitos do protecionismo sobre a remuneração dos fatores de produção.

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Vamos voltar ao exemplo anterior: a China se especializou na produção

de vestuário, enquanto a Alemanha se especializou na produção de

automóveis. Mas, o que acontece se a China colocar uma tarifa (imposto de

importação) sobre a importação de vestuário?

Num primeiro momento, a oferta externa (importação) de vestuário

tende a diminuir (pois agora há uma barreira tarifária que deixa o produto

mais caro), mas a demanda doméstica se mantém constante. Nesse caso, a

indústria de roupas chinesa será incentivada a produzir mais, pois a proteção

abre espaço para o aumento da oferta nacional. Só que, para produzir em

maior escala, a indústria chinesa necessitará de maior quantidade de mão de

obra. O aumento da demanda por trabalhadores provocará uma elevação dos

salários.

E se os chineses cobrassem imposto de importação sobe automóveis?

Nesse caso, sendo que oferta externa de carros tende a diminuir e a demanda

se mantém constante, os preços dos carros sobem na China. As empresas

chinesas de automóveis vão se sentir então estimuladas a produzir mais e,

para isso, vão precisar de capital para aumentar a produção. O aumento da

procura por capital leva a um aumento da remuneração deste fator, ou seja,

os juros sobem na China.

Com isso, podemos afirmar que, de acordo com o Teorema Stolper-

Samuelson, a imposição de tarifa sobre a importação de um bem tem

como efeito o aumento da remuneração do fator de produção intensivo

no bem protegido. Dito de outra forma, a proteção favorece o fator usado de

forma intensiva no setor que compete com as importações.

Vamos fazer um paralelo entre o teorema H-O-S e o teorema S-S

Nos 2 teoremas, há correspondência entre os preços relativos dos bens e

os preços relativos dos fatores utilizados para produzir os bens, o que, com a

abertura comercial, provoca a distribuição de renda. O teorema H-O-S

descreve a distribuição da renda em livre comércio, enquanto o teorem S-S

descreve a distribuição da renda em situação de protecionismo.

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No teorema H-O-S o livre comércio leva ao aumento da remuneração do

fator de produção abundante e no teorema S-S o protecionismo leva ao

aumento da remuneração do fator de produção intensivo no bem protegido.

A diferença entre os teoremas é que, no caso do livre comércio, mesmo

havendo aumento da demanda, haverá uma tendência à equalização dos

preços no mercado internacional; já numa economia protegida, a tarifa

aumenta a remuneração do fator protegido, mas também aumenta o preço do

bem protegido domesticamente, o que acaba provocando uma perda do ganho

real dos salários em decorrência do aumento da inflação.

2. Novas Teorias do Comércio Internacional

As inovações tecnológicas ocorridas a partir de meados da década de 70

geraram um novo paradigma tecnológico. Os fundamentos desse novo

paradigma são as novas tecnologias de informação e inovações organizacionais

relacionadas. No núcleo das transformações recentes está a combinação da

revolução microeletrônica, originada nos Estados Unidos, com o modelo de

organização flexível, desenvolvido inicialmente no Japão.

Em nível macro, assistimos, no início da década de 80, à ascensão do

monetarismo e da corrente neoliberal nos Estados Unidos e Inglaterra, e sua

influência nas instituições multilaterais, FMI e Banco Mundial. Esse novo

paradigma está redefinindo não só os parâmetros de desenvolvimento,

comércio nacional e internacional, mas também as formas de organização e

gestão.

As evidências empíricas sempre apontavam que a teoria tradicional das

vantagens comparativas precisava ser complementada por outras hipóteses,

como as economias de escala, economias de escopo, fatores do lado da

demanda como diferenciação de produto, tecnologia de mercado devido à

competição imperfeita e política governamental. A nova teoria do comércio

internacional procura dar conta desses novos fatores, desenvolvendo

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explicações dos padrões de comércio e da competitividade a partir do exame

das interações estratégicas das empresas e de governos.

Nesses modelos, o comércio e os investimentos internacionais ocorrem

em mercados imperfeitamente competitivos - oligopólios ou competição

monopolística – em que fatores como barreiras de entrada, diferenciação de

produtos, economias de escala, learning-by-doing e progresso tecnológico têm

papel importante.

A nova teoria de comércio é chamada também de “teoria estratégica de

comércio” porque o comércio é resultado da rivalidade estratégica de empresas

e governos, em que um pequeno número de empresas e o governo tomam

decisões levando em consideração a reação dos demais participantes do

mercado. Nessa análise, os governos nacionais, sob certas condições bastante

restritivas, podem intervir com sucesso, alterando o resultado da competição

entre as empresas nacionais em relação às estrangeiras e aumentando o bem

estar – lucro da empresa nacional – por meio de subsídios ou imposição de

barreiras ao comércio (Krugman, 1988).

A teoria estratégica de comércio incorpora alguns elementos da nova

realidade mundial. Explica também alguns aspectos dos padrões de comércio

observados nas últimas décadas, como o grande volume do comércio

intrafirma e a crescente participação das empresas multinacionais no comércio

mundial, particularmente nos setores de alta tecnologia.

2.1. Economias de Escala

Os modelos clássicos apresentados têm como base a concorrência

perfeita e rendimentos constantes de escala. Em concorrência perfeita, temos

as seguintes características: elevado número de ofertantes e demandantes de

forma que, isoladamente, nenhum deles exerce influencia sobre o preço;

homogeneidade do produto – não existe diferenciação entre os produtos;

transparência do mercado – todos tem conhecimentos das condições do

mercado; liberdade de entrada e saída de empresas - livre mobilidade de

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capital. Quanto aos rendimentos constantes de escala, assume-se que se

duplicarmos os inputs (insumos) de fatores produtivos numa determinada

indústria, então a produção dessa indústria duplicará também.

Contudo, na prática, a maior parte das indústrias operara em ambiente

de concorrência imperfeita e economias (crescentes) de escala, ou seja,

quando se duplicam os inputs, mais que duplica a produção. Ou seja, haverá

ganhos de escala quando o aumento dos fatores produtivos (trabalho, capital)

empregados na fabricação de um bem acarretar um aumento mais do que

proporcional da produção. A premissa básica da existência de economias de

escala (ou ganhos de escala) seria que os custos da empresa ou do mercado

se reduzem à medida que aumenta a quantidade produzida.

Com a especialização, cada país produziria uma variedade restrita de

bens, beneficiando-se dos retornos crescentes de escala sem sacrificar,

contudo, a variedade no consumo possibilitada pelo comércio internacional.

As economias de escala surgem da especialização dos países e dão

razões suplementares à existência de comércio internacional, a medida que os

países vão se tornando mais eficientes na produção de determinados bens, ao

invés de tentar produzir tudo. Se cada país produz apenas alguns dos bens,

então cada bem pode ser produzido em escala maior do que se cada país

tentasse produzir tudo, e a economia mundial pode produzir mais de cada

bem. Segundo Krugman, os países participam do comércio internacional em

razão dos benefícios decorrentes das diferenças entre eles, o que lhes permite

se especializarem na produção daquilo que fazem melhor em relação aos

outros. Essa especialização leva a economias de escala, isto é, ao se

especializarem, os países produzem numa escala maior e de maneira mais

eficiente do que se produzissem eles mesmos todos os bens de que

necessitam.

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Então, em função dos rendimentos crescentes de escala, mesmo

países idênticos no que se refere a suas dotações de fatores, gostos e

preferências podem obter ganhos com o comércio mútuo5.

Esse comércio, no entanto, não se realiza em condições de concorrência

perfeita, fazendo-se necessário certo grau de monopolização. Sendo assim, os

ganhos de escala levam à formação, não de um mercado de concorrência

perfeita, mas de um mercado no qual as firmas tenham um certo grau de

poder (concorrência imperfeita).

As economias de escala favorecem o surgimento de monopólios: em

empresas com grande escala de produção, normalmente grandes empresas, o

investimento inicial (custo fixo) é difundido sobre o crescente número de

unidades de produção. Quando os custos médios caem, se diz que existe

economia de escala ou rendimentos crescentes de escala, entendendo-se por

isto que aumentando-se a escala de produção, o custo por unidade tende a

cair.6 Desta forma, estas empresas possuiriam vantagens sobre as pequenas,

com custos médios ainda altos, o que poderia favorecer monopólios.7

Economias de Escala

Custo por unidade produzida

Custo médio

Produção acumulada

5 Além disso, o intenso comércio entre países de dotações semelhantes não é tão difícil de explicar. É intuitivo

imaginar que países próximos fisicamente tenderão a ter dotações semelhantes e, visto que os custos de transporte influenciam os dados do mundo real, temos uma explicação razoável.

6 Da mesma maneira, quando os custos médios tendem a aumentar, tem-se deseconomias de escala ou rendimentos decrescentes em escala. http://www.eps.ufsc.br/disserta98/moreira/cap4.html

7 Por isso, economias de escala são mais freqüentes em indústrias com altos custos fixos de produção: indústrias capital-intensivas.

Aumentando a produção diminui o custo médio

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As economias de escala podem ser externas ou internas. Economias de

escala externas8 ocorrem quando os custos por unidade dependem do

tamanho da indústria (do setor), mas não necessariamente do tamanho da

empresa em si. Existem sinergias horizontais (“clusters”) e verticais (cadeia ou

complexo produtivo) que resultam num fornecimento mais eficiente de

insumos, fatores, serviços e transbordamento do conhecimento.

Já as economias de escala internas ocorrem quando os custos por

unidade produzida dependem do tamanho de uma empresa em termos

individuais, mas não necessariamente da indústria em si. Há vantagens de

custo para as firmas maiores e a estrutura de mercado é de concorrência

imperfeita: firmas procuram reduzir custos e diferenciar seus produtos.

Nas economias externas, a ideia é que um conglomerado de empresas é

mais eficiente do que uma empresa isolada por concentrar o fornecimento

especializado, um mercado comum de trabalho e transbordamentos de

conhecimento (fluxo informal de informações). A presença de economias

externas em distritos industriais dinâmicos garante a eficiência coletiva das

empresas individuais, pois, um conjunto de empresas do mesmo setor

operando em uma determinada região, irá incentivar o estabelecimento de

fornecedores especializados naquela área, maiores facilidades logísticas e,

consequentemente, redução de custos. As economias externas derivam da

disponibilidade de fatores de produção de baixo custo no mercado, e não de

uma melhor utilização dos recursos produtivos no interior da firma.

Países que possuem setor industrial com economias de escala externas,

podem produzir certos bens a custos inferiores e com isso, aumentar o volume

de produção, dominando o mercado.

As economias de escala podem ser estáticas ou dinâmicas. As

economias de escalas estáticas são as oriundas da planta industrial, e permite

a queda nos custos unitários de produção na media em que a escala aumenta. 8 Ganhos de escala externos acontecem na existência de especialização dentro da indústria, vantagens de

conglomeração e usufruto de bens públicos comuns (Helpman, 1984). Krugman e Obstfeld (2001) comentam os ganhos externos resultantes dos clusters industriais, mais especificamente do Vale do Silício na Califórnia. Os autores argumentam que a concentração das indústrias atrai fornecedores especializados, diminuindo custo dos insumos, gera um mercado comum de trabalho e possibilita o transbordamento de conhecimento (spillover effects).

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As economias de escala dinâmicas são oriundas da expansão industrial que

induz mudanças técnicas através de processos como o learning by doing

(aprender fazendo) que é o processo de aprendizado tecnológico de uma

economia. Desta forma, há evidências de que existe uma elevada correlação

entre aumento do produto industrial e aumento da produtividade industrial.

Assim, a análise acerca das economias externas traz também a ideia de

rendimentos crescentes dinâmicos, isto é, levando-se em conta o acúmulo de

conhecimento, os custos tendem a cair com a produção acumulada ao longo do

tempo ao invés de caírem com a taxa de produção corrente. Tal aspecto abre

espaço para argumentos protecionistas como o da indústria nascente, visto

que a falta de experiência produtiva em determinada área é fator prejudicial à

queda dos custos de produção e consequente aumento da competitividade

internacional dos produtos nacionais. Dessa forma, os governos nacionais

encontram argumentos para intervir de forma ativa no processo de competição

entre firmas nacionais e estrangeiras, alterando o resultado em prol das

primeiras, no sentido de gerar maior bem estar à sociedade nacional.

2.2. Concorrência Imperfeita

Num mercado perfeitamente competitivo – um mercado no qual há

muitos compradores e vendedores, sendo que nenhum deles representa uma

grande parte do mercado –, as firmas são tomadoras de preços. Isto é, os

vendedores dos produtos acreditam que podem vender o quanto desejam ao

preço corrente e não podem influenciar o preço que se paga pelo seu produto.

Quando apenas algumas firmas produzem um bem, no entanto, a

questão é diferente. Na concorrência imperfeita, então, as firmas estão

conscientes de que podem influenciar os preços dos seus produtos e que

podem vender mais somente por meio da redução dos preços. A concorrência

imperfeita é característica tanto de setores nos quais há poucos e grandes

produtores, como dos setores nos quais o produto de cada produtor é visto

pelos consumidores como diferenciado dos produtos dos concorrentes. Sob

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estas circunstâncias, cada firma considera-se uma formadora de preços,

escolhendo o preço do seu produto, em vez de uma tomadora de preços.

Na concorrência imperfeita, temos as seguintes estruturas de mercado:

oligopólio, monopólio e concorrência monopolística.

A estrutura de mercado de concorrência imperfeita mais simples para

esse exame é o monopólio puro: um mercado no qual a firma não tem

concorrência. Porém, a existência de lucros elevados num determinado

mercado atrai sempre competidores e, por isso, as situações de monopólio

puro no mercado internacional são raras.

Quando internamente as empresas usufruem de economias de escala,

estão em geral, operando em oligopólio, ou seja, o mercado é composto por

algumas empresas, com peso suficiente que possam influenciar o preço, mas

nenhuma isoladamente com poder a esse nível. Cada empresa, numa situação

de oligopólio, ao fixar um preço, considera não só a reação dos consumidores,

mas também a reação dos seus competidores diretos nesse mercado. Essas

respostas têm também a ver com as expectativas dos competidores em

relação ao comportamento e reação das empresas concorrentes. No comércio

internacional, a teoria do oligopólio considera que, em virtude da existência de

grandes empresas multinacionais e transnacionais, o mercado mundial é

oligopolizado. Muitas vezes essas empresas recebem apoio dos governos na

forma de incentivos e proteção, pois essas empresas possuem um impacto

econômico local em termos de geração de emprego e renda. Então, é

interessante para os governos que elas mantenham sua competitividade.

Mas, vamos nos ater ao modelo da concorrência monopolística, pedido

pelo edital.

2.3. Modelo de Concorrência Monopolística

Até então, estávamos estudando modelos que consideravam serem os

bens homogêneos, o que não é verdade, afinal, para o comércio de alguns

bens (sobretudo industriais) é razoável supor que os consumidores diferenciam

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os produtos em termos de qualidade, desenho industrial, marca, desempenho,

etc.9

Na estrutura de mercado da concorrência monopolística, existe um

grande número de empresas, cada uma produzindo um produto próprio, com

características próprias.10 Isso quer dizer que as firmas vendem produtos

semelhantes, mas não homogêneos, ou seja, a concorrência se dá pela

diferenciação de produtos. A diferenciação dos produtos assegura que cada

firma tenha um monopólio no seu produto particular dentro do setor.

Cada firma pressupõe que os preços cobrados pelos seus rivais são

dados – isto é, ela ignora o impacto no seu próprio preço sobre os preços das

outras firmas. Como resultado, o modelo de concorrência monopolística

assume que, mesmo que cada firma se esteja defrontando com a concorrência

de outras firmas, ela comporta-se como se fosse um monopolista (daí o nome

do modelo). Devido à diferenciação dos produtos, alguns consumidores estão

dispostos a pagar mais por determinado produto, mas o poder de monopólio

pode ser limitado, dependendo da elasticidade da demanda: quanto mais alta

a elasticidade da demanda, menor o poder de monopólio.

A aplicação do modelo de concorrência monopolística ao comércio

internacional tem em si internalizada a ideia de que o comércio aumenta o

mercado. Com a expansão do mercado consumidor, cada país pode

especializar-se na produção de determinados tipos de bens, que não poderia

fazer na ausência de comércio, e ao mesmo tempo, proporciona uma maior

gama de produtos aos seus consumidores.

Com isso, só haverá comércio para atender gostos distintos dos

consumidores se um país não produzir todos os bens. Temos assim vantagens

mútuas na existência de comércio entre países, mesmo quando os países têm

diferenças a níveis de recursos e de tecnologia. O exemplo tradicional é o da

indústria automobilística em que existem muitos fabricantes, mas as empresas

9 Isto vale tanto para bens de consumo (ex. carros, eletrodomésticos, computadores) quanto para bens de capital (ex.

tratores, tornos) e bens intermediários (ex. microprocessadores). 10 Nesse tipo de estrutura mercadológica, existem características de uma concorrência perfeita (grande número de

vendedores) e características de um monopólio (cada empresa é detentora única de seu produto).

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tentam ganhar o consumidor oferecendo automóveis com características

próprias, diferentes dos concorrentes.

Modelo básico de concorrência monopolística: imagine um setor com

diversas firmas. Estas firmas produzem produtos diferenciados – isto é, bens

que não são exatamente os mesmos, mas são substitutos uns dos outros.

Cada firma é, portanto, um monopolista no sentido de que não é a única firma

a produzir um bem particular, mas a procura por seu bem depende dos outros

produtos similares disponíveis e dos preços das outras firmas do setor.

Hipóteses do modelo: iniciamos descrevendo a procura do ponto de vista

de uma firma em concorrência monopolística. Em geral, imaginamos que a

empresa venda mais quanto maior for a procura total pelo produto e quanto

maiores os preços cobrados pelos seus rivais. Por outro lado, supomos que a

firma venda menos quanto maior for o número de firmas no setor e quanto

maior é o seu próprio preço. Uma equação particular para a procura da firma

que tem essas propriedades é:

Q = S{1/n - bx (P - P’)}

em que Q são as vendas da firma, S são as vendas totais do setor, n é o

número de firmas no setor, b é uma constante representando a sensibilidade

das vendas de uma firma ao seu preço, P, o preço cobrado pela firma e P’, o

preço médio cobrado pelos seus concorrentes. Esta equação tem a seguinte

justificação intuitiva: se todas as firmas cobram o mesmo preço, cada uma

terá uma parcela de mercado igual a 1/n. Uma firma que cobre mais do que a

média das demais terá uma parcela de mercado menor; uma firma cobrando

menos terá uma parcela de mercado maior.

Equilíbrio num mercado de concorrência monopolística: o número de

firmas num mercado em concorrência monopolística e os preço que elas

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cobram, são determinados por 2 relações: 1) quanto mais firmas houver, mais

intensamente elas concorrem e, portanto, menor é o preço daquele setor; 2)

quanto mais firmas houver, menos cada uma vende e, portanto, maior o seu

custo médio. Se o preço exceder o custo médio, o setor terá lucros e firmas

adicionais entrarão no setor. Se o preço é menor que o custo médio, o setor

estará incorrendo em perdas e firmas sairão do setor. O preço e o número de

empresas correspondentes ao equilíbrio ocorrem quando o preço é igual ao

custo médio.

2.4. Comércio Intraindústria

Subordinada à aplicação do modelo de concorrência monopolística do

comércio está a ideia de que o comércio aumenta o tamanho do mercado. Nas

indústrias em que existem economias de escala, tanto a variedade dos bens

que um país pode produzir como a escala da sua produção são restringidas

pelo tamanho do mercado. Comercializando entre si, forma-se um mercado

mundial integrado que é maior que qualquer mercado nacional individual.

Como resultado, o comércio oferece uma oportunidade de ganhos mútuos

mesmo quando os países não diferem em recursos ou tecnologia.

O modelo de concorrência monopolística faz, na verdade, uma integração

entre os modelos com ganhos de escala e diferenciação de produtos.

Do lado da oferta, os ganhos de escala resultam, em equilíbrio, em um

número finito de firmas na indústria. Do lado da demanda, a diferenciação dos

produtos percebida pelos consumidores assegura aos produtores alguma

margem para formação de preços, isto é, os consumidores não deixarão de ser

fiéis aos seus produtos devido a pequenas mudanças nos preços (Krugman e

Obstfeld). Se, em equilíbrio, houver produtos diferenciados produzidos em

mais de um país, então existirá comércio intraindustrial.

Krugman e Obstfeld, argumentam que essa modalidade de comércio é

justificada pela pressuposição de que, como a indústria de manufaturas não é

perfeitamente competitiva, cria uma situação em que aparecem produtos

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substitutos próximos, embora não idênticos, elaborados por empresas do

mesmo ramo industrial, que podem estar localizadas em países distintos ou

não.

Os ganhos de comércio intraindústria são decorrentes de duas fontes. A

primeira fonte é a existência de ganhos de escala, pois como o comércio

internacional amplia o mercado, então um nível de produto maior a menor

preço é possível. A segunda fonte é a preferência pela diversidade por parte

dos consumidores, pois o mercado maior possibilita a existência de mais firmas

dentro de uma mesma indústria, o que significa uma maior oferta de

variedades de um mesmo produto. Estes ganhos de comércio intrasetorial são

proporcionais ao tamanho dos parceiros comerciais (Krugman e Obstfeld).

O padrão de comércio intraindústria é explicado por um conjunto de

características, tais como a ocorrência de economias de escala, imperfeições

de mercado e similaridade da renda entre os países, que não pode ser

analisado sob as óticas dos modelos de abundância de fatores e/ou vantagens

comparativas.

O comércio intraindústria tem como característica a utilização dos

mesmos fatores de produção em ambos os países. A ocorrência do comércio

intraindústria, portanto, dependerá da capacidade de os países produzirem

bens diferenciados, com características de concorrência monopolística e,

adicionalmente, ganhos provenientes de economias de escala e da demanda

dos consumidores do outro país, conforme analisado por Krugman. As

economias de escala permitem, portanto, a existência do comércio

intraindústria, assim denominado o comércio dentro de um mesmo setor

industrial. Outra característica é que o comércio intraindústria é

dominante entre países com grau de desenvolvimento econômico

semelhante.

Esse tipo de comércio permitirá que os países se especializem em uma

variedade menor de bens, produzindo-os com maior eficiência e em maior

quantidade, auferindo ganhos de escala. As economias de escala permitem que

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exista comércio entre dois países mesmo que estes possuam idênticas

dotações de fatores de produção.

2.5. Teoria do Ciclo de Vida do Produto

Raymond Vernon (1966) faz uma crítica às teorias neoclássicas do

comércio internacional devido à sua ênfase exclusiva nos custos relativos dos

fatores produtivos e no conceito de vantagens comparativas (estáticas) como

determinantes dos fluxos internacionais de comércio, deixando assim de

considerar outros elementos, cuja importância já se mostrava bastante

evidente, a saber: as inovações, as economias de escala e a ignorância e

incerteza decorrentes da informação limitada.

Ao enfatizar a importância desses elementos sobre a definição dos

padrões de comércio e de investimento internacionais, a teoria do ciclo do

produto desenvolve o argumento de que decisão sobre quando e onde investir

na produção de um novo produto é influenciada pela evolução das vantagens

comparativas de custos ao longo do ciclo de vida do produto. E ao fazê-lo

amplia o marco teórico da análise do comércio e investimento internacionais,

na medida em que: i) estabelece um elo entre padrão de demanda e padrão de

inovação; ii) imprime um sentido dinâmico à noção clássica de vantagens

comparativas de custos, evidenciando assim o equívoco de se considerar a

condição de vantagem/desvantagem comparativa de custos como sendo

função exclusiva da dotação relativa de fatores, como se estes fossem

conceitos intercambiáveis. A noção de ciclo de vida do produto é a seguinte:

surgem novos produtos, estes se desenvolvem, atingem a maturidade, entram

em declínio e, eventualmente, desaparecem.

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As fases do ciclo de vida do produto são:

I – Introdução ou lançamento: na fase inicial do desenvolvimento do

produto os investimentos são crescentes. Com a introdução há um período

lento crescimento das vendas. Não há lucros nesse estágio devido aos altos

custos da introdução (investimento inicial, propaganda, distribuição).

II – Crescimento : período de rápida aceitação no mercado e de lucros

crescente (supondo que o produto foi aceito pelo mercado). Durante esta fase,

os lucros aumentam à medida que os custos promocionais se diluem sobre o

maior volume de vendas.

III – Maturidade : período em que o crescimento das vendas se

estabiliza. Nessa fase novos produtos concorrentes já estão se projetando, o

que provoca redução das vendas. Gasta-se muito dinheiro com propaganda

para enfrentar a concorrência. O lucro também estabiliza-se até entrar em

declínio

IV – Declínio : período em que as vendas e os lucros caem. A queda nas

vendas ocorre por diversas razões, incluindo avanços tecnológicos, mudanças

nos gostos dos consumidores, obsolescência e devido ao aumento da

competição tanto doméstica quanto pela entrada de concorrentes estrangeiros.

Vernon parte desse conceito e o articula a uma teoria do comércio que aponta

para uma noção de vantagens comparativas de caráter dinâmico e a uma

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teoria do investimento produtivo que pressupõe racionalidade limitada e

estrutura de mercado em concorrência imperfeita.

Na fase inicial da introdução de um novo produto as decisões de

investimento e produção se mostram relativamente mais complexas, uma vez

que até mesmo os condicionantes mais imediatos do processo produtivo

encerram elevado grau de indeterminação, levando a que os produtores se

vejam defrontados com várias indefinições críticas, ainda que transitórias.

Assim, Vernon argumentou que o surgimento de novos produtos,

especialmente os intensivos em capital e tecnologia11, se daria inteiramente

nos países mais avançados. Isso ocorre porque, nos estágios iniciais de

desenvolvimento de um produto, as decisões de investimento e produção são

complexas, sendo fundamental o conhecimento, a capacidade de inovação e

gastos em pesquisa e desenvolvimento. Então, como início do ciclo de vida de

um produto é intensivo em capital, ele ocorreria nos países desenvolvidos, por

serem esse países abundantes nesse fator de produção.

Na medida em que se exploram plenamente as economias de escala e as

inovações incrementais vão surgindo, os custos unitários de produção dos

novos bens vão se reduzindo, de modo que, em um segundo estágio, seu

consumo pode se dar também em países de renda mais baixa. Assim, eles são

produzidos e exportados pelos países industrializados. Em uma última etapa

(ou estágio) de disseminação dos novos produtos (e, assim, tecnologias),

torna-se possível a produção destes nos países relativamente mais atrasados.

Esta produção se daria por meio de empresas transnacionais. No modelo

de Vernon a padronização do produto, o amadurecimento da tecnologia e a

rotinização da produção, juntamente com a entrada de novos concorrentes

induziriam as empresas a abrir subsidiárias no exterior, com vistas a auferir

vantagens de menores custos de produção, ou mesmo proteger seus ganhos

de monopólio com as inovações dada a entrada de novos concorrentes. A

padronização da produção permite que os produtos passem de intensivos em

11 O modelo do ciclo do produto não trata da inovação industrial em geral, mas somente da inovação em classes de

produtos industriais voltados para consumidores de alta renda e cuja função de produção seja do tipo poupadora de mão de obra. O elevado custo de mão de obra nas economia desenvolvidas estimula o processo de inovação.

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capital para intensivos em trabalho e possam ser produzidos pelos países em

desenvolvimento, abundantes no fator trabalho.

Vernon integra, em um mesmo modelo, a dinâmica de disseminação de

internacional de inovações e a análise dos determinantes do investimento

externo direto e dos padrões de especialização e comércio.

Representação esquemática do mecanismo do Ciclo do Produto de Vernon

Exportação - Importação

Países em

desenvolvimento

0 t0 t1 t2 Tempo

t3 t4

outros países

país desenvolvidos

inovador

Introdução Maturação Padronizado

(1) (2) (3)

Estágios de desenvolvimento do produto

A Teoria do Ciclo do Produto baseia-se num conceito dinâmico de

vantagens comparativas, ao contrário das teorias neoclássicas que supoem

vantagens comparativas estáticas. A dinâmica se dá em torno dos produtos

mais sofisticados que são originalmente produzidos em países desenvolvidos e,

posteriormente, passam a ser produzidos nos países em desenvolvimento em

decorrências dos custos de produção que são mais baixos nestes últimos.

Então, as vantagens comparativas se deslocam para os países em

desenvolvimento no estágio em que passam de intensivos em capital para

intensivos em trabalho. A teoria explica bem o processo de internacionalização

e decisões de investimento das empresas em outros países.

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Críticas:

- O modelo do ciclo do produto não seria aplicável às inovações

industriais em geral, mas tão somente às inovações em produtos associados a

elevados níveis de renda, ou que permitem maior grau de substituição de

capital por trabalho;

- O modelo, como explicação para a composição e dinâmica das

exportações e dos investimentos produtivos externos dos países

desenvolvidos, teve o seu poder de análise progressivamente reduzido à

medida que se aprofundavam as transformações tecnológicas e produtivas nas

décadas de 1970 e 1980;

- Além disso, a teoria não se sustenta mais num mundo globalizado. Com

o processo de globalização da produção, as fases de produção são realizadas

em diferentes países, muitas vezes inclusive em países em desenvolvimento

onde os custos de produção são mais competitivos. Não há que se esperar a

maturidade do produto para sua internacionalização.

2.6. Vantagem competitiva

Porter (1989), ao contestar as teorias clássicas, propõe uma nova

abordagem, que deve ir além do conceito de vantagem comparativa, para se

concentrar na vantagem competitiva dos países, refletindo o conceito de

competição, que inclui mercados segmentados, produtos diferenciados,

diversidades tecnológicas e economias de escala.

Para Porter, a competitividade de um país depende da capacidade da sua

indústria de inovar e melhorar. As diferenças nos valores nacionais, a cultura,

as estruturas econômicas, as instituições e a história são fatores que

contribuem para o êxito competitivo. Em todos os países, constatam-se

disparidades marcantes nos padrões de competitividade. Nenhum país é capaz

de competir em todos e nem mesmo na maioria dos setores.

Três ambientes da competitividade são apresentados por Porter: o

ambiente empresarial, o estrutural e o sistêmico. No primeiro, observamos a

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gestão de fato da firma em seus setores financeiro, tecnológico, etc. Ainda

numa perspectiva micro, no ambiente estrutural, o mercado entra em cena e

passamos a considerar as interações da firma com seus fornecedores, clientes,

distribuidores e concorrentes, sejam eles efetivos ou potenciais. No ambiente

sistêmico, já numa visão macro, as variáveis relevantes de análise serão as

políticas macroeconômicas, sociais, de infraestrutura, educacionais do país.

Na construção de suas estratégias, as empresas devem ter por base uma

análise da estrutura da indústria na qual a firma está inserida. A conduta das

firmas deverá ser pautada em cinco elementos fundamentais, os quais servirão

de bússola na formulação das estratégias: 1) ameaça de novas empresas; 2)

concorrência efetiva; 3) ameaça de novos produtos ou serviços; 4) poder de

barganha dos fornecedores; e 5) poder de barganha dos consumidores. Diante

de tais condicionantes, as firmas traçaram seus esquemas estratégicos no

sentido de aumentarem seus lucros e market-share. Em mercados onde a

diferenciação é mais difícil, como no mercado de produtos agrícolas

(commodities), a estratégia da liderança pelos custos é priorizada, tendo como

fundamento a ideia de que o menor custo num mercado de produtos

homogêneos é fator primordial de aumento de competitividade e, por

conseguinte, de lucros. Contudo, em mercado onde a diferenciação é mais

fácil, as firmas tendem a tirar proveito de tal aspecto e buscam a diferenciação

de produtos e a criação de certo grau de monopólio relativamente ao produto.

Na estratégia de enfoque, a firma escolhe seu nicho específico do mercado

quanto foco de busca de lucros.

Talvez o ponto mais interessante e significante de abordagem de Porter

acerca da vantagem competitiva das nações esteja na sua construção teórica

do que ele chama de diamante nacional. É aqui que toda sua argumentação

toma forma final de análise nova sobre o tema do comércio entre as nações. O

diamante nacional seria na verdade a construção de vantagens competitivas

das nações num ambiente estratégico sistêmico. Quatro elementos principais

são apresentados e interrelacionados como sendo de fundamental relevância

na construção do diamante nacional. São eles: 1) condições fatoriais (recursos

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humanos, físicos, de conhecimento, de capital e infraestrutura); 2) condições

de demanda (determina o rumo e o caráter da inovação); 3) indústrias

correlatas e de apoio (a proximidade de fornecedores e de indústrias correlatas

aumenta a eficiência no acesso aos insumos, a coordenação de estratégias fica

mais fácil, a inovação e o aperfeiçoamento contínuo são estimulados, ocorre a

redução dos custos de transação); 4) estruturas, estratégias e rivalidade de

empresas (quanto maior a rivalidade e competição interna entre as firmas,

maior é a chance de se gerar grandes players internacionais a partir da base

interna de competitividade). Além dos quatro elementos principais, dois outros

são apresentados como coadjuvantes no processo de construção da

competitividade nas nações: a) o papel do Estado; e b) o papel do acaso.

EXERCÍCIOS

1. (ESAF – AFRF/2000) A Teoria de Vantagens Absolutas afirma em quais

condições determinado produto ou serviço poderia ser oferecido com:

a) preços de custo inferiores aos do concorrente.

b) preços de aquisição inferiores aos do concorrente.

c) preço final (CIF) inferiores aos do concorrente.

d) custo de oportunidade maior que as do concorrente.

e) menor eficiência que os do concorrente.

Comentários

a) A Teoria das Vantagens Absolutas afirma que os países devem se

especializar na produção daquilo em que forem mais eficientes. A forma de se

medir essa eficiência é pelo custo de produção. Logo, cada país deve se

especializar na produção dos produtos que tenham menor custo de produção,

ou seja, menor preços de custo menores que os concorrentes. certo

b) Não se trata de preço de aquisição, mas preço de venda. errado

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c) O preço CIF é o preço do bem acrescido do custo do frete e seguro

internacional. A teoria não se preocupa com essas questões, independente de

qual o preço negociado, se CIF ou FOB, a vantagem está no menor custo de

produção. errado

d) O custo de oportunidade é um dilema econômico que decorre da noção de

que toda escolha implica em algum tipo de renúncia, introduzido por Haberler.

Esse conceito não tem relação com a Teoria das Vantagens Absolutas, mas sim

com a Teoria das Vantagens Comparativas de Ricardo: a vantagem

comparativa reflete o custo de oportunidade relativa, isto é, a relação entre as

quantidades de um determinado bem que dois países precisam deixar de

produzir para focar sua produção em outro bem. errado

e) Ao contrário, a base da teoria é a maior eficiência na alocação do fator

trabalho. errado

______________

2. (ESAF - MDIC/2002) Sobre a Teoria das Vantagens Comparativas no

Comércio Internacional, é correto afirmar o seguinte:

a) ao se considerar a eficiência produtiva dos países “A” e “B”, para que o país

“A” aproveite os ganhos de vantagem comparativa ao produzir um bem ou

serviço específico, ele precisa possuir vantagem absoluta na produção do

mesmo bem em relação a “B”.

b) no modelo de Ricardo, as condições de demanda interna condicionam os

preços internos antes da abertura do mercado, já que tais preços são apenas

parcialmente determinados pelo fator trabalho.

c) depois da abertura do mercado torna-se interessante para o país “A”

comprar um bem ou serviço do país “B”, que o produza a custo menor do que

“A”, visto que “A” passa a poder empregar sua mão-de-obra na produção de

outros bens ou serviços, em que tenha alguma vantagem comparativa.

d) mesmo sabendo-se os valores dos preços de mão-de-obra e os requisitos de

trabalho inerentes à produção de um bem específico em dois países, não se

pode utilizar a taxa de câmbio como parâmetro de comparação dos preços nos

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dois países, visto que as estruturas produtivas encerram distorções na

formação de preços.

e) uma vez observada a abertura de mercados, a especialização da produção

engendrada pelas vantagens comparativas passa a constituir novo incentivo ao

aumento do comércio internacional, produzindo benefícios para todos os

participantes dos mercados competitivos sempre que os preços relativos dos

bens comercializados forem iguais aos que se observariam na ausência do

comércio.

Comentários

Vamos recordar a Teoria das Vantagens Comparativas de David Ricardo. Antes

de Ricardo, Adam Smith criou a Teoria das Vantagens Absolutas que dizia que

os países deveriam se especializar e exportar bens em que fossem mais

eficientes e comprar os bens que não fossem eficientes na produção. Se um

país é mais eficiente em tudo não haveria comércio. Já a Teoria das Vantagens

Comparativas ou Relativas provou que, mesmo um país A seja mais eficiente

na produção dos dois produtos, ainda assim valeria a pena comercializar com o

exterior (B), devendo o país A este se especializar na produção do bem em que

fosse mais eficiente e B se especializar na fabricação daquele em que fosse

menos ineficiente.

a) pela teoria das vantagens comparativas, o país A não precisa ter vantagem

absoluta na produção dos bens, e o comércio ocorrerá desde que A seja

relativamente mais eficiente na produção de outro bem, não do mesmo bem.

errado

b) na teoria de Ricardo os preços são totalmente influenciados pelo fator

trabalho. errado

c) Com a abertura comercial, os países irão se especializar na produção de

bens que o produzam a custo menor, empregando os recursos disponíveis na

produção destes bens e importarão produtos que tenham um custo de

produção interna relativamente mais elevado. certo

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d) não são as estruturas produtivas que encerram distorções na formação de

preços, mas sim a produtividade do trabalho. errado

e) uma vez observada a abertura de mercados, a especialização da produção

engendrada pelas vantagens comparativas passa a constituir novo incentivo ao

aumento do comércio internacional: OK/ produzindo benefícios para todos os

participantes dos mercados competitivos: OK/ sempre que os preços relativos

dos bens comercializados forem iguais aos que se observariam na ausência do

comércio: o livre comércio e a especialização contribuem para a redução dos

custos de produção permitindo que os países consumam uma maior

quantidade de bens do que em autarquia (economia fechada). A vantagem da

abertura comercial é a competição e redução dos custos. errado

_______________

3. (ESAF – AFRF/2000) O conceito de vantagens comparativas refere-se a:

a) Conceito de custos onde se relacionam dois produtos (A e B) produzidos por

dois países distintos (1 e 2) comparando-os. Possui vantagem comparativa o

país onde for menor a relação de custos de produção dos produtos (A e B).

b) Conceito de vantagens onde estas são baseadas na ideia de produtividade

onde se relacionam dois produtos (A e B) produzidos por dois países distintos

(1 e 2) comparando-os em termos de produtividade. Possui maiores vantagens

comparativas aquele país que possuir a menor eficiência relativa na produção

de um dos bens.

c) Conceito de vantagens baseados na ideia de alternativas de produção, onde

se relacionam dois produtos (A e B) produzidos por dois países distintos (1 e

2) comparando-os ao longo da curva de produção. Possui vantagem

comparativa o país onde for maior o deslocamento em direção a curva de

fronteira de produção (em termos possibilidades tecnológicas de produção) na

produção dos produtos (A e B).

d) Conceito de vantagens onde estas são baseadas na ideia de abundância de

fatores de produção, onde se relacionam dois produtos (A e B) produzidos por

dois países distintos (1 e 2) comparando-os em termos da referida

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disponibilidade. Possui maiores vantagens comparativas aquele país que

possuir a maior disponibilidade de recursos na produção de um dos bens.

e) Conceitos de custos de oportunidade onde se relacionam dois produtos (A e

B) produzidos por dois países distintos (1 e 2) comparando-os. Possui

vantagem comparativa o país onde for menor o custo de oportunidade (em

termos de oportunidade de benefício não aproveitada) na produção dos

produtos (A e B).

Comentários

a) Vantagens comparativas: os países se especializam na produção dos bens

em que seus custos de produção são relativamente menores. certo

b) Conceito de vantagens onde estas são baseadas na ideia de produtividade

onde se relacionam dois produtos (A e B) produzidos por dois países distintos

(1 e 2) comparando-os em termos de produtividade: OK/ Possui maiores

vantagens comparativas aquele país que possuir a menor eficiência relativa na

produção de um dos bens: errado, possui maior eficiência relativa. errado

c) Esse conceito abrange a Teoria das Vantagens Absolutas. Quanto maior a

produção, ou seja, quanto maior o deslocamento em direção à curva de

fronteira de produção, maior a vantagem absoluta. errado

d) A teoria que fala da abundância de fatores de produção é a de Heckscher-

Ohlin. errado

e) Conceitualmente está certo, mas cronologicamente não. As vantagens

comparativas dependem da quantidade que se deixa de produzir de um bem

para se produzir um segundo produto, que está ligado à ideia de custo de

oportunidade. Se o país 2 produz um bem a um custo relativamente menor do

que o país 1, 1 não vai produzir o bem, vai comprar de 2 e vai empregar sua

mão de obra na produção de outros bens ou serviços, em que tenha alguma

vantagem comparativa. Assim, um país possuirá vantagem comparativa nos

bens em que possuam menor custo de oportunidade de produção interna. Mas

esse conceito (Teoria de Custos de Oportunidade) somente surgiu em 1933.

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Não era, portanto, citado por David Ricardo na Teoria das Vantagens

Comparativas. errado

________________

4. (Cesgranrio – BNDES/2011) No modelo de Heckscher-Ohlin de comércio

internacional, as vantagens comparativas, que levam ao comércio entre dois

países, decorrem de

a) economias de escala na produção

b) dotações diferentes dos fatores de produção

c) tecnologias de produção diferentes

d) diferenças nas taxas de inflação interna dos países

e) desvalorizações cambiais competitivas

Comentários

a) O modelo H-O supõe retornos constantes de escala, ou seja, produção

aumenta na mesma proporção que o aumento dos insumos. errado

b) Segundo o Teorema Hecksher-Ohlin, os países se especializam na produção

de bens intensivos no fator de produção abundante em seu território, então, o

fator que determina a vantagem comparativa de um país (especialização) é a

dotação de fatores de produção. Assim, o comércio internacional ocorre em

função de os países possuírem diferentes dotações de terra, capital e

produtividade da mão de obra. letra b

c) as teorias neoclássicas assumem que os países possuem a mesma

tecnologia de produção. errado

d) o modelo não faz referência à inflação doméstica. errado

e) nem às diferenças de câmbio. errado

________________

5. (Cesgranrio – BNDES/2002) No modelo de Heckscher-Ohlin, a causa

mais importante para explicar por que as nações trocam mercadorias entre si

(comércio internacional) é a diferença

a) na tecnologia.

b) na dotação de fatores.

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c) nas preferências dos consumidores.

d) nas condições de demanda.

e) no nível de preços.

Comentários

a) No modelo H-O as tecnologias dos países são constantes, o que significa

que a tecnologia é a mesma nos países, não há diferença de tecnologia. errado

b) Esse é o pressuposto do modelo, como vimos na questão anterior. certo

c) O modelo supõe que os consumidores nos diferentes países têm as mesmas

preferências. errado

d) o modelo baseia-se nas condições de oferta. errado

e) não faz referência ao nível de preços. errado

_________________

6. (ESAF – MDIC/2012) Considere as premissas e os objetivos do Modelo

Hecksher-Ohlin e assinale a opção correta.

a) O modelo permite demonstrar como a oferta relativa de fatores de produção

e o emprego dos mesmos em diferentes intensidades na produção explicam os

padrões de especialização e as possibilidades do comércio internacional.

b) O modelo é um complemento do modelo ricardiano por aliar a abundância

dos fatores de produção aos custos do trabalho como fator explicativo dos

padrões de especialização e dos ganhos do comércio.

c) O modelo preconiza que um país produzirá e exportará aqueles produtos

cujos fatores produtivos sejam aproveitados mais eficientemente,

independentemente de sua oferta internamente.

d) O modelo ressalta a dotação de recursos como fator determinante dos

padrões de especialização e de comércio, considerando de importância

secundária os custos dos fatores e a intensidade relativa de seu emprego na

produção como elementos explicativos daqueles padrões.

e) O modelo preconiza que, com a ocorrência do comércio, a especialização

decorrente da abundância de fatores tende a produzir, ao longo do tempo,

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crescente diferenciação dos preços relativos dos fatores de produtos no

mercado internacional.

Comentários

a) De acordo com o teorema de H-O, os fatores de produção (capital, trabalho

e terra) são empregados em diferentes intensidades na produção. Assim, por

exemplo, a especialização dos países latino-americanos na produção de

produtos primários para a exportação, associada à importação de produtos

manufaturados, seria a confirmação do teorema de Hecksher-Ohlin, dado que

estes países possuem uma abundante dotação de recursos naturais e de mão

de obra de baixa qualificação. certo

b) O modelo é um complemento do modelo ricardiano/ sim; por aliar a

abundância dos fatores de produção aos custos do trabalho/ não; como fator

explicativo dos padrões de especialização e dos ganhos do comércio/ não. O

modelo não tratou dos custos do trabalho nem dos “ganhos do comércio”, mas

sim dos padrões de especialização e a abundância da dotação dos fatores.

errado

c) Os países têm vantagens comparativas naqueles bens cuja produção seja

relativamente mais eficiente domesticamente. errado

d) Os custos dos fatores e a intensidade no emprego de cada fator determinam

as vantagens de cada país nas trocas comerciais. errado

e) A teoria não explica a diferenciação de preços dos fatores de produtos no

mercado internacional. Trata da abundância dos fatores como causa da

especialização. errado

___________________

7. (ESAF - AFRFB/2002) De acordo com a moderna teoria do comércio

internacional, segundo o modelo Heckcsher-Ohlin,

a) os padrões de especialização e de comércio entre os países resultam de

diferenças entre os preços praticados domesticamente e aqueles praticados

internacionalmente.

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b) os países tenderão a produzir e exportar bens cuja produção seja intensiva

no fator produtivo mais abundante em suas respectivas economias.

c) os países tenderão a concentrar-se na produção e exportação de bens cujos

custos de produção, definidos pela remuneração dos fatores de produção,

sejam menores.

d) a produtividade da mão-de-obra determina os padrões de especialização e

as possibilidades de comércio entre os países.

e) a disponibilidade dos fatores de produção não exerce influência significativa

sobre o padrão de comércio entre os países uma vez que a mobilidade dos

mesmos equilibra as condições de produção internacionalmente.

Comentários

a) não importam os preços praticados, e sim quais os fatores abundantes.

errado

b) Segundo Hecksher-Ohlin, os países se especializam na produção de bens

cujo fator de produção é abundante em seu território. certo

c) o modelo das vantagens absolutas diz que os países tenderão a concentrar-

se na produção e exportação de bens cujos custos de produção, definidos pela

remuneração do fator trabalho, seja menor. errado

d) O modelo das vantagens comparativas é que estabelece que a

especialização decorre da produtividade da mão-de-obra. errado

e) A disponibilidade dos fatores de produção exerce influência significativa

sobre o padrão de especialização e, pelo modelo, não há mobilidade dos

fatores de produção entre os países. errado

__________________

8. (ESAF – AFRF/2000) O comércio internacional depende das diferenças

dos custos (ou preços) relativos dos artigos produzidos pelos vários países.

Mas por que esses custos relativos diferem entre países? A Dotação Relativa

dos Fatores de Produção não se refere a uma das afirmativas abaixo.

Identifique-a.

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a) O conjunto de condições naturais e sociais que influenciam a eficácia das

forças produtivas nos diversos setores de produção e produtividade do trabalho

também teriam uma forte influência nos preços.

b) Os diversos produtos exigem proporções diferentes de fatores de produção

para serem produzidos.

c) Os fatores de produção não se encontram distribuídos nas mesmas

proporções nos diversos países.

d) Um fator relativamente escasso em um país terá um custo relativo mais

elevado.

e) A causa da diferença de custos relativos reside na distribuição desigual de

recursos (fatores) de produção.

Comentários

a) A Dotação Relativa dos Fatores de Produção ou Teoria da Dotação dos

Fatores ou Teoria de Teoria de Heckscher-Ohlin refere-se as diferenças entre

países na alocação dos fatores de produção como trabalho, capital e terra. Por

exemplo, países com grandes extensões de terra produzirão produtos agrícolas

na divisão internacional do trabalho. Já os países com muito capital produzirão

computadores. Mas a teoria não se preocupa com as condições sociais. errado

b, c, d, e) Pela teoria de H-O: os países têm dotações distintas de recursos, ou

seja, os fatores de produção não se encontram distribuídos nas mesmas

proporções nos diversos países; um fator relativamente escasso em um país

terá um custo relativo mais elevado; a causa da diferença de custos relativos

reside na distribuição desigual de recursos (fatores) de produção, cada produto

tem diferentes necessidades de fatores de produção; os fatores de produção

são imóveis, mas os produtos são móveis. certo

__________________

9. (Cesgranrio – BNDES/2009) Os Estados Unidos são um país com relativa

abundância do fator de produção capital. Assim, segundo o Modelo Heckscher-

Ohlin de comércio internacional, o seu setor exportador deveria usar maior

intensidade de capital, em relação ao fator trabalho, do que o setor da

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economia americana que compete com as importações do país.

Empiricamente, entretanto, verificou-se o contrário. Este fato é chamado

a) efeito preço cruzado.

b) distorção das relações de troca.

c) Paradoxo de Giffen.

d) Paradoxo de Leontief.

e) Reversão de Bhagwati.

Comentários

Um estudo do economista Wassily Leontief, publicado em 1953, colocou em

xeque a teoria de Hecksher-Ohlin, ao evidenciar que as exportações norte-

americanas, no pós-Segunda Guerra Mundial, eram menos capital-intensivas

do que as importações, ou seja, a economia mais capital-intensiva do mundo,

os EUA, tinha um padrão de comércio que se afastava dos modelos clássico e

neoclássico: exportava bens intensivos em trabalho e importava bens

intensivos em capital. Essa constatação estatística foi denominada de paradoxo

de Leontief.

_________________

10. (ESAF - CVM/2010) Em nível teórico, a abordagem tradicional do

comércio internacional, com suporte no teorema de Stolper-Samuelson, refere-

se ao processo de abertura comercial como uma forma de reduzir as

disparidades de salário entre trabalhadores qualificados e não qualificados nos

países em desenvolvimento. Esse argumento tem como pressuposto o fato de

a liberalização comercial:

a) diminuir o preço do fator abundante (trabalho não qualificado) nos países

em desenvolvimento.

b) reduzir o prêmio do trabalho qualificado.

c) melhorar os termos de troca em favor das importações.

d) piorar os termos de troca em favor das exportações.

e) aumentar o prêmio do trabalho qualificado.

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Comentários

O enunciado da questão faz uma confusão. Como está falando em liberalismo

comercial, deveria citar o Teorema Hecksher-Ohlin-Samuelson que é o que

explica os efeitos da liberalização comercial sobre a remuneração dos fatores

de produção. Já o Teorema Stolper-Samuelson explica os efeitos de barreiras

comerciais – efeitos do protecionismo.

O Teorema H-O-S diz que o país com abundância em um fator de

produção e escassez em outro irá demandar mais fator de produção abundante

para atender às exportações nas quais possui vantagem comparativa. Ao longo

do tempo, isso possibilitará aumentar a remuneração do fator abundante.

Então, o livre comércio provoca o aumento da remuneração do fator de

produção abundante e a redução da remuneração do fator de produção

escasso.

A questão quer saber o pressuposto da abertura comercial como uma

forma de reduzir as disparidades de salário entre trabalhadores qualificados e

não qualificados nos países em desenvolvimento:

a) os países em desenvolvimento são intensivos em trabalho, então, pelo

teorema, haveria aumento do preço da mão de obra não qualificada. errado

b) mão de obra qualificada é um fator escasso nos países em desenvolvimento.

Assim, sendo um fator escasso, a abertura comercial aumentará a

remuneração do fator abundante que é o trabalho desqualificado e reduzirá a

remuneração do fator escasso. certo

c) d) ‘Termos de troca’ é preço relativo dos bens exportáveis em termos dos

bens que são importados, ou a quantidade de importações recebida em troca

de uma unidade de exportações. A questão menciona os efeitos nos salários.

errado

e) como vimos na letra b, a abertura comercial levará a uma redução nos

salários do trabalho qualificado nos países em desenvolvimento. errado

________________

11. (Cesgranrio – BNDES/2009) Duas economias são precisamente iguais,

em termos de dotação de fatores, tecnologia usada, estrutura da demanda

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interna, de impostos e gastos públicos (e, portanto, idênticas em preços e

custos). A abertura comercial entre as duas e o consequente aumento do

mercado disponível para as empresas, em ambas,

a) vai levar ao comércio internacional se houver rendimentos crescentes de

escala em pelo menos um setor produtivo.

b) vai levar ao comércio internacional apenas se houver rendimentos

crescentes de escala em todos os setores produtivos.

c) não vai levar ao comércio internacional, pois não há possibilidades de

ganhos.

d) aumentará a competição entre as empresas e reduzirá seus lucros.

e) reduzirá os salários reais, pela maior oferta de mão de obra.

Comentários

Ao contrário das teorias clássicas e neoclássicas, que assume rendimentos

constantes de escala, na prática, muitas indústrias são caracterizadas por

possuir rendimentos crescentes de escala. Pode-se argumentar que as

economias de escala são um incentivo para os países se especializarem e

comercializarem, mesmo havendo uma grande semelhança de recursos e

tecnologia entre eles. Isto porque, os rendimentos crescentes de escala

permitem que cada país concentre sua produção em uma variedade restrita de

bens, produzindo-os em escala maior e de modo mais eficiente do que se cada

país buscasse produzir toda a variedade de bens por si mesmo. Há, portanto,

ganhos adicionais de comércio, pois a variedade de produtos disponíveis em

cada país não é comprometida, podendo a economia mundial produzir mais de

cada bem. letra a

________________

12. (Cesgranrio – BNDES/2007) O comércio internacional tem sido muito

intenso entre os países industrializados, os quais têm estruturas produtivas e

dotações similares de fatores de produção. Isto sugere que

a) a teoria das vantagens comparativas se aplica perfeitamente à explicação

desse padrão de comércio.

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b) a teoria das vantagens absolutas não explica adequadamente esse padrão

de comércio.

c) a hipótese de concorrência perfeita entre as indústrias dos países explica o

padrão de comércio descrito.

d) o comércio intrasetorial entre os países industrializados deve ser pequeno.

e) as economias de escala podem explicar esse padrão de comércio.

Comentários

a) Pela teoria das vantagens comparativas os países se especializarão na

produção de bens que o seu trabalho produz de forma relativamente mais

eficiente, independente de terem estruturas produtivas semelhantes ou não.

errado

b) de fato não explica, mas também não sugere porque o comércio

internacional tem sido muito intenso entre os países industrializados. errado

c) esse padrão de comércio é explicado pelos modelos de concorrência

imperfeita. errado

d) o comércio entre países industrializados é altamente influenciado pelo

comércio intraindústria. errado

e) Como vimos na questão anterior, as economias de escala são um incentivo

para que os países comercializem, mesmo que possuam estruturas produtivas

e dotações similares de fatores de produção. certo

_________________

13. (ESAF – AFRF/2000) A Teoria da Concorrência Monopolística não tem o

seguinte pressuposto:

a) Se há comércio intraindústria, um país pode produzir todos os bens.

b) Existência de diferenciação de produtos.

c) Existência de economias de escala.

d) Existência de importante comércio intraindústria.

e) Existência de um grande número de firmas produzindo bens diferenciados

Comentários

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A teoria da concorrência monopolística afirma que só haverá comércio gerado

por gostos distintos se um País não produzir todos os bens. Um país deve

produzir apenas alguns bens para tirar vantagem das economias de escala.

Portanto, a teoria da concorrência monopolística combina as preferências dos

consumidores e os ganhos de escala decorrentes da especialização de apenas

alguns bens e não todos os bens. letra a

_________________

14. (ESAF – MDIC/2012) Analise as assertivas abaixo e, em seguida,

assinale a opção correta.

a) O aproveitamento de economias de escala em diferentes países conduz à

especialização em um número restrito de produtos, reduzindo assim a oferta

de bens no mercado mundial e as possibilidades de comércio entre eles.

b) Em um modelo de concorrência imperfeita e em condições monopolísticas, o

comércio internacional é restringido pela segmentação dos mercados, escalas

de produção limitadas e pequena diversidade de bens disponíveis para o

intercâmbio comercial.

c) Mesmo em condições de concorrência imperfeita, as possibilidades e os

ganhos do comércio resultam de vantagens comparativas relativas tal como

definidas no modelo ricardiano e não do aproveitamento de economias de

escala pelas indústrias.

d) No modelo de concorrência monopolística centrado na produção de

manufaturas, um país tanto produzirá e exportará bens manufaturados como

também os importará, alimentando assim o comércio intraindústrias e gerando

ganhos extras no comércio internacional.

e) Os rendimentos crescentes associados ao aproveitamento de economias de

escala alimenta a concentração monopolística, levando assim ao aumento dos

preços nos mercados domésticos e no mercado internacional e impactando

negativamente o comércio internacional.

Comentários

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a) O aproveitamento de economias de escala em diferentes países conduz à

especialização em um número restrito de produtos: OK /reduzindo assim a

oferta de bens no mercado mundial e as possibilidades de comércio entre eles:

não, se cada país se especializa num certo número de produtos quer dizer que

vão empregar seus recursos de forma mais eficiente na produção destes bens,

produzindo em maior escala e aumentando a oferta mundial do bem. errado

b) A concorrência monopolística combina o livre comércio com características

de monopólio decorrente da diferenciação decorrente dos gostos dos

consumidores. No mercado mundial, a segmentação e especialização promove

o aumento da diversidade dos bens, produção em escala e comércio

intraindústria. errado

c) o modelo das vantagens comparativas é baseado na concorrência perfeita.

O que explica o comércio em mercados de concorrência imperfeita são os

ganhos de escala. errado

d) As economias de escala, a diferenciação da oferta e a concorrência

imperfeita estão na origem dos fluxos de bens e serviços entre economias

homogêneas em termos de desenvolvimento, produtividade e preferência dos

consumidores e ajudam a explicar o comércio intraindústria, que é o comércio

produtos de manufatura complexa e diferenciados. certo

e) os ganhos crescentes de escala levam à diminuição dos preços e (não a sua

elevação) com impactos positivos no comércio internacional. errado

_______________

15. (ESAF – MDIC/2002) Com base nas novas teorias de comércio

internacional, é correto afirmar, a respeito da relação entre comércio

internacional e preços dos fatores de produção, com implicações para a

distribuição de renda:

a) o aumento de riqueza ocasionado pela liberalização comercial produz, cedo

ou tarde, maior distribuição de renda, motivo pelo qual o pensamento

neoliberal defende a remoção de barreiras ao comércio.

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b) a abertura do mercado ocasiona o aumento do preço relativo do fator

trabalho em uma economia em que este fator seja abundante e reduz o seu

preço na economia em que o fator capital seja relativamente abundante.

c) a especialização das economias em setores nos quais possuem vantagens

comparativas engendra o abandono de atividades outrora realizadas em tais

economias, produzindo desemprego e, no longo prazo, aumento nas

disparidades de renda entre os mais ricos e os mais pobres.

d) a abertura do mercado ocasiona a redução do preço relativo do fator

trabalho em uma economia em que este fator seja abundante e aumenta o seu

preço na economia em que o fator capital seja relativamente abundante.

e) a abertura do mercado ocasiona a redução do preço relativo do fator

trabalho tanto em uma economia em que este fator seja abundante quanto na

economia em que o fator capital seja relativamente abundante.

Comentários

A questão pede a relação entre comércio internacional e preços dos fatores de

produção, com implicações para a distribuição de renda. A teoria que faz essa

análise é o Teorema Hecksher-Ohlin-Samuelson. Segundo esse teorema, o

livre comércio gera o aumento da remuneração do fator de produção

abundante e a redução da remuneração do fator de produção escasso. Isso

ajuda a explicar os efeitos da distribuição de renda entre os países, pois os

proprietários do fator de produção abundante saem ganhando com o aumento

da remuneração, enquanto os proprietários do fator de produção escasso saem

perdendo.

a) A liberalização comercial provoca sim maior geração de riqueza pelo

aumento da oferta e demanda de bens e serviços, mas a distribuição de renda

não ocorrerá de forma igual para todos os países. Esse item não está

totalmente errado, mas também não está completamente certo. Deve-se ler

todos os itens e marcar a resposta mais completa de acordo com o enunciado.

errado

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b) Teorema Hecksher-Ohlin-Samuelson: Se no exemplo o fator abundante for

trabalho, de acordo com esse teorema, a abertura do mercado levará ao

aumento da remuneração do trabalho (aumento dos salários) e redução da

remuneração do capital (fator de produção escasso, reduzem-se os juros).

certo

c) a especialização das economias em setores nos quais possuem vantagens

comparativas não significa o abandono de outras atividades. Elas continuarão

existindo, só que com produção reduzida. errado

d) Como vimos, é o contrário. errado

e) Não, se o fator trabalho é o fator abundante, sua remuneração aumentará

com a abertura comercial. errado

_________________

16. (ESAF – AFRF/2000) A Teoria do Ciclo de Vida do Produto foi criada por

R. Vernon. Os enunciados citados abaixo são pressupostos da Teoria, exceto:

a) As inovacões surgidas nos países desenvolvidos dão a estes situacão de

monopólio provisoriamente na producão de um certo bem.

b) A Teoria procura explicar o comércio internacional a partir do progresso

tecnológico.

c) Novos Produtos e Processos Produtivos tendem a surgir nos países ricos

devido à demanda por produtos sofisticados, pela existe ncia de capacidade

empresarial e mão-de-obra especializada para trabalhar em Pesquisa e

Desenvolvimento.

d) As vantagens comparativas estariam sempre nos países desenvolvidos.

e) À medida que os produtos fossem ficando padronizados poderiam ser

produzidos em outros locais, inclusive países em desenvolvimento.

Comentários

A Teoria do Ciclo de Vida do Produto de Raymond Vernon explica como se dá a

internacionalizacão da producão. Segundo ele, os produtos mais sofisticados

(intensivos em capital) surgem nos países avançados devido ao fato de na fase

de desenvolvimento de um novo produto haver maior necessidade de

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investimentos em P&D, tecnologia e capital, fatores abundantes nesses países.

A hipótese assumida pelo modelo ‘e de que os novos produtos em questão se

destinam a mercados consumidores de alta renda. Apos a introdução e

padronização da produção do novo produto, a producão seria deslocada para

os países em desenvolvimento, para aproveitar os custos mais reduzidos e

aumentar a escala de produção. Nessa fase, esses produtos deixariam de ser

intensivos em capital e passam a ser intensivos em trabalho, fator abundante

nos países em desenvolvimento. Assim, a vantagem comparativa se

deslocaria, nesse segundo momento, dos países desenvolvidos para os países

em desenvolvimento. A produção é, portanto, internacionalizada, o que explica

o surgimento das multinacionais.

a) O modelo de Vernon afirma ainda que na fase inicial do desenvolvimento do

novo produto a concorrência assume duas características principais: o número

de produtores será relativamente pouco expressivo, ao passo que será

observado um elevado o grau de diferenciação de produto entre eles. A

primeira dessas características se deriva do caráter assimétrico da dinâmica

inovativa, remetendo, pois, à natureza seletiva e cumulativa desse processo,

sendo também uma indicação clara da presença de elementos de monopólio na

concorrência. certo

b) O progresso tecnológico possibilita o surgimento de novos bens sofisticados

para atender aos consumidores de maior renda, o que impulsiona o comércio

internacional. certo

c) Os produtos mais sofisticados surgem nos países desenvolvidos por terem

vantagem comparativa na producão de bens intensivos em capital, que

requerem gastos com Pesquisa e Desenvolvimento. certo

d) As vantagens comparativas estariam nas mãos dos países desenvolvidos

somente durante o período em que os produtos fossem intensivos em capital.

Após a producão ser internacionalizada e estes se tornarem intensivos em mão

de obra, as vantagens comparativas passariam para os países em

desenvolvimento. errado

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e) As vantagens comparativas são dinâmicas e se deslocam dos países

desenvolvidos para os países em desenvolvimento quando há padronização da

produção. certo

___________________

17. (ESAF - AFTN/1998) As chamadas Novas Teorias do Comércio

Internacional incluem diversos elementos não devidamente incorporados pelas

teorias anteriores. Entre tais elementos, destacam-se:

a) tecnologia e produtividade

b) preços, tecnologia e demanda/oferta

c) abundância dos fatores de produção e termos de troca

d) preços e termos de troca

e) economias de escala, diferenciação de produtos

Comentários

As novas teorias relacionam os seguintes elementos como relevantes à

existência do comércio:

- Ganhos de Escala

- Diversidade dos Gostos dos Consumidores – Existência de produtos

diferenciados que geram gostos distintos

- Concorrência Monopolística – ganhos de escala + produtos diferenciados

- Comércio intraindústria – comércio entre mesmos setores econômicos de

países diferentes.

- Teoria Ciclo Produto – Internacionalização da produção após sua

padronização

a) A teoria que trata da tecnologia e produtividade é a teoria clássica das

vantagens comparativas: os países exportarão e se especializarão na produção

dos bens cujo custo for comparativamente menor em relação aos demais

países. É a partir de diferenças tecnológicas relativas, as quais se manifestam

em produtividades do trabalho ou coeficientes de produção diferentes, que

existem trocas internacionais. errado

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b) Está relacionado aos pensamento de Adam Smith e sua teoria das

Vantagens Absolutas que acreditava que o Estado deveria intervir para

equilibrar o mercado (oferta e demanda), através do ajuste de preços ("mão

invisível"). errado

c) A teoria que trata da abundância dos fatores de produção é a teoria

neoclássica da dotação dos fatores ou H-O. errado

d) preços e termos de trocas é o argumento do modelo de substituição de

importações. errado

e) A teoria moderna da concorrência monopolística aborda os conceitos de

economias de escala e diferenciação de produtos. certo

______________

18. (ESAF - AFRF/2000) A Teoria da Concorrência Monopolística não tem o

seguinte pressuposto:

a) Se há comércio intraindústria, um país pode produzir todos os bens.

b) Existência de diferenciação de produtos.

c) Existência de economias de escala.

d) Existência de importante comércio intraindústria.

e) Existência de um grande número de firmas produzindo bens diferenciados.

Comentários

Segundo a teoria da concorrência monopolística, um país não pode produzir

todos os bens de que necessita. Ele se especializa na produção de alguns bens

a fim de obter ganhos de escala. A teoria da concorrência monopolística

combina a teoria da diversidade dos gostos dos consumidores e a teoria dos

ganhos de escala. Se um país produzir todos os bens não haverá ganhos de

escala. letra a

_______________________

A internacionalização crescente do espaço econômico faz que o estudo da

teoria do comércio internacional, incluindo os aspectos macro e

microeconômicos das economias abertas, seja fundamental para uma inserção

adequada no cenário mundial. Acerca desse assunto, julgue os itens.

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19. (CESPE- MDIC/2008) De acordo com o modelo ricardiano, as vantagens

comparativas, baseadas em diferenças nos custos de produção, na demanda e

na presença de economias de escala, justificam a existência do livre comércio

entre países e se traduzem em ganhos adicionais para consumidores e

produtores domésticos.

Comentários

Na teoria das Vantagens Comparativas de Ricardo os países se especializam na

produção dos bens em que seus custos de produção são relativamente

menores. Economias de escala e diferenças entre as demandas pelos produtos

não foram consideradas no modelo. errada.

____________________

20. (CESPE – MDIC/2008) No modelo de Heckscher-Ohlin, a ideia de que o

comércio internacional promove a convergência e até a equalização dos

salários entre países não se sustenta caso essas economias utilizem

tecnologias distintas.

Comentários

O modelo de Hecksher-Ohlin pressupõe que a tecnologia é constante, ou seja,

que a tecnologia é a mesma entre os países. Na verdade, é o teorema

Hecksher-Ohlin-Samuelson que sustenta que o livre comércio internacional

promoverá a equalização dos salários entre países, desde que as tecnologias

sejam constantes. Dessa forma, se as tecnologias forem distintas, o comércio

internacional não irá promover tal convergência. certo

_____________________

21. (CESPE – MDIC/2008) A hipótese de Linder de que o volume de

comércio é maior entre países ricos e semelhantes do que entre países com

níveis de rendimento per capita distintos decorre, em parte, da existência de

economias de escala e dos padrões diferenciados de demanda que prevalecem

nesses dois grupos de países.

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Comentários

Linder justifica a comércio intraindústria afirmando que quanto mais parecida a

estrutura de demanda (gosto dos consumidores) dos países maior o fluxo

comercial entre eles. O autor procurou enfatizar o lado da demanda a fim de

explicar o padrão de comércio intraindustrial: quanto mais parecida for a

demanda dos países (ou seja, quanto mais próximo o nível de

desenvolvimento dos países), maior é o comércio entre esses países, pois eles

tenderão a produzir bens que mais facilmente atendem à demanda de

potenciais importadores. Assim, os produtos a serem exportados são

preferencialmente aqueles já produzidos para atender ao próprio mercado

doméstico, já que os parceiros comerciais têm estruturas de demanda

relativamente parecidas. A concorrência entre países, neste contexto, é

exercida com base em um processo de diferenciação de produto. certo

_________________

22. (CESPE – MDIC/2008) As economias de escala dinâmicas, decorrentes

da diferenciação de produto e da presença de learning by doing, constituem

uma das bases para a existência do comércio intraindustrial.

Comentários

A partir dos anos 1970 os modelos de comércio foram incorporando avanços

da teoria da organização industrial e das novas teorias de crescimento

econômico. Nos dois casos trabalha-se com estruturas de mercado em

concorrência imperfeita (“concorrência monopolística” ou “oligopólio”) onde há

retornos crescentes de escala, externalidades, diferenciação de produtos,

tecnologia como um bem proprietário, efeitos dinâmicos de aprendizagem

(learning by doing, learning by using, etc.), que criam espaço para a

justificativa de políticas comerciais estratégicas.

Paul Krugman, um dos mais renomados estudiosos de economia internacional,

afirma que é possível a existência de comércio entre países com mesma

estrutura de produção devido a existência de comércio intraindústria e

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economias de escala. As economias de escala implicam redução dos custos

médios à medida que a produção aumenta. O processo de learning-by-doing

implica, similarmente, que os custos unitários de produção reduzem-se à

medida que a produção se acumula ao longo do tempo. O learning by doing, é

um conceito econômico ligado à especialização, que se refere à capacidade dos

trabalhadores aumentarem sua produtividade ao repetirem regularmente um

mesmo tipo de atividade que leva a ganhos de escala. certo

__________________

23. (CESPE – ACE/2008) A idéia de que, nos países avançados, o comércio

internacional prioriza inovações tecnológicas fortemente baseadas em trabalho

qualificado para dificultar a imitação tecnológica pelos países menos

desenvolvidos é consistente com a hipótese de complementaridade entre o

capital humano e as novas tecnologias, que resulta no aumento das

desigualdades salariais nesses grupos de países.

Comentários

Nos países avançados o capital humano, associado ao trabalho qualificado, é

um fator determinante para que sejam implementadas inovações tecnológicas,

que limitam a concorrência feita através da imitação pelos países menos

desenvolvidos pois estas ultimas não são capital intensivas. A valorização do

capital humano com ênfase na inovação acaba por aumentar a remuneração

do trabalho qualificado, o que distancia os ganhos salarias médios entre os

países desenvolvidos e em desenvolvimento. certo

________________

24. (ESAF - AFRF/2000) A transnacionalização é um fenômeno distinto que,

sutilmente, relega a internacionalização comercial quase a um segundo plano.

Este fenômeno começou a ser percebido a meados dos anos sessenta, quando

o valor da produção das subsidiárias dos grandes conglomerados industriais no

estrangeiro começou a superar o valor do comércio internacional. O auge da

inversão estrangeira direta, que alentou a instalação destas sucursais, deveu-

se a múltiplos fatores: a reconstrução e recuperação de um mundo destruído

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pela guerra, o descobrimento da possibilidade de dividir o ciclo produtivo de

maneira muito mais fina do que no passado e a compreensão de que era

possível ter acesso às vantagens comparativas (relativas) peculiares que

ofereciam os diversos países e regiões do mundo. O grande mérito de um

economista foi mostrar que o comércio também seria proveitoso para dois

países, mesmo que um deles tivesse vantagem absoluta sobre o outro na

produção de todas as mercadorias; mas sua vantagem seria maior em alguns

produtos do que em outros.

O economista em questão foi:

a) Adam Smith

b) Stephen Kanitz

c) Keneth Galbraith

d) Karl Max

e) David Ricardo

Comentários

A palavras chave comparativa, relativa e a declaração final de que “o grande

mérito de um economista foi mostrar que o comércio também seria proveitoso

para dois países, mesmo que um deles tivesse vantagem absoluta sobre o

outro na produção de todas as mercadorias; mas sua vantagem seria maior

em alguns produtos do que em outros”, indicam que o economista em questão

é David Ricardo. letra e

Respostas

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

A C A B B A B A D B

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

A E A D B D E A Errado Certo

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21 22 23 24

Certo Certo Certo E

Até a próxima aula!

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