aula 01

81

Upload: phartes

Post on 09-Nov-2015

7 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

administrativo

TRANSCRIPT

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 2 de 81

    Caso ainda no me conheam, meu nome Herbert Almeida, sou Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Esprito Santo aprovado em 1 lugar no concurso para o cargo. Alm disso, obtive o 1 lugar no concurso de Analista Administrativo do TRT/23 Regio/2011. Meu primeiro contato com a Administrao Pblica ocorreu atravs das Foras Armadas. Durante sete anos, fui militar do Exrcito Brasileiro, exercendo atividades de administrao como Gestor Financeiro, Pregoeiro, Responsvel pela Conformidade de Registros de Gesto e Chefe de Seo. Sou professor do Tecconcursos das disciplinas de Administrao Geral e Pblica, Administrao Financeira e Oramentria e, aqui no Estratgia Concursos, tambm de Direito Administrativo. Alm disso, no Tribunal de Contas, participo de atividades relacionadas com o Direito Administrativo.

    Ademais, os concursos pblicos em que fui aprovado exigiram diversos conhecimentos, inclusive sobre Direito Administrativo. Ao longo de meus estudos, resolvi diversas questes, aprendendo a forma como cada organizadora aborda os temas previstos no edital. Assim, pretendo passar esses conhecimentos para encurtar o seu caminho em busca de seu objetivo. Ento, de agora em diante, vamos firmar uma parceria que levar voc aprovao no concurso pblico para Analista do CNMP.

    O edital do concurso trouxe o seguinte contedo para a nossa disciplina:

    DIREITO ADMINISTRATIVO: Princpios do Direito Administrativo. Administrao direta e indireta. rgos pblicos. Agentes Pblicos. Ato administrativo: requisitos, atributos, classificao, espcies, revogao, invalidao e convalidao do ato administrativo. Poderes e deveres dos administradores pblicos: uso e abuso do poder, poderes vinculado, discricionrio, hierrquico, disciplinar e regulamentar, poder de polcia, Responsabilidade Civil do Estado. Interveno do Estado na propriedade: modalidades. Controle da administrao pblica: administrativo, legislativo e judicial. Bens pblicos: regime jurdico. Servios pblicos: princpios e classificao. Concesso e Permisso de Servios Pblicos (Lei n 8.987, de 13 de fevereiro de 1995). Licitaes e contratos administrativos (Lei n 8.666, de 21 de junho de 1993 e alteraes posteriores. Prego (Lei n 10.520, de 17 de julho de 2002 e alteraes posteriores e Decreto n 5.450, de 31 de maio de 2005). Sistema de Registro de Preos (Decreto n 7.892, de 23 de janeiro de 2013). Regime Diferenciado de Contrataes Pblicas (Lei Federal n 12.462, de 4 de agosto de 2011). Parcerias Pblico-Privadas (Lei Federal n 11.079, de 30 de dezembro de 2004 e alteraes posteriores). Convnios e contratos de repasse (Decreto n 6.170, de 25 de julho de 2007). Consrcios pblicos (Lei n 11.107, de 6 de abril de

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 5 de 81

    REGIME JURDICO ADMINISTRATIVO

    A Administrao Pblica pode submeter-se a regime jurdico de direito privado ou de direito pblico. A aplicao do regime jurdico feita conforme determina a Constituio ou as leis, levando em considerao a necessidade, ou no, de a Administrao encontrar-se em situao de superioridade em relao ao particular.

    Por exemplo, o art. 173, 1, da Constituio, determina que a lei estabelea o estatuto jurdico da empresa pblica, da sociedade de economia mista e de suas subsidirias que explorem atividade econmica de produo ou comercializao de bens ou de prestao de servios, GLVSRQGR HQWUH RXWURV DVSHFWRV VREUH a sujeio ao regime jurdico prprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigaes

    civis, comerciais, trabalhistas e tributrios&)DUW,,1HVVe caso, ficou ntida a determinao de que esse tipo de empresa dever submeter-se ao regime de direito privado. Isso porque a natureza da atividade (explorao de atividade econmica) no permite uma relao de desigualdade.

    Assim, haver casos de aplicao de regras de direito pblico e, em outros, de direito privado. Todavia, mesmo quando emprega modelos privatsticos, nunca ser integral a submisso ao direito privado.

    Nesse contexto, Maria Sylvia Zanella Di Pietro diferencia a expresso regime jurdico da Administrao Pblica para designar, em sentido amplo, os regimes de direito pblico e de direito privado a que pode submeter-se a Administrao Pblica. Por outro lado, a autora utiliza a expresso regime jurdico administrativo para abranger to somente o conjunto de traos, de conotaes, que tipificam o Direito Administrativo, colocando a Administrao Pblica numa posio privilegiada, vertical, na

    relao jurdico-administrativa Em sntese, o regime jurdico da Administrao Pblica se refere a

    qualquer tipo de regramento, seja de direito pblico ou de direito privado; enquanto o regime jurdico administrativo trata das regras que colocam a Administrao Pblica em condies de superioridade perante o particular.

    O regime jurdico administrativo resume-se em dois aspectos: de um lado, esto as prerrogativas, que representam alguns privilgios para a Administrao dentro das relaes jurdicas; de outro, encontram-se as

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 7 de 81

    As prerrogativas e sujeies, conforme ensinamentos de Celso Antnio Bandeira de Mello, traduzem-se, respectivamente, nos princpios da supremacia do interesse pblico sobre o privado e na indisponibilidade do interesse pblico2.

    A supremacia do interesse pblico fundamenta a existncia das prerrogativas ou poderes especiais da Administrao Pblica, caracterizando-se pela chamada verticalidade nas relaes entre a Administrao e o particular. Baseia-se na ideia de que o Estado possui a obrigao de atingir determinadas finalidades, que a Constituio e as leis exigem. Assim, esses poderes especiais representam os meios ou instrumentos utilizados para atingir o fim: o interesse pblico.

    Dessa forma, havendo conflito entre o interesse pblico e os interesses particulares, dever prevalecer o primeiro.

    Por outro lado, a indisponibilidade do interesse pblico representa as restries na atuao da Administrao. Essas limitaes decorrem do fato de que a Administrao no proprietria da coisa pblica, no proprietria do patrimnio pblico nem tampouco titular do interesse pblico, mas sim o povo3. A indisponibilidade representa, pois, a defesa dos interesses dos administrados.

    Em decorrncia do princpio da indisponibilidade do interesse pblico, segundo Alexandrino e Paulo, a Administrao somente pode atuar quando houver lei que autorize ou determine sua atuao, e nos limites estipulados por essa lei. Dessa forma, enquanto os particulares atuam conforme a autonomia da vontade, os agentes administrativos devem agir segundo a YRQWDGHGDOHL

    importante destacar que Maria Sylvia Zanella Di Pietro diz que os princpios fundamentais que demonstram a bipolaridade do Direito Administrativo de um lado as prerrogativas e de outro as sujeies so os princpios da legalidade e da supremacia do interesse pblico sobre o particular3HUFHEDTXHDDXWRUDWURFDRSULQFtSLRGDLQGLVSRQLELOLGDGHpelo princpio da legalidade para demonstrar as sujeies administrativas.

    E na prova, o que fazer? Em geral, as bancas adotam o posicionamento de Celso Antnio Bandeira de Mello, ou seja, os princpios basilares do Direito Administrativo so: supremacia do interesse pblico sobre o privado

    2 Bandeira de Mello uti indisponibilidade, pela Administrao, dos interesses pblicos ? 3 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 11.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 9 de 81

    2. (Cespe ATA/MDIC/2014) O exerccio das funes administrativas pelo Estado deve adotar, unicamente, o regime de direito pblico, em razo da indisponibilidade do interesse pblico.

    Comentrio: conforme determina a Constituio e as leis, teremos situaes de aplicao de regras de direto pblico ou de direito privado nunca teremos a aplicao exclusiva de direito privado. Neste momento, vale citar o contedo do art. 54 da Lei 8.666/1993 (Lei de Licitaes e Contratos):

    Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei regulam e pela ua clu ula e pelo preceito de direito pblico, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princpios da teoria geral dos contratos e as disposies de direito privado. (grifos nossos)

    Assim, a Lei de Licitaes destaca a aplicao subsidiria de regras de direito privado em contratos administrativos. Em geral, sero poucos os casos de aplicao nica e exclusiva de um tipo de regramento. Tanto que alguns doutrinadores at contestam a existncia desses dois ramos: direito pblico ou direito privado. O que nos interessa, no entanto, que, mesmo no exerccio da funo administrativa, teremos a aplicao de regras de direito pblico ou de direito privado. Dessa forma, a questo se encontra errada, pois temos sim a aplicao do regime de direito privado. Para finalizar, devemos lembrar que Maria Sylvia Zanella Di Pietro faz a distino entre o regime jurdico da Administrao Pblica, que envolve a aplicao dos regimes de direito pblico e de direito privado, e a expresso regime jurdico administrativo, que abrange to somente o regime jurdico de direito pblico. Gabarito: errado.

    3. (Cespe - Advogado/Telebrs/2013) O regime jurdico-administrativo pauta-se sobre os princpios da supremacia do interesse pblico sobre o particular e o da indisponibilidade do interesse pblico pela administrao, ou seja, erige-se sobre o ELQ{PLRSUHUURJDWLYDVGDDGPLQLVWUDomR GLUHLWRVGRVDGPLQLVWUDGRV Comentrio: vejam que o posicionamento da banca seguiu os ensinamentos de Celso Antnio Bandeira de Mello, ou seja, os princpios da supremacia do interesse pblico sobre o particular e da indisponibilidade do interesse pblico pela administrao representam a base do sistema administrativo (regime jurdico administrativo). Assim, de um lado temos as prerrogativas

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 10 de 81

    que colocam a Administrao em supremacia sobre o particular, e de outro temos as sujeies, que buscam preservar os direitos dos administrados. Gabarito: correto.

    Princpios da Administrao Pblica Noes gerais A base do regime jurdico administrativo encontra-se nos princpios da

    supremacia e da indisponibilidade do interesse pblico. Porm, temos vrios outros princpios que orientam a atividade administrativa. Dessa forma, fundamental compreendermos o conceito dos princpios administrativos antes de estudarmos detidamente cada um deles.

    Os princpios administrativos so os valores, as diretrizes, os mandamentos mais gerais que orientam a elaborao das leis administrativas, direcionam a atuao da Administrao Pblica e condicionam a validade de todos os atos administrativos4.

    So, portanto, as ideias centrais de um sistema, estabelecendo suas diretrizes e conferindo a ele um sentido lgico, harmonioso e racional, o que possibilita uma adequada compreenso de sua estrutura. Ademais, os princpios determinam o alcance e o sentido das regras de determinado subsistema do ordenamento jurdico, balizando a interpretao e a prpria produo normativa5.

    Percebe-se, pois, que os princpios estabelecem valores e diretrizes que orientam no s a aplicao como tambm a elaborao e interpretao das normas do ordenamento jurdico, permitindo que o sistema funcione de maneira harmoniosa, equilibrada e racional.

    Por exemplo, o princpio da moralidade condiciona a atuao administrativa segundo os princpios da probidade e boa f, invalidando, por conseguinte, os atos decorrentes de comportamentos fraudulentos e astuciosos. Esse tipo de princpio serve para balizar as aes administrativas, auxiliar a interpretao das regras e direcionar a produo legislativa.

    Nesse sentido, existem inmeros princpios como a legalidade, razoabilidade, moralidade, publicidade, continuidade, autotutela, etc.

    4 Barchet, 2008, p. 34. 5 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 183.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 12 de 81

    As normas infraconstitucionais tambm apresentam princpios expressos aplicveis Administrao Pblica Vejamos alguns exemplos

    Lei 8.666/1993 /HL GH /LFLWDo}HV H &RQWUDWRV Art. 3 A licitao [...] ser processada e julgada em estrita conformidade com os princpios bsicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculao ao instrumento convocatrio, do julgamento objetivo [...] Lei 9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo da Administrao Pblica Federal): Art. 2o A Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos princpios da legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia Lei 12.462/2011 (/HLGR5HJLPH'LIHUHQFLDGRGH&RQWUDWDo}HV3~EOLFDVArt. 3o As licitaes e contrataes realizadas em conformidade com o RDC devero observar os princpios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da eficincia, da probidade administrativa, da economicidade, do desenvolvimento nacional sustentvel, da vinculao ao instrumento convocatrio e do julgamento objetivo

    Por outro lado, os princpios implcitos6 no constam taxativamente em uma norma jurdica geral, decorrendo de elaborao doutrinria e jurisprudencial.

    No significa que eles no esto previstos em uma norma jurdica, apenas no constam expressa ou taxativamente. Ou seja, o princpio implcito encontra-se previsto nas normas, apenas no consta expressamHQWH R VHX QRPH 3RGHPRV HQFRQWUDU SULQFtSLRV L FXMDaplicao conste taxativamente na Constituio, ou seja, no consta uma designao para chamar o princpio, mas apenas o seu significado; (ii) que decorrem de algum princpio expresso ou da interpretao lgica de vrios princpios; e (iii) outros por serem implicaes do prprio Estado de Direito e do sistema constitucional como um todo.

    Vamos exemplificar. O princpio da finalidade no se encontra previsto expressamente na Constituio Federal. Contudo, ele decorre do princpio da impessoalidade. Assim, toda atuao administrativa dever ter como finalidade, em sentido amplo, o interesse pblico e, em sentido estrito, a

    6 : ^ & reconhecidos ? es que no possuem previso ?d ? implcitos ? ?majoritria.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 13 de 81

    funo especfica desenvolvida pela norma. Essa a aplicao do princpio da finalidade, que decorre de um princpio previsto expressamente na Constituio Federal: o princpio da impessoalidade.

    No segundo caso, temos o exemplo do princpio da segurana jurdica, que possui apenas a sua aplicao prevista na Constituio Federal, conIRUPH FRQVWD QR LQF ;;;9, DUW GHWHUPLQDQGR TXH a lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgadaAssim, a CF veda a aplicao retroativa de lei que tenha o poder de prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada. justamente essa a aplicao do princpio da segurana jurdica. Contudo, QmR FRQVWD QR WH[WR FRQVWLWXFLRQDO DOJR GR WLSR D OHL GHYH UHVSHLWDU RSULQFtSLRGDVHJXUDQoDMXUtGLFD

    Assim, podemos perceber que, no segundo caso, no aparece taxativamente a denominao do princpio, mas consta a sua aplicao, cabendo doutrina e jurisprudncia reconhecer a sua existncia e designao.

    Por fim, o princpio da supremacia do interesse pblico exemplo da terceira situao, pois um princpio geral de Direito, decorrendo de interpretao sistemtica de nosso ordenamento jurdico. Apesar de existir diversos dispositivos constitucionais de base para esse princpio, no h como fazer uma meno taxativa. O princpio da supremacia significa a prpria razo de ser da Administrao, representando a lgica do nosso ordenamento constitucional.

    Antes de encerrarmos essa parte introdutria, cabe fazer uma ltima observao. Em que pese a doutrina disponha que os princpios da supremacia do interesse pblico e da indisponibilidade sejam os princpios basilares ou fundamentais do Direito Administrativo, no h hierarquia entre os princpios. Ou seja, no podemos afirmar que o princpio da supremacia encontra-se acima do princpio da moralidade, por exemplo.

    No caso de aparente conflito entre eles, caber ao interpretador dar uma aplicao que mantenha a harmonia e unidade do ordenamento jurdico.

    Aps essa abordagem, vamos resolver algumas questes e, em seguida, vamos abordar cada princpio separadamente.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 14 de 81

    4. (Cespe - Ag Adm/MDIC/2014) Os princpios da administrao pblica expressamente dispostos na CF no se aplicam s sociedades de economia mista e s empresas pblicas, em razo da natureza eminentemente empresarial dessas entidades.

    Comentrio: os princpios da administrao pblica previstos expressamente na Constituio Federal, conforme seu art. 37, aplicam-se s administraes direta e indireta, de todos os Poderes e de todas as esferas de governo. Assim, mesmo que as empresas pblicas e sociedades de economia mista possuam natureza empresarial, elas devem seguir os princpios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia. Dessa forma, a Caixa Econmica Federal, o Banco do Brasil e a Petrobrs, exemplos de entidades da administrao indireta que exploram atividade econmica, devem respeitar os mencionados princpios. Gabarito: errado.

    5. (Cespe Analista Legislativo/Consultor/CD/2014) O art. 37, caput, da Constituio Federal indica expressamente administrao pblica direta e indireta princpios a serem seguidos, a saber: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia, entre outros princpios no elencados no referido artigo.

    Comentrio: segundo a Constituio Federal (art. 37, caput): A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia [...]:

    Assim, os princpios administrativos expressos da Carta da Repblica so legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia (LIMPE). Isso no impede, claro, a aplicao de diversos outros princpios que decorrem da Constituio. Assim, o item est corretssimo! Gabarito: correto.

    PRINCPIOS EXPRESSOS

    Vamos trabalhar agora os cinco princpios expressamente previstos no art. 37, caput, da Constituio Federal de 1988: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 15 de 81

    Princpio da legalidade

    O princpio da legalidade est previsto expressamente no artigo 37 da Constituio Federal, sendo aplicvel s administraes pblica direta e indireta, de todos os Poderes e todas as esferas de governo.

    Este princpio nasceu com o Estado de Direito, que impe a atuao administrativa nos termos da lei. o Estado que cria as leis, mas ao mesmo tempo deve submeter-se a elas. No se quer, pois, um governo de homens, mas um governo de leis.

    Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o princpio da legalidade constitui uma das garantias principais de respeito aos direitos individuais. Isso ocorre porque a lei, ao mesmo tempo em que os define, estabelece tambm os limites de atuao administrativa que tenha por objeto a restrio ao exerccio de tais direitos em benefcio da coletividade.

    A legalidade apresenta dois significados distintos. O primeiro aplica-se aos administrados, isto , s pessoas e s organizaes em geral. Conforme dispe o inciso II do artigo 5 da CF/88, ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei. Dessa forma, para os administrados tudo o que no for proibido ser permitido. Assim, a lei tem um aspecto negativo, pois restringe o campo de atuao dos administrados.

    O segundo sentido do princpio da legalidade aplicvel Administrao e decorre diretamente do artigo 37, caput, da CF/88, impondo a atuao administrativa somente quando houver previso legal. Assim, para o setor pblico a lei tem conotao positiva. Isso ocorre porque a Administrao s poder agir quando houver previso legal. Por esse motivo, ele costuma ser chamado de princpio da estrita legalidade.

    O inciso II do art. 5 da Constituio tambm serve de proteo aos direitos individuais, pois, ao mesmo tempo em que permite que o administrado faa tudo o que no estiver proibido em lei, ele impede que a Administrao tente impor as restries. Ou seja, o contedo da norma permite que o administrado atue sobre sua vontade autnoma e impede que a Administrao imponha limites no previstos em lei.

    Nesse contexto, a Administrao deve se limitar aos ditames da lei, no podendo, por simples ato administrativo, conceder direitos de qualquer espcie, criar obrigaes ou impor vedaes. Para tanto, depende de prvia edio legal.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 18 de 81

    sem observar as normas do decreto e a forma de sua fiscalizao, eventual multa aplicada poder ser considerada ilegal. No caso, apenas o decreto foi infringido pelo agente pblico, mas o ato foi dado como ilegal.

    Para finalizar o assunto, vale mencionar que a doutrina apresenta como exceo ao princpio da legalidade a edio de medidas provisrias (CF, art. 62), a decretao do estado de defesa (CF, art. 136) e do estado de stio (CF, arts. 137 a 139).

    As medidas provisrias so atos normativos, com fora de lei, editados pelo Presidente da Repblica em situaes de relevncia e urgncia. Apesar de as medidas provisrias possurem fora de lei, Celso Antnio Bandeira de Mello as considera exceo ao princpio da legalidade em decorrncia de uma srie de limitaes, como as caractersticas de excepcionalidade e precariedade.

    O estado de defesa poder ser decretado pelo Presidente da Repblica, ouvidos o Conselho da Repblica e o Conselho de Defesa Nacional, para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pblica ou a paz social ameaadas por grave e

    iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de

    grandes propores na natureza &)DUW. O estado de defesa implicar na restrio de alguns direitos, conforme constar no decreto que o instituir e, por isso, representa exceo ao princpio da legalidade.

    Por outro lado, o estado de stio poder ser decretado pelo Presidente da Repblica, aps autorizao do Congresso Nacional, ouvidos o Conselho da Repblica e o Conselho de DefeVD 1DFLRQDO HP FDVR GH comoo grave de repercusso nacional ou ocorrncia de fatos que comprovem a

    ineficcia de medida tomada durante o estado de defesa RX GHdeclarao de estado de guerra ou resposta a agresso armada estrangeira&)DUWcaput e incs. I e II). O estado de stio uma medida mais gravosa que o estado de defesa, representando uma srie de medidas restritivas previstas na Constituio.

    Princpio da impessoalidade

    O princpio da impessoalidade, tambm apresentado expressamente na CF/88, apresenta quatro sentidos:

    a) princpio da finalidade: em sentido amplo, o princpio da finalidade

    sinnimo de interesse pblico, uma vez que todo e qualquer ato

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 19 de 81

    da administrao deve ser praticado visando satisfao do interesse

    pblico. Por outro lado, em sentido estrito, o ato administrativo deve

    satisfazer a finalidade especfica prevista em lei.

    Assim, do primeiro significado do princpio da impessoalidade, decorre um princpio implcito: o princpio da finalidade. Dessa forma, todo ato da Administrao deve ser praticado visando satisfao do interesse pblico (sentido amplo) e da finalidade para ele especificamente prevista em lei (sentido estrito). Se no for assim, o ato ser invlido.

    Exemplificando, podemos analisar o caso da remoo de servidor pblico, que tem como finalidade especfica adequar o nmero de servidores nas diversas unidades administrativas de um rgo. Caso seja aplicada com o intuito de punir um servidor que desempenha mal suas funes, o ato atendeu apenas ao sentido amplo, pois punir um servidor que trabalhe mal tem interesse pblico. Contudo, o ato nulo, por desvio de finalidade, uma vez que a lei no estabelece esta finalidade para a transferncia7.

    b) princpio da igualdade ou isonomia: o princpio da impessoalidade se traduz na ideia de isonomia, pois a Administrao deve atender a todos os administrados sem discriminaes. No se pode favorecer pessoas ou se utilizar de perseguies indevidas, consagrando assim o princpio da igualdade ou isonomia.

    Nesse ponto, devemos lembrar que a Constituio Federal estabelece que todos so iguais perante a lei (art. 5, caput), sendo que eventuais tratamentos diferenciados s podem ocorrer quando houver previso legal.

    A Constituio Federal apresenta diversas referncias a esta aplicao do princpio da impessoalidade como o art. 37, II, que exige a aprovao prvia em concurso pblico para a investidura em cargo ou emprego pblico, permitindo que todos possam disputar-lhes com igualdade; o art. 37, XXI, que exige processo de licitao pblica para a contratao de obras, servios, compras e alienaes, assegurando igualdade de condies a todos os concorrentes; e o art. 175, que tambm exige licitao pblica para as permisses e concesses de servio pblico.

    Analisando esses dois primeiros aspectos, podemos perceber que o princpio da impessoalidade decorre do princpio da supremacia do interesse pblico em virtude da busca pela finalidade ou pelo interesse

    7 Exemplo apresentado na obra de Alexandrino e Paulo, 2011, p. 194-195.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 20 de 81

    pblico e da isonomia ou igualdade em decorrncia do tratamento igualitrio, nos termos da lei.

    c) vedao de promoo pessoal: os agentes pblicos atuam em nome

    do Estado. Dessa forma, no poder ocorrer a pessoalizao ou

    promoo pessoal do agente pblico pelos atos realizados.

    Esse significado decorre diretamente da disposio do 1 do Art. 37 da CF/88:

    1 - A publicidade dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos dever ter carter educativo, informativo ou de orientao social, dela no podendo constar nomes, smbolos ou imagens que caracterizem promoo pessoal de autoridades ou servidores pblicos. (grifos nossos)

    Isso significa que as atividades da Administrao no podem ser imputadas aos funcionrios que as realizaram, mas aos rgos e entidades que representam.

    Dessa forma, um governador no pode se promover, custa da Administrao, por obras realizadas em seu governo. No poder constar, SRU H[HPSOR TXH )XODQRGH7DO IH] LVVRPDV DSHQDVTXHR *RYHUQR(VWDGXDORXD$GPLQLVWUDomR0XQLFLSDOUHDOL]RXGHWHUPLQDGDVREUDV

    Se um agente se aproveitar das realizaes da Administrao para se promover individualmente, estar realizando publicidade indevida. Isso impede que, nas placas ou propagandas de publicidade pblica, constem nomes pessoais ou de partidos polticos. Impede tambm a utilizao de slogans, que possam caracterizar promoo pessoal.

    mister informar que a promoo pessoal, conforme estamos vendo, fere o princpio da impessoalidade. No entanto, claro que esse tipo de conduta tambm infringe outros princpios, como a legalidade e a moralidade.

    d) impedimento e suspeio: esses institutos possuem o objetivo de afastar de processos administrativos ou judiciais as pessoas que no possuem condies de aplicar a lei de forma imparcial, em funo de parentesco, amizade ou inimizade com pessoas que participam do processo.

    Por exemplo, se um juiz possuir inimizade reconhecida com uma pessoa que seja parte de um processo, ele no poder julgar de forma imparcial. Dessa forma, buscando evitar possveis favorecimentos,

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 21 de 81

    preservando a isonomia do julgamento, recomenda-se o afastamento da autoridade.

    Na verdade, os dois ltimos aspectos nada mais so do que consequncia lgica das duas primeiras aplicaes (princpio da finalidade e da isonomia).

    Em sntese, o princpio da impessoalidade representa a busca pela finalidade pblica, o tratamento isonmico aos administrados, a vedao de promoo pessoal e a necessidade de declarar o impedimento ou suspeio de autoridade que no possua condies de julgar de forma igualitria.

    Princpio da moralidade

    O princpio da moralidade, que tambm est previsto de forma expressa no caput do art. 37 da Constituio Federal, impe que o administrador pblico no dispense os preceitos ticos que devem estar presentes em sua conduta. Dessa forma, alm da legalidade, os atos administrativos devem subordinar-se moralidade administrativa.

    Muito se discutiu sobre a existncia da moralidade como princpio autnomo, uma vez que o seu conceito era considerado vago e impreciso. Dessa forma, a doutrina entendia que, na verdade, o princpio estava absorvido pelo princpio da legalidade.

    No entanto, tal compreenso encontra-se prejudicada, uma vez que a prpria Constituio Federal incluiu os princpios da legalidade e moralidade como princpios autnomos, ou seja, tratou cada um de forma individual.

    Ademais, so diversas as previses de condutas contra a moralidade administrativa apresentadas na Carta de 1988, como, por exemplo, o art. 37, 4, que dispe que os atos de improbidade administrativa importaro a suspenso dos direitos polticos, a perda da funo pblica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao errio; o art. 14, 9, com a redao da Emenda Constitucional de Reviso n 4/1994, que dispe que os casos de inelegibilidade devem proteger, entre outras coisas, a probidade administrativa e a moralidade para exerccio de mandato; e o art. 85, V, que considera crime de responsabilidade os atos do Presidente da Repblica contra a probidade administrativa. Com efeito, o art. 5, LXXIII, dispe que qualquer cidado parte legtima para propor ao popular que vise a anular ato lesivo moralidade administrativa.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 24 de 81

    Administrao. Tais condutas mostram-se, alm de ilegais, imorais e desonestas.

    Para finalizar o assunto, podemos trazer as lies de Gustavo Barchet9, que classifica o princpio da moralidade em trs sentidos:

    a) dever de atuao tica (princpio da probidade): o agente pblico

    deve ter um comportamento tico, transparente e honesto perante o

    administrado. Assim, o agente pblico no pode sonegar, violar nem

    prestar informaes incompletas com o objetivo de enganar os

    administrados. No pode um agente se utilizar do conhecimento

    limitado que as pessoas tm sobre a administrao para obter

    benefcios pessoais ou prejudicar indevidamente o administrado;

    b) concretizao dos valores consagrados na lei: o agente pblico

    no deve limitar-se aplicao da lei, mas buscar alcanar os valores

    por ela consagrados. Assim, quando a Constituio institui o concurso

    pblico para possibilitar a isonomia na busca por um cargo pblico, o

    agente pblico que preparar um concurso dentro desses ditames

    (proporcionar a isonomia) estar tambm cumprindo o princpio da

    moralidade;

    c) observncia dos costumes administrativos: a validade da conduta

    administrativa se vincula observncia dos costumes administrativos,

    ou seja, s regras que surgem informalmente no quotidiano

    administrativo a partir de determinadas condutas da Administrao.

    Assim, desde que no infrinja alguma lei, as prticas administrativas

    realizadas reiteradamente, devem vincular a Administrao, uma vez

    que causam no administrado um aspecto de legalidade.

    Princpio da publicidade

    O princpio da publicidade, previsto taxativamente no artigo 37 da Constituio Federal, apresenta duplo sentido:

    a) exigncia de publicao em rgos oficiais como requisito de

    eficcia: os atos administrativos gerais que produziro efeitos

    externos ou os atos que impliquem nus para o patrimnio

    pblico devem ser publicados em rgos oficiais, a exemplo do Dirio

    9 Barchet, 2008, pp. 43-45.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 25 de 81

    Oficial da Unio ou dos estados, para terem eficcia (produo de

    efeitos jurdicos).

    No se trata, portanto, de requisito de validade do ato, mas to somente da produo de seus efeitos. Assim, um ato administrativo pode ser vlido (competncia, finalidade, forma, motivo e objetivo), mas no eficaz, pois se encontra pendente de publicao oficial.

    Nem todo ato administrativo precisa ser publicado para fins de eficcia, mas to somente os que tenham efeitos gerais (tm destinatrios indeterminados) e de efeitos externos (alcanam os administrados), a exemplo dos editais de licitao ou de concurso. Esses atos iro se aplicar a um nmero indeterminado de administrados, no se sabe quantos. Outra situao decorre dos atos que impliquem ou tenham o potencial de implicar em nus ao patrimnio pblico, como a assinatura de contratos ou a homologao de um concurso pblico.

    b) exigncia de transparncia da atuao administrativa: o

    princpio da transparncia deriva do princpio da indisponibilidade do

    interesse pblico, constituindo um requisito indispensvel para o

    efetivo controle da Administrao Pblica por parte dos administrados.

    Segundo a CF/88:

    Art. 5 (...) XXXIII - todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado;

    Outros dispositivos constitucionais que merecem destaque so os seguintes:

    Art. 37. (...) 3 A lei disciplinar as formas de participao do usurio na administrao pblica direta e indireta, regulando especialmente:

    (...)

    II - o acesso dos usurios a registros administrativos e a informaes sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5, X e XXXIII.

    Art. 216. (...) 2 - Cabem administrao pblica, na forma da lei, a gesto da documentao governamental e as providncias para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.

    Esses dispositivos foram regulamentados pela recente Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso Informao), que dispe sobre os procedimentos a serem observados pela Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, com o fim de garantir o acesso a informaes.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 26 de 81

    Dessa forma, esse segundo sentido muito mais amplo que o anterior, uma vez que a publicidade torna-se um preceito geral e o sigilo a exceo. Assim, com exceo dos dados pessoais (dizem respeito intimidade, honra e imagem das pessoas) e das informaes classificadas por autoridades como sigilosas (informaes imprescindveis para a segurana da sociedade e do Estado), todas as demais informaes devem ser disponibilizadas aos interessados, algumas de ofcio (pela internet ou por publicaes) e outras mediante requerimento.

    Princpio da eficincia

    (VWHpRPDLVMRYHPSULQFtSLRFRQVWLWXFLRQDO)RLLQFOXtGRQRDUWLJRpela Emenda Constitucional 19/1998 como decorrncia da reforma gerencial, iniciada em 1995 com o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE). Assim, a eficincia diz respeito a uma atuao da administrao pblica com excelncia, fornecendo servios pblicos de qualidade populao, com o menor custo possvel (desde que mantidos os padres de qualidade) e no menor tempo.

    Segundo Maria Sylvia Di Pietro10, o princpio da eficincia apresenta dois aspectos:

    a) em relao ao modo de atuao do agente pblico: espera-se a

    melhor atuao possvel, a fim de obter os melhores resultados.

    Como consequncia desse primeiro sentido, foram introduzidas pela EC 19/1998 a exigncia de avaliao especial de desempenho para aquisio de estabilidade e a possibilidade de perda de cargo pblico (flexibilizao da estabilidade) em decorrncia da avaliao peridica de desempenho.

    b) quanto ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a

    administrao pblica: exige-se que seja a mais racional possvel,

    permitindo que se alcancem os melhores resultados na prestao dos

    servios pblicos.

    Nesse segundo contexto, exige-se um novo modelo de gesto: a administrao gerencial. Assim, os controles administrativos deixam de ser predominantemente por processos para serem realizados por resultados. O momento do controle prvio passa a ser realizado prioritariamente a posteriori (aps o ato), aumentando a autonomia do gestor, e melhorando 10 Di Pietro, 2014, p. 84.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 27 de 81

    a eficincia do controle. A transparncia administrativa, o foco no cidado, a descentralizao e desconcentrao, os contratos de gesto, as agncias autnomas, as organizaes sociais, a ampla participao da sociedade no controle e no fornecimento de servios so todos conceitos relacionados com este segundo aspecto da eficincia.

    O princpio da eficincia surge do descontentamento da sociedade com a qualidade dos servios e os inmeros prejuzos causados em decorrncia da morosidade administrativa. Assim, a atuao da Administrao no dever ser apenas legal, mas tambm eficiente.

    Finalizando, importante destacar que a busca da eficincia deve ocorrer em harmonia com os demais princpios da Administrao Pblica. Assim, no se pode deixar de obedecer aos princpios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade somente para alcanar melhores resultados.

    Por exemplo, se um agente pblico deixar de realizar a licitao em determinada situao, contratando a empresa de um amigo seu sobre o pretexto de que a contratao foi mais clere, barata e com mais qualidade, o ato ser mais eficiente, porm ser ilegal, imoral e contra a impessoalidade. Dessa forma, dever ser considerado nulo.

    Vamos resolver algumas questes para consolidar o conhecimento!

    6. (Cespe Anap/TC-DF/2014) Em razo do princpio da legalidade, a administrao pblica est impedida de tomar decises fundamentadas nos costumes.

    Comentrio: os costumes so fontes do Direito Administrativo e, portanto, podem ser utilizados para pautar a atuao administrativa. Devemos saber, todavia, que o uso dos costumes encontra-se bastante esvaziado em decorrncia do princpio da legalidade. Ainda assim, a doutrina assevera que os costumes podem ser utilizados quando houver deficincia legislativa, suprindo, assim, o texto legal. Apesar de representar uma situao um tanto estranha, uma vez que a atuao da Administrao s deve ocorrer quando existir lei, a doutrina entende que a adoo reiterada de determinadas condutas administrativas passa a constituir a moral administrativa. Com isso, os administrados passam a considerar a

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 28 de 81

    atuao da Administrao como legal (sentimento de obrigatoriedade) e, assim, no podem ser prejudicados por eventual mudana de conduta. Por isso mesmo que os costumes preservam-se como fonte do Direito Administrativo e podem servir de base para a tomada de deciso, desde que no ocorra contra a lei

    Gabarito: errado.

    7. (Cespe Proc/PGE BA/2014) Suponha que o governador de determinado estado tenha atribudo o nome de Nelson Mandela, ex-presidente da frica do Sul, a escola pblica estadual construda com recursos financeiros repassados mediante convnio com a Unio. Nesse caso, h violao do princpio da impessoalidade, dada a existncia de proibio constitucional publicidade de obras com nomes de autoridades pblicas.

    Comentrio: o art. 37, 1, da CF/88 estabelece que Dpublicidade dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos dever ter carter educativo, informativo ou de orientao social, dela no podendo constar nomes, smbolos ou imagens que caracterizem promoo pessoal de autoridades ou servidores pblicos Dessa forma, no se pode utiliza da publicidade pblica para se promover individualmente.

    Atribuir a obras e ruas o nome de autoridades pblicas vedado quando elas estiverem vivas, conforme consta na Lei 6.454/1977:

    Art. 1o proibido, em todo o territrio nacional, atribuir nome de pessoa viva ou que tenha se notabilizado pela defesa ou explorao de mo de obra escrava, em qualquer modalidade, a bem pblico, de qualquer natureza, pertencente Unio ou s pessoas jurdicas da administrao indireta. (Redao dada pela Lei n 12.781, de 2013)

    Art. 2 igualmente vedada a inscrio dos nomes de autoridades ou administradores em placas indicadores de obras ou em veculo de propriedade ou a servio da Administrao Pblica direta ou indireta.

    Art. 3 As proibies constantes desta Lei so aplicveis s entidades que, a qualquer ttulo, recebam subveno ou auxlio dos cofres pblicos federais.

    O STF tambm j analisou o caso na ADI 307/CE, considerando constitucional norma da Constituio do Cear que veda ao estado e aos municpios atribuir nome de pessoa viva a avenida, praa, rua, logradouro, ponte, reservatrio de gua, viaduto, praa de esporte, biblioteca, hospital, maternidade, edifcio pblico, auditrios, cidades e salas de aulas.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 29 de 81

    No caso, o STF declarou constitucional a norma da Constituio cearense, considerando que a atribuio de nome de pessoa pblica viva a bens pblicos inconstitucional por ofensa ao princpio da impessoalidade.

    Assim, a questo est errada, pois a vedao existe, mas somente para pessoas vivas

    Gabarito: errado.

    8. (Cespe Proc/PGE BA/2014) O atendimento ao princpio da eficincia administrativa autoriza a atuao de servidor pblico em desconformidade com a regra legal, desde que haja a comprovao do atingimento da eficcia na prestao do servio pblico correspondente.

    Comentrio: os princpios da Administrao Pblica devem ser aplicados com harmonia, no podendo se aplicar um princpio em detrimento do outro. Assim, o simples pretexto de busca pela eficincia no pode ser justificativa para afastar a legalidade. Segundo ensinamentos de Jesus Leguina Villa11 a eficcia que exige a Constituio deve ser alcanado dentro do ordenamento jurdico e, em nenhum caso, ludibriando este. Assim, o alcance da eficincia deve ser analisado dentro das normas previstas em nosso ordenamento, ou seja, respeitando o princpio da legalidade. Gabarito: errado.

    9. (Cespe Agente Administrativo/DPF/2014) Em razo do princpio da eficincia, possvel, mediante licitao, a contratao de empresa que no tenha apresentado toda a documentao de habilitao exigida, desde que a proposta seja a mais vantajosa para a administrao. Comentrio: o princpio da eficincia deve sempre se submeter ao princpio da legalidade. Assim, nunca poder justificar-se a atuao administrativa contrria ao direito, mesmo que o ato ilegal se mostre mais eficiente. Gabarito: errado.

    10. (Cespe Analista Legislativo/Consultor/CD/2014) O princpio da publicidade como valor republicano, assimilado de forma crescente pela vida e pela cultura poltica, conforma o direito brasileiro a imperativo constitucional de natureza absoluta, contra o qual no h exceo.

    11 Villa, 1995, apud Di Pietro, 2014, p. 85.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 30 de 81

    Comentrio: nenhum princpio administrativo absoluto. O princpio da publicidade, por exemplo, comporta algumas excees: (a) os dados pessoais (dizem respeito intimidade, honra e imagem das pessoas) e (b) as informaes classificadas por autoridades como sigilosas (informaes imprescindveis para a segurana da sociedade e do Estado) Gabarito: errado.

    11. (Cespe Analista Legislativo/Consultor/CD/2014) O princpio da impessoalidade corolrio do princpio da isonomia.

    Comentrio: um dos sentidos do princpio da impessoalidade se relaciona com a ideia de isonomia. Da que surge a exigncia do concurso pblico e da licitao, permitindo que os candidatos aos empregos ou cargos permanentes e os possveis fornecedores que desejem firmar contrato administrativo com a Administrao possam participar de um processo de escolha em igualdades de condies. Gabarito: correto

    12. (Cespe Analista Legislativo/Consultor/CD/2014) O princpio da legalidade implica dispor o administrador pblico no exerccio de seu munus de espao decisrio de estrita circunscrio permissiva da lei em vigor, conforme ocorre com agentes particulares e rbitros comerciais.

    Comentrio: munus uma expresso que significa encargo ou atribuio. A questo igualou o espao decisrio do administrador pblico ao dos agentes particulares, ou seja, o item afirmou que, no exerccio de suas atribuies, o agente pblico possui as mesmas restries decorrentes do princpio da legalidade que os agentes particulares. Vimos que isso errado, uma vez que a lei possui aspecto positivo para a Administrao e negativo para o administrado. Assim, o agente pblico s pode fazer o que a lei permitir, seguindo a autonomia da lei; enquanto agente privado pode fazer tudo o que no estiver proibido em lei, seguindo a autonomia da vontade. Logo, o item est errado. Gabarito: errado.

    13. (Cespe Proc/MP TC-DF/2013) Por fora do princpio da legalidade, a administrao pblica no est autorizada a reconhecer direitos contra si demandados quando estiverem ausentes seus pressupostos.

    Comentrio: segundo o princpio da legalidade a Administrao s pode fazer o que estiver previsto em lei. Logo, se os pressupostos isto , as condies previstas em lei no estiverem presentes, no pode a Administrao

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 31 de 81

    conceder o direito. Se assim o fizer, o ato ser ilegal. Isso j seria suficiente para responder o item.

    Porm, para complementar, voltaremos a transcrever o contedo do REsp 1231752/PR do STJ:

    ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EX-COMBATENTE. PENSO. AO AJUIZADA APS 5 (CINCO) ANOS DO INDEFERIMENTO DO PEDIDO ADMINISTRATIVO. PRESCRIO DO PRPRIO FUNDO DE DIREITO. OCORRNCIA. PRECEDENTES DO STJ. SERVIO MILITAR PRESTADO EM ZONA DE GUERRA. NO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. PRECEDENTE DO STJ. PRINCPIO DA LEGALIDADE. AGRAVO NO PROVIDO.

    [...]

    4. irrelevante se perquirir se a UNIO impugnou, ou no, todas as afirmaes de fato deduzidas pelo autor, na medida em que no est a Administrao, por fora do princpio da legalidade, autorizada a reconhecer direitos contra si demandados quando ausentes seus pressupostos legais. [...]

    (STJ, AgRg no REsp 1231752/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe 11/04/2011). (grifos nossos)

    Conclui-se, portanto, que o item est correto. Gabarito: correto.

    14. (Cespe - Proc DF/2013) Com fundamento no princpio da moralidade e da impessoalidade, o STF entende que, independentemente de previso em lei formal, constitui violao CF a nomeao de sobrinho da autoridade nomeante para o exerccio de cargo em comisso, ainda que para cargo poltico, como o de secretrio estadual.

    Comentrio: inicialmente, vamos transcrever a smula vinculante n 13, que trata da vedao do nepotismo na Administrao Pblica:

    Sumula Vinculante n 13:

    A nomeao de cnjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, at o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurdica investido em cargo de direo, chefia ou assessoramento, para o exerccio de cargo em comisso ou de confiana ou, ainda, de funo gratificada na administrao pblica direta e indireta em qualquer dos Poderes da Unio, dos estados, do Distrito Federal e dos municpios, compreendido o ajuste mediante designaes recprocas, viola a Constituio Federal.

    A smula, no entanto, no se aplica aos cargos polticos, como os de secretrio municipal e estadual ou, ento, ao cargo de Ministro de Estado. Gabarito: errado.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 32 de 81

    15. (Cespe Contador/MTE/2014) A supremacia do interesse pblico sobre o privado e a indisponibilidade, pela administrao, dos interesses pblicos, integram o contedo do regime jurdico-administrativo. Comentrio: veja que, mesmo em uma prova de 2014, a banca aplica uma questo exigindo to somente o conhecimento de que os princpios da supremacia e da indisponibilidade do interesse pblico formam a base do regime jurdico administrativo. Gabarito: correto.

    PRINCPIOS IMPLCITOS OU RECONHECIDOS

    Os princpios abordados a seguir so considerados implcitos ou reconhecidos quando se tem como parmetro a Constituio Federal.

    No entanto, se considerarmos as normas infraconstitucionais, vrios deles constam expressamente em alguma lei. Por exemplo, na Lei 9.784/1999, que regula o processo administrativo no mbito da Administrao Pblica Federal, constam expressamente os princpios da legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia.

    Feita essa abordagem, vamos partir para o estudo especfico dos princpios implcitos.

    Princpio da supremacia do interesse pblico

    O princpio da supremacia do interesse pblico sobre o privado um princpio implcito, que tem suas aplicaes explicitamente previstas em norma jurdica. Trata-se, pois, das prerrogativas administrativas.

    A essncia desse princpio est na prpria razo de existir da Administrao, ou seja, a Administrao atua voltada aos interesses da coletividade. Assim, em uma situao de conflito entre interesse de um particular e o interesse pblico, este ltimo deve predominar. por isso que a doutrina considera esse um princpio fundamental do regime jurdico administrativo.

    As prerrogativas administrativas so, portanto, os poderes conferidos Administrao, que lhe asseguram a posio de superioridade perante o

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 33 de 81

    administrado, aplicando-se somente nas relaes em que o Poder Pblico atua em prol do interesse da coletividade. Podemos ver a aplicao desse princpio quando, por exemplo, ocorre a desapropriao de um imvel, em que o interesse pblico prevalece sobre o proprietrio do bem; ou no exerccio do poder de polcia do Estado, quando so impostas algumas restries s atividades individuais para preservar o bem-estar da coletividade.

    Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o princpio da supremacia do interesse pblico est presente tanto no momento de elaborao da lei como no momento de execuo em concreto pela Administrao Pblica. Dessa forma, o princpio serve para inspirar o legislador, que deve considerar a predominncia do interesse pblico sobre o privado na hora de editar normas de carter geral e abstrato.

    Assim, quando o legislador inclui a possibilidade de a Administrao alterar de forma unilateral as clusulas de um contrato administrativo, obrigando o particular a cumpri-las (desde que respeitados os limites e condies previstos na lei), fica evidente que o princpio da supremacia serviu de fonte inspiradora para a legislao.

    Por outro lado, o princpio vincula a Administrao Pblica, ao aplicar a lei, no exerccio da funo administrativa. Nesse contexto, quando a lei concede poderes Administrao para desapropriar, intervir, punir, porque tem em vista atender ao interesse coletivo, que no pode ceder perante interesses individuais. Assim, a aplicao da lei deve ter como objetivo tutelar o interesse coletivo, no podendo ser utilizado com finalidades privadas como favorecimentos ou vantagens pessoais.

    Por exemplo, quando a lei permite que uma prefeitura municipal faa a desapropriao de um imvel, isso s deve ser feito quando o interesse geral assim o exigir. Caso a autoridade administrativa realize a desapropriao com o objetivo de punir um inimigo poltico do prefeito ou para favorecer determinado grupo empresarial, estar realizando por questes individuais, e no gerais, desviando a finalidade da lei. Ou seja, estaremos diante de um vcio de desvio de poder ou desvio de finalidade, tornando o ato ilegal.

    Como dito acima, o princpio da supremacia se fundamenta na prpria razo de ser do Estado, na busca de sua finalidade de garantir o interesse coletivo. Assim, possvel ver sua aplicao em diversas ocasies como, por exemplo:

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 34 de 81

    (a) nos atributos dos atos administrativos, como a presuno de veracidade, legitimidade e imperatividade;

    (b) na existncia das chamadas clusulas exorbitantes nos contratos administrativos, que permitem, por exemplo, a alterao ou resciso unilateral do contrato;

    (c) no exerccio do poder de polcia administrativa, que impe condicionamentos e limitaes ao exerccio da atividade privada, buscando preservar o interesse geral;

    (d) nas diversas formas de interveno do Estado na propriedade privada, como a desapropriao (assegurada a indenizao), a servido administrativa, o tombamento de imvel de valor histrico, a ocupao temporria, etc.

    A imposio de restries ao particular depende de previso legal.

    Por fim, deve-se destacar que nas situaes em que a Administrao no atuar diretamente para a consecuo do interesse pblico, como nos contratos de locao, de seguro ou quando agir como Estado-empresrio, no lhe cabe invocar o princpio da supremacia. Contudo, Alexandrino e Paulo destacam que, mesmo que indiretamente, ainda nessas situaes quando no so impostas obrigaes ou restries aos administrados , os atos da Administrao Pblica revestem-se de aspectos prprios do direito pblico, a exemplo da presuno de legitimidade.

    Princpio da indisponibilidade do interesse pblico

    Esse tambm um princpio implcito. Representa o outro lado da moeda. Enquanto o princpio da supremacia representa as prerrogativas, o princpio da indisponibilidade do interesse pblico trata das sujeies administrativas.

    As sujeies administrativas so limitaes e restries impostas Administrao com o intuito de evitar que ela atue de forma lesiva aos interesses pblicos ou de modo ofensivo aos direitos fundamentais dos administrados12. Como exemplos de sujeies podemos mencionar a necessidade de licitar para poder contratar servios e adquirir bens; e a

    12 Barchet, 2008, p. 55-56.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 35 de 81

    realizao de concursos pblicos, para fins de contratao de pessoas. Percebam que os particulares no se sujeitam a essas limitaes.

    Uma pessoa tem disposio de um bem quando o seu proprietrio. Contudo, essa no a realidade da Administrao ou de seus agentes. Como bem assevera Jos dos Santos Carvalho Filho, cabe-lhes apenas geri-los, conserv-los e por eles velar em prol da coletividade, esta sim a verdadeira titular dos direitos e interesses pblicos.

    Dessa forma, a Administrao no possui livre disposio dos bens e interesses pblicos, uma vez que atua em nome de terceiros, a coletividade. Por consequncia, impem limitaes alienao de bens, que s podem ocorrer nos termos previstos em lei; contratao de pessoal efetivo, que deve seguir a regra de concurso pblico; escolha de fornecedores para firmar contrato, que depende da realizao de licitao, e por a vai.

    Uma informao importante que, enquanto o princpio da supremacia do interesse pblica no se aplica em algumas situaes como na explorao de atividade econmica o princpio da indisponibilidade do interesse pblico est diretamente presente em qualquer atuao da Administrao Pblica.

    Outro aspecto relevante a relao do princpio da indisponibilidade do interesse pblico com o princpio da legalidade. Como vimos acima, Maria Di Pietro coloca o princpio da legalidade como um dos princpios basilares do Direito Administrativo. Para a autora a legalidade que demonstra a preservao da liberdade dos indivduos, por meio de restries impostas ao Poder Pblico, uma vez que a Administrao s pode fazer o que estiver previsto em lei, no podendo pautar-se pela autonomia de vontade prevista para o particular. Em outras palavras, a Administrao GHYHVHJXLUDYRQWDGHGDOHL

    Nesse sentido, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo afirmam que, justamente por no ter disposio sobre a coisa pblica, toda atuao administrativa deve atender ao estabelecido em lei, nico instrumento hbil a determinar o que seja interesse pblico. Isso porque a lei a manifestao legtima do povo, que o titular da coisa pblica.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 37 de 81

    a Administrao no pode se desfazer de seus bens quando eles estiverem afetados ao exerccio do interesse pblico. No necessrio aprofundar o assunto. O que devemos saber que os bens pblicos, quando possurem uma finalidade prpria relacionada satisfao do interesse pblico, no podem ser alienados.

    Por exemplo, um prdio utilizado como sede de uma prefeitura municipal no poder ser alienado enquanto possuir essa destinao. Dessa forma, o princpio da indisponibilidade do interesse pblico impe que os bens pblicos, quando relacionados satisfao do interesse pblico, so inalienveis.

    A nica ressalva que a inalienabilidade no uma regra absoluta, existindo um procedimento legal que permita a alienao de bens, conforme veremos ao longo desse curso.

    Aps essas abordagens, vamos resolver algumas questes!

    16. (Cespe Anap/TC-DF/2014) O princpio da supremacia do interesse pblico sobre o interesse privado um dos pilares do regime jurdico administrativo e autoriza a administrao pblica a impor, mesmo sem previso no ordenamento jurdico, restries aos direitos dos particulares em caso de conflito com os interesses de toda a coletividade.

    Comentrio: realmente o princpio da supremacia do interesse pblico um dos pilares do regime jurdico administrativo, mas ele s autoriza a imposio de restries de direitos, como no exerccio do poder de polcia ou na interveno administrativa, quando existir previso legal. Gabarito: errado.

    17. (Cespe Administrador/SUFRAMA/2014) A impossibilidade da alienao de direitos relacionados aos interesses pblicos reflete o princpio da indisponibilidade do interesse pblico, que possibilita apenas que a administrao, em determinados casos, transfira aos particulares o exerccio da atividade relativa a esses direitos.

    Comentrio: o princpio da indisponibilidade do interesse pblico pode se resumir a trs aspectos: i. as sujeies administrativas representadas pelas limitaes na atuao

    administrativa, como a necessidade de licitar;

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 38 de 81

    ii. o poder-dever de agir que consiste na obrigao de agir sempre que a lei outorgar uma competncia ao agente pblico (ao mesmo tempo em que ele ganha o poder de atuar ele tambm tem o dever de fazer);

    iii. inalienabilidade dos direitos concernentes a interesse pblicos impede que a Administrao transfira a titularidade de determinada atividade por meio de ato infralegal.

    Para explicar este ltimo caso, devemos pegar como exemplo a concesso de servio pblico. Quando a Administrao faz uma licitao para conceder o direito de explorar o servio de telecomunicaes, ela estar transferindo apenas a execuo do servio, permanecendo com a titularidade do mesmo. Assim, o particular poder explorar a atividade, ou seja, poder execut-la, mas a Administrao permanece com a titularidade, motivo pelo qual possui o poder de controlar e fiscalizar a qualidade do servio prestado. Dessa forma, os direitos relacionados aos interesses pblicos so inalienveis, podendo-se transferir, em determinados casos, somente a execuo do servio. Logo, o item est correto. Gabarito: correto.

    18. (Cespe Analista Legislativo/Consultor/CD/2014) O princpio da indisponibilidade do interesse pblico no impede a administrao pblica de realizar acordos e transaes.

    Comentrio: o STF entende ser possvel atenuar o princpio da indisponibilidade do interesse pblico, em particular na realizao da transao, quando o ato no se demonstrar oneroso para a Administrao e representar a melhor maneira para ultimar o interesse coletivo. Nesse sentido, vejamos a ementa do RE 252.885/MG:

    Poder Pblico. Transao. Validade. Em regra, os bens e o interesse pblico so indisponveis, porque pertencem coletividade. , por isso, o Administrador, mero gestor da coisa pblica, no tem disponibilidade sobre os interesses confiados sua guarda e realizao. Todavia, h casos em que o princpio da indisponibilidade do interesse pblico deve ser atenuado, mormente quando se tem em vista que a soluo adotada pela Administrao a que melhor atender ultimao deste interesse. (...). (STF. 1 T. RE n. 253.885/MG. Rel. Min. Ellen Gracie. DJ de 21/06/2002).

    Gabarito: correto.

    19. (Cespe Analista/rea Judiciria/TRE-MS/2013 - adaptada) Decorrem do princpio da indisponibilidade do interesse pblico a necessidade de realizar

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 39 de 81

    concurso pblico para admisso de pessoal permanente e as restries impostas alienao de bens pblicos.

    Comentrio: a Administrao no pode contratar quem ela desejar para desempenhar atividades de carter permanente. Para tanto, necessrio realizar concurso pblico, permitindo que todos os interessados ao cargo participem de um processo seletivo isonmico Alm disso, a alienao de bens pblicos s pode ocorrer quando o bem for desafetado, ou seja, quando ele no possuir mais uma finalidade pblica. Ademais, a alienao deve seguir as regras previstas na legislao, em particular na Lei 8.666/1993. Assim, a necessidade de realizar concurso pblico e as restries impostas alienao de bens pblicos decorrem do princpio da indisponibilidade do interesse pblico. Gabarito: correto.

    Princpios da razoabilidade e da proporcionalidade

    Os princpios da razoabilidade e da proporcionalidade no se encontram previstos de forma expressa na Constituio Federal, mas esto previstos na Lei 9.784/1999, que regula o processo administrativo na Administrao Pblica federal.

    Muitas vezes, esses dois princpios so tratados como sinnimos ou, pelo menos, so aplicados de forma conjunta. Por conseguinte, tentar diferenci-los um trabalho um tanto difcil.

    Os dois princpios se aplicam na limitao do poder discricionrio. A discricionariedade ocorre quando a lei deixa uma margem de deciso para o agente pblico aplic-la ao caso concreto. Por exemplo, a Lei 8.112/1990 apresenta, entre as penalidades aplicveis aos servidores pblicos, a advertncia, a suspenso e a demisso. No caso concreto, caber autoridade responsvel decidir qual das penalidades ser cabvel. Isso a discricionariedade. Contudo, ela no pode ser exercida de forma ilimitada.

    Vamos voltar ao exemplo. Quanto suspenso, a Lei 8.112/1990 determina que ela ser aplicada em caso de reincidncia das faltas punidas com advertncia e de violao das demais proibies que no tipifiquem infrao sujeita a penalidade de demisso, no podendo exceder de noventa dias. Agora, suponha que um servidor chegue atrasado, de forma injustificada, por uma hora e, por consequncia, aps a realizao das

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 40 de 81

    formalidades legais, seja penalizado com advertncia. Imagine que, uma semana aps ser penalizado, o agente volte a chegar atrasado. Aps o regular processo administrativo, a autoridade competente aplicou a penalidade de suspenso por noventa dias, ou seja, o limite mximo para este tipo de penalidade. Todavia, o atraso do servidor no gerou nenhum outro prejuzo nem prejudicou ningum. Dessa forma, podemos considerar o ato da autoridade pblica desarrazoado, uma vez que ele poderia ter alcanado a finalidade pblica com uma pena muito menos gravosa. No caso, a autoridade agiu dentro de sua competncia, cumpriu as formalidades pois instaurou o devido processo administrativo e teve como finalidade o interesse pblico uma vez que buscou punir o agente para evitar novas irregularidades. Contudo, a medida foi exagerada, incoerente com os fatos. Imaginem um novo atraso, novamente sem outros prejuzos, seria o servidor demitido por isso14?

    Dessa forma, os princpios em comento realizam uma limitao discricionariedade administrativa, em particular na restrio ou condicionamento de direitos dos administrados ou na imposio de sanes administrativas, permitindo que o Poder Judicirio anule os atos que, pelo seu excesso, mostrem-se ilegais e ilegtimos e, portanto, passveis de anulao.

    Aps esse exemplo, podemos tentar conceituar os dois princpios.

    A razoabilidade impe que, ao atuar dentro da discrio administrativa, o agente pblico deve obedecer a critrios aceitveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas. Dessa forma, ao fugir desse limite de aceitabilidade, os atos sero ilegtimos e, por conseguinte, sero passveis de invalidao jurisdicional. So ilegtimas, segundo Celso Antnio Bandeira GH0HOORas condutas desarrazoadas, bizarras, incoerentes ou praticadas com desconsiderao s situaes e circunstncias que seriam atendidas

    por quem tivesse atributos normais de prudncia, sensatez e disposio de

    acatamento s finalidades da lei atributiva da discrio manejada A proporcionalidade, por outro lado, exige o equilbrio entre os

    meios que a Administrao utiliza e os fins que ela deseja alcanar, segundo os padres comuns da sociedade, analisando cada caso concreto15. Considera, portanto, que as competncias administrativas s podem ser

    14 Exemplo adaptado de Furtado, 2012, p. 101. 15 Marinela, 2013, p. 56.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 41 de 81

    exercidas validamente na extenso e intensidade do que seja realmente necessrio para alcanar a finalidade de interesse pblico ao qual se destina. Em outras palavras, o princpio da proporcionalidade tem por objeto o controle do excesso de poder, pois nenhum cidado pode sofrer restries de sua liberdade alm do que seja indispensvel para o alcance do interesse pblico.

    Dos conceitos apresentados acima, possvel perceber o quanto difcil diferenciar um do outro. Nos dois casos, os agentes pblicos no podem realizar exageros, devendo sempre obedecer a padres de adequao entre meios e fins. Quanto ao excesso de poder, por exemplo, podemos afirmar seguramente que ele se aplica aos dois princpios. Nesse sentido, alguns doutrinadores chamam o princpio da razoabilidade de princpio da proibio de excesso16; enquanto outros relacionam esse aspecto (excesso de poder) ao princpio proporcionalidade17.

    Por isso, alguns autores consideram que o princpio da proporcionalidade uma das facetas do princpio da razoabilidade18, ou seja, aquele est contido no conceito deste. Isso porque o princpio da razoabilidade, entre outras coisas, exige proporcionalidade entre os meios de que se utiliza a Administrao Pblica e os fins que ela tem que alcanar.

    Em que pese sirvam de fundamento para o Judicirio analisar os atos discricionrios, os princpios no significam invaso ao poder de deciso do Administrao Pblica, naquilo que se chama mrito administrativo convenincia e oportunidade. O juiz jamais poder intervir quando o agente pblico possui duas alternativas igualmente vlidas para alcanar a ILQDOLGDGHS~EOLFDRXVHMDTXDQGRH[LVWHXPJUDXGHOLEHUGDGHHRDJHQWHage dentro desse parmetro, o Poder Judicirio no poder desfazer o ato administrativo.

    Entretanto, os atos desarrazoados, realizados de maneira ilgica ou incoerente, no esto dentro da margem de liberdade. As decises que violarem a razoabilidade no so inconvenientes; mas so, na verdade, ilegais e ilegtimas, por isso passveis de anulao mediante provocao do Poder Judicirio por meio da ao cabvel. Nesse sentido, vejamos as palavras do Prof. Celso Antnio Bandeira de Mello:

    16 e.g. Meirelles, 2013, p. 96; Marinela, 2013, p. 54. 17 e.g. Mendes, 2001. 18 Di Pietro, 2014, p. 81; Bandeira de Mello, 2014, p. 114.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 43 de 81

    proporcionalidade em sentido estrito avalia se as vantagens conquistadas superam as limitaes impostas ao administrado.

    Na Lei 9.784/1999, podemos encontrar diversas aplicaes desses princpios. Por exemplo, o art. 29, 2, estabelece que os atos de instruo que exijam a atuao dos interessados devem realizar-se do modo menos oneroso para estes. J o pargrafo nico, art. 2, dispe que, nos processos administrativos, deve ser observados, entre outros, os VHJXLQWHV FULWpULRV adequao entre meios e fins, vedada a imposio de obrigaes, restries e sanes em medida superior

    quelas estritamente necessrias ao atendimento do interesse pblicoLQF 9, REVHUYkQFLD GDV formalidades essenciais garantia dos GLUHLWRV GRV DGPLQLVWUDGRV LQF 9,,, adoo de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurana e respeito

    aos direitos dos administrados Com efeito, os princpios da razoabilidade e da proporcionalidade no

    servem apenas para o controle dos atos administrativos19, mas de qualquer outra funo do Estado. Nesse contexto, no raro o STF pode declarar a inconstitucionalidade material aquela que se relaciona com o contedo de uma lei (que se insere na funo legislativa) se ela se mostrar desproporcional ou desarrazoada20.

    20. (Cespe Tcnico/Anatel/2012) De acordo com dispositivo expresso da Constituio Federal, a administrao pblica deve agir de acordo com o princpio da proporcionalidade.

    Comentrio: os princpios da razoabilidade e da proporcionalidade no possuem previso expressa na Constituio, existindo apenas implicitamente em decorrncia do princpio do devido processo legal.

    19 Exemplo de aplicao dos princpios da proporcionalidade e da razoabilidade no controle de ato administrativo encontra-se no RMS 28208/DF, em que o STF anulou a pena de demisso de servidor, uma vez que o suposto delito cometido no ficou comprovado no mbito Penal, alm de no se ter notcia da prtica de outros atos irregulares por parte do agente, podendo-se afirmar que se tratava de servidor pblico possuidor de bons antecedentes, alm de detentor de largo tempo de servio prestado ao Poder Pblico. 20 Por exemplo, na ADI 855/PR, o STF declarou inconstitucional lei que obrigava os estabelecimentos que comercializem gs liquefeito de petrleo a pesarem, vista do consumidor, os botijes ou cilindros entregues ou recebidos para substituio, com abatimento proporcional do preo do produto ante a eventual verificao de diferena a menor entre o contedo e a quantidade lquida especificada no recipiente. A Corte entendeu que esse tipo de balana no alcanaria os benefcios desejados, uma vez que sua utilizao ensejaria custos elevados, alta capacidade tecnolgica e inviabilizaria, por exemplo, a entrega domiciliar.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 44 de 81

    Gabarito: errado.

    21. (Cespe Tcnico/ANAC/2012) O princpio da razoabilidade assegurado no processo administrativo por meio da adequao entre meios e fins e da vedao imposio de obrigaes, restries e sanes superiores quelas estritamente necessrias ao atendimento do interesse pblico.

    Comentrio: perfeito! O princpio da proporcionalidade exige adequao entre os meios empregados e os fins desejados, uma vez que ningum est obrigado a sofrer limitaes superiores ao necessrio para o atendimento da finalidade pblica Gabarito: correto.

    22. (Cespe Analista/ECT/2011) Os princpios da razoabilidade e da proporcionalidade, embora no estejam mencionados no texto constitucional, esto previstos, de forma expressa, na lei que rege o processo administrativo federal.

    Comentrio: nos termos da Lei 9.784/1999, que regulamenta o processo administrativo na Administrao Pblica federal, devem ser observados princpios da legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia DUW . Logo, esses princpios so implcitos na Constituio Federal e expressos na Lei 9.784/1999. Gabarito: correto.

    23. (Cespe AJ/STM/2011) O princpio da razoabilidade refere-se obrigatoriedade da administrao pblica em divulgar a fundamentao de suas decises por meio de procedimento especfico.

    Comentrio: a razoabilidade se refere obedincia de critrios racionais no exerccio dos atos discricionrios. A questo apresentou o conceito do princpio da motivao. Gabarito: errado.

    Princpio do controle ou da tutela

    Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o princpio do controle ou da tutela serve foi elaborado para assegurar que as entidades da Administrao Indireta observem o princpio da especialidade21. Esse

    21 Vamos falar do princpio da especialidade ainda nesta aula.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 45 de 81

    princpio representado pelo controle da Administrao Direta sobre as atividades das entidades administrativas, com o objetivo de garantir a observncia de suas finalidades institucionais.

    Dessa forma, so colocados em confronto a independncia da entidade, que possui autonomia administrativa e financeira; e a necessidade de controle, uma vez que a entidade poltica (Unio, estados, Distrito Federal e municpios) precisa se assegurar que a entidade administrativa atue em conformidade com os fins que justificaram a sua criao.

    Contudo, como no h subordinao entre a Administrao Direta e a Indireta, mas to somente vinculao, a regra ser a autonomia; sendo o controle a exceo, que no poder ser presumido, isto , s poder ser exercido nos limites definidos em lei.

    Princpio da autotutela

    No se pode esperar que os agentes pblicos sempre tomem as decises corretas no desempenho de suas funes. Dessa forma, imperioso que exista uma forma de a Administrao corrigir os seus prprios atos.

    Nesse sentido, o princpio da autotutela estabelece que a Administrao Pblica possui o poder de controlar os seus prprios atos, anulando-os quando ilegais ou revogando-os quando inconvenientes ou inoportunos. Assim, a Administrao no precisa recorrer ao Poder Judicirio para corrigir os seus atos, podendo faz-lo diretamente.

    Este princpio decorre possui previso em duas smulas do STF, a 346, TXHHVWDEHOHFHTXHA Administrao Pblica pode declarar a nulidade dos seus prprios atosHTXHGLVS}HRVHJXLQWH

    Smula n 473

    A Administrao pode anular seus prprios atos, quando eivados de vcios que os tornam ilegais, porque deles no se originam direitos; ou revog-los, por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciao judicial. (grifos nossos)

    Atualmente, o princpio ganhou previso legal, conforme consta no art. 53 da Lei 9.784/1999: A Administrao deve anular seus prprios atos, quando eivados de vcio de legalidade, e pode revog-los por motivo de

    convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos JULIRVnossos).

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 46 de 81

    Nesse contexto, a autotutela envolve dois aspectos da atuao administrativa:

    a) legalidade: em relao ao qual a Administrao procede, de ofcio ou por provocao, a anulao de atos ilegais; e

    b) mrito: em que reexamina atos anteriores quanto convenincia e oportunidade de sua manuteno ou desfazimento (revogao).

    Quanto ao aspecto da legalidade, conforme consta na Lei 9.784/1999, a Administrao deve anular seus prprios atos, quando possurem alguma ilegalidade. Trata-se, portanto, de um poder-dever, ou seja, uma obrigao. Dessa forma, o controle de legalidade, em decorrncia da autotutela, pode ser realizado independentemente de provocao, pois se trata de um poder-dever de ofcio da Administrao.

    Todavia, no Brasil vigora o princpio da inafastabilidade de tutela jurisdicional (sistema de jurisdio nica), segundo o qual a lei no afastar do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito (CF, art. 5, XXXV). Assim, o controle de legalidade realizado pela prpria Administrao Pblica no afasta a competncia do Poder Judicirio de controlar a legalidade dos atos pblicos.

    A diferena, no entanto, que a Administrao pode agir de ofcio, enquanto o Poder Judicirio s atuar mediante provocao.

    A Administrao no se limita ao controle de atos ilegais, pois poder retirar do mundo jurdico atos vlidos, porm que se mostraram inconvenientes ou inoportunos. Nesse caso, no estamos mais falando de controle de legalidade, mas de controle de mrito. Dessa forma, aps o juzo de valor sobre a convenincia e oportunidade, a Administrao poder revogar o ato. Aqui reside uma segunda diferena da autotutela para o controle judicial, pois somente a prpria Administrao que editou o ato poder revog-lo, no podendo o Poder Judicirio anular um ato vlido, porm inconveniente de outro Poder.

    Vale dizer, o Poder Judicirio poder anular um ato ilegal de outro Poder, porm no poder revogar um ato vlido. Isso ocorre porque o controle judicial analisa os aspectos de legalidade e legitimidade, mas no pode se imiscuir no mrito administrativo22.

    22 O Poder Judicirio, e os demais rgos de controle, no podero invadir o mrito, ou seja, a convenincia e a oportunidade que cabe ao gestor. Todavia, isso no impede o controle dos atos discricionrios, que podero ser analisados sobre o prisma da legalidade e legitimidade. Assim, se um ato discricionrio fugir da liberdade atribuda pela lei ao agente pblico, ou ento se for realizado de forma desproporcional, poder o Poder

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 48 de 81

    Finalmente, outra limitao para a autotutela se refere necessidade de oportunizar o contraditrio e a ampla defesa, por meio de processo administrativo, s pessoas cujos interesses sero afetados negativamente em decorrncia do desfazimento do ato.

    Todavia, conforme ensina Lucas Rocha Furtado24, a necessidade de direito de defesa s ocorre nas hipteses de atos individuais definidos estes como os atos que afetam pessoa ou pessoas determinadas , como a anulao da nomeao de uma pessoa aprovada em concurso. Nesse caso, a nomeao um ato individual, pois alcanou uma pessoa determinada. Para anular esse ato, dever ser oportunizado o contraditrio e a ampla defesa ao interessado, que poder trazer argumentos para evitar o desfazimento do ato. Por outro lado, quando os atos forem gerais, como a anulao de um concurso pblico por motivo de vazamento de gabarito, no se fala em direito de defesa.

    A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro apresenta um segundo significado do princpio da autotutela. De acordo com a doutrinadora, a autotutela tambm se refere ao poder que a Administrao Pblica possui para zelar pelos bens que integram o seu patrimnio, sem necessitar de ttulo fornecido pelo Poder Judicirio. Assim, ela pode, por meio de medidas de polcia administrativa, impedir quaisquer atos que coloquem em risco a conservao desses bens.

    Vamos resolver algumas questes?

    24. (Cespe Nvel Superior/Suframa/2014) O princpio administrativo da autotutela expressa a capacidade que a administrao tem de rever seus prprios atos, desde que provocada pela parte interessada, independentemente de deciso judicial. Comentrio: no exerccio da autotutela, a Administrao poder atuar de ofcio ou por provocao, podendo anular os seus prprios atos quando ilegais ou revog-los por motivo de convenincia ou oportunidade. Logo, no necessria a provocao da parte. O Poder Judicirio, por outro lado, s poder realizar o controle judicial por meio de provocao de algum interessado.

    24 Furtado, 2012, p. 114.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 49 de 81

    Gabarito: errado.

    Princpio da motivao

    A motivao representa que o administrador deve indicar os fundamentos de fato e de direito que o levam a adotar qualquer deciso no mbito da Administrao Pblica, demonstrando a correlao lgica entre a situao ocorrida e as providncias adotadas. Dessa forma, a motivao serve de fundamento para examinar a finalidade, a legalidade e a moralidade da conduta administrativa.

    O princpio da motivao decorrncia do Estado Democrtico de Direito, determinando que os agentes pblicos, ao decidir, apresentem os fundamentos que os levaram a tal posicionamento. Assim, apesar de no constar expressamente, ele decorre da interpretao de diversos dispositivos constitucionais25.

    Conforme ensina Hely Lopes Meirelles26, para o direito pblico a vontade do administrador irrelevante, pois os seus desejos, ambies programas e atos no possuem validade jurdica se no estiverem aliceradas no Direito e na Lei. Dessa forma, como ningum est obrigado a fazer ou deixar de fazer algo seno em virtude de lei, todo ato do Poder Pblico deve trazer consigo a demonstrao da base legal e de seu motivo.

    As discusses doutrinrias deixam dvidas sobre a necessidade ou no de motivar todos os atos administrativos. Alguns doutrinadores27 entendem que, em alguns atos administrativos, oriundos do poder discricionrio, a justificao ser dispensvel, bastando demonstrar a competncia e a conformao do ato com o interesse pblico.

    Contudo, o posicionamento da doutrinria majoritria e da jurisprudncia, no esse. A professora Maria Di Pietro28 assevera que a obrigatoriedade de motivar se justifica em qualquer tipo de ato, pois se trata de formalidade necessria para permitir o controle de legalidade dos

    25 Para o Poder Judicirio, todavia, este princpio consta expressamente no inc. X, art. 93 ? que tambm se aplica ao Ministrio Pblico por determinao do art. 129, 4 ? decises administrativas dos tribunais sero motivadas e em sesso pblica, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de

    seus membros ? W ? ? P ? 26 Meirelles, 2013, p. 106. 27 e.g. Meirelles, 2013, p. 107. 28 Di Pietro, 2014, p. 82.

  • Direito Administrativo p/ CNMP Analista - Direito

    Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Aula 0

    Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 51 de 81

    que realizada pela mera referncia, no ato, a pareceres, informaes ou propostas anteriores32.

    A Lei dispe ainda que, Na soluo de vrios assuntos da mesma natureza, poder ser utilizado meio mecnico que reproduza os fundamentos das decises, desde que isso no prejudique direito ou garantia dos interessados (art. 50, 1).

    Por fim, a motivao das decises de rgos colegiados e comisses ou de decises orais dever constar da respectiva ata ou de termo escrito (art. 50, 2).

    Vamos resolver algumas questes!

    25. (Cespe ATA/MJ/2013) Motivao um princpio que exige da administrao pblica indicao dos fundamentos de fato e de direito de suas decises.

    Comentrio: a motivao significa que a Administrao deve apresentar os fundamentos de fato a ocorrncia dos pressupostos ou a situao real que levou deciso e de direito os motivos previstos em lei. Trata-se de um princpio constitucional implcito, mas que possui previso na Lei 9.784/1999 (art. 2, caput e inc. VII do pargrafo nico; e art. 50). Gabarito: correto.

    Princpio da continuidade do servio pblico

    Conforme consta no art. 175 da ConstituiR )HGHUDO Incumbe ao Poder Pblico, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concesso ou permisso, sempre atravs de licitao, a prestao de servios pblicos 2V VHUYLoRV S~EOLFRV FRPSHWHP DRV HQWHV SROtWLFRV 8QLmRestados, Distrito Federal e municpios), mas podem ser descentral