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CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – AUDITOR-FISCAL DO TRABALHO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 01 3 Direitos e garantias fundamentais. 3.1 Direitos e deveres individuais e coletivos I. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS----------------------------------------------------- 3 II. PRINCIPAIS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS ---------- 20 III. PRINCIPAIS DIREITOS E GARANTIAS EM DIREITO PENAL ------------------- 50 IV. QUESTÕES DA AULA ------------------------------------------------------------------------------------------ 85 V. GABARITO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 94 VI. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ------------------------------------------------------------------------- 95 Olá futuros Auditores-Fiscais do Trabalho! Prontos para o SEU salário de R$ 14.280,00 e para ocupar um dos melhores cargos da Administração Pública Federal? Bem-vindos ao curso de Direito Constitucional em teoria e exercícios! Espero que tenham gostado da aula inaugural e prestem muita atenção àquela matéria, pois ela é bastante recorrente nas provas de concursos! Nessa aula, estudaremos a seguinte parte do seu edital: 3 Direitos e garantias fundamentais. 3.1 Direitos e deveres individuais e coletivos. Vocês observarão que a parte de exercícios está bastante extensa: serão MUITOS exercícios comentados! Isso para que possamos GABARITAR a prova de Direito Constitucional! Como explicado e combinado na aula inaugural, usaremos exercícios do CESPE e, de forma complementar, de outras bancas, para que você tenha uma cobertura completa da matéria. Ao responder as questões, leia todos os comentários, pois foram feitas várias observações além da mera resolução da questão, ok? Você notará que alguns esquemas e respostas foram exaustivamente repetidos nos comentários das questões. Isso não é por acaso! Sugiro que você os revise várias vezes, para internalizar o conhecimento. Como também combinado na aula inaugural, não se preocupe com o número de páginas das nossas aulas (dê uma olhada em quantas são). Esse material

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    Aula 013 Direitos e garantias fundamentais. 3.1 Direitos e deveres individuais e coletivos

    I. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ----------------------------------------------------- 3

    II. PRINCIPAIS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS ---------- 20

    III. PRINCIPAIS DIREITOS E GARANTIAS EM DIREITO PENAL ------------------- 50

    IV. QUESTES DA AULA ------------------------------------------------------------------------------------------ 85

    V. GABARITO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 94

    VI. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ------------------------------------------------------------------------- 95

    Ol futuros Auditores-Fiscais do Trabalho!

    Prontos para o SEU salrio de R$ 14.280,00 e para ocupar um dos melhores cargos da Administrao Pblica Federal?

    Bem-vindos ao curso de Direito Constitucional em teoria e exerccios! Esperoque tenham gostado da aula inaugural e prestem muita ateno quela matria, pois ela bastante recorrente nas provas de concursos!

    Nessa aula, estudaremos a seguinte parte do seu edital: 3 Direitos e garantias fundamentais. 3.1 Direitos e deveres individuais e coletivos.

    Vocs observaro que a parte de exerccios est bastante extensa: sero MUITOS exerccios comentados! Isso para que possamos GABARITAR a prova de Direito Constitucional! Como explicado e combinado na aula inaugural, usaremos exerccios do CESPE e, de forma complementar, de outras bancas, para que voc tenha uma cobertura completa da matria.

    Ao responder as questes, leia todos os comentrios, pois foram feitas vrias observaes alm da mera resoluo da questo, ok?

    Voc notar que alguns esquemas e respostas foram exaustivamente repetidos nos comentrios das questes. Isso no por acaso! Sugiro que voc os revise vrias vezes, para internalizar o conhecimento.

    Como tambm combinado na aula inaugural, no se preocupe com o nmero de pginas das nossas aulas (d uma olhada em quantas so). Esse material

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    foi desenvolvido para que a sua leitura flua tranquilamente e seja bastante rpida. Na aula de hoje, teremos APENAS 40 pginas de contedo (teoria). O restante das pginas dividido entre MUITOSexerccios comentados, MUITOS esquemas e uma lista com as questes da aula. Dessa forma, apesar de o nmero de pginas ser elevado, a leitura do material bastante rpida e agradvel!

    Caso tenham alguma dvida, mandem-na para o frum ou para o email [email protected].

    Vamos ento nossa aula!

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    regime e dos princpios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em

    que a Repblica Federativa do Brasil seja parte.

    Esquematizando:

    x Direitos e garantias - Direitos individuais e coletivosfundamentais - Direitos Sociais

    - Direitos de Nacionalidade art. 5o + ao longo da CF- Direitos Polticos- Partidos Polticos- Remdios constitucionais

    x Os Direitos Fundamentais esto no art. 5o + ao longo da CF (no se resumem ao art. 50)- Princpio da anterioridade eleitoral (art. 16)- Princpio da anterioridade tributria (art. 150, III, b)x Nem todos os Direitos Fundamentais so ptreos somente os INDIVIDUAIS (art. 60,

    par. 4o, IV)x Direito INDIVIDUAL espcie dos Direitos Fundamentais x Rol no taxativo (art. 5, 2)2.GERAES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

    At a Idade Mdia, o Estado podia interferir na vida das pessoas como bem entendesse. Ele era soberano e o Rei no precisava respeitar nenhum limite ou lei. Esse contexto permitiu que o Estado cometesse uma srie de abusos e atrocidades, sem o menor limite ou respeito aos seus sditos.

    Esta uma histria bem conhecida e que mostra a desproporcionalidade do poder do Estado: havia duas mes brigando para saber de quem era o filho. O Rei simplesmente mandou cortar o menino ao meio e dar metade da criana a cada uma delas. A me que no aceitou a proposta do rei e preferiu que o filho ficasse vivo, ainda que com a outra me, era a verdadeira progenitora da criana.

    Histrias como essa, para ns, beiram ao ridculo, mas expressam bem o poder do Estado em outras pocas.

    Com o passar do tempo, na era do Liberalismo, a populao passou a se revoltar com esses abusos que o Estado cometia e passou a reivindicar direitos

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    como a vida, a liberdade, a propriedade, entre outros. Esses direitos pressupem uma no ao do Estado, ou seja, o Estado no pode matar algum injustamente; o Estado no pode tirar os bens de algum injustamente, assim como no pode tirar a liberdade de algum injustamente.

    Esse foi o contexto onde surgiram os primeiros direitos fundamentais (oudireitos de 1. Gerao) e, justamente por serem uma barreira ao do Estado (o Estado no pode matar algum injustamente; o Estado no pode tirar os bens de algum injustamente, etc.), so chamados de liberdades negativas. Entre os direitos de 1 gerao, esto o direito vida, propriedade, liberdade etc.

    Com o passar do tempo, j na Revoluo Industrial, mais abusos eram cometidos: jornadas de trabalho de 15 a 18 horas por dia e 7 dias por semana, crianas trabalhando, no havia frias etc...

    Nesse contexto, surgiram os direitos de 2 gerao: o Estado deveria agirpara promover os direitos. Ele deveria editar leis para que os trabalhadores tivessem frias; ele deveria agir para que os trabalhadores possussem 13salrio, jornada de trabalho justa etc. Dessa forma, os direitos de 2 gerao requerem uma ao do Estado e so relacionados igualdade. So exemplos de direitos de 2 gerao: direitos dos trabalhadores, educao, sade, dentre outros.

    Com o passar do tempo e, principalmente no perodo ps-Grande Guerra, a comunidade internacional comeou a se preocupar com os direitos transindividuais (que ultrapassam o indivduo), como o meio ambiente, odesenvolvimento e a comunicao, ou seja, direitos relacionados fraternidade. Esses so direitos de 3 gerao.

    Com a globalizao, vieram os direitos de 4 gerao, relacionados com engenharia gentica, transgnicos, softwares etc.

    Esquematizando:

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    Geraes dos Direitos Fundamentais

    x Direitos de 1 Gerao - Liberdade- Liberdades negativas - Pressupem uma no ao do Estado- Liberdades pblicas e direitos polticos- Direitos individuais- Contexto histrico: Liberalismo

    x Direitos de - Igualdade2 Gerao - Direitos sociais (trabalhadores, educao, sade, moradia...)

    - Direitos culturais e econmicos- Liberdades positivas: o Estado tem que agir- Contexto histrico: Revoluo industrial

    x Direitos de - Fraternidade / Solidariedade3 Gerao - Diretos Difusos

    - Meio ambiente, consumidores...

    x Direitos de - Engenharia gentica4 Gerao - Softwares

    - Transgnicos

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    3.CARACTERSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

    x Historicidade: esses direitos foram construdos no decorrer do tempo,juntamente com o desenvolvimento da prpria sociedade. Assim, possuem carter histrico, nascendo com o Cristianismo, passando pelas diversas revolues e chegando aos dias de hoje.

    x Universalidade: destinam-se a TODOS os seres humanos, sem qualquer forma de distino ou discriminao.

    Dessa forma, os direitos fundamentais se aplicam a TODOS os brasileiros e estrangeiros, residentes ou no no Brasil. Aplicam-se a pessoas fsicas e jurdicas, ao Estado e nas relaes entre particulares.

    O Estado tambm pode ser titular de direitos fundamentais. (ex: propriedade). Alis, existem direitos fundamentais direcionados exclusivamente ao Estado, como a requisio administrativa.

    No entanto, isso no significa que todos os direitos fundamentais so aplicados a todas essas figuras na mesma proporo. A regra que os DGFse aplicam aos brasileiros e aos estrangeiros. No entanto, alguns direitos fundamentais no se aplicam aos estrangeiros, por exemplo, a ao popular.

    Da mesma forma, os direitos e garantias fundamentais se aplicam s pessoas fsicas, jurdicas, nacionais e estrangeiras. No entanto, alguns no so aplicados s pessoas jurdicas, por exemplo, a liberdade.

    x Limitabilidade: a maior parte da doutrina diz que os direitos fundamentais no so absolutos, podendo haver limitaes quando um direito fundamental entra em confronto com outro. Exemplo: direito de propriedade vs direito de desapropriao do Estado; direito intimidade vsliberdade de expresso...

    Mas o que acontece se um direito meu entrar em conflito com o direito de

    outra pessoa? Nesse caso, os direitos fundamentais no podem ser simplesmente suprimidos. Devem-se equilibrar tais direitos usando-se o princpio da harmonizao.

    OBS: existem doutrinadores, como Gilmar Mendes, que dizem que ADIGNIDADE DA PESSOA HUMANA um direito

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    SUPRACONSTITUCIONAL (acima da prpria Constituio), podendo apenas ser confrontado com ele mesmo. Olhe esse trecho, retirado de seu livro:

    A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA apresenta-se alheia a qualquer outro confronto com outro princpio ou regra, em face da necessria interpretao de sua coliso somente consigo prpria. Nessa medida, tem-se a dignidade da pessoa humana como princpio de hierarquia SUPRACONSTITUCIONAL.

    Como dito acima, a posio dominante que nenhum direito fundamental absoluto, ou seja, todos eles podem ser limitados, respeitando-se, obviamente, princpios como a razoabilidade, proporcionalidade etc.

    x Concorrncia: podem ser exercidos cumulativamente, ou seja, ao mesmo tempo.

    x Imprescritibilidade: no so perdidos se no forem usados.x Irrenunciabilidade: os direitos fundamentais no podem ser renunciados

    por seu titular (seu dono). Eles podem at no ser exercidos, mas nunca podero ser renunciados.

    Alguns autores dizem que pode haver renncia temporria de alguns direitos fundamentais e desde que no ofenda a dignidade da pessoa humana. Ex: reality shows, onde se renuncia, temporariamente, a intimidade e a vida privada.

    x Inalienabilidade: os direitos fundamentais no podem ser vendidos, so indisponveis e no possuem contedo econmico-patrimonial.

    x Aplicabilidade imediata: O 1 do art. 5o. diz que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tm aplicao imediata.

    Ateno: isso no significa que todos os direitos fundamentais so normas de eficcia plena. Existem os trs tipos de normas de direitos e garantiasfundamentais: plena, contida e limitada.

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    4.OBSERVAES

    a) Segundo o art. 5, 3, includo pela EC 45/2004, os Tratados Internacionais que versarem sobre direitos humanos e que forem aprovados por dois turnos e 3/5 dos votos por cada uma das CasasCongresso Nacional tero fora de Emenda Constitucional. AConveno sobre os Direitos da Pessoa com Deficincia foi o primeiroTratado Internacional sobre direitos humanos aprovado com fora de EC pelo Brasil.

    Ateno! Estamos falando de Tratados Internacionais sobre direitos HUMANOS (no direitos fundamentais).

    Observe que tais tratados no integram e nem modificam o texto da CF, apenas possuem fora de Emenda Constituio.

    Dessa forma, os tratados internacionais podem possuir 3 status diferentes no ordenamento jurdico brasileiro:

    x LEI ORDINRIA - Tratados Internacionais que no versem sobreDireitos Humanos e forem aprovados pelo procedimento comum.

    x SUPRALEGAL - Tratados Internacionais que versem sobre Direitos Humanos e forem aprovados por procedimento comum.

    x EMENDA CONSTITUCIONAL - Tratados Internacionais que versemsobre Direitos Humanos aprovados por 3/5 dos votos em 2 turnos (procedimento especial).

    b) Teoria da Eficcia Vertical dos Direitos Fundamentais: diz respeito aplicabilidade desses direitos como limites atuao dos governantes em favor dos governados. Ela se refere aos limites da interferncia do Estado na vida dos particulares.

    c) Teoria da Eficcia Horizontal dos Direitos Fundamentais: se refere s relaes entre particulares. Aqui, os destinatrios dos preceitos constitucionais so os particulares (pessoas fsicas ou jurdicas). H uma evoluo da posio do Estado, antes como adversrio, para guardio dos direitos fundamentais.

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    d) Diferena entre direitos, garantias e remdios constitucionais:Meu caro aluno e futuro Auditor-Fiscal do Trabalho, essa diferenciao bastante simples e pode ser feita com a simples observao do esquema abaixo:

    o Direitos: so os bens e vantagens prescritos na CFo Garantias: so os instrumentos que asseguram o exerccio dos direitos. Remdios: so uma espcie de garantia

    Remdios Administrativos - Direito de certido- Direito de petio

    Judiciais - Habeas Corpus (HC)- Habeas Data (HD) - Mandado de Segurana (MS)- Mandado de Segurana Coletivo (MSC)- Ao Popular (AP)- Mandado de Injuno (MI)

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    EXERCCIOS

    1. (CESPE - 2012 - TC-DF - Auditor de Controle Externo) Embora a CF estabelea como destinatrios dos direitos e garantias fundamentais tanto os brasileiros quanto os estrangeiros residentes no pas, a doutrina e o STF entendem que os estrangeiros no residentes (como os que estiverem em trnsito no pas) tambm fazem jus a todos os direitos, garantias e aes constitucionais previstos no art. 5.o da Carta da Repblica.

    O nico erro est na palavra todos. De fato, a regra que os direitos e garantias fundamentais se aplicam aos brasileiros e estrangeiros, residentes ou no no pas. No entanto, nem todos os direitos do art. 5 se aplicam aos estrangeiros. Querem um exemplo? A ao popular um instituto do qual somente os cidados brasileiros podem lanar mo.

    Gabarito: Errado.

    2. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Cargos de Nvel Superior) O regime jurdico das liberdades pblicas protege as pessoas naturais brasileiras e as pessoas jurdicas constitudas segundo a lei nacional, s quais so garantidos os direitos existncia, segurana, propriedade, proteo tributria e aos remdios constitucionais, direitos esses que no alcanam os estrangeiros em territrio nacional.

    Os estrangeiros residentes em territrio nacional esto expressamente protegidos pelas normas fundamentais da Constituio (veja no caput do art. 5). Apesar de a Constituio ser omissa em relao aos estrangeiros no residentes no pas, o entendimento jurisprudencial que os mesmos tambm so titulares de direitos e garantias fundamentais, no que for possvel.

    Gabarito: Errado.

    3. (CESPE - 2012 - TJ-AL - Cargos de Nvel Superior) As normas que consubstanciam os direitos fundamentais democrticos e individuais so de eficcia e aplicabilidade mediata.

    O 1 do art. 5 diz que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tm aplicao imediata.

    Gabarito: Errado.

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    4. (CESPE - 2012 - Banco da Amaznia - Tcnico Cientfico) Os direitos fundamentais cumprem a funo de direito de defesa dos cidados, sob duplaperspectiva, por serem normas de competncia negativa para os poderes pblicos, ou seja, que no lhes permitem a ingerncia na esfera jurdica individual, e por implicarem um poder, que se confere ao indivduo, no s para que ele exera tais direitos positivamente, mas tambm para que exija, dos poderes pblicos, a correo das omisses a eles relativas.

    isso mesmo! Os direitos fundamentais consistem na limitao do poder do Estado de interferir na vida das pessoas, e ao mesmo tempo conferem prerrogativas aos particulares de pleitearem aes Estatais que contemplem seus direitos.

    Gabarito: Certo.

    5. (CESPE - 2011 - TJ-PB - Juiz) A jurisprudncia do STF reconhece que os estrangeiros, mesmo os no residentes no pas, so destinatrios dos direitos fundamentais consagrados pela CF, sem distino de qualquer espcie em relao aos brasileiros. No mesmo sentido, as pessoas jurdicas so destinatrias dos direitos e garantias elencados na CF, na mesma proporo das pessoas fsicas.

    Muito boa essa questo! Realmente, a regra que os direitos e garantias fundamentais se aplicam aos brasileiros e aos estrangeiros. No entanto, alguns direitos fundamentais no se aplicam aos estrangeiros, por exemplo, a ao popular.

    Da mesma forma, os direitos e garantias fundamentais se aplicam s pessoas fsicas, jurdicas, nacionais e estrangeiras. No entanto, alguns no so aplicados s pessoas jurdicas, por exemplo a liberdade.

    Gabarito: Errado.

    6. (MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justia) Quando houver conflito entredois ou mais direitos e garantias fundamentais, o operador do direito deve interpret-los de forma a coordenar e combinar os bens jurdicos em dissenso, evitando o sacrifcio total de uns em relao aos outros, realizando uma reduo proporcional do mbito de alcance de cada qual, de forma a conseguir uma aplicao harmnica do texto constitucional.

    O item est perfeito. Os direitos fundamentais no podem ser suprimidos. Assim, quando houver conflito entre dois ou mais direitos,

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    o aplicador do direito deve encontrar uma interpretao que equilibre os direitos em confronto, se utilizando do princpio da harmonizao.

    Gabarito: Certo.

    7. (MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justia) De acordo com autorizada doutrina, os interesses transindividuais se inscrevem entre os direitos denominados de primeira gerao;

    Os direitos de primeira gerao so os direitos relacionados liberdade. Os direitos transindividuais (que ultrapassam o indivduo)so relacionados fraternidade e so direitos de terceira gerao.

    Gabarito: Errado.

    8. (MPE-PR - 2011 - MPE-PR - Promotor de Justia) Em regra, as normas que definem os direitos fundamentais democrticos e individuais so de eficcia e aplicabilidade imediata.

    Nem todos os direitos fundamentais so normas de eficcia plena.Lembrando que existem direitos e garantias fundamentais inseridos nos trs tipos de normas: plena, contida e limitada. No entanto, em regra, eles possuem sim eficcia imediata. Alm disso, a CF estabelece que: art. 5 1 - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tm aplicao imediata.

    Gabarito: Certo.

    9. (CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo) As pessoas jurdicas de direito privado ou pblico so destinatrias dos direitos e garantias fundamentais compatveis com sua natureza.

    Os direitos e garantias fundamentais so universais. Dessa forma, se aplicam a todas as pessoas, nacionais ou estrangeiras, fsicas ou jurdicas, pblicas ou privadas, de acordo a sua natureza. Como exemplo, existem alguns direitos aplicados somente s pessoas fsicas, como a vida e a liberdade. J outros direitos so aplicados somente aos nacionais, como a ao popular.

    Gabarito: Certo.

    10. (CESPE - 2011 - STM - Tcnico Judicirio - Segurana) Os direitos e as garantias expressos na Constituio Federal de 1988 (CF) excluem outros de

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    carter constitucional decorrentes do regime e dos princpios por ela adotados, uma vez que a enumerao constante no artigo 5. da CF taxativa.

    Os direitos e garantias fundamentais (DGF) constantes no art. 5 so exemplificativos. Assim, existem outros DGF esparramados no texto da Constituio. Como exemplo, o princpio da anterioridade eleitoral do art. 16. Alm disso, os DGF podem estar implcitos no texto constitucional. Observe o art. 5, 2: Os direitos e garantias expressos nesta Constituio NO EXCLUEM outros decorrentes do regime e dos princpios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repblica Federativa do Brasil seja parte.

    Gabarito: Errado.

    11. (CESPE - 2011 - STM - Cargos de Nvel) As liberdades individuais garantidas na Constituio Federal de 1988 no possuem carter absoluto.

    A maior parte da doutrina diz que os direitos fundamentais no so absolutos, podendo haver limitaes quando um direito fundamental entra em confronto com outro. Exemplo: direito de propriedade vsdireito de desapropriao do Estado; direito intimidade vs liberdade de expresso...

    Gabarito: Certo.

    12. (CESPE - 2011 - TCU - Auditor Federal de Controle Externo) O exerccio dos direitos e garantias fundamentais est sujeito aos prazos prescricionais previstos na CF e no Cdigo Civil brasileiro.

    Os direitos e garantias fundamentais so imprescritveis, assim, eles jamais sero perdidos caso no sejam usados. Vamos recordar as demais caractersticas dos direitos fundamentais.

    Gabarito: Errado.

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    13. (CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador) Os direitos fundamentais, pela sua prpria relevncia, no so suscetveis de renncia nem tampouco de autolimitaes.

    Em regra, os direitos fundamentais no podem ser renunciados por seu titular (seu dono). Eles podem at no ser exercidos, mas nunca podero ser renunciados. No entanto, alguns autores dizem que pode haver renncia temporria de alguns direitos fundamentais e desde que no ofenda a dignidade da pessoa humana. Ex: reality shows, onde se renuncia, temporariamente, a intimidade e a vida privada.

    Gabarito: Errado.

    14. (CESPE - 2011 - PC-ES - Perito Papiloscpico) A caracterstica de relatividade dos direitos fundamentais possibilita que a prpria Constituio Federal de 1988 (CF) ou o legislador ordinrio venham a impor restries ao exerccio desses direitos.

    De fato, os direitos e garantias fundamentais no so absolutos (so relativos). Alm disso, a prpria Constituio pode impor restries ao exerccio desses direitos. Lembre-se, no entanto, que as emendas Constituio devem sempre respeitar as clusulas ptreas e o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada.

    Alm disso, a lei tambm pode impor restries aos DGF. Tome como exemplo as normas constitucionais de eficcia contida. Elas produzem plenos efeitos at que uma lei posterior limite o exerccio desses direitos.

    Gabarito: Certo.

    15. (CESPE/Procurador-TCE-ES/2009) A indenizao por danos morais tem seu mbito de proteo adstrito s pessoas fsicas, j que as pessoas jurdicas no podem ser consideradas titulares dos direitos e das garantias fundamentais.

    Tanto as pessoas fsicas quanto as jurdicas, nacionais ou estrangeiras, residentes ou no no Brasil e, inclusive o Estado, so titulares dos direitos fundamentais. Dessa forma, uma empresa (pessoa jurdica) possui direito imagem e propriedade, por exemplo.

    Gabarito: Errado.

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    16. (CESPE/DPE-ES/2009) Os direitos de primeira gerao ou dimenso (direitos civis e polticos) que compreendem as liberdades clssicas, negativas ou formais realam o princpio da igualdade; os direitos de segunda gerao(direitos econmicos, sociais e culturais) que se identificam com as liberdades positivas, reais ou concretas acentuam o princpio da liberdade;os direitos de terceira gerao que materializam poderes de titularidade coletiva atribudos genericamente a todas as formaes sociais consagram o princpio da solidariedade.

    A questo inverteu os conceitos da primeira e segunda gerao. Os direitos de primeira gerao esto relacionados LIBERDADE, e os de segunda gerao se relacionam IGUALDADE. Lembre-se do esquema:

    Geraes dos Direitos Fundamentais

    x Direitos de 1 Gerao - Liberdade- Liberdades negativas - Pressupem uma no ao do Estado- Liberdades pblicas e direitos polticos- Direitos individuais- Contexto histrico: Liberalismo

    x Direitos de - Igualdade2 Gerao - Direitos sociais (trabalhadores, educao, sade, moradia...)

    - Direitos culturais e econmicos- Liberdades positivas: o Estado tem que agir- Contexto histrico: Revoluo industrial

    x Direitos de - Fraternidade / Solidariedade3 Gerao - Diretos Difusos

    - Meio ambiente, consumidores...

    x Direitos de - Engenharia gentica4 Gerao - Softwares

    - Transgnicos

    Gabarito: Errado.

    17. (CESPE/MMA/2009) Os direitos e garantias fundamentais encontram-se destacados exclusivamente no art. 5 do texto constitucional.

    Os direitos e garantias fundamentais esto elencados em todo o texto constitucional e no apenas no art. 5. Assim, existem direitos individuais que no esto no artigo 5 como o princpio da

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    anterioridade da lei eleitoral (art. 16) e anterioridade tributria (art. 150, III, b). Alm disso, os DGF podem tambm estar implcitos.

    Gabarito: Errado.

    18. (CESPE/PGE-AL/2008) Sabendo que o 2. do art. 5. da CF dispe que os direitos e garantias nela expressos no excluem outros decorrentes do regime e dos princpios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repblica Federativa do Brasil seja parte, ento, correto afirmar que, na anlise desse dispositivo constitucional, tanto a doutrina quanto o STF sempre foram unnimes ao afirmar que os tratados internacionais ratificados pelo Brasil referentes aos direitos fundamentais possuem status de norma constitucional.

    Somente os tratados internacionais sobre DIREITOS HUMANOS (e no direitos fundamentais) podem ter status de Emenda Constitucional. Alm disso, essa previso somente foi acrescentada pela EC 45/2004. Antes dela, o Supremo entendia que os tratados internacionais somente poderiam ter fora de Lei Ordinria.

    Gabarito: Errado.

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    II.PRINCIPAIS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

    Meu amigo e futuro Auditor-Fiscal do Trabalho, antes de comearmos a estudar esse assunto, devo fazer um alerta. Essa matria sobre os direitos e garantias fundamentais (DGF) bastante prtica e fala sobre diversas situaes do nosso dia a dia. Assim, quando comeamos a estudar os DGF, tendemos a extrapolar muito a matria e a ficar pensando: e se acontecesse isso?, e se acontecesse aquilo? Dessa forma, cuidado para no deixar a sua imaginao voar muito. Mantenha-se focado nas informaes repassadas na aula, ok?

    ...

    x Direito vidaComo j explicado, os Direitos e Garantias Fundamentais foram criados para limitar a interveno do Estado na vida das pessoas. At a Idade Mdia, o Estado podia interferir na vida das pessoas como bem entendesse, inclusive, poderia retirar a vida das pessoas como bem entedesse. Hoje em dia, o Estado no pode mais fazer isso e o direito vida preservado pela Constituio brasileira.

    Trs consideraes para fins de prova:

    1- O direito vida inclui o direito a uma vida digna e no apenas estar vivo.

    2- A Constituio brasileira prev que no pode haver pena de morte(regra), salvo em caso de guerra declarada (exceo).

    3- O STF decidiu que a pesquisa cientfica com clulas-tronco no fere aConstituio.

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    x Princpio da Igualdade / Isonomia (art. 5, I)A Constituio brasileira deve buscar a igualdade de fato (igualdade material) entre as pessoas e no apenas a igualdade perante a lei (igualdade formal). Dessa forma, com o intuito de fazer as pessoas competirem em p de igualdade, pode haver as chamadas discriminaes positivas, ou seja, o Estado d uma fora para equilibrar a balana. Dessa forma, o Estado deve promover a Igualdade para os iguais e desigualdade para os desiguais, na medida de sua desigualdade.

    Exemplo 1: o Estado brasileiro entendeu que os portadores de necessidades especiais (PNE) no estavam competindo em p de igualdade com as pessoas normais em concursos pblicos. Assim, hoje, deve haver reserva de vagas para os PNE nos concursos pblicos. Essa uma discriminao positiva.

    Exemplo 2: o Estado brasileiro entendeu que os negros no estavam competindo em p de igualdade com as pessoas brancas nos vestibulares das universidades pblicas. Assim, hoje, existem cotas para os negros em algumas universidades brasileiras. Esse outro exemplo de discriminao positiva para garantir a igualdade material e no apenas a igualdade formal.

    Por fim, essa uma norma autoaplicvel e no suscetvel de regulamentao ou de complementao normativa.

    x Princpio da legalidade (art. 5, II)Antigamente, o Estado poderia obrigar as pessoas a fazer praticamente tudo oque ele quisesse. Isso dava margem a uma srie de abusos cometidos pelo Estado. Hoje em dia, a Constituio protege os cidados e diz que ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei.

    Em relao aos deveres e obrigaes de fazer ou de no fazer alguma coisa, os particulares se submetem a um regime diferente do Poder Pblico. Os particulares podem fazer tudo aquilo que quiserem, desde que no seja proibido por lei. Isso se chama autonomia da vontade.

    J o Estado somente pode fazer aquilo que a Lei manda ou permite. Esse o princpio da legalidade estrita.

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    O princpio da legalidade, portanto, nos diz que a criao ou modificao de direitos ou obrigaes depende de lei. Mas qual tipo de lei? A lei em sentido estrito, ou seja, somente as leis que o Poder Legislativo produz (as leis

    ordinrias, leis complementares, etc), ou isso pode ser feito pela lei em sentido

    amplo, englobando tambm atos normativos infralegais (abaixo da lei)? Adoutrina majoritria defende a segunda opo, ou seja, a lei em sentido amplo.

    Muito prximo ao princpio da legalidade, existe outro princpio chamado de Princpio da Reserva Legal. Ele ocorre quando a CF deixa a regulamentao de algum tema para a lei infraconstitucional, ou seja, a lei que est abaixo da Constituio. A depender de qual tipo de norma pode regulamentar a Constituio, o princpio da Reserva Legal se divide em dois:

    1- Reserva Legal Absoluta: quando a disciplina de determinada matria reservada, pela Constituio, somente lei em sentido estrito. Assim, exclui-se qualquer outra fonte infralegal (infra=abaixo; legal=da lei).Assim, somente uma LEI fabricada pelo poder legislativo pode regulamentar uma matria prevista na CF.

    Ex: a CF diz que a Unio pode instituir impostos e o Supremo entende que se aplica a reserva legal absoluta. Assim, os impostos somente podem ser criados impostos por uma LEI (aquela produzida pelo Congresso Nacional).

    2- Reserva Legal Relativa: quando Constituio tambm exige a edio de uma lei para sua regulamentao, mas permite que ela apenas fixe os parmetros de atuao a serem complementados por ato infralegal.Dessa forma, a disciplina de determinada matria , em parte, admissvel a outra fonte diversa da lei (ex: decreto regulamentar,portarias, instrues normativas, etc.).

    Ex: a CF diz que a administrao pblica, se quiser ir s compras, deve realizar licitao...... a esse dispositivo se aplica a reserva legal relativa. Assim, foi editada a lei 8.666/93 para regulamentar esse dispositivo constitucional. Alm da lei 8.666/93, vrios outros atos normativos infralegais tambm disciplinam as licitaes, como o decreto 5.450/05, a Instruo Normativa 02/08 do MPOG, o decreto 7.174/10, etc.

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    Esto vendo? A norma constitucional regulamentada por uma lei e tambm por atos infralegais (abaixo da lei).

    Esquematizando:x Direito vidao Direito de no ser morto e de ter uma vida dignao No pode ter pena de morte salvo em caso de guerra declaradao Clulas-tronco: podex Princpio da Igualdade / Isonomia (art. 50, I)o Igualdade material (de fato) e no somente a igualdade formal (perante a lei)o Igualdade para os iguais e desigualdade para os desiguais, na medida de sua

    desigualdade

    o Discriminaes positivas. Ex: vagas para PNE em concursos pblicos

    o autoaplicvel e NO suscetvel de regulamentao ou de complementao normativa.x Princpio da legalidade (art. 50, II)

    o Divergncia doutrinriao Particular: autonomia da vontadeo Administrao pblica: s faz o que a lei permitir (legalidade estrita)

    o Princpio da legalidade: a criao ou modificao de direitos ou obrigaesdepende de lei (em sentido amplo).

    o Princpio da reserva legal: quando a CF deixa a regulamentao de algum tema para a lei (norma jurdica regularmente produzida pelo processo legislativo previsto na CF sentido estrito) Reserva legal absoluta: quando a disciplina de determinada matria

    reservada, pela Constituio, somente lei em sentido estrito. Assim, exclui-se qualquer outra fonte infralegal. Reserva legal relativa: quando a disciplina de determinada matria , em parte, admissvel a outra fonte diversa da lei (ex: decreto regulamentar).

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    x Liberdade de conscincia, crena e cultoH algum tempo atrs, o Estado determinava que as pessoas acreditassem em um tipo de crena ou religio e essa deveria ser seguida. Caso o cidado confessasse outra religio ou outra crena, o Estado determinava a sua morte.A Inquisio um exemplo disso.

    Hoje em dia, a CF88 estabelece a garantia das pessoas que ningum ser privado de direitos por motivo de crena religiosa ou de convico filosfica ou

    poltica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigao legal a todos imposta

    e recusar-se a cumprir prestao alternativa, fixada em lei.

    Assim, a CF estabelece que no se pode privar ningum de direitos, ou seja, no se pode restringir o direito de ningum, s porque ela pensa diferente ou cr em alguma religio diferente, a no ser que isso seja usado como desculpa para se esquivar de uma obrigao imposta a todos pela lei.

    Exemplo: todo homem tem que servir o exrcito brasileiro assim que completa 18 anos. Isso uma obrigao legal que imposta a todos pela lei.No entanto, se uma determinada pessoa fala que contra a violncia e que isso vai contra suas crenas, tudo bem: o Estado no obrigar esse indivduo a servir o exrcito. Mas ele ter que cumprir uma prestao alternativa.

    Por outro lado, se a pessoa se recusa a servir o exrcito e tambm se recusa a prestar a pena alternativa, ela estar se esquivando de suas obrigaes legais e, nesse caso, poder sim haver restrio de direitos (no caso, ele perde os direitos polticos).

    Alm disso, a lei deve proteger os locais de culto, liturgias e cerimnias eassegurar a prestao de assistncia religiosa nas entidades civis e militaresde internao coletiva (ex: presdios).

    x Liberdade de manifestao do pensamento (art. 5, IV)Hoje em dia, cada um pode expressar o seu pensamento como quiser. Antigamente isso no era permitido. Porm, vedado o anonimato, pois,caso essa manifestao cause dano a algum, haver o direito a indenizaoalm do direito de resposta proporcional ao dano (agravo) causado.

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    Recentemente, o STF decidiu que no se precisa de diploma para exercer a profisso de jornalista, justamente para ampliar o direito de liberdade de manifestao de pensamento.

    Alm disso, vedada instaurao de Inqurito Policial ou Denncia exclusivamente com base em denncia annima. Dessa forma, as autoridades pblicas devem coletar mais provas (indcios de autoria e materialidade do crime) para que seja aberto o inqurito policial ou a ao penal.

    Explicando melhor: o inqurito policial um procedimento investigativo que ocorre antes de ser instaurada a ao penal. Ele serve justamente para coletar provas para que a ao penal seja instaurada. A denncia, por sua vez, o instrumento que inicia a ao penal.

    Dessa forma, vedada tanto a instaurao da ao penal (por meio da denncia) quanto de inqurito policial somente com base em denncia annima. Observe que a autoridade policial deve sim investigar a dennciaannima, o que ele no pode instaurar o inqurito policial antes de coletar mais provas.

    Igualmente, vedada a instaurao de inqurito policial quando a conduta, claramente, no for um crime, ou seja, no for tpica.

    x Liberdade de atividade intelectual, artstica, cientfica ou de comunicao e indenizao em caso de danos

    Todo indivduo pode estudar o que quiser, pode exercer a arte como quiser, pesquisar, produzir a cincia como quiser e se comunicar como quiser,independente de licena ou censura. No entanto, se essa arte,comunicao ou pesquisa cientfica causarem dano a algum, caber o direito a indenizao.

    x Inviolabilidade domiciliarDurante o perodo da ditadura militar, o Estado cometia uma srie de abusos, entrando nas casas das pessoas e desrespeitando seus direitos a intimidade e a vida privada.

    Hoje em dia, o Estado no pode entrar na casa das pessoas como bem entender. Ele s poder faz-lo em trs casos:

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    1- Com o consentimento do morador. Nesse caso, obviamente, se o morador permite, pode-se entrar em sua casa a qualquer horrio, de dia ou de noite, com ou sem ordem judicial.

    2- Em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro.Nesse caso, tambm se pode entrar na casa de algum a qualquer horrio, de dia ou de noite e independente de ordem judicial.

    3- Por determinao judicial. Nesse ltimo caso, o Estado, em regra, somente pode entrar na casa de algum durante o dia.

    x Excepcionalmente, o STF recentemente decidiu que para instalar escuta policial em um escritrio de advocacia que era usado para cometimento de crimes, PODE-SE entrar a noite (lembrando: sempre com autorizao judicial).

    Uma ltima observao quanto a esse direito que o conceito de casa bastante amplo, sendo entendido como a residncia, domiclio ou o local onde a pessoa exerce sua profisso, desde que seja restrito ao pblico. Ex: escritrio, garagens, consultrio mdico, quarto de hotel etc.

    x Liberdade de profissoA Constituio estabelece que livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, desde que atendidas as qualificaes que a lei estabelecer. Assim, qualquer pessoa pode exercer qualquer profisso, desde que cumpra os requisitos previstos na lei. Essa uma norma de eficcia contida, ou seja, que pode ser exercida plenamente at que seja criada uma lei que restrinja esse direito.

    Como exemplo, desde a promulgao da CF, qualquer um pode exercer a profisso de borracheiro, sem ter que preencher nenhum requisito ou obter autorizao. No entanto, se uma lei for promulgada e regulamentar a profisso de borracheiro, em tese, ela pode exigir que, a partir daquele momento, essa profisso s poder ser exercida por profissional com curso em engenharia mecnica. Esto vendo? Um direito que era amplo passa a ser mais restrito.

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    x Liberdade de informaoTodos tm direito ao acesso informao, resguardado o sigilo da fonte, quando necessrio ao exerccio profissional. Tomemos como exemplo um jornalista, que no precisa divulgar de onde vieram as informaes que ele publicou. No entanto, ele se responsabiliza pelas informaes divulgadas, devendo indenizar o prejudicado, caso haja danos indevidos.

    O STF tambm decidiu que a proibio de divulgao de pesquisas eleitorais quinze dias antes do pleito inconstitucional (Adin 3.741). Assim, permitida a divulgao de pesquisas eleitorais a qualquer momento antes do pleito.

    Esquematizando:

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    x Liberdade de conscincia, crena e cultoo Ningum ser privado de direitos por motivo de crena religiosa, filosfica ou

    poltica Salvo se as invocar para eximir-se de obrigao a todos imposta erecusar-se a cumprir prestao alternativa

    o A lei deve proteger os locais de culto, liturgias e cerimnias (eficcia LTDA) Liberdade de culto (eficcia plena)o Assegurada prestao de assistncia religiosa nas entidades civis e militares de

    internao coletiva

    x Liberdade de manifestao do pensamento (art. 50, IV)o Vedado o anonimatoo Assegura o direito de resposta proporcional ao agravo e indenizao em caso de

    dano (art. 50, V)o No precisa diploma para ser jornalista

    o Vedado instaurao de Inqurito - exclusivamente com base em denncia annimaPolicial ou Denncia - quando a conduta atpica (HC 82.969)x Liberdade de atividade intelectual, artstica, cientfica ou de comunicao e

    indenizao em caso de danos o No precisa de licena o Independente de censurao Se causar dano, tem que indenizar

    x Inviolabilidade domiciliaro Salvo por 1 Consentimento: dia e noite, com ou sem ordem judicial

    2 - Flagrante delito, desastre ou prestar socorro: dia e noite, com ou sem ordem judicial

    3 - Determinao judicial - Regra: durante o DIA- Exceo: Para instalar escuta policial PODE a noite (com autorizao judicial)

    o Casa = domiclio, escritrio, garagens, consultrio mdico, quarto de hotel... Qualquer lugar restrito ao pblicox Liberdade de profissoo Atendidas as qualificaes que a lei estabelecer (eficcia Contida)

    x Liberdade de informao: o Acesso a informao, resguardado o sigilo da fonte, quando necessrio ao exerccio

    profissional

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    x Liberdade de locomooTodos podem entrar, permanecer e sair do pas com seus bens, nos termos da lei e em tempos de paz. No entanto, esse direito pode sofrer restries nos Estados de Defesa e de Stio.

    x RequisioEm regra, o Estado no pode se utilizar da propriedade de algum. O direito de propriedade bastante precioso para as pessoas. No entanto, excepcionalmente, em caso de iminente perigo pblico, a autoridade competente poder usar da propriedade particular. Essa utilizao pode ser feita sem autorizao judicial, devido urgncia (iminente perigo pblico).Caso haja algum dano, assegurada indenizao ao proprietrio dos bens utilizados. No entanto, essa indenizao sempre posterior ao uso e somente ocorrer se houver dano ao patrimnio do particular, no sendo cabvel indenizao somente pelo uso da propriedade.

    x Direito de herana e estatuto sucessrioTodos possuem o direito de herana. Caso o de cujus (o morto) seja estrangeiro, a Constituio d uma colher de ch para os herdeiros e prev que deve ser aplicada a lei mais favorvel: ou do Brasil ou a do de cujus.

    Ressalta-se que pode haver imposto sobre a herana e que tal tributo de competncia estadual.

    x Direito de propriedade intelectual, industrial e de direitos autoraisA CF88 assegura a todos o direito de propriedade intelectual, industrial e de direitos autorais. No entanto, algumas regras devem ser seguidas:

    1- A propriedade intelectual e de direitos autorais permanente para o autor e temporria para os sucessores.

    2- J a propriedade industrial sempre temporria.

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    x Direito de reunio em locais abertos ao pblicoA Constituio assegura que todas as pessoas podem se reunir em locais abertos ao pblico (ex: passeatas e manifestaes). No entanto, essa reunio deve seguir 3 regras:

    1- Ser pacfica.

    2- Sem armas.

    Desse dispositivo, decorre o fato de que uma reunio de policiaismanifestando pelo seu direito de greve ou por melhores salrios, por exemplo, deve ser sem armas.

    3- necessrio o aviso prvio s autoridades competentes.

    ATENO: no preciso pedir AUTORIZAO e sim apenas o aviso prvio para preparao antecipada do poder pblico, como organizao, policiamento, desvio de trnsito etc. O aviso prvio serve tambm para que no se frustre outra reunio que esteja anteriormente agendada para o mesmo local.

    O direito de reunio pode ser restringido no Estado de Defesa e suspenso no Estado de Stio e, caso seja violado, o remdio correto a ser utilizado o mandado de segurana (geralmente, as questes de prova dizem que habeas corpus, cuidado!).

    x Sigilo de correspondncia, comunicaes telegrficas, de dados e telefnicas

    O artigo 5, XII versa que inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunicaes telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas, salvo, no

    ltimo caso, por ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer

    para fins de investigao criminal ou instruo processual penal.

    Se fizermos uma leitura desatenta deste inciso, podemos chegar a uma concluso errnea de que somente o sigilo das comunicaes telefnicas pode ser quebrado. No entanto todos os sigilos podem ser relativizados e no apenas o das comunicaes telefnicas.

    Alm disso, os sigilos de correspondncia e comunicaes podem ser restritosnos Estados de Stio e de Defesa (art. 139, III e 136, 1, I).

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    Uma observao bastante curiosa: o contraditrio e ampla defesa so POSTERIORES quebra dos sigilos.

    Contraditrio e ampla defesa so duas garantias constitucionais que estabelecem que todos os que esto sendo acusados de alguma irregularidade possuem o direito de responder s acusaes, ou seja, de contestar as acusaes e dar a sua verso dos fatos. Alm disso, todos tm o direito de produzir as provas da maneira mais ampla possvel (desde que de acordo com a lei).

    No entanto, quando acontecem algumas quebras de sigilo, o contraditrio e a ampla defesa ocorrem somente aps a quebra. Imagine s um traficante sendo investigado pela polcia. bvio que primeiro se faz a quebra do sigilo das comunicaes para somente depois ser oferecido o contraditrio e a ampla defesa ao traficante. Caso ocorresse o contrrio, o criminoso j saberia de antemo que estaria sendo investigado e as investigaes restariam frustradas.

    o Sigilo das comunicaes telefnicas

    Quando se fala em quebra das comunicaes telefnicas, est se falando em escuta policial, grampo. Assim, por ser a intimidade um direito bastante sensvel, a CF88 estabelece que as comunicaes telefnicaspodem ser quebradas apenas:

    1- Por ordem Judicial E

    2- Somente para fins de investigao criminal ou instruo processual penal.

    Alm disso, pode-se usar uma prova legalmente autorizada e gerada em processo criminal para instruir processo administrativo ou civil.

    Ateno: em mbito administrativo ou civil JAMAIS poder haver a quebra do sigilo das comunicaes. No entanto, se a prova for legalmente gerada em processo criminal, pode-se aproveit-la para instruir processo administrativo ou civil.

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    o Sigilo bancrio

    O sigilo bancrio pode ser quebrado por:

    1- Juiz

    2- CPI

    Quanto CPI, esta, ao quebrar o sigilo bancrio de algum, tem que fundamentar em fatos especficos e a quebra deve ter durao determinada.

    Duas observaes importantssimas:

    1- O Ministrio Pblico no pode quebrar o sigilo bancrio.Deve haver ordem judicial (Inq. 2.245, Rel Min Joaquim Barbosa).

    No entanto, ressalta-se o fato de que j houve um caso em que o STF afastou seu entendimento tradicional sobre a incompetncia do MP em determinar a quebra do sigilo bancrio para permiti-la, visando proteger o patrimnio pblico (MS 21.729/DF).

    2- Autoridades Tributrias tambm NO PODEM quebrar sigilo bancrio.

    Existe bastante discusso acerca da possibilidade das autoridades tributrias realizarem a quebra do sigilo bancrio em procedimentos fiscais. Observe o art. 6 da Lei Complementar 105:

    As autoridades e os agentes fiscais tributrios da Unio, dos Estados,

    do Distrito Federal e dos Municpios somente podero examinar

    documentos, livros e registros de instituies financeiras, inclusive os referentes a contas de depsitos e aplicaes financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensveis pela autoridade administrativa competente.

    No entanto, o STF j decidiu que Conflita com a Carta da Repblica norma legal atribuindo Receita Federal parte na relao jurdico-tributria o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte (RE 389.808).

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    x Direito de associaoOutra proteo dos cidados frente ao Estado que a Constituio assegura o direito de associao, independente de autorizao do Estado.

    No entanto, essa liberdade no plena: so vedadas associaes de carter paramilitar. Associaes paramilitares so corporaes particulares de cidados armados, fardados e adestrados, que no fazem parte do exrcito ou da polcia de um pas.

    Aqui, devemos fazer uma distino que no to importante para fins de provas, mas de extrema relevncia para a compreenso da matria:

    o Associao: reunio de um grupo de pessoas ou de entidades em busca de interesses comuns, sejam eles econmicos, sociais, filantrpicos, cientficos, polticos ou culturais.

    o Cooperativa: associao com fins econmicos e participao no mercado.

    Para que as pessoas se renam em forma de cooperativas, no necessria autorizao do Estado, desde que seja na forma da lei.

    J para que as pessoas se renam em forma de associaes, no necessria autorizao do Estado e nem de ser na forma da lei. tambm vedada a interferncia estatal em seu funcionamento.

    Uma outra observao importante: a nica forma de se DISSOLVER COMPULSORIAMENTE uma associao por sentena judicial transitada em julgado.

    ATENO: pode-se SUSPENDER as atividades de uma associao por ordem judicial (no precisa estar transitada em julgado), mas para DISSOLV-LA COMPULSORIAMENTE, somente por sentena judicial transitada em julgado.

    o Associaes: Representao e Substituio Processual

    Para entendermos esses dois institutos do direito, devemos antes entender o conceito de Legitimidade Ativa: a capacidade de pedir o direito em juzo (capacidade de entrar com a ao).

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    Em regra, somente pode-se entrar no judicirio para proteger direito prprio (em nome prprio). Assim, somente o dono do direito pode entrar com uma ao no Poder Judicirio, ou seja, somente o dono do direito possui a legitimidade ativa. No entanto, existem dois institutos que so excees a essa regra: a representao e a substituio processual.

    A representao processual ocorre quando algum age para defender direito alheio em nome alheio. Nesse caso, o representado precisa dar uma autorizao expressa para o seu representante.

    J a substituio processual ocorre quando se age para defender direito alheio em nome prprio. Nesse caso, no necessria uma autorizao expressa do representado.

    Pois bem, as associaes podem representar os seus associados. Lembre-se de que necessria autorizao expressa e especfica, pois caso de representao processual. No entanto, no se precisa de autorizao expressa de cada associado individualmente, podendo tal autorizao ser feita em assembleia.

    Outra observao importante que as associaes podem representar o associado nas esferas civil e administrativa, judicial e extrajudicial, mas no podem representar o associado em direito penal.

    Alm disso, as associaes legalmente constitudas h pelo menos 1 ano e em defesa de seus membros e associados podem impetrar o mandado de segurana coletivo. Nesse caso (e somente nesse), a associao ser substituta processual, no precisando de autorizao dos associados, bastando uma autorizao genrica no estatuto.

    Por ltimo, o sindicato substituto processual irrestrito na defesa de direitos dos trabalhadores.

    Esquematizando:

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    x Direito de informao de rgos pblicosA Constituio Federal assegura a todos o direito de receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, coletivo ou geral, por exemplo: informaes sobre licitaes e contratos pblicos. No entanto, o Poder Pblico pode fazer sigilo se a informao for necessria segurana da sociedade e do Estado.

    Ateno: O direito de informao de rgos pblicos diferente do direito de petio ou de certido (os prximos direitos a serem estudados). Cuidado para no confundir!

    x Direito de petio e obteno de certidesA Constituio assegura o direito de qualquer pessoa, fsica ou jurdica, nacional ou estrangeira, de obter certides em reparties pblicas em defesa de direitos ou esclarecimentos de interesse pessoal; ou ainda, de peticionar(pedir) aos mesmos em defesa de seus direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. Esse direito pode ser exercido independentemente de taxas ou de advogado e um remdio administrativo.

    O prazo para que a Administrao emita as certides , em regra, de 15 diase, caso a mesma no se manifeste, o remdio judicial correto para proteger o direito ser o Mandado de Segurana (cuidado! Muitas questes de prova dizem que o habeas data!)

    ATENO: Direito petio e certido diferente de capacidade postulatria.Esta ltima a capacidade que o advogado tem de conversar com o juiz/agir em juzo. Dessa forma, em regra, para que possamos entrar com alguma ao no judicirio, devemos faz-lo por meio de um advogado, pois esse o nico que possui a capacidade de agir em juzo (capacidade postulatria).

    o Depsito prvio da quantia questionada: VEDADO (no pode)

    O STF entende que vedado o depsito prvio da quantia questionada para se entrar com recurso administrativo (smula vinculante 21) e tambm para que o particular discuta a exigibilidade de crdito tributrio com uma ao no judicirio (smula vinculante 28).

    Explicando melhor, caso um particular esteja disputando com o Estado sobre alguma quantia (exemplo, uma multa) e pretenda entrar com um

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    recurso administrativo, ele no precisa pagar previamente a quantia questionada. Dessa forma, ele pode primeiro entrar com o recurso, para, somente se perder, pagar a quantia questionada.

    O mesmo entendimento vale para as aes no judicirio em que se discuta exigibilidade de crdito tributrio.

    Esquematizando:

    x Direito de informao de rgos pblicoso Receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, coletivo ou geral No direito de petio nem de certido. Poder pblico pode fazer sigilo se a informao for necessria segurana da

    sociedade e do Estadoo Ex: informao sobre licitaes e contratos

    x Direito de petio e obteno de certideso Direito de qualquer pessoa - Fsica ou jurdica

    - Nacional ou estrangeirao Independente de taxaso No precisa de advogadoo um remdio administrativo

    o Petio aos poderes pblicos - Em defesa de direitos- Contra ilegalidade ou abuso de poder

    o Certides em reparties - Defesa de direitospblicas, para - Esclarecimentos de situaes de interesse pessoal Prazo das certides: 15 dias Se a Administrao no se manifestar: MS e no HD

    o Direito petio e certido diferente de capacidade postulatria (advogado)

    o Depsito prvio da quantia Para RECURSO ADMINISTRATIVOquestionada: VEDADO - Smula Vinculante 21

    Para o acesso ao Judicirio- Exigibilidade de crdito tributrio: O Estado no pode exigir depsito prvio para que o particularentre com a ao no judicirio.

    - Smula vinculante 28

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    x Princpio do Juiz NaturalA CF88 estabelece que:

    - ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade

    competente;

    - no haver juzo ou tribunal de exceo; (Se um tribunal no assegurar as garantias constitucionais s partes em litgio, ele ser considerado tribunal de exceo).

    Assim, a Constituio protege o cidado porque assegura que todos saibam qual ser a autoridade julgadora (o foro competente) antes mesmo de se entrar com uma ao no Poder Judicirio.

    Por exemplo: imagine que Jos cometa um crime que choque toda a populao nacional e que cause grave comoo de toda a nao. Imagine tambm que se queira criar um Tribunal somente para julgar esse tipo de crime. O princpio do Juiz Natural assegura que Jos no poder ser julgado por esse novo Tribunal, uma vez que sua condenao seria quase certa, pois todos esto comovidos e a autoridade julgadora no seria imparcial.

    Assim, essa garantia constitucional assegura que as regras de julgamento e processo no sejam mudadas durante o jogo. No exemplo, Jos ser julgado por um Juiz Criminal de primeira instncia (se for o caso) e no por um Tribunal criado somente para julg-lo.

    Outra observao: o princpio do juiz natural no vlido somente para o Judicirio, mas tambm para o Legislativo nas causas em que for julgador (Ex: Senado Federal julga o Presidente da Repblica por crime de responsabilidade).

    x Princpio da inafastabilidade da jurisdioO princpio da inafastabilidade da jurisdio tambm possui outros nomes: direito de ao, princpio do livre acesso ao judicirio, princpio da ubiquidade da justia.

    Ele est previsto no art. 5, XXXV: a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito.

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    Assim, esse princpio uma garantia constitucional de que qualquer leso ou ameaa a qualquer direito pode ser apreciada pelo Poder Judicirio. Isso garante que qualquer pessoa que teve seu direito lesado ou ameaado pelo Estado ou por outro particular possa buscar a reparao ou proteo no Poder Judicirio.

    ATENO: esse direito no se confunde com o direito de petio.

    Em decorrncia dele, no preciso que se pea primeiro um direito administrativamente (na Receita Federal, INSS etc.) para s depois se recorrer ao judicirio. Qualquer um pode, ento, entrar diretamente com a ao no juzo competente (Poder Judicirio), sem precisar pedir primeiro nas vias administrativas.

    Dessa forma, caso o direito de algum esteja sendo ameaado por um ato do Estado, via de regra, pode-se entrar no Judicirio mesmo sem ter entrado administrativamente. A isso, d-se o nome de ausncia dajurisdio condicionada ou ausncia da instncia administrativa de curso forado.

    Alm disso, em regra, a opo pela via judicial implica renncia tcita via administrativa e o processo se extingue no estado em que se encontrar. Dessa forma, se algum estiver discutindo um direito em mbito administrativo, ela poder entrar no judicirio quando bem entender. No entanto, caso entre no judicirio, o processo administrativo ser extinto no estado em que se encontrar.

    Excepcionalmente, exige-se a utilizao primria da via administrativa para, somente depois, se poder entrar com a ao no Poder Judicirio. Isso se chama jurisdio condicionada ou instncia administrativa de curso forado e ocorre em 3 casos:

    1- Justia desportiva

    2- Habeas Data

    3- Reclamao ao STF de ato que contrarie Smula Vinculante

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    o O Poder Judicirio no pode adentrar em:

    1- Atos interna corporis (Ex. Regimento Interno das Casas Legislativas).

    Exemplo: se durante o processo legislativo (o procedimento que fabrica uma lei), ocorrer violao ao Regimento Interno da Casa Legislativa, em regra, o Poder Judicirio no poder apreciar essa violao, pois isso fere a separao dos poderes.

    Por outro lado, se o ato ferir, ao mesmo tempo, o Regimento Interno da Casa Legislativa e a Constituio Federal, a sim, caber interveno do Poder Judicirio. Isso acontece no porque o ato violou o Regimento Interno, mas sim porque ele violou a Constituio.

    2- Discricionariedade administrativa (convenincia e oportunidade).

    Por exemplo: a nomeao para um cargo em comisso ou funo comissionada no pode ser apreciada pelo poder judicirio quanto ao mrito. Quem decide quem deve ou no ser nomeado para a funo o Administrador.

    Por outro lado, os referidos atos podem ser apreciados quanto legalidade.

    o Taxa judiciria calculada sobre o valor global da causa

    Em regra, para se entrar com uma ao no Poder Judicirio e se obter uma prestao jurisdicional, deve-se pagar uma taxa. Essa taxa se chama taxa judiciria e calculada sobre o valor da causa. Dessa forma, quanto maior for o valor da causa, maior ser a taxa cobrada para a prestao jurisdicional.

    No entanto, a taxa judiciria no pode ter um valor ilimitado para que o Estado no enriquea ilicitamente. Assim, ela deve ter um valor mximo (No se preocupe com esse valor. Ele no assunto da sua prova de Direito Constitucional).

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    x Limites retroatividade da leiA Constituio assegura que a Lei no prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada.

    De forma bem resumida:

    o Direito adquirido: aquele direito que j foi incorporado ao patrimnio jurdico de uma pessoa, independentemente de j ter sido exercido ou no. Exemplo: se uma pessoa j cumpriu todos os requisitos para se aposentar, mesmo que ela no tenha efetivamente se aposentado, ela j tem o direito adquirido aposentadoria;

    o Ato jurdico perfeito: aquele que cumpriu todos os requisitos para seu aperfeioamento, segundo a lei vigente poca que se realizou;

    o Coisa julgada: aquela ao que o poder judicirio j julgou e contra a qual no cabe mais recurso.

    Dessa forma, essa garantia constitucional confere a segurana jurdica para os cidados, garantindo que nem mesmo uma lei poder ferir um desses trs itens.

    Uma observao importante que no se alega direito adquirido frente ao:

    1- Poder Constituinte Originrio: assim, uma nova Constituio no precisa respeitar o direito adquirido. Ela ilimitada.

    Lembre-se que uma Emenda Constitucional (fruto do Poder Constituinte Reformador ou Revisor) no pode desrespeitar o direitoadquirido, nem o ato jurdico perfeito e nem a coisa julgada.

    2- Criao ou aumento de tributos: ningum tem o direito adquirido de no pagar impostos (tributos).

    3- Mudana de padro monetrio.

    4- Regime jurdico de Servidor

    Uma breve exceo irretroatividade que a lei penal pode retroagir para beneficiar o ru. Assim, se a sociedade edita uma lei apenando um crime com uma pena mais branda, no h sentido em manter uma pena mais severa para aqueles que praticaram o crime antes da nova lei.

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    o Taxa judiciria calculada sobre o valor global da causa: No pode cobrar valor absurdo. A taxa deve ter limites. Smula 667 STF

    o Exigibilidade de crdito tributrio: Para entrar com a ao no pode exigir depsito prvio. Smula Vinculante 28 - inconstitucional a exigncia de depsito prvio como requisito de admissibilidade de ao judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade do crdito tributriox Limites retroatividade da LEI

    o No pode prejudicar o - Direito adquirido- Coisa julgada- Ato jurdico perfeito

    o No se alega direito - Poder Constituinte Originrioadquirido face ao - Criao ou aumento de tributos

    - Mudana de padro monetrio- Regime jurdico de Servidor

    o Pode alegar Direito Adquirido frente ao Poder Constituinte Reformador (EC) e Revisoro Lei penal retroativa para beneficiar: Pode

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    x Direito de propriedadeO direito de propriedade um direito de primeira gerao e, na poca de seu surgimento (durante o liberalismo econmico), era quase que considerado um direito absoluto.

    Assim, o dono da propriedade podia usar de seus bens da maneira como bem entendesse, no importando se isso era bom ou ruim para a sociedade.

    Com o passar do tempo, o direito de propriedade no mais considerado um direito absoluto. Por exemplo: a sociedade no tolera mais que exista um latifndio improdutivo quando existem milhares de pessoas passando fome.

    Assim, o direito de propriedade pode sofrer uma srie de restries, como por exemplo:

    1- Necessidade ou utilidade pblica;

    2- Requisio administrativa;

    3- Requisio de bens no Estado de Stio;

    4- Desapropriao;

    5- A propriedade deve cumprir a sua funo social.

    Funo social da propriedade urbana: cumprir o plano diretor.

    Funo social da propriedade rural: CF Art. 186. A funo social cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente,

    segundo critrios e graus de exigncia estabelecidos em lei, aos

    seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II -

    utilizao adequada dos recursos naturais disponveis e preservao

    do meio ambiente; III - observncia das disposies que regulam as

    relaes de trabalho; IV - explorao que favorea o bem-estar dos

    proprietrios e dos trabalhadores.

    o Desapropriao

    A desapropriao uma forma de relativizao (diminuir o alcance) do direito de propriedade. Ela pode ocorrer por trs motivos: Interesse social, necessidade pblica ou utilidade pblica.

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    Em regra, a indenizao ser sempre em dinheiro, justa e prvia.

    No entanto, caso a propriedade no esteja cumprindo a sua funo social, poder haver dois tipos de desapropriao:

    1- Desapropriao confiscatria: ocorre quando a terra usada para o cultivo de plantas psicotrpicas. Nesse caso, no haver indenizao e as terras sero destinadas ao assentamento de colonos.

    No confundir com a desapropriao urbananstica ou com a desapropriao rural

    2- Desapropriao sano: nesse tipo de desapropriao, a indenizao deve ser justa e prvia. No entanto, ela no ser em dinheiro e sim em ttulos da dvida do governo, garantida a preservao de seu valor real.

    a) Desapropriao Urbanstica: feita pelo municpio em imveis urbanos. Nesse caso, a indenizao ser feita em ttulos da dvida pblica resgatveis em at 10 anos.

    Na propriedade urbana, a desapropriao-sano a ltima medida: antes, tem IPTU progressivo e parcelamento ou edificao compulsria

    b) Desapropriao Rural: feita pela Unio em imveis rurais e sempre para reforma agrria (por interesse social). Essa modalidade de desapropriao paga em ttulos da dvida agrria resgatveis a partir do segundo ano de sua emisso e em at 20 anos.

    As benfeitorias teis e necessrias so indenizadas em dinheiro.

    No se pode desapropriar para reforma agrria a propriedade produtiva e nem a pequena e mdia propriedade rural, desde que seu proprietrio no tenha mais nenhuma outra propriedade rural.

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    III. PRINCIPAIS DIREITOS E GARANTIAS EM DIREITO PENAL

    x Presuno de inocnciaMeus caros Auditores-Fiscais do Trabalho, a CF versa, em seu art. 5, LVII ningum ser considerado culpado at o trnsito em julgado de sentena

    penal condenatria. Dessa forma evita-se que algum seja considerado culpado e tenha seus direitos restringidos antes que essa pessoa seja condenada de forma definitiva.

    Em decorrncia desse princpio, a condenao criminal RECORRVEL no pode impedir participao de candidato em concursos pblicos ou cursos de formao (RE 565.519).

    x Segurana Jurdica em matria criminal (Legalidade e anterioridade da lei penal incriminadora)

    A Constituio nos diz, em seu art. 5, XXXIX: no h crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prvia cominao legal. Dessa forma, para que algum seja condenado por algum crime, necessrio que haja uma lei anterior ao cometimento do ato prevendo que aquela conduta considerada criminosa pela sociedade. Essa exigncia evita abusos por parte do Estado.

    x Irretroatividade da lei penal in pejusA lei penal que apenar um crime com uma pena mais grave no deve ser aplicada aos que cometeram o mesmo crime quando a lei era mais branda. Assim, a lei penal in pejus (que prejudica/que mais grave) no pode retroagir, devendo ser aplicada sempre prospectivamente (daqui para frente).

    Uma observao deve ser feita quanto ao crime permanente. Nesse caso, aplica-se a lei mais grave. Explica-se: o crime permanente aquele que se prolonga durante o tempo. Exemplo: o sequestro. Esse crime cometido no s no momento da captura, mas tambm durante todo o tempo em que algum fica sequestrado. Nesse caso, havendo a edio de uma lei que estabelea uma pena mais grave para o crime de sequestro, o criminoso ser apenado pela nova lei, ou seja, com a pena mais grave. Isso ocorre no porque a lei penal retroagiu, mas sim porque o crime foi cometido durante a vigncia da lei mais severa.

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    O mesmo ocorre para os crimes continuados: se forem cometidos durante a vigncia da nova lei mais grave, ser aplicada essa nova lei mais grave. O crime continuado ocorre quando o agente, mediante mais de uma ao ou omisso, pratica dois ou mais crimes da mesma espcie e, pelas condies de tempo, lugar, maneira de execuo e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuao do primeiro.

    x Quanto PrisoA CF88 nos traz que algum somente pode ser preso em duas situaes:

    1- Em flagrante delito; ou

    2- Por ordem fundamentada de Juiz. Ateno: no sentena transitada em julgado! sentena FUNDAMENTADA!

    Ainda quanto a esse direito, o art. 5, LXVII diz que no haver priso civil por dvida, salvo a:

    a) do responsvel pelo inadimplemento voluntrio e inescusvel de obrigao alimentcia; e

    b) do depositrio infiel.

    No entanto, a nica hiptese de priso civil por dvida em nosso ordenamento jurdico o inadimplemento voluntrio e inescusvel de penso alimentcia.

    Mas a priso do depositrio infiel no est prevista na Constituio?

    Sim. Est. Mas, segundo o entendimento do STF, o Pacto de San Jos da Costa Rica (apesar de no ter revogado a Constituio) por ter status supralegal, tornou inaplicvel toda a legislao que previa a priso do depositrio infiel. Assim, o depositrio infiel no mais considerado hiptese de priso civil por dvida.

    Por fim, deve ser feita uma observao quanto ao uso de algemas. O Supremo Tribunal Federal editou a Smula Vinculante n 11, que diz o seguinte:

    S lcito o uso de algemas em caso de resistncia e de fundado receio de fuga ou

    de perigo integridade fsica prpria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros,

    justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade

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    disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da priso ou do

    ato processual a que se refere, sem prejuzo da responsabilidade civil do Estado

    x Tribunal do JriO Tribunal do Jri possui a competncia constitucional de julgar todos os crimes dolosos (com inteno de matar) contra a vida, salvo foro especial estabelecido pela Constituio FEDERAL.

    Dessa forma, o foro especial no pode ser estabelecido somente pela Constituio Estadual, devendo ser estabelecido pela Constituio FEDERAL. Assim, a Constituio Estadual no pode retirar competncia do Tribunal do Jri.

    So ainda caractersticas do Tribunal do Jri: sigilo das votaes, plenitude de defesa e soberania dos veredictos.

    Como dito, se o ru tiver prerrogativa de funo (foro especial), ele ser julgado pelo foro especial e no pelo Tribunal do Jri (exemplo: deputados e senadores so julgados pelo STF).

    Ainda quanto ao foro privilegiado, caso haja corru (mais de um ru ao mesmo tempo) e um deles tiver foro especial e o outro no: o processo dever ser desmembrado e cada um julgado pelo foro que lhe couber.

    x Prticas discriminatriasA Constituio Federal estabelece que as prticas discriminatrias devero ser punidas por lei: art. 5, XLI - a lei punir qualquer discriminao atentatria dos direitos e liberdades fundamentais.

    x Proibio de tortura (art. 5, III)CF art. 5, III: ningum ser submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. Assim, nem mesmo os crimes hediondos podem ser apenados com tortura, por mais horrveis ou cruis que sejam.

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    x Racismo x H3T x Ao de Grupos armadoso Racismo: o racismo considerado um crime inafianvel,

    imprescritvel e sujeito pena de recluso. Seu conceito deve ser considerado de forma ampla, como qualquer forma de distino e no apenas quanto a distines raciais.

    o A ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico considerada um crime inafianvel e imprescritvel.

    o H3T Crimes Hediondos, Tortura, Trfico e Terrorismo: so crimes inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia. Por outro lado, estescrimes so prescritveis.

    Entendendo melhor: a fiana um instrumento jurdico onde o ru pode responder o processo em liberdade, mediante pagamento de um determinado valor e cumprimento de determinadas obrigaes. Assim, mediante pagamento da fiana, concedida liberdade provisria ao ru. Ela est regulamentada nos arts. 321 a 350 do Cdigo de Processo Penal.

    A CF prev no art. 5, LXVI que ningum ser levado priso ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisria, com ou sem fiana.

    Dessa forma, existem alguns crimes que so afianveis e outros que no o so. A CF prev expressamente como crimes inafianveis o H3T, o racismo e a ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrtico.

    Esquematizando:

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    x Tribunal do Jrio Julga crimes dolosos contra a vida Salvo foro especial estabelecido pela CFx O foro especial no pode ser estabelecido somente pela CE, devendo

    ser estabelecido pela CF.x A Constituio Estadual no pode retirar competncia do Tribunal do Jrio Possui - Sigilo das votaes

    - Plenitude de Defesa- Soberania dos veredictos

    o Se o ru tiver prerrogativa de funo Sai do Juri A Constituio Estadual no pode retirar competncia do Tribunal do Jri Ex: deputados e senadores so julgados pelo STF Se houver corru: desmembra o processo se 1 deles tem prerrogativa de funo e o outro no x Racismo x H3T x Ao de Grupos armados

    o Racismo Inafianvel e imprescritvel Conceito amplo: qualquer forma de distino Sujeito pena de reclusoo Ao de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado

    Democrtico Inafianvel e imprescritvelo H3T Crimes Hediondos, Tortura, Trfico e Terrorismo Inafianveis e insuscetveis de graa ou anistia So prescritveis

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    x PenaSegundo a Constituio, a pena deve ser sempre individualizada, ou seja, no deve passar da pessoa do acusado. Alm disso, vedado pena de:

    o Carter perptuo (penal cvel e administrativa);

    o Banimento;

    o Trabalhos forados;

    o Cruis;

    o Morte, salvo em caso de guerra declarada.

    A Carta Magna estabelece tambm, no inciso XLVI do art. 5, alguns tipos de penas (esta lista no exaustiva):

    o Privao ou restrio da liberdade;

    o Perda de bens;

    o Multa;

    o Prestao social alternativa;

    o Suspenso ou interdio de direitos.

    x Direitos dos presosOs presos possuem direito a:

    o Integridade fsica e moral;

    o A me pode amamentar os filhos durante o perodo de lactao;

    o Comunicao da priso e o local onde o preso est ao Juiz e pessoa indicada. Apesar desse direito, a omisso da comunicao autoridade competente NO , por si s, causadora da ilegalidade da priso.

    o Informao dos direitos dos presos entre os quais o de permanecer calado (direito ao silncio), sendo-lhe assegurada a assistncia da famlia e de advogado;

    Do direito ao silncio deriva o princpio nemo tenetur se detegere, ou seja, o direito que o acusado tem de no produzir

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    prova contra si mesmo. Ele no est expressamente previsto na CF, mas a melhor doutrina diz que ele deriva do direito ao silncio, previsto no art. 5, LXIII. Ele se aplica tanto ao direito penal, quanto aos acusados em geral nas esferas cvel e administrativa.

    Em decorrncia desse princpio, no admitida a determinao judicial que obriga a conduo de ru a laboratrio para coleta de material necessrio ao exame de DNA em ao de investigao de paternidade.

    o Pode haver progresso de pena antes do trnsito em julgado caso haja morosidade da justia.

    o Pode haver identificao criminal (o famoso tocar piano) se o sujeito no for identificado civilmente, ou, mesmo civilmente identificado em alguns casos, nos termos da lei.

    o A priso ilegal ser imediatamente relaxada pela autoridade judiciria.

    o Ningum ser levado priso ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisria, com ou sem fiana.

    o Identificao dos responsveis por sua priso ou por seu interrogatrio policial.

    x Ao penal privada subsidiria da PblicaA regra que a titularidade da ao penal do Ministrio Pblico (MP). Assim, o MP o dono da ao penal e ela PBLICA. No entanto, em caso de inrcia do MP em entrar com a ao penal ou em dar andamento mesma, caber a ao penal privada subsidiria da pblica. Entretanto, a referida ao no retira o carter privativo da ao penal (que do Ministrio Pblico).

    Exemplo 1: o crime de homicdio um crime de ao penal pblica. Caso seja instaurada uma ao penal por este crime, ela sempre ser pblica e o MP sempre ser o titular da ao. Dessa forma, ainda que a famlia da vtima acompanhe os atos processuais, ajude o Ministrio Pblico e a polcia ou at mesmo no queira que a ao seja instaurada, o dono da ao sempre ser o parquet (MP), sendo ele quem decide sobre a instaurao da ao e quempratica os atos processuais.

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    No entanto, caso o Ministrio Pblico seja desidioso na propositura ou na conduo da ao, a sim caber a ao penal privada subsidiria da pblica.

    Exemplo 2: a calnia um crime de ao penal privada. Para que algum seja processado por este crime, o ofendido deve entrar com a ao penal contra o agressor, no podendo o MP instaurar a ao sozinho.

    Para a sua prova de Direito Constitucional, no necessrio saber quais crimes so de ao penal pblica ou privada, bastando as informaes colocadas aqui.

    x Devido processo legal A CF88 traz em seu art. 5:

    LIV - ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido

    processo legal;

    LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos

    acusados em geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa, com

    os meios e recursos a ela inerentes;

    Dessa forma, o devido processo legal uma garantia ao cidado de que ele no ser privado de direitos sem que haja um processo para que ele se defenda e oferea seu ponto de vista e a sua verso para os fatos.

    Importante ressaltar que, em regra, possuem esses direitos os litigantes em processo judicial (penal ou civil) ou administrativo. Entretanto, no possuem ampla defesa e contraditrio: Inqurito policial, CPI e Sindicncia que implique em Processo Administrativo Disciplinar.

    Explica-se: o inqurito policial um procedimento investigativo feito pela polcia para coletar provas que embasaro a ao penal. Assim, ele anterior propositura da ao penal. Dessa forma, o inqurito policial um procedimento inquisitrio e no possui a ampla defesa e o contraditrio porque eles sero oferecidos ao acusado durante a ao penal.

    J a CPI possui o nico objetivo de apurar fatos. Ela no processa, julga ou aplica penalidades a ningum. Assim, no so necessrios o contraditrio e aampla defesa se algum no pode ter seus direitos restringidos. Por outro lado, caso a CPI encaminhe as suas concluses para o Ministrio Pblico e este inicie

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    uma ao penal, a sim, sero oferecidos o contraditrio e a ampla defesa (na ao penal e no na CPI).

    J a sindicncia que implique em PAD no possui o contraditrio e ampla defesa, pois estes sero oferecidos no decorrer do PAD.

    Alm disso, o devido processo legal deve ser encarado de duas formas:

    o Devido processo legal formal se refere ao processo(procedimento) em si. Assim, o procedimento que priva algum de sua liberdade ou de seus bens deve ser devidamente regulamentado.

    o Devido processo legal substantivo ou material alm de ser regulamentado, o processo deve ser realmente capaz de oferecer o contraditrio e a ampla defesa e os meios de produo de provas pertinentes.

    Por fim, em mbito administrativo, no necessrio que as partes sejam representadas por um advogado. No entanto, salvo os casos previstos em lei, o advogado indispensvel para o acesso ao judicirio (penal ou civil).

    x Provas ilcitasA Constituio estabelece que no so admitidas provas obtidas por meio ilcito. Essa garantia serve para se evitar que, na busca desenfreada por meios de prova, se viole ainda mais os direitos de algum. Alm disso, se uma prova for obtida por meio ilcito e dela derivarem outras provas, todas as provas derivadas da prova ilcita sero tambm consideradas ilcitas. A isso, d-se o nome de teoria dos frutos da rvore envenenada.

    Funciona assim:

    1 - Em regra, no so aceitas provas obtidas por meios ilcitos (nem em prol do Estado e nem em prol do particular).

    2 Todas as provas derivadas daquelas obtidas por meio ilcito tambm so ilcitas (teoria dos frutos da rvore envenenada).

    3 - Excepcionalmente, por causa da ampla defesa (uma das facetas do devido processo legal), admite-se a prova obtida por meios ilcitos quando esta

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    for indispensvel para o exerccio do direito fundamental ampla defesa PELO ACUSADO, para que prove sua inocncia.

    Observe este trecho, bem elucidativo, escrito por Gilmar Mendes e Paulo Branco:

    "Registre-se, ainda, que o princpio do devido processo legal, em sua face atinente

    ampla defesa, autoriza a produo de provas ilcitas pro reo. A garantia da

    inadmissibilidade das provas obtidas de forma ilcita, como corolrio do devido

    processo legal, direcionada, em princpio, acusao (Estado), que detm o nus

    da prova. Quando a prova obtida ilicitamente for indispensvel para o exerccio do direito fundamental ampla defesa pelo acusado, de forma a provar a sua inocncia, no h por que se negar a sua produo no processo.

    O devido processo legal atua, nesses casos, com dupla funo: a de proibio de

    provas ilcitas e a de garantia da ampla defesa do acusado. Na soluo dos casos

    concretos, h que se estar atento, portanto, para a ponderao entre ambas as

    garantias constitucionais. A regra da inadmissibilidade de provas ilcitas no deve

    preponderar quando possa suprimir o exerccio da ampla defesa pelo acusado, sob

    pena de se produzir um verdadeiro paradoxo: a violao ao devido processo legal

    (ampla defesa) com o fundamento de proteo do prprio devido processo legal

    (inadmissibilidade de provas ilcitas).

    Ressalte-se, nesse contexto, que, em alguns casos, a prova ilcita poder ser

    produzida pelo prprio interessado, como nico meio de sustentar sua inocncia,

    configurando, dessa forma, o estado de necessidade, que exclui a ilicitude do ato.

    O Supremo Tribunal Federal tem admitido a prova, que em princpio seria ilcita,

    produzida pelo ru em estado de necessidade, ou legtima defesa, causas

    excludentes da antijuridicidade da conduta (HC 74.678/SP)."

    x Assistncia jurdica integral e gratuitaA Constituio prev no art. 5, LXXIV, que o Estado prestar assistncia jurdica integral e gratuita aos que comprovarem insuficincia de recursos.

    Cuidado para no confundir com o prximo direito (as questes de prova costumam inverter os destinatrios).

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    x Gratuidade nas certides de nascimento e de bito aos reconhecidamente pobres

    A Constituio prev no art. 5, LXXVI, que so gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de nascimento ea certido de bito.

    x Defesa do consumidorA defesa do consumidor um direito fundamental constitucional e foi elevado a princpio da ordem econmica.

    x Razovel durao do processoPara evitar que os processos se arrastem por anos a fio, a todos assegurada a razovel durao do processo, tanto no mbito judicial quanto administrativo.

    x Publicidade dos atos processuaisPrev o art. 5, LX a lei